2. Introdução
A nossa relação com o meio exterior não faria
sentido senão tivéssemos uma forma de registar e
relembrar os resultados das nossas interações.
Criar, reter e recordar representam etapas
importantes e necessárias no processamento de
informação e dizem respeito essencialmente á
memória.
Estas três operações são interdependentes pelo
que o sistema de memorização só funcionará
corretamente se conseguirmos codificar, armazenar
e recuperar a informação.
3. A memória é a habilidade de adquirir e conservar informação ou representações de experiências
com base nos processos mentais de codificação, retenção e recuperação. É um campo complexo
de processos baseados em mecanismos biológicos e psicológicos.
A memória requer uma grande quantidade de energia mental e danifica-se com a idade. É um
processo que conecta pedaços de lembranças e conhecimentos com um objetivo de ajudar a tomar
decisões diárias.
O que é a memória?
4. Como funciona a
memória?
Como a
informação
chega à
memória
Codificação
(criação)
Transformação
das informações
do meio em
representações e
códigos
Como é que a
informação é
mantida na
memória?
Armazenamento
(retenção)
Arquivamento de
informação
Como a
informação é
trazida a
memória?
Recuperação
(recordação)
Acesso á
informação
armazenada
5. As teorias do processamento de informação normalmente dividem a memória em três
compartimentos/subsistemas:
1. Memória sensorial;
2. Memória de curto prazo;
3. Memória de longo prazo;
Estes três tipos de memória diferem entre si nomeadamente quanto á sua natureza, período de
permanência da informação e capacidade de armazenamento.
Tipos de memória
6. Tipos de memória
(Memória sensorial)
Natureza: Permite conservar as
características físicas de algum objeto
captado pelos nossos órgãos sensoriais
durante frações de segundo. Por exemplo
a memória sensorial visual contribuí para a
nossa perceção de movimento e é através
da memória auditiva que conseguimos
perceber palavras e frases.
Período de permanência: Milissegundos.
Base biológica: redes sensoriais.
7. Tipos de memória
(Memória de curto prazo)
Natureza: Constituí uma unidade processador ativa e extremamente útil, funciona como o
centro da consciência humana. Permite não apenas a exploração de informação da
memória sensorial como também ajuda a manter presente a informação que se encontra
guardada na memória a longo prazo.
Período de permanência: Cerca de 20 segundos.
Base biológica: Hipocampo e Lobo frontal.
8. Tipos de memória
(Memória de longo prazo)
Natureza: Armazena os conhecimentos que possuímos de nós mesmos e do mundo
durante longos períodos de tempo.
Período de permanência: Minutos, horas, dias, meses, anos.
Base biológica: Diferentes partes do córtex cerebral.
10. Ferramentas da memória
(Atenção)
Fixação da mente num determinado objeto. É
um estado de consciência em que os nossos
sentidos estão focados em certos aspetos do
ambiente. Podemos falar de atenção seletiva e
de atenção dividida.
11. Ferramentas da memória
Para que a informação não desapareça rapidamente e possa ser
transferida da memória sensorial para a memória de curto prazo é
necessário o envolvimento da atenção que é um conceito amplo que
incluí vários processos, correspondendo, de forma simples, à
capacidade de nos focarmos num evento ou situação.
No campo da psicologia referimo-nos às propriedades seletivas da
atenção quando queremos mencionar a capacidade nos
concentrarmos em alguns estímulos e ignorarmos outros.
12. Ferramentas da
memória
Atenção seletiva: É a que nos permite fazer tarefas simples, como ler um livro ou
conversar com um amigo.
Atenção dividida: Quando tentamos focar os nossos sentidos em mais do que um
estímulo ou quando intercalamos a nossa atenção com outra tarefa. Um exemplo
deste tipo de atenção é quando usamos o telemóvel e caminhamos ao mesmo
tempo.
A atenção é um fenómeno cognitivo fundamental que se relaciona com
outros processos, a sua importância e complexidade são tais que por vezes é
difícil distinguir o âmbito da atenção do âmbito da perceção e da memória.
13. Ferramentas da
memória
Como já referimos é então graças a atenção que as
informações captadas são transferidas para a
memória a curto prazo, mas esta não é um simples
sistema temporário de armazenamento, mas sim
como uma unidade processadora funciona como o
centro da consciência, isto é, uma memória de
trabalho.
Permite a exploração de informação da memória
sensorial como contribuí também para manter
presente a informação que se encontra guardada
na memória a longo prazo.
15. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
ATENÇÃO
Os quadros de Distúrbio do Deficit
de Atenção são ocasionados por
uma disfunção neurológica, que
afeta o funcionamento do córtex pré-
frontal. Essa é a
área do cérebro responsável pela
atenção, organização, controle de
impulsos e capacidade de expressar
sentimentos, entre outras. Tal
disfunção se dá, em parte,
pela deficiência do neurotransmissor
Dopamina.
17. Memória de longo prazo
Da mesma forma que a atenção é fundamental para que a informação
possa seguir o seu curso até a memória de curto prazo, a repetição
ajuda que a mesma seja mantida neste sistema e a recuperação é
necessária para que possamos aceder à informação arquivada na
memória de longo prazo.
18. Memória de longo prazo
Informação sensorial
Memória sensorial
A informação á
qual não se presta
atenção e é
perdida
Memória de
curto prazo
atenção
A informação
que não é
repetida é
perdida
repetição
Memória de longo
prazo
recuperação
Alguma informação
pode ser perdida
com o passar do
tempo
19. Memória de longo prazo
Dos três tipos de memória que referimos, a memória a longo
prazo é a que se aproxima mais daquilo a que habitualmente
chamamos memória. É relativamente permanente e
constituída a partir de todas as modalidades dos sentidos,
armazenando os conhecimentos que possuímos de nós
mesmo e do mundo durante longos períodos de tempo.
Como por exemplo o nosso nome, os locais em que vivemos,
as pessoas que amamos, os livros que lemos, etc.
20. Memória de longo prazo
Por norma, os cientistas dividem as memórias de longo prazo em dois
tipos: implícitas e explícitas.
As memórias implícitas incluem procedimentos e ações. São coisas que
sabemos mas nas quais não pensamos de forma consciente, são hábitos e
capacidades motoras, como andar de bicicleta.
As memórias explícitas incluem factos e proposições. Dizem respeito ás
coisas que sabemos por termos lembrança, como a cor da nossa cama ou
os acontecimentos de ontem á tarde. Distingue-se entre memória
episódica (relativa á nossa narrativa e história pessoal) e memória
semântica (associada ao conceito de cultura geral).
21. Elizabeth Loftus
A memória humana, no entanto, está muito longe de ser um registo fotográfico fiel
e objetivo dos factos e acontecimentos do nosso mundo. O nosso cérebro esquece-
se frequentemente (isso aumenta progressivamente com a idade), faz distorções,
falsas atribuições, etc.
A memória é constantemente modificada, ela é constituída e reconstituída a
cada instante, sofrendo influencias da edução que recebemos, da comunicação
que temos com os outros, da nossa interpretação pessoal dos acontecimentos e
dos factos. Pode também ser influenciada pela leitura dos meios de comunicação
social, os nosso valores e anseios.
Basicamente pela imagem que temos de nós próprios e do mundo que nos rodeia.
22. Elizabeth Loftus
• A memória, o esquecimento e a imaginação
caminham lado a lado na construção das
nossas lembranças pessoais.
• A psicóloga Elizabeth Loftus defende
exatamente isso, que investiga desde
1970,a falibilidade da memória humana.
Psicóloga norte-americana, atualmente
professora na universidade da
Califórnia. Doutorou-se em 1970
na universidade de Stanford, a mesma é
conhecida pela sua extensa pesquisa
sobre a falibilidade e permeabilidade
da memória humana e pelos contributos
que tem dado ás psicologias criminais,
forenses e do direito.
24. Os sete pecados da memória
Outro psicólogo que contribuiu para o nosso conhecimento atual da
memória foi o psicólogo Daniel Schacter, que identificou em 1999 o
que designou como “os sete pecados da memória”. Estes pecados
são erros da memória, uma espécie de preço que pagamos por
sermos capazes de recordar.
25. Os sete pecados
da memória
Daniel Schacter: Psicólogo norte-
americano, atualmente professor
na universidade de Harvard. O
seu trabalho tem
incidido fundamentalmente nos
aspetos biológicos e psicológicos
da memória
26. Os sete pecados da memória Exemplo
Transitoriedade (esqueciment
o)
Redução ou detrimento da memória
com o passar do tempo
Esquecer o enredo de um filme que vimos ou de
um livro que lemos
Desatenção (esquecimento) Redução da memória por
não termos prestado
atenção suficiente
Esquecer o que era para fazer no trabalho de
casa por não prestarmos atenção á aula ou
esquecer onde deixamos as chaves
Bloqueio (esquecimento) Incapacidade de
recordar informações necessárias
Ser incapaz de recordar o nome de uma pessoa
que conhecemos perfeitamente.
Má atribuição (distorção) Atribuição de uma memória á fonte
errada
Cruzar-se com alguém famoso na rua e achar
que é uma pessoa conhecida nossa
Sugestionabilidade (distorção
)
Alteração de uma memória devido a
informações falsas/enganadoras
Desenvolver uma falsa memória a partir de uma
história que ouvimos.
Viés (distorção) Influencia de conhecimentos atuais
sobre as memórias
Recordar as nossas atitudes passadas como
sendo semelhantes ás atuais.
Persistência (indesejado) Ressurgimento das
memórias indesejadas ou
perturbadoras
Recordar constantemente uma gafe que se
cometeu
27. Esquecimento
Como vimos na tabela muitos dos pecados da memória
prendem-se com o esquecimento. Mas porque é que
esquecemos?
Existem várias explicações para o esquecimento. Umas
referem a possibilidade de ter havido uma codificação
ineficaz da informação (e assim, na verdade não é
esquecimento porque a informação nunca chegou a ser
memorizada), outras apontam para uma
simples falha momentânea do nosso processo de
evocação (seria como se depois de “reiniciarmos” o nosso
sistema tudo voltasse ao normal), outras ainda sugerem
que pode estar ligado a lesões que danificam não só os
sistemas de recuperação de memórias como os de
geração de novas memórias.
28. Esquecimento
Apesar de todas estas possíveis explicações existem
duas grandes teorias sobre o esquecimento, que são as
mais aceites;
Teoria da interferência; na qual se defende que há uma
competição entre informação, isto é, que as novas
informações se intrometem levando-nos a distorcer ou
esquecer as anteriores.
Teoria da degradação; que postula que o fragmento
original da informação vai, por si só, desaparecendo
gradativamente, como um risco de tinta que
se desvanece com o tempo, a menos que façamos algo
para o manter intacto.
29. Caso de Clive Wearing
Em 1985, o musico e maestro
britânico Clive Wearning contraiu
uma infeção que lhe danificou uma
parte importante dos lobos
temporal e frontal, deixando-o,
com uma memória de menos de
dez segundos. Clive é um dos mais
severos casos de amnésia, é
incapaz de reconhecer pessoas ou
de recordar o que foi dito
momentos antes. A sua vida é um
eterno presente.
Porém no meio de um deserto
de lembranças, a habilidade e
memória musicais do maestro
mantiveram-se intactas.
30. Conclusão
Compreendemos agora que a memória é algo bastante complexo, e ao contrario do que
pensávamos inicialmente ela não é um tipo de gravador que guarda os acontecimentos
intactos, a memória falha com frequência e isso acentuasse á medida que a nossa idade
avança.
Também podemos por vezes lamentar o que esquecimento, por exemplo
quando esquecemos os conteúdos de algum teste, mas não ser capaz de esquecer pode
ser bastante perturbador, sem o esquecimento não podemos continuar a recordar.
Concluindo, apesar de ainda não compreendermos completamente o funcionamento do
nosso cérebro, conseguimos perceber que este é um “computador” bastante sofisticado
que conseguiu desenvolver os seus próprios meios para assegurar o seu bom
funcionamento.