1) O documento descreve várias lesões potencialmente malignas da mucosa oral, incluindo leucoplasia, eritroplasia, lesões de fumantes, fibrose submucosa, líquen plano e queratose actínica.
2) Essas lesões têm um risco aumentado de progressão para carcinoma pavimento-celular e requerem monitoramento cuidadoso.
3) Fatores como tabagismo, localização e apresentação clínica influenciam o risco e prognóstico de cada lesão.
2. Lesões potencialmente malignas
Surge a necessidade de definir ‘lesões pré-malignas’ da mucosa oral porque[1] :
• Em estudos longitudinais, áreas de tecido com alterações específicas
identificadas como ‘pré-malignas’ acabaram por evoluir para carcinoma
pavimento-celular (CPC) durante o follow-up;
• Algumas destas alterações, particularmente lesões vermelhas e brancas
coexistem nas margens de grande parte dos CPCs;
• Uma proporção destas partilha características morfo-citológicas e genéticas
com neoplasias epiteliais.
OMS, 1978
3. Lesões potencialmente malignas
OMS, 2005
No entanto, nem todas as lesões descritas sob
estas condições evoluem para neoplasia.
‘(…) lesões potencialmente malignas’[2]
4. • Lesão pré-maligna
• Condição pré-maligna
1-Leucoplasia
2-Eritroplasia
3-Lesões palatinas dos fumadores
4-Fibrose submucosa
5-Queratose actínica
6-Líquen plano
7-Lúpus eritematoso discóide
• Lesões epiteliais precursoras – epitélio alterado (displásico) com uma
probabilidade aumentada para a progressão para CPC.
Lesões potencialmente malignas
OMS, 1978[1]
OMS, 2005[2]
No entanto, em casos raros, a malignização pode ocorrer em
epitélio histo-morfologicamente não-displásico
5. • Prevalência mundial – 1-5% (distribuição homogénea entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento)[3]
• Mais frequente no sexo masculino [4]
• Idade média – 50-69 anos [3]
Epidemiologia
• Fatores de risco – tabaco (principal)[3]
– álcool?
– HPV?
Verifica-se, em muitos
casos, regressão das
lesões após abstenção
tabágica
6. Placas brancas de risco discutível, quando excluídas outras causas
conhecidas que não carregam um risco acrescido para neoplasia
• Pode atingir qualquer estrutura da mucosa oral.
• Clinicamente, classifica-se em leucoplasia homogénea e leucoplasia
não-homogénea.
1-Leucoplasia[1,3]
http://nueva.odontologia.do/wp-content/uploads/2015/05/leucoplasia.jpg
Figura 1 – leucoplasia na mucosa lingual
7. Homogénea Não-homogénea
Lesões planas, finas Eritroleucoplasia – lesões
brancas e vermelhas, com
predomínio branco
Nodular – pequenos crescimentos
polipóides, envoltos em saliências
vermelhas ou brancas
Verrucosa
apresentação enrugada
ou ondulada.
Prognóstico favorável Pior prognóstico
1-Leucoplasia[1,3]
Quando multifocal e resistente
ao tratamento – leucoplasia
verrucosa proliferativahttps://www.researchgate.net/profile/Giovanni_Lodi/publication/6741995/figure/fig2/AS:269524435992614@1441271041789/Figure-1-Homogeneous-leukoplakia-of-the-lateral-border-of-the-tongue.png
http://1.bp.blogspot.com/-uTNM1JRN9oc/Ti6jSBmgBqI/AAAAAAAAAZQ/_fQP4YUI3IA/w1200-h630-p-k-no-nu/6%2B11%2B09%2Bharender%252C%2Bspeckled%2Bleukoplakia%2BBIOPSY%2BDONE%2B4%2BYEARS%2BBACK2.JPG
http://www.homesteadschools.com/dental/courses/Oral%20Cancer/nodular.jpg
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/7d/31/54/7d3154b82da340fa43a0de0aacb7dab6.jpg
Figura 2 – leucoplasia homogénea
na mucosa lingual
Figura 3 – eritroleucoplasia
circusncrita à bochecha
Figura 4 – leucoplasia nodular
na mucosa da bochecha
Figura 5 – leucoplasia verrucosa
na mucosa gengival
8. tratamento (se <2-3 cm) e follow-up a cada 6 meses
1-Leucoplasia – marcha diagnóstica [1]
Leucoplasia com displasia
Leucoplasia sem displasia
tratamento (se <2-3 cm) e follow-up a cada 3 meses
9. • Duração – tendência maior para carcinoma pavimento celular
nos primeiros 5 anos de aparecimento.
• Sexo – transformação maligna mais frequente em mulheres.
• Localização – lesões no pavimento da boca e no bordo lateral da
língua.
• Apresentação clínica – eritroleucoplasias apresentam maior
risco para transformação maligna.
• Etiologia desconhecida (idiopáticas)
Preditores de transformação maligna na leucoplasia[4]
10. • Mais frequente no palato mole, língua e pavimento da boca
• No caso de lesões brancas concomitantes – eritroleucoplasia
• Tabaco como fator etiológico
• Elevado risco de transformação para CPC
2-Eritroplasia[1]
Placa vermelha não caracterizável clínica ou patologicamente por outra
doença definida
http://www.exodontia.info/sitebuilder/images/Oral-Erythroplakia-733x491.jpg
Figura 6– eritroplasia da mucosa lingual
11. 3-Lesões palatinas em ‘reverse smokers’ [1,3]
• ‘Reverse smoking’ consiste em fumar com a ponta do cigarro em brasa dentro da
boca.
• Lesões brancas, vermelhas ou mistas.
• Afeta predominantemente o palato e a língua
Figura 7 – lesão no palato duro em ‘reverse smoker’
• Risco de evolução para CPC : 12,5%
http://screening.iarc.fr/picoral/A1300004.jpg
12. • Pode atingir a orofaringe, cavidade oral, e/ou terço superior do esófago.
• Aumento da rigidez e perda de mobilidade
Fibrose crónica da lâmina
própria e submucosa
epiteliais
Atrofia do epitélio Maior predisposição para
desenvolvimento de CPC[3]
4-Fibrose submucosa oral[1,3]
Figura 8 – branqueamento do palato mole
http://ipj.quintessenz.de/index.php?doc=picture&poster=484&file=abb2gr.jpghttp://ipj.quintessenz.de/index.php?doc=picture&poster=484&file=abb2gr.jpg
13. Apresentação precoce Apresentação tardia
Sensação de queimadura Bandas fibrosas na parede da mucosa
Vesículas Trismos
Branqueamento da mucosa Estreitamento do orifício orofaríngeo,
com distorção da úvula
5-Fibrose submucosa oral[1,3]
Figura 9 – branqueamento da mucosa da bochecha Figura 10 – bandas fibrosas na mucosa do lábio inferior
https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwj98vuQ1dbSAhUF1hoKHdPYBM0QjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fwww.intelligentdental.com%2F2011%2F12%2F21%2Foral-
submucous-fibrosis%2F&bvm=bv.149397726,d.cGw&psig=AFQjCNEsFYqt5lOzyf2nqIYFGViJ4xTpIQ&ust=1489603895067375
https://www.dovepress.com/cr_data/article_fulltext/s80000/80576/img/fig3.jpg
14. • Doença muco-cutânea mediada por linfócitos T.
• Aumento da taxa de diferenciação do epitélio pavimentoso estratificado, resultando em hiperqueratose e
eritema.
• Mais frequente na mucosa oral posterior
• Risco de evolução para CPC : 0,4-3,7%
• Tratamento: corticoesteróides tópicos e sistémicos
6-Líquen Plano[1,3]
Figura 11 – lesões hiperqueratósicas típicas do líquen plano
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/67/00/5a/67005a01f741f7a1c656b5d31314f90f.jpg
15. • Na cavidade oral, é mais predominante no lábio inferior.
• Placas queratósicas, atróficas, erosivas ou ulcerosas.
• Risco de evolução para CPC : 6,0 – 10,0%
• Tratamento pode cursar com terapia fotodinâmica, eletrocirurgia ou vermilionectomia.
7-Queratinose actínica[1,3]
Figura 12 – queratinose actínica no lábio inferior
http://www.patienthelp.org/wp-content/uploads/2013/05/Actinic-cheilitis-Picture.jpg
16. • Doença imunologicamente mediada.
• Placas queratósicas de bordos elevados, com irradiação sob a forma de estrias
brancas e telangiectasias.
• Evolução para CPC frequentemente observada, principalmente no lábio inferior.
• Tratamento cursa com corticoesteróides tópicos e sistémicos.
8-Lúpus eritematoso discóide[1,3]
Figura 13 – lesão discóide na bochecha
http://www.dermweb.com/hairnailsmucousmembranes/graphics/jpegs/Untitled-26.jpg
17. Disceratose Congénita[1,3]
• Rara. Associada ao X – mais frequente no sexo masculino.
• Tríade: distrofia ungueal, pigmentação reticular da pele e leucoplasia oral.
• Risco aumentado para desenvolvimento de CPC.
• Sem tratamento curativo.
Doenças hereditárias de risco aumentado
Figura 14 – semiologia da disceratose congénita
http://www.europeanmedical.info/haemolytic-anaemia/images/8919_298_101-dyskeratosis-congenita.jpg
18. Doenças hereditárias de risco aumentado
Epidermólise Bolhosa[3]
• Doença ‘bolhosa’ da pele e mucosa.
• Na cavidade oral, atinge predominantemente a mucosa lingual.
• A transformação maligna ocorre em áreas de ulceração crónica.
• 25% das lesões evoluem para CPC.
Figura 15 – lesão bolhosa na mucosa lingual
http://pocketdentistry.com/wp-content/uploads/285/c17f0046.jpg
19. Conclusão
• Aproximadamente 40% das lesões potencialmente malignas reduzem de
tamanho ou desaparecem, aquando da abstenção tabágica.
• Estas lesões são, frequentemente, mal diagnosticadas, devido à falta de
conhecimento adequado na população em geral e mesmo entre os
profissionais de saúde.
• Deve-se, assim, melhorar o ensino de médicos e dentistas no sentido de salvar
a saúde dos doentes.
20. • [1]. S. Warnakulasuriya, N.W. Johnson, I. van der Wall;
Nomenclature and classification of potentially malignant disorders
of the oral mucosa; J Oral Pathol Med, 36 (2007), pp. 575–58.
• [2]. Sachin C Sarode, Gargi S Sarode, and Jagdish V Tupkari; Oral
potentially malignant disorders: A proposal for terminology and
definition with review of literature; Journal of Oral and
Maxillofacial Pathology : JOMFP (2014), pp.77-80.
• [3] Mortazavi H, Baharvand M, Mehdipour M. Oral potentially
malignant disorders: an overview of more than 20 entities. J Dent
Res Dent Clin Dent Prospects 2014;8:6-14.
• [4] Napier SS, Speight PM. Natural history of potentially malignant
oral lesions and conditions: an overview of the literature. J Oral
Pathol Med 2008;37:1–10.
Referências