SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 57
HANSENÍA
SE
Dr. Mateus Souza e Silva
CAMPANHA
JANEIRO
ROXO
Campanha de iniciativa do Minestério da Saúde (oficialmente
desde 2015) com a participação das Sociedade Brasileira de
Dermatologia Hansenologia com objetivo de conscientizar as
pessoas sobre a prevenção à hanseníase
Estados
reacionais e
incapacidades
físicas
Introdução
Manifestações
clínicas
Descreveremos o quadro
clínico bem como o
diagnóstico
Tratamento
Mostraremos como é
feito o tratamento
01
Descreveremos a definição e os
aspectos epifemiológicos da
doença
Histórico
Descreveremos os
aspectos históricos da
doença
Agente
etiológico
02 03
Explicitaremos sobre o agente
causal e sua transmissibilidade
04 05 06
Descreveremos as
complicações da doença
Tabela de contúdos
Introdução
01
DEFINIÇÃO
A Hanseníase é uma doença
infectocontagiosa de evolução lenta,
causada pelo Mycobacterium leprae (bacilo
de Hansen), que acomete principalmente os
nervos superficiais da pele e troncos
nervosos periféricos, mas também pode
afetar os olhos e órgãos internos (mucosas,
testículos, ossos, baço, fígado, etc.).
EPIDEMIOLOGIA
● O Brasil é o segundo país do mundo em número
de casos, atrás apenas da Índia
● O Brasil é o primeiro em incidência, ou seja, tem
maior proporção de casos novos, quando se
compara o número de doentes e o tamanho da
população.
17.979
Casos novos no Brasil em 2020 (segundo a OMS) –
14,1%
127.396
Casos novos de hanseníase no mundo em 2020 (segundo a
OMS)
EPIDEMIOLOGIA
● Segundo o Boletim Epidemiológico da
Hanseníase 2022: entre os anos de 2016 e 2020,
foram diagnosticados no Brasil 155.359 casos
novos de hanseníase.
EPIDEMIOLOGIA
● Segundo o Boletim Epidemiológico da
Hanseníase 2022: entre os anos de 2016 e 2020,
foram diagnosticados no Brasil 155.359 casos
novos de hanseníase.
EPIDEMIOLOGIA
Históri
co
02 Aspectos históricos da Hanseníase
BREVE HISTÓRIA DA
HANSENÍASE
● Doença amplamente conhecida como “Lepra”,
termo que origina-se do latim lepros, que significa
ato de sujar ou poluir
● Umas das doenças mais antigas da humanidade
que acomete o homem teve sua origem na região
da Ásia
● Conhecida há mais de três ou quatro mil anos na
Índia, China e Japão; já existia no Egito há quatro
mil e trezentos anos antes de Cristo
● Avançou para Europa com as campanhas do
exército romano a partir de onde difundiu-se para
o restante do globo
BREVE HISTÓRIA DA
HANSENÍASE
● A Igreja assumiu a responsabilidade do controle
da doença conforme seus dogmas,
considerando-a castigo de Deus; uma punição
divina aos pecadores e impuros
● Clérigos avaliavam as lesões de pele, e a pessoa
considerada “leprosa” era excluída da sociedade
e, a partir de então, obrigada a viver longe do
convívio da comunidade, proibida de beber e de
tomar banho nas fontes de água pública, entrar
em igrejas etc.
1873
Descoberta do agente etiológico da Hanseníase
BREVE HISTÓRIA DA
HANSENÍASE
● Em 1873, quando ainda se acreditava que a
doença era fruto da punição de Deus, o cientista
norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen
identificou o Mycobacterium leprae e o associou
à doença
BREVE HISTÓRIA DA
HANSENÍASE
● No Brasil, os primeiros relatos foram registrados
em 1600, na cidade do Rio de Janeiro, em
portugueses
● “Boom” de construção de leprosários com
isolamento compulsório
● 1962: abolição da prática do isolamento
compulsório
● 1970: extinguiu-se o uso do termo “lepra” e o
substi tuiu por “hanseníase” ou Mal de Hansen
(MH), conforme a Lei nº 9.010, de 29.06.1985
● 1986: determinou a transformação dos
leprosários em Hospitais Gerais ou Centros de
Foto de 1968 mostra a
entrada do antigo leprosário
de Bauru, no interior de SP
Imagem de arquivo mostra antigo leprosário de Bauru
Agente
etiológico 03
Agente etiológico e sua
transmissão
AGENTE ETIOLÓGICO
● Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen): bacilo
(bactéria) álcool-ácido resistente (BAAR),
fracamente gram-positivo, que infecta os nervos
periféricos e, mais especificamente, as células de
Schwann
● Período de incubação: 2 a 7 anos (média de
5 anos)
● O bacilo multiplica-se lentamente (ao redor de 11
a 16 dias) e a temperatura mais propícia para o
seu crescimento é de, aproximadamente, 30°C
AGENTE ETIOLÓGICO
● O homem é reconhecido como única fonte de
infecção (reservatório), embora tenham sido
identificados animais naturalmente infectados.
● O Mycobacterium leprae tem alta infectividade e
baixa patogenicidade, isto é infecta muitas
pessoas no entanto só poucas adoecem.
● Muitas pessoas irão infectar-se porém
poucas adoecerão
TRANSMISSÃO
Via
respiratória
Principal via de eliminação e
porta de entrada mais
provável
Longa
incubação
Tempo prolongado entre a
infecção pelo bacilo e
manifestação dos sintomas
Contato
prolongado
Contato próximo e
prolongado com pessoa
doente não tratada
TRANSMISSÃO
TRANSMISSÃO
● A hanseníase pode atingir pessoas de todas as
idades, de ambos os sexos (há predomínio no
sexo masculino na maioria das regiões do
mundo), no entanto, raramente ocorre em
crianças.
● Estima-se que a maioria da população possua
defesa natural (imunidade) contra o M. leprae.
Portanto, a maior parte das pessoas que
entrarem em contato com o bacilo não adoecerão
Manifestações
clínicas
04
SINAIS E SINTOMAS
PELE
NERVOS
PERIFÉRICOS
Espessamento
(engrossamento) de nervos
periféricos, sensação de
formigamento e/ou fisgadas e
diminuição de sensibilidade
ou força motora
Manchas (brancas,
avermelhadas, acastanhadas ou
amarronzadas), alteração de
sensibilidade (tátil, dolorosa),
diminuição de pelos/suor e
caroços ou nódulos
SINAIS E SINTOMAS
DERMATOLÓGICOS
● Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou
amarronzadas em qualquer parte do corpo com
sensação de amortecimento, formigamento ou
falta de suor;
● Pele com diminuição de pelos;
SINAIS E SINTOMAS
DERMATOLÓGICOS
● Placas eritematosas, eritêmato-hipocrômicas,
bem definidas, hipo ou anestésicas
● Lesão que se estende em superfície por vários
centímetros
SINAIS E SINTOMAS
DERMATOLÓGICOS
● Lesões infiltrativas: aumento da espessura e
consistência da pele, com menor evidência dos
sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se, às
vezes, de eritema discreto
SINAIS E SINTOMAS
DERMATOLÓGICOS
● Nódulos ou caroços: lesão sólida, circunscrita,
elevada ou não, endurecida, assintomática de
cerca de 1 a 3 cm de tamanho (hansenomas)
SINAIS E SINTOMAS
NEUROLÓGICOS
● Lesões decorrentes de processos inflamatórios dos
nervos periféricos (neurites) e podem ser causados
tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela
reação do organismo ao bacilo ou por ambas
○ Dor e espessamento dos nervos periféricos
○ Perda de sensibilidade das áreas inervadas
(mãos, pés e olhos)
○ perda de força nos músculos inervados
(principalmente nas pálpebras e nos membros
superiores e inferiores)
DIAGNÓSTICO – DEFINIÇÃO
DE CASO
● O Ministério da Saúde do Brasil define um caso de
hanseníase pela presença de pelo um ou mais dos
seguintes critérios, conhecidos como sinais cardinais da
hanseníase:
○ Lesão (ões) e/ou áreas (s) da pele com alteração de
sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil;
○ Espessamento de nervo periférico, associado a
alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
○ Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de
esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele.
CLASSIFICAÇÃO OPERACONAL
Presença de mais de cinco lesões de pele
e/ou baciloscopia positiva
PAUCIBACIL
AR
Presença de 1 a 5 lesões cutâneas e baciloscopia
obrigatoriamente negativa
MULTIBACIL
AR
MB
PB
Apresentação clínica exclusivame
neural, sem lesões cutâneas e com
baciloscopia negativa
A doença é limitada pela boa
resposta
imunocelular do hospedeiro
NEURAL PURA
(neurítica
primária)
TUBERCULÓ
IDE
CLASSIFICAÇÃO DE MADRI –
Formas clínicas
INDETERMINADA
Fase inicial – pucas lesões e
perda parcial da
sensibilidade
VIRCHOWIA
NA
Ausência de resposta
imunocelular do hospedeiro -
disseminação
DIMORFA
Forma mais comum – várias
lesões com perda total da
sensibilidade
TRATAME
NTO
05 A hanseníase tem cura!
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO:
POLIQUIMIOTERAPIA
(PQT)
A PQT é o esquema de primeira linha
para o tratamento da hanseníase,
recomendado pela OMS desde 1982 e
adotado no Brasil como único esquema
terapêutico desde o início da década de
1990.
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO:
POLIQUIMIOTERAPIA
(PQT)
Consiste na associação de três
antimicrobianos (rifampicina, dapsona
e clofazimina), que leva à cura em até
98% dos casos tratados, com baixa taxa
de recidiva
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO:
POLIQUIMIOTERAPIA
(PQT)
Estados
reacionais e
incapacidades
físicas
06
REAÇÕES HANSÊNICAS
● São fenômenos inflamatórios agudos que cursam
com exacerbação dos sinais e sintomas da
doença e acometem um percentual elevado de
casos
● Resultam da ativação de resposta imune contra o
M. leprae e podem ocorrer antes, durante ou
após o tratamento da infecção
● Afetam especialmente a pele e os nervos
periféricos, podendo gerar dano neural e
incapacidades físicas permanentes quando não
são tratadas adequadamente
REAÇÕES HANSÊNICAS
Ocorre por exacerbação da resposta imune humoral (anticorpos)
por depósitos de imuno-complexos em indivíduo com pouca
capacidade para destruir bacilos (multibacilares).
Reação Hansênica Tipo 1 (Reação Reversa)
Ocorre por exacerbação da resposta imune celular em
indivíduo com boa capacidade para destruir bacilos
Reação Hansênica Tipo 2 (Eritema Nodoso
Hansênico)
ENH
RR
Reação Hansênica Tipo 1 (Reação
Reversa)
Reação Hansênica Tipo 1 (Reação
Reversa)
Reação Hansênica Tipo 2
Reação Hansênica Tipo 2
ATENÇÃO AS
INCAPACIDADES
FÍSICAS E SUAS
REPERCUÇÕES
PSICOLÓGICAS
COMO
ACONTECEM
AS
DEFORMIDADE
S E AS
INCAPACIDADE
S?
INCAPACIDADES E
DEFORMIDADES FÍSICAS
Pele
● Ressecamento importante (ausência de pelos e
diminuição do suor)
● Sensibilidade térmica, tátil e dolorosa prejudicada
(queimaduras, ferimentos e úlceras)
Lesões
nervosas
● Nervos ulnar, mediano e radial: mãos em “garra”,
atrofia muscular, contratura de tendões
● Nervo fibular comum e tibial: pés em “garra”, atrofia
muscular, alteração na marcha, anestesia em região
plantar (úlcera plantar)
Mucosas
● Infiltração da mucosa nasal
● Manifestações oculares
MÃOS EM “GARA”
Perda
funcional
da
musculatu
ra
Atrofia
do 1º
espaço
interósse
o
Hiperextens
ão de
articulações
metacarpo-
falangeanas
Flexão de
articulações
interfalangean
as
MÃOS EM “GARA”
“Mão caída” – lesão nervo radial
PÉS EM “GARRA”
COMO ABORDAR AS
INCAPACIDADES
A ilustração do trevo objetiva
visualizar as atividades básicas que
podem evitar e/ou minimizar
deformidades e incapacidades em
hanseníase
—Immanuel Kant
“Quem não sabe o que busca, não
identifica o que acha.”
● Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de
Saúde. Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Guia para controle
da hanseníase. 2. ed. Brasília: Centro de documentação Científica do
Ministério da Saúde, 1984.
● Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de
Saúde. Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Modelo de Curso
Básico de Hanseníase. Brasília, 1980. AUTHOR (YEAR).
● Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília,
2009. 816 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
● Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Vigilância Epidemiológica. Capacitação em prevenção de
incapacidades em hanseníase: caderno do monitor. Brasília, 2010.
● ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia para a eliminação da
hanseníase como problema de Saúde Pública. Genebra, 2000. 38 p.
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
MUITO
OBRIG
ADO

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Hanseníase - Slides Mateus.pptx.........

Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )
Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )
Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )sara moura
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia2° PD
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia2° PD
 
Trabalho de chagas. power point
Trabalho de chagas. power pointTrabalho de chagas. power point
Trabalho de chagas. power pointGeovanna Borges
 
Informativo sobre tuberculose 2011
Informativo sobre tuberculose   2011Informativo sobre tuberculose   2011
Informativo sobre tuberculose 2011cipasap
 
Doencas em geral
Doencas em geralDoencas em geral
Doencas em geralescola
 
HanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoHanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoITPAC PORTO
 
Aula de hanseníase
Aula de hanseníaseAula de hanseníase
Aula de hanseníaseIsmael Costa
 
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]Ismael Costa
 
Tuberculose em hospitais
Tuberculose em hospitaisTuberculose em hospitais
Tuberculose em hospitaisJosy Farias
 
Lepra 8 b brenda e mateus
Lepra 8 b brenda e mateusLepra 8 b brenda e mateus
Lepra 8 b brenda e mateusteresakashino
 

Semelhante a Hanseníase - Slides Mateus.pptx......... (20)

Hanseníase janeiro roxo
Hanseníase janeiro roxoHanseníase janeiro roxo
Hanseníase janeiro roxo
 
Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )
Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )
Hanseníase - Do conceito ao tratamento ( TCC )
 
Hanseníase
HanseníaseHanseníase
Hanseníase
 
Hanseníase.pptx
Hanseníase.pptxHanseníase.pptx
Hanseníase.pptx
 
Hanseniase
HanseniaseHanseniase
Hanseniase
 
Ambiente biológico e a saúde
Ambiente biológico e a saúdeAmbiente biológico e a saúde
Ambiente biológico e a saúde
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Trabalho de chagas. power point
Trabalho de chagas. power pointTrabalho de chagas. power point
Trabalho de chagas. power point
 
Informativo sobre tuberculose 2011
Informativo sobre tuberculose   2011Informativo sobre tuberculose   2011
Informativo sobre tuberculose 2011
 
Hanseníase
HanseníaseHanseníase
Hanseníase
 
Doencas em geral
Doencas em geralDoencas em geral
Doencas em geral
 
HanseníAse Pronto
HanseníAse ProntoHanseníAse Pronto
HanseníAse Pronto
 
Aula de hanseníase
Aula de hanseníaseAula de hanseníase
Aula de hanseníase
 
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]
Sp3 hupe-doenças transmissíveis [modo de compatibilidade]
 
Tuberculose em hospitais
Tuberculose em hospitaisTuberculose em hospitais
Tuberculose em hospitais
 
Trabalho da feira da cultura centro oeste (801)
Trabalho da feira da cultura centro  oeste (801)Trabalho da feira da cultura centro  oeste (801)
Trabalho da feira da cultura centro oeste (801)
 
Peste Negra
Peste NegraPeste Negra
Peste Negra
 
Lepra 8 b brenda e mateus
Lepra 8 b brenda e mateusLepra 8 b brenda e mateus
Lepra 8 b brenda e mateus
 

Hanseníase - Slides Mateus.pptx.........

  • 2. CAMPANHA JANEIRO ROXO Campanha de iniciativa do Minestério da Saúde (oficialmente desde 2015) com a participação das Sociedade Brasileira de Dermatologia Hansenologia com objetivo de conscientizar as pessoas sobre a prevenção à hanseníase
  • 3. Estados reacionais e incapacidades físicas Introdução Manifestações clínicas Descreveremos o quadro clínico bem como o diagnóstico Tratamento Mostraremos como é feito o tratamento 01 Descreveremos a definição e os aspectos epifemiológicos da doença Histórico Descreveremos os aspectos históricos da doença Agente etiológico 02 03 Explicitaremos sobre o agente causal e sua transmissibilidade 04 05 06 Descreveremos as complicações da doença Tabela de contúdos
  • 5. DEFINIÇÃO A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta, causada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), que acomete principalmente os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos, mas também pode afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc.).
  • 6. EPIDEMIOLOGIA ● O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos, atrás apenas da Índia ● O Brasil é o primeiro em incidência, ou seja, tem maior proporção de casos novos, quando se compara o número de doentes e o tamanho da população.
  • 7.
  • 8. 17.979 Casos novos no Brasil em 2020 (segundo a OMS) – 14,1% 127.396 Casos novos de hanseníase no mundo em 2020 (segundo a OMS)
  • 9. EPIDEMIOLOGIA ● Segundo o Boletim Epidemiológico da Hanseníase 2022: entre os anos de 2016 e 2020, foram diagnosticados no Brasil 155.359 casos novos de hanseníase.
  • 10. EPIDEMIOLOGIA ● Segundo o Boletim Epidemiológico da Hanseníase 2022: entre os anos de 2016 e 2020, foram diagnosticados no Brasil 155.359 casos novos de hanseníase.
  • 13. BREVE HISTÓRIA DA HANSENÍASE ● Doença amplamente conhecida como “Lepra”, termo que origina-se do latim lepros, que significa ato de sujar ou poluir ● Umas das doenças mais antigas da humanidade que acomete o homem teve sua origem na região da Ásia ● Conhecida há mais de três ou quatro mil anos na Índia, China e Japão; já existia no Egito há quatro mil e trezentos anos antes de Cristo ● Avançou para Europa com as campanhas do exército romano a partir de onde difundiu-se para o restante do globo
  • 14. BREVE HISTÓRIA DA HANSENÍASE ● A Igreja assumiu a responsabilidade do controle da doença conforme seus dogmas, considerando-a castigo de Deus; uma punição divina aos pecadores e impuros ● Clérigos avaliavam as lesões de pele, e a pessoa considerada “leprosa” era excluída da sociedade e, a partir de então, obrigada a viver longe do convívio da comunidade, proibida de beber e de tomar banho nas fontes de água pública, entrar em igrejas etc.
  • 15. 1873 Descoberta do agente etiológico da Hanseníase
  • 16. BREVE HISTÓRIA DA HANSENÍASE ● Em 1873, quando ainda se acreditava que a doença era fruto da punição de Deus, o cientista norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen identificou o Mycobacterium leprae e o associou à doença
  • 17. BREVE HISTÓRIA DA HANSENÍASE ● No Brasil, os primeiros relatos foram registrados em 1600, na cidade do Rio de Janeiro, em portugueses ● “Boom” de construção de leprosários com isolamento compulsório ● 1962: abolição da prática do isolamento compulsório ● 1970: extinguiu-se o uso do termo “lepra” e o substi tuiu por “hanseníase” ou Mal de Hansen (MH), conforme a Lei nº 9.010, de 29.06.1985 ● 1986: determinou a transformação dos leprosários em Hospitais Gerais ou Centros de
  • 18. Foto de 1968 mostra a entrada do antigo leprosário de Bauru, no interior de SP
  • 19. Imagem de arquivo mostra antigo leprosário de Bauru
  • 21. AGENTE ETIOLÓGICO ● Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen): bacilo (bactéria) álcool-ácido resistente (BAAR), fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e, mais especificamente, as células de Schwann ● Período de incubação: 2 a 7 anos (média de 5 anos) ● O bacilo multiplica-se lentamente (ao redor de 11 a 16 dias) e a temperatura mais propícia para o seu crescimento é de, aproximadamente, 30°C
  • 22. AGENTE ETIOLÓGICO ● O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados. ● O Mycobacterium leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta muitas pessoas no entanto só poucas adoecem. ● Muitas pessoas irão infectar-se porém poucas adoecerão
  • 23. TRANSMISSÃO Via respiratória Principal via de eliminação e porta de entrada mais provável Longa incubação Tempo prolongado entre a infecção pelo bacilo e manifestação dos sintomas Contato prolongado Contato próximo e prolongado com pessoa doente não tratada
  • 25. TRANSMISSÃO ● A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos (há predomínio no sexo masculino na maioria das regiões do mundo), no entanto, raramente ocorre em crianças. ● Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão
  • 27. SINAIS E SINTOMAS PELE NERVOS PERIFÉRICOS Espessamento (engrossamento) de nervos periféricos, sensação de formigamento e/ou fisgadas e diminuição de sensibilidade ou força motora Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas), alteração de sensibilidade (tátil, dolorosa), diminuição de pelos/suor e caroços ou nódulos
  • 28. SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS ● Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com sensação de amortecimento, formigamento ou falta de suor; ● Pele com diminuição de pelos;
  • 29. SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS ● Placas eritematosas, eritêmato-hipocrômicas, bem definidas, hipo ou anestésicas ● Lesão que se estende em superfície por vários centímetros
  • 30. SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS ● Lesões infiltrativas: aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se, às vezes, de eritema discreto
  • 31. SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS ● Nódulos ou caroços: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, endurecida, assintomática de cerca de 1 a 3 cm de tamanho (hansenomas)
  • 32. SINAIS E SINTOMAS NEUROLÓGICOS ● Lesões decorrentes de processos inflamatórios dos nervos periféricos (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas ○ Dor e espessamento dos nervos periféricos ○ Perda de sensibilidade das áreas inervadas (mãos, pés e olhos) ○ perda de força nos músculos inervados (principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores)
  • 33. DIAGNÓSTICO – DEFINIÇÃO DE CASO ● O Ministério da Saúde do Brasil define um caso de hanseníase pela presença de pelo um ou mais dos seguintes critérios, conhecidos como sinais cardinais da hanseníase: ○ Lesão (ões) e/ou áreas (s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; ○ Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; ○ Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele.
  • 34. CLASSIFICAÇÃO OPERACONAL Presença de mais de cinco lesões de pele e/ou baciloscopia positiva PAUCIBACIL AR Presença de 1 a 5 lesões cutâneas e baciloscopia obrigatoriamente negativa MULTIBACIL AR MB PB
  • 35. Apresentação clínica exclusivame neural, sem lesões cutâneas e com baciloscopia negativa A doença é limitada pela boa resposta imunocelular do hospedeiro NEURAL PURA (neurítica primária) TUBERCULÓ IDE CLASSIFICAÇÃO DE MADRI – Formas clínicas INDETERMINADA Fase inicial – pucas lesões e perda parcial da sensibilidade VIRCHOWIA NA Ausência de resposta imunocelular do hospedeiro - disseminação DIMORFA Forma mais comum – várias lesões com perda total da sensibilidade
  • 37. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: POLIQUIMIOTERAPIA (PQT) A PQT é o esquema de primeira linha para o tratamento da hanseníase, recomendado pela OMS desde 1982 e adotado no Brasil como único esquema terapêutico desde o início da década de 1990.
  • 38. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: POLIQUIMIOTERAPIA (PQT) Consiste na associação de três antimicrobianos (rifampicina, dapsona e clofazimina), que leva à cura em até 98% dos casos tratados, com baixa taxa de recidiva
  • 41. REAÇÕES HANSÊNICAS ● São fenômenos inflamatórios agudos que cursam com exacerbação dos sinais e sintomas da doença e acometem um percentual elevado de casos ● Resultam da ativação de resposta imune contra o M. leprae e podem ocorrer antes, durante ou após o tratamento da infecção ● Afetam especialmente a pele e os nervos periféricos, podendo gerar dano neural e incapacidades físicas permanentes quando não são tratadas adequadamente
  • 42. REAÇÕES HANSÊNICAS Ocorre por exacerbação da resposta imune humoral (anticorpos) por depósitos de imuno-complexos em indivíduo com pouca capacidade para destruir bacilos (multibacilares). Reação Hansênica Tipo 1 (Reação Reversa) Ocorre por exacerbação da resposta imune celular em indivíduo com boa capacidade para destruir bacilos Reação Hansênica Tipo 2 (Eritema Nodoso Hansênico) ENH RR
  • 43. Reação Hansênica Tipo 1 (Reação Reversa)
  • 44. Reação Hansênica Tipo 1 (Reação Reversa)
  • 47. ATENÇÃO AS INCAPACIDADES FÍSICAS E SUAS REPERCUÇÕES PSICOLÓGICAS
  • 49. INCAPACIDADES E DEFORMIDADES FÍSICAS Pele ● Ressecamento importante (ausência de pelos e diminuição do suor) ● Sensibilidade térmica, tátil e dolorosa prejudicada (queimaduras, ferimentos e úlceras) Lesões nervosas ● Nervos ulnar, mediano e radial: mãos em “garra”, atrofia muscular, contratura de tendões ● Nervo fibular comum e tibial: pés em “garra”, atrofia muscular, alteração na marcha, anestesia em região plantar (úlcera plantar) Mucosas ● Infiltração da mucosa nasal ● Manifestações oculares
  • 50. MÃOS EM “GARA” Perda funcional da musculatu ra Atrofia do 1º espaço interósse o Hiperextens ão de articulações metacarpo- falangeanas Flexão de articulações interfalangean as
  • 51. MÃOS EM “GARA” “Mão caída” – lesão nervo radial
  • 53. COMO ABORDAR AS INCAPACIDADES A ilustração do trevo objetiva visualizar as atividades básicas que podem evitar e/ou minimizar deformidades e incapacidades em hanseníase
  • 54. —Immanuel Kant “Quem não sabe o que busca, não identifica o que acha.”
  • 55. ● Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde. Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Guia para controle da hanseníase. 2. ed. Brasília: Centro de documentação Científica do Ministério da Saúde, 1984. ● Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde. Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Modelo de Curso Básico de Hanseníase. Brasília, 1980. AUTHOR (YEAR). ● Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília, 2009. 816 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). ● Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Capacitação em prevenção de incapacidades em hanseníase: caderno do monitor. Brasília, 2010. ● ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia para a eliminação da hanseníase como problema de Saúde Pública. Genebra, 2000. 38 p. REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

Notas do Editor

  1. O aumento dos casos levou à construção de leprosários (atingindo ao redor de 19.000 casos por toda a Europa), e o auge da perseguição aos leprosos ocorreu do século XI ao XIV, quando mais de 50% foram mortos em praça pública na França