Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
O documento discute as noções de arcaico e fantasma em relação às categorias de tempo e espaço. O arcaico desloca a percepção linear de tempo e espaço, enquanto o fantasma desarticula a identidade do presente, revelando sua não-contemporaneidade. A produção artística contemporânea é analisada como locus de apresentificação destes conceitos, revelando passados recalcados por meio de superfícies espelhadas e superpostas.
O documento discute as relações entre tempo e espaço na arte contemporânea, especialmente no contexto brasileiro. Aborda como noções de arcaico e fantasma desafiam noções lineares de tempo e espaço, apresentando múltiplos tempos e espaços simultâneos. Também analisa como produções artísticas brasileiras revelam um "lócus do interstício e de presentificação do arcaico", onde manifestações culturais outras são atualizadas.
O documento discute a relação entre imagem e texto, argumentando que imagens são frequentemente associadas à natureza enquanto textos são associados à convenção cultural. Imagens são signos culturais que representam o real de maneiras complexas e ambíguas, ao contrário do que sugerem as aparências de naturalidade. A autora explora como imagens estão ligadas à magia e à imaginação em diferentes culturas e épocas.
O documento discute a relação entre mito e literatura, analisando autores como Mircea Eliade, Adolpho Crippa, Claude Lévi-Strauss, C.G. Jung e Gilbert Durand. Apresenta exemplos de como elementos míticos aparecem na poesia e no teatro, especialmente nas reescrituras de Antígona de Jean Anouilh e Bertolt Brecht durante a Segunda Guerra Mundial.
Descrição das paisagens nas topografias corpografias de adriana varejãogrupointerartes
Este documento analisa a obra da artista Adriana Varejão sob a perspectiva da paisagem e da relação entre imagem e texto no catálogo de arte. A obra de Varejão revisita elementos da paisagem barroca brasileira, como azulejos, de uma forma fragmentada que propõe novas reflexões sobre o passado colonial e o processo de colonização. O documento também discute a importância da figura do viajante e da viagem no romantismo, relacionando-a à obra de Varejão.
1) O documento discute como a arte envolve a totalidade do ser humano e suas dimensões afetiva, cognitiva e social.
2) A arte é vista como construção, conhecimento e expressão, envolvendo técnica, percepção e força expressiva.
3) A arte deve ser vista como um fim em si, com objetivos e conteúdos próprios, não como mero instrumento para outras áreas.
Este artigo discute as perspectivas de Lévi-Strauss sobre o Impressionismo e o Cubismo, movimentos que representariam rupturas parciais com características distintivas da arte ocidental moderna. O texto analisa como Lévi-Strauss via esses movimentos como tentativas de quebrar com o academicismo e figurativismo, embora o Impressionismo não tenha superado completamente o caráter "possessivo representativo" da arte ocidental. Já o Cubismo teria ido mais longe em direção a uma função significativa ao invés de representativa
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
O documento discute as noções de arcaico e fantasma em relação às categorias de tempo e espaço. O arcaico desloca a percepção linear de tempo e espaço, enquanto o fantasma desarticula a identidade do presente, revelando sua não-contemporaneidade. A produção artística contemporânea é analisada como locus de apresentificação destes conceitos, revelando passados recalcados por meio de superfícies espelhadas e superpostas.
O documento discute as relações entre tempo e espaço na arte contemporânea, especialmente no contexto brasileiro. Aborda como noções de arcaico e fantasma desafiam noções lineares de tempo e espaço, apresentando múltiplos tempos e espaços simultâneos. Também analisa como produções artísticas brasileiras revelam um "lócus do interstício e de presentificação do arcaico", onde manifestações culturais outras são atualizadas.
O documento discute a relação entre imagem e texto, argumentando que imagens são frequentemente associadas à natureza enquanto textos são associados à convenção cultural. Imagens são signos culturais que representam o real de maneiras complexas e ambíguas, ao contrário do que sugerem as aparências de naturalidade. A autora explora como imagens estão ligadas à magia e à imaginação em diferentes culturas e épocas.
O documento discute a relação entre mito e literatura, analisando autores como Mircea Eliade, Adolpho Crippa, Claude Lévi-Strauss, C.G. Jung e Gilbert Durand. Apresenta exemplos de como elementos míticos aparecem na poesia e no teatro, especialmente nas reescrituras de Antígona de Jean Anouilh e Bertolt Brecht durante a Segunda Guerra Mundial.
Descrição das paisagens nas topografias corpografias de adriana varejãogrupointerartes
Este documento analisa a obra da artista Adriana Varejão sob a perspectiva da paisagem e da relação entre imagem e texto no catálogo de arte. A obra de Varejão revisita elementos da paisagem barroca brasileira, como azulejos, de uma forma fragmentada que propõe novas reflexões sobre o passado colonial e o processo de colonização. O documento também discute a importância da figura do viajante e da viagem no romantismo, relacionando-a à obra de Varejão.
1) O documento discute como a arte envolve a totalidade do ser humano e suas dimensões afetiva, cognitiva e social.
2) A arte é vista como construção, conhecimento e expressão, envolvendo técnica, percepção e força expressiva.
3) A arte deve ser vista como um fim em si, com objetivos e conteúdos próprios, não como mero instrumento para outras áreas.
Este artigo discute as perspectivas de Lévi-Strauss sobre o Impressionismo e o Cubismo, movimentos que representariam rupturas parciais com características distintivas da arte ocidental moderna. O texto analisa como Lévi-Strauss via esses movimentos como tentativas de quebrar com o academicismo e figurativismo, embora o Impressionismo não tenha superado completamente o caráter "possessivo representativo" da arte ocidental. Já o Cubismo teria ido mais longe em direção a uma função significativa ao invés de representativa
O Arqueologismo na Escultura de Jorge Vieira - Sara Navarroarqueomike
O documento discute o "arqueologismo" na escultura de Jorge Vieira, onde ele se inspira em formas primitivas e arcaicas de outras culturas e épocas. Suas obras evocam um passado distante através de figuras híbridas e metáforas que fundem referências antigas e modernas. Ele busca uma essência primordial nas formas, recriando gestos ancestrais de produção de objetos.
Encontros arte como arqueologia, arqueologia como arte (sara navarro, 2013)arqueomike
O documento discute o diálogo entre arte e arqueologia, propondo que a arte contemporânea pode oferecer novas perspectivas para a arqueologia. A autora sugere que sua própria prática artística, que se inspira em técnicas cerâmicas antigas, ilustra como a arte pode ser vista como arqueologia e vice-versa. Ela argumenta que os artistas podem contribuir para métodos arqueológicos menos positivistas e mais estéticos.
O documento discute a obra do pintor brasileiro Antônio Parreiras, considerado um pioneiro do impressionismo no Brasil. Apresenta sua formação artística e estilo inovador de pintar paisagens ao ar livre, antecipando técnicas impressionistas. Também analisa uma ilustração autobiográfica de Parreiras que representa o pintor em um momento de lembrança e saudade do passado.
capítulo do livro Paisagens plurais: artes visuais e transversalidades, de Madalena Zacara e Lívia Marques . Editora Universitária da EFEPE, publicado em 2012
Este documento discute como objetos técnicos são representados na literatura e como autores como Lima Barreto, Cortázar e Antonioni desconstroem noções sobre esses objetos em suas obras. Especificamente, analisa como esses autores vão além da mera utilidade técnica dos objetos para apontar para um imaginário que liberta o ser humano de uma relação direta com a técnica.
O documento discute a definição de arte ao longo da história da filosofia, apresentando diferentes perspectivas sobre o que constitui arte. Também lista diversas formas de arte reconhecidas e traz exemplos de obras famosas em cada uma. Por fim, aborda a literatura brasileira, destacando a obra de Machado de Assis.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
O documento discute o Simbolismo no Brasil, descrevendo sua origem na década de 1890 e características como o uso de símbolos, temas subjetivos e hermetismo. Destaca Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens como principais autores simbolistas brasileiros do período.
O documento descreve o surgimento e características do Simbolismo como movimento literário e artístico na Europa e no Brasil no século XIX. O Simbolismo surgiu na Europa em resposta ao materialismo e cientificismo da época, enfatizando a subjetividade e o uso de símbolos e metáforas. Autores europeus como Baudelaire e Rimbaud e brasileiros como Cruz e Sousa foram importantes expoentes deste movimento.
O documento resume os principais conceitos e elementos da arte que serão abordados na Aula 3, incluindo definições de arte, funções da obra de arte, estilos como figurativismo e abstracionismo, e gêneros como natureza-morta, retrato e pintura religiosa. Também fornece exemplos de obras de arte para ilustrar esses conceitos e orientações sobre como analisar objetos artísticos.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
O texto descreve o Simbolismo como uma corrente literária que surgiu entre 1890 e 1915 na poesia portuguesa. Caracterizava-se por aspectos como a visão pessimista da existência, o amor pela paisagem melancólica e o uso de símbolos e imagens sugestivas em vez de descrições diretas. O Simbolismo português derivava da tradição francesa mas os poetas portugueses desenvolveram seus próprios caminhos dentro deste movimento.
O documento discute o simbolismo como movimento literário e artístico que surgiu na segunda metade do século XIX na França. Os simbolistas questionavam a capacidade da ciência de explicar todos os fenômenos humanos e preferiam uma linguagem sugestiva com uso de símbolos e imagens em vez de descrições objetivas. Lista os principais nomes e obras do simbolismo europeu e brasileiro como Cruz e Sousa, Eugênio de Castro e Almeida, Alphonsus de Guimaraens e Antônio Nobre
O documento discute arte, literatura e seus agentes. Aborda como a arte é uma forma de pensamento através de imagens e como desautomatiza o ser humano. Também define texto, realidade versus ficção e os papéis da literatura como provocar reflexão, ensinar e denunciar a realidade.
O documento descreve o movimento literário Simbolismo no contexto da língua portuguesa. O Simbolismo surgiu no final do século XIX como uma ruptura com o Realismo-Naturalismo, buscando valorizar as dimensões não racionais da existência. O precursor foi o poeta francês Charles Baudelaire. No Brasil, o marco inicial foi em 1893 com os livros de Cruz e Sousa, considerado o mais importante poeta simbolista brasileiro.
João da Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro nascido em 1861 em Florianópolis. Filho de pais escravos, sofreu preconceito racial ao longo de sua vida, mas se destacou como estudante e jornalista abolicionista. Sua obra poética é considerada a mais importante do Simbolismo brasileiro, explorando temas como a angústia humana através do uso de símbolos e imagens evocativas.
A obra de eurico goncalves na perspectiva do surrealismo português e internac...Álvaro Rodrigues
This thesis examines the work of Portuguese artist Eurico Gonçalves within the context of Portuguese and international Surrealism from 1949 to 2007. It analyzes how Gonçalves' poetry, painting, teaching and art criticism were influenced by Surrealist concepts like psychic automatism, chance, and the marvelous. The work also explores Gonçalves' transition from figurative to abstract Surrealism and his fusion of Dada vitalism and Zen philosophy in his "Dada-Zen" period from 1962 onward.
1) O documento descreve o movimento literário e artístico do Realismo no século XIX, caracterizado pela representação fiel da realidade.
2) Em seguida, aborda o Simbolismo, surgido na segunda metade do século XIX como reação ao Realismo e Positivismo, valorizando o subjetivo e o espiritual através de símbolos e sugestões.
3) Os principais autores realistas e simbolistas são citados, assim como as características desses movimentos na literatura e nas artes plásticas
O documento divide a literatura brasileira em períodos literários, descrevendo as principais características de cada um, incluindo o Período Informativo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e Modernismo. O texto também ressalta que o ENEM costuma focar mais nos períodos do Romantismo até a Literatura Contemporânea.
O documento discute o mistério por trás de esculturas de musas que adornavam prédios públicos em Manaus no passado. Imagens em postais antigos sugerem que esculturas idênticas às do Teatro Amazonas também estavam no Instituto de Educação e no Palácio Rio Negro, mas seus destinos são desconhecidos. Resolvendo este mistério pode revelar detalhes esquecidos sobre a arquitetura e o patrimônio da Manaus da Belle Époque.
O Largo de São Sebastião em Manaus é um espaço histórico no centro da cidade que atrai turistas e moradores. O local possui diversos pontos de encontro, como bares, lanchonetes e uma barraca de tacacá, além de sediar apresentações artísticas com vista para o imponente Teatro Amazonas. O Largo também é usado para filmagens e aulas sobre a arquitetura da cidade, reunindo diferentes públicos ao longo do dia e da semana.
O Arqueologismo na Escultura de Jorge Vieira - Sara Navarroarqueomike
O documento discute o "arqueologismo" na escultura de Jorge Vieira, onde ele se inspira em formas primitivas e arcaicas de outras culturas e épocas. Suas obras evocam um passado distante através de figuras híbridas e metáforas que fundem referências antigas e modernas. Ele busca uma essência primordial nas formas, recriando gestos ancestrais de produção de objetos.
Encontros arte como arqueologia, arqueologia como arte (sara navarro, 2013)arqueomike
O documento discute o diálogo entre arte e arqueologia, propondo que a arte contemporânea pode oferecer novas perspectivas para a arqueologia. A autora sugere que sua própria prática artística, que se inspira em técnicas cerâmicas antigas, ilustra como a arte pode ser vista como arqueologia e vice-versa. Ela argumenta que os artistas podem contribuir para métodos arqueológicos menos positivistas e mais estéticos.
O documento discute a obra do pintor brasileiro Antônio Parreiras, considerado um pioneiro do impressionismo no Brasil. Apresenta sua formação artística e estilo inovador de pintar paisagens ao ar livre, antecipando técnicas impressionistas. Também analisa uma ilustração autobiográfica de Parreiras que representa o pintor em um momento de lembrança e saudade do passado.
capítulo do livro Paisagens plurais: artes visuais e transversalidades, de Madalena Zacara e Lívia Marques . Editora Universitária da EFEPE, publicado em 2012
Este documento discute como objetos técnicos são representados na literatura e como autores como Lima Barreto, Cortázar e Antonioni desconstroem noções sobre esses objetos em suas obras. Especificamente, analisa como esses autores vão além da mera utilidade técnica dos objetos para apontar para um imaginário que liberta o ser humano de uma relação direta com a técnica.
O documento discute a definição de arte ao longo da história da filosofia, apresentando diferentes perspectivas sobre o que constitui arte. Também lista diversas formas de arte reconhecidas e traz exemplos de obras famosas em cada uma. Por fim, aborda a literatura brasileira, destacando a obra de Machado de Assis.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
O documento discute o Simbolismo no Brasil, descrevendo sua origem na década de 1890 e características como o uso de símbolos, temas subjetivos e hermetismo. Destaca Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens como principais autores simbolistas brasileiros do período.
O documento descreve o surgimento e características do Simbolismo como movimento literário e artístico na Europa e no Brasil no século XIX. O Simbolismo surgiu na Europa em resposta ao materialismo e cientificismo da época, enfatizando a subjetividade e o uso de símbolos e metáforas. Autores europeus como Baudelaire e Rimbaud e brasileiros como Cruz e Sousa foram importantes expoentes deste movimento.
O documento resume os principais conceitos e elementos da arte que serão abordados na Aula 3, incluindo definições de arte, funções da obra de arte, estilos como figurativismo e abstracionismo, e gêneros como natureza-morta, retrato e pintura religiosa. Também fornece exemplos de obras de arte para ilustrar esses conceitos e orientações sobre como analisar objetos artísticos.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
O texto descreve o Simbolismo como uma corrente literária que surgiu entre 1890 e 1915 na poesia portuguesa. Caracterizava-se por aspectos como a visão pessimista da existência, o amor pela paisagem melancólica e o uso de símbolos e imagens sugestivas em vez de descrições diretas. O Simbolismo português derivava da tradição francesa mas os poetas portugueses desenvolveram seus próprios caminhos dentro deste movimento.
O documento discute o simbolismo como movimento literário e artístico que surgiu na segunda metade do século XIX na França. Os simbolistas questionavam a capacidade da ciência de explicar todos os fenômenos humanos e preferiam uma linguagem sugestiva com uso de símbolos e imagens em vez de descrições objetivas. Lista os principais nomes e obras do simbolismo europeu e brasileiro como Cruz e Sousa, Eugênio de Castro e Almeida, Alphonsus de Guimaraens e Antônio Nobre
O documento discute arte, literatura e seus agentes. Aborda como a arte é uma forma de pensamento através de imagens e como desautomatiza o ser humano. Também define texto, realidade versus ficção e os papéis da literatura como provocar reflexão, ensinar e denunciar a realidade.
O documento descreve o movimento literário Simbolismo no contexto da língua portuguesa. O Simbolismo surgiu no final do século XIX como uma ruptura com o Realismo-Naturalismo, buscando valorizar as dimensões não racionais da existência. O precursor foi o poeta francês Charles Baudelaire. No Brasil, o marco inicial foi em 1893 com os livros de Cruz e Sousa, considerado o mais importante poeta simbolista brasileiro.
João da Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro nascido em 1861 em Florianópolis. Filho de pais escravos, sofreu preconceito racial ao longo de sua vida, mas se destacou como estudante e jornalista abolicionista. Sua obra poética é considerada a mais importante do Simbolismo brasileiro, explorando temas como a angústia humana através do uso de símbolos e imagens evocativas.
A obra de eurico goncalves na perspectiva do surrealismo português e internac...Álvaro Rodrigues
This thesis examines the work of Portuguese artist Eurico Gonçalves within the context of Portuguese and international Surrealism from 1949 to 2007. It analyzes how Gonçalves' poetry, painting, teaching and art criticism were influenced by Surrealist concepts like psychic automatism, chance, and the marvelous. The work also explores Gonçalves' transition from figurative to abstract Surrealism and his fusion of Dada vitalism and Zen philosophy in his "Dada-Zen" period from 1962 onward.
1) O documento descreve o movimento literário e artístico do Realismo no século XIX, caracterizado pela representação fiel da realidade.
2) Em seguida, aborda o Simbolismo, surgido na segunda metade do século XIX como reação ao Realismo e Positivismo, valorizando o subjetivo e o espiritual através de símbolos e sugestões.
3) Os principais autores realistas e simbolistas são citados, assim como as características desses movimentos na literatura e nas artes plásticas
O documento divide a literatura brasileira em períodos literários, descrevendo as principais características de cada um, incluindo o Período Informativo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e Modernismo. O texto também ressalta que o ENEM costuma focar mais nos períodos do Romantismo até a Literatura Contemporânea.
O documento discute o mistério por trás de esculturas de musas que adornavam prédios públicos em Manaus no passado. Imagens em postais antigos sugerem que esculturas idênticas às do Teatro Amazonas também estavam no Instituto de Educação e no Palácio Rio Negro, mas seus destinos são desconhecidos. Resolvendo este mistério pode revelar detalhes esquecidos sobre a arquitetura e o patrimônio da Manaus da Belle Époque.
O Largo de São Sebastião em Manaus é um espaço histórico no centro da cidade que atrai turistas e moradores. O local possui diversos pontos de encontro, como bares, lanchonetes e uma barraca de tacacá, além de sediar apresentações artísticas com vista para o imponente Teatro Amazonas. O Largo também é usado para filmagens e aulas sobre a arquitetura da cidade, reunindo diferentes públicos ao longo do dia e da semana.
Os CDs Divina Comédia Cabocla 1 e 2 contêm músicas que retratam de forma humorada a vida dos moradores da periferia de Manaus, usando referências culturais locais. A música "Geisislaine" descreve um romance entre dois jovens da Zona Leste da cidade e faz menção a locais, roupas e produtos populares.
O documento descreve o Monumento à Nossa Senhora da Conceição em Manaus, Brasil. Foi erguido em 1942 para comemorar 50 anos da criação do bispado local e uma procissão fluvial. O monumento passou por reformas em 2002 e está atualmente fechado para outra revitalização da praça.
A empresa de tecnologia anunciou um novo produto revolucionário que usa inteligência artificial para automatizar tarefas domésticas. O dispositivo pode limpar, cozinhar e fazer compras sozinho, poupando tempo dos usuários. No entanto, alguns especialistas levantaram preocupações sobre a segurança e o impacto no mercado de trabalho à medida que mais tarefas são automatizadas.
O documento discute o livro "Design para um mundo complexo" de Rafael Cardoso. O livro aborda conceitos como forma, função, significado e como esses conceitos são afetados pela globalização e complexidade do mundo moderno. O autor argumenta que os significados dos objetos mudam com o tempo e contexto cultural.
O documento resume os principais pontos do livro "A História das Coisas" de Annie Leonard. O livro discute a cadeia produtiva das matérias-primas até o descarte final, mostrando como o atual sistema econômico é insustentável. Ele é dividido em seções cobrindo a extração, produção, distribuição e consumo, com exemplos de cada etapa. A autora defende mudanças no sistema para reduzir o uso de recursos e promover a sustentabilidade.
O documento descreve um seminário de arte na educação realizado na Universidade do Estado do Amazonas entre 30 de outubro e 1o de novembro de 2012. O seminário incluiu laboratórios didáticos sobre contação de histórias utilizando literatura infantil, folclore brasileiro e música.
O documento fornece instruções sobre como elaborar fichamentos de textos de forma concisa e eficiente. Explica que o fichamento permite reter as informações essenciais de um texto sem precisar recorrer ao original constantemente, economizando tempo. Detalha os tipos de fichamento - bibliográfico, citação, resumo e crítico - e fornece exemplos de como preencher cada um corretamente.
Este documento resume um livro de Alberto Manguel que discute como as histórias e a linguagem moldam nossas identidades e nossa capacidade de viver em sociedade. O autor usa cinco histórias como exemplos para explorar esses temas e defender que as narrativas literárias podem nos ajudar a imaginar formas alternativas de entender o mundo e os outros.
1) A leitura de imagens é um ato complexo que pode ser abordado de duas perspectivas: a textual, que vê a imagem como um texto, e a semiótica, que vê a imagem como um signo.
2) Existem elementos fundamentais para análise de imagens como ponto, linha, cor e forma (morfológicos), movimento e ritmo (dinâmicos) e dimensão e escala (escalares).
3) A leitura semiológica analisa os signos nas imagens e sua relação com a realidade e cultura,
Este documento descreve a obra de arte de Emerenciano, enfatizando que ela não deve ser vista apenas por seus aspectos visuais, mas sim como uma reflexão do artista sobre o mundo. A obra de Emerenciano combina pintura, desenho, escrita e discurso para comunicar sobre temas como identidade, cultura e história. Ela usa símbolos para representar a comunicação entre o indivíduo e a sociedade.
Lacerda; thamyres jaques mulheres o dinamismo dos corposAcervo_DAC
A figura feminina foi representada na escultura desde os tempos pré-históricos, geralmente com ênfase nos seios, barriga e nádegas para sugerir fertilidade. Na Grécia Antiga, as mulheres eram representadas vestidas nas esculturas. No Renascimento, escultores se inspiravam na Antiguidade Clássica, porém Michelangelo teve dificuldade em representar anatomia feminina de forma realista.
O documento discute a história e evolução da arte ao longo dos tempos. Começa com a arte rupestre na Pré-História, passando pela arte grega e romana, arte paleocristã na Idade Média, até chegar na arte do Renascimento. Explica como a arte foi se transformando e suas funções em cada período, desde representações mágicas e rituais até a elevação dos artistas e o patrocínio da Igreja e nobreza.
O documento discute vários conceitos e gêneros artísticos incluindo definições de arte, funções de obras de arte, elementos da linguagem artística, e gêneros como figurativismo, natureza morta, paisagem, retrato, pintura histórica, mitológica, de gênero, religiosa, abstracionismo e simbolismo.
O documento discute vários conceitos e gêneros artísticos incluindo definições de arte, funções de obras de arte, elementos da linguagem artística, e gêneros como figurativismo, natureza morta, paisagem, retrato, pintura histórica, mitológica, de gênero, religiosa, abstracionismo e simbolismo.
O documento descreve a evolução da arte rupestre e da comunicação humana ao longo da história, desde as pinturas nas cavernas da idade do gelo até as escritas hieroglíficas e cuneiformes. Aborda achados arqueológicos na França e no Brasil, e como as formas de representação visual progrediram de imagens para símbolos complexos. Também discute como a arte rupestre inicialmente representava o cotidiano e depois se tornou mais abstrata, carregando significados culturais.
O documento apresenta um curso sobre a evolução da arte ao longo da história. É dividido em três módulos que abordam diferentes períodos artísticos de forma contextualizada, desde a pré-história até a arte bizantina.
O documento discute a representação da mulher ao longo da história da arte, desde a pré-história até a era moderna. Ao longo dos períodos, a imagem da mulher na arte refletiu os papéis e ideais de cada época, ora como símbolo de fertilidade, ora como figuras religiosas na Idade Média, ora como retratos realistas no Renascimento.
O documento discute a arte e a experiência estética, definindo-as e relacionando-as. Explica que o que agrada ao nosso gosto não necessariamente é arte e que para apreciar arte é necessário ter sensibilidade e estar aberto a novos conceitos. Também discute como a época, sociedade e cultura influenciam a arte, citando exemplos como a arte rupestre, Barroco, Arte Moderna e Surrealismo.
O documento descreve uma instalação de arte contemporânea chamada "SanTUÁRIO CACTU'San" que usa o tema do cacto. A instalação consiste em cinco partes interligadas que representam momentos de um ritual, incluindo Ofertório, Oratório, Adoração, Sacrifício e Sepulcro. O objetivo é apresentar uma narrativa visual sagrada sobre o cacto por meio da linguagem poética da arte.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte estruturado em torno de oito "territórios da arte" que mapeiam conceitos e conteúdos desde o 6o ano do ensino fundamental até a 3a série do ensino médio. Os territórios incluem linguagens artísticas, forma e conteúdo, materialidade, processo de criação, saberes estéticos e culturais, patrimônio cultural, mediação cultural e potencialidades para novas áreas de estudo.
O documento discute os conceitos de arte e literatura ao longo do tempo. A arte é entendida como uma representação da realidade feita por artistas para estimular emoções no espectador. A literatura usa a palavra como matéria-prima para criar mundos fictícios que refletem tanto o autor quanto a época. As definições variam culturalmente, mas a arte serve para entreter, provocar reflexão e expressar ideias.
Este documento discute a arte rupestre no Nordeste brasileiro, especificamente na região de Seridó no Rio Grande do Norte. Ele descreve duas tradições de arte rupestre na região, Nordeste e Agreste, e uma subtradição chamada Seridó. Também discute estilos de arte rupestre na região Seridó, como Serra da Capivara II e Carnaúba, caracterizados por representações de figuras humanas.
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O documento descreve um projeto de criação de um Objeto de Aprendizagem chamado "Caixa de Pandora" que sintetiza diversas linguagens artísticas como desenho, pintura, escultura e fotografia. A Caixa de Pandora será construída no formato de um livro-objeto com vários compartimentos para abrigar materiais como imagens, postais, tintas e ferramentas que serão usados nos projetos desenvolvidos no eixo do Atelier de Arte. O objetivo é permitir que os alunos explorem diferentes
1. O documento discute o conceito de arte ao longo da história, desde a antiguidade até a era contemporânea. 2. São abordados os fatores que influenciam a obra de arte, como a personalidade do artista, as ideias da época e os conhecimentos técnicos. 3. Também são discutidas teorias sobre a função da arte, como imitação da realidade, expressão de emoções e mudança social.
O documento discute o simbolismo maçônico e a ciência do simbolismo. Explica que os símbolos são usados para transmitir ensinamentos de forma velada na Maçonaria. Também define símbolo e discute a origem, tipos, características e funções dos símbolos, especialmente no contexto maçônico.
O documento discute a arte e sua importância para o desenvolvimento humano, apresentando seus principais elementos e funções ao longo da história:
- A arte expressa ideias e sentimentos de forma simbólica e ajuda no entendimento do mundo;
- São necessários três elementos para a arte existir: o artista, a obra de arte e o observador;
- As funções da arte ao longo do tempo incluem a pragmática, naturalista, formalista e interativa.
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REGULAMENTO DO CONCURSO DESENHOS AFRO/2024 - 14ª edição - CEIRI /UREI (ficha...Eró Cunha
XIV Concurso de Desenhos Afro/24
TEMA: Racismo Ambiental e Direitos Humanos
PARTICIPANTES/PÚBLICO: Estudantes regularmente matriculados em escolas públicas estaduais, municipais, IEMA e IFMA (Ensino Fundamental, Médio e EJA).
CATEGORIAS: O Concurso de Desenhos Afro acontecerá em 4 categorias:
- CATEGORIA I: Ensino Fundamental I (4º e 5º ano)
- CATEGORIA II: Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano)
- CATEGORIA III: Ensino Médio (1º, 2º e 3º séries)
- CATEGORIA IV: Estudantes com Deficiência (do Ensino Fundamental e Médio)
Realização: Unidade Regional de Educação de Imperatriz/MA (UREI), através da Coordenação da Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI) e parceiros
OBJETIVO:
- Realizar a 14ª edição do Concurso e Exposição de Desenhos Afro/24, produzidos por estudantes de escolas públicas de Imperatriz e região tocantina. Os trabalhos deverão ser produzidos a partir de estudo, pesquisas e produção, sob orientação da equipe docente das escolas. As obras devem retratar de forma crítica, criativa e positivada a população negra e os povos originários.
- Intensificar o trabalho com as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, buscando, através das artes visuais, a concretização das práticas pedagógicas antirracistas.
- Instigar o reconhecimento da história, ciência, tecnologia, personalidades e cultura, ressaltando a presença e contribuição da população negra e indígena na reafirmação dos Direitos Humanos, conservação e preservação do Meio Ambiente.
Imperatriz/MA, 15 de fevereiro de 2024.
Produtora Executiva e Coordenadora Geral: Eronilde dos Santos Cunha (Eró Cunha)
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Biblioteca UCS
A biblioteca abriga, em seu acervo de coleções especiais o terceiro volume da obra editada em Lisboa, em 1843. Sua exibe
detalhes dourados e vermelhos. A obra narra um romance de cavalaria, relatando a
vida e façanhas do cavaleiro Clarimundo,
que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
1. Imagem, feminino: uma leitura semiótica
Maria Evany do Nascimento1
Heitor Rogério Costa Lopes2
Resumo
Este texto se propõe a fazer uma abordagem pontual, do ponto de vista
da semiótica peirceana, de uma escultura do Centro Histórico de
Manaus. Detendo-se na relação signo x objeto (ícone, índice e símbolo),
pretende abordar as três instâncias definidas como Primeiridade,
Secundidade e Terceiridade. Buscando traçar uma cadeia de
significados simbólicos, relacionando a escultura ao pensamento de uma
época, que por sua vez, é uma recriação de mitos antigos e universais.
Palavras-chave:
Imagem – Arte - Semiótica
Abstract
This text if considers to make a prompt boarding, of the point of view of
the peirceana semiotics, of a sculpture of the Historical Center of
Manaus. Lingering in the relation sign x object (icon, index and symbol),
intends to approach the three instances definite as Primeiridade,
Secundidade and Terceiridade. Searching to trace a chain of symbolic
meanings, relating the sculpture to the thought of a time, that in turn, is a
recreation of old and universal myths.
1
Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Coordenadora Pedagógica do Centro Social e Educacional do Lago do Aleixo (CSELA). Professora das
disciplinas de Estética e História da Arte e Semiótica, do Curso de Design da Faculdade Martha Falcão.
Especialista em História e Crítica da Arte.
2
Acadêmico do Curso de Design da Faculdade Martha Falcão.
2. Keyworks:
Image - Art - Semiotics
Introdução
A soberania da imagem no mundo contemporâneo, torna as artes
visuais cada vez mais atuais e desperta a necessidade de estudos mais
complexos abordando a semiótica, antropologia visual, ou outros campos que
se dedicam à leitura da imagem. Essa leitura específica, tornou-se uma
ferramenta necessária a quem se dedica ao trabalho na área da cultura visual
ou a quem se interessa por esse campo. Uma das ferramentas para uma
abordagem mais detalhada desse universo imagético, é a semiótica, ciência
contemporânea que, se dedica ao estudo do signo e dos processos de
significação. Dentre os teóricos que se dedicaram ao desenvolvimento desta
ciência, o americano Charles Sanders Peirce desenvolveu sua teoria,
organizando o processo em que se dá o conhecimento dos fenômenos em três
campos, que seriam elementos formais e universais, chamou-os de
Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. Conhecendo mais sobre o universo
dos signos e sobre o processo de significação, é possível entender a força que
tem o impacto das imagens, o que elas nos trazem, de que forma nos atingem
e como utilizar estas ferramentas para a construção de uma comunicação mais
eficaz. Este artigo se propõe a fazer uma apreciação semiótica de uma
escultura, a partir destas três categorias peirceanas. Não tem a pretensão de
oferecer uma análise completa mas, de provocar a utilização da ciência
semiótica em campos do cotidiano. Para tornar o trabalho mais pontual, foi
escolhido apenas a relação que o signo tem com aquilo que ele representa,
para uma abordagem de Primeiridade, Secundidade e Terceiridade: Ícone,
Índice e Símbolo. E como objeto de apreciação, foi escolhida uma escultura do
Centro Histórico de Manaus. Esta área da cidade (Centro Antigo), apresenta
um acervo de obras artísticas, em grande parte adquiridas no período áureo da
borracha e trazidas de vários lugares do mundo. São esculturas que marcam a
fase da Belle Époque, o gosto francês e eclético que, com as devidas
proporções e adaptações, foi incorporado aos costumes da cidade de Manaus,
3. no período também denominado fin de siècle. Entre as esculturas, destaca-se
esta figura feminina desnuda que se encontra nos jardins do Centro Cultural
Palácio Rio Negro, na avenida 7 de Setembro. Trata-se de uma obra intrigante
pela falta de informações a respeito de seu período exato de aquisição, autoria
e significados simbólicos. Alguns autores a chamam de “Donzela Desnuda” e
outros de “Medusa”, mas ela bem poderia ser chamada de “Eva” ou a
materialização do mito da “fêmea fatal”. Este trabalho pretende descobrir
alguns possíveis significados desta obra belíssima, que veio para adornar os
jardins de um grande comerciante da borracha e que continua, ainda hoje, a
intrigar os olhares visitantes.
Figura 1: Medusa
Foto: Heitor Lopes
E para início de conversa qual é o nosso objeto?
1. Ficha técnica
4. a. Nome da obra: “Donzela Desnuda” ou “Medusa” ou “Eva”
(recentemente restaurada)
b. Nome do artista: sem identificação na peça
c. Técnica empregada: Escultura em bronze
d. Medidas: 1,34cm de altura
e. Local onde se encontra: Jardim frontal do Centro Cultural Palácio
Rio Negro, Av. 7 de Setembro – Centro Histórico de Manaus/Am.
2. Palácio Rio Negro
De acordo com Mesquita (1999), o prédio onde hoje funciona o Centro
Cultural Palácio Rio Negro, pertenceu, até a primeira década do século XX, ao
comerciante alemão Waldemar Scholz, um dos barões da borracha. Após o
declínio da economia da borracha, foi adquirido pelo Estado em 1918,
passando a abrigar a sede do governo. Foi tombado pelo Patrimônio Histórico
Estadual em 3 de outubro de 1980 e em 1996, passou a funcionar como Centro
Cultural, abrigando exposições e apresentações artísticas. É um dos mais bem
conservados exemplos da arquitetura eclética construída em Manaus entre a
última década do século XIX e a primeira década do século XX. Suas colunas e
elementos decorativos, apresentam-se como elementos comuns ao estilo
eclético, o diferencial deste prédio é o comedimento no uso destes adornos, o
que confere à arquitetura um aspecto que nos lembra os padrões clássicos.
3. A escultura: um objeto ou um signo?
Para Peirce, um signo é “uma coisa que representa outra coisa para
alguém, sobre determinado aspecto” e um objeto é qualquer coisa passível de
representação. A nossa escultura se encaixa nos dois processos. É um objeto,
existente, físico, palpável. E é um signo, por nos trazer uma cadeia de outros
significados além do que é: uma escultura. E iremos em busca destes
possíveis significados ao longo deste texto.
Primeiros olhares – possibilidades da Primeiridade
Num primeiro olhar, percebe-se uma escultura feminina, em bronze. E
com um olhar cuidadoso e um pouco mais demorado, poderia ser assim
5. descrita: uma figura feminina em pé, desnuda, apoiada no pé esquerdo;seu
braço esquerdo está apoiado na cintura e o braço direito estendido; seu rosto
apresenta uma expressão séria, olhos abertos e lábios cerrados; possui
brincos de argola; seus cabelos, compostos por um emaranhado de serpentes,
tem ainda um cacho de uvas do lado esquerdo; descendo pelo pescoço, em
direção ao seio direito, encontra-se uma serpente com a cabeça levemente
levantada; esta serpente circunda um medalhão em forma de caveira, preso a
uma pequena corrente; em sua mão direita segura um punhal que não pode
ser visto quando a escultura é observada de frente; no braço direito, encontra-
se uma serpente enrolada, com a cabeça em posição de ataque. Junto com a
serpente, a figura segura uma máscara de teatro e uma fruta, semelhante a
uma maçã. A escultura pode ser vista de vários ângulos, pois se encontra no
meio do jardim. E parece ter sido construída para lhe serem rodeados todos os
olhares.
Esse primeiro contato e essas primeiras impressões, referem-se, de
acordo com as tricotomias peirceanas, à categoria da Primeiridade. Não há
nada de particular, apenas aspectos gerais: é uma escultura. Em sua relação
com o objeto, trata-se de uma representação feminina, um ícone de uma
mulher, permeada de outras representações existentes: fruto, punhal,
serpentes, etc. É isto que a obra nos faz pensar quando avaliamos a
Primeiridade.
Segundos olhares – particularidades da Secundidade
Sobre o aspecto da Secundidade, é um índice, um existente e como tal,
é um fenômeno temporal e espacial, mantendo conexões com outros
existentes. O índice é, portanto, parte daquilo que representa e dessa forma,
incorpora uma característica particular: a de ter potencial para significar,
simplesmente por existir e apresentar-se como ponto de ligação com outros
fenômenos, igualmente existentes. No caso da nossa escultura, é uma obra em
bronze, que nos remete ao material, ao período em que foi feito, ao espaço
ocupado, ao prédio, à cidade de Manaus, etc. Sendo dessa forma, um índice
da produção do artista, do estilo do final do século XIX e início do século XX;
índice das necessidades decorativas do período chamado Belle Époque; índice
6. da economia do período da borracha; índice do pensamento do homem em
relação à mulher, na passagem do século XIX para o século XX. Esta obra
existe, e pode nos conduzir há vários caminhos.
Terceiros olhares – reflexões interpretativas da Terceiridade
A Terceiridade, onde moram os aspectos simbólicos, é, de fato, o
grande interesse deste texto. E a escultura escolhida nos brinda com um leque
de possibilidades de significados: um êxtase para a busca dos sentidos. Então,
vamos nos deter nos seus índices e buscar alguns significados simbólicos.
CORPO DESNUDO
O simbolismo cristão já distinguia na Idade Média a: nuditas
virtualis (pureza e inocência) da nuditas criminalis (luxúria ou
exibição vaidosa). Por isso toda nudez tem e terá sempre um
sentido ambivalente, uma emoção equívoca; se por um lado
eleva ao puro clímax da mera beleza física e, por analogia
platônica, à compreensão e identificação da beleza moral e
espiritual, por outro lado quase não pode perder seu lastro
demasiado humano da atração irracional arraigada nas
profundezas insensíveis ao intelecto. Evidentemente a
expressão da forma, seja natural ou artística, induz ao
contemplador a uma ou a outra direção. ((Cirlot, 1984)
Ao entrar em contato com a obra, seu poder de signo icônico já nos traz
à mente diversos significados pela sua exposição de corpo desnudo. Este,
pode ser considerado como símbolo de sedução, provocação, pela posição em
que se encontra, como a convidar o olhar do espectador, a passear por suas
curvas sinuosas, estando assim mais ligado à luxúria e exibição vaidosa, que à
pureza e inocência. Isso se dá pela posição em que se encontra e pelos
diversos elementos simbólicos que lhe complementam.
AS SERPENTES
Entre os muitos que podemos encontrar para a serpente, Cirlot (1984)
nos apresenta alguns que complementam o pensamento aqui apresentado:
7. ... fisicamente, a serpente simboliza a sedução da força pela
matéria (Jasão por Medeia, Hércules por Onfale, Adão por
Eva), constituindo a manifestação concreta dos resultados da
involução, a persistência do inferior no superior, do anterior no
ulterior ... a serpente é o símbolo, não da culpa pessoal, mas
sim do princípio do mal inerente a tudo o que é terreno.
Apresentada dessa forma, as serpentes conferem à nossa escultura, um
sentido de maldade, sedução e traição, associando à mulher todas as figuras
de divindades terríveis. A mulher é uma sedutora e representa o “principio do
mal inerente a tudo o que é terreno”.
CACHO DE UVAS
Em seus cabelos, além das serpentes, é possível perceber um cacho de uvas.
Esta fruta é um símbolo de Dionísio ou Baco, deus do vinho e das festas
dionisíacas ou bacanais. Rituais que envolviam, além de muita bebida, sexo
livre e diversos parceiros, sendo portanto, a festa dos prazeres carnais. Cirlot
(1984), acrescenta que por ser um fruto, a uva nos remete à fertilidade e
também, por sua ligação ao sangue, ao sacrifício.
O CRÂNIO
O medalhão em forma de crânio, que a figura traz em seu pescoço,
pode fazer uma referência à inteligência e à morte, mas também simbolizam
transitoriedade. Talvez afirmando que a beleza física é um atributo finito.
Moraes (2002), traz uma passagem bastante interessante, quando
analisa o significado da caveira, na figura do acéfalo:
O acéfalo, diz Bataille ao descrever a anatomia do monstro, “reúne
numa mesma erupção o Nascimento e a Morte”. Isso significa que,
nesse caso, a caveira não é apenas um símbolo fúnebre mas também,
e ao mesmo tempo, uma evocação da vida: na qualidade de signo que
identifica o gênero humano, ela constitui o imperecível, o que perdura
do corpo mesmo depois da morte. Seria difícil encontrar melhor
imagem para expressar a “existência eterna” da matéria – ou, se
quisermos, da coisa humana – assim como pra sustentar, com tal
8. poder de síntese, a tarefa dialética de desmentir e manter os traços da
figura humana.
A MAÇÃ
A maçã ou o fruto que a figura segura em sua mão esquerda, nos
remete ao fruto do “pecado original”, que levou Adão ao pecado e à
conseqüente expulsão do paraíso; também pode significar desejo e o caminho
para o conhecimento, já que descrita na Bíblia como “o fruto da árvore do bem
e do mal”. Significa ainda fertilidade, amor, imortalidade e vida. Em Cirlot
(1984) encontramos:
Como forma quase esférica, significa uma totalidade. É símbolo dos
desejos terrenos, de seu desencadeamento. A proibição de comer a
maçã vinha por isto da voz suprema, que se opõe à exaltação dos
desejo materiais. O intelecto, a sede de conhecimento é – como sabia
Nietzsche – uma zona apenas intermediária entre a dos desejos
terrenos e a da pura e verdadeira espiritualidade.
A escultura aqui analisada, traz a maçã escondida na mesma mão que
segura uma máscara de teatro. Este fruto não pode ser visto quando a figura é
observada frontalmente. Como se a sedução se fizesse em etapas, primeiro
com a nudez, depois com as serpentes e finalmente com o fruto do pecado.
Como vimos até aqui, a obra nos remete, com todos os seus elementos, ao
desencadeamento dos desejos materiais.
MÁSCARA DE TEATRO
Esta máscara pode significar a personificação de espíritos e poderes,
bem como o “espetáculo da vida”, representado pelas máscaras teatrais no
final da Antigüidade. Como elemento teatral ela significa disfarce. Embora seu
significado simbólico seja bem maior que isso, chegando a representar a
metamorfose, é o que nos traz Cirlot (19834):
Todas as transformações têm algo de profundamente misterioso e de
vergonhoso ao mesmo tempo, posto que o equívoco e o ambíguo se
produz no momento em que algo se modifica o bastante para ser já
“outra coisa”, mas ainda continua sendo o que era. Por isto, as
9. metamorfoses têm que ocultar-se; daí a máscara. A ocultação tende à
transfiguração, a facilitar a passagem do que se é ao qe se quer ser;
este é o seu caráter mágico...
Inserida no emaranhado de outros elementos simbólicos, a máscara nos
remete a pensar a metamorfose humana, a transformação do sedutor para
outra coisa. A máscara ainda não foi colocada, ela se esconde assim como a
maçã. Num desencadeamento que induz a pensar que a partir da sedução,
depois um outro caráter habitará o corpo nu.
PUNHAL
A figura traz, oculto em sua mão direita, um punhal, acrescentando a
lista dos elementos que não se mostram de mediato ao espectador, fazendo-
nos pensar numa seqüência lógica e narrativa para a peça. Este punhal, se
tomado como arma, significa poder e serve tanto para o ataque quanto para a
defesa. No entanto, da forma como este aparece, nos faz crer que está
preparado para o ataque. Com ele, se poderia pensar que o ciclo se fecha: o
corpo nu e sensual chama, num primeiro momento à sedução pelo olhar;
depois, as serpentes enfeitiçam, o fruto é oferecido, a máscara é colocada e o
punhal se mostra fatal. Sedução, traição e fatalidade, seriam possíveis leituras
para esta peça intrigante.
10. Figura 2: Medusa, detalhes: 1) cacho de uvas e serpentes; 2) serpentes e
expressão séria; 3) e 4) - serpentes no braço e máscara de teatro; 5) fruto da
mão esquerda; 6) serpente e medalhão em forma de caveira, no pescoço; 7)
punhal na mão direita.
Fotos: Heitor Lopes
Tecendo redes de significados simbólicos
Eva
É interessante buscar na literatura algumas referências à figura da Eva,
porque a escultura, através de sua carga de elementos simbólicos (serpente e
fruto), nos remete a essa personagem. O livro do Gênesis, que discorre sobre
os primórdios da humanidade, no conta que Deus criou os céus e a terra e
todas as coisas vivas. Ao ver que isso era bom, criou o homem à sua imagem
e semelhança e de sua costela, Eva foi gerada.
De acordo com Robles (2006), para Adão, Eva representou uma
companheira submissa desde sua concepção, uma vez que é gerada de uma
de suas costelas. No entanto, mesmo submissa ao homem, cabe a ela a
escolha pelo “conhecimento da verdade” através do fruto da árvore proibida.
11. Então, Eva carrega para todo o sempre a culpa de ter levado o homem a
pecar, de ter sido expulsa do paraíso e de ter começado uma vida de trabalho,
sofrimento e morte para a humanidade. Eva, então, carrega o princípio da vida
humana, da finitude humana.
Medusa
Não foi sempre que Medusa carregou o fardo pelo qual é conhecida. Era
muito bela e imortal, mas conseguiu enfurecer a poderosa deusa Atena ao
copular com Poseidon (deus do Mar) em um de seus templos. Como castigo
esta a transformou, junto com suas irmãs, em criaturas medonhas, megeras
repugnantes. Contrastando com a beleza de outrora, agora apresentavam a
pele escamosa, cabelos em forma de serpentes venenosas, mãos de bronze e
asas de ouro; suas línguas eram protuberantes, cercada por presas de javali.
Medusa foi a mais castigada, virou mortal e mais petrificadora das três.
O olhar de medusa foi o seu pior castigo. Por transformar em pedra tudo
o que a fitasse, este a impedia de manter contato com qualquer outra criatura.
Vivia reclusa com suas irmãs no extremo do mundo e sua morada formava
fronteira com o reino das trevas. Ao seu redor se espalhavam figuras
petrificadas de homens e animais que, por descuido, olharam-lhe.
Medusa foi morta por Perseu, fundador de Micenas. Quando criança,
junto com sua mãe Dânea, foi lançado ao mar por seu avô, o rei de Argos –
Acrísio –, temendo a concretização de uma profecia: Perseu o mataria. Foram
resgatados e entregues ao rei de Sérifo, Polidectes. Passado anos, já adulto,
Perseu recebeu a missão de matar Medusa e entregar sua cabeça a Atena.
Auxiliado por esta, equipou-se com sandálias aladas, elmo de invisibilidade,
escudo brilhante e a espada de Hermes, e seguiu para o reino das Górgonas.
Fazendo uso de suas ferramentas mágicas, conseguiu aproximar-se de
Medusa, sem ser petrificado, e a decapitou. Do sangue, que escorria da
cabeça decapitada, formou-se dois seres, o gigante Crisaor e o cavalo Pégaso.
Perseu recolheu o sangue de Medusa; da veia esquerda saiu um poderoso
veneno, da direita um remédio capaz de ressuscitar os mortos.
Moraes (2002) faz uma leitura contemporânea desse mito:
12. ... o rosto de Medusa é uma máscara que apresenta a “face do
Outro, nosso duplo, o Estranho, em reciprocidade com nosso
rosto como uma imagem no espelho”, mas compondo uma
figura ambígua “que seria ao mesmo tempo menos e mais que
nós mesmos, simples reflexo e realidade do além”. O homem
que encara a Górgona mortal “deixa de ser o que é, de ser vivo
para tornar-se, como ela, Poder de morte”. Ou seja, nesse
confronto, ele perde sua identidade para assumir uma posição
de simetria em relação ao deus, o que implica simultaneamente
“dualidade – o homem e o deus que se encaram – e
inseparabilidade, ou até identificação”.
Da aparência mítica de Medusa, podemos abstrair inúmeros significados
simbólicos e percebemos o quanto são importantes para se entender o homem
no contexto social e psíquico. Medusa trazia em si o remédio da vida, mas
sempre fez uso do veneno da morte. Da mesma forma a mulher foi vista pela
sociedade em vários períodos da história, e ainda hoje. Tem o poder de dar à
luz, mas sempre foi relegada ao segundo plano por ser considerada uma
criatura vil e traiçoeira. Esse pensamento é fruto de uma sociedade patriarcal
que sempre reprimiu a sabedoria e os poderes sacerdotais e xamânicos
femininos.
O mito de Medusa nos alerta sobre nosso mundo interior, o
inconsciente. Se entrarmos despreparados nesse mundo, podemos ficar
paralisados com o que lá encontraremos. A culpa é o nosso olhar petrificante e
o arrependimento é a cura imediata.
O Mito da Fêmea Fatal
Algumas leituras podem ser feitas a respeito dessas personagens
femininas, tão recorrentes na história da arte. No entanto, é preciso entender
um pouco porque elas ganham tão grande destaque no final do século XIX e
início do século XX. Moraes (2002), faz um retrospecto do pensamento do
período e nos situa no final do romantismo, primeira metade do século XIX,
13. onde a figura da mulher fatal disputava espaço com um homem conquistador e
vil:
O libertino oitocentista, desprezando as convenções de uma
burguesia que lutava para impor seus valores, insistia em
preservar a herança dos devassos do século anterior, num
elogio a Casanova e Sade. Era na figura masculina que se
evidenciavam as marcas da desordem moral e do excesso
licencioso; fossem bandidos, vampiros ou libertinos, eram os
homens a encarar o tipo fatal.
Na segunda metade do século XIX, começam a ganhar destaque as
versões femininas dessa decadência moral. A literatura e o teatro,
popularizaram essas personagens conferindo-lhes um destaque dramático aos
seus aspectos diabólicos e sedutores:
A partir de então, o mito do eterno feminino se uniu
irremediavelmente à maldade: as últimas décadas do século se
renderam aos apelos imaginários da mulher fatal, deixando-se
fascinar pelas histórias das grandes cortesãs, das rainhas
cruéis e das pecadoras famosas. Dalilas, Cleópatras, Evas,
Elenas, Circes e Armidas proliferaram nas artes e na literatura
finiseculares...
É nesse momento que se constrói essa imagem da mulher, como
responsável pela decadência do homem e por todos os males que assolam a
humanidade. A escultura aqui analisada, nos oferece a possível materialização
desse pensamento, sendo o retrato da Medusa ou de Eva. Em todos os
elementos há um caráter de dualidade, valores morais que tendem para o bem
e para o mal. No entanto, sabendo que no período provável da construção da
peça (final do século XIX e início do século XX), o pensamento corrente dava à
mulher esse papel de fêmea fatal, a leitura dos signos buscou essa teia de
significados.
14. Comentários finais
Em todos os tempos a arte se apresenta como expressão do humano. O
artista capta os humores do seu tempo e o transforma em algo material e
duradouro. Os pensamentos se modificam, mas a arte permanece para nos
lembrar do processo. E em um momento em que a leitura da imagem é o que
há de mais evidente e explorado, vale a pena retomar nossas obras públicas e
buscar nelas a relação com nosso passado, construindo assim, a nossa
história. Assim como vale a pena passear pelos logradouros públicos da cidade
e observar as obras ali colocadas. Elas têm um porquê de estarem ali, trazem
uma história. Seria interessante sair em busca desses significados e relacionar
com a história da cidade, assim perceberíamos o que temos de particular e
universal.
O mito da fêmea fatal, representado na escultura do Centro Cultural
Palácio Rio Negro, permanece até hoje, nas músicas, nos filmes, nos
comerciais de TV, nas novelas. É a mulher, sedutora que desencadeia todo o
mal. O corpo feminino hoje é um dos principais apelos da comunicação de
massa, se tornou produto. É um outro processo de mudança de mentalidade:
de fêmea fatal para produto comercial. Mas daí, já são outros significados que
exigem outra leitura. Contudo, o estudo da semiótica peirceana pode ser um
caminho para a busca desses sentidos.
Referências
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1984.
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Editora Martin Claret,
2006.
FRANCHINI, A. S.; SEGANFREDO, Carmen. As 100 melhores histórias da
mitologia – deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana. 8.ª
ed. Porto Alegre: L&PM, 2006.
15. MESQUITA, Otoni. Manaus: História e Arquitetura (1852-1910). Manaus:
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MORAES, Eliane Robert. O Corpo Impossível. São Paulo: Iluminuras, 2002.
NASCIMENTO, Maria Evany do. Patrimônio e Memória da Cidade:
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UFAM, 2003.
ROBLES, Martha. Mulheres, mitos e deusas: o feminino através dos
tempos. Tradução William Lagos, Débora Dutra Vieira. São Paulo: Aleph,
2006.
SANTAELLA, Lucia. Semiótica Aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2005.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Medusa_(mitologia)