"Jogando os dados" - Os jogos teatrais como possível metodologia de construçã...Taís Ferreira
Este documento discute a possibilidade de usar jogos teatrais como uma metodologia para construir dados em pesquisas sobre recepção teatral. A autora reflete sobre sua experiência empírica com crianças espectadoras e levanta questões sobre como apreender a recepção do público e transformar aspectos dos jogos teatrais em dados para análise.
Estudos Culturais, recepção e teatro: uma articulação possível? (2006)Taís Ferreira
Este artigo discute a possível articulação entre os Estudos Culturais de recepção e a recepção no campo teatral. A autora propõe desenvolver um estudo de recepção teatral inspirado nos Estudos Culturais de Comunicação, considerando o receptor como co-produtor ativo na construção de significados. Também contextualiza a evolução dos estudos de recepção, desde modelos que enxergavam o receptor como passivo até abordagens que o veem como agente ativo e polissêmico.
Conversações sobre teatro e educação livroTaís Ferreira
Livro completo - Conversações sobre teatro e educação - organização Fabiane Tejada, Taís Ferreira e Vanessa Leite - Porto Alegre: Observatório Gráfico, 2013.
Este artigo discute o teatro amador como uma pedagogia cultural e espaço de formação para artistas e professores de artes cênicas. O teatro amador é definido como aquele sem fins lucrativos e que não diferencia claramente artistas e público. Ele desempenhou um papel importante na formação de profissionais de teatro no Brasil e pode operar como pedagogia informal complementar à educação formal em artes cênicas.
Representações de infâncias nos palcos gaúchos ou Como são os personagens-cri...Taís Ferreira
Este documento apresenta um resumo de um artigo analítico sobre as representações de crianças em peças de teatro infantil gaúchas. A autora contextualiza teorias sobre a infância e analisa dois espetáculos teatrais infantis, focando nos personagens-criança e na concepção de público infantil idealizado.
Programas de espetáculo como gênero: relações com a produção teatral para cri...Taís Ferreira
Este documento discute as características da produção teatral infantil em Porto Alegre entre 1998-2003, analisando programas de espetáculos teatrais. A autora observa que esses programas vão além de simples informações, veiculando discursos sobre as peças e construindo os espectadores. Ela questiona para quem esses programas realmente se dirigem.
Por uma (des)necessária pedagogia do espectador taís ferreiraTaís Ferreira
Este documento discute a necessidade de se desenvolver ações voltadas à formação do espectador nas escolas atuais. Argumenta-se que as crianças e jovens já são espectadores devido ao mundo contemporâneo de mídias, mas que isso não os torna sujeitos da experiência teatral. Questiona-se se é preciso ensinar a ser espectador ou se basta alfabetizar as linguagens cênicas.
Moitará e oigalê o jogo das identidades populares brasileiras e a commedia ...Taís Ferreira
O documento discute como dois grupos teatrais brasileiros, Moitará e Oigalê, trabalham com identidades populares brasileiras em seus espetáculos. Os grupos usam elementos da commedia dell'arte e buscam democratizar o acesso ao teatro. Moitará usa máscaras e Oigalê se especializou em teatro de rua, ambos apropriando-se de estereótipos como o gaúcho e o índio para representar identidades populares.
"Jogando os dados" - Os jogos teatrais como possível metodologia de construçã...Taís Ferreira
Este documento discute a possibilidade de usar jogos teatrais como uma metodologia para construir dados em pesquisas sobre recepção teatral. A autora reflete sobre sua experiência empírica com crianças espectadoras e levanta questões sobre como apreender a recepção do público e transformar aspectos dos jogos teatrais em dados para análise.
Estudos Culturais, recepção e teatro: uma articulação possível? (2006)Taís Ferreira
Este artigo discute a possível articulação entre os Estudos Culturais de recepção e a recepção no campo teatral. A autora propõe desenvolver um estudo de recepção teatral inspirado nos Estudos Culturais de Comunicação, considerando o receptor como co-produtor ativo na construção de significados. Também contextualiza a evolução dos estudos de recepção, desde modelos que enxergavam o receptor como passivo até abordagens que o veem como agente ativo e polissêmico.
Conversações sobre teatro e educação livroTaís Ferreira
Livro completo - Conversações sobre teatro e educação - organização Fabiane Tejada, Taís Ferreira e Vanessa Leite - Porto Alegre: Observatório Gráfico, 2013.
Este artigo discute o teatro amador como uma pedagogia cultural e espaço de formação para artistas e professores de artes cênicas. O teatro amador é definido como aquele sem fins lucrativos e que não diferencia claramente artistas e público. Ele desempenhou um papel importante na formação de profissionais de teatro no Brasil e pode operar como pedagogia informal complementar à educação formal em artes cênicas.
Representações de infâncias nos palcos gaúchos ou Como são os personagens-cri...Taís Ferreira
Este documento apresenta um resumo de um artigo analítico sobre as representações de crianças em peças de teatro infantil gaúchas. A autora contextualiza teorias sobre a infância e analisa dois espetáculos teatrais infantis, focando nos personagens-criança e na concepção de público infantil idealizado.
Programas de espetáculo como gênero: relações com a produção teatral para cri...Taís Ferreira
Este documento discute as características da produção teatral infantil em Porto Alegre entre 1998-2003, analisando programas de espetáculos teatrais. A autora observa que esses programas vão além de simples informações, veiculando discursos sobre as peças e construindo os espectadores. Ela questiona para quem esses programas realmente se dirigem.
Por uma (des)necessária pedagogia do espectador taís ferreiraTaís Ferreira
Este documento discute a necessidade de se desenvolver ações voltadas à formação do espectador nas escolas atuais. Argumenta-se que as crianças e jovens já são espectadores devido ao mundo contemporâneo de mídias, mas que isso não os torna sujeitos da experiência teatral. Questiona-se se é preciso ensinar a ser espectador ou se basta alfabetizar as linguagens cênicas.
Moitará e oigalê o jogo das identidades populares brasileiras e a commedia ...Taís Ferreira
O documento discute como dois grupos teatrais brasileiros, Moitará e Oigalê, trabalham com identidades populares brasileiras em seus espetáculos. Os grupos usam elementos da commedia dell'arte e buscam democratizar o acesso ao teatro. Moitará usa máscaras e Oigalê se especializou em teatro de rua, ambos apropriando-se de estereótipos como o gaúcho e o índio para representar identidades populares.
As infâncias no teatro para crianças revista art& 01Taís Ferreira
Este documento apresenta uma análise das representações de crianças no teatro infantil contemporâneo. A autora discute como as peças representam as crianças nos textos dramáticos e encenações, e como isso reflete a visão de criança e público-alvo. Ela analisa dois espetáculos teatrais infantis produzidos em Porto Alegre para ilustrar como as crianças são retratadas e como os atores constroem esses personagens.
Este documento discute o teatro como uma experiência que atravessa os espectadores e atores, deixando marcas. A autora realizou pesquisas com crianças espectadoras e observou sua compreensão da linguagem teatral e como o teatro pode ser uma experiência para elas. O documento também reflete sobre a dificuldade, mas importância, de se narrar experiências teatrais.
O teatro amador como espaço de formação teatralTaís Ferreira
Este documento descreve uma pesquisa sobre o teatro amador na região da Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul e seu papel na formação de profissionais de teatro. A pesquisa envolve entrevistas com artistas que participaram do teatro amador e pesquisa documental sobre a história do teatro na região. As primeiras questões levantadas dizem respeito aos limites entre profissionais e amadores no teatro e como o aprendizado teatral ocorre tanto em escolas quanto de forma autodidata.
1) O documento discute a história do teatro infantil no Rio Grande do Sul, desde os seus primórdios até os dias atuais.
2) Nos últimos 50 anos, houve um crescimento no número de grupos e espetáculos de teatro infantil, embora existam poucos registros formais sobre o assunto.
3) O texto analisa o teatro infantil como um "campo", usando os conceitos de Pierre Bourdieu, e discute como ele se desenvolveu em interação com outros campos culturais.
Slides II Seminário Subtexto - Galpão, BH, Minas, 2011.Taís Ferreira
O documento discute como as crianças se tornam espectadores de teatro, questionando se a escola ou aulas de teatro ensinam esta habilidade. Também explora como as identidades dos espectadores são formadas através de múltiplas experiências com diferentes linguagens, e argumenta que as crianças precisam de experiências práticas e como apreciadoras de teatro para desenvolver um repertório que lhes permita compreender melhor as apresentações.
1) O documento discute as múltiplas linguagens e formas de ser das crianças na contemporaneidade, incluindo o teatro, internet e outros meios.
2) As crianças estão expostas a uma grande quantidade de informações diariamente através da mídia, interferindo na forma como se relacionam com o mundo.
3) Linguagens como teatro, internet, TV e outros meios ensinam às crianças modos de ser, estar no mundo e atribuir significado aos eventos.
A autora discute três pontos principais sobre teatro e educação formal:
1) A natureza única do conhecimento proporcionado pelo teatro de assumir diferentes perspectivas corporalmente.
2) A importância de se pensar nos conteúdos específicos da linguagem teatral, como ação, personagem e espaço cênico.
3) A necessidade de se refletir sobre o sentido das práticas teatrais para os envolvidos, não apenas o resultado final.
Artefatos culturais para infância e a escolaTaís Ferreira
O documento discute a relação entre artefatos culturais e teatro para crianças e jovens na escola. Apresenta como o teatro é parte do currículo escolar e como a escola é o principal local de contato das crianças com espetáculos e prática teatral. Também destaca características comuns em artefatos teatrais para crianças, como intenção didática e moralizante, e a apropriação de temas escolares.
Este artigo discute a noção de "criança performer" baseada na pesquisa da autora sobre teatro para crianças pequenas. A criança performer se aproxima da visão de infância de Merleau-Ponty e da abordagem da Sociologia da Infância, vendo a criança como parte do mesmo mundo dos adultos e capaz de criação e performance se provocada de forma sensível. O texto reflete sobre como o teatro pós-dramático se alinha com a experiência infantil e pode ser usado para educação estética na infância.
Este texto apresenta uma reflexão sobre currículo em arte propondo um ensino "em espiral" que valorize a experiência sensível e a perspectiva do aluno. A autora sugere que os professores se aproximem das culturas da infância e se tornem "performers", catalisadores de novas percepções por meio de atividades integradas entre teatro, música, corporalidade e espaço. O objetivo é contribuir para um debate mais aberto sobre currículo artístico.
Arte e metáforas contemporaneas para pensar infância e educaçãopiaprograma
O documento discute as relações entre arte, educação e infância. A autora argumenta que a arte contemporânea pode ampliar as maneiras como professoras veem arte, imagens e as produções das crianças. Ela também explora como artistas buscam inspiração na infância e como a infância pode ser vista como um acontecimento, não algo previsível.
1) O documento discute a reinstitucionalização da infância na modernidade tardia, onde as ideias sobre crianças e suas condições de vida estão passando por transformações significativas.
2) Na modernidade inicial, a infância foi institucionalizada através da criação da escola pública e da família centrada nos cuidados infantis.
3) Também surgiram novos saberes sobre o desenvolvimento infantil, como a pediatria e psicologia desenvolvimentista, que influenciaram as práticas com crianças.
O Lúdico e a construção do Sentido - Maria Lúcia de Souza Barros PupoPIBID_Teatro2014
O documento discute como abordagens lúdicas da improvisação teatral permitem aos participantes mergulhar na construção da significação em cena de maneiras criativas. Duas modalidades são descritas: o jogo teatral e o jogo dramático. Ambos enfatizam a aprendizagem pessoal através da construção física de ficções que exploram elementos como ação, espaço e fala. Eles também permitem que os participantes formulem e respondam a situações teatrais de maneiras espontâneas.
1) O artigo discute as noções de jogo teatral, jogo dramático e dramatic play, analisando suas origens e diferenças conceituais.
2) O jogo teatral se refere aos theater games de Viola Spolin, que usam regras e estrutura para promover a aprendizagem teatral de forma espontânea.
3) Jogo dramático e dramatic play se referem a coisas diferentes - o primeiro é baseado no jeu dramatique francês e o segundo na brincadeira infantil de faz-de-conta.
Alumbramentos de um corpo em sombras: O ator da Companhia Teatro Lumbra de An...PIBID_Teatro2014
Este documento apresenta uma pesquisa sobre o ator da Companhia Teatro Lumbra de Animação. Resume que a pesquisa teve como objetivo entender as relações entre o ator-animador, sua silhueta, sombra e corpo no processo de criação do Teatro de Sombras, considerando elementos como espaço, iluminação, dramaturgia e cenografia. A pesquisa foi qualitativa e exploratória, baseada em pesquisa bibliográfica, levantamento de dados e estudo de caso com a Companhia.
A montagem da Peça: “A maldição do vale negro” a partir dos Jogos teatrais - ...PIBID_Teatro2014
Este documento descreve o processo de montagem da peça "A Maldição do Vale Negro" utilizando Jogos Teatrais com alunos do ensino médio. A autora usou os Jogos Teatrais para preparar os alunos e apresentar uma versão de telenovela da peça. O objetivo era manter os alunos motivados durante todo o processo e desenvolver suas habilidades teatrais de forma lúdica. A autora analisa os resultados do processo e como os Jogos Teatrais contribuíram para a aprendizagem dos alunos.
Livro faz teatro o ensino de teatro na ed. infantil e no ensino fundamentalHelena Romero
O PIBID FAZ, é fruto de um projeto que vem sendo
executado de modo exitoso e proporciona, sobretudo,
o registro da trajetória de cada subprojeto nas escolas
parceiras. Trata-se de uma publicação desenvolvida
pelos boslsistas do PIBID/FaE/UFMG de forma colaborativa
com objetivo relatar e sistematizar experiências
metodológicas de ensino-aprendizado realizadas nas
salas de aula e nas comunidades onde se insere a escola.
Desta maneira, o PIBID FAZ, diz respeito às intervenções
nas escolas; ao desenvolvimento de sínteses
pedagógicas e planos de aula e a realização de atividades
de campo. É, sem duvida, um material de cunho
pedagógico e de registro importante na/da formação
docente dos “Pibidianos”.
Este documento discute a literatura infantil brasileira, definindo-a como arte e subgênero literário. Apresenta suas características, origens e evolução no Brasil, desde a literatura oral indígena até autores contemporâneos. Também aborda gêneros literários, conceitos, a literatura infantil na sala de aula e referências bibliográficas sobre o tema.
Este documento discute o teatro amador como uma importante pedagogia cultural na formação de profissionais de teatro. O autor argumenta que o caminho do teatro amador ao profissional geralmente envolve uma dimensão pedagógica, onde as experiências teatrais amadoras ensinam modos de ser e estar no mundo. O estudo de caso investiga como o teatro amador ainda atua como espaço formativo na região da Serra Gaúcha no sul do Brasil, onde artistas se formam através de experiências no teatro amador local.
Pelo devir de uma historiografia do teatro gauchoTaís Ferreira
O documento faz uma revisão da historiografia do teatro no Rio Grande do Sul, apontando lacunas e possibilidades para novas pesquisas. Analisa o desenvolvimento regional do teatro no estado, destacando a profissionalização em Porto Alegre no século XX, na Serra Gaúcha nas últimas décadas e em Santa Maria. Aponta a necessidade de preservação de acervos teatrais para fomentar pesquisas históricas.
As infâncias no teatro para crianças revista art& 01Taís Ferreira
Este documento apresenta uma análise das representações de crianças no teatro infantil contemporâneo. A autora discute como as peças representam as crianças nos textos dramáticos e encenações, e como isso reflete a visão de criança e público-alvo. Ela analisa dois espetáculos teatrais infantis produzidos em Porto Alegre para ilustrar como as crianças são retratadas e como os atores constroem esses personagens.
Este documento discute o teatro como uma experiência que atravessa os espectadores e atores, deixando marcas. A autora realizou pesquisas com crianças espectadoras e observou sua compreensão da linguagem teatral e como o teatro pode ser uma experiência para elas. O documento também reflete sobre a dificuldade, mas importância, de se narrar experiências teatrais.
O teatro amador como espaço de formação teatralTaís Ferreira
Este documento descreve uma pesquisa sobre o teatro amador na região da Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul e seu papel na formação de profissionais de teatro. A pesquisa envolve entrevistas com artistas que participaram do teatro amador e pesquisa documental sobre a história do teatro na região. As primeiras questões levantadas dizem respeito aos limites entre profissionais e amadores no teatro e como o aprendizado teatral ocorre tanto em escolas quanto de forma autodidata.
1) O documento discute a história do teatro infantil no Rio Grande do Sul, desde os seus primórdios até os dias atuais.
2) Nos últimos 50 anos, houve um crescimento no número de grupos e espetáculos de teatro infantil, embora existam poucos registros formais sobre o assunto.
3) O texto analisa o teatro infantil como um "campo", usando os conceitos de Pierre Bourdieu, e discute como ele se desenvolveu em interação com outros campos culturais.
Slides II Seminário Subtexto - Galpão, BH, Minas, 2011.Taís Ferreira
O documento discute como as crianças se tornam espectadores de teatro, questionando se a escola ou aulas de teatro ensinam esta habilidade. Também explora como as identidades dos espectadores são formadas através de múltiplas experiências com diferentes linguagens, e argumenta que as crianças precisam de experiências práticas e como apreciadoras de teatro para desenvolver um repertório que lhes permita compreender melhor as apresentações.
1) O documento discute as múltiplas linguagens e formas de ser das crianças na contemporaneidade, incluindo o teatro, internet e outros meios.
2) As crianças estão expostas a uma grande quantidade de informações diariamente através da mídia, interferindo na forma como se relacionam com o mundo.
3) Linguagens como teatro, internet, TV e outros meios ensinam às crianças modos de ser, estar no mundo e atribuir significado aos eventos.
A autora discute três pontos principais sobre teatro e educação formal:
1) A natureza única do conhecimento proporcionado pelo teatro de assumir diferentes perspectivas corporalmente.
2) A importância de se pensar nos conteúdos específicos da linguagem teatral, como ação, personagem e espaço cênico.
3) A necessidade de se refletir sobre o sentido das práticas teatrais para os envolvidos, não apenas o resultado final.
Artefatos culturais para infância e a escolaTaís Ferreira
O documento discute a relação entre artefatos culturais e teatro para crianças e jovens na escola. Apresenta como o teatro é parte do currículo escolar e como a escola é o principal local de contato das crianças com espetáculos e prática teatral. Também destaca características comuns em artefatos teatrais para crianças, como intenção didática e moralizante, e a apropriação de temas escolares.
Este artigo discute a noção de "criança performer" baseada na pesquisa da autora sobre teatro para crianças pequenas. A criança performer se aproxima da visão de infância de Merleau-Ponty e da abordagem da Sociologia da Infância, vendo a criança como parte do mesmo mundo dos adultos e capaz de criação e performance se provocada de forma sensível. O texto reflete sobre como o teatro pós-dramático se alinha com a experiência infantil e pode ser usado para educação estética na infância.
Este texto apresenta uma reflexão sobre currículo em arte propondo um ensino "em espiral" que valorize a experiência sensível e a perspectiva do aluno. A autora sugere que os professores se aproximem das culturas da infância e se tornem "performers", catalisadores de novas percepções por meio de atividades integradas entre teatro, música, corporalidade e espaço. O objetivo é contribuir para um debate mais aberto sobre currículo artístico.
Arte e metáforas contemporaneas para pensar infância e educaçãopiaprograma
O documento discute as relações entre arte, educação e infância. A autora argumenta que a arte contemporânea pode ampliar as maneiras como professoras veem arte, imagens e as produções das crianças. Ela também explora como artistas buscam inspiração na infância e como a infância pode ser vista como um acontecimento, não algo previsível.
1) O documento discute a reinstitucionalização da infância na modernidade tardia, onde as ideias sobre crianças e suas condições de vida estão passando por transformações significativas.
2) Na modernidade inicial, a infância foi institucionalizada através da criação da escola pública e da família centrada nos cuidados infantis.
3) Também surgiram novos saberes sobre o desenvolvimento infantil, como a pediatria e psicologia desenvolvimentista, que influenciaram as práticas com crianças.
O Lúdico e a construção do Sentido - Maria Lúcia de Souza Barros PupoPIBID_Teatro2014
O documento discute como abordagens lúdicas da improvisação teatral permitem aos participantes mergulhar na construção da significação em cena de maneiras criativas. Duas modalidades são descritas: o jogo teatral e o jogo dramático. Ambos enfatizam a aprendizagem pessoal através da construção física de ficções que exploram elementos como ação, espaço e fala. Eles também permitem que os participantes formulem e respondam a situações teatrais de maneiras espontâneas.
1) O artigo discute as noções de jogo teatral, jogo dramático e dramatic play, analisando suas origens e diferenças conceituais.
2) O jogo teatral se refere aos theater games de Viola Spolin, que usam regras e estrutura para promover a aprendizagem teatral de forma espontânea.
3) Jogo dramático e dramatic play se referem a coisas diferentes - o primeiro é baseado no jeu dramatique francês e o segundo na brincadeira infantil de faz-de-conta.
Alumbramentos de um corpo em sombras: O ator da Companhia Teatro Lumbra de An...PIBID_Teatro2014
Este documento apresenta uma pesquisa sobre o ator da Companhia Teatro Lumbra de Animação. Resume que a pesquisa teve como objetivo entender as relações entre o ator-animador, sua silhueta, sombra e corpo no processo de criação do Teatro de Sombras, considerando elementos como espaço, iluminação, dramaturgia e cenografia. A pesquisa foi qualitativa e exploratória, baseada em pesquisa bibliográfica, levantamento de dados e estudo de caso com a Companhia.
A montagem da Peça: “A maldição do vale negro” a partir dos Jogos teatrais - ...PIBID_Teatro2014
Este documento descreve o processo de montagem da peça "A Maldição do Vale Negro" utilizando Jogos Teatrais com alunos do ensino médio. A autora usou os Jogos Teatrais para preparar os alunos e apresentar uma versão de telenovela da peça. O objetivo era manter os alunos motivados durante todo o processo e desenvolver suas habilidades teatrais de forma lúdica. A autora analisa os resultados do processo e como os Jogos Teatrais contribuíram para a aprendizagem dos alunos.
Livro faz teatro o ensino de teatro na ed. infantil e no ensino fundamentalHelena Romero
O PIBID FAZ, é fruto de um projeto que vem sendo
executado de modo exitoso e proporciona, sobretudo,
o registro da trajetória de cada subprojeto nas escolas
parceiras. Trata-se de uma publicação desenvolvida
pelos boslsistas do PIBID/FaE/UFMG de forma colaborativa
com objetivo relatar e sistematizar experiências
metodológicas de ensino-aprendizado realizadas nas
salas de aula e nas comunidades onde se insere a escola.
Desta maneira, o PIBID FAZ, diz respeito às intervenções
nas escolas; ao desenvolvimento de sínteses
pedagógicas e planos de aula e a realização de atividades
de campo. É, sem duvida, um material de cunho
pedagógico e de registro importante na/da formação
docente dos “Pibidianos”.
Este documento discute a literatura infantil brasileira, definindo-a como arte e subgênero literário. Apresenta suas características, origens e evolução no Brasil, desde a literatura oral indígena até autores contemporâneos. Também aborda gêneros literários, conceitos, a literatura infantil na sala de aula e referências bibliográficas sobre o tema.
Este documento discute o teatro amador como uma importante pedagogia cultural na formação de profissionais de teatro. O autor argumenta que o caminho do teatro amador ao profissional geralmente envolve uma dimensão pedagógica, onde as experiências teatrais amadoras ensinam modos de ser e estar no mundo. O estudo de caso investiga como o teatro amador ainda atua como espaço formativo na região da Serra Gaúcha no sul do Brasil, onde artistas se formam através de experiências no teatro amador local.
Pelo devir de uma historiografia do teatro gauchoTaís Ferreira
O documento faz uma revisão da historiografia do teatro no Rio Grande do Sul, apontando lacunas e possibilidades para novas pesquisas. Analisa o desenvolvimento regional do teatro no estado, destacando a profissionalização em Porto Alegre no século XX, na Serra Gaúcha nas últimas décadas e em Santa Maria. Aponta a necessidade de preservação de acervos teatrais para fomentar pesquisas históricas.
This document summarizes a cultural educator's theater workshop for teachers in Brazil. Over four meetings, the educator led games and exercises focused on body awareness, sounds, movement, objects, and imagination. Questions were discussed to help teachers understand theater elements and how to develop performances with children. The workshops explored concepts from Augusto Boal and Viola Spolin on using games and improvisation. A 10-part sequence was proposed for introducing theater language in primary schools through playing.
Taís Ferreira is a Cultural Educator in Residence from Brazil. She has authored several books on using performing arts like theatre and dance in primary and secondary education. Her first book studied how primary school children relate to performances and used school as a way to facilitate this relationship. Her second book provided primary teachers with activities and projects to incorporate theatre and dance in their classrooms. Her third book was for teachers of different subjects and focused on the history and theory of performing arts, along with practical examples of using them with teenagers. She also wrote a children's book featuring nicknames of her child.
Este documento discute o lugar da arte-educação no Brasil contemporâneo, contextualizando sua inserção na sociedade brasileira. Apresenta como a arte-educação vem conquistando espaço tanto dentro quanto fora da escola formal, e como seu discurso amadurou ao longo do tempo acompanhando transformações sociais. Também aborda a educação multicultural e o respeito à diversidade cultural no ensino da arte.
WTF - Why the Future Is Up to Us - pptx versionTim O'Reilly
This is the talk I gave January 12, 2017 at the G20/OECD Conference on the Digital Future in Berlin. I talk about fitness landscapes as applied to technology and business, the role of unchecked financialization in the state of our politics and economy, and why technology really wants to create jobs, not destroy them. (There is a separate PDF version, but some readers said the notes were too fuzzy to read.)
Marcosribeiroeccearstcc elisangela eva aevinhal210186
Este documento descreve a trajetória do artista Marcos Ribeiro de Guarulhos e como suas obras influenciaram a auto-reflexão da autora. Ele apresenta a vida e educação artística de Marcos Ribeiro, as influências filosóficas como Spinoza e Nietzsche em seu trabalho surrealista, e como conhecer suas obras ajudou a autora em seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional.
O documento discute a importância da leitura da cidade como uma possibilidade educativa que reforça o papel da leitura de imagens na escola. A leitura da cidade onde as crianças vivem pode ajudá-las a compreender e preservar o patrimônio público e construir um futuro mais crítico e sensível. A leitura da imagem se tornou uma importante ferramenta educacional nos anos 80 influenciada pelo trabalho de Ana Mae Barbosa.
Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
O documento discute a relação entre imagem e texto, argumentando que imagens são frequentemente associadas à natureza enquanto textos são associados à convenção cultural. Imagens são signos culturais que representam o real de maneiras complexas e ambíguas, ao contrário do que sugerem as aparências de naturalidade. A autora explora como imagens estão ligadas à magia e à imaginação em diferentes culturas e épocas.
1. O documento descreve duas atividades realizadas com turmas do segundo ano do ensino fundamental que visavam ensinar conceitos de arte de forma mais contextualizada e humana.
2. As atividades incluíram a reprodução da obra "O Mestiço" de Cândido Portinari e o estudo da obra de Van Gogh, explorando sentimentos que as obras poderiam provocar.
3. O resumo conclui que atividades como essas que consideram todos os aspectos da aprendizagem da criança, como proposto nos documentos brasile
Este documento descreve uma atividade em aula sobre a escultura clássica "O Carro de Apolo". Os alunos são divididos em grupos para analisar características da arte clássica grega e romana através de uma narrativa visual e pesquisa. A atividade usa criatividade e imaginação para envolver os alunos com a história do passado.
Neste documento, a autora Nelly Novaes Coelho discute a literatura infantil e juvenil no Brasil como um campo de conhecimento. Ela analisa os pioneiros que escreveram teorias sobre o assunto e propõe novas abordagens. Coelho também reflete sobre como a literatura infantil pode ser usada para formar leitores e discute questões como seu papel educacional versus de entretenimento.
Seminarios integrados de pesquisa - Aproximações investigativas de duas pesq...Maria Cecilia Silva
Material produzido para apresentação na disciplina Seminários Integrados de Pesquisa do mestrado em Artes da cena - UFG. Uma aproximação metodológica com a pesquisa em desenvolvimento e a pesquisa "A menina, o cavalo e a chuva".
Este documento descreve a obra de arte de Emerenciano, enfatizando que ela não deve ser vista apenas por seus aspectos visuais, mas sim como uma reflexão do artista sobre o mundo. A obra de Emerenciano combina pintura, desenho, escrita e discurso para comunicar sobre temas como identidade, cultura e história. Ela usa símbolos para representar a comunicação entre o indivíduo e a sociedade.
O ético e o estético no curta metragem 10 centavosDouradoalcantara
O documento analisa o curta-metragem "10 Centavos" sob a perspectiva ética e estética de Bakhtin. O filme retrata a vida de um menino pobre em Salvador e recebeu prêmios reconhecendo sua abordagem da pobreza infantil. Ele é comparado a "Picolé, Pintinho e Pipa" que trata o mesmo tema de forma mais humorada e menos crítica.
Este artigo acadêmico discute a importância de se criar espectadores emancipados no teatro. O autor analisa as visões filosóficas antigas sobre o espectador, como passivo e desinteressado, e como pensadores modernos como Brecht e Artaud tentaram criar um novo tipo de espectador. No entanto, o autor argumenta que o espectador ainda é visto como alguém que precisa ser libertado da passividade. Baseando-se em Jacques Rancière, o autor defende que o espectador deve ser emancipado intelectualmente para
O documento discute a relação entre teatro e educação. Apresenta uma série que visa refletir sobre os sentidos do teatro, a linguagem cênica e formas de ensinar e aprender teatro. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas na escola e a formação de alunos mais críticos e reflexivos.
1) O documento discute iniciativas para melhorar a imagem negativa da ciência e dos cientistas na sociedade, como livros em quadrinhos e peças de teatro que mostram a ciência de forma acessível e desmistificada.
2) Foi criado um grupo de trabalho entre artistas e cientistas para produzir materiais que apresentam conceitos científicos de forma lúdica, como livros em quadrinhos e vídeos sobre temas como a mitocôndria e a contração muscular.
3) Essas iniciativas buscam conquistar nov
A reunião do Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID/CAPES) discutiu as intervenções artísticas dos bolsistas inspiradas em Kafka e no movimento Dadaísta. Os estudantes apresentaram trabalhos que questionaram a arte, o teatro e o papel do artista na sociedade. A reunião também planejou o próximo seminário sobre Paulo Freire e a participação no evento cultural Feira do Livro.
A reunião do Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID/CAPES) discutiu as intervenções artísticas dos bolsistas inspiradas em Kafka e no movimento Dadaísta. Os estudantes apresentaram trabalhos que questionaram a arte, o teatro e o papel do artista na sociedade. A reunião também planejou o próximo seminário sobre Paulo Freire e a participação no evento cultural Feira do Livro.
Este documento discute a dança dos orixás do mestre Augusto Omolu e suas conexões com a antropologia teatral. O autor descreve suas experiências aprendendo a dança dos orixás com Omolu, incluindo técnicas corporais e ensinamentos do mestre. Ele também analisa a metodologia e importância cultural dessas danças sagradas.
Este documento apresenta uma apostila sobre artes visuais dividida em duas unidades. A primeira unidade trata de conceitos básicos de arte, suas funções, técnicas e materiais. A segunda unidade aborda a linguagem visual e seus elementos fundamentais como linha, forma, cor, textura e composição. O documento fornece informações sobre arte de forma didática com o objetivo de despertar o interesse dos alunos.
O documento discute a poesia visual no Brasil no século XXI, comparando-a à poesia concreta. A poesia concreta surgiu na década de 1950 como uma nova vertente experimental que valorizava os aspectos visuais e geométricos dos poemas. Já a poesia visual utiliza diversos recursos visuais como imagens, tipografias e composições para transmitir mensagens, podendo ou não incluir palavras. Embora sejam conceitos relacionados, a poesia concreta é considerada um caso específico da poes
O documento descreve uma exposição de arte contemporânea chamada "Con(s)equência..." do artista Josaphat. A exposição apresenta 21 obras criadas com materiais reciclados e reutilizados que refletem o estado de espírito do artista e buscam devolver à sociedade experiências da vida contemporânea.
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Capa livro conversações sobre teatro e educaçãoTaís Ferreira
Capa do livro - Conversações sobre teatro e educação - organização Fabiane Tejada, Taís Ferreira e Vanessa Leite - Porto Alegre: Observatório Gráfico, 2013.
O documento resume a história do teatro brasileiro desde os autos jesuíticos do século XVI até o teatro da década de 1960. Destaca os principais gêneros e grupos teatrais como o Teatro de Revista, o Teatro de Arena de São Paulo e o Teatro Oficina.
1) Hamlet é uma das peças mais famosas de Shakespeare que explora temas como vingança e reflexão sobre a vida;
2) A história remonta ao século VI e trata de um príncipe cujo pai foi assassinado pelo tio;
3) Diferentemente de versões anteriores, Shakespeare apresenta um Hamlet adulto e letrado que racionalmente avalia suas ações.
1) Shakespeare se inspirou na tradição cômica medieval e nos autores latinos Plauto e Terêncio para criar suas comédias.
2) As comédias de Shakespeare podem ser agrupadas em quatro blocos temáticos: de aprendizado, da maturidade lírica e romântica, sombrias e romances outonais.
3) Embora não haja duas comédias iguais, elas geralmente começam com um problema e terminam com uma resolução feliz, envolvendo tramas paralelas.
O documento resume a vida e obra de William Shakespeare no contexto histórico e teatral da Inglaterra elizabetana. Apresenta fatos históricos do período da rainha Elizabeth I, divide a obra de Shakespeare entre tragédias, comédias e dramas históricos, e descreve o Globe Theater onde suas peças eram encenadas.
O sistema de Stanislavski surgiu da necessidade de um novo método de atuação no século XX. Ele consistia em duas fases: a primeira focada em memória afetiva e a segunda no método das ações físicas, que enfatizava a indissolubilidade entre vida física e emocional do personagem. O sistema visava obter ações orgânicas do ator através de técnicas como atenção, imaginação, relação com outros no cenário e comunicação.
O documento descreve a evolução do teatro ocidental desde seus rituais primitivos até a tragédia grega clássica, focando nos seguintes pontos: 1) O teatro surge a partir dos rituais sagrados dos gregos em honra a Dioniso; 2) O ditirambo foi a primeira forma teatral e evoluiu com Téspis e outros, que introduziram o diálogo e o primeiro ator; 3) A tragédia grega atingiu sua forma clássica com estrutura rígida e figurinos/máscaras
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre teatro infantil, crianças espectadoras e processos de recepção no contexto escolar. O trabalho descreve experiências de crianças assistindo peças teatrais e mediações realizadas pela pesquisadora, analisando como as crianças interpretam e se relacionam com as linguagens artísticas.
A docência como arte ou a docência em arte? Questões acerca da formação de um...Taís Ferreira
Este documento discute a formação de professores de teatro no Brasil. Primeiramente, explica como as leis de educação de 1996 tornaram as artes uma disciplina obrigatória, exigindo professores com especialização em cada área artística. Em seguida, analisa a relação entre teatro e educação no Brasil, notando que embora o ensino de teatro seja recente, vem crescendo nos últimos 20 anos através de escolas, oficinas e grupos amadores. Por fim, discute diferentes abordagens metodológicas para ensinar teatro e a forma
A docência como arte ou a docência em arte? Questões acerca da formação de um...
Infâncias, fotografias, literatura para crianças: cadê o teatro que estava aqui
1. DOI: 10.11606/issn.2238-3999.v4i2p15-26
Especial
INFÂNCIAS, FOTOGRAFIAS, LIVROS PARA CRIANÇAS:
cadê o teatro que estava aqui?
CHILDHOOD, PHOTOGRAFIES, CHILDREN BOOKS:
where is the theater that was here?
NIÑEZ, FOTOGRAFÍAS, LIBROS PARA NIÑOS:
donde está el teatro que estava acá?
Taís Ferreira1
Resumo
Neste texto, narro uma trajetória cíclica: de como um interesse pelas crianças encontrou fotografias, de
como estas imagens específicas potencializaram desejo de teatro e de como acabaram, por fim, tornando-
se contos para crianças, em um ciclo que envolve visualidade, literatura, teatralidade e infância. Estas
reflexões são atravessadas por referenciais teóricos dos estudos sobre as infâncias vinculados à educação,
aos estudos culturais, à sociologia e à arte e por referenciais dos estudos de recepção cênica.
Palavras-chave: literatura para crianças, recepção, teatralidade, visualidade
Abstract
In this paper, I tell a cyclic way: how an interest about children met photographs, how these specific
images growing up a desire for theater and how, at the end, they became children’s literature, in a cycle
that involves visuality, literature and childhood. These thinking are crossed by theoretical referential
about childhood in the education, cultural studies, sociology, art and reception studies.
Keywords: children’s literature, reception, theatricality, visuality.
Resumen
En este artículo, narro una trayectoria cíclica: de como un interés por los niños ha encontrado fotografías,
de cómo estas imágenes específicas potencializaran el deseo del teatro y de cómo terminaran siendo
cuentos para niños, en un ciclo que implica visualidad, literatura, teatralidad y niñez. Estas reflexiones están
atravesadas por referenciales teóricos de los estudios sobre la niñez, vinculados a la educación, a los estudios
culturales, a la sociología y a el arte y por los referenciales de los estudios de recepción escénica.
Palabras-clave: literatura para niños, recepción, teatralidad, visualidad.
1 Taís Ferreira é professora do curso de Teatro – Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. Bacharel
em Artes Cênicas e Mestre em Educação (UFRGS). Doutoranda em co-tutela entre PPGAC da Universidade
Federal da Bahia e Dottorato Arti Visive, Performative e Mediali da Università di Bologna. Bolsista CNPq. Autora
de diversos livros, capítulos e artigos sobre pedagogias do teatro, recepção cênica, artefatos culturais para
crianças e formação de professores. Informações: https://ufpel.academia.edu/Ta%C3%ADsFerreira
aSPAs
ppgac - USP
2. 16
Estes escritos partem do amadorismo e da recepção.
O amadorismo é entendido aqui não com o tom pejorativo que o substantivo
recebe comumente no Brasil, mas a partir da leitura francófona de Mervant-Roux
(2012), que toma o amadorismo como o amor (por determinada arte ou atividade)
aliado às relações de sociabilidade, de comunhão social, de vizinhança, de troca e
de convívio. Esse termo foi desenvolvido pelo argentino Dubatti, bastante em voga
nos estudos teatrais brasileiros nos últimos anos. Essas qualidades estão, segundo
Mervant-Roux (2012), na base do envolvimento dos sujeitos com o teatro amador, seu
objeto em alguns estudos.
Por conseguinte, estes escritos estão atravessados de subjetividade. Da minha
subjetividade, mais precisamente; da minha leitura a partir da visão de outros artistas
sobre crianças, retratando-as, construindo mundos e representações de infâncias.
Por isso, trata-se também de um escrito de recepção: um processo relacional (aqui
faço uso do adjetivo empregado por De Marinis (2005) para especificar o teatro como
relação), construído por mim, como espectadora de determinadas obras de arte, que
gera efeitos e usos específicos, em um espaço-tempo prolongado, que antecede e
excede o acontecimento mesmo de “espectar” (ou seja, o aqui-agora com as obras).
Entretanto, mais do que discorrer sobre essas obras e tais representações, pretendo
contar, ao modo de um relato de experiência criativa, como, ao longo de cinco anos,
deixei-me embeber pela potência destas visualidades sobre (ou a partir de) crianças,
culminando na criação de um produto cultural para as crianças (um livro categorizado
como literatura infanto-juvenil2
), todo este processo atravessado pela possibilidade do
teatro (este livro poderia ou “deveria ter sido” uma performance cênica).
Assim, as fotografias de dois artistas, a alemã Loretta Lux e o holandês Ruud
Van Empel3
, inspiraram a confecção de micronarrativas que eu julgava potentes para a
criação de ação cênica, de personagem-criança, de ficções sobre infâncias contemporâ-
neas que pudessem vir a ser cenas, acontecimentos cênicos, performances.A memória,
nesse caso, esteve presente através da evocação de situações, ações, cenários, perso-
nagens lembrados (imaginados) de minha infância, que permearam minha relação com
2 O livro referenciado é Minicontos da Tati,Tatá,Tís,Tisoca, pela Editora Mediação de Porto Alegre. Informações
em: https://www.editoramediacao.com.br/#livro/minicontos-da-tati,-tata,-tis,-tisoca.13/268
3As obras dos dois artistas, Ruud Van Empel e Loretta Lux, seus currículos e carreiras podem ser conhecidos
em seus respectivos sítios-portfólios na internet, nos endereços a seguir: http://web.ruudvanempel.nl/home.html
e http://www.lorettalux.de/
3. 17
as fotografias4
e compuseram o escopo de breves cenas ou pequenos contos. Entre-
tanto, antes de dar continuidade às minhas impressões como receptora das obras de
Lux e Van Empel, gostaria de apresentar uma pergunta e uma possível resposta.
A pergunta
Por que uma pessoa, que estuda teatro, está escrevendo sobre ou a partir de
cultura visual e de imagens? Pergunta essa que eu mesma me fiz e que pode ser feita
pelos leitores. Explico: sempre gostei das visualidades. Eu tive uma tia, professora de
artes, que me estimulou a “bordar arte” (FERREIRA, 2014) quando criança. Eu estudei
pintura por alguns anos, na adolescência, mas não segui e nem me aprofundei nos
estudos das artes visuais.
Desde a minha infância sou uma amadora do cinema e da fotografia. Esse amor,
essa paixão, esse gostar desinteressado e vinculado a uma comunidade (a comuni-
dade das artes no Rio Grande do Sul, aos meus pares colegas e amigos, aos meus
professores) não foi acrescido de aprofundamento teórico sobre as artes visuais e
audiovisuais e sim de séries de experiências empíricas, bem ao gosto do autodida-
tismo daquele que aprende na relação com o mundo. Sem sistematização prévia do
conhecimento, num ciclo de (des)organização interna do fluxo destas experiências:
descobrir um artista ou um diretor, que leva a outros produtos, que levam a determi-
nada sala, que dá a ver uma exposição, que liga com uma escola estética, que remete
a uma série televisiva, que pode ser baseada em um livro, que tem um personagem
que virou filme, que foi interpretado por determinado ator, que fez outro filme de deter-
minado diretor, etc. Mais ou menos assim segue o ciclo do interesse não sistemati-
zado pelos conteúdos dos currículos e dos livros ditos especializados: espiralado, reti-
cular, helicoidal, sinuoso; jamais reto, duro e direto. Ou seja: eu sou uma espectadora
(leitora) amante (amadora) das artes visuais e audiovisuais, no sentido proposto por
Mervant-Roux (2012).
4 Cumpre notar que não incluo imagens das obras de Van Empel e de Lux neste trabalho. Justifico a ausência
destas referências visuais pela possibilidade de abertura que pretendo dar ao leitor. Caso escolha obras
específicas destes artistas a serem mostradas, guiarei e limitarei o olhar daquele que lê. Prefiro que os leitores
que se interessarem por este artigo, pela sua temática e pelos artistas aqui comentados, efetuem sua própria
pesquisa visual, empenho que facilmente pode ser realizado através da rede mundial de computadores. Indico
os dois sítios oficiais dos artistas na Nota 3, embora haja trabalhos deles disponíveis em sítios de museus e
galerias de arte, entre outros.
4. 18
Retomando: eu estudava infâncias, eu gostava de visualidades, eu pesquisava
a relação das crianças com as artes e artefatos culturais feitos para elas por adultos.
Assim, contingencialmente, cheguei aos dois artistas citados, seus retratos de crianças
e suas infâncias inventadas.
A arte de Van Empel e de Lux não são feitas para crianças, não tem este modo de
endereçamento. Elas são feitas a partir do olhar de dois adultos para o mundo, tendo
as crianças como objetos ou personagens. E ao trabalhar com imagens de crianças,
esses dois adultos inventam mundos ficcionais que remetem a leituras específicas das
diferentes infâncias contemporâneas. E isso me intrigou: como essas crianças, está-
ticas em fotografias trabalhadas por programas de computador, “crianças-ciborgue”,
“crianças-boneca de louça”, “crianças-pintura renascentista”, como elas potenciali-
zavam tanta ação?
Marina Marcondes Machado (2010), ao referir-se às crianças, inspirada pela
psicologia, pela antropologia e pela fenomenologia, cunha o termo “criança performer”,
que é a possibilidade da criança de agir em relação ao mundo que a cerca, aos sujeitos
e objetos, de performar e criar sentidos e significados, criar relações sensíveis no aqui
e agora. A autora, inclusive, afirma categoricamente, em um exercício de ênfase retó-
rica: “a criança é performer” (MACHADO, 2010).
Assim, ao me perguntar sobre a ação que emana dessas fotografias (que quase
sempre retratam crianças estáticas, posando para as fotos e não em movimento), a
potência de ação que ali se apresenta a mim como espectadora, eu associo a afir-
mação de Marcondes Machado ao trabalho dos fotógrafos e depreendo que Lux e
Van Empel imprimem em suas fotografias a “capacidade performativa” da infância.Ali,
naquelas imagens, daquelas crianças em não-movimento, que olham muitas vezes
diretamente para a câmera, há uma relação com o espectador que incita a uma ação
performativa sobre aquele que observa, que vê, que mira a fotografia. Essas crianças
são performers e dão abertura ao espectador para que também ele seja um.
Entrelaçando meu amadorismo em relação às artes visuais e a potência da
criança-performer, posso afirmar que também o amador pode ser um performer em
seu aprendizado através da experiência prática, concreta, de um fazer através da
linguagem e de um fazer-espectador. Estão relacionados, pois, alguns vértices desta
reflexão: meu fazer-performer como espectadora, a criança-performer nas fotografias
e o meu performar-artista como escritora de pequenos contos.
5. 19
O encontro com as visualidades de Loretta Lux e Ruud Van Empel
Gostaria de comentar, ainda que brevemente, acerca das fotografias dos dois
artistas aqui citados. Esses comentários partem da minha percepção e da relação que
eu construí a partir de suas obras, como espectadora ou leitora de imagens.
É pertinente que comece pelo suporte, nesse caso: conheci os mundos imagé-
ticos de Ruud Van Empel e de Loretta Lux através da internet. Talvez seja redundante
citar que a acessibilidade a diversas vertentes de cultura visual, das artes visuais
e audiovisuais modificou-se radicalmente nos últimos 15 anos. Nesse curto espaço
de tempo, minha geração passou a ter acesso a inúmeros artistas e obras que não
eram necessariamente aqueles estudados nas parcas aulas de artes que tínhamos
na educação básica e nem aqueles constantes do cânone ocidental das artes visuais.
No caso da fotografia, ainda poderíamos citar a verdadeira revolução criada pela
digitalização do suporte fotográfico, que além de criar resultados surpreendentes do ponto
de vista estético, possibilitaram uma proliferação desenfreada do hábito de fotografar entre
amadores de todo o planeta, que compartilham suas produções em velocidade e cons-
tância assustadoras nas redes sociais, em blogs de imagens e em sítios temáticos.
Neste verdadeiro mar de imagens no qual estamos imersos em todos os espaços
do cotidiano e com veemência maior nas redes de computador, os trabalhos de
Loretta Lux e Ruud Van Empel tem destaque e reconhecimento do campo das artes
visuais através de exposições em museus e da representação de comercialização por
marchands e galerias. São artistas profissionais legitimados pelo campo e, concomi-
tantemente, com ampla divulgação de sua produção visual nos espaços virtuais.
Há mais de uma década me interesso pelas crianças em suas relações com o
teatro e com a linguagem cênica, tenho um livro publicado sobre recepção teatral e
crianças (FERREIRA, 2010), outro sobre teatro e dança nos anos iniciais (FALKEM-
BACH e FERREIRA, 2012) e alguns artigos sobre o tema em periódicos5
. Meu inte-
resse por como as crianças são representadas na arte, desde então, esteve presente
e lanço mão, frequentemente, nas aulas que ministro nas licenciaturas em Teatro e
Dança da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), de imagens de pinturas, gravuras,
desenhos, esculturas e fotografias de crianças ao longo da história, a fim de debater
as diferentes infâncias presentes na contemporaneidade e a construção social da
infância. Nestas buscas por referenciais visuais para meu trabalho como professora
5 As publicações da autora podem ser conhecidas em: <https://ufpel.academia.edu/Ta%C3%ADsFerreira>
6. 20
e pesquisadora, encontrei esses dois artistas e deixei-me encantar pela potência de
suas fotografias.
Ambos trabalham com técnicas de composição fotográfica digitalizada. São foto-
grafias de crianças recompostas posteriormente através de programas de computador,
em montagens que agregam às cenas retratadas elementos como objetos ou cenários.
As imagens das crianças também são trabalhadas, conferindo a elas aspectos que vão
do hiper-realista ao artificial, paródico. Estas crianças são bonecos? Outdoors? Pinturas
renascentistas ou modelos de “folhinhas de calendário”? As referências ao kitsch e à
alta cultura fazem desses retratos e dessas composições com personagens-criança,
por vezes adultos em miniatura como na representação das crianças da arte medieval e
bizantina, objetos de estranhamento. A beleza e a perfeição plástica das composições,
ao invés de confortar, desestabilizam. E, talvez, resida nesta desestabilização a potência
destas imagens; potência geradora de imagens-ação que induziriam a um pensamento
dotado de teatralidade, de ação dramática, de relação, de conflitos.
As propostas imagéticas das obras de Van Empel e Lux remetem ao estranha-
mento, ao desconforto, à sensação de que “algo não está certo” ou de que “algo está
fora de lugar” naquela aparente perfeição estética, naquela beleza quase sublime, ange-
lical e etérea apresentada em algumas fotografias. E esse estranhamento estético dire-
ciona, por sua vez, aos estranhamentos todos os envolvidos no embate entre adultos
e infâncias que se esboçam no horizonte dos campos da educação, psicologia, da
antropologia e sociologia contemporaneamente. As múltiplas infâncias e modos de ser
criança tornaram a tarefa dos adultos (pais, professores, psicólogos, médicos, filósofos,
pesquisadores) de compreender, conhecer e posteriormente moldar, educar e civilizar
as crianças, um tanto quanto mais nebulosa do que há algumas décadas. A criança-
-performer não se deixa capturar e modelar assim tão facilmente: ela mesma modela
a si e ao mundo, em um contínuo vai e vem, remodelando-se a cada nova descoberta.
Ainda sobre as visualidades: nas fotografias de Van Empel os cenários são,
muitas vezes, a natureza ficcional, mas exuberante, de florestas tropicais, lagos e rios
cobertos de vegetação aquática, gramados floridos, jardins coloridos, verdes abertos
e luminosos, verdes escuros e azulados. Nessas fotografias, as crianças posam ou
em uma nudez perfeita e casta, ou trajadas com roupas “dominicais”, limpas, bem
passadas, com pequenas luvas e joias, sapatos de verniz, cabelos bem penteados,
gravatas borboleta, meias ¾, tudo pronto para um retrato para a posteridade à moda
7. 21
antiga, quando eram preparadas para a fotografia, um momento importante de suas
infâncias e de suas performatividades infantis6
.
A contraposição entre a exuberância natural dos cenários e os figurinos montados
e perfeitamente ajustados das crianças, o que, de certa forma, as “adultiza”, remete
diretamente ao discurso fatalista do desaparecimento da infância, promovido por Neil
Postman (1999). Esse autor promulga um suposto fim da infância moderna baseado
no fato da mídia contemporânea desfazer as barreiras existentes entre os conheci-
mentos dos adultos e aqueles apropriados para as crianças, separação que esteve
na base da construção social da infância a partir do século XVI, isso conforme Ariés
(1981) em seu já clássico livro sobre o tema. Natureza e sociedade estariam, assim,
convivendo em tensão na representação das infâncias de Van Empel.
Loretta Lux, por sua vez, trabalha de forma mais discreta com os cenários: fundos
neutros ou o céu azul estão presentes em muitas de suas fotografias. As crianças,
algumas vezes encaram o espectador com olhares desafiadores, por outras, voltam
seus olhares ao longe ou ao nada, em claro sinal de melancolia. Não há sorrisos, não
há a alegria ou as sonoridades associadas ao mundo infantil. Há a frieza dos tons
pastel, das peles alvas e, talvez, o ruído do vento. As crianças de Loretta Lux estão
descalças, na maior parte das fotos. No entanto, essa atitude talvez seja a única que
corporalmente, em suas performances, remeta para algo relacionado ao imaginário
comum sobre infâncias, ao despojamento das brincadeiras infantis.As cores das fotos,
os olhares dos retratados, os ambientes (vazios, no geral), a solidão: esse compêndio
de características nos provoca estranhamento e desconforto, nos provoca perguntas.
O que há, enfim, com essas crianças que não sorriem, não brincam e não cumprem
seus papéis no modelo esperado de infância pelo mundo contemporâneo ocidental?
Por que parecem tanto pequenos adultos? Por que demonstram tanta melancolia,
sendo que são crianças e deveriam ser contentes, alegres, festivas?
Processo de criação: entre fotografias, personagens e memórias
Estas imagens suscitaram a vontade de criar cenas a partir delas. Primeiramente
as de Loretta Lux, já que conheci e explorei suas obras antes das de Van Empel.
Naquele momento, eu também estava bastante inspirada por um pequeno livro, que
6 Mesmo na série de fotos de 2010, intitulada Generation, em que grupos de crianças multiétnicas posam para
uma fotografia panorâmica, remetendo às clássicas fotos de turma escolar, há uma organização meticulosa e
organizada, há olhares que performam, únicos, nos coletivos de crianças.
8. 22
comprara em um balaio de promoções da Feira do Livro de Porto Alegre pela simbólica
quantia de um real: “Grimble”7
, de Clement Freud, jornalista e comunicador inglês, neto
de Sigmund Freud. Esse livro conta a história de Grimble, um menino que leva sua
vida cotidiana praticamente só, já que seus pais estão sempre viajando. Ele é orien-
tado por uma série de bilhetes dos pais, de parentes e de vizinhos, que o ensinam a
cozinhar diferentes pratos, dos quais dependerá a sua subsistência. O pequeno anti-
-herói (ele não é uma criança dotada daquelas virtudes consideradas heroicas na
literatura: não tem coragem, força ou astúcia acima da média) segue sua vida, vai à
escola, faz suas refeições, nada, realiza as tarefas escolares, frequenta a vizinhança
e aguarda o retorno dos pais. Os bilhetes são seu “objeto mágico”, pensando nas cate-
gorias propostas pelo russo Propp (1984) em sua teoria sobre os contos maravilhosos.
Os enfrentamentos cotidianos de Grimble mostram que uma criança pode receber
uma caracterização de independência e de aprendizagem autônoma sem ser ligada ao
abandono, ao heroísmo ou às altas habilidades cognitivas. Ele é uma criança que vive
a sua vida, que é semelhante a vida de quase todas as crianças pertencentes à classe
média ocidental. No entanto, Grimble não é frágil, não é inocente, não é dependente e
tampouco uma tabula rasa: é preguiçoso e curioso, é solitário, mas sabe fazer amigos.
Grimble apresenta uma infância que não era aquela dimensionada pelos discursos
vigentes sobre as crianças na década de 608
e tampouco o é nos dias atuais.
O personagem Grimble, que tem mais ou menos 10 anos, segundo suas pala-
vras, instigou-me, com as imagens de Lux, a escrever pequenos contos, minicontos, que
eu pretendia transformar em uma performance teatral. Ao escrevê-los, aos poucos, ao
longo de anos, eu usei muito do repertório das memórias da minha infância. Havia um
eixo: o personagem Grimble, que transformei em Grim e na minha concepção seria uma
menina.As fotografias suscitavam a escrita dos minicontos e minhas memórias também.
Alguns eram escritos quando eu evocava a memória e outros eu escrevia a partir das
fotos, muitos deles eram oriundos de ambos os esforços, numa espécie de cruzamento
entre potências das imagens e da memória. Assim, partindo das fotografias de Lux e
Van Empel, do personagem do livro de Freud, da minha subjetividade e da teatralidade
que eu percebia nesses elementos, escrevi esses minicontos9
ao longo de cinco anos.
7 Com nova edição brasileira, lançada em agosto de 2014, pela editora Pequena Zahar.
8 A primeira edição de “Grimble” data de 1968, na Inglaterra, pela editora Collins.
9 Estes contos formaram, desde o princípio, um blog chamado “Eu sou GRIM”. Este blog esteve no ar até janeiro de
2014 e sua primeira postagem data de 14 de dezembro de 2008 e a última de 03 de outubro de 2012. Minha ideia
9. 23
O tempo passou e muitas outras demandas de meu trabalho como docente se
interpuseram à realização do intento de construir um espetáculo ou uma performance.
No entanto, ali existia um material que contava algumas histórias da minha infância,
que inventava outras. Esse foi apresentado a uma editora e transformou-se em um
livro para crianças. O ciclo não se fechou, mas uma relação cíclica estabeleceu-se,
entre o interesse pelas infâncias e seus estudos, pelas representações infantis e as
imagens pesquisadas, o livro infantil e seu personagem, a potência de ação dramática
ou performática que eu vislumbrava nas imagens e que intentava transpor através de
uma escrita breve, lacunar e tópica, até estes escritos tornarem-se um produto cultural
para crianças10
, intitulado “Minicontos da Tati, Tatá, Tís, Tisoca”.
Cadê o teatro que estava aqui?
Como a teatralidade se fez presente neste processo criativo pautado em imagens
e que culminou em literatura? Pretendo dar fechamento a estas reflexões com o desen-
volvimento deste tópico.
No campo das artes cênicas, a teatralidade é discutida a partir de diferentes
pontos de vista11
.Além daqueles estudos estritamente ligados às artes da cena, pode-
ríamos ainda elencar antropólogos e sociólogos que discutiram o conceito, suas contri-
buições também foram valiosas ao campo, mas não é este o objetivo deste escrito,
que se propõe, tão somente, a pensar em um percurso criativo que foi atravessado
pelo teatral como desejo de teatro, por um teatro em devir, que não veio a ser, mas que
germinou produtos outros.
Assim, quando trato da teatralidade das fotografias de crianças de Ruud Van
Empel e Loretta Lux, trato não de uma teatralidade indelével a elas, mas a uma leitura
teatral feita por mim, através das minhas lentes de pessoa de teatro, que perceberam
nelas potência de ação, de personagens-criança, de espetacularidade, de “dar a ver”
sempre foi a de montar um espetáculo ou uma performance cênica a partir desses escritos breves e lacunares,
partindo de uma personagem-criança e discutindo questões sobre as infâncias na contemporaneidade.
10 Houve um trabalho do editor para adequação dos formatos, o acréscimo de outros contos que não constavam
do blog e as ilustrações de um profissional que trabalha com literatura infantil. A editora responsável foi Jussara
Hoffmann e o ilustrador Dane D’Angeli.
11 Não há espaço neste artigo para aprofundamento sobre o conceito de teatralidade, intento que já foi realizado
por diversos pesquisadores brasileiros. Cito aqui somente alguns referenciais basilares à discussão: 1) os estudos
da performance, empreendidos por Richard Schechner (escola estadunidense), 2) os estudos da etnocenologia,
propostos por Jean-Marie Pradier (escola francesa) e ainda 3) o desenvolvimento dos conceitos de teatralidade
e performatividade empreendidos por Josette Féral (escola canadense).
10. 24
(e dar a sentir e viver) em ação e em relação direta entre aquele que mostra/faz e
aquele que assiste. Assim, o conceito de teatralidade estaria mais próximo daquele
de performatividade, já que “a performance nunca é um objeto ou uma obra acabada,
mas sempre um processo, por estar ligada ao domínio do fazer e ao princípio da ação”
(FERNANDES, 2011, p.16). A mesma autora, ao tratar da performatividade, relata que
esta “seria ao mesmo tempo uma ferramenta teórica e um ponto de vista analítico, já
que toda construção da realidade social tem potencial performativo” (FERNANDES,
2011, p.16). Chegamos aqui ao ponto de interesse deste artigo.
O estranhamento em relação a tais imagens foi propulsor de um deslocamento
espaço-temporal de minha percepção que remete diretamente à teoria do lúdico de
Huizinga (2000). Para esse autor, o jogo seria sempre uma atividade não obrigatória e
não produtiva que cria uma fissura no tempo-espaço do cotidiano.Assim, a suposta inade-
quação ao real, porém com referente nele, era um traço de teatralidade presente nessas
fotografias.Teatralidade esta conferida pelo meu olhar performativo sobre as imagens.
Outra qualidade teatral das fotografias de crianças destes dois artistas é a arti-
ficialidade com que são retratadas as infâncias. Em tal caso, o conceito de teatrali-
dade estaria mais próximo daquele proposto pelos encenadores russos do início do
século, como Tairov, Vakhtangov e Meierhold (ROUBINE, 1998), para os quais o teatro
deveria retomar sua teatralidade, ou seja, as características daquilo que o diferencia
das outras linguagens, incluindo aí uma artificialidade assumida e explícita. Meierhold
“o entende e o pratica [o conceito de teatralidade] como estratégias de distanciamento
do familiar pelo emprego de recursos do próprio teatro, de modo a chamar a atenção
para seu caráter de jogo e artifício” (FERNANDES, 2011, p. 14).
Nas fotografias, nada é natural; ainda que os cenários (propositalmente colagens
ou montagens) remetam a florestas, céus azuis, gramados, rios, lagoas, jardins ou
selvas, contrastam com eles crianças em roupas formais e vintage (remetendo aos
anos 50, 60 e 70) ou absolutamente nuas (no caso de Van Empel, que possui uma
série de nus). Suas peles são como plástico e tem um brilho que só os polímeros
poderiam dar a uma superfície. Não são crianças reais, ainda que retratadas de modo
hiper-realista: elas são jogo e artifício. Destarte, por mais que as cenas e seus perso-
nagens tenham referência no real, o excedem e causam desconforto pela percepção
do estranho naquilo que nos é tão familiar, como o caso de retratos infantis.
11. 25
As reações que me propiciam aquelas fotos podem ser relacionadas diretamente ao
tipo de literatura sobre infâncias que muitas áreas do conhecimento têm produzido (e eu,
por conseguinte, lido): crianças-ciborgue, crianças-adulto, crianças-monstro, crianças-
-sem infância, crianças-sabe tudo, crianças-trabalhadoras. Essas crianças das teorias
da infância aparecem de forma contundente e eloquente nas obras de Lux e Van Empel.
Bem como o menino Grimble, do livro de Freud, surpreende-nos em sua independência
do mundo dos adultos. Que crianças são essas que prescindem de nós? Que crianças
são essas que tem uma cultura própria e conhecimentos próprios? Que crianças são
essas que destoam radicalmente do cenário (mundo) projetado pelos adultos para que
elas se insiram de forma harmoniosa? Essas, enfim, eram as infâncias que eu almejava
pensar como pesquisadora e professora e performar como atriz.
Se “a teatralidade não é um dado empírico ou uma qualidade, mas uma operação
cognitiva ou ato performativo daquele que olha (o espectador) e/ou daquele que faz (o
ator)” (FERNANDES, 2011, p. 17), posso inferir que meu olhar sobre aquelas fotografias
as tornava teatrais. Nos meandros desta teatralidade, as ações narradas, que poderiam
vir a ser ações dramáticas que gerassem pequenas cenas teatrais, foram oriundas,
progressivamente, da minha própria infância. Relações de conflito, de embate por vezes
com a realidade, com o mundo dos adultos e um enorme desejo, paradoxalmente, de
ingressar neste mundo, produziram situações reais em minha infância, das quais tenho
uma memória reconstruída através daquilo que lembro e de narrativas parentais.
Essas memórias foram, paulatinamente, acrescidas às reações provocadas
pelas fotografias, pelas leituras de teoria e pelo personagem Grimble, que se tornaram
também a pequena Taís ou um de seus (meus) muitos apelidos de infância: Tatá, Tati,
Tís, Tisoca. E, ao invés de um espetáculo sobre algo que estivesse num entremeio
entre a performance e o teatro documentário, acabei por ter em mãos um conjunto de
minicontos, de pequenas auto ficções sobre uma menina, sua família, seus animais,
sua escola, seu mundo. Esse é o pequeno ciclo que intentei aqui contar e que ainda
poderá vir a ser a performance desejada, dando continuidade à espiral.
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