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1
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA
DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS NO TETO DA
CAPELA HOMÔNIMA NO COMPLEXO CULTURAL SÃO
FRANCISCO (CCSF) EM JOÃO PESSOA
Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha1
RESUMO
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma
pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o
portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas.
Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do
Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal
imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis
intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de
narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e
o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de
São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal
pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de
um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca,
especialmente no espaço/obra de arte citados.
PALAVRAS-CHAVE: Narrativas; São Francisco de Assis; Carruagem; Fogo; Arte Barroca.
INTRODUÇÃO
O Complexo Cultural São Francisco (CCSF), espaço este, rico da arte barroca e
patrimônio da Paraíba ―é composto pelo Cruzeiro, adro da Igreja de Santo Antonio,
convento, Capela da Ordem Terceira, horto e Fonte de Santo Antonio‖ (GANEM;
PEREGRINO, s/d, s/p). Também constitui-se um ―patrimônio da Arquidiocese da
Paraíba‖ (________. De convento a Centro Cultural, s/d, s/p), além de ser uma entidade
―cultural criada em 06 de março de 1990‖ (idem).
Destacamos a Capela de São Francisco, local em que se encontra a pintura, que é
objeto de nossa análise. Contudo, antes dessa etapa, pretendemos conhecer um pouco da
história de Francisco de Assis, patrono da ecologia e um dos exemplos mais próximos
de uma vida tal qual o messias bíblico, Jesus Cristo, ensinou. Tanto Cristo como
Francisco são pertencentes ao mundo do cristianismo.
Para o pesquisador Goff:
1
Mestra em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba- UFPB. Bacharel emJornalismo
pela Universidade Federal do Ceará- UFC. Licenciada em Letras pela Universidade Regional do Cariri-
URCA. E-mail: franciscaraquel29@hotmail.com.
2
Francisco desempenhou um papel decisivo no impulso das novas
ordens mendicantes difundindo um apostolado voltado para a nova
sociedade cristã, e enriqueceu a espiritualidade com uma dimensão
ecológica que fez dele o criador de um sentimento medieval da
natureza expresso na religião, na literatura e na arte. Modelo de um
novo tipo de santidade centrado sobre o Cristo a ponto de se
identificar com ele como o primeiro homem a receber os estigmas,
Francisco foi uma das personagens mais impressionantes de seu
tempo e, até hoje, da história medieval (GOFF, 2011, p. 09).
Procuramos também trazer para o debate, um pouco da vida e dos ensinamentos
do profeta Elias e do messias Jesus Cristo, para que possamos entender de que forma
Francisco de Assis se aproxima destes personagens, em seu devido espaço-tempo.
Indagamos ainda, quais os significados existentes nesse símbolo da carruagem de fogo e
no homem místico-religioso Francisco de Assis. Veremos as aproximações,
intencionalidades e significados, a partir do artista anônimo (o que se diz sobre ele), de
quem vislumbra a arte, ou seja, o olhar do público e da própria arte como consciência
religiosa, por meio das discussões de estética e da semiótica para compreender esta
transposição ou tradução de narrativas.
A ponte deste tema com século XXI é justamente discutir sobre o despertar de
consciência para a arte em si, sua valorização, preservação e ademais, bem como reflete
discussões sobre a arte e o significado social/histórico/patrimonial gerado pela mesma,
no intuito de despertar novas pesquisas sobre o tema e contribuir para o leque de
possibilidades interpretativas sobre o objeto deste estudo, a referida pintura já
mencionada.
1 A ABORDAGEM METODOLÓGICA
Discutimos nessa primeira parte, os caminhos optados para a busca de um viés
interpretativo de uma determinada arte barroca: a pintura no teto da Capela de São
Francisco. O que se procura investigar deve estar ancorado em uma metodologia, que
aponte perspectivas de como melhor podemos indicar uma interpretação sobre dado
acontecimento expresso na arte.
Perguntamo-nos o que seria essa arte: seu conceito, valor, pretensão, mensagem,
etapa, e ademais. É pela estética2
, especialmente entendendo-a como uma tradução3
2
―A estética é uma reflexão sobre um campo de objectos dominado pelos termos «belo», «sensível» e
«arte»‖ (Hugon, 2009, p. 08).
3
criativa que evoca um olhar semiótico4
, a princípio, que teremos uma luz quanto a estes
questionamentos, visando entender também como essa arte é recepcionada, recebida,
compartilhada, reconfigurada, retransmitida. Por este caminho, ―[...] a arte [...] é, então,
[...] uma atividade que recupera [...] a experiência sensível como forma de abertura à
receptividade‖ (TAVARES, 2003, p. 03). Ela é uma consciência interna exteriorizada
por um determinado artista (e pelo público), um individual-coletivo-captativo. Cândido
afirma que:
A arte é social nos dois sentidos: depende de uma ação de fatores do
meio, que se exprimem na obra em graus diversos de sublimação-, e
produz sobre os indivíduos um efeito prático, modificando a sua
conduta e concepção de mundo ou reforçando neles os sentimentos
dos valores sociais (2006, p. 30).
Essa recorrente relação da arte e consciência5
acontece desde:
[...] O ano 40.000 a.C, durante o Paleolítico Superior [...] Os seres
humanos realizavam suas primeiras incursões artísticas como, por
exemplo, as pinturas rupestres. Essas formas de expressão estão
diretamente associadas ao desenvolvimento da consciência humana.
Arte e religiosidade estavam então intimamente ligadas. Muitos mitos
e crenças se desenvolveram a partir dessa época e foram visualmente
representadas (MIKOSZ, s/d, p. 01).
Sobre esta questão arte-mundo-sujeito, temos os vários signos6
, ou seja, formas
de representar um dado objeto, mundo, pensamento, sentimento, linguagem que serão
desenvolvidas como um ato de entendimento, revelação, discussão e conhecimento do
próprio homem e do espaço em que ele habita, de sua vida, expresso, por exemplo, nas
mais variadas configurações da arte. Apoiamo-nos em Tavares, quando se refere à arte
3
Segundo Oliveira, a ―obra de arte é, simultaneamente, uma realidade única e tradução de outras‖ (2012,
p. 54). A tradução tem como foco ―interpretar o mundo com outros olhos‖ (PLAZA, 2003, p. 142), a
partir de um signo original transmutado no que se intenta representar.
4
―Ciência dos signos [...], mas signo, linguagem; a Semiótica é a ciência geral de todas as linguagens‖
(SANTAELLA, 1988, p. 01). Linguagens verbais e não verbais constituem o objeto semiótico, sua
ciência-guia.
5
Mikosz cita dois tipos de consciência, mesmo reconhecendo que é uma tarefa bastante desafiadora tentar
conceituá-la: ―a consciência comum do dia-a-dia, que vai, resumidamente, desde o estado de vigília,
passa por estágios como o hipnagógico, o dos sonhos, até o do sono profundo inconsciente. Porém, há
também um tipo especial, diferenciado ou não ordinário de consciência, muitas vezes associado a certos
estados místicos ou transcendentais‖ (MIKOSZ, s/d, p. 01). Citando Bucke (1996), Mikosz apresenta três
tipos: o primeiro, ligado a um estágio simplório da consciência; o segundo, a autoconsciência, que não
pode deixar de atuar sem uma linguagem; e o terceiro, uma consciência cósmica (apud MIKOSZ, s/d, p.
02).
6
―Um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a
causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente‖ (SANTAELLA,
1988, p. 12). Na forma verbal ou não verbal, o signo atua como uma linguagem para ver o mundo com
novos olhares (SANTAELLA, 1988).
4
como tradução criativa, dentro de um processo estético-semiótico, do qual o receptor de
tal arte é sujeito atuante dessa tradução:
Admitida não como uma tradução literal, esta espécie de leitura
criativa, a princípio, igualaria o autor e o receptor pela mesma
competência e desempenho para a linguagem, estabelecendo o
princípio que alicerça e embasa os pressupostos relativos à noção de
recriação (TAVARES, 2003, p. 06).
Interpretar a arte é lê-la através de uma teia de significados e códigos
individuais: cada um encontrará uma identificação, um sentido, algo que despertou a sua
atenção, e que assim, tornar-se importante vislumbrar e procurar compreendê-la por
mais um instante. ―A leitura como tradução torna [...] manifesto um processo semiótico
em que não se visa captar no original um consenso, um restrito significado, mas sim
evidência, uma leitura que se nutre de conflitos e ambiguidades‖ (TAVARES, 2003, p.
07). Assim como o mundo e o homem, a arte é esse espaço de conflitos e dualismos,
que anseia por um lugar de pertencimento no coração do homem. ―Como tradutor, o
papel do leitor se estabelece na dialética entre a dificuldade e o prazer de empreender o
ato de recriação‖ (TAVARES, 2003, p. 07).
Neste tocante, podemos dizer que em certos momentos, especialmente aqueles
que dizem respeito à arte barroca, a estética e a religião comungam de um resultado em
comum: a produção de arte para um sentido de mundo e de homem:
[...] A experiência estética pode ser uma experiência do sagrado [...] A
experiência religiosa e experiência estética são complexos processos
psicológicos que envolvem os sentidos, a cognição e o afeto e dizem
respeito à imediata apreensão respectivamente do objeto religioso e do
objeto belo, em particular na obra de arte. Tem-se discutido se,
especialmente entre as pessoas cultas, a experiência religiosa pode ser
substituída pela experiência estética (PAIVA et al, 2004, p. 223).
Quem aprecia a arte barroca é convidada a passear por dimensões e experiências
daquela religiosidade expressa, em contraste com outros mundos que nela reside. Esses
mundos podem ser revelados pelo próprio indivíduo, em contato com a arte, a história
da mesma dentro daquele espaço, no tempo registrado, de acordo com o desenrolar dos
acontecimentos que dizem respeito ao passado da cidade e do patrimônio em que esta
arte encontra-se inserida, e ademais:
A produção e recepção da obra de arte por envolver [...] a pessoa
inteira, sentidos, cognições, emoções, é capaz de [...] colocá-la em
êxtase, isto é, fora de si, menos possuidora da obra do que possuída
por ela, tal como se diz da experiência religiosa intensa (PAIVA et al,
2004, p. 223).
5
Não estamos dizendo que toda a arte tem um aspecto de religiosidade, de
sagrado, mas, em se tratando da arte barroca, como veremos a seguir, esta tem como
pretensão este estabelecimento de vínculo de contrastes entre o mundo divino e o mundo
mundano, em uma insistência de experiências de fé e transcendência que podem
funcionar como baluarte para a confusa mente do homem barroco, que mesmo fora do
contexto da época de seu desenvolvimento, ainda nos desperta fascínio e curiosidade,
independente do que acreditamos ou não:
Discutindo a experiência estética e a experiência religiosa, Arnheim
(1987) insiste na importância da primeira para a segunda, enquanto o
conteúdo espiritual da religião é corporificado, ou seja, trazido à
condição da existência física, pela arte [...] Arnheim traz à discussão
as relações entre arte religiosa e realidade, as várias espécies de
verdade estética (icônica, histórica e universal), o tema ou assunto
religioso (apud7
PAIVA et al, 2004, p. 224).
É a partir de tudo que foi exposto, que pretendemos analisar e procurar o enigma
ou inquietação do significado da transposição e tradução de narrativas na imagem de
São Francisco e que se relacionam ao messias Cristo e ao profeta Elias, tomando como
ponto de discussão os próprios personagens e suas respectivas vidas, bem como os
símbolos carruagem e fogo.
Contudo, já que estamos falando de arte, como esta se manifesta no Barroco8
?
Este movimento artístico (literatura, arquitetura, pintura, música, etc) ―se estende do fim
do século XVI até a metade do século XVIII‖ (CADEMARTORI, 1987, p. 25) e
procura reaproximar o homem da religião e do divino, bem como é contrário ao que era
pregado no Renascimento. Nas palavras de Cademartori:
As peculiaridades do estilo barroco vinculam-se à ideologia da
Contra-Reforma e do Concílio de Trento. O Renascimento foi uma
reação contra a ideologia da civilização medieval somada à
revalorização da Antiguidade Clássica, o que significou uma
afirmação do racionalismo e da concepção pagã e humanista do
mundo. O Barroco é uma contra-reação a essa tendência, uma
tentativa de retorno à tradição cristã (CADEMARTORI, 1987, p. 27 e
28).
7
O apud em questão foi em razão de tal obra não ter sido localizada emmeios digitais e impressos para a
consulta e optamos por manter as traduções do pensamento de Arnheimpor Paiva et al.
Arnheim, R. (1987). Aesthetics: Visual aesthetics. Em M. Eliade (Org.), The Encyclopaedia of Religion.
(Vol.1, pp. 47-51). New York, NY: Macmillan.
8
―A denominação ‗Barroco‘ [...] surgiu no século seguinte, para denominar fenômenos de arte
considerados, pelos classicistas de então, confusos e extravagantes. A etimologia da palavra ‗barroco‘ é
controvertida; todas as hipóteses [...] apresentam a conotação de algo pejorativo e irregular, sendo o
Barroco visto como uma degenerescência da arte renascentista [...] A reformulação desse conceito e a
consequente valoração da arte barroca foram feitas por Heinrich Wölfflin [...] A partir da teoria
wölffliniana, o Barroco passa a ser visto como um desenvolvimento, e não como uma degenerescência,
do Classicismo‖ (CADEMARTORI, 1987, p. 25 e 26).
6
Os princípios de dualidade da arte barroca e deste homem estão nas raízes de sua
criação: o mundo cristão versus o pagão, a razão e o coração, o mundo divino e o
mundo profano, o bem e o mal. Parece-nos que este é o momento em que o:
Homem busca a conciliação do espiritualismo medieval com o
humanismo posto em voga pelos renascentistas. A tentativa de
conciliar essas tendências provocou a tensão, tão peculiar ao estilo, e
as contradições próprias a uma tendência que ora festeja a razão, ora a
fé; ora o sensorial, ora o espiritual [...] O [...] homem barroco [...] tem
a saudade de uma religiosidade de outra época, induzida pela Contra-
Reforma, com o objetivo de despertar nele ânsias de eternidade, num
momento histórico em que já não lhe era possível negar os valores
mundanos e desconhecer as solicitações terrenas. A atração por polos
opostos constitui o dualismo de uma época que encontra expressão na
irregularidade e na intranquilidade do estilo barroco, onde convivem
tensamente o ascetismo e o erotismo, a religiosidade e a
mundaneidade (CADEMARTORI, 1987, p. 27 e 28).
Mesmo abrindo mão de certos valores, é inegável a permanência deles de forma
reconfigurada na arte barroca, como nos afirma Ernani e Nicola: que a pretensão de tal
movimento era também de ―unir valores medievais [...] aos valores da cultura greco-
latina (Renascimento)‖ (2002, p. 230), ou seja, este sujeito barroco está dividido ―entre
santos católicos e deuses pagãos, matéria e espírito, pecado e perdão‖ (ERNANI;
NICOLA, 2002, p. 230).
No próximo ponto iremos descobrir mais a respeito dos personagens Elias, Jesus
Cristo e Francisco de Assis, homens estes pertencentes às narrativas do mundo cristão e
que serão de sua importância conhecer o contexto de inserção, atuação e de
representação na arte barroca.
2 HISTÓRIA DOS PERSONAGENS PROFETA ELIAS, JESUS
CRISTO E SÃO FRANCISCO
Elias9
é um profeta bíblico do antigo Testamento pertencente ao Segundo Livro
de Reis. Mais especificamente na passagem 2Reis 2:11, é que teremos a sua aparição no
9
Contudo, nos atentemos a entender um pouco de sua vida, antes desse arrebatamento aos céus semter
experimentado a morte. Mesmo sendo um homem que pregava o Deus único do Antigo Testamento, a
coragem e a fé deste profeta, segundo as narraivas, deu lugar também ao medo, dúvida e depressão (ver
em 1Rs 19, 1-21). Sobre a fase de coragem, Elias lutava para que no reino de Israel fosse restabelecida a
adoração ao Deus único dos antigos profetas, ou seja, de seus antepassados. Contudo, o rei Acabe acaba
sucumbindo à proposta da rainha Jezabel de adorar os deuses Baal e Asherah, que detinham seus
santuários, sacerdotes e ademais. Vale salientar que Baal ―era o deus do sol, [...] cujo centro de adoração
era a Fenícia, donde se irradiou para os países vizinhos [...] O culto de Baal quase suplantou o de Jeová. A
luta de vida e morte entre as duas religiões aconteceu no alto do monte Carmelo, quando o profeta Elias
enfrentou os profetas de Baal, que nessa ocasião foramtodos mortos, mas embreve ressurgiramde novo,
7
transporte divino da carruagem de fogo10
. Em um momento que lutava contra o culto de
certos deuses que ocupavam o lugar de Yahweh, o Deus de seus antepassados, o mesmo
ao matar vários sacerdotes da rainha Jezabel, acaba sendo perseguido e teme por sua
vida. Mais do que isso: parece, no seu entendimento, que a missão de servir e espalhar a
verdade do Deus único havia falhado. Portanto, Elias estava sem forças até para querer
viver. Essa corresponde à segunda fase da vida deste profeta11
, marcada pelo desespero
e pelo pedido de morrer.
No monte Horeb, Elias (Figura 01) tem a certeza de que deve continuar em sua
jornada levando a fé em Javé e não deixar-se abater por tais medos e sentimentos
negativos, e sim, fortalecer-se em sua crença, segundo as narrativas bíblicas. Contudo, o
evento principal evento que queremos pontuar, é o que marcou o final de sua vida
humana: a ascensão aos céus, ou seja, ir ao encontro de Deus sem morrer, sendo
até que Jéu fez nova matança deles‖ (DAVIS, s/d, p. 67). Asherah também foi uma importante deusa
naquela época, bastante cultuada. Evidências a seu respeito estão ―textos cuneiformes babilônicos (1830-
1531 a.E.C) e nas cartas de El Armana (século XIV a.E.C). Para o pesquisador Ruth Hestrin, informações
importantes sobre Asherah vêm dos textos ugaríticos de Ras Shamra (Costa Mediterrânea da Síria).
Nestes textos, Asherah é chamada de Atirat, consorte de El, principal Deus do panteão cananeu no II
milênio a.E.C‖ (CORDEIRO, 2007, p. 06). Nas referências bíblicas, Asherah ―é mencionada cerca de 40
vezes [...], de três formas diferentes: ora como uma imagem que representa a própria Deusa, ora como
uma árvore ou como um tronco de árvore, que a simboliza‖ (HESTRIN, apud CORDEIRO, 2007, p. 12).
Nenhuma outra divindade poderia ser equiparada a Yahweh e assim, os outros deuses começaram a ser
vinculados ao mal e seus adoradores perseguidos. Especialmente é essa a tensão que tambémvemocorrer
com Asherah e Baal. É dito que Elias matou vários sacerdotes dos ídolos, deixando a rainha Jezabel
enfurecida, que passa a caçá-lo. É em 1Rs 19,1-21, que temos a confirmação dessa história: ―1 E Acabe
fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como totalmente matara todos os profetas à espada./
2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se
de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles./
3 O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá,
deixou ali o seu servo./
4 Ele, porém, foi ao deserto, caminhou por um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a
morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais (1
Reis 19:1-4) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/19).
10
Não podemos esquecerde mencionar, mesmo não sendo foco de nosso estudo,de que no texto apócrifo
Livro de Enoque, o autor deste livro, Enoque, tambémé elevado aos céus semconhecer a morte, por meio
de um veículo em chamas. No céu, conheceu a face de Deus, os segredos do mundo e passou determinado
espaço de tempo, escrevendo os livros que foram repassados para seus filhos,antes de Enoque novamente
desaparecer. O livro de Enoque antes da Vulgata (por volta dos anos 400) era considerado pelos primeiros
cristãos como um livro de ensinamentos a ser utilizado e difundido. Mas depois da Vulgata, tornou -se um
livro apócrifo. Enoque teve o privilégio de ter sido levado pelos anjos do Senhor ou as Sentinelas, aos 10
céus, onde pode ter acesso as visões relacionadas ao destino da humanidade e de tantos segredos que
supostamente, ao mesmo tempo que separa, une o céu e a Terra. Enoque viu o paraíso dos justos, o
castigo dos injustos, e viu face a face o ser supremo deste universo: Deus. Enoque presenciou as fases da
vida e os eventos do tempo: o nascer, o crescer e o morrer. Mas nem tudo foram flores: Enoque sentiu o
horror pelo qual assolaria a humanidade através do apocalipse e do temido julgamento final.
11
Vitório diz que ―tem-se a impressão de ter fracassado os esforços para ter emfrente à disseminação da
idolatria em Israel. A fuga desponta como a única saída. É como se estivesse fugindo da luta. Javé,
porém, o faz tomar o caminho de volta, para o ‗lugar‘ de onde não deveria ter saído [...] O lutador
incansável pela causa de Javé perde a motivação para a luta [...] É melhor morrer do que ver o baalismo
suplantar a fé dos pais (antepassados de Elias)‖ (2010, p. 35 e 37).
8
arrebatado por cavalos e uma carruagem de fogo, e este é um acontecimento importante
na narrativa deste profeta bíblico (VITÓRIO, 2010).
Figura 01: Elias na carruagem de fogo deixando seu manto para Eliseu.
Livro: A Vida de Elias (capa), 2002.
Além dos filhos, o futuro profeta Eliseu (que daria continuidade aos
ensinamentos de Javé) também presenciou tal arrebatamento:
8 Então Elias tomou a sua capa e a dobrou, e feriu as águas, as quais
se dividiram para os dois lados; e passaram ambos (Elias e Eliseu) em
seco [...]
11 [...] E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro
de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu
ao céu num redemoinho.
12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e
seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes,
rasgou-as em duas partes.
13 Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se,
parou à margem do Jordão.
14 E tomou a capa de Elias, que dele caíra, e feriu as águas, e disse:
Onde está o Senhor Deus de Elias? Quando feriu as águas elas se
dividiram de um ao outro lado; e Eliseu passou.
15 Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em
Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-
lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra [...]
(2 Reis 2:8-15) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/2rs/2).
Para Getz, ―Deus honrou Elias ao levá-lo para o céu sem que ele experimentasse
a morte e depois permitiu que ele aparecesse ao lado de Jesus no monte da
transfiguração‖ (2003, p. 12). Já nas palavras de Wilkerson:
Segundo Reis, no capítulo 2 contém uma das passagens mais
espetaculares de todo o Velho Testamento. Este capítulo descreve a
milagrosa história do já idoso profeta Elias e do seu servo Eliseu. Ao
9
chegarmos à história, Deus informa Elias que seu ministério na terra
acabara. Ele deve agora atravessar o rio Jordão e se dirigir a um certo
lugar, onde uma carruagem celestial o levaria, transladando-o para a
glória [...] Enquanto iam caminhando, subitamente uma carruagem
surgiu do céu e os separou. Num instante, Elias foi levado pelo carro -
e Eliseu testemunhou toda a cena. Ele clamou: ―Meu pai, meu pai,
carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, tomando as
suas vestes, rasgou-as em duas partes‖ (verso 12) (2000, p. 01).
Dando continuidade ao estudo, a próxima narrativa a ser estudada é a de Jesus
Cristo (Figura 02). Este foi o messias, profeta hebraico e filho da divindade denominada
Deus-Criador do mundo e dos homens, ―nascido (4 a.C e 6 d.C) na Palestina, em Belém
na Judéia [...] Nazaré, na Galileia‖ (FILORAMO, 2012, p. 62) .
Figura 02: Cristo carregando a cruz (1580)
Artista: El Greco (Doménikos Theotokópoulos)
Link:http://2.bp.blogspot.com/c4HDR1zUJbU/UT3E5kCtZVI/AAAAAAAAHkI/mQudtzdXD
Kc/s1600/el-greco-christ-carrying-the-cross.jpg
É aquele visto como fundador da religião cristã, embora exista controvérsias
quanto o estabelecimento de uma religião especifica por Jesus Cristo, e sim, de dogmas
revolucionários em seu tempo, baseados nos lemas de vida humildade, caridade, amor
incondicional, buscando a salvação de todos aqueles que estivessem dispostos a seguir o
seu exemplo. Por se auto intitular filho de Deus, despertou a ira dos judeus, e na
perspectiva dos romanos, ―acusavam-no de querer substituir César‖ (FILORAMO,
2012, p. 62), crime esse de lesa-majestade.
10
Crucificado e morto no período da Páscoa, Jesus Cristo ressuscitou no terceiro
dia, e 40 dias depois subiu aos céus, deixando seu espírito como fortaleza e guia na
perpetuação de sua mensagem, por meio dos discípulos, conforme aponta as histórias
bíblicas do Novo Testamento.
Filoramo (2012) afirma que com a morte de Jesus, os discípulos difundiram suas
palavras, que logo estariam alicerçadas em pilares de uma religião que conquistava
―rapidamente o mundo mediterrâneo‖ (FILORAMO, 2012, p. 69). Os evangelhos que
compõem o Novo Testamento Bíblico, aprovados após vários Concílios, são os meios
pelos quais se conhecem com mais profundidade, a vida e ensinamentos de Jesus Cristo
(FILORAMO, 2012).
Um fato marcante além de tantos, trata-se da transfiguração12
de Cristo. O fogo,
como símbolo neste evento, indica a possibilidade de Cristo ser a luz do mundo, na
condição de que a mesma representa a verdade espiritual, marcada pela crença em Deus
e em seu reino. ―Pedro, Tiago e João presenciaram a glória de Jesus Cristo no Monte da
Transfiguração e receberam as chaves do sacerdócio [...] As chaves do sacerdócio são
essencialmente o poder para presidir e conduzir as atividades do sacerdócio e a Igreja‖
(__________. Vida e Ensinamentos de Jesus e seus Apóstolos, 1979, p. 38). Trazemos
Mateus 17:1-13, que narra esse acontecimento:
1Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João,
seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
2E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol,
e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
3E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele [...]
10E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então
os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
11E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e
restaurará todas as coisas;
12Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-
lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do
homem.
13Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista
(Mateus 17:1-13) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/17).
12
Ver também em Marcos 8:1-38; Lucas 9:28-36; 10: 1-16. Para Rosa, ―a história da transfiguração é
contada pelos três evangelhos sinóticos (Mateus 17: 1-8; Marcos 9: 2-8 e Lucas 9: 28-36) [...] As três
passagens [...] contam o evento da transfiguração. Não temos por que duvidar que o fato realmente tenha
acontecido [...] Os evangelhos são históricos, pois falam de um Jesus histórico, que viveu e cujas ações
foram contadas até chegarem a ser escritas pelos evangelistas. Mas ao mesmo tempo os evangelhos não
são apenas história. Mais que isso: são teologia, catequese. Cada evangelista temuma mensagemprecisa,
é destinado a uma comunidade, e tem em mente um público determinado [...] É necessário transcender
aos fatos e desvelar a mensagemescondida em cada narração‖ (2008, s/p).
11
Pelo exemplo citado, em Elias e Moisés, estes representam a fé de que o homem
pode superar a morte e chegar a gozar de uma vida justa e plena, na fé e no amor a Deus
e ao próximo.
Moisés e Elias vieram ter com Jesus representando o futuro reino de
Deus a ser implantado pela morte de Cristo. Elias, representando os
que serão transladados sem ver a morte. E Moisés representando
os que após a morte, forem ressuscitados por Deus para vida eterna
(___________. Site Bíblia, 2012, s/p) (grifo nosso).
Rosa acrescenta ―o fato que eles (os discípulos) tenham reconhecido Elias e
Moisés, que viveram muito tempo antes de Cristo, pode ser justificado pela razão que
existia uma imagem coletiva sobre essas duas figuras‖ (2008, s/p). Fica evidente que o
evento marca ainda mais quem é Jesus e sua relação com o divino, não restando dúvida
para seus discípulos do homem-divino que é o seu guia. Em Lucas 9: 28-36, também
temos apontamentos deste fato. Encontramos o seguinte:
[...] 32E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono;
e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois homens que
estavam com ele.
33E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a
Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas:
uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que
dizia.
34E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua
sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram.
35E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho;
a ele ouvi.
36E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se, e
por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto
(Lucas 9:32-3613
) (grifo nosso).
Cristo seria aquele que lideraria um novo reino no referido espaço-tempo.
Moisés e Elias marcam um tempo antigo, de leis rígidas, e muitas vezes distorcidas para
justificar certo poder perante o povo, no que diz respeito ao campo religioso. Cristo
claramente, em seu gesto de acolher os humildes e os marginalizados socialmente,
prometendo-lhes o reino de Deus, causou desconforto nos antigos membros religiosos
que sempre o perseguiam até compactuarem com a sua morte:
Simbolicamente, o aparecimento de Moisés e Elias representava a Lei
e os Profetas. Entretanto, a voz de Deus do céu - "Ouçam a Ele!" -
mostrou claramente que a Lei e os Profetas deviam dar lugar a Jesus.
Aquele que é o novo e vivo caminho está substituindo o antigo; Ele é
o cumprimento da Lei e das inúmeras profecias no Antigo Testamento
(________. Site Got Questions?Org, s/d, s/p).
13
Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/9/28-36.
12
Finalmente teremos agora um breve resumo da biografia de Francisco de Assis,
com a intenção de em seguida, partir para a análise da pintura da Igreja que faz parte do
CCSF, discutindo as aproximações com as narrativas de Elias e Cristo, a partir dos
símbolos carro/carruagem e fogo, por meio de um quadro interpretativo.
São Francisco de Assis (1182-1226) é um exemplo de um santo cristão que
prezava por uma união do mundo, de seus habitantes e de seu criador, força presente
neste mundo e na natureza14
. Assim como Jesus Cristo, pregava a humildade, o bem e o
amor. São Francisco amava cantar, pois para ele, o canto submetia o ser humano a um
estado de comunhão consigo e com a natureza15
. Mas, como sua história se inicia?
Francesco16
Bernardone, ou seja, São Francisco de Assis nasceu na cidade italiana de
Assis, em 5 de julho de 1182. Seu falecimento, nesta mesma localidade, foi no dia 3 de
outubro de 1226. Os livros que são a base para a biografia deste santo católico é de
autoria do historiador francês Jacques Le Goff, intitulado São Francisco de Assis,
Biografias III- S. Boaventura e Primeira Vida de São Francisco de autoria de Tomás de
Celano.
O próprio tempo de Francisco (Figura 03) não parece diferente do nosso, pois o
homem, religioso ou não, ainda continua com esse dualismo entre o material e o
14
Alguns ambientalistas, pensadores vinculados com uma espiritualidade ecológica, veem nesse
personagem do mundo católico, um bom representante: Francisco de Assis, como fora citado em
discussões anteriores, no que diz respeito à concepção religiosa do termo natureza, representou um
exemplo vivo de um guerreiro das causas sociais e ecológicas emsua época, e que até hoje é lembrado. É
considerado padroeiro daqueles que se empenham no fazer ecologia. Em 1979 foi proclamado pelo Papa
João Paulo o Patrono dos Ecologistas. Segundo o Papa Francisco, atual representante do catolicismo,
Francisco de Assis era ―um místico peregrino que vivia [...] numa maravilhosa harmonia comDeus , como
os outros, coma natureza e consigo mesmo‖ (____, 2015, p. 10).
15
Ele deixou importantes lições em seus cantos, a seguir apresentado: ―Louvado sejas, meu Senhor, pela
nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e nos governa e produz variados frutos com flores coloridas e
verduras‖ (____. Encíclica, 2015, p. 03), além de outro canto: ―Louvai-O, sol e lua; louvai-O, estrelas
luminosas! Louvai-O, alturas dos céus e águas que estais acima dos céus! Louvem todos o nome do
Senhor, porque Ele deu uma ordem e tudo foi criado‖ (____. Encíclica, 2015, p. 68). Para Goff,
―Francisco [...] foi [...] um missionário que completou com alguns escritos uma mensagem da qual tinha
transmitido o essencial pela palavra e pelo exemplo [...]. As Laudes do Senhor, a Saudação das virtudes e
a Saudação à Bem-Aventurada Virgem, o Ofício da Paixão do Senhor testemunhamo sentido litúrgico de
Francisco, sua necessidade de acabar em efusão sua meditação ou sua contemplação, centros de sua
devoção; [...] a santa Sabedoria, pura e santa Simplicidade,
santa Pobreza, santa Humildade, santa Caridade, santa Obediência. Mas essa contribuição de São
Francisco à poesia espiritual tão característica do século XIII fica eclipsada por sua obra-prima lírica, o
Cântico do irmão Sol‖ (GOFF, 2011, p. 93 e 100).
16
Goff esclarece detalhes sobre o nome de Francisco de Assis: ―Quando Francesco Bernardone nasceu,
em 1181 ou 1182, em Assis, sua mãe, na ausência do pai, comerciante de tecidos que viajava a negócios
pela França, batizou-o com o nome de João Batista, o santo do deserto, da pregação e do anúncio [...]
Quando e por que o prenome Francisco, então ‗singular e inusitado‘, substituiu o de João não se sabe. Das
três principais hipóteses consideradas: a troca do prenome pelo pai ao voltar do país do qual teria tirado o
nome dado ao recém-nascido; uma homenagem prestada mais tarde à mãe, que teria sido francesa — o
que não está provado; e a persistência de umcognome‖ (2011, p. 58).
13
espiritual, o mundo conturbado, com inversões morais, marcado pelas desigualdades,
violências, corrupções e falsos profetas sedutores.
Figura 03: São Francisco de Assis abraçando o Cristo crucificado.
Artista: Bartolome Esteban Murillo.
Link:https://i.pinimg.com/originals/8a/f6/59/8af65991216490faccfc0e940714d5f4.jpg
Em seu tempo, a nobreza e a igreja esbanjavam riquezas, enquanto o povo estava
em difícil situação. Sua vida encontra-se dividida em duas: antes da conversão17
e após
a mesma, fato este que nos iremos delimitar com mais profundidade.
Enraizado desse modo na dor física que começa a levá-lo a refletir
sobre o destino humano e traz a seu pensamento o tema, essencial em
Francisco, das relações entre o homem interior e o homem exterior,
sua conversão se manifesta em primeiro lugar pela renúncia ao
dinheiro e aos bens materiais (GOFF, 2011, p. 64).
Conforme a citação acima, Francisco renuncia a sua boa vida, suas riquezas, sua
posição social. Em seu interior trava um conflito com o que enxerga verdadeiramente do
mundo e do homem em si. Por mais que tivesse de tudo, faltava-lhes algo essencial. E
foi justamente isso que Francisco passou a almejar em sua vida: a busca pela riqueza
17
“Mas levará para sua nova vida as paixões da juventude: a poesia e o gosto da alegria — poesia e
alegria que de profanas se farão místicas; a prodigalidade, que consistirá em espalhar [...] a palavra, as
forças físicas e morais, [...]; o ardor militante que permitirá a ele resistir a todas as provações e se lançar
sobre todas as fortalezas erguidas no caminho da salvação de seus irmãos, [...], sobre o pecado sob todas
as formas‖ (GOFF, 2011, p. 62).
14
espiritual, despindo-se das vestes caras e abraçando a pobreza, o amor e Cristo como
modelo a ser seguido. As aproximações de Cristo e Francisco iniciam-se após a sua
conversão, no começo de sua caminhada missionária. Francisco:
Propõe um único modelo, o Cristo, um único programa, ―seguir nu o
Cristo nu‖. Nesse mundo que se torna o da exclusão — marcado pela
legislação dos concílios, dos decretos, do direito canônico — e
exclusão de judeus, leprosos, hereges, homossexuais, em que a
escolástica exalta a natureza abstrata e, salvo exceções, nesse ponto
ignora mais ainda o universo concreto, Francisco proclama [...] a
presença divina em todas as criaturas. Entre o mundo monástico
banhado de lágrimas e a massa dos despreocupados mergulhados
numa ilusória alacridade, propõe a imagem alegre, sorridente, daquele
que sabe que Deus é alegria (GOFF, 2011, p. 38).
Essa nova perspectiva de um verdadeiro cristão, não agradou a igreja a princípio.
Francisco deu os primeiros passos para o que hoje conhecemos como A Ordem dos
Frades Menores, Ordem de São Francisco ou Ordem Franciscana, com seus
respectivos discípulos18
. Francisco elaborou lindos cânticos a Deus e à natureza, bem
como era dotado de visões místicas.
No que seria sua última visão, após enxergar um anjo de luz ao lado da Cruz,
recebeu os estigmas de Cristo, que marcaria os passos finais para a sua morte, visto que
a cada dia encontrava-se com a saúde debilitada. Segundo o pesquisador Goff, este fato
aconteceu em 14 de dezembro de 1223:
[...] Fundas feridas sangrentas formaram-se sobre suas mãos e sobre
seus pés, e uma chaga aparece em seu lado. Francisco terminou sua
caminhada à imitação de Cristo. É o primeiro estigmatizado do
cristianismo, ―o servo crucificado do Senhor crucificado‖. O fato o
torna tão confuso quanto recompensado. Ele procura esconder seus
estigmas, envolvendo pés e mãos com ataduras. Enquanto viveu,
segundo Tomás de Celano, só Frei Elias os viu e Frei Rufino os tocou
(GOFF, 2011, p. 89).
Os acontecimentos finais que encerram19
a história de vida de Francisco, e ao
mesmo tempo, constituem em afirmação de um legado de Cristo e de Deus na Terra,
deixado seu exemplo de vida, são assim narrados por Goff:
18
Não podemos deixar de mencionar como seguidora de Francisco, Clara de Assis (1193 - 1253), que
fundou a Ordem das Clarissas, baseada nos pilares da ordem franciscana e nos ensinamentos de seu
fundador.
19
As exéquias acontecem em quatro de outubro. ―Depois de uma parada em San Damiano onde Santa
Clara cobre de lágrimas e de beijos o corpo de seu celeste amigo, o enterro provisório em San Giorgio.
Depois, a 17 de julho de 1228, menos de dois anos passados da morte de Francisco, a canonização
decidida pelo papado [...] chamado Gregório LX, que presta a seu protegido uma homenagem em que se
misturam a veneração e intenção política‖ (GOFF, 2011, p. 90 e 91).
15
Francisco alcança os últimos gestos da imitação de Cristo dos quais,
antecipadamente, recebeu, através dos estigmas, a marca final. A 2 de
outubro, reproduz a ceia. Benze e parte o pão e o distribui aos seus
irmãos. No dia seguinte, 3 de outubro de 1226, recita o Cântico do
irmão Sol, lê a Paixão no Evangelho de João e pede que o depositem
na terra sobre um cilicio coberto de cinzas. Nesse momento unidos, os
irmãos vê de repente sua alma, como uma estrelar subir direto ao céu.
Tinha quarenta e cinco ou quarenta e seis anos (2011, p. 91).
Pelo seu legado, é possível afirmar que prezava pela união do homem com Deus,
valorizava todas as manifestações de vida e o respeito pelos humildes, os animais e à
natureza como um todo, ao mesmo tempo, que combatia as injustiças sociais. ―Depois
de ter espalhado por toda parte seu amor pelas criaturas vivas, homens e animais, ele
canta seu amor pelas criaturas inanimadas, às quais dá vida e alma, até a ‗nossa irmã, a
morte‘‖ (GOFF, 2011, p. 101).
2.1 ANÁLISE DA PINTURA DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO
Buscamos nesta parte do artigo compreender as possíveis intencionalidades e
significados da transposição de narrativas que unem Elias, Cristo e São Francisco, por
meio da pintura abaixo (Figura 04), que pertence ao CCSF, como já mencionamos
anteriormente.
Figura 04: São Francisco na Carruagem de Fogo- Imagem do Teto da Capela de São Francisco.
16
Foto: Raquel Alves, 13/09/2017.
As pinturas existentes especialmente na Capela de São Francisco de Assis da
Ordem Terceira20
são oriundas de elementos naturais, tais como o pau-brasil, leite de
banana, urucu, etc. No teto, há imagens de guardiões negros, anjos, flores, destacando a
pintura que retrata São Francisco de Assis em chamas, em uma carruagem rumo aos
céus. Não há o nome do artista identificado como autor desta obra, que ―representa
sobremaneira o barroco brasileiro do século XVIII‖ (CARVALHO, 2005, p. 03).
Tal pintura apresenta elementos nitidamente característicos que relembram uma
narrativa presente em algumas outras igrejas barrocas no Brasil. Trata-se do profeta
Elias sendo translado aos céus por um carro de fogo. Perguntamos-nos a importância
desta narrativa da carruagem de fogo na arte barroca baseada em reminiscências da
mesma, em outros espaços de oração de religiosos católicos brasileiros, como a Igreja
de Nossa Senhora da Guia, em Lucena- Paraíba, do século XVI; Basílica de Nossa do
Carmo, no Recife- Pernambuco, datada de 1767, visto que Elias é o patrono das
Carmelitas21
; Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mogi das Cruzes- São Paulo, cuja
construção foi realizada entre 1633 e 1653, que traz também Elias; Ordem Terceira do
Carmo de Cachoeira, Recôncavo baiano, que retrata a Trasladação de Elias. Uma
possível resposta para o uso desta representação seria justamente o fato do profeta Elias
ser o patrono da ordem Carmelita, com mais recorrência de seu uso. Segundo
Senhorinho:
A iconografia tradicional apresenta Elias no momento em que é
levado para o céu, num carro puxado por dois ou quatro cavalos e
guiado por um anjo, ausente em algumas representações [...] Nesse
contexto, Elias costuma aparecer estendendo a mão direita para Deus
e entregando seu manto para Eliseu, seu sucessor, com a mão
esquerda. Com frequência, as margens do Jordão são tomadas como
ambiente para tais retratações, porém, sendo personificadas numa
divindade fluvial clássica. As representações dos episódios da vida de
Elias são comuns nas Ordens Carmelitanas (2014, p. 206).
Discutimos que a base será o olhar estético e semiótico que proporcionará um
caminho para que possamos interpretar as mensagens e os diálogos dos símbolos22
20
Construída em 1747 e segue o estilo denominado de Rococó.
21
Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
22
―Quando se tenta traduzir a experiência, criando um símbolo para ela, o sentido estará presente de
forma velada, metafórica apenas‖ (MIKOSZ, s/d p. 05). Ainda segundo Mikosz, para entender as nuances
dos símbolos, devemos ir não só pelo caminho da racionalidade. ―Os símbolos e outras representações
artísticas dessa natureza são como portas nos convidando a penetrar nesses mistérios que fazemparte da
17
expressos em tal arte, que exploram por meio de homens de fé, uma consciência
religiosa que diz respeito ao homem barroco e também ao homem moderno. Como uma
obra de arte barroca, não podemos deixar de relembrar que os principais temas desta
época:
Decorrem [...] do sentimento da passagem irreversível do tempo, o
desengano, a solidão, o sentimento de agonia [...] A linguagem
imagística barroca desafia a compreensão do leitor [...] pelo conflito
que revela. [...] Quebrando a linearidade rígida, a arte barroca oferecia
variadas alternativas de leitura, estimuladas pela profundidade e
variedade dos focos da obra. Com essa abertura, fazia-se um forte
apelo às impressões sensoriais do leitor, procurando que ele se
envolvesse, intelectual e sensorialmente, na obra. (CADEMARTORI,
1987, p. 29).
A arte é a memória dessa sacralidade expressa no barroco e na obra de arte a ser
analisada. Segundo Duarte:
Relendo alguns textos antigos meus, dedicados aos fenômenos da
memória, reencontrava referências evocadoras da sacralidade que
sempre cercou a experiência social dessa difícil e delicada função que
garante, em toda sociedade, o domínio, a preservação, transmissão e a
continuidade do significado de todas as coisas [...] A evocação dessa
aura de sacralidade da função de memória obedece a um princípio
inarredável da reflexão de um antropólogo, como eu. Trata-se da
comparação entre as culturas, como mecanismo de revelação das
propriedades de qualquer fenômeno humano. Tanto a memória como
função quanto a memória como recurso e instituição foram e são,
ainda, preciosamente iluminadas por essa via (DUARTE, 2003, p.
305).
Tendo o conhecimento de que trata-se de um olhar interpretativo, entendemos
que há complexidades ou indagações que podem ficar sem resposta:
Não é fácil avaliar e interpretar pinturas dessas dimensões e
complexidade [...] O que diferencia tudo é o olhar, olhar esse marcado
pelas inserções de cada observador no mundo da cultura. Observar tais
pinturas, portanto, é um pouco como admirar o mar, tentando
compreender suas características mais sutis (OLIVEIRA, 2003, p. 84).
Trazemos a seguir uma proposta de quadro semiótico sobre os principais
símbolos a serem explanados, com sua devida relação e o respectivo personagem:
Narrativa Personagem
cristão
Contexto
da Narrativa
Símbolo Significado no
contexto da
narrativa e sua
relação com
outros
natureza humana profunda, ou seja, outros Níveis de Realidade do ponto de vista transdisciplinar‖
(MIKOSZ, s/d p. 05).
18
personagens
2Reis 2:11
1Reis 19:1-21
2Reis 2:8-15
Elias Monte Horeb
Continuar a
jornada;
Coragem e fé;
Lutar por Deus.
Medo;
Dúvidas;
Depressão de
Elias.
Arrebatamento
aos céus por
meio de uma
carruagem de
fogo.
Monte
Fogo
Carro e fogo
Local de contato
com a expressão
do divino em
que se tem a
consciência de
sua missão.
Certeza de ser o
mensageiro de
Deus para
conduzir o povo
ao verdadeiro
caminho da luz.
O mensageiro
em chamas
como
representante do
divino, alerta
Elias de que o
caminho
escolhido é
difícil, mas a
recompensa é
louvável.
Marca o
desaparecimento
de Elias, homem
este que não
conheceu a
morte ao ser
arrebatado. É
levado aos céus
ao encontro de
Deus. Deixa seu
manto para o
próximo profeta.
Mateus 17:1-13
Marcos 8:1-38
Marcos 9:2-8
Lucas 9:28-36
Lucas 10:1-16
Jesus Cristo Monte da
Transfiguração
Transfiguração
Monte
Fogo;
Sol.
No monte
encontra-se com
os espíritos de
Elias e Moisés.
Cristo é a luz do
mundo. É o lado
espiritual de
Deus em
convívio com os
humanos. Deus,
o rosto de
Cristo. Elevação
aos céus do
19
espírito. Não
reconhece a
morte, pois
ressuscita. Cristo
e o novo reino.
Lenda
fransciscana
Francisco de
Assis
Visão
compartilhada
pelos frades que
dormiam e os
que estavam
acordados.
Fogo, Sol e
Carro
Francisco de
Assis em
chamas e um
carro de fogo.
Viagem do
espírito. É
nomeado como
o novo Elias
escolhido para
liderar o povo de
Deus.
Em se tratando especificamente da imagem na Capela, foco deste artigo, há dois
caminhos possíveis para identificar quem é realmente este homem: se é Elias ou São
Francisco.
A dúvida quanto à imagem (Figura 04) se é Francisco ou Elias é citada por
Oliveira (2003):
Nesse sentido, o teto da Casa de oração da Ordem Terceira dos
Franciscanos é dos mais problemáticos, pelo caráter fantástico da
representação central. Alguns autores creem que o medalhão traz o
profeta Elias sendo arrebatado aos céus num carro de fogo,
reproduzindo a cena bíblica (Barbosa, 1953: 51; Burirv, 1988: 95;
Rodrigues, 1990: 131). Outros, no entanto, veem ali São Francisco
num momento de glória mística, defendendo a palavra de Deus
(Nóbrega, 1974: 95,129; Burity, 1988: 95; Rodrigues, 1990: 131)
(OLIVEIRA, 2003, p. 84).
Contudo, optamos acreditar que trata-se de Francisco de Assis. Aparentemente
remete-se à Glorificação de São Francisco, lembrando também a pintura da Praça de
São Francisco (São Paulo), datada do século XVII, em que tem-se essa narrativa.
Possivelmente a intenção do artista não era substituir Elias por Francisco de Assis, e sim
perpetuar a tradição desta pintura na arte barroca brasileira, dotado de significados
extremamente importantes referentes ao transcender na vida terrena do homem, bem
como pode ter relação com uma lenda23
franciscana que trataremos de explicar. Não
23
A lenda, nas palavras de Jean-Pierre Bayard no livro História das Lendas é o desdobramento
dos mitos que ―se reproduzem em países diferentes e muito longínquos: essa concepção
nos leva a uma nova interpretação […] Cada lenda podia ter uma explicação mística no
plano de analogias e correspondências‖ (s/d, p. 09) A origem do termo ―provém do baixo latim
legenda, que significa ‗o que deve ser lido‘. No princípio, as lendas constituíam uma compilação da vida
20
podemos deixar de mencionar como obtivemos essa informação, que garantiu-nos outro
olhar para esta pintura. Durante a peregrinação ao CCSF como parte da programação do
I Seminário Patrimônio Histórico e Ação Cultural, realizado no dia 24 de novembro de
2017, o Padre Ernando Teixeira de Carvalho, convidado para comandar esta atividade,
contou-nos acerca desta lenda e de seu possível vínculo com a pintura naquele recinto.
Tratou de evidenciar antes, a ligação entre Elias, Cristo e Francisco: ―Elias, do hebraico,
significa condutor. Cristo é o novo Elias, o condutor de um novo povo. Na igreja de seu
tempo, São Francisco é condutor do povo também!‖, falou o padre. Ainda, ressaltou que
a representação ―de Elias é junto com Eliseu em um carro de fogo. Ele solta seu manto
para Eliseu. A diferença é que nessa história, há um carro de fogo. Aqui, São Francisco
está em chamas!‖, o que muito reforça um caminho de que esta pintura pode estar
retratando esta lenda franciscana. O padre explicou que algumas das artes eram
aprovadas pelos membros pertencentes da Primeira Ordem, que autorizava tal fazer
artístico ser reproduzido naquele espaço.
Assim também esclareceu o Padre Ernando sobre como procede à descoberta
desta narrativa, ainda oculta por muito tempo e que traz mais detalhes do lado místico e
transcendental de Francisco de Assis:
No século XIX, alguns frades começaram a buscar documentos. Eles
resgataram uma história interessante: Quando São Francisco ainda
estava vivo, em uma noite, os frades franciscanos viram São Francisco
girando em um carro de fogo (ou girando em chamas). Há registros
dessa lenda. São Boaventura atribuiu uma interpretação para tal visão:
aqueles que estavam com São Francisco eram iluminados,
transparentes, claros uns com os outros.
De acordo com o que é dito, a luz verdadeira da aplicabilidade da fé cristã,
exemplo fiel do que Cristo ensinou, estaria sob aqueles que seguiam seus passos, ou
seja, os membros da comunidade franciscana. Lembramos que este relato liga-se aos
símbolos carro e fogo, presentes na narrativa do profeta Elias. Baseado no livro
dos santos, dos mártires (Voragine); eram lidas nos refeitórios dos conventos. Com o tempo ingressaram
na vida profana; essas narrações populares, baseadas emfatos históricos precisos, não tardarama evoluir
e embelezar-se. Atualmente, a lenda, transformada pela tradição, é o produto incons ciente da imaginação
popular‖ (Bayard, s/d, p. 10). A relação que as lendas tem com o mito pode ser explicada na proposta de
Bayard: são categorias que se mesclam com a intencionalidade de apresentar um mundo ou ―sentido
profano, sacro ou iniciático‖ (Bayard, s/d, p. 11). E por fim, Bayard chama nossa atenção para o fato que
―a lenda, mais verdadeira do que a história, é um precioso documento: ela exara a vida do povo,
comunica-lhe um ardor de sentimentos que nos comove mais do que a rigidez cronológica de fatos
consignados‖ (s/d, p. 08 e 09).
21
Biografias III- S. Boaventura, temos detalhes deste fato que ocorreu na própria cidade
de Assis, em uma dia que Francisco preparava-se para pregar:
Era [...] meia-noite. Alguns Irmãos já dormiam; outros ainda
continuavam em oração. Então, eis que um carro de fogo dum
maravilhoso esplendor, encimado por um globo resplandecente como
o Sol, entrou pela porta e deu três voltas pela casa, iluminando toda a
escuridão. Os que estavam acordados ficaram assombrados; os que já
dormiam acordaram aterrorizados. Esta claridade iluminou-lhes mais
o espírito do que o corpo, porquanto todos unanimemente
compreenderam [...] que era o santo Pai, ausente de corpo, mas
presente em espírito, que lhes aparecia sob essa imagem, todo
resplandecente e abrasado de amor; e que o Senhor lhes queria
mostrar, nesse carro de fogo cintilante, que eles, como verdadeiros
Israelitas, seguiam o novo Elias que Deus escolhera para carro e
condutor de homens guiados pelo Espírito (____________. Biografias
III, s/d, p. 35).
Pelo o que entendemos da citação acima, mais uma prova da escolha de
Francisco para dar continuidade ao legado de Elias e Cristo, mensageiros das boas
novas do Deus cristão; uma visão como esta, da qual o próprio Deus em fogo vivo
anuncia que o novo Elias é Francisco, e, portanto, todos devem seguir seus passos.
Celano (s/d) também complementa sobre esse acontecimento no livro Primeira vida de
São Francisco.
Ainda tomando como guia as palavras do Padre Ernando, este diz que:
São Francisco é chamado de ―O Outro Cristo‖ por causa de vários
acontecimentos semelhantes à vida De Cristo. No século XVIII se
desenvolveu pinturas e histórias que relacionam Cristo e São
Francisco, por causa das Chagas, do nascimento, da quantidade de
apóstolos e o paralelo com os franciscanos, a história da deposição das
vestes de Cristo e a deposição das vestes de Francisco ao se entregar
para a pobreza.
Elias, Cristo e Francisco são os condutores do povo de Deus da igreja como
templo divino. A razão desta arte barroca dar ênfase a tal imagem, pode está relacionada
com questões que envolvem os conflitos, tais como o humano x divino, corpo x espírito,
material x espiritual, vida x morte, Terra x Céu, profano x divino, trevas x luz, que
dizem respeito a esse homem barroco, e mais do que isso, ao homem de hoje, que
encontra-se ainda mais envolto em dúvidas e divisões duelantes.
Falando especificamente da carruagem de fogo, buscamos compreender a sua
simbologia em alguns dicionários e relacionar com as teias de significados deste
símbolo na referida pintura.
22
Sabemos que desde as antigas civilizações, o fogo era sinal da manifestação do
sagrado, de uma divindade que se fazia presente, fonte de adoração dos povos,
vinculando este fogo ao Sol, como também expressão do divino (PERNETY, 1993). Já
Brevi, traz em sua abordagem, versículos bíblicos que aproximam Deus (criador e
divindade do cristianismo) ao elemento fogo, como manifestação de sua presença, um
sinal que também pode indicar graça ou fúria:
O fogo é símbolo da majestade e da força divina (Dt 4,24; Is 33,14; Sf
1,18). Deus apareceu a Moisés na sarça ardente (Ex 3,2), manifestou-
se como fogo no Sinai (19,18). O fogo purifica e limpa o impuro (Lv
1,9; 10,2; Nm 11,1-3; Is 1,25; 6,7; Mt 7,19; 13,40-42; Jo 15,6). Por
isso a ira divina é representada pelo fogo que pune os maus (Gn
19,24s; Sl 50,3; Mc 9,49). Jesus compara a punição definitiva dos
maus com o fogo que não se apaga (Mt 18,8; 25,41); mas também a
virtude renovadora do Espírito Santo é um ―batismo de fogo"(Mt 3,11;
At 2,3) (s/d, p. 43).
Por exemplo, nas igrejas católicas, há luzes que permanecem acessas às 24 horas
do dia, em lugares específicos de adoração, representando a presença de Deus naquele
recinto, como fogo criador, como chama acessa, como a luz do mundo, na visão dos
praticantes desta religião. Muitas narrativas bíblicas marcam a presença de Deus ou de
seus mensageiros enviados, por meio de sinais de fogo, como vimos na citação acima.
―A imagem de um anjo do Senhor aparecendo para Moisés em um arbusto que está em
chamas ilustra a crença hebraica de que o fogo significa a verdadeira comunicação de
Deus‖ (O‘CONNELL; AIREY, 2011, p. 201). Também acrescentamos que o fogo pode
ser um ―símbolo poderoso de renovação e batismo, queimando os pecados para deixar
somente a verdade de Deus. No Cristianismo, as velas são lembretes da presença de
Deus e representam a esperança e a vida‖ (O‘CONNELL; AIREY, 2011, p. 201).
Na pintura, o fogo é a representação da chama que nunca deixa-se extinguir, do
espírito em glória, radiante de felicidade por ir à casa do Pai e marca uma forma divina
a acompanhar o homem iluminado pela luz da verdade, que é Deus, baseando-se em
uma visão cristã.
Sobre a questão do transporte ao divino, representado na figura de um carro (em
chamas ou não) puxado por cavalos (ou não), Cirlot, por um viés da psicologia, analisa
a questão do carro e seu significado:
O motorista representa o eu da psicologia junguiana; o carro, o corpo
e também o pensamento em sua parte transitória e relativa para as
coisas terrestres; os cavalos são as forças vitais; as rédeas, a
23
inteligência e a vontade24
[...] A carruagem do sol ou do fogo, [...] é
um arquétipo25
tão poderoso que entra na maioria das mitologias do
mundo26
(CIRLOT, 1992, p. 18 e 19) (tradução nossa).
Nas próprias associações aos personagens cristãos que contribuíram para levar
ao mundo as palavras de Deus, um dos biógrafos de Francisco, o Frade Boaventura, o
compara a Cristo e a Elias. Sobre o primeiro, ele deixa bastante claro que Francisco é:
[...] Um precursor de Cristo, não um substituto deste. Não é a luz, mas
a testemunha da luz [...] É um serafim, cheio de espírito profético e de
amor ardente, arrebatado ao céu num carro de fogo [...] Cumulado
desde o berço com dons extraordinários, enriquecido depois com
méritos provenientes da sua inquebrantável virtude, e ainda repleto do
espírito que animou os profetas, destinado a uma missão angélica e
por isso abrasado de amor seráfico, arrebatado ao alto num carro de
fogo depois de subir todos os degraus da santidade, Francisco também
veio a este mundo com o espírito e o poder de Elias – toda a sua vida
o demonstra à evidência (____________. Biografias III, s/d, p. 03 e
08).
Como continuador de uma luz que não se apaga, Francisco:
[...] Encaminhou para a luz os que viviam nas trevas e nas sombras da
morte; ou como um arco-íris engalanando as nuvens e testemunhando
a aliança do Senhor, anunciou aos homens a boa nova da paz e da
salvação, ele que, como arauto da verdadeira paz, foi por Deus
chamado, à imitação do Precursor, a preparar no deserto deste mundo
o caminho da altíssima pobreza e a pregar a penitência tanto pelo
exemplo como pela palavra (____________. Biografias III, s/d, p. 07
e 08).
A igreja, no tempo barroco, seria essa grande carruagem de fogo transportando
os seus tripulantes para vivências e momentos com o divino. Quando falamos também
de igreja, em sentido de templo do divino, esta pode representar o coração humano, que
serve de morada para os bons ensinamentos, e mais do que isso, para a vivência
compartilhada do verdadeiro Cristo, na perspectiva do crente cristão. Como símbolo, a
carruagem pode indicar transporte de deuses/divindades, registrado ao longo da história
das mais diversas tradições. Segundo O‘Connell e Airey, trata-se de ―um símbolo
24
Tradução nossa. Segue original: Una de las principales analogías simbólicas de la tradición universal es
la del carro en relación con el ser hum ano. El conductor representa el sí m ismo de la psicología
junguiana; el carro, el cuerpo y tam bién el pensamiento en su parte transitoria y relativa a las cosas
terrestres.
25
Para a visão de Jung, arquétipos ―são antes de mais nada manifestações da essência da alma [...] O
homem primitivo não se interessa pelas explicações objetivas do óbvio [...] Todos os acontecimentos
mitologizados da natureza, [...] são [...] expressões simbólicas do drama interno e inconsciente da alma,
que a consciência humana consegue apreender através de projeção - isto é, espelhadas nos fenômenos da
natureza‖ (2000, p. 18). Arquétipos são vistos como símbolos.
26
Tradução nossa. Segue original: El carro del sol o de fuego, según Loeffler, es un arquetipo tan
poderoso que entra en la mayoría de mitologías del mundo.
24
dinâmico de autoridade espiritual e de superioridade dos deuses e dos heróis‖ (2011, p.
217).
Essa carruagem é o transporte direto à casa do Deus Pai do Cristianismo: é o
próprio processo de transição da morte do corpo material e de sofrimentos através de
uma nova vida, oriunda da morte, o espírito elevado, a glorificação, de acordo com o
que podemos perceber na pintura.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentar a vida do profeta Elias, Cristo e São Francisco de Assis como
exemplos de homens de fé e de comunhão verdadeira com a humanidade, o amor e o
bem, segundo a visão cristã, foi uma estratégia de procurar por meio de pontos
específicos de suas vidas (narrativas) elos de aproximação, investigando a questão
específica de condutores do povo, a simbologia do fogo e de uma carruagem.
Compreendemos um caminho na pintura apresentada, como evocação de uma
lenda fransciscana de uma visão que traz São Francisco rodeado por fogo e um carro,
que possivelmente poderia estar representada nesta pintura, e realizamos debates
conforme fontes e a interpretação dos símbolos ali expressos.
Há nítidos temas barrocos que enfatizam no homem a necessidade de buscar na
fé, o refúgio do mundo mundano e de suas enganações. Este homem quer respostas para
este constante dualismo de sua alma, que anseia por libertação. A arte barroca capta nos
seus receptores, o sentimento, cativando-os, despertando-lhes a curiosidade e a
necessidade incansável por um sentido que esteja tão próximo da vivência daquele ser.
Notamos por meio da análise da pintura de São Francisco de Assis, na Capela
pertencente ao Complexo Cultural São Francisco, o valor que a mesma possui, a sua
mensagem. Vimos, por meio da estética e da semiótica, como a arte barroca
representada é vista como uma tradução de uma lenda franciscana que ressurge de uma
memória ou consciência religiosa, dotada de intencionalidades, dentre elas, acolher o
homem em conflito e mostrar-lhe o caminho para o divino, a partir do sofrimento,
renúncia, respeito, amor e caridade na figura de Francisco de Assis, o Novo Cristo.
Arte, mundo e sujeito dialogam, são compartilhados e reconfigurados de acordo
com a visão que o sujeito/receptor de tal arte irá escolher para dar-lhe o significado mais
25
próximo dos contextos de vivências, aprendizados e sentidos de mundo construídos por
este sujeito.
Discutimos que nesta perspectiva estética-semiótica, o destinatário final de tal
arte também é responsável por sua tradução, cujos mecanismos, interpretativos estão em
cada contorno da referida pintura. Neste sentido, a estética e a religião, especialmente
como ponto de partida para a proposta de análise em questão, reproduz para o homem
religioso ou não, algum sentido de mundo, que cabe a cada um, como apreciador e
tradutor, a responsabilidade de atribui-lhe um significado de acordo com o contexto de
inserção da arte em um espaço-tempo-história e o que o sujeito busca no interior de seu
pensamento e sentimento, aquele significado mais próximo da compreensão daquela
arte.
REFERÊNCIAS
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<https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/1>. Acesso em: 12 dez 2017.
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possível? Site Bíblia, 2012. Disponível em: <http://biblia.com.br/perguntas-
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26
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Acessado em: 18 out 2017.
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(https://worldchallenge.org), 2000. Disponível em:
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Análise da narrativa de São Francisco na Capela de João Pessoa

  • 1. 1 CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS NO TETO DA CAPELA HOMÔNIMA NO COMPLEXO CULTURAL SÃO FRANCISCO (CCSF) EM JOÃO PESSOA Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha1 RESUMO Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas; São Francisco de Assis; Carruagem; Fogo; Arte Barroca. INTRODUÇÃO O Complexo Cultural São Francisco (CCSF), espaço este, rico da arte barroca e patrimônio da Paraíba ―é composto pelo Cruzeiro, adro da Igreja de Santo Antonio, convento, Capela da Ordem Terceira, horto e Fonte de Santo Antonio‖ (GANEM; PEREGRINO, s/d, s/p). Também constitui-se um ―patrimônio da Arquidiocese da Paraíba‖ (________. De convento a Centro Cultural, s/d, s/p), além de ser uma entidade ―cultural criada em 06 de março de 1990‖ (idem). Destacamos a Capela de São Francisco, local em que se encontra a pintura, que é objeto de nossa análise. Contudo, antes dessa etapa, pretendemos conhecer um pouco da história de Francisco de Assis, patrono da ecologia e um dos exemplos mais próximos de uma vida tal qual o messias bíblico, Jesus Cristo, ensinou. Tanto Cristo como Francisco são pertencentes ao mundo do cristianismo. Para o pesquisador Goff: 1 Mestra em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba- UFPB. Bacharel emJornalismo pela Universidade Federal do Ceará- UFC. Licenciada em Letras pela Universidade Regional do Cariri- URCA. E-mail: franciscaraquel29@hotmail.com.
  • 2. 2 Francisco desempenhou um papel decisivo no impulso das novas ordens mendicantes difundindo um apostolado voltado para a nova sociedade cristã, e enriqueceu a espiritualidade com uma dimensão ecológica que fez dele o criador de um sentimento medieval da natureza expresso na religião, na literatura e na arte. Modelo de um novo tipo de santidade centrado sobre o Cristo a ponto de se identificar com ele como o primeiro homem a receber os estigmas, Francisco foi uma das personagens mais impressionantes de seu tempo e, até hoje, da história medieval (GOFF, 2011, p. 09). Procuramos também trazer para o debate, um pouco da vida e dos ensinamentos do profeta Elias e do messias Jesus Cristo, para que possamos entender de que forma Francisco de Assis se aproxima destes personagens, em seu devido espaço-tempo. Indagamos ainda, quais os significados existentes nesse símbolo da carruagem de fogo e no homem místico-religioso Francisco de Assis. Veremos as aproximações, intencionalidades e significados, a partir do artista anônimo (o que se diz sobre ele), de quem vislumbra a arte, ou seja, o olhar do público e da própria arte como consciência religiosa, por meio das discussões de estética e da semiótica para compreender esta transposição ou tradução de narrativas. A ponte deste tema com século XXI é justamente discutir sobre o despertar de consciência para a arte em si, sua valorização, preservação e ademais, bem como reflete discussões sobre a arte e o significado social/histórico/patrimonial gerado pela mesma, no intuito de despertar novas pesquisas sobre o tema e contribuir para o leque de possibilidades interpretativas sobre o objeto deste estudo, a referida pintura já mencionada. 1 A ABORDAGEM METODOLÓGICA Discutimos nessa primeira parte, os caminhos optados para a busca de um viés interpretativo de uma determinada arte barroca: a pintura no teto da Capela de São Francisco. O que se procura investigar deve estar ancorado em uma metodologia, que aponte perspectivas de como melhor podemos indicar uma interpretação sobre dado acontecimento expresso na arte. Perguntamo-nos o que seria essa arte: seu conceito, valor, pretensão, mensagem, etapa, e ademais. É pela estética2 , especialmente entendendo-a como uma tradução3 2 ―A estética é uma reflexão sobre um campo de objectos dominado pelos termos «belo», «sensível» e «arte»‖ (Hugon, 2009, p. 08).
  • 3. 3 criativa que evoca um olhar semiótico4 , a princípio, que teremos uma luz quanto a estes questionamentos, visando entender também como essa arte é recepcionada, recebida, compartilhada, reconfigurada, retransmitida. Por este caminho, ―[...] a arte [...] é, então, [...] uma atividade que recupera [...] a experiência sensível como forma de abertura à receptividade‖ (TAVARES, 2003, p. 03). Ela é uma consciência interna exteriorizada por um determinado artista (e pelo público), um individual-coletivo-captativo. Cândido afirma que: A arte é social nos dois sentidos: depende de uma ação de fatores do meio, que se exprimem na obra em graus diversos de sublimação-, e produz sobre os indivíduos um efeito prático, modificando a sua conduta e concepção de mundo ou reforçando neles os sentimentos dos valores sociais (2006, p. 30). Essa recorrente relação da arte e consciência5 acontece desde: [...] O ano 40.000 a.C, durante o Paleolítico Superior [...] Os seres humanos realizavam suas primeiras incursões artísticas como, por exemplo, as pinturas rupestres. Essas formas de expressão estão diretamente associadas ao desenvolvimento da consciência humana. Arte e religiosidade estavam então intimamente ligadas. Muitos mitos e crenças se desenvolveram a partir dessa época e foram visualmente representadas (MIKOSZ, s/d, p. 01). Sobre esta questão arte-mundo-sujeito, temos os vários signos6 , ou seja, formas de representar um dado objeto, mundo, pensamento, sentimento, linguagem que serão desenvolvidas como um ato de entendimento, revelação, discussão e conhecimento do próprio homem e do espaço em que ele habita, de sua vida, expresso, por exemplo, nas mais variadas configurações da arte. Apoiamo-nos em Tavares, quando se refere à arte 3 Segundo Oliveira, a ―obra de arte é, simultaneamente, uma realidade única e tradução de outras‖ (2012, p. 54). A tradução tem como foco ―interpretar o mundo com outros olhos‖ (PLAZA, 2003, p. 142), a partir de um signo original transmutado no que se intenta representar. 4 ―Ciência dos signos [...], mas signo, linguagem; a Semiótica é a ciência geral de todas as linguagens‖ (SANTAELLA, 1988, p. 01). Linguagens verbais e não verbais constituem o objeto semiótico, sua ciência-guia. 5 Mikosz cita dois tipos de consciência, mesmo reconhecendo que é uma tarefa bastante desafiadora tentar conceituá-la: ―a consciência comum do dia-a-dia, que vai, resumidamente, desde o estado de vigília, passa por estágios como o hipnagógico, o dos sonhos, até o do sono profundo inconsciente. Porém, há também um tipo especial, diferenciado ou não ordinário de consciência, muitas vezes associado a certos estados místicos ou transcendentais‖ (MIKOSZ, s/d, p. 01). Citando Bucke (1996), Mikosz apresenta três tipos: o primeiro, ligado a um estágio simplório da consciência; o segundo, a autoconsciência, que não pode deixar de atuar sem uma linguagem; e o terceiro, uma consciência cósmica (apud MIKOSZ, s/d, p. 02). 6 ―Um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente‖ (SANTAELLA, 1988, p. 12). Na forma verbal ou não verbal, o signo atua como uma linguagem para ver o mundo com novos olhares (SANTAELLA, 1988).
  • 4. 4 como tradução criativa, dentro de um processo estético-semiótico, do qual o receptor de tal arte é sujeito atuante dessa tradução: Admitida não como uma tradução literal, esta espécie de leitura criativa, a princípio, igualaria o autor e o receptor pela mesma competência e desempenho para a linguagem, estabelecendo o princípio que alicerça e embasa os pressupostos relativos à noção de recriação (TAVARES, 2003, p. 06). Interpretar a arte é lê-la através de uma teia de significados e códigos individuais: cada um encontrará uma identificação, um sentido, algo que despertou a sua atenção, e que assim, tornar-se importante vislumbrar e procurar compreendê-la por mais um instante. ―A leitura como tradução torna [...] manifesto um processo semiótico em que não se visa captar no original um consenso, um restrito significado, mas sim evidência, uma leitura que se nutre de conflitos e ambiguidades‖ (TAVARES, 2003, p. 07). Assim como o mundo e o homem, a arte é esse espaço de conflitos e dualismos, que anseia por um lugar de pertencimento no coração do homem. ―Como tradutor, o papel do leitor se estabelece na dialética entre a dificuldade e o prazer de empreender o ato de recriação‖ (TAVARES, 2003, p. 07). Neste tocante, podemos dizer que em certos momentos, especialmente aqueles que dizem respeito à arte barroca, a estética e a religião comungam de um resultado em comum: a produção de arte para um sentido de mundo e de homem: [...] A experiência estética pode ser uma experiência do sagrado [...] A experiência religiosa e experiência estética são complexos processos psicológicos que envolvem os sentidos, a cognição e o afeto e dizem respeito à imediata apreensão respectivamente do objeto religioso e do objeto belo, em particular na obra de arte. Tem-se discutido se, especialmente entre as pessoas cultas, a experiência religiosa pode ser substituída pela experiência estética (PAIVA et al, 2004, p. 223). Quem aprecia a arte barroca é convidada a passear por dimensões e experiências daquela religiosidade expressa, em contraste com outros mundos que nela reside. Esses mundos podem ser revelados pelo próprio indivíduo, em contato com a arte, a história da mesma dentro daquele espaço, no tempo registrado, de acordo com o desenrolar dos acontecimentos que dizem respeito ao passado da cidade e do patrimônio em que esta arte encontra-se inserida, e ademais: A produção e recepção da obra de arte por envolver [...] a pessoa inteira, sentidos, cognições, emoções, é capaz de [...] colocá-la em êxtase, isto é, fora de si, menos possuidora da obra do que possuída por ela, tal como se diz da experiência religiosa intensa (PAIVA et al, 2004, p. 223).
  • 5. 5 Não estamos dizendo que toda a arte tem um aspecto de religiosidade, de sagrado, mas, em se tratando da arte barroca, como veremos a seguir, esta tem como pretensão este estabelecimento de vínculo de contrastes entre o mundo divino e o mundo mundano, em uma insistência de experiências de fé e transcendência que podem funcionar como baluarte para a confusa mente do homem barroco, que mesmo fora do contexto da época de seu desenvolvimento, ainda nos desperta fascínio e curiosidade, independente do que acreditamos ou não: Discutindo a experiência estética e a experiência religiosa, Arnheim (1987) insiste na importância da primeira para a segunda, enquanto o conteúdo espiritual da religião é corporificado, ou seja, trazido à condição da existência física, pela arte [...] Arnheim traz à discussão as relações entre arte religiosa e realidade, as várias espécies de verdade estética (icônica, histórica e universal), o tema ou assunto religioso (apud7 PAIVA et al, 2004, p. 224). É a partir de tudo que foi exposto, que pretendemos analisar e procurar o enigma ou inquietação do significado da transposição e tradução de narrativas na imagem de São Francisco e que se relacionam ao messias Cristo e ao profeta Elias, tomando como ponto de discussão os próprios personagens e suas respectivas vidas, bem como os símbolos carruagem e fogo. Contudo, já que estamos falando de arte, como esta se manifesta no Barroco8 ? Este movimento artístico (literatura, arquitetura, pintura, música, etc) ―se estende do fim do século XVI até a metade do século XVIII‖ (CADEMARTORI, 1987, p. 25) e procura reaproximar o homem da religião e do divino, bem como é contrário ao que era pregado no Renascimento. Nas palavras de Cademartori: As peculiaridades do estilo barroco vinculam-se à ideologia da Contra-Reforma e do Concílio de Trento. O Renascimento foi uma reação contra a ideologia da civilização medieval somada à revalorização da Antiguidade Clássica, o que significou uma afirmação do racionalismo e da concepção pagã e humanista do mundo. O Barroco é uma contra-reação a essa tendência, uma tentativa de retorno à tradição cristã (CADEMARTORI, 1987, p. 27 e 28). 7 O apud em questão foi em razão de tal obra não ter sido localizada emmeios digitais e impressos para a consulta e optamos por manter as traduções do pensamento de Arnheimpor Paiva et al. Arnheim, R. (1987). Aesthetics: Visual aesthetics. Em M. Eliade (Org.), The Encyclopaedia of Religion. (Vol.1, pp. 47-51). New York, NY: Macmillan. 8 ―A denominação ‗Barroco‘ [...] surgiu no século seguinte, para denominar fenômenos de arte considerados, pelos classicistas de então, confusos e extravagantes. A etimologia da palavra ‗barroco‘ é controvertida; todas as hipóteses [...] apresentam a conotação de algo pejorativo e irregular, sendo o Barroco visto como uma degenerescência da arte renascentista [...] A reformulação desse conceito e a consequente valoração da arte barroca foram feitas por Heinrich Wölfflin [...] A partir da teoria wölffliniana, o Barroco passa a ser visto como um desenvolvimento, e não como uma degenerescência, do Classicismo‖ (CADEMARTORI, 1987, p. 25 e 26).
  • 6. 6 Os princípios de dualidade da arte barroca e deste homem estão nas raízes de sua criação: o mundo cristão versus o pagão, a razão e o coração, o mundo divino e o mundo profano, o bem e o mal. Parece-nos que este é o momento em que o: Homem busca a conciliação do espiritualismo medieval com o humanismo posto em voga pelos renascentistas. A tentativa de conciliar essas tendências provocou a tensão, tão peculiar ao estilo, e as contradições próprias a uma tendência que ora festeja a razão, ora a fé; ora o sensorial, ora o espiritual [...] O [...] homem barroco [...] tem a saudade de uma religiosidade de outra época, induzida pela Contra- Reforma, com o objetivo de despertar nele ânsias de eternidade, num momento histórico em que já não lhe era possível negar os valores mundanos e desconhecer as solicitações terrenas. A atração por polos opostos constitui o dualismo de uma época que encontra expressão na irregularidade e na intranquilidade do estilo barroco, onde convivem tensamente o ascetismo e o erotismo, a religiosidade e a mundaneidade (CADEMARTORI, 1987, p. 27 e 28). Mesmo abrindo mão de certos valores, é inegável a permanência deles de forma reconfigurada na arte barroca, como nos afirma Ernani e Nicola: que a pretensão de tal movimento era também de ―unir valores medievais [...] aos valores da cultura greco- latina (Renascimento)‖ (2002, p. 230), ou seja, este sujeito barroco está dividido ―entre santos católicos e deuses pagãos, matéria e espírito, pecado e perdão‖ (ERNANI; NICOLA, 2002, p. 230). No próximo ponto iremos descobrir mais a respeito dos personagens Elias, Jesus Cristo e Francisco de Assis, homens estes pertencentes às narrativas do mundo cristão e que serão de sua importância conhecer o contexto de inserção, atuação e de representação na arte barroca. 2 HISTÓRIA DOS PERSONAGENS PROFETA ELIAS, JESUS CRISTO E SÃO FRANCISCO Elias9 é um profeta bíblico do antigo Testamento pertencente ao Segundo Livro de Reis. Mais especificamente na passagem 2Reis 2:11, é que teremos a sua aparição no 9 Contudo, nos atentemos a entender um pouco de sua vida, antes desse arrebatamento aos céus semter experimentado a morte. Mesmo sendo um homem que pregava o Deus único do Antigo Testamento, a coragem e a fé deste profeta, segundo as narraivas, deu lugar também ao medo, dúvida e depressão (ver em 1Rs 19, 1-21). Sobre a fase de coragem, Elias lutava para que no reino de Israel fosse restabelecida a adoração ao Deus único dos antigos profetas, ou seja, de seus antepassados. Contudo, o rei Acabe acaba sucumbindo à proposta da rainha Jezabel de adorar os deuses Baal e Asherah, que detinham seus santuários, sacerdotes e ademais. Vale salientar que Baal ―era o deus do sol, [...] cujo centro de adoração era a Fenícia, donde se irradiou para os países vizinhos [...] O culto de Baal quase suplantou o de Jeová. A luta de vida e morte entre as duas religiões aconteceu no alto do monte Carmelo, quando o profeta Elias enfrentou os profetas de Baal, que nessa ocasião foramtodos mortos, mas embreve ressurgiramde novo,
  • 7. 7 transporte divino da carruagem de fogo10 . Em um momento que lutava contra o culto de certos deuses que ocupavam o lugar de Yahweh, o Deus de seus antepassados, o mesmo ao matar vários sacerdotes da rainha Jezabel, acaba sendo perseguido e teme por sua vida. Mais do que isso: parece, no seu entendimento, que a missão de servir e espalhar a verdade do Deus único havia falhado. Portanto, Elias estava sem forças até para querer viver. Essa corresponde à segunda fase da vida deste profeta11 , marcada pelo desespero e pelo pedido de morrer. No monte Horeb, Elias (Figura 01) tem a certeza de que deve continuar em sua jornada levando a fé em Javé e não deixar-se abater por tais medos e sentimentos negativos, e sim, fortalecer-se em sua crença, segundo as narrativas bíblicas. Contudo, o evento principal evento que queremos pontuar, é o que marcou o final de sua vida humana: a ascensão aos céus, ou seja, ir ao encontro de Deus sem morrer, sendo até que Jéu fez nova matança deles‖ (DAVIS, s/d, p. 67). Asherah também foi uma importante deusa naquela época, bastante cultuada. Evidências a seu respeito estão ―textos cuneiformes babilônicos (1830- 1531 a.E.C) e nas cartas de El Armana (século XIV a.E.C). Para o pesquisador Ruth Hestrin, informações importantes sobre Asherah vêm dos textos ugaríticos de Ras Shamra (Costa Mediterrânea da Síria). Nestes textos, Asherah é chamada de Atirat, consorte de El, principal Deus do panteão cananeu no II milênio a.E.C‖ (CORDEIRO, 2007, p. 06). Nas referências bíblicas, Asherah ―é mencionada cerca de 40 vezes [...], de três formas diferentes: ora como uma imagem que representa a própria Deusa, ora como uma árvore ou como um tronco de árvore, que a simboliza‖ (HESTRIN, apud CORDEIRO, 2007, p. 12). Nenhuma outra divindade poderia ser equiparada a Yahweh e assim, os outros deuses começaram a ser vinculados ao mal e seus adoradores perseguidos. Especialmente é essa a tensão que tambémvemocorrer com Asherah e Baal. É dito que Elias matou vários sacerdotes dos ídolos, deixando a rainha Jezabel enfurecida, que passa a caçá-lo. É em 1Rs 19,1-21, que temos a confirmação dessa história: ―1 E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como totalmente matara todos os profetas à espada./ 2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles./ 3 O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo./ 4 Ele, porém, foi ao deserto, caminhou por um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais (1 Reis 19:1-4) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/19). 10 Não podemos esquecerde mencionar, mesmo não sendo foco de nosso estudo,de que no texto apócrifo Livro de Enoque, o autor deste livro, Enoque, tambémé elevado aos céus semconhecer a morte, por meio de um veículo em chamas. No céu, conheceu a face de Deus, os segredos do mundo e passou determinado espaço de tempo, escrevendo os livros que foram repassados para seus filhos,antes de Enoque novamente desaparecer. O livro de Enoque antes da Vulgata (por volta dos anos 400) era considerado pelos primeiros cristãos como um livro de ensinamentos a ser utilizado e difundido. Mas depois da Vulgata, tornou -se um livro apócrifo. Enoque teve o privilégio de ter sido levado pelos anjos do Senhor ou as Sentinelas, aos 10 céus, onde pode ter acesso as visões relacionadas ao destino da humanidade e de tantos segredos que supostamente, ao mesmo tempo que separa, une o céu e a Terra. Enoque viu o paraíso dos justos, o castigo dos injustos, e viu face a face o ser supremo deste universo: Deus. Enoque presenciou as fases da vida e os eventos do tempo: o nascer, o crescer e o morrer. Mas nem tudo foram flores: Enoque sentiu o horror pelo qual assolaria a humanidade através do apocalipse e do temido julgamento final. 11 Vitório diz que ―tem-se a impressão de ter fracassado os esforços para ter emfrente à disseminação da idolatria em Israel. A fuga desponta como a única saída. É como se estivesse fugindo da luta. Javé, porém, o faz tomar o caminho de volta, para o ‗lugar‘ de onde não deveria ter saído [...] O lutador incansável pela causa de Javé perde a motivação para a luta [...] É melhor morrer do que ver o baalismo suplantar a fé dos pais (antepassados de Elias)‖ (2010, p. 35 e 37).
  • 8. 8 arrebatado por cavalos e uma carruagem de fogo, e este é um acontecimento importante na narrativa deste profeta bíblico (VITÓRIO, 2010). Figura 01: Elias na carruagem de fogo deixando seu manto para Eliseu. Livro: A Vida de Elias (capa), 2002. Além dos filhos, o futuro profeta Eliseu (que daria continuidade aos ensinamentos de Javé) também presenciou tal arrebatamento: 8 Então Elias tomou a sua capa e a dobrou, e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos (Elias e Eliseu) em seco [...] 11 [...] E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. 12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes. 13 Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se, parou à margem do Jordão. 14 E tomou a capa de Elias, que dele caíra, e feriu as águas, e disse: Onde está o Senhor Deus de Elias? Quando feriu as águas elas se dividiram de um ao outro lado; e Eliseu passou. 15 Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram- lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra [...] (2 Reis 2:8-15) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/2rs/2). Para Getz, ―Deus honrou Elias ao levá-lo para o céu sem que ele experimentasse a morte e depois permitiu que ele aparecesse ao lado de Jesus no monte da transfiguração‖ (2003, p. 12). Já nas palavras de Wilkerson: Segundo Reis, no capítulo 2 contém uma das passagens mais espetaculares de todo o Velho Testamento. Este capítulo descreve a milagrosa história do já idoso profeta Elias e do seu servo Eliseu. Ao
  • 9. 9 chegarmos à história, Deus informa Elias que seu ministério na terra acabara. Ele deve agora atravessar o rio Jordão e se dirigir a um certo lugar, onde uma carruagem celestial o levaria, transladando-o para a glória [...] Enquanto iam caminhando, subitamente uma carruagem surgiu do céu e os separou. Num instante, Elias foi levado pelo carro - e Eliseu testemunhou toda a cena. Ele clamou: ―Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, tomando as suas vestes, rasgou-as em duas partes‖ (verso 12) (2000, p. 01). Dando continuidade ao estudo, a próxima narrativa a ser estudada é a de Jesus Cristo (Figura 02). Este foi o messias, profeta hebraico e filho da divindade denominada Deus-Criador do mundo e dos homens, ―nascido (4 a.C e 6 d.C) na Palestina, em Belém na Judéia [...] Nazaré, na Galileia‖ (FILORAMO, 2012, p. 62) . Figura 02: Cristo carregando a cruz (1580) Artista: El Greco (Doménikos Theotokópoulos) Link:http://2.bp.blogspot.com/c4HDR1zUJbU/UT3E5kCtZVI/AAAAAAAAHkI/mQudtzdXD Kc/s1600/el-greco-christ-carrying-the-cross.jpg É aquele visto como fundador da religião cristã, embora exista controvérsias quanto o estabelecimento de uma religião especifica por Jesus Cristo, e sim, de dogmas revolucionários em seu tempo, baseados nos lemas de vida humildade, caridade, amor incondicional, buscando a salvação de todos aqueles que estivessem dispostos a seguir o seu exemplo. Por se auto intitular filho de Deus, despertou a ira dos judeus, e na perspectiva dos romanos, ―acusavam-no de querer substituir César‖ (FILORAMO, 2012, p. 62), crime esse de lesa-majestade.
  • 10. 10 Crucificado e morto no período da Páscoa, Jesus Cristo ressuscitou no terceiro dia, e 40 dias depois subiu aos céus, deixando seu espírito como fortaleza e guia na perpetuação de sua mensagem, por meio dos discípulos, conforme aponta as histórias bíblicas do Novo Testamento. Filoramo (2012) afirma que com a morte de Jesus, os discípulos difundiram suas palavras, que logo estariam alicerçadas em pilares de uma religião que conquistava ―rapidamente o mundo mediterrâneo‖ (FILORAMO, 2012, p. 69). Os evangelhos que compõem o Novo Testamento Bíblico, aprovados após vários Concílios, são os meios pelos quais se conhecem com mais profundidade, a vida e ensinamentos de Jesus Cristo (FILORAMO, 2012). Um fato marcante além de tantos, trata-se da transfiguração12 de Cristo. O fogo, como símbolo neste evento, indica a possibilidade de Cristo ser a luz do mundo, na condição de que a mesma representa a verdade espiritual, marcada pela crença em Deus e em seu reino. ―Pedro, Tiago e João presenciaram a glória de Jesus Cristo no Monte da Transfiguração e receberam as chaves do sacerdócio [...] As chaves do sacerdócio são essencialmente o poder para presidir e conduzir as atividades do sacerdócio e a Igreja‖ (__________. Vida e Ensinamentos de Jesus e seus Apóstolos, 1979, p. 38). Trazemos Mateus 17:1-13, que narra esse acontecimento: 1Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele [...] 10E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? 11E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; 12Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram- lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. 13Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista (Mateus 17:1-13) (Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/17). 12 Ver também em Marcos 8:1-38; Lucas 9:28-36; 10: 1-16. Para Rosa, ―a história da transfiguração é contada pelos três evangelhos sinóticos (Mateus 17: 1-8; Marcos 9: 2-8 e Lucas 9: 28-36) [...] As três passagens [...] contam o evento da transfiguração. Não temos por que duvidar que o fato realmente tenha acontecido [...] Os evangelhos são históricos, pois falam de um Jesus histórico, que viveu e cujas ações foram contadas até chegarem a ser escritas pelos evangelistas. Mas ao mesmo tempo os evangelhos não são apenas história. Mais que isso: são teologia, catequese. Cada evangelista temuma mensagemprecisa, é destinado a uma comunidade, e tem em mente um público determinado [...] É necessário transcender aos fatos e desvelar a mensagemescondida em cada narração‖ (2008, s/p).
  • 11. 11 Pelo exemplo citado, em Elias e Moisés, estes representam a fé de que o homem pode superar a morte e chegar a gozar de uma vida justa e plena, na fé e no amor a Deus e ao próximo. Moisés e Elias vieram ter com Jesus representando o futuro reino de Deus a ser implantado pela morte de Cristo. Elias, representando os que serão transladados sem ver a morte. E Moisés representando os que após a morte, forem ressuscitados por Deus para vida eterna (___________. Site Bíblia, 2012, s/p) (grifo nosso). Rosa acrescenta ―o fato que eles (os discípulos) tenham reconhecido Elias e Moisés, que viveram muito tempo antes de Cristo, pode ser justificado pela razão que existia uma imagem coletiva sobre essas duas figuras‖ (2008, s/p). Fica evidente que o evento marca ainda mais quem é Jesus e sua relação com o divino, não restando dúvida para seus discípulos do homem-divino que é o seu guia. Em Lucas 9: 28-36, também temos apontamentos deste fato. Encontramos o seguinte: [...] 32E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois homens que estavam com ele. 33E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. 34E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. 35E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho; a ele ouvi. 36E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto (Lucas 9:32-3613 ) (grifo nosso). Cristo seria aquele que lideraria um novo reino no referido espaço-tempo. Moisés e Elias marcam um tempo antigo, de leis rígidas, e muitas vezes distorcidas para justificar certo poder perante o povo, no que diz respeito ao campo religioso. Cristo claramente, em seu gesto de acolher os humildes e os marginalizados socialmente, prometendo-lhes o reino de Deus, causou desconforto nos antigos membros religiosos que sempre o perseguiam até compactuarem com a sua morte: Simbolicamente, o aparecimento de Moisés e Elias representava a Lei e os Profetas. Entretanto, a voz de Deus do céu - "Ouçam a Ele!" - mostrou claramente que a Lei e os Profetas deviam dar lugar a Jesus. Aquele que é o novo e vivo caminho está substituindo o antigo; Ele é o cumprimento da Lei e das inúmeras profecias no Antigo Testamento (________. Site Got Questions?Org, s/d, s/p). 13 Fonte: https://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/9/28-36.
  • 12. 12 Finalmente teremos agora um breve resumo da biografia de Francisco de Assis, com a intenção de em seguida, partir para a análise da pintura da Igreja que faz parte do CCSF, discutindo as aproximações com as narrativas de Elias e Cristo, a partir dos símbolos carro/carruagem e fogo, por meio de um quadro interpretativo. São Francisco de Assis (1182-1226) é um exemplo de um santo cristão que prezava por uma união do mundo, de seus habitantes e de seu criador, força presente neste mundo e na natureza14 . Assim como Jesus Cristo, pregava a humildade, o bem e o amor. São Francisco amava cantar, pois para ele, o canto submetia o ser humano a um estado de comunhão consigo e com a natureza15 . Mas, como sua história se inicia? Francesco16 Bernardone, ou seja, São Francisco de Assis nasceu na cidade italiana de Assis, em 5 de julho de 1182. Seu falecimento, nesta mesma localidade, foi no dia 3 de outubro de 1226. Os livros que são a base para a biografia deste santo católico é de autoria do historiador francês Jacques Le Goff, intitulado São Francisco de Assis, Biografias III- S. Boaventura e Primeira Vida de São Francisco de autoria de Tomás de Celano. O próprio tempo de Francisco (Figura 03) não parece diferente do nosso, pois o homem, religioso ou não, ainda continua com esse dualismo entre o material e o 14 Alguns ambientalistas, pensadores vinculados com uma espiritualidade ecológica, veem nesse personagem do mundo católico, um bom representante: Francisco de Assis, como fora citado em discussões anteriores, no que diz respeito à concepção religiosa do termo natureza, representou um exemplo vivo de um guerreiro das causas sociais e ecológicas emsua época, e que até hoje é lembrado. É considerado padroeiro daqueles que se empenham no fazer ecologia. Em 1979 foi proclamado pelo Papa João Paulo o Patrono dos Ecologistas. Segundo o Papa Francisco, atual representante do catolicismo, Francisco de Assis era ―um místico peregrino que vivia [...] numa maravilhosa harmonia comDeus , como os outros, coma natureza e consigo mesmo‖ (____, 2015, p. 10). 15 Ele deixou importantes lições em seus cantos, a seguir apresentado: ―Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e nos governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras‖ (____. Encíclica, 2015, p. 03), além de outro canto: ―Louvai-O, sol e lua; louvai-O, estrelas luminosas! Louvai-O, alturas dos céus e águas que estais acima dos céus! Louvem todos o nome do Senhor, porque Ele deu uma ordem e tudo foi criado‖ (____. Encíclica, 2015, p. 68). Para Goff, ―Francisco [...] foi [...] um missionário que completou com alguns escritos uma mensagem da qual tinha transmitido o essencial pela palavra e pelo exemplo [...]. As Laudes do Senhor, a Saudação das virtudes e a Saudação à Bem-Aventurada Virgem, o Ofício da Paixão do Senhor testemunhamo sentido litúrgico de Francisco, sua necessidade de acabar em efusão sua meditação ou sua contemplação, centros de sua devoção; [...] a santa Sabedoria, pura e santa Simplicidade, santa Pobreza, santa Humildade, santa Caridade, santa Obediência. Mas essa contribuição de São Francisco à poesia espiritual tão característica do século XIII fica eclipsada por sua obra-prima lírica, o Cântico do irmão Sol‖ (GOFF, 2011, p. 93 e 100). 16 Goff esclarece detalhes sobre o nome de Francisco de Assis: ―Quando Francesco Bernardone nasceu, em 1181 ou 1182, em Assis, sua mãe, na ausência do pai, comerciante de tecidos que viajava a negócios pela França, batizou-o com o nome de João Batista, o santo do deserto, da pregação e do anúncio [...] Quando e por que o prenome Francisco, então ‗singular e inusitado‘, substituiu o de João não se sabe. Das três principais hipóteses consideradas: a troca do prenome pelo pai ao voltar do país do qual teria tirado o nome dado ao recém-nascido; uma homenagem prestada mais tarde à mãe, que teria sido francesa — o que não está provado; e a persistência de umcognome‖ (2011, p. 58).
  • 13. 13 espiritual, o mundo conturbado, com inversões morais, marcado pelas desigualdades, violências, corrupções e falsos profetas sedutores. Figura 03: São Francisco de Assis abraçando o Cristo crucificado. Artista: Bartolome Esteban Murillo. Link:https://i.pinimg.com/originals/8a/f6/59/8af65991216490faccfc0e940714d5f4.jpg Em seu tempo, a nobreza e a igreja esbanjavam riquezas, enquanto o povo estava em difícil situação. Sua vida encontra-se dividida em duas: antes da conversão17 e após a mesma, fato este que nos iremos delimitar com mais profundidade. Enraizado desse modo na dor física que começa a levá-lo a refletir sobre o destino humano e traz a seu pensamento o tema, essencial em Francisco, das relações entre o homem interior e o homem exterior, sua conversão se manifesta em primeiro lugar pela renúncia ao dinheiro e aos bens materiais (GOFF, 2011, p. 64). Conforme a citação acima, Francisco renuncia a sua boa vida, suas riquezas, sua posição social. Em seu interior trava um conflito com o que enxerga verdadeiramente do mundo e do homem em si. Por mais que tivesse de tudo, faltava-lhes algo essencial. E foi justamente isso que Francisco passou a almejar em sua vida: a busca pela riqueza 17 “Mas levará para sua nova vida as paixões da juventude: a poesia e o gosto da alegria — poesia e alegria que de profanas se farão místicas; a prodigalidade, que consistirá em espalhar [...] a palavra, as forças físicas e morais, [...]; o ardor militante que permitirá a ele resistir a todas as provações e se lançar sobre todas as fortalezas erguidas no caminho da salvação de seus irmãos, [...], sobre o pecado sob todas as formas‖ (GOFF, 2011, p. 62).
  • 14. 14 espiritual, despindo-se das vestes caras e abraçando a pobreza, o amor e Cristo como modelo a ser seguido. As aproximações de Cristo e Francisco iniciam-se após a sua conversão, no começo de sua caminhada missionária. Francisco: Propõe um único modelo, o Cristo, um único programa, ―seguir nu o Cristo nu‖. Nesse mundo que se torna o da exclusão — marcado pela legislação dos concílios, dos decretos, do direito canônico — e exclusão de judeus, leprosos, hereges, homossexuais, em que a escolástica exalta a natureza abstrata e, salvo exceções, nesse ponto ignora mais ainda o universo concreto, Francisco proclama [...] a presença divina em todas as criaturas. Entre o mundo monástico banhado de lágrimas e a massa dos despreocupados mergulhados numa ilusória alacridade, propõe a imagem alegre, sorridente, daquele que sabe que Deus é alegria (GOFF, 2011, p. 38). Essa nova perspectiva de um verdadeiro cristão, não agradou a igreja a princípio. Francisco deu os primeiros passos para o que hoje conhecemos como A Ordem dos Frades Menores, Ordem de São Francisco ou Ordem Franciscana, com seus respectivos discípulos18 . Francisco elaborou lindos cânticos a Deus e à natureza, bem como era dotado de visões místicas. No que seria sua última visão, após enxergar um anjo de luz ao lado da Cruz, recebeu os estigmas de Cristo, que marcaria os passos finais para a sua morte, visto que a cada dia encontrava-se com a saúde debilitada. Segundo o pesquisador Goff, este fato aconteceu em 14 de dezembro de 1223: [...] Fundas feridas sangrentas formaram-se sobre suas mãos e sobre seus pés, e uma chaga aparece em seu lado. Francisco terminou sua caminhada à imitação de Cristo. É o primeiro estigmatizado do cristianismo, ―o servo crucificado do Senhor crucificado‖. O fato o torna tão confuso quanto recompensado. Ele procura esconder seus estigmas, envolvendo pés e mãos com ataduras. Enquanto viveu, segundo Tomás de Celano, só Frei Elias os viu e Frei Rufino os tocou (GOFF, 2011, p. 89). Os acontecimentos finais que encerram19 a história de vida de Francisco, e ao mesmo tempo, constituem em afirmação de um legado de Cristo e de Deus na Terra, deixado seu exemplo de vida, são assim narrados por Goff: 18 Não podemos deixar de mencionar como seguidora de Francisco, Clara de Assis (1193 - 1253), que fundou a Ordem das Clarissas, baseada nos pilares da ordem franciscana e nos ensinamentos de seu fundador. 19 As exéquias acontecem em quatro de outubro. ―Depois de uma parada em San Damiano onde Santa Clara cobre de lágrimas e de beijos o corpo de seu celeste amigo, o enterro provisório em San Giorgio. Depois, a 17 de julho de 1228, menos de dois anos passados da morte de Francisco, a canonização decidida pelo papado [...] chamado Gregório LX, que presta a seu protegido uma homenagem em que se misturam a veneração e intenção política‖ (GOFF, 2011, p. 90 e 91).
  • 15. 15 Francisco alcança os últimos gestos da imitação de Cristo dos quais, antecipadamente, recebeu, através dos estigmas, a marca final. A 2 de outubro, reproduz a ceia. Benze e parte o pão e o distribui aos seus irmãos. No dia seguinte, 3 de outubro de 1226, recita o Cântico do irmão Sol, lê a Paixão no Evangelho de João e pede que o depositem na terra sobre um cilicio coberto de cinzas. Nesse momento unidos, os irmãos vê de repente sua alma, como uma estrelar subir direto ao céu. Tinha quarenta e cinco ou quarenta e seis anos (2011, p. 91). Pelo seu legado, é possível afirmar que prezava pela união do homem com Deus, valorizava todas as manifestações de vida e o respeito pelos humildes, os animais e à natureza como um todo, ao mesmo tempo, que combatia as injustiças sociais. ―Depois de ter espalhado por toda parte seu amor pelas criaturas vivas, homens e animais, ele canta seu amor pelas criaturas inanimadas, às quais dá vida e alma, até a ‗nossa irmã, a morte‘‖ (GOFF, 2011, p. 101). 2.1 ANÁLISE DA PINTURA DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO Buscamos nesta parte do artigo compreender as possíveis intencionalidades e significados da transposição de narrativas que unem Elias, Cristo e São Francisco, por meio da pintura abaixo (Figura 04), que pertence ao CCSF, como já mencionamos anteriormente. Figura 04: São Francisco na Carruagem de Fogo- Imagem do Teto da Capela de São Francisco.
  • 16. 16 Foto: Raquel Alves, 13/09/2017. As pinturas existentes especialmente na Capela de São Francisco de Assis da Ordem Terceira20 são oriundas de elementos naturais, tais como o pau-brasil, leite de banana, urucu, etc. No teto, há imagens de guardiões negros, anjos, flores, destacando a pintura que retrata São Francisco de Assis em chamas, em uma carruagem rumo aos céus. Não há o nome do artista identificado como autor desta obra, que ―representa sobremaneira o barroco brasileiro do século XVIII‖ (CARVALHO, 2005, p. 03). Tal pintura apresenta elementos nitidamente característicos que relembram uma narrativa presente em algumas outras igrejas barrocas no Brasil. Trata-se do profeta Elias sendo translado aos céus por um carro de fogo. Perguntamos-nos a importância desta narrativa da carruagem de fogo na arte barroca baseada em reminiscências da mesma, em outros espaços de oração de religiosos católicos brasileiros, como a Igreja de Nossa Senhora da Guia, em Lucena- Paraíba, do século XVI; Basílica de Nossa do Carmo, no Recife- Pernambuco, datada de 1767, visto que Elias é o patrono das Carmelitas21 ; Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mogi das Cruzes- São Paulo, cuja construção foi realizada entre 1633 e 1653, que traz também Elias; Ordem Terceira do Carmo de Cachoeira, Recôncavo baiano, que retrata a Trasladação de Elias. Uma possível resposta para o uso desta representação seria justamente o fato do profeta Elias ser o patrono da ordem Carmelita, com mais recorrência de seu uso. Segundo Senhorinho: A iconografia tradicional apresenta Elias no momento em que é levado para o céu, num carro puxado por dois ou quatro cavalos e guiado por um anjo, ausente em algumas representações [...] Nesse contexto, Elias costuma aparecer estendendo a mão direita para Deus e entregando seu manto para Eliseu, seu sucessor, com a mão esquerda. Com frequência, as margens do Jordão são tomadas como ambiente para tais retratações, porém, sendo personificadas numa divindade fluvial clássica. As representações dos episódios da vida de Elias são comuns nas Ordens Carmelitanas (2014, p. 206). Discutimos que a base será o olhar estético e semiótico que proporcionará um caminho para que possamos interpretar as mensagens e os diálogos dos símbolos22 20 Construída em 1747 e segue o estilo denominado de Rococó. 21 Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo. 22 ―Quando se tenta traduzir a experiência, criando um símbolo para ela, o sentido estará presente de forma velada, metafórica apenas‖ (MIKOSZ, s/d p. 05). Ainda segundo Mikosz, para entender as nuances dos símbolos, devemos ir não só pelo caminho da racionalidade. ―Os símbolos e outras representações artísticas dessa natureza são como portas nos convidando a penetrar nesses mistérios que fazemparte da
  • 17. 17 expressos em tal arte, que exploram por meio de homens de fé, uma consciência religiosa que diz respeito ao homem barroco e também ao homem moderno. Como uma obra de arte barroca, não podemos deixar de relembrar que os principais temas desta época: Decorrem [...] do sentimento da passagem irreversível do tempo, o desengano, a solidão, o sentimento de agonia [...] A linguagem imagística barroca desafia a compreensão do leitor [...] pelo conflito que revela. [...] Quebrando a linearidade rígida, a arte barroca oferecia variadas alternativas de leitura, estimuladas pela profundidade e variedade dos focos da obra. Com essa abertura, fazia-se um forte apelo às impressões sensoriais do leitor, procurando que ele se envolvesse, intelectual e sensorialmente, na obra. (CADEMARTORI, 1987, p. 29). A arte é a memória dessa sacralidade expressa no barroco e na obra de arte a ser analisada. Segundo Duarte: Relendo alguns textos antigos meus, dedicados aos fenômenos da memória, reencontrava referências evocadoras da sacralidade que sempre cercou a experiência social dessa difícil e delicada função que garante, em toda sociedade, o domínio, a preservação, transmissão e a continuidade do significado de todas as coisas [...] A evocação dessa aura de sacralidade da função de memória obedece a um princípio inarredável da reflexão de um antropólogo, como eu. Trata-se da comparação entre as culturas, como mecanismo de revelação das propriedades de qualquer fenômeno humano. Tanto a memória como função quanto a memória como recurso e instituição foram e são, ainda, preciosamente iluminadas por essa via (DUARTE, 2003, p. 305). Tendo o conhecimento de que trata-se de um olhar interpretativo, entendemos que há complexidades ou indagações que podem ficar sem resposta: Não é fácil avaliar e interpretar pinturas dessas dimensões e complexidade [...] O que diferencia tudo é o olhar, olhar esse marcado pelas inserções de cada observador no mundo da cultura. Observar tais pinturas, portanto, é um pouco como admirar o mar, tentando compreender suas características mais sutis (OLIVEIRA, 2003, p. 84). Trazemos a seguir uma proposta de quadro semiótico sobre os principais símbolos a serem explanados, com sua devida relação e o respectivo personagem: Narrativa Personagem cristão Contexto da Narrativa Símbolo Significado no contexto da narrativa e sua relação com outros natureza humana profunda, ou seja, outros Níveis de Realidade do ponto de vista transdisciplinar‖ (MIKOSZ, s/d p. 05).
  • 18. 18 personagens 2Reis 2:11 1Reis 19:1-21 2Reis 2:8-15 Elias Monte Horeb Continuar a jornada; Coragem e fé; Lutar por Deus. Medo; Dúvidas; Depressão de Elias. Arrebatamento aos céus por meio de uma carruagem de fogo. Monte Fogo Carro e fogo Local de contato com a expressão do divino em que se tem a consciência de sua missão. Certeza de ser o mensageiro de Deus para conduzir o povo ao verdadeiro caminho da luz. O mensageiro em chamas como representante do divino, alerta Elias de que o caminho escolhido é difícil, mas a recompensa é louvável. Marca o desaparecimento de Elias, homem este que não conheceu a morte ao ser arrebatado. É levado aos céus ao encontro de Deus. Deixa seu manto para o próximo profeta. Mateus 17:1-13 Marcos 8:1-38 Marcos 9:2-8 Lucas 9:28-36 Lucas 10:1-16 Jesus Cristo Monte da Transfiguração Transfiguração Monte Fogo; Sol. No monte encontra-se com os espíritos de Elias e Moisés. Cristo é a luz do mundo. É o lado espiritual de Deus em convívio com os humanos. Deus, o rosto de Cristo. Elevação aos céus do
  • 19. 19 espírito. Não reconhece a morte, pois ressuscita. Cristo e o novo reino. Lenda fransciscana Francisco de Assis Visão compartilhada pelos frades que dormiam e os que estavam acordados. Fogo, Sol e Carro Francisco de Assis em chamas e um carro de fogo. Viagem do espírito. É nomeado como o novo Elias escolhido para liderar o povo de Deus. Em se tratando especificamente da imagem na Capela, foco deste artigo, há dois caminhos possíveis para identificar quem é realmente este homem: se é Elias ou São Francisco. A dúvida quanto à imagem (Figura 04) se é Francisco ou Elias é citada por Oliveira (2003): Nesse sentido, o teto da Casa de oração da Ordem Terceira dos Franciscanos é dos mais problemáticos, pelo caráter fantástico da representação central. Alguns autores creem que o medalhão traz o profeta Elias sendo arrebatado aos céus num carro de fogo, reproduzindo a cena bíblica (Barbosa, 1953: 51; Burirv, 1988: 95; Rodrigues, 1990: 131). Outros, no entanto, veem ali São Francisco num momento de glória mística, defendendo a palavra de Deus (Nóbrega, 1974: 95,129; Burity, 1988: 95; Rodrigues, 1990: 131) (OLIVEIRA, 2003, p. 84). Contudo, optamos acreditar que trata-se de Francisco de Assis. Aparentemente remete-se à Glorificação de São Francisco, lembrando também a pintura da Praça de São Francisco (São Paulo), datada do século XVII, em que tem-se essa narrativa. Possivelmente a intenção do artista não era substituir Elias por Francisco de Assis, e sim perpetuar a tradição desta pintura na arte barroca brasileira, dotado de significados extremamente importantes referentes ao transcender na vida terrena do homem, bem como pode ter relação com uma lenda23 franciscana que trataremos de explicar. Não 23 A lenda, nas palavras de Jean-Pierre Bayard no livro História das Lendas é o desdobramento dos mitos que ―se reproduzem em países diferentes e muito longínquos: essa concepção nos leva a uma nova interpretação […] Cada lenda podia ter uma explicação mística no plano de analogias e correspondências‖ (s/d, p. 09) A origem do termo ―provém do baixo latim legenda, que significa ‗o que deve ser lido‘. No princípio, as lendas constituíam uma compilação da vida
  • 20. 20 podemos deixar de mencionar como obtivemos essa informação, que garantiu-nos outro olhar para esta pintura. Durante a peregrinação ao CCSF como parte da programação do I Seminário Patrimônio Histórico e Ação Cultural, realizado no dia 24 de novembro de 2017, o Padre Ernando Teixeira de Carvalho, convidado para comandar esta atividade, contou-nos acerca desta lenda e de seu possível vínculo com a pintura naquele recinto. Tratou de evidenciar antes, a ligação entre Elias, Cristo e Francisco: ―Elias, do hebraico, significa condutor. Cristo é o novo Elias, o condutor de um novo povo. Na igreja de seu tempo, São Francisco é condutor do povo também!‖, falou o padre. Ainda, ressaltou que a representação ―de Elias é junto com Eliseu em um carro de fogo. Ele solta seu manto para Eliseu. A diferença é que nessa história, há um carro de fogo. Aqui, São Francisco está em chamas!‖, o que muito reforça um caminho de que esta pintura pode estar retratando esta lenda franciscana. O padre explicou que algumas das artes eram aprovadas pelos membros pertencentes da Primeira Ordem, que autorizava tal fazer artístico ser reproduzido naquele espaço. Assim também esclareceu o Padre Ernando sobre como procede à descoberta desta narrativa, ainda oculta por muito tempo e que traz mais detalhes do lado místico e transcendental de Francisco de Assis: No século XIX, alguns frades começaram a buscar documentos. Eles resgataram uma história interessante: Quando São Francisco ainda estava vivo, em uma noite, os frades franciscanos viram São Francisco girando em um carro de fogo (ou girando em chamas). Há registros dessa lenda. São Boaventura atribuiu uma interpretação para tal visão: aqueles que estavam com São Francisco eram iluminados, transparentes, claros uns com os outros. De acordo com o que é dito, a luz verdadeira da aplicabilidade da fé cristã, exemplo fiel do que Cristo ensinou, estaria sob aqueles que seguiam seus passos, ou seja, os membros da comunidade franciscana. Lembramos que este relato liga-se aos símbolos carro e fogo, presentes na narrativa do profeta Elias. Baseado no livro dos santos, dos mártires (Voragine); eram lidas nos refeitórios dos conventos. Com o tempo ingressaram na vida profana; essas narrações populares, baseadas emfatos históricos precisos, não tardarama evoluir e embelezar-se. Atualmente, a lenda, transformada pela tradição, é o produto incons ciente da imaginação popular‖ (Bayard, s/d, p. 10). A relação que as lendas tem com o mito pode ser explicada na proposta de Bayard: são categorias que se mesclam com a intencionalidade de apresentar um mundo ou ―sentido profano, sacro ou iniciático‖ (Bayard, s/d, p. 11). E por fim, Bayard chama nossa atenção para o fato que ―a lenda, mais verdadeira do que a história, é um precioso documento: ela exara a vida do povo, comunica-lhe um ardor de sentimentos que nos comove mais do que a rigidez cronológica de fatos consignados‖ (s/d, p. 08 e 09).
  • 21. 21 Biografias III- S. Boaventura, temos detalhes deste fato que ocorreu na própria cidade de Assis, em uma dia que Francisco preparava-se para pregar: Era [...] meia-noite. Alguns Irmãos já dormiam; outros ainda continuavam em oração. Então, eis que um carro de fogo dum maravilhoso esplendor, encimado por um globo resplandecente como o Sol, entrou pela porta e deu três voltas pela casa, iluminando toda a escuridão. Os que estavam acordados ficaram assombrados; os que já dormiam acordaram aterrorizados. Esta claridade iluminou-lhes mais o espírito do que o corpo, porquanto todos unanimemente compreenderam [...] que era o santo Pai, ausente de corpo, mas presente em espírito, que lhes aparecia sob essa imagem, todo resplandecente e abrasado de amor; e que o Senhor lhes queria mostrar, nesse carro de fogo cintilante, que eles, como verdadeiros Israelitas, seguiam o novo Elias que Deus escolhera para carro e condutor de homens guiados pelo Espírito (____________. Biografias III, s/d, p. 35). Pelo o que entendemos da citação acima, mais uma prova da escolha de Francisco para dar continuidade ao legado de Elias e Cristo, mensageiros das boas novas do Deus cristão; uma visão como esta, da qual o próprio Deus em fogo vivo anuncia que o novo Elias é Francisco, e, portanto, todos devem seguir seus passos. Celano (s/d) também complementa sobre esse acontecimento no livro Primeira vida de São Francisco. Ainda tomando como guia as palavras do Padre Ernando, este diz que: São Francisco é chamado de ―O Outro Cristo‖ por causa de vários acontecimentos semelhantes à vida De Cristo. No século XVIII se desenvolveu pinturas e histórias que relacionam Cristo e São Francisco, por causa das Chagas, do nascimento, da quantidade de apóstolos e o paralelo com os franciscanos, a história da deposição das vestes de Cristo e a deposição das vestes de Francisco ao se entregar para a pobreza. Elias, Cristo e Francisco são os condutores do povo de Deus da igreja como templo divino. A razão desta arte barroca dar ênfase a tal imagem, pode está relacionada com questões que envolvem os conflitos, tais como o humano x divino, corpo x espírito, material x espiritual, vida x morte, Terra x Céu, profano x divino, trevas x luz, que dizem respeito a esse homem barroco, e mais do que isso, ao homem de hoje, que encontra-se ainda mais envolto em dúvidas e divisões duelantes. Falando especificamente da carruagem de fogo, buscamos compreender a sua simbologia em alguns dicionários e relacionar com as teias de significados deste símbolo na referida pintura.
  • 22. 22 Sabemos que desde as antigas civilizações, o fogo era sinal da manifestação do sagrado, de uma divindade que se fazia presente, fonte de adoração dos povos, vinculando este fogo ao Sol, como também expressão do divino (PERNETY, 1993). Já Brevi, traz em sua abordagem, versículos bíblicos que aproximam Deus (criador e divindade do cristianismo) ao elemento fogo, como manifestação de sua presença, um sinal que também pode indicar graça ou fúria: O fogo é símbolo da majestade e da força divina (Dt 4,24; Is 33,14; Sf 1,18). Deus apareceu a Moisés na sarça ardente (Ex 3,2), manifestou- se como fogo no Sinai (19,18). O fogo purifica e limpa o impuro (Lv 1,9; 10,2; Nm 11,1-3; Is 1,25; 6,7; Mt 7,19; 13,40-42; Jo 15,6). Por isso a ira divina é representada pelo fogo que pune os maus (Gn 19,24s; Sl 50,3; Mc 9,49). Jesus compara a punição definitiva dos maus com o fogo que não se apaga (Mt 18,8; 25,41); mas também a virtude renovadora do Espírito Santo é um ―batismo de fogo"(Mt 3,11; At 2,3) (s/d, p. 43). Por exemplo, nas igrejas católicas, há luzes que permanecem acessas às 24 horas do dia, em lugares específicos de adoração, representando a presença de Deus naquele recinto, como fogo criador, como chama acessa, como a luz do mundo, na visão dos praticantes desta religião. Muitas narrativas bíblicas marcam a presença de Deus ou de seus mensageiros enviados, por meio de sinais de fogo, como vimos na citação acima. ―A imagem de um anjo do Senhor aparecendo para Moisés em um arbusto que está em chamas ilustra a crença hebraica de que o fogo significa a verdadeira comunicação de Deus‖ (O‘CONNELL; AIREY, 2011, p. 201). Também acrescentamos que o fogo pode ser um ―símbolo poderoso de renovação e batismo, queimando os pecados para deixar somente a verdade de Deus. No Cristianismo, as velas são lembretes da presença de Deus e representam a esperança e a vida‖ (O‘CONNELL; AIREY, 2011, p. 201). Na pintura, o fogo é a representação da chama que nunca deixa-se extinguir, do espírito em glória, radiante de felicidade por ir à casa do Pai e marca uma forma divina a acompanhar o homem iluminado pela luz da verdade, que é Deus, baseando-se em uma visão cristã. Sobre a questão do transporte ao divino, representado na figura de um carro (em chamas ou não) puxado por cavalos (ou não), Cirlot, por um viés da psicologia, analisa a questão do carro e seu significado: O motorista representa o eu da psicologia junguiana; o carro, o corpo e também o pensamento em sua parte transitória e relativa para as coisas terrestres; os cavalos são as forças vitais; as rédeas, a
  • 23. 23 inteligência e a vontade24 [...] A carruagem do sol ou do fogo, [...] é um arquétipo25 tão poderoso que entra na maioria das mitologias do mundo26 (CIRLOT, 1992, p. 18 e 19) (tradução nossa). Nas próprias associações aos personagens cristãos que contribuíram para levar ao mundo as palavras de Deus, um dos biógrafos de Francisco, o Frade Boaventura, o compara a Cristo e a Elias. Sobre o primeiro, ele deixa bastante claro que Francisco é: [...] Um precursor de Cristo, não um substituto deste. Não é a luz, mas a testemunha da luz [...] É um serafim, cheio de espírito profético e de amor ardente, arrebatado ao céu num carro de fogo [...] Cumulado desde o berço com dons extraordinários, enriquecido depois com méritos provenientes da sua inquebrantável virtude, e ainda repleto do espírito que animou os profetas, destinado a uma missão angélica e por isso abrasado de amor seráfico, arrebatado ao alto num carro de fogo depois de subir todos os degraus da santidade, Francisco também veio a este mundo com o espírito e o poder de Elias – toda a sua vida o demonstra à evidência (____________. Biografias III, s/d, p. 03 e 08). Como continuador de uma luz que não se apaga, Francisco: [...] Encaminhou para a luz os que viviam nas trevas e nas sombras da morte; ou como um arco-íris engalanando as nuvens e testemunhando a aliança do Senhor, anunciou aos homens a boa nova da paz e da salvação, ele que, como arauto da verdadeira paz, foi por Deus chamado, à imitação do Precursor, a preparar no deserto deste mundo o caminho da altíssima pobreza e a pregar a penitência tanto pelo exemplo como pela palavra (____________. Biografias III, s/d, p. 07 e 08). A igreja, no tempo barroco, seria essa grande carruagem de fogo transportando os seus tripulantes para vivências e momentos com o divino. Quando falamos também de igreja, em sentido de templo do divino, esta pode representar o coração humano, que serve de morada para os bons ensinamentos, e mais do que isso, para a vivência compartilhada do verdadeiro Cristo, na perspectiva do crente cristão. Como símbolo, a carruagem pode indicar transporte de deuses/divindades, registrado ao longo da história das mais diversas tradições. Segundo O‘Connell e Airey, trata-se de ―um símbolo 24 Tradução nossa. Segue original: Una de las principales analogías simbólicas de la tradición universal es la del carro en relación con el ser hum ano. El conductor representa el sí m ismo de la psicología junguiana; el carro, el cuerpo y tam bién el pensamiento en su parte transitoria y relativa a las cosas terrestres. 25 Para a visão de Jung, arquétipos ―são antes de mais nada manifestações da essência da alma [...] O homem primitivo não se interessa pelas explicações objetivas do óbvio [...] Todos os acontecimentos mitologizados da natureza, [...] são [...] expressões simbólicas do drama interno e inconsciente da alma, que a consciência humana consegue apreender através de projeção - isto é, espelhadas nos fenômenos da natureza‖ (2000, p. 18). Arquétipos são vistos como símbolos. 26 Tradução nossa. Segue original: El carro del sol o de fuego, según Loeffler, es un arquetipo tan poderoso que entra en la mayoría de mitologías del mundo.
  • 24. 24 dinâmico de autoridade espiritual e de superioridade dos deuses e dos heróis‖ (2011, p. 217). Essa carruagem é o transporte direto à casa do Deus Pai do Cristianismo: é o próprio processo de transição da morte do corpo material e de sofrimentos através de uma nova vida, oriunda da morte, o espírito elevado, a glorificação, de acordo com o que podemos perceber na pintura. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresentar a vida do profeta Elias, Cristo e São Francisco de Assis como exemplos de homens de fé e de comunhão verdadeira com a humanidade, o amor e o bem, segundo a visão cristã, foi uma estratégia de procurar por meio de pontos específicos de suas vidas (narrativas) elos de aproximação, investigando a questão específica de condutores do povo, a simbologia do fogo e de uma carruagem. Compreendemos um caminho na pintura apresentada, como evocação de uma lenda fransciscana de uma visão que traz São Francisco rodeado por fogo e um carro, que possivelmente poderia estar representada nesta pintura, e realizamos debates conforme fontes e a interpretação dos símbolos ali expressos. Há nítidos temas barrocos que enfatizam no homem a necessidade de buscar na fé, o refúgio do mundo mundano e de suas enganações. Este homem quer respostas para este constante dualismo de sua alma, que anseia por libertação. A arte barroca capta nos seus receptores, o sentimento, cativando-os, despertando-lhes a curiosidade e a necessidade incansável por um sentido que esteja tão próximo da vivência daquele ser. Notamos por meio da análise da pintura de São Francisco de Assis, na Capela pertencente ao Complexo Cultural São Francisco, o valor que a mesma possui, a sua mensagem. Vimos, por meio da estética e da semiótica, como a arte barroca representada é vista como uma tradução de uma lenda franciscana que ressurge de uma memória ou consciência religiosa, dotada de intencionalidades, dentre elas, acolher o homem em conflito e mostrar-lhe o caminho para o divino, a partir do sofrimento, renúncia, respeito, amor e caridade na figura de Francisco de Assis, o Novo Cristo. Arte, mundo e sujeito dialogam, são compartilhados e reconfigurados de acordo com a visão que o sujeito/receptor de tal arte irá escolher para dar-lhe o significado mais
  • 25. 25 próximo dos contextos de vivências, aprendizados e sentidos de mundo construídos por este sujeito. Discutimos que nesta perspectiva estética-semiótica, o destinatário final de tal arte também é responsável por sua tradução, cujos mecanismos, interpretativos estão em cada contorno da referida pintura. Neste sentido, a estética e a religião, especialmente como ponto de partida para a proposta de análise em questão, reproduz para o homem religioso ou não, algum sentido de mundo, que cabe a cada um, como apreciador e tradutor, a responsabilidade de atribui-lhe um significado de acordo com o contexto de inserção da arte em um espaço-tempo-história e o que o sujeito busca no interior de seu pensamento e sentimento, aquele significado mais próximo da compreensão daquela arte. REFERÊNCIAS _________. 1Reis. In: Bíblia Online. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/1>. Acesso em: 12 dez 2017. _________. 2 Reis 2. In: Bíblia Online. Diposnível em: <ttps://www.bibliaonline.com.br/acf/2rs/2>. Acesso em: 12 dez 2017. __________. Biografias III- S. Boaventura. Introduções: Frei David de Azevedo e Tradução: Frei José Maria da Fonseca Guimarães. Disponível em: <http://www.editorialfranciscana.org/files/5707_1_S_Boaventura_Legenda_Maior_(L M)_4af84ffa4a4a6.pdf>. Acesso em: 28 dez 2017. __________. De convento a Centro Cultural (Folheto). CCSF. João Pessoa, s/d. ___________. Encíclica Laudato SI’ do Santo Padre Francisco sobre o cuidado da Casa Comum. Roma, Itália, 2015. Disponível em: <http://www.crbnacional.org.br/site/attachments/article/2068/CARTA%20ENC%C3%8 DCLICA%20LAUDATO%20S%C3%8D.pdf>. Acesso em: 08 fev 2016. ___________. Na transfiguração Jesus se encontrou com Moisés e Elias: como isso foi possível? Site Bíblia, 2012. Disponível em: <http://biblia.com.br/perguntas- biblicas/reencarnacao/na-transfiguracao-jesus-se-encontrou-com-moises-e-elias-como- isso-foi-possivel/>. Acesso em: 28 dez 2017. __________. Por que Jesus foi transfigurado enquanto falava com Moisés e Elias? Site Got Questions?Org. Disponível em: <https://www.gotquestions.org/Portugues/transfiguracao.html>. Acesso em: 28 dez 2017.
  • 26. 26 _________. Vida e Ensinamentos de Jesus e seus Apóstolos. LIVRO DE LIÇÕES DO INSTRUTOR (Suplemento). Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Brasil, 1979. Disponível em: <https://www.lds.org/bc/content/shared/content/portuguese/pdf/language- materials/32476_por.pdf?lang=por>. Acesso em: 28 dez 2017. BAYARD, Jean-Pierre Bayard. História das Lendas. Tradução: Jeanne Marillier. Edição eletrônica: Ed. Ridendo Castigat Mores. Fonte Digital. Disponível em: <http://www.eBooksBrasil.com>. Acesso em: 12 jul 2017. BREVI, Ítalo Fernando. DICIONÁRIO BÍBLICO de A a Z. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/135543091/Dicionario-biblico-de-A-a-Z-Brevi-Italo- Fernando-pdf>. Acesso em: 20 out 2017. CADEMARTORI, Lígia. PERÍODOS LITERÁRIOS. Série Princípios. Editora Ática. São Paulo, 1987. CÂNDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 9ª edição. Editora Ouro sobre Azul. Rio de Janeiro, 2006. CARVALHO, Padre Ernando Teixeira de. O Centro Cultural Complexo São Francisco: Resumo histórico da construção e o uso anterior do monumento. In: Uma experiência Cultural do Convento de Santo Antonio. João Pessoa, 2005. CELANO, Tomás de. PRIMEIRA VIDA DE SÃO FRANCISCO. Disponível em: <http://www.clarissas.net.br/pdf/Obras%20completas%20de%20S%C3%A3o%20Franc isco.pdf LM)_4af84ffa4a4a6.pdf>. Acesso em: 28 dez 2017. CIRLOT, Juan-Eduardo. DICCIONARIO DE SÍMBOLOS. EDITORIAL LABOR, S.A. Barcelona, 1992. CORDEIRO, Ana Luiza Alves. ASHERAH: A deusa proibida. Revista Aulas: Dossiê Religião. Abril/Julho 2007. Disponível em: <http://www.unicamp.br/~aulas/Conjunto%20I/4_1.pdf>. Acesso em: 30 out 2017. DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Tradução do Rev. J. R. Carvalho Braga. 16ª edição. Editora Juerp. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/158193545/Dicionario-da-Biblia-John-D-Davis>. Acesso em: 20 out 2017. DUARTE, Luiz Fernando dias. Memória e reflexividade na cultura ocidental. In: ABREU, Regina e CHAGAS, Mário (Organizadores). Memória e Patrimônio: Ensaios contemporâneos. 1ª edição. Editora Lamparina. Rio de Janeiro, 2003. GANEM, Addisseny e PEREGRINO, Umberlino. Acervo Azulejar Conjunto São Francisco. Superintendência do IPAN na Paraíba. João Pessoa, s/d. GETZ, Gene. Elias: um modelo de coragem e fé. Coleção Homens de Caráter. Tradução Jarbas Aragão. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 2003.
  • 27. 27 GOFF, Jacques Le. São Francisco de Assis. Tradução de Marcos de Castro. 10ª edição. Editora Record. Rio de Janeiro, 2011. HUGON, Carole Talon. A Estética: História e Teorias.Tradução: António Maia da Rocha. Edições Texto & Grafia. Lisboa, 2009. JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva. 2ª edição. Editora Vozes. Petrópolis, Rio de Janeiro, 2000. MIKOSZ, José Eliézer. Arte e Consciência: Visões Místicas e suas Representações. Disponível em: <http://www.mikosz.com.br/images/artigo_mikosz_amorc_revisto_imagens.pdf>. Acesso em: 18 out 2017. O‘CONNELL, Mark e AIREY, Raje. Almanaque ilustrado dos símbolos. Tradução: Débora Ginza. Editora Escala. São Paulo, 2011. OLIVEIRA, Carla Mary S. O barroco na Paraíba. IESP (Instituto Superior em Educação). Editora Universitária UFPB. João Pessoa, Paraíba, 2003. Disponível em: <http://docs12.minhateca.com.br/1023515819,BR,0,0,O-Barroco-na-Para%C3%ADba-- Arte,-Religi%C3%A3o-e-Conquista--Carla-Mary-Oliveira.pdf>. Acesso em: 16 out 2017. OLIVEIRA, Rosalira dos Santos. Religiões da Terra e ética ecológica. Dossiê: Biodiversidade, Política e Religião. V. 8, nº 17. Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.2175- 5841.2010v8n17p26>. Acesso em: 29 out 2017. OLIVEIRA, Solange Ribeiro de. Perdida entre signos: Literatura, Artes e Mídias hoje. Faculdade de Letras da UFMG. Belo Horizonte, 2012. PAIVA, Geraldo José de; GARCIA, Agnaldo; GONÇALVES, Andréa K.; SCALA, Cristiana T.; FARIA, David G. R. de; GÓMEZ, M. Luísa Trovato; JORDÃO, Marina P.; BARSOSA, Rute C. e FRANCA, Suely M. S. Experiência Religiosa e Experiência Estética em Artistas Plásticos: Perspectivas da Psicologia da Religião. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(2), pp.223-232. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 79722004000200010&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 18 out 2017. PERNETY, Dom Antoine-Joseph. Diccionario Mito-Hermetico. Archivo Hermético 2. Editora Indigo. México, 1993. PINK, A. W. A Vida de Elias. Volume 2 (Capítulos 13 a 24). Tradução Helio Kirchheim. 2ª edição. Editora Spicione. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://d- f.scribdassets.com/docs/1gi5rtdyio4merur.pdf>. Acesso em: 18 out 2017. PLAZA, Júlio. Tradução Intersemiótica. 1ª edição. Editora Perspectiva. São Paulo, 2003.
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