capítulo do livro Paisagens plurais: artes visuais e transversalidades, de Madalena Zacara e Lívia Marques . Editora Universitária da EFEPE, publicado em 2012
O documento discute a arte como uma forma de conhecimento e explora a hipótese de que o livro pode ser um meio para desenvolver, articular, transmitir e compartilhar conhecimento artístico. O livro referido não é o livro tradicional impresso ou eletrônico, mas um "livro virtual" escrito no ciberespaço e aberto à transformação por leitores na rede.
1) O documento discute a fenomenologia da imaginação na poesia de Alberto Caeiro e Manoel de Barros, analisando como a imagem poética (re)apresenta o mundo por meio da imaginação do sujeito-escritor.
2) A pesquisa se baseia na fenomenologia de Husserl para estudar como a palavra poética traz aos olhos do leitor as ausências percebidas, presentificando-as e atribuindo significado.
3) A imagem poética é uma forma de (re)apresent
Os poetas nas Cinco Linhas de Vivência segundo Rolando Toro. Cada linha é representada por um poeta consagrado, com a transcrição de um poema e breve biografia. As linhas são vitalidade, sexualidade e criatividade, com poetas como Walt Whitman, William Burroughs e Stéphane Mallarmé respectivamente.
O documento discute a relação entre teatro e educação. Apresenta uma série que visa refletir sobre os sentidos do teatro, a linguagem cênica e formas de ensinar e aprender teatro. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas na escola e a formação de alunos mais críticos e reflexivos.
Este documento discute a arte e sua natureza não linear. A arte pode se mover em diferentes direções de acordo com a visão dos artistas, explorando a criatividade e complexidade humana sem limites ou objetivos definidos. A mostra "Duplo Sentido" apresenta obras que refletem essas ideias através de linguagens visuais diversas.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
Este documento resume vários trabalhos realizados em uma disciplina de Processo Criativo no curso de Arteterapia. Os trabalhos exploram temas como linguagem expressiva, percepções do eu, elementos e colagens. O documento fornece exemplos dos resultados dos estudantes e referências bibliográficas.
O documento descreve uma intervenção fotográfica de Cintia Guimarães sobre mercados públicos. Apresenta breves biografias de Cintia Guimarães, Marcio Pizarro Noronha, Lucimar Bello e Edson de Sousa. Discorre sobre a importância histórica e cultural dos mercados, e como a instalação fotográfica de Cintia Guimarães os revisita de forma poética por meio de registros, memórias e reflexões filosóficas.
O documento discute a arte como uma forma de conhecimento e explora a hipótese de que o livro pode ser um meio para desenvolver, articular, transmitir e compartilhar conhecimento artístico. O livro referido não é o livro tradicional impresso ou eletrônico, mas um "livro virtual" escrito no ciberespaço e aberto à transformação por leitores na rede.
1) O documento discute a fenomenologia da imaginação na poesia de Alberto Caeiro e Manoel de Barros, analisando como a imagem poética (re)apresenta o mundo por meio da imaginação do sujeito-escritor.
2) A pesquisa se baseia na fenomenologia de Husserl para estudar como a palavra poética traz aos olhos do leitor as ausências percebidas, presentificando-as e atribuindo significado.
3) A imagem poética é uma forma de (re)apresent
Os poetas nas Cinco Linhas de Vivência segundo Rolando Toro. Cada linha é representada por um poeta consagrado, com a transcrição de um poema e breve biografia. As linhas são vitalidade, sexualidade e criatividade, com poetas como Walt Whitman, William Burroughs e Stéphane Mallarmé respectivamente.
O documento discute a relação entre teatro e educação. Apresenta uma série que visa refletir sobre os sentidos do teatro, a linguagem cênica e formas de ensinar e aprender teatro. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento das artes cênicas na escola e a formação de alunos mais críticos e reflexivos.
Este documento discute a arte e sua natureza não linear. A arte pode se mover em diferentes direções de acordo com a visão dos artistas, explorando a criatividade e complexidade humana sem limites ou objetivos definidos. A mostra "Duplo Sentido" apresenta obras que refletem essas ideias através de linguagens visuais diversas.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
Este documento resume vários trabalhos realizados em uma disciplina de Processo Criativo no curso de Arteterapia. Os trabalhos exploram temas como linguagem expressiva, percepções do eu, elementos e colagens. O documento fornece exemplos dos resultados dos estudantes e referências bibliográficas.
O documento descreve uma intervenção fotográfica de Cintia Guimarães sobre mercados públicos. Apresenta breves biografias de Cintia Guimarães, Marcio Pizarro Noronha, Lucimar Bello e Edson de Sousa. Discorre sobre a importância histórica e cultural dos mercados, e como a instalação fotográfica de Cintia Guimarães os revisita de forma poética por meio de registros, memórias e reflexões filosóficas.
O documento discute a incomunicabilidade na arte e como obras contemporâneas podem comunicar o incomunicável através do silêncio e fluxos imaginativos que transformam tanto o artista quanto o fruidor. A cultura mediática amplia a percepção de tempo e realidade de forma pós-humana, e o artista pode revelar essa realidade através de sua obra ou comunicação direta sobre o trabalho. Fruir a arte requer sintonizar-se com o silêncio da obra para sentir o que ela comunica sobre o incomunicável.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
O documento discute a importância da arte e da expressão artística na formação humana. Defende que a arte deve ser concebida como um modo de praticar a cultura, abrangendo diferentes atividades e expressões criativas. O projeto "Recrearte" tem como objetivo proporcionar às crianças um espaço para descobrir e demonstrar seus talentos artísticos de forma prazerosa.
O documento discute a relação entre narrativa e arquitetura. O autor argumenta que assim como a narrativa "configura" o tempo através da linguagem, a arquitetura "configura" o espaço através da construção. Ele propõe que há uma analogia entre o ato de contar uma história e o ato de construir um edifício. O autor também discute como a narrativa e a arquitetura estão enraizadas no habitar humano e na vida cotidiana.
OM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distante…
Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Partículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexidade matemática da Teoria das Cordas.
No meu íntimo, no fundo da minha alma (será que esta existe?)procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim.
Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte.
Já me explicaram que maís o conseguiria integrar se tivesse “o copo menos cheio”.
É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa malga (amálgama!) a transbordar.
A dura tarefa que tenho hoje pela frente é esvaziar-me desse caudal.
É minha essa tarefa apenas porque a escolho.
Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postulado.
Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e irreverência).
Por isso começo por desenhar e pintar.
Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora.
Vou pintar o que não compreendo, pintarei tudo o que me distraí o pensamento, para ver se a pintar desmistifico e desmistificando exorcizo essa força magnética que me agarra obsessivamente à forma das coisas.
Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do coração… de Ti!
Aka OM (Aum), a inaugurar a 4 de outubro deste ano no MUSA – Museu das Artes de Sintra, com o apoio Tailored, AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra.
Last Call for Arts
AKA Om (aum) é uma iniciativa que orbita em torno desta primeira exposição no MUSA já agendada com representação do trabalho de Jorge Moreira e Nuno Quaresma. O tema central é a Existência, a inteligibilidade do Mundo e, por oposição, os seus mistérios, os grandes e os pequenos. A abordagem é feita a partir das realidades mais simples, as do dia a dia, e o desafio é fazer uma caminhada estética e simbólica partindo das partes rumo à totalidade metafísica, de uma maneira que possa ser perceptível. Uma caminhada do seminal até ao todo criado. Uma viagem do “meu umbigo” até aos limites dos multiversos cósmicos e humanos. Uma caminhada do Eu, do Nós, passando pela Família, Amigos, Comunidade, País, Mundo, até aos confins do que a nossa consciência abarca. Embarcas comigo? Procuro Pintores, Escultores, Artistas Multimédia, Escritores, Poetas, Desenhadores, Realizadores, Empreendedores, Ativistas, Cientistas…
Cao, Santiago. "D(en)ominar. (Des)cobrir. Esquecer"Santiago Cao
Texto escrito por Santiago Cao para o catálogo da II edição do Festival MOLA (Mostra Osso LatinoAmericana) de Performances Urbanas, acontecido de 10 à 20 de maço de 2013 em Arraial D`Ajuda e Trancoso- Porto Seguro- Brasil.
Neste ensaio, Cao reflete sobre os conceitos de "relação" e "dominação", e daí se pergunta sobre as possibilidades da Performance como arte relacional.
Este documento descreve a obra de arte de Emerenciano, enfatizando que ela não deve ser vista apenas por seus aspectos visuais, mas sim como uma reflexão do artista sobre o mundo. A obra de Emerenciano combina pintura, desenho, escrita e discurso para comunicar sobre temas como identidade, cultura e história. Ela usa símbolos para representar a comunicação entre o indivíduo e a sociedade.
Narrativas erodidas: os usos de si como estratégia poética.Priscilla Menezes
1. O trabalho investiga os usos da fala de si na obra de arte, analisando artistas que empregam procedimentos confessionais.
2. É questionada a noção de biografia como revelação do eu, pensando-se a escrita da vida como potência criadora.
3. O trabalho analisa diferentes estratégias de erosão do eu em três capítulos: "Refrações" sobre desvios identitários, "Abandonos" sobre práticas da perda, e "Metamorfoses" sobre transformações do eu.
1) O documento discute o conceito de literatura e suas funções, incluindo como um instrumento de fuga da realidade, arte pela arte, e literatura engajada. 2) As seis funções da literatura são listadas: lúdica, sintonizadora, paradigmática, cognitiva, catártica e liberadora do eu. 3) Os tipos de narração são explicados: narrador-personagem, narrador-observador e narrador-onisciente.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é um processo vivo ligado a grupos, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em meio à aceleração da história moderna, que ameaça o esquecimento. Esses lugares expressam o anseio por identidade em uma sociedade globalizada.
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15quintaldasletras
1) A poesia ortónima de Fernando Pessoa é caracterizada por temas como o fingimento poético, a dor de pensar associada à tensão entre consciência e inconsciência, e a transitoriedade da vida. 2) Outros temas incluem a nostalgia da infância, a tensão entre sonho e realidade, e a angústia existencial perante o absurdo da existência. 3) Pessoa procurava a felicidade através do pensamento, mas a inteligência só lhe trouxe a certeza de que "tudo é oculto", levando-
1) O documento analisa a obra Ohio Impromptu de Samuel Beckett, comparando as representações de espaço na obra com os conceitos de Leonardo da Vinci e Zygmunt Bauman.
2) A autora argumenta que as fronteiras entre os espaços se tornam porosas em Ohio Impromptu, permitindo vozes e memórias atravessarem.
3) Ela defende que é necessário um método interdisciplinar que reconstrua e reorganize os espaços de forma a desvendar os enigmas da obra de Beckett.
O artigo versa sobre alguns aspectos da obra de Dorival Caymmi em relação de aproximação com a poesia brasileira.Foi produzido para o curso de graduação em Letras,Literatura brasileira,sobre poesia na UFRJ.Posteriormente,foi apresentado como comunicação em Colóquio sobre poesia e contemporaneidade,2010.
O Eu profundo e os outros Eus Fernando PessoaZanah
Este poema dramático descreve uma cena onírica de um homem e uma mulher vagando por uma floresta estranha em um estado de sonho lúcido. Eles parecem conhecer a floresta há muito tempo e viveram ali horas de felicidade esquecendo a realidade, embora a paisagem também traga uma sensação de tristeza e exílio. No final, a floresta volta a surgir diante deles enquanto continuam sonhando.
O corpo atravessado pelo lugar: relato de experiência artística na cidade de ...liriamorays
Este documento discute três experiências artísticas realizadas na cidade de Lençóis, Bahia, onde os participantes exploraram a relação entre corpo e espaço. A estratégia da "camuflagem" é proposta como uma forma de criar invisibilidade no espaço para depois gerar visibilidade através de ações. O documento também reflete sobre como diferentes lugares podem ser experienciados de maneiras únicas dependendo do contexto.
Este documento analisa obras de arte de Francisco Tropa e Alberto Carneiro expostas na bienal Anozero em 2015. A obra de Tropa projeta imagens encriptadas dentro de uma gruta, referenciando a Divina Comédia e A Alegoria da Caverna de Platão. A obra de Carneiro usa bambus com espelhos que refletem o observador, revelando os processos de representação. Embora diferentes, ambas as obras questionam a natureza da criação artística e do papel do artista.
Este documento discute como a obra de Proust "Em Busca do Tempo Perdido" explora diferentes mundos de signos através do aprendizado do protagonista. Três frases:
1) A obra examina os signos mundanos, amorosos e outros que o herói deve decifrar em sua jornada.
2) Os signos formam sistemas que variam entre mundos e pessoas, fornecendo unidade e pluralismo à narrativa.
3) Aprender é tornar-se sensível aos signos e decifrá-los, seja da
O documento discute como a obra de Proust A la recherche du temps perdu explora diferentes tipos de signos através dos mundos que o herói experimenta. Os signos formam a unidade e pluralidade da obra ao constituírem sistemas específicos em cada mundo, como a mundanidade e o amor, onde os signos precisam ser decifrados e interpretados para o aprendizado.
Este documento discute um filme de 1981 chamado "Quinta Essência" que mostra uma bailarina dançando em um hospital psiquiátrico em Goiânia. Analisa como a dança experimental e livre da época reflete o contexto cultural da cidade na década de 1980, quando a arte era acessível a todos e não havia muitas regras. Busca estabelecer uma história da dança em Goiânia considerando fontes não convencionais como este filme.
Revista Aka Arte edição 1
A atividade editorial do projeto Aka Arte está no momento especializada na produção e comercialização dos Catálogos das Iniciativas que produzimos e na edição e partilha dos Portefólios dos Autores que representamos e/ou agenciamos.
Todas as publicações são disponibilizadas gratuitamente em formato digital, acessível a partir das nossas contas no ISSUU, SCRIBD ou SLIDESHARE, e fornecidas em versão impressa, ao preço de capa (+ custos de envio postal em caso de envio via Correios) nas nossas instalações ou segundo solicitação para o nosso endereço eletrónico: aka.arte@gmail.com
Este documento apresenta uma exposição de arte intitulada "Lind'Mundo" que reúne obras de escultura de Jorge Moreira e pintura de Nuno Quaresma. A mostra integra-se na iniciativa "AKA OM" dedicada a temas como mudança, movimento e criatividade, e antecipa outras atividades culturais agendadas para 2015. O documento inclui também biografias dos artistas e prefácios sobre a arte e o significado do mantra "Aum".
O documento discute a incomunicabilidade na arte e como obras contemporâneas podem comunicar o incomunicável através do silêncio e fluxos imaginativos que transformam tanto o artista quanto o fruidor. A cultura mediática amplia a percepção de tempo e realidade de forma pós-humana, e o artista pode revelar essa realidade através de sua obra ou comunicação direta sobre o trabalho. Fruir a arte requer sintonizar-se com o silêncio da obra para sentir o que ela comunica sobre o incomunicável.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
O documento discute a importância da arte e da expressão artística na formação humana. Defende que a arte deve ser concebida como um modo de praticar a cultura, abrangendo diferentes atividades e expressões criativas. O projeto "Recrearte" tem como objetivo proporcionar às crianças um espaço para descobrir e demonstrar seus talentos artísticos de forma prazerosa.
O documento discute a relação entre narrativa e arquitetura. O autor argumenta que assim como a narrativa "configura" o tempo através da linguagem, a arquitetura "configura" o espaço através da construção. Ele propõe que há uma analogia entre o ato de contar uma história e o ato de construir um edifício. O autor também discute como a narrativa e a arquitetura estão enraizadas no habitar humano e na vida cotidiana.
OM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distante…
Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Partículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexidade matemática da Teoria das Cordas.
No meu íntimo, no fundo da minha alma (será que esta existe?)procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim.
Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte.
Já me explicaram que maís o conseguiria integrar se tivesse “o copo menos cheio”.
É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa malga (amálgama!) a transbordar.
A dura tarefa que tenho hoje pela frente é esvaziar-me desse caudal.
É minha essa tarefa apenas porque a escolho.
Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postulado.
Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e irreverência).
Por isso começo por desenhar e pintar.
Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora.
Vou pintar o que não compreendo, pintarei tudo o que me distraí o pensamento, para ver se a pintar desmistifico e desmistificando exorcizo essa força magnética que me agarra obsessivamente à forma das coisas.
Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do coração… de Ti!
Aka OM (Aum), a inaugurar a 4 de outubro deste ano no MUSA – Museu das Artes de Sintra, com o apoio Tailored, AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra.
Last Call for Arts
AKA Om (aum) é uma iniciativa que orbita em torno desta primeira exposição no MUSA já agendada com representação do trabalho de Jorge Moreira e Nuno Quaresma. O tema central é a Existência, a inteligibilidade do Mundo e, por oposição, os seus mistérios, os grandes e os pequenos. A abordagem é feita a partir das realidades mais simples, as do dia a dia, e o desafio é fazer uma caminhada estética e simbólica partindo das partes rumo à totalidade metafísica, de uma maneira que possa ser perceptível. Uma caminhada do seminal até ao todo criado. Uma viagem do “meu umbigo” até aos limites dos multiversos cósmicos e humanos. Uma caminhada do Eu, do Nós, passando pela Família, Amigos, Comunidade, País, Mundo, até aos confins do que a nossa consciência abarca. Embarcas comigo? Procuro Pintores, Escultores, Artistas Multimédia, Escritores, Poetas, Desenhadores, Realizadores, Empreendedores, Ativistas, Cientistas…
Cao, Santiago. "D(en)ominar. (Des)cobrir. Esquecer"Santiago Cao
Texto escrito por Santiago Cao para o catálogo da II edição do Festival MOLA (Mostra Osso LatinoAmericana) de Performances Urbanas, acontecido de 10 à 20 de maço de 2013 em Arraial D`Ajuda e Trancoso- Porto Seguro- Brasil.
Neste ensaio, Cao reflete sobre os conceitos de "relação" e "dominação", e daí se pergunta sobre as possibilidades da Performance como arte relacional.
Este documento descreve a obra de arte de Emerenciano, enfatizando que ela não deve ser vista apenas por seus aspectos visuais, mas sim como uma reflexão do artista sobre o mundo. A obra de Emerenciano combina pintura, desenho, escrita e discurso para comunicar sobre temas como identidade, cultura e história. Ela usa símbolos para representar a comunicação entre o indivíduo e a sociedade.
Narrativas erodidas: os usos de si como estratégia poética.Priscilla Menezes
1. O trabalho investiga os usos da fala de si na obra de arte, analisando artistas que empregam procedimentos confessionais.
2. É questionada a noção de biografia como revelação do eu, pensando-se a escrita da vida como potência criadora.
3. O trabalho analisa diferentes estratégias de erosão do eu em três capítulos: "Refrações" sobre desvios identitários, "Abandonos" sobre práticas da perda, e "Metamorfoses" sobre transformações do eu.
1) O documento discute o conceito de literatura e suas funções, incluindo como um instrumento de fuga da realidade, arte pela arte, e literatura engajada. 2) As seis funções da literatura são listadas: lúdica, sintonizadora, paradigmática, cognitiva, catártica e liberadora do eu. 3) Os tipos de narração são explicados: narrador-personagem, narrador-observador e narrador-onisciente.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é um processo vivo ligado a grupos, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em meio à aceleração da história moderna, que ameaça o esquecimento. Esses lugares expressam o anseio por identidade em uma sociedade globalizada.
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15quintaldasletras
1) A poesia ortónima de Fernando Pessoa é caracterizada por temas como o fingimento poético, a dor de pensar associada à tensão entre consciência e inconsciência, e a transitoriedade da vida. 2) Outros temas incluem a nostalgia da infância, a tensão entre sonho e realidade, e a angústia existencial perante o absurdo da existência. 3) Pessoa procurava a felicidade através do pensamento, mas a inteligência só lhe trouxe a certeza de que "tudo é oculto", levando-
1) O documento analisa a obra Ohio Impromptu de Samuel Beckett, comparando as representações de espaço na obra com os conceitos de Leonardo da Vinci e Zygmunt Bauman.
2) A autora argumenta que as fronteiras entre os espaços se tornam porosas em Ohio Impromptu, permitindo vozes e memórias atravessarem.
3) Ela defende que é necessário um método interdisciplinar que reconstrua e reorganize os espaços de forma a desvendar os enigmas da obra de Beckett.
O artigo versa sobre alguns aspectos da obra de Dorival Caymmi em relação de aproximação com a poesia brasileira.Foi produzido para o curso de graduação em Letras,Literatura brasileira,sobre poesia na UFRJ.Posteriormente,foi apresentado como comunicação em Colóquio sobre poesia e contemporaneidade,2010.
O Eu profundo e os outros Eus Fernando PessoaZanah
Este poema dramático descreve uma cena onírica de um homem e uma mulher vagando por uma floresta estranha em um estado de sonho lúcido. Eles parecem conhecer a floresta há muito tempo e viveram ali horas de felicidade esquecendo a realidade, embora a paisagem também traga uma sensação de tristeza e exílio. No final, a floresta volta a surgir diante deles enquanto continuam sonhando.
O corpo atravessado pelo lugar: relato de experiência artística na cidade de ...liriamorays
Este documento discute três experiências artísticas realizadas na cidade de Lençóis, Bahia, onde os participantes exploraram a relação entre corpo e espaço. A estratégia da "camuflagem" é proposta como uma forma de criar invisibilidade no espaço para depois gerar visibilidade através de ações. O documento também reflete sobre como diferentes lugares podem ser experienciados de maneiras únicas dependendo do contexto.
Este documento analisa obras de arte de Francisco Tropa e Alberto Carneiro expostas na bienal Anozero em 2015. A obra de Tropa projeta imagens encriptadas dentro de uma gruta, referenciando a Divina Comédia e A Alegoria da Caverna de Platão. A obra de Carneiro usa bambus com espelhos que refletem o observador, revelando os processos de representação. Embora diferentes, ambas as obras questionam a natureza da criação artística e do papel do artista.
Este documento discute como a obra de Proust "Em Busca do Tempo Perdido" explora diferentes mundos de signos através do aprendizado do protagonista. Três frases:
1) A obra examina os signos mundanos, amorosos e outros que o herói deve decifrar em sua jornada.
2) Os signos formam sistemas que variam entre mundos e pessoas, fornecendo unidade e pluralismo à narrativa.
3) Aprender é tornar-se sensível aos signos e decifrá-los, seja da
O documento discute como a obra de Proust A la recherche du temps perdu explora diferentes tipos de signos através dos mundos que o herói experimenta. Os signos formam a unidade e pluralidade da obra ao constituírem sistemas específicos em cada mundo, como a mundanidade e o amor, onde os signos precisam ser decifrados e interpretados para o aprendizado.
Este documento discute um filme de 1981 chamado "Quinta Essência" que mostra uma bailarina dançando em um hospital psiquiátrico em Goiânia. Analisa como a dança experimental e livre da época reflete o contexto cultural da cidade na década de 1980, quando a arte era acessível a todos e não havia muitas regras. Busca estabelecer uma história da dança em Goiânia considerando fontes não convencionais como este filme.
Revista Aka Arte edição 1
A atividade editorial do projeto Aka Arte está no momento especializada na produção e comercialização dos Catálogos das Iniciativas que produzimos e na edição e partilha dos Portefólios dos Autores que representamos e/ou agenciamos.
Todas as publicações são disponibilizadas gratuitamente em formato digital, acessível a partir das nossas contas no ISSUU, SCRIBD ou SLIDESHARE, e fornecidas em versão impressa, ao preço de capa (+ custos de envio postal em caso de envio via Correios) nas nossas instalações ou segundo solicitação para o nosso endereço eletrónico: aka.arte@gmail.com
Este documento apresenta uma exposição de arte intitulada "Lind'Mundo" que reúne obras de escultura de Jorge Moreira e pintura de Nuno Quaresma. A mostra integra-se na iniciativa "AKA OM" dedicada a temas como mudança, movimento e criatividade, e antecipa outras atividades culturais agendadas para 2015. O documento inclui também biografias dos artistas e prefácios sobre a arte e o significado do mantra "Aum".
Este documento resume um momento de existência de Fernando Pessoa enquanto passeava pelas ruas de Lisboa em 21 de fevereiro de 1930. De repente, Pessoa sentiu com firmeza que realmente existia, porém logo retornou à sensação de que sua existência era insignificante e irreal. O texto também apresenta o filósofo Étienne Souriau e sua filosofia da arte, na qual buscava entender como tornar mais real aquilo que existe através de diferentes modos de existência.
O autor critica a abordagem da ciência moderna que trata os objetos como meras variáveis para manipulação, ignorando sua opacidade. Ele argumenta que a ciência deve reconhecer que suas construções se baseiam em um mundo existente, em vez de reivindicar autonomia total. A filosofia também deve evitar reduzir o pensamento a mera operação cega, e reconhecer que o conhecimento surge de nosso contato com o mundo.
1) O documento discute como a arte envolve a totalidade do ser humano e suas dimensões afetiva, cognitiva e social.
2) A arte é vista como construção, conhecimento e expressão, envolvendo técnica, percepção e força expressiva.
3) A arte deve ser vista como um fim em si, com objetivos e conteúdos próprios, não como mero instrumento para outras áreas.
O documento discute como a percepção revela a presença da vida e da ancestralidade em todos os lugares, mesmo onde parece não haver vida. Ele também reflete sobre a essência da vida e da morte, e como as marcas que deixamos revelam nossa existência. Finalmente, cita diversos pensadores sobre temas como natureza humana, conhecimento, percepção e mortalidade.
O documento discute arte, literatura e seus agentes. Aborda como a arte é uma forma de pensamento através de imagens e como desautomatiza o ser humano. Também define texto, realidade versus ficção e os papéis da literatura como provocar reflexão, ensinar e denunciar a realidade.
Este documento descreve uma exposição de pinturas de Vítor Pomar intitulada "Uma Pátria Assim...". A exposição inclui 21 pinturas de grande formato explorando temas como a liberdade, a consciência e a não-dualidade. O autor descreve as pinturas e discute como elas transmitem mensagens políticas e espirituais através do uso de símbolos, cores e gestos vigorosos.
Este documento descreve uma exposição de pinturas de Vítor Pomar intitulada "Uma Pátria Assim...". A exposição apresenta 21 pinturas de grande formato explorando temas como a liberdade, a consciência e a não-dualidade dos opostos. As pinturas sugerem uma iniciação da consciência para além de conceitos e referências, convidando os espectadores a uma experiência espiritual e política transgressora.
Este documento descreve uma exposição de pinturas de Vítor Pomar intitulada "Uma Pátria Assim...". A exposição apresenta 21 pinturas que exploram temas como a libertação da mente, a não-dualidade e a natureza ilusória da história. O autor argumenta que as obras convidam os espectadores a uma iniciação da consciência para além de conceitos dualistas, sugerindo que nada é separado e tudo está interligado.
Este documento descreve uma exposição de pinturas de Vítor Pomar intitulada "Uma Pátria Assim...". A exposição inclui 21 pinturas de grande formato explorando temas como a libertação da mente, a não-dualidade e a natureza ilusória da história. O autor argumenta que a obra de Pomar convida os espectadores a uma iniciação da consciência para além de conceitos dualistas, sugerindo uma visão não separada de todos os fenômenos.
Este documento descreve uma exposição de pinturas de Vítor Pomar intitulada "Uma Pátria Assim...". A exposição apresenta 21 pinturas que exploram temas como a libertação da mente, a não-dualidade e a natureza ilusória da história. O autor argumenta que as obras convidam os espectadores a uma iniciação da consciência para além de conceitos dualistas, sugerindo que nada é separado no universo.
Uma pátria assim... é uma exposição de 21 pinturas de Vítor Pomar que explora temas como a liberdade, a consciência e a não-dualidade dos opostos. As pinturas sugerem a transgressão de fronteiras entre o político, o espiritual e o individual através do uso de linguagem, cor e gestos vigorosos. A exposição convida os espectadores a uma iniciação da consciência para além de conceitos fixos.
Polishop (livro de poesia) - Tiago Nené [pt]mafia888
Este documento apresenta um prefácio para o livro "Polishop" de José Carlos Barros. Resume o livro como explorando um universo de perdas, desencontros e impossibilidades através de uma poesia que questiona as aparências e revela as imperfeições do mundo. Apresenta também alguns poemas do livro que ilustram esses temas.
Acre 007 edição 007 julho, agosto e setembro... para revisão de autorAMEOPOEMA Editora
Este documento contém três poemas e um texto sobre poesia e arte como agentes de transformação social. O primeiro poema fala sobre a fuga da realidade através de sonhos e da beleza encontrada no efêmero. O segundo poema descreve a conexão entre as pessoas através do toque e dos sentidos. O terceiro texto reflete sobre como a arte da vanguarda é esquecida e como o site UbuWeb ajuda a resgatar essa história.
O documento discute o simbolismo maçônico e a ciência do simbolismo. Explica que os símbolos são usados para transmitir ensinamentos de forma velada na Maçonaria. Também define símbolo e discute a origem, tipos, características e funções dos símbolos, especialmente no contexto maçônico.
O documento fornece um resumo das principais características temáticas e estilísticas da poesia de Fernando Pessoa Ortónimo. A poesia aborda temas como a angústia existencial, a solidão, o tédio e a dor de viver, e explora oposições como pensar vs sentir. Estilisticamente, utiliza figuras de som como aliterações, e figuras de sentido como metáforas. Busca superar os estados negativos através da evocação da infância e do ocultismo.
O documento discute a obra "O método 3: o conhecimento do conhecimento" de Edgar Morin. Morin propõe seis métodos para o estudo do conhecimento, sendo o terceiro método sobre o conhecimento do conhecimento. Este método aborda a relatividade e incerteza do conhecimento, a importância da linguagem para o pensamento humano e a emergência da consciência a partir do pensamento reflexivo sobre si mesmo.
Murilo Mendes foi um poeta e escritor brasileiro nascido em 1901 em Juiz de Fora. Publicou diversos livros de poesia e prosa ao longo de sua carreira, abordando temas como religião e cultura brasileira. Mudou-se para a Europa nos anos 1950 onde lecionou literatura brasileira e faleceu em Portugal em 1975, deixando um importante legado para as letras brasileiras.
- O autorretrato aborda referências artísticas como Durer, Zé Rufino, Sophie Calle e Duchamp que misturam palavras e imagens.
- Elementos como a escada, o bebê, o quadrado mágico de Durer evocam a família e a herança recebida.
- As cartas de Zé Rufino e a entrevista de Sophie Calle exploram a narrativa para elaborar experiências dolorosas.
- Pequenos detalhes como a rodilha, a lágrima ou a roda
Semelhante a Arte transversa, quando a memória deságua na cultura (20)
Arte transversa, quando a memória deságua na cultura
1. ARTE TRANSVERSA, QUANDO A MEMÓRIA DESÁGUA NA CULTURA
Ana Beatriz Barroso1
Resumo: O texto transita por conexões possíveis entre arte, cultura e memória em perspectiva
poética e explora a hipótese de um encontro entre as três. A idéia de uma arte aberta e definida
em consonância com sua potência comunicacional, transversal à sua realidade imediata,
perpassa o ensaio.
Palavras-chave: transversalidade, comunicação, arte, poética
Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado2
Que relação podemos dizer que se estabelece entre arte, cultura e memória? Que as três se dão
e se afastam, isso é certo. Porém, quando se juntam, se é que se juntam, como isso se dá?
Imaginemos por um segundo que isso se dê em uma espécie de desaguamento da memória na
cultura. Haveria nesse caso um rio – a memória – e um mar – a cultura. A arte seria o quando,
seria, portanto, um tempo: o tempo do encontro de uma com a outra, memória e cultura, ou de
um com o outro, rio e mar. Penso em imagens porque é sabido o quanto elas nos ajudam a ver
e também a transver, como afirma Manoel de Barros em depoimento a João Jardim e Walter
Carvalho no filme Janela da Alma (Brasil, 2001): os olhos vêem, a imaginação transvê. A
questão, nesse caso, para o poeta (e também para mim), não é saber o que entra pelos dois
orifícios que temos na face, sensíveis à luz, mas sim saber o que deles sai, o que se sobrepõe
ao mundo lá fora. Cabe lembrar que houve um tempo em que se acreditava que a luz, e
consequentemente as imagens que formamos do mundo, saía dos olhos, de dentro para fora,
em vez de entrar. Imagina...
Durante muito tempo a visão foi explicada pela teoria dos raios
visuais, segundo a qual dos olhos emanam luzes que apreendem os
2. objetos, como tentáculos. As visíveis cintilações que jorram do olhar
eram citadas como prova da existência de tais raios, assim como a
luminescência dos olhos dos animais noturnos.3
Sem retroagir, podemos apenas resgatar, nessa ideia, a percepção de uma presença ativa e
poderosa da imaginação humana, sua ação poética e poetizante. Ora, se de fato há um rio que
deságua em um mar, esse encontro acontece de um determinado modo. Se há rios que
deságuam em mares, esses encontros acontecem de diferentes modos. Há ainda rios que
deságuam em rios e mares que deságuam na terra, na arrebentação, em tsunamis. Não nos
cabe descrever nem demonstrar todos encontros possíveis, nem as variadas formas que esses
encontros adquirem. A nós, basta-nos saber que existem, apreciá-los quando nos é dada a
oportunidade, comentá-los se assim se quiser. O que de fato nos cabe, a nós que nos situamos
nessa margem de cá, perto do estranhamento perpétuo, perto do caos e das flores, perto,
dentro e fora da arte, é ensaiar um encontro apenas, imaginário, evidentemente, entre memória
e cultura.
Sendo imaginário, esse encontro não se daria em um lugar, mas em um tempo. Se fosse em
um lugar, uma série de definições, descrições, delimitações e infinitas outras ações se
manifestariam imprescindíveis ao relato, ou à hipótese. Dando-se no tempo, ao contrário,
podemos vê-lo em qualquer lugar, em múltiplas formas, acontecendo de modo plural, como
plural é a arte no tempo em que nos é dado viver, nossa época, mas também no tempo-fio-
histórico que nos é dado conhecer, pois que historicamente, sabe-se, a arte sempre variou.
Tendo atravessado o sonho eurocêntrico e rompido o cerco em que se confinava em categorias
restritas, regras rígidas e gênios incontestes, a arte percebe-se, hoje, extremamente variada,
multiforme e plural, como plural passa a ser o mundo que habitamos quando visto em sua
globalidade perturbadora através dos fragmentos de imagens fotográficas, cinematográficas,
televisivas, textuais e computacionais, que dele nos vão chegando.
Eis, portanto, a vantagem de se imaginar o tal encontro entre memória e cultura no tempo e
não no espaço, em instantes e durações e não em lugares: a diversidade salta aos olhos (e dos
olhos). Chamaremos esse encontro, marcado pela diversidade poética, de arte transversa. Por
ser um momento e não uma coisa, nem um acontecimento, tampouco um objeto, uma ação ou
uma inação, a assim batizada arte transversa vem a ser (e é, quando o encontro se dá) uma
dimensão íntima, pessoal. Não podemos vê-la, tocá-la, senti-la nem nada. Tudo que podemos
3. fazer com ela é sê-la. Sequer podemos estar nela.
De algum modo, por mais íntima que seja a dimensão do instante, onde se dá o encontro
poético entre memória e cultura, em seu todo ou conjunto o tempo é visto por fora e, nesse
fora, é visto pelas marcas que faz e deixa. A transformação por ele e nele operada é constante
e discreta. O tempo se mostra no transformar, é trânsito em estado puro. No turbilhão das
pequenas e grandes mutações que sofremos e fazemos sofrer, o tempo se revela, escoa e
escapa. Fica, dele, a memória que temos dele quando nele nos transformamos. Quando um
cheiro, visão ou canção chega até nós e nos faz lembrar de algo vivido, vemo-nos em um
tempo próprio. Somos em parte uma memória desgrudada, desenraizada, livre de calendários.
“Ao ler a data marcada na carta, Kimie, pela primeira vez, deu-se conta de que já era julho.
Para ela era como se o incidente de dez dias antes tivesse acontecido há um ou dois meses.”4
Se não ter memória é como não ser, somos, portanto, um pouco do que fomos embora já não o
sejamos. Somos igualmente um pouco do que sonhamos ser ou termos sido, nesse passado
feito de lembranças, e um pouco do que sonhamos vir a ser, em um futuro incerto. Somos
ainda um pouco do que somos de fato quando nos lembramos de ser alguma coisa além do
que já somos quando entregues integralmente ao que somos, esquecidos de antes,
despreocupados do amanhã. O que ficará, aliás, de nós, quando já não formos? Dos mortos, o
que fica, geralmente, para os que ficam, é a lembrança do que foram em vida: gestos,
palavras, posturas, rigores, hábitos, palavras, sorrisos, alguns objetos e pertences, quando os
teve o morto. Nada mais. Essencialmente, o que fica é a memória deste, ou melhor, o que dele
ou dela se gravou em nossa memória, fixou-se em nossa lembrança, impregnou-nos. É o todo
dela, da pessoa, que fica. Os detalhes se vão, uma coisa ou outra pode ser retida, mas é o
conjunto externo de instantes do ser que permanece. Em outras palavras, para quem vê de fora
– e quem de nós não vê de fora – é o complexo de instante e duração que importa. Para quem
vê de dentro, é a eternidade que vale. Alternamos, no fundo, um e outro.
Na paixão, a lembrança se inclina ao intemporal. Juntamos as
aventuras de um passado numa só imagem; os poentes de diferentes
vermelhos que vejo a cada entardecer serão na lembrança um só
poente. Passa-se o mesmo com a previsão: as esperanças mais
incompatíveis podem concicer sem problema. Digamos em outras
palavras: o estilo do desejo é a eternidade.5
4. Dos instantes íntimos de cada pessoa nada, ou quase nada, sabemos. Aquilo que ela pensou no
instante exato em que tomou tal atitude e não outra, aquilo que a fez dizer isso e não aquilo; a
minúcia da ação nos escapa, não a alcançamos, nem o mais arguto e sensível dos olhares
capta. Não, tudo isso é da ordem da intimidade e é dessa ordem a dita arte transversa, essa que
não é coisa, lugar ou espaço, essa que é ser e comunicar-se e que também é desejo de
comunicação. Se a pessoa é artista, dela não ficam apenas gestos, atitudes e palavras, mas
também obras, propostas ou sistemas artísticos, coisas que objetivam em alguma linguagem
os meandros de sua subjetividade, sua expressão, sua busca e seu conhecimento. Nesse caso,
se a linguagem (qualquer linguagem) é um solo comum que nos permite partilhar intimidades
por meio da fala (sendo esta o uso pessoal que se faz de determinada língua), que quebra
silêncios e abismos, a obra, proposta ou sistema artístico nelas (na linguagem e na fala)
concretizada seria como um poço de instantes distintos, alinhavados em uma tessitura
translúcida e em fluxo, a formar um tempo outro, distinto do tempo corriqueiro.
Gaston Bachelard6
cria uma imagem singular, decerto já deformada pela minha própria e
precária memória, para o instante poético e para a arte, que identifico com a idéia de uma arte
transversa, que independe, como já se pôde perceber, de uma obra-objeto-concreto, pois
transita por conceitos e posturas. A imagem que talvez guardei de Bachelard para isso é a do
impulso, élan. A obra de arte, poema, proposta ou sistema artístico apenas funcionam como
uma mola que nos lança na dimensão do instante poético, um instante caracterizado pela
verticalidade, um instante que parece se desconectar da dita linha do tempo e lançar a pessoa
em um outro nível de realidade. Esse outro nível de realidade é íntimo, pessoal e virtual, posto
que aponta para uma potência do ser, para o devir, o vir a ser, desconhecido mas pressentido.
O instante poético, efetivamente, lança-nos no (i)memorial de nós mesmos, num recanto onde
a cultura se esquece, onde imaginamos (ou temos a sensação de imaginar) por nós mesmos.
O devaneio poético, experimentado nesse instante, quer ser partilhado e o faz na realização da
forma. Não há, portanto, na obra (proposta ou sistema), uma mensagem, fechada ou aberta,
mas um ser, que se dobra e se desdobra em formas oriundas de uma substância material e
onírica. A ciência do artista, nessa óptica transversa, não é criar universos de sentido por meio
de técnicas variadas, capazes de iludir ou encantar as pessoas, mas, sim, criar campos de
sentimentos e significação, lugares, momentos ou situações propícios à invenção de sentido,
convidativos à criação poética.
5. O impulso criativo só funciona, claro, junto a uma predisposição da pessoa, que esse põe em
contato com a arte, a ser lançada naquela outra dimensão, lugar aberto; por isso a arte
transversa não está exatamente na obra, mas na relação e portanto no trânsito, que se
estabelece entre artista, obra (proposta ou sistema), pessoa e sentido. Está, voltando à imagem
original, no desaguamento da memória pessoal na cultura, solo comum. O instante poético
gera uma percepção ímpar, que é partilhada em uma forma de arte. Quando essa forma
substancial afeta a cultura, perturba-a, a arte é transversa. O que esta arte diz exatamente, seu
conteúdo e sua forma, não são mais importantes que aquilo que ela nos faz pensar e sentir por
nós mesmos a partir do impulso inicial que ela nos deu. A arte, assim, tem valor por acionar
em nosso psiquismo lembranças esquecidas: ela nos dá chaves de memória, impulsos (élans)
para o imemorial e, paradoxalmente, para o vir a ser. A partir delas mergulhamos no rio de
nossas próprias lembranças. Este relembrar — próprio, íntimo e pessoal — apenas
impulsionado pelo poeta e pelo artista, ou mesmo este sonhar, pois já não sabemos em que
medida imaginamos sentidos e reinventamos noções ao lembrar, esse relembrar, enfim,
sobrepõe-se à mensagem propriamente dita da arte, ultrapassa-a, importa mais que o objeto
que lhe deu origem, constitui-se por isso em arte e, por isso igualmente, em arte transversa,
posto que atravessa o verso, transcende-o a partir de si. Cumpre lembrar que o discurso é um
trânsito entre texto e contexto, um corre-corre, um pique-esconde, onde o que se revela não é
o que se dá a ver. “Dis-cursus é, originalmente, a ação de correr para todo lado, são idas e
vindas, démarches, intrigas”7
. Se é assim, à arte transversa importa ir além do discurso e do
jogo cultural.
A cultura pode ser entendida como uma espécie de memória coletiva, berço de linguagens,
criadouro de hábitos e costumes, lugar das tradições que funcionam como armas inconscientes
a nos orientar rumo ao desconhecido, por entre suas entranhas, por entre ruas e monumentos,
nomes e desertos. A cultura é chave de experiências acumuladas por outros antes de nós, é
herdada e transformada, coletivamente, por comunidades de pessoas afins, próximas ou
distantes, ligadas por laços, ora de sangue, ora de amizade ou de paixões. Fosse a arte mais
humilde do que costuma ser, do que culturalmente se tornou ao longo dos séculos, seria
naturalmente percebida como a língua o é: bem de todos, lugar de ninguém, fluxo por onde
transitamos ao sabor dos ventos essenciais, fruto compartilhado pela tribo local ou global, por
uma coletividade imensa nesses tempos de aldeia cibernética de seres humanos conectados
pela rede mundial de computadores e de telecomunicações. Nesse sentido, a arte transversa,
6. concebida como um estado de ser, um estar no mundo, uma maneira de viver, modus
operandi pessoal e potencialmente universal, é uma língua e uma linguagem, menos visível e
audível que a língua e que a linguagem operacional e pragmática normalmente aprendidas e
praticadas muito espontaneamente por todos os membros de uma comunidade, mas tão
necessária ao existir quanto essas.
Cabe lembrar que a cultura não é um bem em si, não é boa em si. A tradição cultural por vezes
pesa demasiadamente nos ombros dos inquietos e desejosos de não saber já de antemão o que
querem saber, de descobrir por si, de reinventar rodas, sim, de experimentar não só o novo,
mas o velho também, no eterno retorno dos que vivem e experimentam pela primeira vez tudo
que os vivos experimentam e que os faz se sentirem vivos: sabores e prazeres. Que queimem a
língua, que quebrem a cara, que se estrebuchem adiante, que mal há nisso, que tem os outros,
seguros e certeiros, sempre sabidos, donos de verdades e fundos, com isso? O falar, no sujeito
da fala, nesse que é poeta, nesse que areja a linguagem — “minhocas arejam a terra; poetas, a
linguagem”8
— é mecanismo de prazer íntimo, partilhado com os próximos, e de subversão.
Quem já tenha experimentado ir contra a ordem estabelecia ou a partes dessa ordem
estabelecida, cultivando em si comportamentos, posturas e percepções inusuais, conhece o
peso opressivo da cultura, de qualquer cultura, sua face monstruosa, seu poder estagnante e
silenciador. Na fala a desafiamos. O falar é um gesto contracultural por natureza, posto que
ousa abalar (arejar seria o mesmo) a ordem imemorial que garante a suposta perfeita ordem
das coisas e da vida social.
Assim, só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria riqueza,
fecundidade, força doce e insidiosamente universal. E ignoramos, em
contrapartida, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria
destinada a excluir todos aqueles que, ponto por ponto, em nossa
história, procuraram contornar essa vontade de verdade e recolocá-
la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verdade assume
a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura; todos aqueles,
de Nietzsche a Artaud e a Bataille, devem agora nos servir de sinais,
altivos sem dúvida, para o trabalho de todo dia.9
Com esses sinais em mente ensaiemos contrapor, essencialmente, memória e invenção,
cultura e pessoa, língua e fala. Estava a sonhar que era possível não contrapô-las, mas
7. imiscuí-las, fazer desaguar uma na outra, a memória na cultura, a pessoa na fala, a língua na
invenção. Sonhava, sim, e com todo direito de fazê-lo, e lembrava, imperfeitamente lembrava,
de Fernando Pessoa, transversado em Álvaro de Campos (no poema Lisbon Revisited, de
1923), arredio, a dizer “Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. / Fora disso
sou doido, com todo direito a sê-lo. / Com todo o direito a sê-lo, ouviram?”10
A técnica é a fala
do artista transverso, cuja loucura nada mais é que problema de comunicação ou de
linguagem, ruptura da ponte que vai de si aos outros, isolamento ou solidão, inferno,
convicção íntima acirrada, que a ninguém quer convencer e por ninguém se deixa dissuadir,
fundo de poço, resto de desamor, ou amor pleno, “a magia da verdade inteira todo poderoso
amor” (Gilberto Gil). A diferença, qual seria, do estado doentio para o estado poético? A
benesse da técnica e a força do amor, insubordinado amor. Pelo esforço de comunicar
novamente, de maneira própria, dentro de uma técnica específica e particularmente
trabalhada, a técnica insubordinada (sou técnico, somente dentro da minha técnica) alçaria o
louco, já artista, a outro patamar, não da normalidade da qual saíra um dia, mas do estado de
ser transverso. Já não é o excesso de lucidez, de insanidade, de sensibilidade e de espírito
crítico que caracterizam esse estado, mas outra coisa, dessas inomináveis, ou simples
pororoca: desaguamento da memória na cultura.
Digamos que a técnica, tão cara à arte, seja ao mesmo tempo memória e cultura11
. Ela é
memória na medida em que preserva um modus operandi experimentados, cuja eficácia
realizadora se aprimora a cada nova experimentação. Ela é cultura na medida em que se deixa
partilhar por meio de uma prática diária, de um cultivo, solitário ou coletivo de um conjunto
de costumes e valores. Ela, porém, tanto no campo da arte, como no da ciência, do desporto e
de tantos outros, é inválida se fica fora do sujeito. Fora dele, a técnica é estanque, é língua
morta. A técnica, sendo a fala do artista, é também uma conquista deste. Não se compra, não
se vende, não se troca. Pratica-se. Vivencia-se, como se faz com a língua e com a linguagem
ao se falar. Na fala, assim como na técnica, transformamos partículas, talvez ínfimas, talvez
significativas, do todo cultural, e operamos tal transformação quanto mais impregnamos nossa
fala de nossa memória, amalgamando, assim, pelo menos três dimensões distintas: uma
abstrata ou extremamente abrangente (a linguagem, o sistema), uma social e prática (a língua)
e uma idiossincrática – a fala, própria da pessoa.
A arte transversa faz desaguar a memória na cultura no instante preciso em que se
compreende que essas instâncias não são unidimensionais. A memória, por exemplo, é
8. pessoal, mas é também comum, igual a de todos, pois calcada em um corpo, mais ou menos
igual aos demais corpos. Costumamos vê-la como propriedade privada, particular apenas,
idiossincrática, enquanto ela tem uma dimensão comum: sua origem corporal. Talvez aí resida
a chance à universalidade da arte, em seu fundo de dor, de percepção e criação de beleza, de
fedor, de miséria e morte, que ninguém gosta de lembrar, que a todos convém esquecer. A
cultura, ao contrário, embora pareça sempre exterior ao indivíduo, coisa obviamente social,
grupal e coletiva, reserva uma parcela de subjetividade: manias, trejeitos, esquisitices e
hábitos formam a cultura da pessoa.
O momento preciso, porém, que nos interessa, equivale ao que Bachelard chamara de instante
poético e Henri Cartier-Bresson, de momento decisivo. Para aquele é o instante em que se
escapa do encadeamento linear natural do existir, onde minutos e horas se encadeiam
horizontalmente, em perfeita ordenação, e se entra no tempo vertical, onde realidades
ontológicas se revelam, inventam-se ou relembram-se na pessoa, tornando-a, justamente, mais
pessoa. Para o fotógrafo, trata-se da fração de segundo irrepetível, única, à qual se chega por
uma espécie de antecipação ou sintonia fina com o presente, o devir aqui e agora. Cada artista
talvez tenha sua definição para aquele momento preciso e para a arte transversa. Transitemos.
Assumamo-nos como seres errantes! Nômades de nós mesmos por excelência.
Arte transversa, enfim, não coroa nem inaugura nenhum processo progressivo ou tampouco
depressivo e pode se manifestar em múltiplas obras e não-obras, trair discursos e práticas,
infiltrar-se em manifestos e movimentos, permanecer inerte ou expandir-se porque não é um
espaço, nem uma coisa nem outra, mas um tempo de encontro de memórias e culturas, um
estado de ser e de se comunicar no tempo, um estado de ser complexo, desdobrado em
camadas e camadas de intimidade, sobrepostas eventualmente de maneira simples,
eventualmente de modo sofisticado. Nesse tempo, memória e cultura confluem. Nesse
encontro, inúmeras artes e artistas têm sua importância radical e relativa. Podemos, por isso,
ao sabor do vento ou das necessidades do momento, mas não a partir de pressupostos
apriorísticos, colher e provar diversos frutos estéticos, amargos e doces, pequenos e grandes.
Na confluência, o sonho de uma arte transversa prolonga uma visão expressa no manifesto
neoconcreto.
Afirmo ali que, para os neoconcretos, a obra de arte não é uma
máquina mas um quasi-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se
esgota nas relações exteriores de seus elementos, conforme a visão de
9. Merleau-Ponty, Susan Langer e Vladímir Weidlé, para os quais a
obra de arte se assemelha não a máquinas mas a organismos vivos.12
Como organismo vivo, a arte se comunica e comunica universos de valores. Se ela fixa e
cristaliza uma significação particular, a do artista, se ela, nesse cristalizar, constitui-se como
um organismo vivo, como uma memória exposta, pulsante, ativa e impulsionante, ela só se
completa no momento em que o outro – espectador, leitor, fruidor, participante ou interator –
entra em contato com ela e nela se altera, lançado que é a uma outra atmosfera, a uma outra
dimensão, que já não é a de si, nem a do artista, mas de ambos e de ninguém: uma realidade
maior, transversal e cortante, ponte precária entre pelo menos dois seres. Composta por
percepções e significações singulares, a memória pessoal sai de seu casulo e alcança, na arte
como potência de comunicação e não como garantia certeira, a alteridade, deságua na cultura,
soma-se a outras percepções e significações singulares, a outras memórias, adormecidas ou
atentas, e nesse somar tece manhãs, gera culturas.
Um galo sozinho não tece a manhã: / ele precisará sempre de outros
galos. / De um que apanhe esse grito que ele / e o lance a outro: de
um outro galo / que apanhe o grito que um galo antes / e o lance a
outro; e de outros galos / que com muitos outros galos se cruzam / os
fios de sol de seus gritos de galo / para que a manhã, desde uma tela
tênue, / se vá tecendo, entre todos os galos. / E se encorpando em
tela, entre todos, / se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo / (a
manhã) que plana livre de armação. / A manhã, toldo de um tecido
tão aéreo / que, tecido, se eleva por si: luz balão.13
Não fosse tal potencial inventivo, a arte viva e nós, seres humanos vivos, seríamos mera
repetição de nós mesmos, reprodução de valores já assimilados, exercício doméstico de
digestão cultural, inofensivo e claramente benéfico, assegurador da aparente ordem e paz
social e de todo o rol de injustiças indignas que sabemos existir sob o manto do status quo e
da acomodação. Pelo contrário, dotada de potência comunicacional, a arte se estabelece como
prolongamento, não de uma, mas de pelo menos duas memórias inquietas, e atravessa
transversalmente suas culturas, transformando-as neste atravessamento.
10. 1
Doutora em Comunicação. Professora pesquisadora do Departamento de Artes Visuais da
Universidade de Brasília. Membro do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB e da Rede CO3
de ensino e pesquisa em arte, cultura e tecnologias. abeatrizb@gmail.com. SHIS QI 23 conjunto
04 casa 20. CEP: 71660-040. Brasília-DF. (61) 99623882.
2
HILST, Hilda. Do Desejo. São Paulo: Globo, 2004, p. 42
3
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 5ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995,
p. 31.
4
KAFU, Nagai. Crônica da estação das chuvas. São Paulo: Estação Liberdade, 2008, p. 144.
5
BORGES, Jorge Luis. História da eternidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 30.
6
BACHELARD, Gaston. L’Intuition de l’instant. Paris: Éditions Stock, 1992.
7
BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. 12. ed. Rio de janeiro: Francisco Alves,
1994, p. 1.
8
BARROS, Manoel de. Gramática expositiva do chão (poesia quase toda). Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1992, p. 252.
9
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996, p. 20.
10
PESSOA, Fernando. Obra poética. Volume único. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar S.A.,
1977, p. 357.
11
Cf. SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005. Em dado
momento do livro, já na parte concernente à arte, o autor faz interessante distinção entre ofício,
técnica e forma, esclarecendo que o primeiro se ensina com bastante facilidade, a segunda se
partilha, conquista-se pela prática e se dá a conhecer no estudo da história, porém a terceira, a
forma, não há quem ensine, tudo que podemos fazer, como professores, é estimular nos estudantes o
mergulho em si e em seu universo de necessidades e desejos de comunicação estética.
12
GULLAR, Ferreira. Experiência neoconcreta: momento-limite da arte. São Paulo: Cosac Naif,
2007, p. 43.
13
MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 219.
NOTA:
A primeira versão deste texto está publicada no livro:
Madalena Zaccara; Lívia Marques. (Org.). Paisagens plurais: artes visuais & transversalidades.
1ed. Recife - PE: Editora Universitária da UFPE, 2012, v. 1, p. 35-52