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JORNAL MENTE ATIVA
A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O
M E N T E A T I V A
M E N T E A T I V A
Bem vindos a mais um encontro com
nossas mentes ativas!
Agosto é marcado por uma data de duas
faces: de um lado, muitos filhos celebram
seus pais; de outro, estão os mais de 6
milhões que não têm o nome do pai na
certidão, e muitos outros milhões que,
mesmo tendo sido registrados, são
criados apenas pelas mães. O Dia dos
Pais, na nossa sociedade, é bem menos
bonito do que a mídia e a publicidade
mostram.
Essa mesma sociedade que ainda fica
escandalizada quando um menino brinca
com bonecas. O que de tão grave ele vai
aprender nessa brincadeira? Ser um pai?
Ao dividir os brinquedos por gêneros,
reforçamos os papéis sociais onde os
cuidados com os filhos recaem quase
que exclusivamente sobre as mulheres.
E se ainda somos nós as maiores
responsáveis por cuidar das crianças,
estão em nossas mãos as sementes da
mudança para uma sociedade com mais
pais presentes e menos mães
sobrecarregadas. Em momento algum, a
intenção é culpabilizar as mulheres por
não educarem seus filhos para serem
homens participativos, porque a cultura
machista é algo tão entranhado na
sociedade que reproduzimos muita coisa
sem perceber. A desconstrução de todo
esse machismo é um longo caminho, que
está apenas no início.
EDITORIAL O fato de estarmos questionando ideias,
que nos foram ensinadas como verdades, já
é um avanço. Refletirmos sobre o que
repassamos para nossas crianças é um
passo maior ainda. Inclusive, porque as
configurações familiares também são mais
diversas hoje em dia.
Muitas escolas já aboliram as
apresentações de Dia dos Pais e Dia das
Mães, e substituíram pelo “Dia de quem
cuida de mim”. É esse entendimento que
precisamos ter, cada vez mais. Crianças
precisam de cuidado, tanto de alimentação
e higiene, quanto de afeto, atenção,
exemplo. Não importa se esse cuidado vem
de dois pais, duas mães, mãe solo, avós, tios,
ou de alguém sem qualquer vínculo
sanguíneo… o importante é que nossas
crianças estejam seguras e bem
amparadas.
Fica aqui a provocação para que a gente
use essas datas, tão reforçadas pelo
comércio em busca de maiores lucros, como
instrumento de reflexão sobre nossa
sociedade, nossos costumes e preconceitos.
É assim que podemos evoluir como seres
humanos.
Boa leitura!
Rosemar Silva -Edição
JORNAL MENTE ATIVA
A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O
Jeane Bordignon
voos.e.palavras
JORNAL MENTE ATIVA
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Pai, quando o seu abraço me envolveu,
me senti tão seguro, algo muito forte
despertou dentro de mim, o medo e a
insegurança abriram caminho para a
coragem, passei a ter confiança em mim.
Confesso que muitas vezes, pela manhã,
não tinha vontade de acordar, de abrir
os olhos, não queria ver o mundo. Queria
permanecer no meu sono profundo.
Foram muitos anos de angústia, de
espera, aguardando por este momento,
por este encontro, pela tão esperada
adoção.
Hoje, quero gritar bem alto para o
mundo inteiro ouvir “pai”. Pai, nos meus
sonhos você estava sempre lá. Era o meu
herói, meu amigo, meu anjo protetor...
Desde então, passei a dar valor aos
sentimentos que, muitas vezes, não
conseguia expressar, sentimento pelas
pessoas que tinham carinho e cuidado
comigo. Passei a ter mais afetividade
por essas pessoas.
Ontem, fui uma criança, um menino
criado em um abrigo. Hoje, sou um jovem
adolescente, quero estudar, me formar,
construir família, um lar. E ser um pai
presente.
O amor se apresenta de várias formas.
Ele constrói laços, agrega, o amor nos
encontra, nos acolhe, enche nossos
corações de felicidade.
São estes preciosos momentos que vão
além da eternidade.
M E N T E A T I V A
PAI
Simone Mello -Poetisa
JORNAL MENTE ATIVA
A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O
É sinônimo de delicadeza,
Vulnerabilidade.
O contrário de dureza e
Insensibilidade.
É o que, se quebra, com facilidade.
Ser humano, é viver e experienciar,
fragilidade,
Às vezes, ela é do físico,
Outras, é da vontade.
Mas, muitas vezes, não percebemos
Em nós mesmas o tanto de
Firmeza e coragem que já temos.
A vergonha, dos momentos de fraqueza
que tivemos, nos
Atrapalha de ver,
O quanto crescemos e
Nos fortalecemos.
Ousemos, como aprendizes da vida,
Driblar as ilusões do ego,
Os apegos da memória ao negativo,
As confusões do pensamento distraído,
As armadilhas das emoções em
desalinho.
Aproveitar o poder do agora,
Com a consciência assumindo o
comando,
Da nossa casa mental.
Mesmo sofrendo,
Sigamos vivendo e
Aprendendo a aprender
Através do amor.
M E N T E A T I V A
FRAGILIDADE
Mariana Delphino -Artista Visual
Fotografia -Rosemar Silva
Agosto - Dia dos pais, campanhas de
saúde do homem e do aleitamento
materno, 27 Dia do Psicólogo
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M E N T E A T I V A
ARTE E REFLEXÃO
Simone Mello
Poetisa
Pai e Filho
Acorda menino!
Tá na hora de ir pra escola
chega de dormir, levante da
cama
escove os dentes, tire o pijama
o café está na mesa
tenha ânimo, coragem
e também tenha destreza.
Os cadernos já pegou?
Revisei e vi que a lição você nem
terminou...
É preciso estudar
pobre ou rico
o diploma temos que conquistar.
A escola é longe
tem que caminhar e ter
paciência de monge
é mas não reclame, lembre-se
você tem uma família que te
admira e te ama
então não perca tempo, dê
valor aos estudos
Este é o momento.
Na aula, vê, se aquiete, nada de
conversa com os colegas
Ou navegar na internet
Filho, dê valor ao professor
que ensina, o seu ofício
com dedicação e amor.
Quero poder ver você formado
escritor, médico ou advogado
mas, se quiser ser um
cientista, skatista
ou um surfista consagrado
pode contar com a família
que será sempre apoiado.
M E N T E A T I V A
O limite em um território demarca
culturas diferentes, um espaço a
qual um povo pertence. As horas
limitam os dias, as estações o
fazem em um ano e assim, em tudo,
o limite surge como, para a vida, a
morte.
Nos últimos dias, o cuidado tem
sido o tema e, para seguir
pensando formas de cuidado, faço
um recorte da clínica. A falta de
limites nas relações, ou a
dificuldade em dizer não,
promovem os relacionamentos
tóxicos.
O Corpo mostra o limite
apresentando sintomas como
tensão muscular, bruxismo,
gastrite etc. Quando a palavra
limite é utilizada remete a
território. Nos relacionamentos, o
que é restringido é a autoestima e
a individualidade.
Os sintomas apresentam a violação
realizada por pessoas muito
próximas. A falta de limite
enfraquece o ego e a
autoconfiança, fortalecendo
apenas o comportamento invasor.
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LIMITE PARA O QUE SERVE?
Márcia Tavares de Mattos
Psicóloga Clínica &
Consteladora Familiar
O limite entre os corpos inicia
dentro da barriga materna, onde a
placenta separa o bebê da mãe.
Não são um só corpo, são
delimitados.
Os limites flutuam entre as
pessoas, pois a capacidade de
tolerância, para um mesmo fato,
difere. Cada um é único. Proponho,
como forma de cuidado, que olhe
para o seu corpo e suas práticas,
veja se há excesso, escute as suas
necessidades.
Está difícil de modificar o
comportamento? Abra um espaço
na sua agenda e no seu orçamento,
inicie uma psicoterapia. Você pode
escolher pela mudança, ampliar os
limites da sua existência.
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M E N T E A T I V A
No ano de 2021, se comemora os
80 anos do poeta, escritor e
ativista Oliveira Silveira.
Oliveira Ferreira da Silveira Nasceu
em Touro do Passo, no município de
Rosário do Sul, em 16 de agosto de
1941, e faleceu em 1 de janeiro de
2009. Foi professor, formado pela
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Destacou-
se entre os intectuais negros,
participou ativamente de debates,
encontros e mobilizações do
movimento negro. Foi um dos
idealizadores do 20 de Novembro,
Dia da Consciência Negra, no ano
de 1971, data que é lembrado o dia
de Zumbi dos Palmares, líder negro
do Quilombo dos Palmares, que
lutou pelo fim da escravidão.
Convido a uma reflexão sobre a
importância da população negra
conhecer sua história e preservar
as memórias de suas raízes
culturais. A Cultura é aprendida
através do diálogo entre pessoas,
ou grupos de pessoas, e sua
construção reflete significados e
elementos que vão identificar os
indivíduos e denominar o grupo a
qual pertence, suas origens, suas
crenças e seus valores.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA A PARTIR DA
RELAÇÃO COM A CULTURA
Mara Lenise Chagas da Silva
Psicóloga Clínica
Portanto, entende-se que as
pessoas, ao terem conhecimento
das suas próprias raízes e
conhecerem a importância da
contribuição positiva de seus
ancestrais para formação da
sociedade, serão pessoas que se
sentirão valorizadas, passando
para as próximas gerações esse
sentimento.
É importante salientar que a
representatividade negra é muito
significativa para construção da
identidade em crianças negras. A
escola deveria ser um meio
facilitador de referenciais
identitários.
Nesta perspectiva de resgate da
Cultura Negra do Rio grande do Sul,
trazemos a lembrança de Oliveira
Silveira, o poeta da consciência
negra.
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M E N T E A T I V A
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
cantos
em furiosos tambores
ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei
Oliveira Silveira
ENCONTREI MINHAS ORIGENS
M E N T E A T I V A
JORNAL MENTE ATIVA
A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O
p l m g o i s
PALOMA GÓIS
Sou formada em pedagogia e atuo há dez anos como professora, na rede pública
de ensino. Concluí uma pós-graduação em História e Geografia em 2012. Participo
de seminários, congressos e debates que versam sobre educação, movimentos
sociais e política. Adoro doces, esportes e livros. Me identifico com pessoas
proativas, inconformadas e divergentes. Sou cantora e compositora nas horas
vagas, adoro música.
APRESENTAÇÃO DAS COLUNISTAS
Parabéns a nossa aniversariante do mês!
Desejamos muita saúde e criatividade na escrita.
Togo Yoruba era um ser canino. Um canino
tratado e cuidado como um cão, com uma
vida de cão à moda antiga. Ele vivia no
pátio da nossa casa, comia comida de
gente, só passou a comer ração depois de
adulto, por estar necessitando de mais
vitaminas. Latia, uivava, corria, roía osso,
cavava buracos e dava longas saídas
quando as caninas do bairro estavam no
cio. Ele era um cachorro comum, sem
pedigree. Togo era um cachorro muito
alegre e conhecido por alguns na
vizinhança por sua alegria. Alegria que se
traduzia em pulos malabarísticos só para
aqueles que ele gostava e que,
certamente, gostavam dele também.
Havia duas pessoas que Togo gostava
muito e, diante delas, sempre
demonstrava este afeto. Uma delas era
meu pai. Nos últimos anos de sua vida,
Togo era seu companheiro de todos os
momentos. Aonde meu pai ia, dentro do
pátio, lá estava o Togo, deitado ou de pé,
com sua cabeça apoiada no muro a olhar
para rua. Ele e meu pai, os dois parados,
olhando. Meu pai, certamente, fazia
companhia para o Togo também.
A outra pessoa era o poeta Jorge Fróes,
homem com quem divido a vida. Togo e
Jorge eram muito amigos. Jorge dizia:
“Togo sempre me recebe bem.” Togo
sempre o recebia com suas acrobacias,
encontrões e depois sentava na frente de
Jorge e lhe olhava. Jorge lhe correspondia
o olhar e ia se abaixando para lhe tocar.
Togo ia se deitando e Jorge, acocorado,
puxava sua pasta para trás das costas e
lhe passava a mão na cabeça e na barriga.
E, tudo isso, acompanhado de muita
conversa. Era bonito de se ver.
Esse ser canino era parte da nossa vida e,
do seu jeito, despertava em nós
sentimentos. Eu, às vezes, olhava para ele e
me lembrava minha vó, mãe de meu pai, já
falecida. Nos últimos tempos, ele também
me lembrava meu pai, como se ele
estivesse em seu olhar. Enfim, esse
cachorro não deixava que eu esquecesse
essas pessoas tão importantes para mim.
E para ele.
Togo Yoruba tinha esta característica
interessante, gostava de estar perto de
gente. Ele procurava no pátio um lugar
para ficar onde pudesse escutar as
pessoas da casa. Ele não gostava de ficar
sozinho.
A morte do Togo Yoruba nos entristeceu
muito, porque com ele desaparece a
lembrança, o encontro entre o cão e o
poeta. Desaparece a alegria que estava ali
junto com ele e que era tão presente e que
fazia com que, pela manhã, eu lhe dissesse
“bom dia” e quando ele saía eu lhe dissesse
“te cuida!” como quem dissesse “volta bem,
nós te esperamos”.
Esse ser canino nos fazia sentir e falar e,
penso, que é por tudo isso que foi vivido e
sentido, que escrevo estas linhas e, lembro
do poema Madrigal, de José Paulo Paes:
Meu amor é simples,
Dora, como a água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão.
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M E N T E A T I V A
Para Togo e Jorge Fróes
TOGO YORUBA
Escrever nunca é tranquilo, mas tudo que já escrevi
está diretamente relacionado às coisas da vida, do
meu dia a dia. Hoje, agradecida à amiga Mariana e a
todas as mulheres que fazem o Jornal Mente Ativa.
Cá estou eu me aventurando.
Sílvia Maria Prado da Silva
Gosto muito de natureza, de mato, de água, de
sol, de lua, de céu. Sou mãe do Akin, menino leão
que me deixa de cabelo em pé e que tem me
ensinado o que pode o amor. Gosto muito de
dançar. Trabalho como psicóloga clínica.
JORNAL MENTE ATIVA
A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O
Ju Lopse -lopselazuli
Inspiro ar novo. Inspiro, sem ação.
Respirando oxigênio, eu sou um gênio
me trancando no quarto. Sou alma e
asma. Imensa como um balão de gás.
Tomara nunca falte. Gás, inspiração,
oxigênio.
Inspiro ares novos, sou viciada nesse
cheiro inodoro. Alguns são em fumaça,
outros, em facilidade. Eu, só me
embriago de vapor leve da novidade.
Inspiro e me encho de ilusão, de delírio,
de desejo... como todo vício, o vapor
acaba rápido. Vem o tédio, o trombone,
a trombose e me atravanco no eufônio
e, de repente, um trompete promete,
como arauto do vento novo.
Preparo o pulmão, a flauta de pã vem,
desvirtua e arrasa. A tuba vazia se
agrava. Quase fui ao Capão Raso me
desacorçoar.
É cruel a dependência de oxigênio e de
sonho. Tenho sopro no coração, o
estetoscópio disse. A flauta me adoça e
me atravessa. O sopro e a asfixia de
depender do novo. Meu coração é
movido a sopro e não a sobras. Ao ar se
arma. Quero gaita de oito baixos para
ver o ronco que sai.
À bomba do chimarrão me queixo.
Encaixo os lábios e o grave do som que
sai é de lamento. É tanto e tampouco.
M E N T E A T I V A
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  • 1. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A
  • 2. M E N T E A T I V A Bem vindos a mais um encontro com nossas mentes ativas! Agosto é marcado por uma data de duas faces: de um lado, muitos filhos celebram seus pais; de outro, estão os mais de 6 milhões que não têm o nome do pai na certidão, e muitos outros milhões que, mesmo tendo sido registrados, são criados apenas pelas mães. O Dia dos Pais, na nossa sociedade, é bem menos bonito do que a mídia e a publicidade mostram. Essa mesma sociedade que ainda fica escandalizada quando um menino brinca com bonecas. O que de tão grave ele vai aprender nessa brincadeira? Ser um pai? Ao dividir os brinquedos por gêneros, reforçamos os papéis sociais onde os cuidados com os filhos recaem quase que exclusivamente sobre as mulheres. E se ainda somos nós as maiores responsáveis por cuidar das crianças, estão em nossas mãos as sementes da mudança para uma sociedade com mais pais presentes e menos mães sobrecarregadas. Em momento algum, a intenção é culpabilizar as mulheres por não educarem seus filhos para serem homens participativos, porque a cultura machista é algo tão entranhado na sociedade que reproduzimos muita coisa sem perceber. A desconstrução de todo esse machismo é um longo caminho, que está apenas no início. EDITORIAL O fato de estarmos questionando ideias, que nos foram ensinadas como verdades, já é um avanço. Refletirmos sobre o que repassamos para nossas crianças é um passo maior ainda. Inclusive, porque as configurações familiares também são mais diversas hoje em dia. Muitas escolas já aboliram as apresentações de Dia dos Pais e Dia das Mães, e substituíram pelo “Dia de quem cuida de mim”. É esse entendimento que precisamos ter, cada vez mais. Crianças precisam de cuidado, tanto de alimentação e higiene, quanto de afeto, atenção, exemplo. Não importa se esse cuidado vem de dois pais, duas mães, mãe solo, avós, tios, ou de alguém sem qualquer vínculo sanguíneo… o importante é que nossas crianças estejam seguras e bem amparadas. Fica aqui a provocação para que a gente use essas datas, tão reforçadas pelo comércio em busca de maiores lucros, como instrumento de reflexão sobre nossa sociedade, nossos costumes e preconceitos. É assim que podemos evoluir como seres humanos. Boa leitura! Rosemar Silva -Edição JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O Jeane Bordignon voos.e.palavras
  • 3. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O Pai, quando o seu abraço me envolveu, me senti tão seguro, algo muito forte despertou dentro de mim, o medo e a insegurança abriram caminho para a coragem, passei a ter confiança em mim. Confesso que muitas vezes, pela manhã, não tinha vontade de acordar, de abrir os olhos, não queria ver o mundo. Queria permanecer no meu sono profundo. Foram muitos anos de angústia, de espera, aguardando por este momento, por este encontro, pela tão esperada adoção. Hoje, quero gritar bem alto para o mundo inteiro ouvir “pai”. Pai, nos meus sonhos você estava sempre lá. Era o meu herói, meu amigo, meu anjo protetor... Desde então, passei a dar valor aos sentimentos que, muitas vezes, não conseguia expressar, sentimento pelas pessoas que tinham carinho e cuidado comigo. Passei a ter mais afetividade por essas pessoas. Ontem, fui uma criança, um menino criado em um abrigo. Hoje, sou um jovem adolescente, quero estudar, me formar, construir família, um lar. E ser um pai presente. O amor se apresenta de várias formas. Ele constrói laços, agrega, o amor nos encontra, nos acolhe, enche nossos corações de felicidade. São estes preciosos momentos que vão além da eternidade. M E N T E A T I V A PAI Simone Mello -Poetisa
  • 4. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O É sinônimo de delicadeza, Vulnerabilidade. O contrário de dureza e Insensibilidade. É o que, se quebra, com facilidade. Ser humano, é viver e experienciar, fragilidade, Às vezes, ela é do físico, Outras, é da vontade. Mas, muitas vezes, não percebemos Em nós mesmas o tanto de Firmeza e coragem que já temos. A vergonha, dos momentos de fraqueza que tivemos, nos Atrapalha de ver, O quanto crescemos e Nos fortalecemos. Ousemos, como aprendizes da vida, Driblar as ilusões do ego, Os apegos da memória ao negativo, As confusões do pensamento distraído, As armadilhas das emoções em desalinho. Aproveitar o poder do agora, Com a consciência assumindo o comando, Da nossa casa mental. Mesmo sofrendo, Sigamos vivendo e Aprendendo a aprender Através do amor. M E N T E A T I V A FRAGILIDADE Mariana Delphino -Artista Visual Fotografia -Rosemar Silva
  • 5. Agosto - Dia dos pais, campanhas de saúde do homem e do aleitamento materno, 27 Dia do Psicólogo JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A ARTE E REFLEXÃO Simone Mello Poetisa Pai e Filho Acorda menino! Tá na hora de ir pra escola chega de dormir, levante da cama escove os dentes, tire o pijama o café está na mesa tenha ânimo, coragem e também tenha destreza. Os cadernos já pegou? Revisei e vi que a lição você nem terminou... É preciso estudar pobre ou rico o diploma temos que conquistar. A escola é longe tem que caminhar e ter paciência de monge é mas não reclame, lembre-se você tem uma família que te admira e te ama então não perca tempo, dê valor aos estudos Este é o momento. Na aula, vê, se aquiete, nada de conversa com os colegas Ou navegar na internet Filho, dê valor ao professor que ensina, o seu ofício com dedicação e amor. Quero poder ver você formado escritor, médico ou advogado mas, se quiser ser um cientista, skatista ou um surfista consagrado pode contar com a família que será sempre apoiado.
  • 6. M E N T E A T I V A O limite em um território demarca culturas diferentes, um espaço a qual um povo pertence. As horas limitam os dias, as estações o fazem em um ano e assim, em tudo, o limite surge como, para a vida, a morte. Nos últimos dias, o cuidado tem sido o tema e, para seguir pensando formas de cuidado, faço um recorte da clínica. A falta de limites nas relações, ou a dificuldade em dizer não, promovem os relacionamentos tóxicos. O Corpo mostra o limite apresentando sintomas como tensão muscular, bruxismo, gastrite etc. Quando a palavra limite é utilizada remete a território. Nos relacionamentos, o que é restringido é a autoestima e a individualidade. Os sintomas apresentam a violação realizada por pessoas muito próximas. A falta de limite enfraquece o ego e a autoconfiança, fortalecendo apenas o comportamento invasor. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O LIMITE PARA O QUE SERVE? Márcia Tavares de Mattos Psicóloga Clínica & Consteladora Familiar O limite entre os corpos inicia dentro da barriga materna, onde a placenta separa o bebê da mãe. Não são um só corpo, são delimitados. Os limites flutuam entre as pessoas, pois a capacidade de tolerância, para um mesmo fato, difere. Cada um é único. Proponho, como forma de cuidado, que olhe para o seu corpo e suas práticas, veja se há excesso, escute as suas necessidades. Está difícil de modificar o comportamento? Abra um espaço na sua agenda e no seu orçamento, inicie uma psicoterapia. Você pode escolher pela mudança, ampliar os limites da sua existência.
  • 7. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A No ano de 2021, se comemora os 80 anos do poeta, escritor e ativista Oliveira Silveira. Oliveira Ferreira da Silveira Nasceu em Touro do Passo, no município de Rosário do Sul, em 16 de agosto de 1941, e faleceu em 1 de janeiro de 2009. Foi professor, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Destacou- se entre os intectuais negros, participou ativamente de debates, encontros e mobilizações do movimento negro. Foi um dos idealizadores do 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, no ano de 1971, data que é lembrado o dia de Zumbi dos Palmares, líder negro do Quilombo dos Palmares, que lutou pelo fim da escravidão. Convido a uma reflexão sobre a importância da população negra conhecer sua história e preservar as memórias de suas raízes culturais. A Cultura é aprendida através do diálogo entre pessoas, ou grupos de pessoas, e sua construção reflete significados e elementos que vão identificar os indivíduos e denominar o grupo a qual pertence, suas origens, suas crenças e seus valores. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA A PARTIR DA RELAÇÃO COM A CULTURA Mara Lenise Chagas da Silva Psicóloga Clínica Portanto, entende-se que as pessoas, ao terem conhecimento das suas próprias raízes e conhecerem a importância da contribuição positiva de seus ancestrais para formação da sociedade, serão pessoas que se sentirão valorizadas, passando para as próximas gerações esse sentimento. É importante salientar que a representatividade negra é muito significativa para construção da identidade em crianças negras. A escola deveria ser um meio facilitador de referenciais identitários. Nesta perspectiva de resgate da Cultura Negra do Rio grande do Sul, trazemos a lembrança de Oliveira Silveira, o poeta da consciência negra.
  • 8. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A Encontrei minhas origens em velhos arquivos livros encontrei em malditos objetos troncos e grilhetas encontrei minhas origens no leste no mar em imundos tumbeiros encontrei em doces palavras cantos em furiosos tambores ritos encontrei minhas origens na cor de minha pele nos lanhos de minha alma em mim em minha gente escura em meus heróis altivos encontrei encontrei-as enfim me encontrei Oliveira Silveira ENCONTREI MINHAS ORIGENS
  • 9. M E N T E A T I V A JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O p l m g o i s PALOMA GÓIS Sou formada em pedagogia e atuo há dez anos como professora, na rede pública de ensino. Concluí uma pós-graduação em História e Geografia em 2012. Participo de seminários, congressos e debates que versam sobre educação, movimentos sociais e política. Adoro doces, esportes e livros. Me identifico com pessoas proativas, inconformadas e divergentes. Sou cantora e compositora nas horas vagas, adoro música. APRESENTAÇÃO DAS COLUNISTAS Parabéns a nossa aniversariante do mês! Desejamos muita saúde e criatividade na escrita.
  • 10. Togo Yoruba era um ser canino. Um canino tratado e cuidado como um cão, com uma vida de cão à moda antiga. Ele vivia no pátio da nossa casa, comia comida de gente, só passou a comer ração depois de adulto, por estar necessitando de mais vitaminas. Latia, uivava, corria, roía osso, cavava buracos e dava longas saídas quando as caninas do bairro estavam no cio. Ele era um cachorro comum, sem pedigree. Togo era um cachorro muito alegre e conhecido por alguns na vizinhança por sua alegria. Alegria que se traduzia em pulos malabarísticos só para aqueles que ele gostava e que, certamente, gostavam dele também. Havia duas pessoas que Togo gostava muito e, diante delas, sempre demonstrava este afeto. Uma delas era meu pai. Nos últimos anos de sua vida, Togo era seu companheiro de todos os momentos. Aonde meu pai ia, dentro do pátio, lá estava o Togo, deitado ou de pé, com sua cabeça apoiada no muro a olhar para rua. Ele e meu pai, os dois parados, olhando. Meu pai, certamente, fazia companhia para o Togo também. A outra pessoa era o poeta Jorge Fróes, homem com quem divido a vida. Togo e Jorge eram muito amigos. Jorge dizia: “Togo sempre me recebe bem.” Togo sempre o recebia com suas acrobacias, encontrões e depois sentava na frente de Jorge e lhe olhava. Jorge lhe correspondia o olhar e ia se abaixando para lhe tocar. Togo ia se deitando e Jorge, acocorado, puxava sua pasta para trás das costas e lhe passava a mão na cabeça e na barriga. E, tudo isso, acompanhado de muita conversa. Era bonito de se ver. Esse ser canino era parte da nossa vida e, do seu jeito, despertava em nós sentimentos. Eu, às vezes, olhava para ele e me lembrava minha vó, mãe de meu pai, já falecida. Nos últimos tempos, ele também me lembrava meu pai, como se ele estivesse em seu olhar. Enfim, esse cachorro não deixava que eu esquecesse essas pessoas tão importantes para mim. E para ele. Togo Yoruba tinha esta característica interessante, gostava de estar perto de gente. Ele procurava no pátio um lugar para ficar onde pudesse escutar as pessoas da casa. Ele não gostava de ficar sozinho. A morte do Togo Yoruba nos entristeceu muito, porque com ele desaparece a lembrança, o encontro entre o cão e o poeta. Desaparece a alegria que estava ali junto com ele e que era tão presente e que fazia com que, pela manhã, eu lhe dissesse “bom dia” e quando ele saía eu lhe dissesse “te cuida!” como quem dissesse “volta bem, nós te esperamos”. Esse ser canino nos fazia sentir e falar e, penso, que é por tudo isso que foi vivido e sentido, que escrevo estas linhas e, lembro do poema Madrigal, de José Paulo Paes: Meu amor é simples, Dora, como a água e o pão. Como o céu refletido Nas pupilas de um cão. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A Para Togo e Jorge Fróes TOGO YORUBA Escrever nunca é tranquilo, mas tudo que já escrevi está diretamente relacionado às coisas da vida, do meu dia a dia. Hoje, agradecida à amiga Mariana e a todas as mulheres que fazem o Jornal Mente Ativa. Cá estou eu me aventurando. Sílvia Maria Prado da Silva Gosto muito de natureza, de mato, de água, de sol, de lua, de céu. Sou mãe do Akin, menino leão que me deixa de cabelo em pé e que tem me ensinado o que pode o amor. Gosto muito de dançar. Trabalho como psicóloga clínica.
  • 11. JORNAL MENTE ATIVA A G O S T O D E 2 0 2 1 - 1 1 º E D I Ç Ã O Ju Lopse -lopselazuli Inspiro ar novo. Inspiro, sem ação. Respirando oxigênio, eu sou um gênio me trancando no quarto. Sou alma e asma. Imensa como um balão de gás. Tomara nunca falte. Gás, inspiração, oxigênio. Inspiro ares novos, sou viciada nesse cheiro inodoro. Alguns são em fumaça, outros, em facilidade. Eu, só me embriago de vapor leve da novidade. Inspiro e me encho de ilusão, de delírio, de desejo... como todo vício, o vapor acaba rápido. Vem o tédio, o trombone, a trombose e me atravanco no eufônio e, de repente, um trompete promete, como arauto do vento novo. Preparo o pulmão, a flauta de pã vem, desvirtua e arrasa. A tuba vazia se agrava. Quase fui ao Capão Raso me desacorçoar. É cruel a dependência de oxigênio e de sonho. Tenho sopro no coração, o estetoscópio disse. A flauta me adoça e me atravessa. O sopro e a asfixia de depender do novo. Meu coração é movido a sopro e não a sobras. Ao ar se arma. Quero gaita de oito baixos para ver o ronco que sai. À bomba do chimarrão me queixo. Encaixo os lábios e o grave do som que sai é de lamento. É tanto e tampouco. M E N T E A T I V A DAS CLASSIFICAÇÕES DE INSTRUMENTOS I - SOPROS