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JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
M E N T E A T I V A
SEJA SOLIDÁRIO,
SEJA SOLIDÁRIO,
DOE SANGUE.
DOE SANGUE.
M E N T E A T I V A
Sem máscaras e sem mitos
Junho foi o mês das festas que não
vimos, pelo segundo ano consecutivo. Foi
o mês em que atingimos 500 mil mortos
pela covid. Estatística, pois, na pele,
esses números são ainda maiores: as
dores das perdas, do bonde da história e
do ar no não dito.
Também foi o mês do orgulho LGBTQIA+.
Orgulho, pois cansamos de nos
envergonhar de ser, amar e viver. Para
cada orgulho, foi preciso retormar-se a
si. Em Recife e Florianópolis, casos
brutais mancharam o arco-íris. Em
Curitiba, uma mulher assassinada por
escolher seu caminho com outra mulher.
Falta ar aos que buscam liberdade.
Nesse momento, em que se fala tanto de
amor próprio, porque a escolha de um
caminho, a retomada do seu domínio,
afeta tanto aos que não se escolhem?
Por não saberem optar, seguem os
falsos mitos e negam realidades.
Não há opostos entre pessoas, todas
somos feitas de matérias comuns:
sonhos, pó de estrela e sangue,
facilmente compartilhado. E ar. Esse, que
tem faltado e que pode ser encontrado
na liberdade de ir e vir, tirar a máscara.
Ju Lopse
lopselazuli
EDITORIAL
Essa liberdade, pode ser concedida com
uma senha: vacina. Mente o presidente
(quase sempre) quando contesta a
obrigatoriedade da vacina. Não há maior
escolha do que dizer sim à vida e não ao
vírus. Não foi a escolha dele, ao ignorar as
mensagens da Pfizer, mas pode ser a nossa
escolha. Mesmo que não tenha chegado a
sua faixa etária, é preciso reafirmar aos
que se recusem a vacinar. Pela liberdade do
outro escolher a saúde, é preciso cumprir
uma norma. Para fazer o ar voltar a tocar
os rostos, não há que se arrancar máscaras
de crianças ou pessoas de dentro do
armário. Isso não vai nos arejar. O que irá
serão as nossas escolhas e o respeito às de
outrem.
Precisamos nos apropriar de um país, cujas
cores da bandeira viraram vergonha e
retormarmo-nos, assim como quando
reiteramos amores e identidades. Mas,
precisamos fazer isso por um país, com
gente que nos ameaça, defender a vacina
no braço de gente que aplaude assassinatos
e lutar pela vida de quem faz motorreata.
Dá falta de ar, mas é preciso.
Nossa liberdade coexiste com tantas
prisões e mais coragem há no vento de
liberdade do que no previsível das prisões.
Com tanta cor na rua, inclusive o verde e o
amarelo, haverá quem deixe as prisões e
venha dançar quadrilha. Sem máscaras e
sem mitos.
Rosemar Silva -Edição
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
Há muitas coisas a dizer sobre o público e o
privado, o que torna ainda mais intrigante
essa ambivalência. A discussão do que
socialmente se considera público orbita ao
redor de uma perspectiva democrática,
onde todas as manifestações culturais e
políticas são contempladas. A maior
dificuldade, dentro disso, é encontrar o bom
senso, já que por vezes os direitos se
sobrepõem aos deveres, de modo a
instaurar os interesses individuais como a
base do caráter público. Com isso, o
princípio fundamental da convivência - o
respeito mútuo - é diluído, minimizando as
possibilidades de reciprocidade orgânica.
Em contrapartida, a leitura social sobre o
que é privado, admite a ausência ou a
transferência de responsabilidades,
alegando para tanto, a posse sobre algo ou
alguém, fato que hospeda a ideia da
propriedade.
Quanto mais livre, mais vulnerável, essa é a
máxima que norteia as relações de poder.
Igualmente, a partir dela, subentende-se o
mal. Essa é uma realidade verificável no
âmbito público, o que em si é uma profunda
contradição. Especialmente porque
cristalizamos a ideia de igualdade, não
apenas como algo factível, mas concreto.
Nisso consiste o esfacelamento da
democracia, na compreensão que se tem
dela, não nela em essência. Em uma
democracia, a liberdade não é regulada pela
lei, isso é um estímulo externo, regulador,
efêmero. A democracia é um estímulo
interno, uma construção, uma consciência.
M E N T E A T I V A
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
O CONFLITO DA LIBERDADE Assim como aquilo que é público atende às
demandas privadas, assim a edificação de
uma sociedade, emancipada e racional, não
passa de ingenuidade. Tal realidade decorre,
em grande parte, pela associação da
liberdade às perspectivas públicas,
discursivas e atuantes, ou seja, a
democracia e a liberdade são fins, não
meios.
Não somos iguais, porquanto a igualdade se
dá em alguma medida, não é plena, é um
traço de identidade, de pertencimento.
Igualdade não é união, tampouco harmonia...
Igualdade é um complemento da liberdade,
que se permite ser entre os seus e entre os
outros. Não se corrompe no vazio do
nivelamento, pois antes considera a história
que forma cada um, como valor da
existência humana.
Ser livre é um direito, mas também um
dever. Isso, portanto, significa que o coletivo
não está acima das individualidades, está
acima do individualismo. Por esta razão, a
democracia é limitada, sobretudo pela
centralização, o que a destitui do seu
caráter público. Frequentemente, a
democracia nos leva a caminhos tortuosos,
porque insistimos em acreditar que ela
existe para nos servir. Entretanto, nós é que
precisamos servi-la, buscando observar as
suas necessidades, aperfeiçoando assim, a
performance social.
A democracia e a liberdade não versam
exclusivamente sobre nós, nem tudo é sobre
nós, nem tudo nos pertence. E é,
principalmente, por isso que estamos aqui.
Paloma Góis -Pedagoga
Não, não pense que me sabe só pela aparência.
Eu tenho criatividade e beleza, não sou só
sofrência.
Chimamanda Adichie, escritora nigeriana
escreveu “O Perigo de uma História Única”,
como contadora de histórias, ela fala um pouco
sobre a sua. Conta-nos que começou a escrever
por volta dos sete anos e como encontrou a
forma pessoal de expressar sua voz e
identidade cultural.
Ainda corremos esse perigo, de uma história
única, a história contada do ponto de vista de
quem coloniza, que estabeleceu que o povo
negro não tinha inteligência, nem valor, mas
tinha preço.
Há muito tempo estamos, por todos os
continentes, revelando a singularidade de
sermos diversos. Assim como cada dedo de uma
mão ou cada digital humana. Não somos
produtos, massa de modelar, somos seres com
graça. E uma história única é um perigo, mais
que isso, é cruel e letal.
Porque se desperdiçam talentos, forças, vidas?
Não temos como saber o que vai no universo de
cada ser, desconhecendo suas experiências e as
suas vivências do dia-a-dia, impossível saber da
sua bagagem interior e da sua trajetória de
vida. A não ser pela aproximação, observação
sem julgamento, pelo relacionamento
respeitoso. Com o objetivo sincero de entender
os sentimentos envolvidos em cada
conversação e qual a necessidade humana
universal, que cada diálogo tenta atender. Essa
é parte da proposta da Comunicação Não-
violenta.
Somos convidados a nos olharmos, a nos
escutarmos, nos perguntando:
Quem sou eu?
Quem é o meu irmão com quem eu sou chamada
a conviver?
O que essas pessoas hoje, têm para me ensinar?
O que eu tenho para contribuir com essas
pessoas?
São bilhões de pessoas neste planeta, não pode
ser que o acaso me reuniu com esse grupo, nós
temos algo a construir, a aprender, a trocar, a
fortalecer. Temos uma humanidade iluminada a
revelar. O melhor de nós está em nós.
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
A história única é um perigo, porque eu não
enxergo o indivíduo em processo de
individuação, como nos diz Jung. E aí não
reconheço nele um irmão. Cada indivíduo tem a
sua história, singular. E, se você não olha para
quem está do teu lado, perde uma grande
oportunidade de aprender algo que o outro,
talvez até pela dor da perda, tenha aprendido
diferente de você. Talvez o outro tenha vindo do
caminho que ainda vais começar a percorrer. E
quando a gente se aproxima, aquele nos ensina
algo que só na vida se pode ler.
É por isso que ao compreender o
questionamento moral proposto em " Pai contra
Mãe"., de Machado de Assis. Penso, ao cruzar
por um homem saindo pensativo de uma padaria
:"que inquietações estará levando?'
Quando vejo em negro ativo, cismado,
aborrecido, eu posso pensar: "Será um Lima
Barreto, refletindo consigo, sobre a falta de
oportunidades, a invisibilidade, na Academia do
Esquecidos?"
Já na maturidade conheci a obra de Basquiat,
desde então, quando viro a esquina na vila e vejo
um irmão com roupa manchada e cabelo por
pentear eu posso pensar: "será um Basquiat que
vai lá?"
Agradeço por conhecer “O Quarto de Despejo”,
livro mais famoso de Carolina Maria de Jesus,
quando vejo uma coletadora de resíduos, eu fico
a pensar: "estará ali uma Carolina, aprendendo a
ler nas ruas a vida? E, um dia virá nos contar o
que, desta realidade de desigualdade, nossa
sensibilidade deixou de notar?"
E quando vejo uma mãe lidando com filhos, em
meio às grandes dificuldades, eu lembro da
Conceição Evaristo, nas suas "Escrivivências"
sobre o feminino.
E quando entro na casa de Dona Maria, e a
encontro fazendo doces, eu lembro de Cora
Coralina e seu sonho de moça de ser poetisa,
que ela concretiza na maturidade, distribuindo
doces e poesias pelo mundo.
Cada ser humano contém um sonho.
A maior herança e riqueza da vida que podemos
deixar para a humanidade é o nosso viver com
dignidade, nossa singularidade.
M E N T E A T I V A
SINGULARIDADE
Mariana Delphino -Artista Visual
JORNAL MENTE ATIVA
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Jussara Domingues
por: @pablito_aguiar
M E N T E A T I V A
ARTE E REFLEXÃO
03 de junho - Corpus Cristi
12 de junho- Dia dos Namorados
13 de junho- Dia de Santo Antônio/
Bará Agelu
14 de junho- Dia Mundial de doação de
sangue
Semana do Meio Ambiente Mundial
24 de junho - Dia de São João/ Xangô
Aganju
28 de junho- Dia do Orgulho LGBTQI+
Às vezes, seguimos, em outros
momentos, paramos.
Parar é imprescindível para sentirmos se
estamos na direção certa. Pois, se só
seguirmos, poderemos chegar pela
metade, e o corpo ou a alma podem
ficar pelo caminho,
no momento da dúvida.
Na pausa há aprendizado!
Desviar do caminho faz parte.
A vida não é linear e, se fosse, seria
previsível e entediante.
Muitas vezes, as respostas estão na
bifurcação, na encruzilhada do caminho,
Onde luz e sombra se tocam fazendo
com que nosso arco-íris interior possa
aflorar e, assim, tocar outros arco-íris.
Rosemar Niara
M E N T E A T I V A
Mulheres são perigosas
Estão acostumadas a sangrar
Convivem com a dor
Estão preparadas para dar
o sangue pela liberdade
de falar
de pensar
de escolher
de andar junto
com quem também é livre,
de construir um mundo
cada vez mais justo.
Como ousam!
Como afrontam!
Como incomodam
o macho branco hétero
cidadão de bem...
Aquele que prega uma moral
que ninguém na verdade mantém.
Como eles têm medo!
Dessas bruxas que podem trazer
outro ser de suas entranhas!
E eles tentam se proteger
em muros de intolerância
misturada com autoritarismo
que sempre anda com o machismo.
As mulheres mais perigosas
são aquelas que já entenderam
onde nasce o fascismo
e o poder que elas têm
para fazer revolução.
Quando se juntam, é potência
entrando em ebulição!
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PEDRADA FEMINISTA
Jeane Bordignon
voos.e.palavras
Arte -Mariana Pimentas
M E N T E A T I V A
São exatamente 03h47 da manhã,
período de férias, que nos deixa em
horários desregrados e, por isso,
adoro esse período em que há uma
fluidez que somente o período de
férias nos dá. Amo a madrugada,
aquele silêncio ensurdecedor, nos
permitindo vários pensamentos,
indagações, autoconhecimento,
projetos para o futuro, etc.
Dias desses, estava conversando
com um amigo, entre uma leitura e
outra, e o mesmo comentou que
estava no intervalo do trabalho,
fazendo o seu descanso e se
alimentando. Perguntou porque
estava acordada àquela hora e lhe
respondi que estava lendo.
Logo em seguida surgiu o seguinte
questionamento: o que te alimenta?
Quando lemos essa palavra o nosso
cérebro nos remete a alimentos
gostosos e gordurosos.
Se ampliarmos um pouco mais,
encontraremos outras respostas
sobre o que nos alimenta: bons livros,
energia positiva, uma boa taça de
vinho, uma companhia, um filme, a
solitude....
Em tempos pandêmicos, para manter
as saúdes física e mental, é básico que
possamos nos alimentar de forma
integral, conservando o corpo e mente
em dia. Não esquecendo de fazer
detox diário, que é fundamental.
O que está te nutrindo nesse
momento?
JORNAL MENTE ATIVA
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O QUE ME ALIMENTA?
Grasiela Rodrigues -Profe de História
M E N T E A T I V A
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
M A R I A N A _ P I M E N T A S
M A R I A N A D E L P H I I N O
M A R I A N A P I M E N T A S
MARIANA
SILVA
Mariana, a peregrina das artes
Nasceu em Cachoeira do Sul -
Rs. Filha de Ledy e José Ênio da
Silva.
Professora de Artes e
Arteterapeuta em formação.
Assina Pimentas, nas artes
visuais: pinturas, performance,
instalações desenhos,
gravuras, esculturas.
Delphino , nas poesias e textos.
APRESENTAÇÃO DAS COLUNISTAS
A exposição Museu Baldio, começou
dia 22 deste mês, na Casa de
Cultura Mario Quintana. Um coletivo
de artistas, a maioria de Alvorada,
está expondo uma concepção de
arte que nasceu no chamado Parque
da Solidariedade, nas Voçorocas
que cortam um vasto terreno onde
havia um projeto de construção de
um loteamento, em Alvorada no RS.
Na década de 80, desobedecendo
todos os critérios de cuidado
ambiental, desmataram a terra num
lugar onde havia pelo menos 12
nascentes de água. De lá para cá a
erosão no terreno só cresceu.
Desde 2015 alvoradenses que
residem no entorno da área do
Parque, tem interagido com o
espaço para preservar, recolher o
lixo e plantar mudas nativas.
Muitos artistas se juntaram a esta
iniciativa, produzindo arte a partir
do projeto Parque. São obras
físicas, vídeos, fotografias,
instalações que agora estão em
exposição.
O lugar atraiu minha atenção
quando fazia fotos para uma
matéria sobre as voçorocas, a partir
daí comecei um trabalho de reflexão
sobre a forma como a humanidade e
o patriarcado como sistema, trata a
terra, de maneira tão semelhante ao
tratamento violento e abusivo que
dá às mulheres.
Meu trabalho também estará na
exposição e tem como título
“Voçorocas: Um estupro da terra”.
Museu Baldio a exposição está na
Casa de Cultura Mario Quintana, nos
Espaços Maria Lídia Magliani e no
Jardim Lutzenberger, em Porto
Alegre.
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
M E N T E A T I V A
Suzana Pires
Repórter fotográfica
Artista visual
EXPOSIÇÃO MUSEU
BALDIO
Estamos diante da mudança de
estação, saindo do outono para o
inverno, que já se apresenta pela
mudança no clima.
Este ano será diferente, pois será o
primeiro inverno após as mortes
pela covid 19 no Brasil
ultrapassarem o número de meio
milhão. Indiretamente, modifica o
humor, visto que a rotina tem
retornado em novos modelos. A
ansiedade pela vacina está
passando e resta a pergunta: o quê
virá?
Não há resposta, apenas podemos
viver o dia de hoje realizando o
proposto e planejando o possível de
executarmos. A ideia é pensar o
inverno.
O inverno faz um convite à
introspecção, um olhar interior,
vermos no fundo do coração os
sentimentos expressos e os que não
foram.
A chuva nos traz a emoção do
planeta. A água fecha um ciclo e
retorna para brotar à terra.
Mexa você também no que está
guardado, seja sentimentos ou
objetos. Olhe, chore ou sorria e, se
possível, se despeça.
O vento convida para a mudança,
tudo é possível trocar de lugar.
Aproveite para soltar o passado.
Existe uma raiz que nos liga ao nosso
Sistema Familiar, mas esse não pede
estagnação.
O frio nos traz lembranças saudosas
dos que partiram. Do cheiro da sopa
e do final de tarde com café e
pipoca. Se aqueceu o coração é
porque o amor está guardado.
As lembranças ficam o tempo que
for necessário. Aproveite esse
inverno para aquecer o coração das
pessoas queridas que cá estão com
um telefonema, uma visita, divida
uma receita que fez.
Expanda esse amor que ainda
aquece seu coração.
JORNAL MENTE ATIVA
J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
M E N T E A T I V A
Márcia Tavares de Mattos
Psicóloga Clínica &
Consteladora Familiar
O INVERNO
Arte -Rosemar Silva
Este enredo poético fala de amores
E também fala de (a)MAR
De um eu mar
E de diversas criaturas que me habitam.
Para viabilizar os custos de
publicação do livro, estamos
organizando um financiamento
coletivo, através da plataforma
Catarse, a partir do dia 02 de
junho. E, como um livro sobre
amores, a gente quer conexões,
encontros e viver esses amores com
diversos leitores.
Essa publicação será a primeira da
Maralheios, uma alternativa de
promoção artística voltada a
promover novas autorias em
literatura, música e artes visuais. O
nome se refere ao primeiro projeto,
Poliamar, pois acreditamos que os
mares alheios possam nos ampliar e
mostrar novos horizontes.
E aí, vamos dar um mergulho?
Poliamar, livro de estreia da poeta e
artista visual gaúcha Mandi Moreira,
fala sobre muitos amores que
navegam no mesmo mar. Abordando
amores de diversas origens, da
amizade ao amor romântico, do
amor por homens, amor por
mulheres, por uma ou mais pessoas
ao mesmo tempo. Poliamar é do
poliamor e do mar, mostra amores
nunca dantes navegados e aquele
sem que é impossível apenas molhar
os pés. Poliamar é um convite
poético para todos os amores.
JORNAL MENTE ATIVA
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M E N T E A T I V A
Link: catarse.me/poliamar
Instagram:
@maralheios & @poliamar
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Ju Lopse -lopselazuli
NARRATIVA CANTADA: UM DESLOCAMENTO PRESENTE
Como um processo em
desenvolvimento, um atendimento em
musicoterapia é uma narrativa
construída através das experiências. A
história, que se canta nesse contexto,
pode refletir a autobiografia da pessoa,
com fidedignidade, ou com um toque de
ficção. Mas será ficcional se essa
narrativa é contada e cantada na trilha
musicoterapêutica?
As canções podem surgir, durante a
vivência musicoterapêutica, como
lembrança exterior ou interior. No caso
da lembrança interior, quando evocadas
sem uma referência externa específica,
são como frestas que se abrem
(MILLECCO et al., 2001) e vislumbram
comunicações com a pessoa que canta.
Mas, a relação não se esgota nessa
espiadela no passado musical.
Só há uma forma de se compreender os
acontecimentos em uma brincadeira:
participando. Dessa forma, não há
registro de brincadeira que a
represente, de forma que esse jogo se
desloca dentro do tempo presente. O
deslocamento, assim, se faz entre
passado e futuro, mas sendo esses
tempos tipos de pontos de referência e
não norteadores do caminho.
Dentre as experiências
musicoterapêuticas, a composição é
especialmente interessante, pois é
possível trazer, nas letras das canções,
conteúdos verbais em que se refletem a
autoimagem da pessoa, seus anseios,
sua visão de mundo, suas experiências,
etc., de forma a se recontar e recantar
essa narrativa, que só existe no
relacionamento em Musicoterapia.
No caso de canções trazidas pela
pessoa em terapia, é possível usar a
transformação de canções, em que a
melodia original é mantida e a letra
alterada e, assim, mantendo os desafios
trazidos nas narrativas que são
recantadas, sobre um território musical
firme e conhecido e um conteúdo lírico e
histórico a ser construído ou refeito.
O deslocamento das narrativas, nas
letras de canções compostas, se faz e
se retorna, sendo o passado, nem
sempre acessível, e o futuro, incerto,
dois pontos que se encontram nas
canções, mas não pontos a que essas
retornam.
M E N T E A T I V A
Leitura recomendada:
MILLECCO,Ronaldo;BRANDÃO,Maria
Regina;MILLECCO FILHO,Luís Antônio.É
preciso cantar:musicoterapia,canto e
canções.Rio de Janeiro:Enelivros,2001.

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  • 1. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A SEJA SOLIDÁRIO, SEJA SOLIDÁRIO, DOE SANGUE. DOE SANGUE.
  • 2. M E N T E A T I V A Sem máscaras e sem mitos Junho foi o mês das festas que não vimos, pelo segundo ano consecutivo. Foi o mês em que atingimos 500 mil mortos pela covid. Estatística, pois, na pele, esses números são ainda maiores: as dores das perdas, do bonde da história e do ar no não dito. Também foi o mês do orgulho LGBTQIA+. Orgulho, pois cansamos de nos envergonhar de ser, amar e viver. Para cada orgulho, foi preciso retormar-se a si. Em Recife e Florianópolis, casos brutais mancharam o arco-íris. Em Curitiba, uma mulher assassinada por escolher seu caminho com outra mulher. Falta ar aos que buscam liberdade. Nesse momento, em que se fala tanto de amor próprio, porque a escolha de um caminho, a retomada do seu domínio, afeta tanto aos que não se escolhem? Por não saberem optar, seguem os falsos mitos e negam realidades. Não há opostos entre pessoas, todas somos feitas de matérias comuns: sonhos, pó de estrela e sangue, facilmente compartilhado. E ar. Esse, que tem faltado e que pode ser encontrado na liberdade de ir e vir, tirar a máscara. Ju Lopse lopselazuli EDITORIAL Essa liberdade, pode ser concedida com uma senha: vacina. Mente o presidente (quase sempre) quando contesta a obrigatoriedade da vacina. Não há maior escolha do que dizer sim à vida e não ao vírus. Não foi a escolha dele, ao ignorar as mensagens da Pfizer, mas pode ser a nossa escolha. Mesmo que não tenha chegado a sua faixa etária, é preciso reafirmar aos que se recusem a vacinar. Pela liberdade do outro escolher a saúde, é preciso cumprir uma norma. Para fazer o ar voltar a tocar os rostos, não há que se arrancar máscaras de crianças ou pessoas de dentro do armário. Isso não vai nos arejar. O que irá serão as nossas escolhas e o respeito às de outrem. Precisamos nos apropriar de um país, cujas cores da bandeira viraram vergonha e retormarmo-nos, assim como quando reiteramos amores e identidades. Mas, precisamos fazer isso por um país, com gente que nos ameaça, defender a vacina no braço de gente que aplaude assassinatos e lutar pela vida de quem faz motorreata. Dá falta de ar, mas é preciso. Nossa liberdade coexiste com tantas prisões e mais coragem há no vento de liberdade do que no previsível das prisões. Com tanta cor na rua, inclusive o verde e o amarelo, haverá quem deixe as prisões e venha dançar quadrilha. Sem máscaras e sem mitos. Rosemar Silva -Edição JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O
  • 3. Há muitas coisas a dizer sobre o público e o privado, o que torna ainda mais intrigante essa ambivalência. A discussão do que socialmente se considera público orbita ao redor de uma perspectiva democrática, onde todas as manifestações culturais e políticas são contempladas. A maior dificuldade, dentro disso, é encontrar o bom senso, já que por vezes os direitos se sobrepõem aos deveres, de modo a instaurar os interesses individuais como a base do caráter público. Com isso, o princípio fundamental da convivência - o respeito mútuo - é diluído, minimizando as possibilidades de reciprocidade orgânica. Em contrapartida, a leitura social sobre o que é privado, admite a ausência ou a transferência de responsabilidades, alegando para tanto, a posse sobre algo ou alguém, fato que hospeda a ideia da propriedade. Quanto mais livre, mais vulnerável, essa é a máxima que norteia as relações de poder. Igualmente, a partir dela, subentende-se o mal. Essa é uma realidade verificável no âmbito público, o que em si é uma profunda contradição. Especialmente porque cristalizamos a ideia de igualdade, não apenas como algo factível, mas concreto. Nisso consiste o esfacelamento da democracia, na compreensão que se tem dela, não nela em essência. Em uma democracia, a liberdade não é regulada pela lei, isso é um estímulo externo, regulador, efêmero. A democracia é um estímulo interno, uma construção, uma consciência. M E N T E A T I V A JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O O CONFLITO DA LIBERDADE Assim como aquilo que é público atende às demandas privadas, assim a edificação de uma sociedade, emancipada e racional, não passa de ingenuidade. Tal realidade decorre, em grande parte, pela associação da liberdade às perspectivas públicas, discursivas e atuantes, ou seja, a democracia e a liberdade são fins, não meios. Não somos iguais, porquanto a igualdade se dá em alguma medida, não é plena, é um traço de identidade, de pertencimento. Igualdade não é união, tampouco harmonia... Igualdade é um complemento da liberdade, que se permite ser entre os seus e entre os outros. Não se corrompe no vazio do nivelamento, pois antes considera a história que forma cada um, como valor da existência humana. Ser livre é um direito, mas também um dever. Isso, portanto, significa que o coletivo não está acima das individualidades, está acima do individualismo. Por esta razão, a democracia é limitada, sobretudo pela centralização, o que a destitui do seu caráter público. Frequentemente, a democracia nos leva a caminhos tortuosos, porque insistimos em acreditar que ela existe para nos servir. Entretanto, nós é que precisamos servi-la, buscando observar as suas necessidades, aperfeiçoando assim, a performance social. A democracia e a liberdade não versam exclusivamente sobre nós, nem tudo é sobre nós, nem tudo nos pertence. E é, principalmente, por isso que estamos aqui. Paloma Góis -Pedagoga
  • 4. Não, não pense que me sabe só pela aparência. Eu tenho criatividade e beleza, não sou só sofrência. Chimamanda Adichie, escritora nigeriana escreveu “O Perigo de uma História Única”, como contadora de histórias, ela fala um pouco sobre a sua. Conta-nos que começou a escrever por volta dos sete anos e como encontrou a forma pessoal de expressar sua voz e identidade cultural. Ainda corremos esse perigo, de uma história única, a história contada do ponto de vista de quem coloniza, que estabeleceu que o povo negro não tinha inteligência, nem valor, mas tinha preço. Há muito tempo estamos, por todos os continentes, revelando a singularidade de sermos diversos. Assim como cada dedo de uma mão ou cada digital humana. Não somos produtos, massa de modelar, somos seres com graça. E uma história única é um perigo, mais que isso, é cruel e letal. Porque se desperdiçam talentos, forças, vidas? Não temos como saber o que vai no universo de cada ser, desconhecendo suas experiências e as suas vivências do dia-a-dia, impossível saber da sua bagagem interior e da sua trajetória de vida. A não ser pela aproximação, observação sem julgamento, pelo relacionamento respeitoso. Com o objetivo sincero de entender os sentimentos envolvidos em cada conversação e qual a necessidade humana universal, que cada diálogo tenta atender. Essa é parte da proposta da Comunicação Não- violenta. Somos convidados a nos olharmos, a nos escutarmos, nos perguntando: Quem sou eu? Quem é o meu irmão com quem eu sou chamada a conviver? O que essas pessoas hoje, têm para me ensinar? O que eu tenho para contribuir com essas pessoas? São bilhões de pessoas neste planeta, não pode ser que o acaso me reuniu com esse grupo, nós temos algo a construir, a aprender, a trocar, a fortalecer. Temos uma humanidade iluminada a revelar. O melhor de nós está em nós. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O A história única é um perigo, porque eu não enxergo o indivíduo em processo de individuação, como nos diz Jung. E aí não reconheço nele um irmão. Cada indivíduo tem a sua história, singular. E, se você não olha para quem está do teu lado, perde uma grande oportunidade de aprender algo que o outro, talvez até pela dor da perda, tenha aprendido diferente de você. Talvez o outro tenha vindo do caminho que ainda vais começar a percorrer. E quando a gente se aproxima, aquele nos ensina algo que só na vida se pode ler. É por isso que ao compreender o questionamento moral proposto em " Pai contra Mãe"., de Machado de Assis. Penso, ao cruzar por um homem saindo pensativo de uma padaria :"que inquietações estará levando?' Quando vejo em negro ativo, cismado, aborrecido, eu posso pensar: "Será um Lima Barreto, refletindo consigo, sobre a falta de oportunidades, a invisibilidade, na Academia do Esquecidos?" Já na maturidade conheci a obra de Basquiat, desde então, quando viro a esquina na vila e vejo um irmão com roupa manchada e cabelo por pentear eu posso pensar: "será um Basquiat que vai lá?" Agradeço por conhecer “O Quarto de Despejo”, livro mais famoso de Carolina Maria de Jesus, quando vejo uma coletadora de resíduos, eu fico a pensar: "estará ali uma Carolina, aprendendo a ler nas ruas a vida? E, um dia virá nos contar o que, desta realidade de desigualdade, nossa sensibilidade deixou de notar?" E quando vejo uma mãe lidando com filhos, em meio às grandes dificuldades, eu lembro da Conceição Evaristo, nas suas "Escrivivências" sobre o feminino. E quando entro na casa de Dona Maria, e a encontro fazendo doces, eu lembro de Cora Coralina e seu sonho de moça de ser poetisa, que ela concretiza na maturidade, distribuindo doces e poesias pelo mundo. Cada ser humano contém um sonho. A maior herança e riqueza da vida que podemos deixar para a humanidade é o nosso viver com dignidade, nossa singularidade. M E N T E A T I V A SINGULARIDADE Mariana Delphino -Artista Visual
  • 5. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O Jussara Domingues por: @pablito_aguiar M E N T E A T I V A ARTE E REFLEXÃO 03 de junho - Corpus Cristi 12 de junho- Dia dos Namorados 13 de junho- Dia de Santo Antônio/ Bará Agelu 14 de junho- Dia Mundial de doação de sangue Semana do Meio Ambiente Mundial 24 de junho - Dia de São João/ Xangô Aganju 28 de junho- Dia do Orgulho LGBTQI+ Às vezes, seguimos, em outros momentos, paramos. Parar é imprescindível para sentirmos se estamos na direção certa. Pois, se só seguirmos, poderemos chegar pela metade, e o corpo ou a alma podem ficar pelo caminho, no momento da dúvida. Na pausa há aprendizado! Desviar do caminho faz parte. A vida não é linear e, se fosse, seria previsível e entediante. Muitas vezes, as respostas estão na bifurcação, na encruzilhada do caminho, Onde luz e sombra se tocam fazendo com que nosso arco-íris interior possa aflorar e, assim, tocar outros arco-íris. Rosemar Niara
  • 6. M E N T E A T I V A Mulheres são perigosas Estão acostumadas a sangrar Convivem com a dor Estão preparadas para dar o sangue pela liberdade de falar de pensar de escolher de andar junto com quem também é livre, de construir um mundo cada vez mais justo. Como ousam! Como afrontam! Como incomodam o macho branco hétero cidadão de bem... Aquele que prega uma moral que ninguém na verdade mantém. Como eles têm medo! Dessas bruxas que podem trazer outro ser de suas entranhas! E eles tentam se proteger em muros de intolerância misturada com autoritarismo que sempre anda com o machismo. As mulheres mais perigosas são aquelas que já entenderam onde nasce o fascismo e o poder que elas têm para fazer revolução. Quando se juntam, é potência entrando em ebulição! JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O PEDRADA FEMINISTA Jeane Bordignon voos.e.palavras Arte -Mariana Pimentas
  • 7. M E N T E A T I V A São exatamente 03h47 da manhã, período de férias, que nos deixa em horários desregrados e, por isso, adoro esse período em que há uma fluidez que somente o período de férias nos dá. Amo a madrugada, aquele silêncio ensurdecedor, nos permitindo vários pensamentos, indagações, autoconhecimento, projetos para o futuro, etc. Dias desses, estava conversando com um amigo, entre uma leitura e outra, e o mesmo comentou que estava no intervalo do trabalho, fazendo o seu descanso e se alimentando. Perguntou porque estava acordada àquela hora e lhe respondi que estava lendo. Logo em seguida surgiu o seguinte questionamento: o que te alimenta? Quando lemos essa palavra o nosso cérebro nos remete a alimentos gostosos e gordurosos. Se ampliarmos um pouco mais, encontraremos outras respostas sobre o que nos alimenta: bons livros, energia positiva, uma boa taça de vinho, uma companhia, um filme, a solitude.... Em tempos pandêmicos, para manter as saúdes física e mental, é básico que possamos nos alimentar de forma integral, conservando o corpo e mente em dia. Não esquecendo de fazer detox diário, que é fundamental. O que está te nutrindo nesse momento? JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O O QUE ME ALIMENTA? Grasiela Rodrigues -Profe de História
  • 8. M E N T E A T I V A JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O M A R I A N A _ P I M E N T A S M A R I A N A D E L P H I I N O M A R I A N A P I M E N T A S MARIANA SILVA Mariana, a peregrina das artes Nasceu em Cachoeira do Sul - Rs. Filha de Ledy e José Ênio da Silva. Professora de Artes e Arteterapeuta em formação. Assina Pimentas, nas artes visuais: pinturas, performance, instalações desenhos, gravuras, esculturas. Delphino , nas poesias e textos. APRESENTAÇÃO DAS COLUNISTAS
  • 9. A exposição Museu Baldio, começou dia 22 deste mês, na Casa de Cultura Mario Quintana. Um coletivo de artistas, a maioria de Alvorada, está expondo uma concepção de arte que nasceu no chamado Parque da Solidariedade, nas Voçorocas que cortam um vasto terreno onde havia um projeto de construção de um loteamento, em Alvorada no RS. Na década de 80, desobedecendo todos os critérios de cuidado ambiental, desmataram a terra num lugar onde havia pelo menos 12 nascentes de água. De lá para cá a erosão no terreno só cresceu. Desde 2015 alvoradenses que residem no entorno da área do Parque, tem interagido com o espaço para preservar, recolher o lixo e plantar mudas nativas. Muitos artistas se juntaram a esta iniciativa, produzindo arte a partir do projeto Parque. São obras físicas, vídeos, fotografias, instalações que agora estão em exposição. O lugar atraiu minha atenção quando fazia fotos para uma matéria sobre as voçorocas, a partir daí comecei um trabalho de reflexão sobre a forma como a humanidade e o patriarcado como sistema, trata a terra, de maneira tão semelhante ao tratamento violento e abusivo que dá às mulheres. Meu trabalho também estará na exposição e tem como título “Voçorocas: Um estupro da terra”. Museu Baldio a exposição está na Casa de Cultura Mario Quintana, nos Espaços Maria Lídia Magliani e no Jardim Lutzenberger, em Porto Alegre. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A Suzana Pires Repórter fotográfica Artista visual EXPOSIÇÃO MUSEU BALDIO
  • 10. Estamos diante da mudança de estação, saindo do outono para o inverno, que já se apresenta pela mudança no clima. Este ano será diferente, pois será o primeiro inverno após as mortes pela covid 19 no Brasil ultrapassarem o número de meio milhão. Indiretamente, modifica o humor, visto que a rotina tem retornado em novos modelos. A ansiedade pela vacina está passando e resta a pergunta: o quê virá? Não há resposta, apenas podemos viver o dia de hoje realizando o proposto e planejando o possível de executarmos. A ideia é pensar o inverno. O inverno faz um convite à introspecção, um olhar interior, vermos no fundo do coração os sentimentos expressos e os que não foram. A chuva nos traz a emoção do planeta. A água fecha um ciclo e retorna para brotar à terra. Mexa você também no que está guardado, seja sentimentos ou objetos. Olhe, chore ou sorria e, se possível, se despeça. O vento convida para a mudança, tudo é possível trocar de lugar. Aproveite para soltar o passado. Existe uma raiz que nos liga ao nosso Sistema Familiar, mas esse não pede estagnação. O frio nos traz lembranças saudosas dos que partiram. Do cheiro da sopa e do final de tarde com café e pipoca. Se aqueceu o coração é porque o amor está guardado. As lembranças ficam o tempo que for necessário. Aproveite esse inverno para aquecer o coração das pessoas queridas que cá estão com um telefonema, uma visita, divida uma receita que fez. Expanda esse amor que ainda aquece seu coração. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A Márcia Tavares de Mattos Psicóloga Clínica & Consteladora Familiar O INVERNO Arte -Rosemar Silva
  • 11. Este enredo poético fala de amores E também fala de (a)MAR De um eu mar E de diversas criaturas que me habitam. Para viabilizar os custos de publicação do livro, estamos organizando um financiamento coletivo, através da plataforma Catarse, a partir do dia 02 de junho. E, como um livro sobre amores, a gente quer conexões, encontros e viver esses amores com diversos leitores. Essa publicação será a primeira da Maralheios, uma alternativa de promoção artística voltada a promover novas autorias em literatura, música e artes visuais. O nome se refere ao primeiro projeto, Poliamar, pois acreditamos que os mares alheios possam nos ampliar e mostrar novos horizontes. E aí, vamos dar um mergulho? Poliamar, livro de estreia da poeta e artista visual gaúcha Mandi Moreira, fala sobre muitos amores que navegam no mesmo mar. Abordando amores de diversas origens, da amizade ao amor romântico, do amor por homens, amor por mulheres, por uma ou mais pessoas ao mesmo tempo. Poliamar é do poliamor e do mar, mostra amores nunca dantes navegados e aquele sem que é impossível apenas molhar os pés. Poliamar é um convite poético para todos os amores. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O M E N T E A T I V A Link: catarse.me/poliamar Instagram: @maralheios & @poliamar
  • 12. JORNAL MENTE ATIVA J U N H O D E 2 0 2 1 - 9 º E D I Ç Ã O Ju Lopse -lopselazuli NARRATIVA CANTADA: UM DESLOCAMENTO PRESENTE Como um processo em desenvolvimento, um atendimento em musicoterapia é uma narrativa construída através das experiências. A história, que se canta nesse contexto, pode refletir a autobiografia da pessoa, com fidedignidade, ou com um toque de ficção. Mas será ficcional se essa narrativa é contada e cantada na trilha musicoterapêutica? As canções podem surgir, durante a vivência musicoterapêutica, como lembrança exterior ou interior. No caso da lembrança interior, quando evocadas sem uma referência externa específica, são como frestas que se abrem (MILLECCO et al., 2001) e vislumbram comunicações com a pessoa que canta. Mas, a relação não se esgota nessa espiadela no passado musical. Só há uma forma de se compreender os acontecimentos em uma brincadeira: participando. Dessa forma, não há registro de brincadeira que a represente, de forma que esse jogo se desloca dentro do tempo presente. O deslocamento, assim, se faz entre passado e futuro, mas sendo esses tempos tipos de pontos de referência e não norteadores do caminho. Dentre as experiências musicoterapêuticas, a composição é especialmente interessante, pois é possível trazer, nas letras das canções, conteúdos verbais em que se refletem a autoimagem da pessoa, seus anseios, sua visão de mundo, suas experiências, etc., de forma a se recontar e recantar essa narrativa, que só existe no relacionamento em Musicoterapia. No caso de canções trazidas pela pessoa em terapia, é possível usar a transformação de canções, em que a melodia original é mantida e a letra alterada e, assim, mantendo os desafios trazidos nas narrativas que são recantadas, sobre um território musical firme e conhecido e um conteúdo lírico e histórico a ser construído ou refeito. O deslocamento das narrativas, nas letras de canções compostas, se faz e se retorna, sendo o passado, nem sempre acessível, e o futuro, incerto, dois pontos que se encontram nas canções, mas não pontos a que essas retornam. M E N T E A T I V A Leitura recomendada: MILLECCO,Ronaldo;BRANDÃO,Maria Regina;MILLECCO FILHO,Luís Antônio.É preciso cantar:musicoterapia,canto e canções.Rio de Janeiro:Enelivros,2001.