1) A família e a escola são as primeiras instituições sociais com as quais as crianças interagem e aprendem;
2) Ao longo da história, as funções de educação foram gradualmente transferidas da família para a escola com o objetivo de preparar as crianças para a vida adulta e o mercado de trabalho;
3) Atualmente, família e escola devem estabelecer parcerias para garantir a educação integral das crianças, considerando as mudanças nas estruturas familiares.
1. Segundo Szymanski, 1995, São elas os primeiros espelhos nos quais
nos vemos e nos descobrimos como sendo bonitos ou feios, inteligentes
ou burros, bons para Matemática ou bons para nada, simpáticos ou
desengonçados, com futuro ou sem futuro etc.
São elas, também, os primeiros mundos em que habitamos, podendo
nos aparecer como acolhedores ou hostis, com tais e tais regras,
costumes, linguagens. Ensinam desde o que é homem e o que é mulher
até como devemos expressar os sentimentos, quais sentimentos são
"bons" e podem ser sentidos (sem culpas) e quais são "maus" (e devem
ser disfarçados o melhor possível, porque sentir, sentimos mesmo).
Aprendemos o que é belo e o que é feio, o que tem graça e o que não
tem. Aprendemos posturas, jeitos de olhar (direto ou enviesado). E por
aí vai. SZYMANSKI, 1995
Segundo Szymanski, 1995, A escola, entretanto, tem uma
especificidade - a obrigação de ensinar (bem) conteúdos específicos de
áreas de saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução
de novas gerações. O problema das crianças de aprenderem fração é da
escola. Família nenhuma tem essa obrigação.
O que ambas as instituições têm em comum é o fato de prepararem os
membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o
desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social.
Ambas desempenham um papel importante na formação do indivíduo e
do futuro cidadão. Szymanski, 1995
Segundo Szymanski, 1995, As famílias têm de dar acolhimento a seus
filhos: um ambiente estável, provedor, amoroso. Muitas, infelizmente,
não conseguem. Por questões econômicas - a miséria é cruel. Muitas
vezes por questões pessoais. Relacionamento com filhos e de casal não é
coisa assim tão fácil para muitas pessoas. Mais fácil é cobrar dos outros
que sejam maduros, emocionalmente estáveis, que convivam meiga e
amorosamente com um alcoólatra, ou que deixem de ser alcoólatras,
que tenham sempre uma palavra sábia para os filhos e filhas
desobedientes, que superem, altaneiros, as dificuldades de trabalho,
que desconsiderem a violência (a social e as outras), que exerçam uma
crítica à comunicação de massas e cerquem suas famílias contra as
ameaças da sociedade de consumo.
BOUCHARD (1988) distingue, de forma geral, três modelos: o racional,
o humanista e o simbiosinérgico. No racional, os pais mantêm uma
hierarquia na qual decidem e impõem suas decisões sobre as atividades
e o futuro dos filhos. Dão muita importância à disciplina, à ordem, à
submissão, à autoridade. Nas suas estratégias educativas, os pais
"distribuem ordens, impõem, ameaçam, criticam, controlam, proíbem,
2. dão as soluções para a criança" (p. 165). Orientam mais para um
conformismo social do que para a autonomia.
Nota-se freqüentemente uma confusão quanto a quem cabe a educação
das crianças e quais aspectos são específicos de cada instituição.
Algumas professoras queixam-se de que as famílias delegam a elas toda
a educação dos filhos e, com razão, sentem-se sobrecarregadas e
mesmo incapazes de realizar tal tarefa. Algumas vezes, as famílias
sentem-se desautorizadas pela professora, que toma para si tarefas que
são da competência da família. Isso me faz lembrar um dito antigo que
rezava: "Costume da casa vai à praça". Este dito separa claramente o
público do privado, mas aponta para sua interrelação. Mostra a
importância das funções socializadoras da família e do seu trabalho de
inserção dos membros jovens na sociedade. Sugere que quanto maior a
competência da família para realizar tal trabalho de socialização, maior
a probabilidade de sucesso. SZYMANSKI, 1995
O papel que a escola possui na construção dessa parceria é
fundamental, devendo considerar a necessidade da família, levando-as
a vivenciar situações que lhes possibilitem se sentirem participantes
ativos nessa parceria. Vale ainda ressaltar que escola e família precisam
se unir e juntas procurar entender o que é Família,
Somente a partir do final do século XVII é que a família é tomada como
lugar de afeição entre cônjuges, pais e filhos, o que não acontecia antes.
Nesse período, também, a preocupação não era somente estabelecer os
filhos em função de bens e da honra, os pais interessaram-se pelos
estudos dos filhos; surge nova organização em torno das crianças, a
escola passa a assumir a aprendizagem e formação da criança, que
antes era tarefa da família, ou seja, a criança não é mais misturada aos
adultos para aprender com eles, as crianças eram separadas dos
adultos, passando a viver numa espécie de “quarentena”, como foi
considerada a escola (ARIÈS, 1978).
Como instituição social a família sempre esteve inserida na rede de inter-relações com outras
instituições em especial com a escola. No momento histórico (Sec.XVII) em que a unidade
escolar assumiu a educação formal, surge a preocupação com o acompanhamento mais
próximo dos pais junto a seus filhos. Com essa finalidade, foram elaborados tratados de
educação para os pais com a finalidade de orientá-los quanto a seus deveres e
responsabilidades (ARIÈS, apud. SZYMANSKI, 1978, p. 21).
Nos anos 1960, outro acontecimento foi o marco para a mulher que
deixou de ser dona de casa e de ter sua vida ligada não somente a
maternidade, conquistando seu espaço no mercado de trabalho. Isso
provocou mudanças nas famílias, criou-se então, no universo
3. naturalizado da família a dimensão da “escolha”, não mais o “destino”
(SARTI, 1995).
A entrada da mulher no mercado de trabalho foi o apoio necessário para
que ela passasse a sustentar a família sem a ajuda do pai, passando a
exercer outros papeis, não somente de esposa. Hoje, vê-se a
ambiguidade que se constitui a família conforme o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil:
Além da família nuclear que é constituída pelo pai, mãe e filhos,
proliferam hoje as famílias monoparentais, nas quais apenas a mãe ou
o pai está presente. Existem, ainda, as famílias que se constituíram por
meio de novos casamentos e possuem filhos advindos dessas relações.
Há, também, as famílias extensas comuns na história brasileira, nas
quais convivem na mesma casa várias gerações e/ou pessoas ligadas
por parentescos diversos. É possível ainda encontrar várias famílias
coabitando em uma mesma casa. Enfim, parece não haver limites para
os arranjos familiares na atualidade. Referencial Curricular Nacional
(1998, p. 76).
Entretanto, percebemos que essa forma de conceber o papel das
famílias incide sobre a atitude dos profissionais, implicando sérias
dificuldades decorrentes tanto da maneira com que os pais e
profissionais se veem uns aos outros, quanto de suas expectativas,
como ainda das condições objetivas do seu cotidiano e os entraves
específicos que se apresentam. Enfim, os objetivos do trabalho com os
pais só serão alcançados quando estes sentirem e considerarem a
escola como sua.
A família atual é resultado de mudanças ocorridas ao longo da história.
Por volta do século XVIII a família começou a delimitar costumes
contemporâneos com vida particular influenciados pelo sentimento de
família, na Europa no século XVI através de famílias abastadas onde
cada família mora em sua casa e é a responsável pela educação de seus
filhos. ZANZARINI e YOSHIDA, 2011
Atualmente podemos observar que existem inúmeras formas de estrutura familiar em todas as
classes sociais como: mães solteiras sendo chefas de família; pais separados onde ambos
podem assumir a responsabilidade de ser o chefe da família; casamentos de casais já
separados onde o novo casamento pode ou não reunir os filhos do novo cônjuge; homossexual
e outras. ZANZARINI e YOSHIDA, 2011
A primeira educação é realizada com naturalidade, é como um alicerce de uma
construção, em que a família é o primeiro modelo para as crianças, assim a cultura
vai sendo internalizada com o controle da conduta da criança, e ao longo da vida a
criança vai adquirindo experiências relativizando o poder da família. ZANZARINI e
YOSHIDA, 2011
4. Bons pais dão presentes, pais brilhantes dão seu próprio ser. Este hábito dos pais brilhantes
contribui para desenvolver em seus filhos: auto-estima, proteção da emoção, capacidade de
trabalhar perdas e frustrações, de filtrar estímulos estressantes, de dialogar, de ouvir.
Bons pais atendem, dentro das suas condições, os desejos dos seus filhos. Fazem festas de
aniversário, compram tênis, roupas, produtos eletrônicos, proporcionam viagens. Pais
brilhantes dão algo incomparavelmente mais valioso aos filhos. Algo que todo o dinheiro do
mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas experiências, as suas lágrimas, o
seu tempo. Pais brilhantes, quando têm condições, dão presentes materiais para seus filhos,
mas não os estimulam a ser consumistas, pois sabem que o consumismo pode esmagar a
estabilidade emocional, gerar tensão e prazeres superficiais. Os pais que vivem em função de
dar presentes para seus filhos são lembrados por um momento. Os pais que se preocupam em
dar a sua história aos filhos se tornam inesquecíveis. CURY, Augusto. 2003
Pais brilhantes são semeadores de idéias e não controladores dos seus filhos.
Eles semeiam no solo da inteligência deles e esperam que um dia suas
sementes germinem. Durante a espera pode haver desolação, mas, se as
sementes são boas, um dia germinarão, mesmo que os filhos se droguem, não
tenham respeito pela vida e não parem em emprego algum. CURY,
Augusto. 2003
A escola foi criada pelo homem para educar e está em constante aperfeiçoamento de acordo
com suas necessidades, e educar sem a instituição especializada significa aprender a fazer
fazendo a criança acompanhava os adultos para plantar, colher, caçar, ver, olhar, sentir, enfim
o meio social é o seu meio educativo. ZANZARINI e YOSHIDA, 2011
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) onde esta colocado em seu Capitulo 3 e Art.
19:
A partir da Idade Média a educação tornou-se produto da escola.
Pessoas especializaram-se na tarefa de transmitir o saber, e espaços
específicos passaram a ser reservados para essa atividade. Poucos iam
à escola, que era destinada às elites. Serviu aos nobres e, depois, à
burguesia. A cultura da aristocracia e os conhecimentos religiosos eram
o material básico a ser transmitido. (BOCK, 1999. p.261).
A escola como instituição social se desenvolveu para atender os filhos das
famílias que detinham o poder na sociedade As atividades dos grupos
dominantes foram
ensinadas na escola.
No século XIX houve transformações importantes na escola que passou a ser
universal para todas as crianças . Nos séculos XIX e XX com o
desenvolvimento da industrialização ocorreram várias transformações as casas
que eram lugar de trabalho passaram a ser locais privativos das famílias e o
local de trabalho se deslocou para as fábricas. Os trabalhadores deslocavam-se
de suas residências para as fábricas e para isso foi necessário a construção
e ampliação de vias públicas e transportes coletivos.
A família para educar seus filhos para o trabalho e vida social precisou da
ajuda
da escola como instituição especializada para os trabalhos exigidos pela
sociedade. A Revolução Industrial proporcionou a implantação de novas
5. tecnologias, onde os trabalhos realizados com máquinas exigiram do
trabalhador novas aprendizagens e aperfeiçoamentos. A escola tornou - se
necessária e importante para ensinar os conhecimentos básicos também o
manuseio das técnicas.
A classe trabalhadora paulatinamente foi se organizando para lutar e exigir
universalização da escola para todos e não somente para burguesia e
aristocracia.
Estes fatores contribuíram para que a escola adquirisse as características que
possui hoje em nossa sociedade: uma instituição da sociedade, trabalhando a
serviço desta sociedade e por ela sustentada a fim de responder a
necessidades sociais e, para isso, a escola precisa exercer funções
especializadas. A escola cumpre, portanto, o papel de preparar as crianças
para viverem no mundo adulto. Elas aprendem a trabalhar, a assimilar as
regras sociais, os conhecimentos básicos, os valores morais coletivos, os
modelos de comportamento considerados adequados pela sociedade. A escola
estabelece, assim, uma mediação entre a criança (ou jovem) e a sociedade
que é técnica (enquanto aprendizado das técnicas de base, como a leitura, a
escrita, o cálculo, as técnicas corporais e musicais etc.) e social (enquanto
aprendizado de valores, de ideais e modelos de comportamento). Apreender
esses elementos sempre foi necessário. A escola é a forma moderna de operar
essa transmissão.(BOCK. 1999, p.263)
Alguns problemas são apresentados pela escola como: A escola sustentada
pela sociedade deveria preparar os alunos para viver em sociedade, o que
pode observar-se que ao longo do tempo através das teorias pedagógicas do
seu currículo oculto tornou se uma instituição fechada e isolada, semelhante a
uma ilha dentro da sociedade sendo o seu conhecimento distante da realidade
social;
A escola surgiu para responder a necessidades sociais de preparo do
indivíduo para a vida pública. A família ficou apenas com a formação
moral de seus filhos. Hoje, a escola ocupa grande parte da vida de seus
alunos. Ensina técnicas, valores e ideais, ou seja, vem cada vez mais
substituindo as famílias na orientação para a vida sexual, profissional,
enfim, para a vida como um todo. A escola está preparada para essa
tarefa? Os professores dispõem de métodos e técnicas adequadas para
cumprir tal função (BOCK. 1999, p. 267)
A escola é lugar de aprendizagem e troca de aprendizagem, sendo ela o
local onde temos condições de elaborar perguntas e buscar respostas
sobre o nosso cotidiano, é um espaços para o diálogo, com
entendimento das diferenças entre cada ser humano. É na instituição
escolar que os profissionais devem proporcionar abertura para um
trabalho critico e criativo. ZANZARINI e YOSHIDA, 2011
O saber escolar proporciona a capacidade de tomar decisões individuais
e coletivas, pois a escola é apenas uma das instituições da nossa
sociedade que tem responsabilidade como outras instituições: a família,
a igreja, os meios de comunicação e outras na transmissão dos valores
6. dominantes lembrando que nas transformações sociais a escola
participa não é totalmente responsável. ZANZARINI e YOSHIDA, 2011