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Rosemar Silva Niara
e Cíntia Colares
Edição
JORNAL
MENTE
ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Editorial
E se o preto fosse você? Já imaginou por
quais situações passaria e como reagiria?
E basta não ser racista? Não. Já diria Angela
Davis, pensadora e militante negra
renomada mundialmente. Angela alerta que
é preciso ser antirracIsta em seu cotidiano.
E pra quem insiste em fechar os olhos e
negar que o racismo exista, o filme Medida
Provisória, que ganhou uma resenha nessa
edição.
Maio é também o mês das mães e isso
provocou uma discussão sobre o que é
maternar. Vale lembrar que direito de todas
optar por não ser mãe biológica, o que não as
impede de experienciar o amor
incondicional.
A coluna Biblioteca Ativa esse mês apresenta
a obra "As lágrimas que lavaram meu
pânico", obra que retrata a síndrome de
mesmo nome.
A meditação é uma ótima aliada para
combater essa síndrome. É o que nos traz
uma de nossas colunas.
Enfim!
Limpe sua mente do que não lhe acrescente e
plante novos rumo a uma mente cada vez
mais ativa!
Asé! Ora ye ye ô!
Cíntia Colares
Jornalista profissional (Mtb11082)
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Silvia - 10/05
Lucia - 12/05
Mara - 16/05
Cris- 13/05
Felicidades as nossas Colunistas
aniversariantes do mês de Maio!!
Jeane Bordignon
voos.e.palavras
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
MATERNAR, MAS NÃO SER MÃE
Quão injusto é dizer que uma mulher só
saberá o que é o amor verdadeiro quando
tiver um filho? A ideia do amor
incondicional na verdade esconde os velhos
estigmas sobre precisarmos que outro ser
nos ensine a amar, e de que nossa função no
mundo é gerar descendentes.
Ser mãe pode e deve ser uma escolha. Gerar
uma vida dói literalmente. O corpo se
expande para acomodar outro ser, que
comprime os órgãos da mãe. Até respirar vai
ficando mais difícil conforme a barriga
cresce. Os hormônios desencadeiam uma
série de processos, até na mente. Nem toda
mulher quer e tem condições de passar por
isso. E tudo bem.
“Bebê é muito bonitinho: no colo dos outros
e com a bundinha limpa”, diz uma tia. Para
uma mãe recente, claro que é um encanto,
mas também é privação de sono, nem saber
quando se alimentou, mal conseguir tomar
um banho, e não ter outro assunto que não
seja mamás e cocôs. Puxado. E nenhuma de
nós, que escolheu não passar por isso, é
menos mulher.
A cultura celta tem a figura da deusa
tríplice, que se divide em donzela, mãe e
velha. São três arquétipos de mulher, três
fases da vida, três momentos de energia. A
donzela é jovem, no auge do vigor. A mãe
está gerando vida, criando. A velha é a que
acumulou sabedoria.
Esses três arquétipos nos permeiam em
vários momentos da vida. A energia da mãe
pode estar conosco mesmo que nunca
venhamos a gerar. Brincar com os
sobrinhos, contar histórias, ser doutora de
brinquedos, acolher um amigo, fazer aquele
bolo cheiroso, aconselhar, também são
formas de maternar. Sendo mulheres
completas. E em paz com nossas escolhas.
Simone Mello
Poeta
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Oficina de escrita criativa no
Memorial Luiz Carlos Prestes.
Me senti inspirada, entusiasmada com as falas
das escritoras e poetas Ana dos Santos e Fatima
Farias. Desenvolver o processo de escrita nesta
oficina que tem como tema, “Palavras
Antirracistas,” é um assunto pertinente e
necessário.
Eu diria que é o exercício que deveríamos fazer
diariamente, como: acordar, tomar café, escovar
os dentes, ir pra academia, colocar aquela roupa
que combina com nosso estilo, escutar música, o
ritmo que mais gostamos, participar do happy
hour com amigos(as), ou até mesmo assistir
aquela série ou filme que faça você refletir sobre
este tema.
O povo negro continua sendo o alvo da
intolerância, da ignorância, do racismo, do
fascismo, da invisibilidade, e da exclusão social.
Qual seria a solução para este dilema?
Não adianta sair às ruas levantar a bandeira, tem
que vestir a camiseta da luta Antirracista, tem
que fazer valer a pena. Converse com seus
amigos, inimigo, familiares e vizinhos. Construa
caminhos, fortaleça esta luta, debata em salas de
aulas, nos centros sociais, nas universidades. O
diálogo é pra todos, brancos, negros, indígenas.
Não importa a idade, a credulidade, o partido, esta
luta não é somente do negro(a), ela é sua também.
Estamos vendo apenas a ponta do iceberg, temos
muito que debater, falar, escrever, produzir e
publicar. A literatura nos proporciona muitas
possibilidades, de estar em vários lugares, com
pessoas de diferentes crenças e costumes.
A literatura mostra os fatos históricos, ela faz
esta viajem, ultrapassa os séculos, vai até os
primórdios, visita os antropólogos, os filósofos e
os sociólogos. Retorna atravessando mares e
oceanos e chega até nós, revelando-nos os
acontecimentos sociais.
Na oficina de escrita criativa pude perceber a
diversidade, oralidade e pluralidade. Ao recitar
a poesia do livro Mel e Dendê, a escritora e
autora do livro reforça a importância da escrita,
do conto, do texto literário produzidos por
mulheres negras e homens negros. De ter um
livro autoral em mãos. Já que uma vez nos
tiraram o direito de escrever, de falar e de ler.
Por muitas décadas os cânones estiveram neste
lugar de fala, de escrita e de privilégio. A
escritora Ana dos Santos, em sua fala citou
Maria Firmina dos Reis, primeira romancista
negra brasileira que enfrentou uma sociedade
conservadora, patriarcal, machista, misógena, e
praticante da segregação racial e social.
Citou também Grada Kilomba, autora do livro
Memórias da Plantação. Onde a autora descreve
a relação de posse entre o sujeito e o objeto, a
inferiorização do corpo, da pele, do cabelo, da
imagem do negro(a). O apagamento histórico.
Ter participado desta oficina, foi um processo e
está sendo um momento de construção, de
criação, de desenvolvimento. A escrita é cura,
mas também é um manifesto, sobre tudo um
manifesto político. Ter como referência duas
escritoras, mulheres negras ministrando a
oficina, reverenciando os nossos ancestrais. Foi
um ato, um movimento de grande importância
no nosso contexto social.
Começo a minha apresentação dizendo que sou nascida e criada em Porto
Alegre. Também acho importante lembrar que cursei a graduação de
Educação Física e atuei na área por 15 anos. Apesar de não trabalhar mais
com isso, essa profissão ainda me define bastante, foi através dela que
cheguei até aqui e gosto de honrar minha caminhada. Hoje trabalho com
espiritualidade. Sou reikiana e faço abertura de Registros Akáshicos. A
espiritualidade sempre foi muito natural e é muito gratificante poder
trabalhar em algo que gosto tanto. Desde 2015 ministro cursos e imersões.
Não sei quando iniciei o caminho da escrita, porque isso sempre esteve
presente na minha vida desde a infância. Depois de alguns cursos de
escrita infantil e escrita intuitiva, posso dizer que começo meus primeiros
passos como escritora profissional. É um prazer publicar mensalmente
meus textos para o Jornal Mente Ativa que abriu esse espaço tão especial.
Recentemente publiquei meu primeiro livro para o público infantil, A
Menina Colorida, pela editora Histórias para Contar
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Apresentação das Colunistas
Joseane Canova
Joseane Canova
Escritora, Terapeuta reiki
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Os Seres Fantásticos
Em um Reino muito distante viviam seres
fantásticos. Ninguém sabia muito bem quem
eram, do que se alimentavam ou como viviam.
Apenas se contavam lendas diversas de que
eram criaturas com poderes mágicos. Elas
cuidavam com mácula e atenção dos filhos,
amavam incondicionalmente, eram perfeitas,
sabiam fazer tudo e mais um pouco. Não
reclamavam de nada e eram sempre felizes.
Todos ouviam lendas a respeito, elas também
eram conhecidas por Mães e todos queriam ser
como elas ou estar perto delas. Um dia,
finalmente, viram uma destas criaturas tratar
com indiferença um filho seu e a magia então
se desfez. Como poderia ela, não ser esse Ser
perfeito e idealizado que todos imaginavam por
tanto tempo? Imediatamente, todas as outras
chamadas de Mãe começaram a ser olhadas
com desconfiança, teriam elas também a
capacidade de não serem perfeitas? Durante
tanto tempo expectativas tão altas foram
esperadas das criaturas fantásticas e agora,
como todo o restante iria construir suas
crenças? Para equilibrar tanto tempo de
crescente idealização decidiram então, falar de
maternidade real. As Mães foram convidadas
para contar a verdade. Elas mostraram a
realidade e disseram que a maternidade era
difícil e trabalhosa. Todo o Reino entendeu
então, que essas mulheres não gostavam de ser
Mães, que estavam reclamando dos seus filhos
ou insatisfeitas com o seu papel. Nada disso…
Que confusão! Falar de maternidade real é
uma chance das mães serem ouvidas,
validadas. Mães são mulheres, imperfeitas no
seu amor, no seu cuidado e é exatamente nisso
que se dá a magia da educação. Nada melhor
do que alguém imperfeito para te ensinar
sobre um mundo imperfeito. Uma mãe nunca
vai dar tudo para o filho, ela dará o que é
importante para que ele tenha condições de
buscar o que ela não tem no mundo. Feliz Dia
das Mães Para todas aquelas que dão o seu
melhor. Que amam com todo o seu Ser. Que
ensinam os seus filhos a serem reais e
imperfeitos. Que cuidam, amam e zelam. As
Mães não são perfeitas, mas a maior parte
delas amam seus filhos de uma forma que
ninguém mais vai amar no mundo
Rosemar Silva Niara
Acadêmica em Produção e Multimídia
https://ssrosemar.wixsite.com/silva
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME:
MEDIDA PROVISÓRIA - 2022
O filme Medida Provisória dirigido por Lázaro
Ramos é um tapa na cara de quem insiste em
dizer que não há racismo no Brasil. Nos faz
refletir sobre o nosso lugar de fala e de estar
nessa sociedade. Uma chamada para revermos
nossas atitudes enquanto povo preto que ainda
se cala.
A obra revela um diretor consciente do seu papel
enquanto homem negro e com discernimento na
sua caminhada artística, traz na equipe atores
que assumem o protagonismo de uma geração
empoderada.
No quesito técnica mescla de forma sutil o drama,
a comédia e a ação. Com sequências que nos
mostram o sentido da dimensão histórica da
opressão racial.
Ao trazer os Afrobakers nos remete a resistência
dos quilombos, que eram pequenas áreas ou vilas
de difícil acesso que tinham por finalidade o
refúgio dos Negros fugidos da escravidão.
Atualmente os Aquilombamentos, tem por
sentido a união dos Negros e Negras nas lutas
diárias contra o racismo em local físico ou não.
Agrega todos os demais grupos considerados a
margem da sociedade por sua etnia, orientação
sexual ou religião que tenham por ideologia a
luta contra a opressão racial.
O Pan-africanismo dos teóricos Edward
Burghardt Du Bois, Marcus Musiah Garvey,
Malcom X entre outros, é um movimento de
caráter social, filosófico e político, que visa
promover a defesa dos direitos do povo africano,
constituindo um único Estado soberano para
africanos que vivem ou não na África.
A partir dessa ideologia foi criada a
Organização de Unidade Africana (1963), que
tem sido divulgada e apoiada,
majoritariamente, por afrodescendentes que
vivem fora da África.
O objetivo da União Africana é implantar um
continente livre para a circulação de pessoas,
um Parlamento continental, um tribunal pan-
africano e um Banco Central, para que no
futuro possa circular uma moeda única,
intenções pautadas nos moldes da União
Europeia. A temática do filme, às avessas,
dialoga com as ideologias Pan-africana e
Aquilombar, no exposto acima tem por sentido
fortalecer e reconhecer a importância desse
Continente na história da humanidade.
Há um momento na película que nos
perguntamos: Quando isso vai parar? Qual é a
saída?
A história se resolve, mas a provocação
continua.
As reações no geral são de aclamação e aplausos
ao final do filme. Porém, os comentários nos
corredores do cinema e nos banheiros deixam a
desejar, do tipo “o filme foi produzido pela
Amazom” essas falas quebram com a magia da
obra. Como se o elenco de artistas e técnicos
assim como o diretor não tivessem sido grandes.
Além da, temática de que em 500 anos de
história a opressão racial ainda é atual, (lê-se
com dinheiro tudo é bem feito) será?
Comentários como esse impulsionam o racismo.
Ainda estou impactada com a obra distópica de
Lázaro.
Que venham mais filmes dessa vertente que
coloca o dedo na ferida.
REFERENCIAL:
Fátima Farias. Escritora, poeta e pesquisadora independente das
questões raciais. Porto Alegre/RS
Walter Passos. Professor de História, escritor e poeta ativista do
movimento negro. Salvador/Bh
Acesso em: O que foi o movimento pan-africano? | Super
(abril.com.br)
Luciana Tibúrcio Campos Gonçalves
Escritora, Jornalista e Advogada
(34)99106-7780
lucianatiburcioadvocacia@gmail.com
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
LANÇAMENTO LIVRO “AS LÁGRIMAS
QUE LAVARAM MEU PÂNICO”
“À medida que o branco era tingido de letras, que
eu revivia minha história e meus sentimentos, os
acontecimentos pareciam ser colocados no armário
das minhas memórias nos seus devidos lugares e
importância”. Esta foi a cura para a alma da
escritora Luciana Tibúrcio, ao despejar em livro
fragmentos de sua vida após o diagnóstico da
Síndrome do Pânico.
Em “As lágrimas que lavaram meu pânico”, a
Autora descreve com minúcias o desvelar de si
mesma que culminou na doença e, anos depois, à
convivência com um transtorno de ansiedade. O
livro, publicado de forma independente, será
lançado em Uberlândia no dia 06 de maio, às 19h,
no Sabiá Livros, quando os leitores terão
oportunidade de conversar de forma aberta com a
Autora.
A intenção é proporcionar um ambiente
agradável, num jardim cheio de café e prosa, para
que todos se sintam à vontade para trocar
experiências e relatos sobre o livro e sua própria
história. “Será um momento em que poderei olhar
nos olhos do leitor e contar sobre o que se passou
comigo e como consegui que toda aquela dor e
sofrimento se transformasse em ensinamento para
minha vida”, aponta a Autora.
Segundo Luciana Tibúrcio, este encontro com
leitores será ainda mais especial por ter escrito e
publicado o livro exatamente para que pudesse ser
ele uma luz a quem passa pelo mesmo sofrimento
que passou. Escrito em 2020, foi publicado somente
em dezembro de 2021, após ter sido engavetado por
um ano. “Por expor de forma muito aberta toda
minha história, o deixei escondido de mim.
Tímida, não queria escancarar todos os meus
medos, defeitos e sofrer. Mas pensar que poderia
deixar de ajudar alguém que está no mesmo
desespero que eu me angustiava mais ainda”,
relata.
Lançado de forma virtual em fevereiro, o livro está
disponível nos sites de venda on-line ou
diretamente com a escritora. “Está sendo uma
surpresa o retorno de quem já o leu. Descobri que
pude aliviar o coração não só de ansiosos como eu,
mas também de mães que, após lerem meu livro,
compreenderam o que passam suas filhas também
diagnosticadas com o Pânico. Isso é impagável.
Compensa todas as agruras e lágrimas que
desceram para que este livro pudesse se
concretizar”, finaliza a Autora.
BIOGRAFIA
Luciana Tibúrcio - Poeta, Advogada Previdenciária,
Jornalista e Escritora. O ser Poeta está na sua essência
desde a infância. Seus olhos são de poesia. Pincela aos
poucos este poetar na página “Devaneio em poesia”. A
Advocacia é seu meio de subsistência e a concretização
de um propósito. O Jornalismo muito se deveu a esta
ânsia de escrever. À necessidade de escrever. Para
lançar em palavras todas as suas angústias e reflexões.
Este livro desperta o Escritora. Para contar agora suas
histórias. Mineira, conta os passos aos poucos. Aprecie o
primeiro...
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Biblioteca Ativa:
SINOPSE
Em um mundo no qual pululam ansiedades, ler
alguém que já passou pelo que passa pode ser um
vislumbre de luz no fim da dor. Neste livro, descrevo
com minúcias as paisagens do mergulho em mim.
Histórias filosofadas com dor e aceitação. As exponho
na esperança de que os embates mentais pelos quais
passei, após o diagnóstico da Síndrome do Pânico,
sejam sementes a germinarem em outros corações
que passam pelo mesmo. Regado de poesia, fez
florescer em mim a cura.
O que passei é dor não diversa da de qualquer ser
humano. Mas há detalhes costurados com retalhos de
saudades, de transformações, de medos, de coragem e
de surpresas que teceram uma colcha adornada de
amor com a qual embrulhei minha cama. Hoje deito
macio, por ficar no hoje. Antes, nele não permanecia.
Passado e futuro me assombravam. Queria o controle
sem perceber que minha vida não muda com o trocar
de botões. Aceitei a impermanência.
Não foi fácil o aceitar. Este livro deslinda todas as
angústias que me visitaram. Algumas ainda teimam
em se sentar confortáveis no sofá da sala. Eu as
convido a entrar, tenho compaixão pelas minhas
dores. E foi com profundo acolhimento que
transformei as mortes que me feriram em alavanca
para meu crescer. Está tudo aqui, nestas letras
sopradas pelos meus dedos. Não há resumo possível
para completudes em si. Convido à leitura. Sentirá
meu amor por entre as frases. Só isso me basta. O
tocar de um coração me basta. Mas quantos mais,
melhor. O meu está aberto. Pode entrar...
LANÇAMENTO
Livro: “As lágrimas que lavaram
meu pânico”
Autora: Luciana Tibúrcio
Quando: 06 de maio, às 19h
Onde: no Sabiá Livros (rua Péricles
Vieira Mota n. 278, Santa Mônica)
Grasiela Rodrigues
Professora de História
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Olá Vovó, tudo bem? Eu estou bem, tem algum
tempo que percebo forte a tua presença na
minha caminhada. Me sinto privilegiada por
estar em contato com a tua energia, sinto tua
força a contaminar corpo e alma. Não sei sua
idade exata, mas percebo anos de sabedoria, que
a cada contato estabelecido nos conecta ainda
mais e, ah, como aprendo com a senhora.
A vida é formada por vários encruzos, às vezes,
me pego sentada no meio da encruzilhada sem
saber qual caminho seguir, porque a indecisão e
o medo que me habitam, me congelam perante
os percalços da vida. Logo você chega, senta do
meu lado e num pequeno diálogo consigo seguir
o meu caminho aprendendo a lidar com as
inconstâncias da vida.
Sei que a nossa ligação vai além da eternidade,
acredito que em alguns momentos nos
tornamos uma só, me pego tendo
comportamentos de pessoas mais velhas. É você
me trazendo algum tipo de ensinamento para
lidar com as adversidades da vida. E que, por
incrível que pareça, eu acabo passando para os
que convivem comigo. Chega a ser engraçado,
sem a pretensão de ser a sabedora, mas sim
trazer as palavras e sentimentos que me
acolhem quando me sinto parada no meio dos
encruzos da vida.
Vovó até a próxima, sinto que essa não será a
primeira carta, nossa história vem de longe.
Teus passos vêm de longe.
Salve as almas
Carta à Vovó
Luciasouzacosta7@gmail.com
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Tire um Tempo pra você.
E faça meditação, e descobrirá que o Tempo é o
senhor da razão.
Existe Tempo pra tudo, basta você programar.
O Tempo é companheiro e passa muito ligeiro,
assim de janeiro a janeiro, corre veloz o ano
inteiro.
O Tempo também é remédio, cura as Feridas da
Alma.
Ele também nos ensina que devemos manter a
calma.
O Tempo também é transporte te permite
viajar, recordando os tempos bons, Ai! que
saudades que dá.
Tem gente que dá um tempo.
Outras perdem tempo sem perceber, outras se
agarram ao tempo e se esquecem de viver,
ficam presas no passado a se lamentar... A
sofrer.
Muitos de nós pedimos: Senhor Tempo vá com
calma, não ande muito ligeiro sempre dê uma
freada, pois a vida é muito breve não fica
estacionada.
O VALOR DO TEMPO.
Lucia Costa
Poetisa
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
É na roda ... É no circulo...mantendo a tradição,
Que estamos reunidos fazendo as
transformações.
Somos todos descendentes da força e luta dos
Háussais,
Zumbi, Luiza Mahin, Maria Helena Vargas,
Auta de Souza, Marielle Franco e tantos outros.
Somos aqueles que cantam, que dançam, que
escrevem, que declamam..mas que também,
brigam, questionam, vão as ruas.
Somos todos “Oliveira Silveira” numa busca
contínua de maior conscientização.
As lutas de nossos antepassados não foram em
vão
Nós de alguma forma continuamos fazendo as
insurreições,
na conquista de um ( ayê )mundo mais
igualitário
Toca tambor... toca
Toca no fundo do coração
Faz emergir essa força
Empodera essa nação
Que os Orixás nos acompanhe....
e Oxalá nos ilumine
Asé, paz, Axé!
SOMOS TODOS GUERREIROS!
Isabete Fagundes Almeida
Poetisa, escritora
isabete.fagundes
Filho, LEVANTA.
A vida lá fora vai te testar.
Se tu sabes tua história.
Se sabes te ver no espelho.
Se sabes teu lugar.
Teu lugar é o mais alto que puderes alcançar.
...mas te dirão que teu lugar é mais abaixo, bem
mais abaixo, mais abaixo.
Ao ouvir frases que escamoteiam essa
intenção, você sentirá como se algo te picasse...
nas tuas veias correrá indignação, raiva,
tristeza, mas espero de ti principalmente
RESISTÊNCIA, filho.
Pois, o antídoto para esse veneno virá das
nossas reflexões, das nossas bocas e
principalmente dos nossos punhos cerrados!
Carta ao meu filho, Diogo.
Sou Flor de Lótus.
Sou Cíntia Colares.
Coração da Negra
Cíntia Colares
Poeta e Jornalista
profissional ( Mtb 11082)
JORNAL MENTE ATIVA
Maio de 2022 - 19º edição
Olá, leitor@s! Peço licença aos mais velhos para
dar um recado. Nesse mês de maio, não poderia
deixar passar incólume a data de 13 de maio:
dia da falsa abolição.
Bem, o recado é esse: Princesa boazinha coisa
nenhuma. Abolição se fez com sangue de
muita luta e rebeldia contra o sistema vigente.
E ainda se busca até hoje com a verdade da
periferia e nao com as mentiras que a história
branca racista, contada por manutensores do
racismo, tentam nos empurrar goela abaixo.
No dia 14 de maio oficializou-se o início do
encarceramento em massa da população negra
e o racismo estrutural nessa terra de muito
suor e trabalho preto.
Então vamos de poesia!
"VAMOS ESCURECER
as coisas, Diogo Colares?

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Jornal Mente Ativa 19

  • 1. Rosemar Silva Niara e Cíntia Colares Edição JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição
  • 2. JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Editorial E se o preto fosse você? Já imaginou por quais situações passaria e como reagiria? E basta não ser racista? Não. Já diria Angela Davis, pensadora e militante negra renomada mundialmente. Angela alerta que é preciso ser antirracIsta em seu cotidiano. E pra quem insiste em fechar os olhos e negar que o racismo exista, o filme Medida Provisória, que ganhou uma resenha nessa edição. Maio é também o mês das mães e isso provocou uma discussão sobre o que é maternar. Vale lembrar que direito de todas optar por não ser mãe biológica, o que não as impede de experienciar o amor incondicional. A coluna Biblioteca Ativa esse mês apresenta a obra "As lágrimas que lavaram meu pânico", obra que retrata a síndrome de mesmo nome. A meditação é uma ótima aliada para combater essa síndrome. É o que nos traz uma de nossas colunas. Enfim! Limpe sua mente do que não lhe acrescente e plante novos rumo a uma mente cada vez mais ativa! Asé! Ora ye ye ô! Cíntia Colares Jornalista profissional (Mtb11082)
  • 3. JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Silvia - 10/05 Lucia - 12/05 Mara - 16/05 Cris- 13/05 Felicidades as nossas Colunistas aniversariantes do mês de Maio!!
  • 4. Jeane Bordignon voos.e.palavras JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição MATERNAR, MAS NÃO SER MÃE Quão injusto é dizer que uma mulher só saberá o que é o amor verdadeiro quando tiver um filho? A ideia do amor incondicional na verdade esconde os velhos estigmas sobre precisarmos que outro ser nos ensine a amar, e de que nossa função no mundo é gerar descendentes. Ser mãe pode e deve ser uma escolha. Gerar uma vida dói literalmente. O corpo se expande para acomodar outro ser, que comprime os órgãos da mãe. Até respirar vai ficando mais difícil conforme a barriga cresce. Os hormônios desencadeiam uma série de processos, até na mente. Nem toda mulher quer e tem condições de passar por isso. E tudo bem. “Bebê é muito bonitinho: no colo dos outros e com a bundinha limpa”, diz uma tia. Para uma mãe recente, claro que é um encanto, mas também é privação de sono, nem saber quando se alimentou, mal conseguir tomar um banho, e não ter outro assunto que não seja mamás e cocôs. Puxado. E nenhuma de nós, que escolheu não passar por isso, é menos mulher. A cultura celta tem a figura da deusa tríplice, que se divide em donzela, mãe e velha. São três arquétipos de mulher, três fases da vida, três momentos de energia. A donzela é jovem, no auge do vigor. A mãe está gerando vida, criando. A velha é a que acumulou sabedoria. Esses três arquétipos nos permeiam em vários momentos da vida. A energia da mãe pode estar conosco mesmo que nunca venhamos a gerar. Brincar com os sobrinhos, contar histórias, ser doutora de brinquedos, acolher um amigo, fazer aquele bolo cheiroso, aconselhar, também são formas de maternar. Sendo mulheres completas. E em paz com nossas escolhas.
  • 5. Simone Mello Poeta JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Oficina de escrita criativa no Memorial Luiz Carlos Prestes. Me senti inspirada, entusiasmada com as falas das escritoras e poetas Ana dos Santos e Fatima Farias. Desenvolver o processo de escrita nesta oficina que tem como tema, “Palavras Antirracistas,” é um assunto pertinente e necessário. Eu diria que é o exercício que deveríamos fazer diariamente, como: acordar, tomar café, escovar os dentes, ir pra academia, colocar aquela roupa que combina com nosso estilo, escutar música, o ritmo que mais gostamos, participar do happy hour com amigos(as), ou até mesmo assistir aquela série ou filme que faça você refletir sobre este tema. O povo negro continua sendo o alvo da intolerância, da ignorância, do racismo, do fascismo, da invisibilidade, e da exclusão social. Qual seria a solução para este dilema? Não adianta sair às ruas levantar a bandeira, tem que vestir a camiseta da luta Antirracista, tem que fazer valer a pena. Converse com seus amigos, inimigo, familiares e vizinhos. Construa caminhos, fortaleça esta luta, debata em salas de aulas, nos centros sociais, nas universidades. O diálogo é pra todos, brancos, negros, indígenas. Não importa a idade, a credulidade, o partido, esta luta não é somente do negro(a), ela é sua também. Estamos vendo apenas a ponta do iceberg, temos muito que debater, falar, escrever, produzir e publicar. A literatura nos proporciona muitas possibilidades, de estar em vários lugares, com pessoas de diferentes crenças e costumes. A literatura mostra os fatos históricos, ela faz esta viajem, ultrapassa os séculos, vai até os primórdios, visita os antropólogos, os filósofos e os sociólogos. Retorna atravessando mares e oceanos e chega até nós, revelando-nos os acontecimentos sociais. Na oficina de escrita criativa pude perceber a diversidade, oralidade e pluralidade. Ao recitar a poesia do livro Mel e Dendê, a escritora e autora do livro reforça a importância da escrita, do conto, do texto literário produzidos por mulheres negras e homens negros. De ter um livro autoral em mãos. Já que uma vez nos tiraram o direito de escrever, de falar e de ler. Por muitas décadas os cânones estiveram neste lugar de fala, de escrita e de privilégio. A escritora Ana dos Santos, em sua fala citou Maria Firmina dos Reis, primeira romancista negra brasileira que enfrentou uma sociedade conservadora, patriarcal, machista, misógena, e praticante da segregação racial e social. Citou também Grada Kilomba, autora do livro Memórias da Plantação. Onde a autora descreve a relação de posse entre o sujeito e o objeto, a inferiorização do corpo, da pele, do cabelo, da imagem do negro(a). O apagamento histórico. Ter participado desta oficina, foi um processo e está sendo um momento de construção, de criação, de desenvolvimento. A escrita é cura, mas também é um manifesto, sobre tudo um manifesto político. Ter como referência duas escritoras, mulheres negras ministrando a oficina, reverenciando os nossos ancestrais. Foi um ato, um movimento de grande importância no nosso contexto social.
  • 6. Começo a minha apresentação dizendo que sou nascida e criada em Porto Alegre. Também acho importante lembrar que cursei a graduação de Educação Física e atuei na área por 15 anos. Apesar de não trabalhar mais com isso, essa profissão ainda me define bastante, foi através dela que cheguei até aqui e gosto de honrar minha caminhada. Hoje trabalho com espiritualidade. Sou reikiana e faço abertura de Registros Akáshicos. A espiritualidade sempre foi muito natural e é muito gratificante poder trabalhar em algo que gosto tanto. Desde 2015 ministro cursos e imersões. Não sei quando iniciei o caminho da escrita, porque isso sempre esteve presente na minha vida desde a infância. Depois de alguns cursos de escrita infantil e escrita intuitiva, posso dizer que começo meus primeiros passos como escritora profissional. É um prazer publicar mensalmente meus textos para o Jornal Mente Ativa que abriu esse espaço tão especial. Recentemente publiquei meu primeiro livro para o público infantil, A Menina Colorida, pela editora Histórias para Contar JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Apresentação das Colunistas Joseane Canova
  • 7. Joseane Canova Escritora, Terapeuta reiki JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Os Seres Fantásticos Em um Reino muito distante viviam seres fantásticos. Ninguém sabia muito bem quem eram, do que se alimentavam ou como viviam. Apenas se contavam lendas diversas de que eram criaturas com poderes mágicos. Elas cuidavam com mácula e atenção dos filhos, amavam incondicionalmente, eram perfeitas, sabiam fazer tudo e mais um pouco. Não reclamavam de nada e eram sempre felizes. Todos ouviam lendas a respeito, elas também eram conhecidas por Mães e todos queriam ser como elas ou estar perto delas. Um dia, finalmente, viram uma destas criaturas tratar com indiferença um filho seu e a magia então se desfez. Como poderia ela, não ser esse Ser perfeito e idealizado que todos imaginavam por tanto tempo? Imediatamente, todas as outras chamadas de Mãe começaram a ser olhadas com desconfiança, teriam elas também a capacidade de não serem perfeitas? Durante tanto tempo expectativas tão altas foram esperadas das criaturas fantásticas e agora, como todo o restante iria construir suas crenças? Para equilibrar tanto tempo de crescente idealização decidiram então, falar de maternidade real. As Mães foram convidadas para contar a verdade. Elas mostraram a realidade e disseram que a maternidade era difícil e trabalhosa. Todo o Reino entendeu então, que essas mulheres não gostavam de ser Mães, que estavam reclamando dos seus filhos ou insatisfeitas com o seu papel. Nada disso… Que confusão! Falar de maternidade real é uma chance das mães serem ouvidas, validadas. Mães são mulheres, imperfeitas no seu amor, no seu cuidado e é exatamente nisso que se dá a magia da educação. Nada melhor do que alguém imperfeito para te ensinar sobre um mundo imperfeito. Uma mãe nunca vai dar tudo para o filho, ela dará o que é importante para que ele tenha condições de buscar o que ela não tem no mundo. Feliz Dia das Mães Para todas aquelas que dão o seu melhor. Que amam com todo o seu Ser. Que ensinam os seus filhos a serem reais e imperfeitos. Que cuidam, amam e zelam. As Mães não são perfeitas, mas a maior parte delas amam seus filhos de uma forma que ninguém mais vai amar no mundo
  • 8. Rosemar Silva Niara Acadêmica em Produção e Multimídia https://ssrosemar.wixsite.com/silva JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME: MEDIDA PROVISÓRIA - 2022 O filme Medida Provisória dirigido por Lázaro Ramos é um tapa na cara de quem insiste em dizer que não há racismo no Brasil. Nos faz refletir sobre o nosso lugar de fala e de estar nessa sociedade. Uma chamada para revermos nossas atitudes enquanto povo preto que ainda se cala. A obra revela um diretor consciente do seu papel enquanto homem negro e com discernimento na sua caminhada artística, traz na equipe atores que assumem o protagonismo de uma geração empoderada. No quesito técnica mescla de forma sutil o drama, a comédia e a ação. Com sequências que nos mostram o sentido da dimensão histórica da opressão racial. Ao trazer os Afrobakers nos remete a resistência dos quilombos, que eram pequenas áreas ou vilas de difícil acesso que tinham por finalidade o refúgio dos Negros fugidos da escravidão. Atualmente os Aquilombamentos, tem por sentido a união dos Negros e Negras nas lutas diárias contra o racismo em local físico ou não. Agrega todos os demais grupos considerados a margem da sociedade por sua etnia, orientação sexual ou religião que tenham por ideologia a luta contra a opressão racial. O Pan-africanismo dos teóricos Edward Burghardt Du Bois, Marcus Musiah Garvey, Malcom X entre outros, é um movimento de caráter social, filosófico e político, que visa promover a defesa dos direitos do povo africano, constituindo um único Estado soberano para africanos que vivem ou não na África. A partir dessa ideologia foi criada a Organização de Unidade Africana (1963), que tem sido divulgada e apoiada, majoritariamente, por afrodescendentes que vivem fora da África. O objetivo da União Africana é implantar um continente livre para a circulação de pessoas, um Parlamento continental, um tribunal pan- africano e um Banco Central, para que no futuro possa circular uma moeda única, intenções pautadas nos moldes da União Europeia. A temática do filme, às avessas, dialoga com as ideologias Pan-africana e Aquilombar, no exposto acima tem por sentido fortalecer e reconhecer a importância desse Continente na história da humanidade. Há um momento na película que nos perguntamos: Quando isso vai parar? Qual é a saída? A história se resolve, mas a provocação continua. As reações no geral são de aclamação e aplausos ao final do filme. Porém, os comentários nos corredores do cinema e nos banheiros deixam a desejar, do tipo “o filme foi produzido pela Amazom” essas falas quebram com a magia da obra. Como se o elenco de artistas e técnicos assim como o diretor não tivessem sido grandes. Além da, temática de que em 500 anos de história a opressão racial ainda é atual, (lê-se com dinheiro tudo é bem feito) será? Comentários como esse impulsionam o racismo. Ainda estou impactada com a obra distópica de Lázaro. Que venham mais filmes dessa vertente que coloca o dedo na ferida. REFERENCIAL: Fátima Farias. Escritora, poeta e pesquisadora independente das questões raciais. Porto Alegre/RS Walter Passos. Professor de História, escritor e poeta ativista do movimento negro. Salvador/Bh Acesso em: O que foi o movimento pan-africano? | Super (abril.com.br)
  • 9. Luciana Tibúrcio Campos Gonçalves Escritora, Jornalista e Advogada (34)99106-7780 lucianatiburcioadvocacia@gmail.com JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição LANÇAMENTO LIVRO “AS LÁGRIMAS QUE LAVARAM MEU PÂNICO” “À medida que o branco era tingido de letras, que eu revivia minha história e meus sentimentos, os acontecimentos pareciam ser colocados no armário das minhas memórias nos seus devidos lugares e importância”. Esta foi a cura para a alma da escritora Luciana Tibúrcio, ao despejar em livro fragmentos de sua vida após o diagnóstico da Síndrome do Pânico. Em “As lágrimas que lavaram meu pânico”, a Autora descreve com minúcias o desvelar de si mesma que culminou na doença e, anos depois, à convivência com um transtorno de ansiedade. O livro, publicado de forma independente, será lançado em Uberlândia no dia 06 de maio, às 19h, no Sabiá Livros, quando os leitores terão oportunidade de conversar de forma aberta com a Autora. A intenção é proporcionar um ambiente agradável, num jardim cheio de café e prosa, para que todos se sintam à vontade para trocar experiências e relatos sobre o livro e sua própria história. “Será um momento em que poderei olhar nos olhos do leitor e contar sobre o que se passou comigo e como consegui que toda aquela dor e sofrimento se transformasse em ensinamento para minha vida”, aponta a Autora. Segundo Luciana Tibúrcio, este encontro com leitores será ainda mais especial por ter escrito e publicado o livro exatamente para que pudesse ser ele uma luz a quem passa pelo mesmo sofrimento que passou. Escrito em 2020, foi publicado somente em dezembro de 2021, após ter sido engavetado por um ano. “Por expor de forma muito aberta toda minha história, o deixei escondido de mim. Tímida, não queria escancarar todos os meus medos, defeitos e sofrer. Mas pensar que poderia deixar de ajudar alguém que está no mesmo desespero que eu me angustiava mais ainda”, relata. Lançado de forma virtual em fevereiro, o livro está disponível nos sites de venda on-line ou diretamente com a escritora. “Está sendo uma surpresa o retorno de quem já o leu. Descobri que pude aliviar o coração não só de ansiosos como eu, mas também de mães que, após lerem meu livro, compreenderam o que passam suas filhas também diagnosticadas com o Pânico. Isso é impagável. Compensa todas as agruras e lágrimas que desceram para que este livro pudesse se concretizar”, finaliza a Autora. BIOGRAFIA Luciana Tibúrcio - Poeta, Advogada Previdenciária, Jornalista e Escritora. O ser Poeta está na sua essência desde a infância. Seus olhos são de poesia. Pincela aos poucos este poetar na página “Devaneio em poesia”. A Advocacia é seu meio de subsistência e a concretização de um propósito. O Jornalismo muito se deveu a esta ânsia de escrever. À necessidade de escrever. Para lançar em palavras todas as suas angústias e reflexões. Este livro desperta o Escritora. Para contar agora suas histórias. Mineira, conta os passos aos poucos. Aprecie o primeiro...
  • 10. JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Biblioteca Ativa: SINOPSE Em um mundo no qual pululam ansiedades, ler alguém que já passou pelo que passa pode ser um vislumbre de luz no fim da dor. Neste livro, descrevo com minúcias as paisagens do mergulho em mim. Histórias filosofadas com dor e aceitação. As exponho na esperança de que os embates mentais pelos quais passei, após o diagnóstico da Síndrome do Pânico, sejam sementes a germinarem em outros corações que passam pelo mesmo. Regado de poesia, fez florescer em mim a cura. O que passei é dor não diversa da de qualquer ser humano. Mas há detalhes costurados com retalhos de saudades, de transformações, de medos, de coragem e de surpresas que teceram uma colcha adornada de amor com a qual embrulhei minha cama. Hoje deito macio, por ficar no hoje. Antes, nele não permanecia. Passado e futuro me assombravam. Queria o controle sem perceber que minha vida não muda com o trocar de botões. Aceitei a impermanência. Não foi fácil o aceitar. Este livro deslinda todas as angústias que me visitaram. Algumas ainda teimam em se sentar confortáveis no sofá da sala. Eu as convido a entrar, tenho compaixão pelas minhas dores. E foi com profundo acolhimento que transformei as mortes que me feriram em alavanca para meu crescer. Está tudo aqui, nestas letras sopradas pelos meus dedos. Não há resumo possível para completudes em si. Convido à leitura. Sentirá meu amor por entre as frases. Só isso me basta. O tocar de um coração me basta. Mas quantos mais, melhor. O meu está aberto. Pode entrar... LANÇAMENTO Livro: “As lágrimas que lavaram meu pânico” Autora: Luciana Tibúrcio Quando: 06 de maio, às 19h Onde: no Sabiá Livros (rua Péricles Vieira Mota n. 278, Santa Mônica)
  • 11. Grasiela Rodrigues Professora de História JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Olá Vovó, tudo bem? Eu estou bem, tem algum tempo que percebo forte a tua presença na minha caminhada. Me sinto privilegiada por estar em contato com a tua energia, sinto tua força a contaminar corpo e alma. Não sei sua idade exata, mas percebo anos de sabedoria, que a cada contato estabelecido nos conecta ainda mais e, ah, como aprendo com a senhora. A vida é formada por vários encruzos, às vezes, me pego sentada no meio da encruzilhada sem saber qual caminho seguir, porque a indecisão e o medo que me habitam, me congelam perante os percalços da vida. Logo você chega, senta do meu lado e num pequeno diálogo consigo seguir o meu caminho aprendendo a lidar com as inconstâncias da vida. Sei que a nossa ligação vai além da eternidade, acredito que em alguns momentos nos tornamos uma só, me pego tendo comportamentos de pessoas mais velhas. É você me trazendo algum tipo de ensinamento para lidar com as adversidades da vida. E que, por incrível que pareça, eu acabo passando para os que convivem comigo. Chega a ser engraçado, sem a pretensão de ser a sabedora, mas sim trazer as palavras e sentimentos que me acolhem quando me sinto parada no meio dos encruzos da vida. Vovó até a próxima, sinto que essa não será a primeira carta, nossa história vem de longe. Teus passos vêm de longe. Salve as almas Carta à Vovó
  • 12. Luciasouzacosta7@gmail.com JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Tire um Tempo pra você. E faça meditação, e descobrirá que o Tempo é o senhor da razão. Existe Tempo pra tudo, basta você programar. O Tempo é companheiro e passa muito ligeiro, assim de janeiro a janeiro, corre veloz o ano inteiro. O Tempo também é remédio, cura as Feridas da Alma. Ele também nos ensina que devemos manter a calma. O Tempo também é transporte te permite viajar, recordando os tempos bons, Ai! que saudades que dá. Tem gente que dá um tempo. Outras perdem tempo sem perceber, outras se agarram ao tempo e se esquecem de viver, ficam presas no passado a se lamentar... A sofrer. Muitos de nós pedimos: Senhor Tempo vá com calma, não ande muito ligeiro sempre dê uma freada, pois a vida é muito breve não fica estacionada. O VALOR DO TEMPO. Lucia Costa Poetisa
  • 13. JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição É na roda ... É no circulo...mantendo a tradição, Que estamos reunidos fazendo as transformações. Somos todos descendentes da força e luta dos Háussais, Zumbi, Luiza Mahin, Maria Helena Vargas, Auta de Souza, Marielle Franco e tantos outros. Somos aqueles que cantam, que dançam, que escrevem, que declamam..mas que também, brigam, questionam, vão as ruas. Somos todos “Oliveira Silveira” numa busca contínua de maior conscientização. As lutas de nossos antepassados não foram em vão Nós de alguma forma continuamos fazendo as insurreições, na conquista de um ( ayê )mundo mais igualitário Toca tambor... toca Toca no fundo do coração Faz emergir essa força Empodera essa nação Que os Orixás nos acompanhe.... e Oxalá nos ilumine Asé, paz, Axé! SOMOS TODOS GUERREIROS! Isabete Fagundes Almeida Poetisa, escritora isabete.fagundes
  • 14. Filho, LEVANTA. A vida lá fora vai te testar. Se tu sabes tua história. Se sabes te ver no espelho. Se sabes teu lugar. Teu lugar é o mais alto que puderes alcançar. ...mas te dirão que teu lugar é mais abaixo, bem mais abaixo, mais abaixo. Ao ouvir frases que escamoteiam essa intenção, você sentirá como se algo te picasse... nas tuas veias correrá indignação, raiva, tristeza, mas espero de ti principalmente RESISTÊNCIA, filho. Pois, o antídoto para esse veneno virá das nossas reflexões, das nossas bocas e principalmente dos nossos punhos cerrados! Carta ao meu filho, Diogo. Sou Flor de Lótus. Sou Cíntia Colares. Coração da Negra Cíntia Colares Poeta e Jornalista profissional ( Mtb 11082) JORNAL MENTE ATIVA Maio de 2022 - 19º edição Olá, leitor@s! Peço licença aos mais velhos para dar um recado. Nesse mês de maio, não poderia deixar passar incólume a data de 13 de maio: dia da falsa abolição. Bem, o recado é esse: Princesa boazinha coisa nenhuma. Abolição se fez com sangue de muita luta e rebeldia contra o sistema vigente. E ainda se busca até hoje com a verdade da periferia e nao com as mentiras que a história branca racista, contada por manutensores do racismo, tentam nos empurrar goela abaixo. No dia 14 de maio oficializou-se o início do encarceramento em massa da população negra e o racismo estrutural nessa terra de muito suor e trabalho preto. Então vamos de poesia! "VAMOS ESCURECER as coisas, Diogo Colares?