Este documento discute os desafios de uma escola inclusiva em lidar com a diversidade de alunos e como a avaliação pode ser usada para apoiar os percursos escolares de todos os estudantes. O autor argumenta que a avaliação precisa mudar de uma lógica de julgamento para uma de apoio à aprendizagem para que a escola possa ser verdadeiramente inclusiva. Ele também destaca a importância de repensar o currículo e as práticas pedagógicas para atender às necessidades de todos os alunos.
Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva
1. Percursos escolares e avaliação
numa escola inclusiva Jorge Pinto
Jorge Pinto Doutorado em Educação na área de Estudos da Criança, na Universidade
do Minho. Na sua tese aprofundou a compreensão da avaliação como um
Escola Superior de Educação de Setúbal processo socialmente construído no 1º ciclo do Ensino Básico. É professor
coordenador na ESE de Setúbal onde trabalha na formação inicial e
contínua de professores. Coordena o projecto de investigação-acção TEIP:
No início deste século XXI, Portugal, bem como outros países da OCDE, melhorar as aprendizagens; formar para a cidadania. Este projecto procura
assume de forma mais consistente uma perspectiva de escola inclusiva, apoiar agrupamentos de escolas no desenvolvimento de projectos de
isto é, uma escola que garanta ao maior número de alunos possível inovação curricular e pedagógica, focados na organização e apoio ao
condições para estar na escola e para concretizar as suas aprendizagens, percurso dos alunos. Tem colaborado de forma estreita com algumas
de modo a garantir a conclusão dos nove de escolaridade obrigatória. instituições em mestrados na área da avaliação e avaliação de projectos.
Contudo, ao assumir esta perspectiva, a escola debate-se com um Tem desenvolvido trabalho em várias missões nos PALOP. Deste, destaca-
conjunto de “novos” problemas entre os quais a necessidade de lidar com se o trabalho realizado, como perito, para a Lux Development sobre o
públicos com uma grande diversidade escolar, social e cultural. Ora, numa Ensino Secundário Técnico em Cabo Verde. Na investigação os seus
instituição onde a normalização é a regra, tem que se repensar para poder interesses incidem sobretudo nas interacções avaliativas no quotidiano da
oferecer condições que garantam possibilidades de concretização sala de aula. Integra o projecto AREA (Avaliação Reguladora das
adequada dos percursos escolares dos seus alunos. Assim, há que Aprendizagens), financiado pela FCT. É autor de várias publicações e
pensar a escola a vários níveis, desde o organizacional até ao pedagógico, artigos editados em Portugal e no Estrangeiro. Integra, desde 2009, o
sem deixar que este último fique à porta da sala de aula. Parece assim Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua.
necessário olhar de forma muito clara para o currículo em acção e, muito
em particular, para o papel da avaliação nesse contexto. É através desta,
que as diferenças individuais, que todos reconhecem, se transformam em
educação e seus desafios:
desigualdades, gerando a partir daqui percursos escolares orientados
para o sucesso ou para o fracasso, consubstanciado entre nós por esse
“juízo final” que consiste no veredicto da retenção ou progressão. É certo
que se tem feito um esforço, quer em termos de legislação sobre
perspectivas actuais
avaliação, quer em termos de práticas dos professores, no sentido de
procurar encontrar outras lógicas para a avaliação. Contudo, os resultados
estão à vista e o sistema “excepcional” de retenções continua a fazer-se
sentir de forma notória ao longo da escolaridade. Pode simplesmente
dizer-se que os culpados são os alunos, que não estudam, não se
interessam ou não merecem. Mas pode-se também questionar sobre o O Ciclo de Conferências
que se fez para contrariar esta aparente fatalidade. Nesta perspectiva, educação e seus desafios: perspectivas actuais
perceber de que modo a avaliação pode ser um instrumento de ajuda e é organizado pelo programa de
apoio à aprendizagem é uma tarefa inevitável para assegurar uma escola Doutoramento em Educação - Avaliação em Educação
mais inclusiva.
Programa completo e informações em
http://www.edu.desafios.ie.ul.pt
11 de Fevereiro de 2010
18:30 - 20:00
Universidade de Lisboa Universidade de Lisboa
Instituto de Educação Instituto de Educação
Anfiteatro Professor Ferreira Marques