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SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000
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S
HISTÓRIAS INFANTIS E
AQUISIÇÃO DE ESCRITA
egundo o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil – Documento Introdutório, “as
instituições de educação infantil (pré-escolas) cum-
prem hoje, mais do que nunca, um objetivo primordial na
formação de crianças que estejam aptas para viver em uma
sociedade plural, democrática e em constante mudança
(...) Ela deve intervir com intencionalidade educativa de
modo eficiente visando a possibilitar uma aprendizagem
significativa e favorecer um desenvolvimento pleno, de
forma a tornar essas crianças cidadãs numa sociedade de-
mocrática” (MED/SEF, 1998).
Um dos desafios a enfrentar hoje na educação infantil
é o de conseguir adaptar uma prática pedagógica voltada
para atender às necessidades da criança, que, como será
visto, já está vivendo os processos envolvidos na aquisi-
ção da linguagem escrita, em todos os seus aspectos. Es-
pecificamente em relação à alfabetização, o objetivo a ser
alcançado não é mais o de “preparação”, desenvolvimen-
to de prontidões para o ensino fundamental, como se acre-
ditava até então. Atualmente, a alfabetização deixou de
ser encarada como um momento estanque e passou a ser
compreendida como um processo, no qual a pré-escola
(educação infantil) tem papel ativo e constitutivo.
Portanto, torna-se necessário estimular cada vez mais o
interesse da criança para que, embora carregado de significa-
dos, o aprendizado não se perca no curso do tempo. A criança
aprende se desenvolvendo e se desenvolve aprendendo.
Ao relacionar os aspectos envolvidos na aquisição da
escrita com a relevância de oportunidades que a prática
de leitura de histórias infantis pode oferecer, pretende-se
expor algumas sugestões práticas que podem ser desen-
volvidas no ambiente escolar, de forma a atenuar as res-
postas para esse desafio.
APENAS PARA LEMBRAR...
Em uma sociedade que tem somente 6% de crianças
na faixa etária de 0 a 6 anos freqüentando as instituições
de educação infantil, das quais 37% são provenientes de
famílias com renda superior a cinco salários mínimos, a
preocupação com a qualidade do ensino oferecido a es-
sas crianças, em especial na rede pública, poderia pare-
cer secundária, já que não foi possível ainda sequer atin-
gir uma camada significativa da população brasileira que,
a partir da Constituição de 1988, adquiriu direito legal à
educação em creches e pré-escolas.
Felizmente, a publicação nos últimos anos de diversos
estudos vem permitindo que se discuta qual é o papel da
educação infantil no processo de aprendizado da criança,
e também qual seria a melhor maneira de fazer valer esse
papel em nossa sociedade.
Numa cultura ágrafa, essas preocupações não teriam tan-
to sentido, mas nossas crianças, especialmente as oriundas
de classes mais baixas, estão inseridas em uma sociedade
Resumo: Atualmente, um dos grandes desafios enfrentados na área da educação infantil é o de conseguir adaptar
à sala de aula uma prática pedagógica que atenda às necessidades das crianças que já estão “vivendo” o pro-
cesso de aquisição de leitura e escrita.
Discutindo sobre esse processo, e também a respeito da relevância do papel que cumpre a literatura infantil,
tenta-se atenuar as soluções para a questão, levantando algumas sugestões práticas que se baseiam nas corre-
lações encontradas.
Palavras-chave: ensino; aprendizagem; literatura infantil; pedagogia.
VERA LUCIA BLANC SIMÕES
Fonoaudióloga, Mestre em Lingüística pela FFLCH-USP
23
HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA
letrada que, além das desigualdades e injustiças a que as sub-
mete, discrimina quem não é alfabetizado, considerando-o
inferior. Portanto, apropriar-se da linguagem escrita pode ofe-
recer futuramente a essas crianças maiores possibilidades de
inserção social e conquista de autonomia.
Segundo Vygotsky (1991:133), “ensinar a escrita nos
anos pré-escolares impõe necessariamente que a escrita seja
relevante à vida (...) que as letras se tornem elementos da
vida das crianças, da mesma maneira como, por exemplo,
a fala. Da mesma forma que as crianças aprendem a falar,
elas podem muito bem aprender a ler e a escrever”.
O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL
NA FASE INICIAL DA ESCRITA
Contar histórias a uma criança pequena é uma ativida-
de bastante corriqueira, nas mais diversas culturas do
mundo e em várias situações, tanto no âmbito familiar
como no escolar. Como se sabe, essa prática vem se re-
produzindo através dos tempos de maneira quase intuiti-
va. Contudo, alguns estudos já demonstraram o impor-
tante papel que as histórias desempenham nos processos
de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana.
As histórias infantis são utilizadas geralmente pelos
adultos interlocutores (sejam pais, professores ou tera-
peutas) como forma de entretenimento ou distração; já que,
pelo senso comum, freqüentemente a criança sempre de-
monstra um interesse especial por elas, seja qual for a clas-
se social à qual pertença.
Especificamente em se tratando da aquisição da leitu-
ra e da escrita, essas histórias podem oferecer muito mais
do que o universo ficcional que desvelam e a importân-
cia cultural que carregam como transmissoras de valores
sociais.
Existe uma acentuada diferença entre as histórias con-
tadas e as histórias lidas para uma criança, já que a lin-
guagem se reveste de qualidade estética quando escrita, e
essa diferença já pode ser percebida por ela. Britton (apud
Kato, 1997:41) já afirmava que, “ao ouvir histórias, a cri-
ança vai construindo seu conhecimento da linguagem es-
crita, que não se limita ao conhecimento das marcas grá-
ficas a produzir ou a interpretar, mas envolve gênero,
estrutura textual, funções, formas e recursos lingüísticos.
Ouvindo histórias, a criança aprende pela experiência a
satisfação que uma história provoca; aprende a estrutura
da história, passando a ter consideração pela unidade e
seqüência do texto; associações convencionais que diri-
gem as nossas expectativas ao ouvir histórias; o papel
esperado de um lobo, de um leão, de uma raposa, de um
príncipe; delimitadores iniciais e finais (‘era uma vez... e
viveram felizes para sempre’) e estruturas lingüísticas mais
elaboradas, típicas da linguagem literária. Aprende pela
experiência o som de um texto escrito lido em voz alta”.
Essa forma de contato com a linguagem escrita, por
outro lado, também oferece, ainda que subliminarmente,
informações sobre um dos papéis funcionais que ela pode
desempenhar dentro da comunicação.
Do ponto de vista psicológico, podemos refletir sobre
o impacto e a fascinação que as histórias exercem sobre a
criança, de qualquer raça, faixa etária ou inserção social,
tanto normal quanto portadora de algum distúrbio (de ori-
gem física, psíquica ou funcional). As histórias são um
denominador comum a todas as crianças.
Assim, para que uma história realmente prenda a aten-
ção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosida-
de. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular sua ima-
ginação, ajudando-a em seu desenvolvimento intelectual,
propiciando-lhe mais clareza em seu universo afetivo, au-
xiliando-a a reconhecer, mesmo de forma inconsciente,
alguns de seus problemas e oferecendo-lhe perspectivas
de soluções, mesmo provisórias.
Muito mais do que um adulto, a criança vive as
experiências do tempo presente, e possui apenas vagas
noções do futuro, mesmo assim de caráter imediato. Por-
tanto, suas ansiedades frente a eventuais problemas e an-
gústias do cotidiano são supostamente bastante profun-
das, e é justamente no enriquecimento de seus recursos
internos para enfrentá-las que as histórias infantis são um
benefício. “É exatamente a mensagem que os contos de
fada transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta
contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte
intrínseca da existência humana – mas que, se a pessoa
não se intimida mas se defronta de modo firme com as
opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela domi-
nará todos os obstáculos, e ao fim emergirá vitoriosa”
(Bettelheim, 1985). Segundo o autor, que elegeu especi-
almente os contos de fada e suas relações benéficas para
o desenvolvimento psíquico da criança como objeto de
seus estudos, a maioria das histórias tem seu enredo de-
senvolvido baseando-se na equação: estabilidade + proble-
ma + solução = estabilidade, e trabalha assim uma série de
ansiedades da criança. Especialmente os contos de fada que
tratam de assuntos existenciais, como morte de progeni-
tores, perigos, o mal e o bem, etc. Eles colocam dilemas
existenciais de forma simples e categórica, o que possi-
bilita à criança experienciar o problema de forma mais
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000
24
essencial e trabalhar suas angústias com mais nitidez. Ele
ainda coloca que, “aplicando o modelo psicanalítico da
personalidade humana, os contos de fada transmitem impor-
tantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente e
à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando
no momento. Lidando com problemas humanos univer-
sais, particularmente os que preocupam o pensamento da
criança, estas histórias falam ao ego em germinação e
encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tem-
po aliviam as pressões pré-conscientes e inconscientes.
À medida que as histórias se desenrolam, dão validade e
corpo às pressões do id, mostrando caminhos para
satisfazê-las que estão de acordo com as requisições do
ego e do superego” (Bettelheim, 1985).
Tratando também dessa dimensão, segundo Winnicott
(apud Postic, 1993:18), todos nós necessitamos de uma
área de ilusão paralela ao mundo real (ou das trocas so-
ciais). Esse espaço interno é responsável pela transição
entre o consciente e o inconsciente, movimento que ga-
rante o equilíbrio do indivíduo. Por suas atividades diá-
rias, a criança tem contato com o real, com os outros. Ao
mesmo tempo, sua imaginação se desenvolve, pois ela
toma consciência de seus limites, vive conflitos, experi-
menta emoções contraditórias e tem muitas dúvidas que
não consegue esclarecer. Para tentar resolvê-las e domi-
nar suas angústias, impulsionada por sua curiosidade, ela
procura sonhar, imaginar. E, se conseguir canalizar esse
mundo imaginário em ações no mundo real, ela desen-
volve a capacidade de criação. Os desenhos, as narrati-
vas, enfim, são maneiras de agir para dominar as emoções;
as explosões de sonhos e imagens são dirigidas então para
a criação. Portanto, a criança deve conseguir alimentar seu
imaginário e expressá-lo. Desenvolver a função simbólica por
meio de textos, imagens e sons é uma forma de sustentá-lo.
SOBRE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA:
ALGUMAS REFLEXÕES E PROPOSIÇÕES
Muito se tem pesquisado e discutido em diversas áreas
do conhecimento sobre o que acontece durante a aquisi-
ção e o desenvolvimento da linguagem no ser humano.
Os processos envolvidos nesse percurso têm sido obser-
vados de diversos pontos de vista, e as discussões a res-
peito se multiplicam.
Vygotsky, entre outros estudiosos do assunto, buscan-
do compreender a origem e o desenvolvimento dos pro-
cessos psicológicos do indivíduo (abordagem genética),
postula um enfoque sociointeracionista para a questão, no
qual um organismo não se desenvolve plenamente sem o
suporte de outros de sua espécie, o que afirma que todo
conhecimento se constrói socialmente. Durante todo o
percurso do desenvolvimento das funções psicológicas,
culturalmente organizadas, é justamente esse aspecto cul-
tural, social, de interação com o outro, que desperta pro-
cessos internos desse desenvolvimento. É o contato ativo
do indivíduo com o meio, intermediado sempre pelos que
o cercam, que faz com que o conhecimento se construa.
Especialmente em se tratando da linguagem, o indivíduo
tem papel constitutivo e construtivo nesse processo (ele
não é passivo: percebe, assimila, formula hipóteses, ex-
perimenta-as, e em seguida reelabora-as, interagindo com
o meio). O que lhe proporciona, portanto, modos de per-
ceber e organizar o real é justamente o grupo social (a
interação que ele faz com esse grupo). É este que deter-
mina um sistema simbólico-lingüístico permeador desses
modos de representação da realidade. Ainda segundo o
autor, o pensamento e a linguagem estão intimamente
relacionados na medida em que o pensamento surge pe-
las palavras. A significação é a força motriz para essa
relação: não é o conteúdo de uma palavra que se modifi-
ca, mas a maneira pela qual a realidade é generalizada e
refletida nela. E são exatamente essas construções de sig-
nificados que a criança vai desenvolvendo internamente
(como uma linguagem interna, seu modelo de produção
do pensamento) que partem da fala socializada, da fala
dos outros que a cercam.
Foi sobretudo Bakhtin (1992) que, indo mais além,
explicitou teoricamente essa posição dialógica sobre a
natureza da linguagem. Segundo ele, é o diálogo a unida-
de real da língua. Ao observar as situações de diálogo
produzido interativamente, pode-se perceber que a fala é
“polifônica”, que existem numerosas vozes atuando: a voz
interna, a voz do outro, a própria voz...; vozes caracteri-
zadas pelas convergências e divergências presentes no dis-
curso dialógico, que propiciam diversas mudanças de po-
sição que o sujeito pode fazer, apreendendo, assim, várias
facetas da realidade em que vive e representando-a inter-
namente de forma mais completa. Essa construção, por-
tanto, baseia-se no que ele chamou de uma interação socio-
verbal. A linguagem é a expressão e o produto da interação
social de quem fala com quem fala, acrescida do tópico
do discurso.
Para Mayrink-Sabinson (1995), a linguagem seria uma
atividade que constitui não somente o sujeito e a alteridade
que descobre exercer, mas também a si própria: “Dessa
forma, o processo de aquisição da linguagem oral e escri-
25
HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA
ta como parte do mesmo processo geral de constituição
da relação entre o sujeito e a linguagem, estabelecida por
meio da dialogia entre sujeitos que se constituem em ou-
tros, para seus interlocutores, num movimento contínuo,
o qual implica a internalização e tomada da fala do outro
pelo sujeito, ao mesmo tempo que dela se distancia para
torná-la sua própria.”
Especificamente em relação à linguagem escrita, po-
demos pensar, portanto, que a criança, mesmo antes de
ler e escrever as primeiras letras, já participa ativamente
dos processos envolvidos nessa aquisição. Ela percebe,
analisa, formula suas hipóteses sobre a leitura e a escrita
a que está exposta em seu cotidiano. Seria, então, até ina-
dequado imaginar que uma criança em idade pré-escolar
não tenha competência e condições de apreender as di-
versas características da comunicação gráfica. Segundo
Contini (1988), uma criança exposta a um ambiente pro-
pício, ou seja, material escrito e pessoas que o manusei-
em, incluindo a própria criança, já estaria apreendendo
seus usos e funções como forma de comunicação antes
mesmo dos dois anos de idade.
Foram os estudos sobre o que seria a psicogênese da
linguagem escrita de Ferreiro e Teberosky (1985) que lan-
çaram uma nova luz sobre as tentativas de descrever as
etapas pelas quais a criança passa durante o processo da
aquisição. Segundo as autoras, a criança, durante o perí-
odo de contato com os sinais gráficos, vai evoluindo
gradativamente. Essa evolução foi caracterizada em qua-
tro grandes níveis: pré-silábico, silábico, silábico-alfabé-
tico e alfabético.
No nível pré-silábico, observaram a presença de produ-
ções gráficas em que não existe correspondência entre a
grafia e o som. A criança nessa fase não demonstra preo-
cupação em diferenciar critérios para suas produções, que
se constróem a partir de traços idênticos, garatujas ou
grafismos primitivos. Não se percebe tampouco controle
da quantidade de letras utilizadas para representar o que se
quer escrever. Portanto, a criança não se utiliza de uma
palavra escrita para simbolizar graficamente um objeto.
Também é nessa fase que se observam as ocorrências
do realismo nominal, quando conforme Carraher (1986)
e Rego (1990), por exemplo, a criança usa muitas letras
para simbolizar objetos grandes e poucas para pequenos,
demonstrando assim sua hipótese na qual a representa-
ção gráfica de um objeto está diretamente relacionada a
um de seus atributos.
Já o nível silábico se delimita quando a criança perce-
be que é possível representar graficamente a linguagem
oral. Ela faz então várias tentativas para estabelecer uma
relação entre a produção oral e a produção gráfica, entre
o som e a grafia. E começa, com essas tentativas, a rela-
cionar o que escreve com as sílabas das palavras faladas
que deseja representar. Entretanto, com seu conhecimen-
to prévio sobre o material escrito, utiliza-se de letras que
podem não representar os respectivos sons. Ela percebe
nessa fase que pode escrever tudo o que deseja, mesmo
que aquilo que expressa graficamente não possa ser deci-
frado por outras pessoas. Também nessa fase, pode acei-
tar relutante o fato de escrever palavras menores com
poucas letras ou ainda pode se usar, ao escrever uma fra-
se, uma letra somente para uma palavra inteira.
A criança passa, então, a conviver com esses dois ti-
pos de correspondência entre a grafia e o som, adentrando
assim no nível silábico-alfabético. E começa também a
experienciar um conflito, já que é capaz agora de perce-
ber que existe uma representação gráfica correspondente
a cada som (percebe a relação entre grafema e fonema).
Ela vai reformulando sua hipótese anterior, silábica, que
lhe parece insuficiente, e vai alternando sua produção entre
essa e a alfabética propriamente dita.
Com suas tentativas e reformulações, ela evolui para o
nível alfabético, que se estabelece mais firmemente so-
bre sua percepção da relação entre a grafia e o som. Ela
já consegue aceitar que a sílaba é composta de letras que
devem ser representadas distintamente, e se torna capaz
de perceber outras características da comunicação gráfi-
ca, tais como as diferenças entre letras, sílabas, palavras
e frases, ainda que ela falhe nessas representações.
Vale a pena ressaltar que, em seus estudos, Ferreiro e
Teberosky (1985) encontraram crianças que mostram uma
seqüência de três níveis evolutivos; em outras, uma se-
qüência apenas de dois níveis – por exemplo, do pré-silá-
bico ao silábico, ou do pré-silábico ao silábico alfabéti-
co, saltando um nível; ou ainda, em menor número,
crianças que passam diretamente do nível pré-silábico ao
alfabético.
Para Mayrink-Sabinson (1995), o trabalho desenvol-
vido por Ferreiro e colaboradores é centrado em um su-
jeito considerado idealizado e universal, e descreve as
transformações efetuadas por ele. O sujeito age sobre as
informações que recebe do ambiente e produz a própria
linguagem por meio de esquemas assimilados previamente
construídos, deixando de lado uma explicitação teórica
sobre o contexto, com o qual os indivíduos agem continua-
mente e tem papel mediador e, portanto, constitutivo, em
todo o processo da aquisição da linguagem escrita. A au-
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000
26
tora desenvolveu um estudo calcado em pesquisas sobre
as relações entre mãe e criança pré-escolar durante o pro-
cesso de aquisição, no qual enfoca o papel do interlocutor
adulto letrado em suas interpretações das produções grá-
ficas do sujeito.
Essas interpretações é que atribuem um significado para
as produções da criança – suas representações gráficas
(das garatujas às seqüências de letras) –, e assim o adulto
passa também por transformações como interlocutor em
seus modos de ação. A partir de então, sua fala sobre as
produções apresentadas pela criança também é retoma-
da, modificada, enriquecida e transformada por ela e o
inverso também ocorre, modificando assim a escrita da
criança. O adulto passa a admitir em suas conclusões que
se forma nesse contexto uma verdadeira situação dialógica
durante o processo de aquisição da escrita, já que o
interlocutor e o sujeito vão progredindo e se transformando
reciprocamente.
Assim, podemos dizer que a leitura e a escrita já não
podem ser encaradas meramente como atos de codificação
e decodificação, de identificação de palavras, ou até mes-
mo simplesmente como um processo envolvido com os
movimentos oculares e maturação neurofisiológica. Elas
envolvem uma gama de outros processos que propiciam
a aquisição desse “novo” código pela criança, mas que
está inserida num contexto mais amplo de aquisições de
linguagem que perdura até a fase adulta. E é nesse senti-
do que aprender a ler e a escrever implica a constante
construção de significado dessas atividades.
SUGESTÕES
Alguns estudos, como já evidenciado anteriormente,
constataram o sucesso alcançado no processo de alfabeti-
zação por crianças que, no ambiente familiar, tiveram um
contato substancial com a literatura infantil. Essas situa-
ções oferecidas a elas são rodeadas de um clima rico em
afetividade e segurança, que propicia interação com seus
interlocutores adultos de forma bastante natural, com a
atenção individualizada que podem receber.
Portanto, o prazer e o conforto que a criança sente em
sua casa deve sempre estar presente nas atividades na esco-
la. É importante que a criança esteja certa de que pode fazer
perguntas e interferir nesses trabalhos, para que se sinta en-
corajada a exteriorizar seus pensamentos e emoções. Assim,
a linguagem escrita adquire um caráter de maior proximida-
de, e os momentos de interação com o educador (interlocutor
letrado) e com as outras crianças é garantido. A leitura de
histórias deve deixar de ser meramente uma distração para
evitar a dispersão do grupo. É um momento rico que deve
ser explorado ao máximo por todos.
É evidente que, em sala de aula, muitas vezes existe o
fator agravante do grande número de crianças por pro-
fessor. Quanto ao espaço físico, o ambiente deve ser pre-
viamente preparado: o mais adequado seria que o educa-
dor procurasse encontrar a posição mais natural possível
para que todas as crianças estivessem unidas, se sentis-
sem estimuladas para esse momento, estivessem tranqüi-
las e tivessem acesso visual ao livro que está sendo lido –
colocando o livro no chão com as crianças em volta dele,
ou segurando-o de forma expositiva, de frente para elas,
e, se necessário, apontando para as figuras e para o texto.
Reiteramos que é muito importante que o educador fi-
que atento para garantir que todas as crianças (até aque-
las mais tímidas, que têm vergonha de reclamar) possam
visualizar o livro. As imagens, nessa faixa etária, exer-
cem maior fascínio sobre elas, e na prática podemos no-
tar a ansiedade que experimentam quando não enxergam
o que está sendo lido.
Apesar de ser importante que as histórias sejam
vivenciadas pelas crianças, especialmente as mais novas,
de diversas maneiras (contar histórias sem ler, representá-
las em dramatizações, assisti-las em filmes e projeções,
etc.), nos momentos de leitura, o educador deve sempre
procurar ser literal e dar certo caráter interpretativo a sua
leitura, usando variações de entonação (inclusive para ca-
racterizar a prosódia), de forma clara e agradável. Redu-
zir ou modificar o texto escrito, transformando-o em lin-
guagem coloquial, priva a criança de experimentar e
perceber auditivamente as características que a linguagem
escrita carrega (que diferem da linguagem oral). Mesmo
que o vocabulário lhes seja desconhecido, encontra-se aí
uma boa oportunidade de enriquecê-lo, a partir, sobretu-
do, das perguntas que elas podem e devem sempre poder
elaborar. Não só as perguntas são importantes, mas o co-
nhecimento de mundo que compartilham tem de ser au-
mentado. O educador deve procurar agir como elemento
incentivador do interesse das crianças pelo enredo, com-
portando-se não somente como leitor (mediador) das his-
tórias mas, também, demonstrando entusiasmo e curiosi-
dade, como mais um ouvinte – participante no mundo do
imaginário. Essa postura deve ser reforçada particularmen-
te quando escutar as posteriores “leituras” que as crianças
fazem das histórias lidas.
Outro critério importante à preparação dessa ativida-
de: o da escolha do livro a ser trabalhado. Como o objeti-
27
HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA
vo é o de oferecer, pela leitura de histórias, um contato
significativo das crianças com a linguagem escrita, ao
selecionar materiais, o educador deve ter sua atenção
voltada para a qualidade da criação, a estruturação da
narrativa e suas adequações à língua materna, procuran-
do não perder de vista o interesse manifestado pelas crian-
ças. Dessa maneira, é aconselhável que essas atividades
se iniciem por leituras de textos mais curtos (com o cui-
dado de não serem simplistas a ponto de perderem a es-
trutura narrativa e se limitarem a frases, figuras e pala-
vras soltas), que podem e devem, com o decorrer do tempo,
se tornar mais complexos. O educador também deve ter
em mente, ao realizar sua seleção, outros aspectos, além
da aquisição de linguagem, envolvidos no processo de de-
senvolvimento: o cognitivo, o afetivo-emocional. Selecio-
nar esses textos envolve, antes de tudo, bom senso e cui-
dado especial para adequá-los, inclusive, a situações
vividas pelas crianças em determinadas épocas, poden-
do-se utilizar histórias que estejam de acordo com as ex-
periências que elas trazem para a escola (por exemplo,
ler uma história de viagens, como Família Robinson, de-
pois das férias escolares).
Outra questão a ser tratada diz respeito à freqüência
dessas atividades. A leitura de histórias tem maior eficá-
cia conforme sua recorrência aumenta. Crianças nessa fai-
xa etária costumam até mesmo solicitar a repetição da lei-
tura. A proposta é que ela se incorpore à rotina diária na
escola, o que não necessariamente implica textos sempre
diferentes; “... As crianças que escutam leituras desen-
volvem naturalmente um interesse em aprender determi-
nadas histórias e em reproduzi-las oralmente como se es-
tivessem lendo (...) O grupo termina por estabelecer o seu
repertório de histórias favoritas, aquelas com as quais as
crianças mais se identificam e cujas leituras costumam
imitar” (Rego, 1990).
O desdobramento da leitura de histórias em outras ati-
vidades relacionadas é fundamental na perpetuação do
significado para a criança.
O educador poderia solicitar, por exemplo, que a crian-
ça reproduza oralmente as narrativas lidas por ele. Nesse
sentido, seria interessante também estimular que a crian-
ça “leia” as histórias (leitura de “faz-de-conta”) para seus
colegas. Essas atividades de retomada das histórias po-
dem ir se desdobrando, por sua vez, em outras, como de-
senhos, dramatizações, etc.
Salientamos aqui que o registro dessas atividades de-
correntes da leitura pode ser feito de várias formas, sem-
pre com a participação das crianças, seja por escrito (o
que também lhes oferece outra informação sobre os pos-
síveis usos da escrita) ou por gravações em áudio e/ou
vídeo.
“... A criação não surge do nada. Eis por que defende-
mos a necessidade da leitura por parte da professora e o
incentivo à reprodução de histórias pelas crianças como
um ponto de partida importante para o surgimento de uma
segunda etapa deste processo: o momento da criação. Nada
impede, porém, que esse momento seja estimulado, pro-
pondo-se às crianças que criem seus próprios livros e pro-
duzam textos, mesmo que ainda não estejam alfabetiza-
das (...) O arquivo dessas produções permitirá também
acompanhar o desenvolvimento dos esquemas narrativos
das crianças e a incorporação do estilo escrito às suas pro-
duções orais” (Rego, 1990). A autora salienta ainda que
a criança, em princípio, demonstra em suas reproduções
orais muito da fala coloquial, e que é necessário certo tem-
po para que se observem as características da linguagem
escrita em seus discursos. A criança atravessa um perío-
do de “hibernação” para que a capacidade de criação de
narrativas para textos escritos se desenvolva, refletindo
assim os processos construtivos da linguagem.
Para o desenvolvimento de atividades que propiciem
à criança incentivo à escrita, um estudo sobre a similari-
dade dos sons entre as palavras, estimulando-a em sua per-
cepção e discriminação auditiva, e que, no decorrer do
tempo, se transforme em associação com a escrita, já pode
ser iniciado na pré-escola (educação infantil), o que, evi-
taria a cisão no processo de alfabetização, em que a fase
pré-escolar é considerada apenas preparatória à alfabeti-
zação formal do ensino fundamental. Um bom exemplo a
ser citado seria leituras e jogos com rimas (parlendas,
poemas, etc.), nos quais a criança “experimenta” auditi-
vamente as semelhanças sonoras, e, em outro momento,
representa graficamente essas palavras, ao fazer a rela-
ção entre fonemas e grafemas.
CONCLUSÃO
Não há necessidade de esperar pela alfabetização for-
mal para que as crianças se envolvam com a leitura de
histórias infantis e a produção de textos. Entretanto, para
que elas se tornem efetivamente leitoras e autoras dos pró-
prios textos, faz-se necessário que, em algum momento
do processo de alfabetização, tenham não somente adqui-
rido conhecimentos específicos do código alfabético, mas
também (e sobretudo) dos aspectos lingüístico-discursivos
em que ele se insere.
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000
28
Afinal, parafraseando Smolka (1993): “Não se ‘ensi-
na’ ou não se ‘aprende’ simplesmente a ler e a escrever.
Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de in-
teração, uma atividade, um trabalho simbólico.”
NOTA
E-mail da autora: blanc.simoes@uol.com.br
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. E.G.G. Pereira. São Paulo,
Martins Fontes, 1992.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fada. Trad. Arlene Caetano. Rio
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Histórias infantis e aquisição da escrita

  • 1. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000 22 S HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA egundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – Documento Introdutório, “as instituições de educação infantil (pré-escolas) cum- prem hoje, mais do que nunca, um objetivo primordial na formação de crianças que estejam aptas para viver em uma sociedade plural, democrática e em constante mudança (...) Ela deve intervir com intencionalidade educativa de modo eficiente visando a possibilitar uma aprendizagem significativa e favorecer um desenvolvimento pleno, de forma a tornar essas crianças cidadãs numa sociedade de- mocrática” (MED/SEF, 1998). Um dos desafios a enfrentar hoje na educação infantil é o de conseguir adaptar uma prática pedagógica voltada para atender às necessidades da criança, que, como será visto, já está vivendo os processos envolvidos na aquisi- ção da linguagem escrita, em todos os seus aspectos. Es- pecificamente em relação à alfabetização, o objetivo a ser alcançado não é mais o de “preparação”, desenvolvimen- to de prontidões para o ensino fundamental, como se acre- ditava até então. Atualmente, a alfabetização deixou de ser encarada como um momento estanque e passou a ser compreendida como um processo, no qual a pré-escola (educação infantil) tem papel ativo e constitutivo. Portanto, torna-se necessário estimular cada vez mais o interesse da criança para que, embora carregado de significa- dos, o aprendizado não se perca no curso do tempo. A criança aprende se desenvolvendo e se desenvolve aprendendo. Ao relacionar os aspectos envolvidos na aquisição da escrita com a relevância de oportunidades que a prática de leitura de histórias infantis pode oferecer, pretende-se expor algumas sugestões práticas que podem ser desen- volvidas no ambiente escolar, de forma a atenuar as res- postas para esse desafio. APENAS PARA LEMBRAR... Em uma sociedade que tem somente 6% de crianças na faixa etária de 0 a 6 anos freqüentando as instituições de educação infantil, das quais 37% são provenientes de famílias com renda superior a cinco salários mínimos, a preocupação com a qualidade do ensino oferecido a es- sas crianças, em especial na rede pública, poderia pare- cer secundária, já que não foi possível ainda sequer atin- gir uma camada significativa da população brasileira que, a partir da Constituição de 1988, adquiriu direito legal à educação em creches e pré-escolas. Felizmente, a publicação nos últimos anos de diversos estudos vem permitindo que se discuta qual é o papel da educação infantil no processo de aprendizado da criança, e também qual seria a melhor maneira de fazer valer esse papel em nossa sociedade. Numa cultura ágrafa, essas preocupações não teriam tan- to sentido, mas nossas crianças, especialmente as oriundas de classes mais baixas, estão inseridas em uma sociedade Resumo: Atualmente, um dos grandes desafios enfrentados na área da educação infantil é o de conseguir adaptar à sala de aula uma prática pedagógica que atenda às necessidades das crianças que já estão “vivendo” o pro- cesso de aquisição de leitura e escrita. Discutindo sobre esse processo, e também a respeito da relevância do papel que cumpre a literatura infantil, tenta-se atenuar as soluções para a questão, levantando algumas sugestões práticas que se baseiam nas corre- lações encontradas. Palavras-chave: ensino; aprendizagem; literatura infantil; pedagogia. VERA LUCIA BLANC SIMÕES Fonoaudióloga, Mestre em Lingüística pela FFLCH-USP
  • 2. 23 HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA letrada que, além das desigualdades e injustiças a que as sub- mete, discrimina quem não é alfabetizado, considerando-o inferior. Portanto, apropriar-se da linguagem escrita pode ofe- recer futuramente a essas crianças maiores possibilidades de inserção social e conquista de autonomia. Segundo Vygotsky (1991:133), “ensinar a escrita nos anos pré-escolares impõe necessariamente que a escrita seja relevante à vida (...) que as letras se tornem elementos da vida das crianças, da mesma maneira como, por exemplo, a fala. Da mesma forma que as crianças aprendem a falar, elas podem muito bem aprender a ler e a escrever”. O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL NA FASE INICIAL DA ESCRITA Contar histórias a uma criança pequena é uma ativida- de bastante corriqueira, nas mais diversas culturas do mundo e em várias situações, tanto no âmbito familiar como no escolar. Como se sabe, essa prática vem se re- produzindo através dos tempos de maneira quase intuiti- va. Contudo, alguns estudos já demonstraram o impor- tante papel que as histórias desempenham nos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana. As histórias infantis são utilizadas geralmente pelos adultos interlocutores (sejam pais, professores ou tera- peutas) como forma de entretenimento ou distração; já que, pelo senso comum, freqüentemente a criança sempre de- monstra um interesse especial por elas, seja qual for a clas- se social à qual pertença. Especificamente em se tratando da aquisição da leitu- ra e da escrita, essas histórias podem oferecer muito mais do que o universo ficcional que desvelam e a importân- cia cultural que carregam como transmissoras de valores sociais. Existe uma acentuada diferença entre as histórias con- tadas e as histórias lidas para uma criança, já que a lin- guagem se reveste de qualidade estética quando escrita, e essa diferença já pode ser percebida por ela. Britton (apud Kato, 1997:41) já afirmava que, “ao ouvir histórias, a cri- ança vai construindo seu conhecimento da linguagem es- crita, que não se limita ao conhecimento das marcas grá- ficas a produzir ou a interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos lingüísticos. Ouvindo histórias, a criança aprende pela experiência a satisfação que uma história provoca; aprende a estrutura da história, passando a ter consideração pela unidade e seqüência do texto; associações convencionais que diri- gem as nossas expectativas ao ouvir histórias; o papel esperado de um lobo, de um leão, de uma raposa, de um príncipe; delimitadores iniciais e finais (‘era uma vez... e viveram felizes para sempre’) e estruturas lingüísticas mais elaboradas, típicas da linguagem literária. Aprende pela experiência o som de um texto escrito lido em voz alta”. Essa forma de contato com a linguagem escrita, por outro lado, também oferece, ainda que subliminarmente, informações sobre um dos papéis funcionais que ela pode desempenhar dentro da comunicação. Do ponto de vista psicológico, podemos refletir sobre o impacto e a fascinação que as histórias exercem sobre a criança, de qualquer raça, faixa etária ou inserção social, tanto normal quanto portadora de algum distúrbio (de ori- gem física, psíquica ou funcional). As histórias são um denominador comum a todas as crianças. Assim, para que uma história realmente prenda a aten- ção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosida- de. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular sua ima- ginação, ajudando-a em seu desenvolvimento intelectual, propiciando-lhe mais clareza em seu universo afetivo, au- xiliando-a a reconhecer, mesmo de forma inconsciente, alguns de seus problemas e oferecendo-lhe perspectivas de soluções, mesmo provisórias. Muito mais do que um adulto, a criança vive as experiências do tempo presente, e possui apenas vagas noções do futuro, mesmo assim de caráter imediato. Por- tanto, suas ansiedades frente a eventuais problemas e an- gústias do cotidiano são supostamente bastante profun- das, e é justamente no enriquecimento de seus recursos internos para enfrentá-las que as histórias infantis são um benefício. “É exatamente a mensagem que os contos de fada transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana – mas que, se a pessoa não se intimida mas se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela domi- nará todos os obstáculos, e ao fim emergirá vitoriosa” (Bettelheim, 1985). Segundo o autor, que elegeu especi- almente os contos de fada e suas relações benéficas para o desenvolvimento psíquico da criança como objeto de seus estudos, a maioria das histórias tem seu enredo de- senvolvido baseando-se na equação: estabilidade + proble- ma + solução = estabilidade, e trabalha assim uma série de ansiedades da criança. Especialmente os contos de fada que tratam de assuntos existenciais, como morte de progeni- tores, perigos, o mal e o bem, etc. Eles colocam dilemas existenciais de forma simples e categórica, o que possi- bilita à criança experienciar o problema de forma mais
  • 3. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000 24 essencial e trabalhar suas angústias com mais nitidez. Ele ainda coloca que, “aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de fada transmitem impor- tantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente e à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento. Lidando com problemas humanos univer- sais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas histórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tem- po aliviam as pressões pré-conscientes e inconscientes. À medida que as histórias se desenrolam, dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las que estão de acordo com as requisições do ego e do superego” (Bettelheim, 1985). Tratando também dessa dimensão, segundo Winnicott (apud Postic, 1993:18), todos nós necessitamos de uma área de ilusão paralela ao mundo real (ou das trocas so- ciais). Esse espaço interno é responsável pela transição entre o consciente e o inconsciente, movimento que ga- rante o equilíbrio do indivíduo. Por suas atividades diá- rias, a criança tem contato com o real, com os outros. Ao mesmo tempo, sua imaginação se desenvolve, pois ela toma consciência de seus limites, vive conflitos, experi- menta emoções contraditórias e tem muitas dúvidas que não consegue esclarecer. Para tentar resolvê-las e domi- nar suas angústias, impulsionada por sua curiosidade, ela procura sonhar, imaginar. E, se conseguir canalizar esse mundo imaginário em ações no mundo real, ela desen- volve a capacidade de criação. Os desenhos, as narrati- vas, enfim, são maneiras de agir para dominar as emoções; as explosões de sonhos e imagens são dirigidas então para a criação. Portanto, a criança deve conseguir alimentar seu imaginário e expressá-lo. Desenvolver a função simbólica por meio de textos, imagens e sons é uma forma de sustentá-lo. SOBRE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA: ALGUMAS REFLEXÕES E PROPOSIÇÕES Muito se tem pesquisado e discutido em diversas áreas do conhecimento sobre o que acontece durante a aquisi- ção e o desenvolvimento da linguagem no ser humano. Os processos envolvidos nesse percurso têm sido obser- vados de diversos pontos de vista, e as discussões a res- peito se multiplicam. Vygotsky, entre outros estudiosos do assunto, buscan- do compreender a origem e o desenvolvimento dos pro- cessos psicológicos do indivíduo (abordagem genética), postula um enfoque sociointeracionista para a questão, no qual um organismo não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros de sua espécie, o que afirma que todo conhecimento se constrói socialmente. Durante todo o percurso do desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas, é justamente esse aspecto cul- tural, social, de interação com o outro, que desperta pro- cessos internos desse desenvolvimento. É o contato ativo do indivíduo com o meio, intermediado sempre pelos que o cercam, que faz com que o conhecimento se construa. Especialmente em se tratando da linguagem, o indivíduo tem papel constitutivo e construtivo nesse processo (ele não é passivo: percebe, assimila, formula hipóteses, ex- perimenta-as, e em seguida reelabora-as, interagindo com o meio). O que lhe proporciona, portanto, modos de per- ceber e organizar o real é justamente o grupo social (a interação que ele faz com esse grupo). É este que deter- mina um sistema simbólico-lingüístico permeador desses modos de representação da realidade. Ainda segundo o autor, o pensamento e a linguagem estão intimamente relacionados na medida em que o pensamento surge pe- las palavras. A significação é a força motriz para essa relação: não é o conteúdo de uma palavra que se modifi- ca, mas a maneira pela qual a realidade é generalizada e refletida nela. E são exatamente essas construções de sig- nificados que a criança vai desenvolvendo internamente (como uma linguagem interna, seu modelo de produção do pensamento) que partem da fala socializada, da fala dos outros que a cercam. Foi sobretudo Bakhtin (1992) que, indo mais além, explicitou teoricamente essa posição dialógica sobre a natureza da linguagem. Segundo ele, é o diálogo a unida- de real da língua. Ao observar as situações de diálogo produzido interativamente, pode-se perceber que a fala é “polifônica”, que existem numerosas vozes atuando: a voz interna, a voz do outro, a própria voz...; vozes caracteri- zadas pelas convergências e divergências presentes no dis- curso dialógico, que propiciam diversas mudanças de po- sição que o sujeito pode fazer, apreendendo, assim, várias facetas da realidade em que vive e representando-a inter- namente de forma mais completa. Essa construção, por- tanto, baseia-se no que ele chamou de uma interação socio- verbal. A linguagem é a expressão e o produto da interação social de quem fala com quem fala, acrescida do tópico do discurso. Para Mayrink-Sabinson (1995), a linguagem seria uma atividade que constitui não somente o sujeito e a alteridade que descobre exercer, mas também a si própria: “Dessa forma, o processo de aquisição da linguagem oral e escri-
  • 4. 25 HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA ta como parte do mesmo processo geral de constituição da relação entre o sujeito e a linguagem, estabelecida por meio da dialogia entre sujeitos que se constituem em ou- tros, para seus interlocutores, num movimento contínuo, o qual implica a internalização e tomada da fala do outro pelo sujeito, ao mesmo tempo que dela se distancia para torná-la sua própria.” Especificamente em relação à linguagem escrita, po- demos pensar, portanto, que a criança, mesmo antes de ler e escrever as primeiras letras, já participa ativamente dos processos envolvidos nessa aquisição. Ela percebe, analisa, formula suas hipóteses sobre a leitura e a escrita a que está exposta em seu cotidiano. Seria, então, até ina- dequado imaginar que uma criança em idade pré-escolar não tenha competência e condições de apreender as di- versas características da comunicação gráfica. Segundo Contini (1988), uma criança exposta a um ambiente pro- pício, ou seja, material escrito e pessoas que o manusei- em, incluindo a própria criança, já estaria apreendendo seus usos e funções como forma de comunicação antes mesmo dos dois anos de idade. Foram os estudos sobre o que seria a psicogênese da linguagem escrita de Ferreiro e Teberosky (1985) que lan- çaram uma nova luz sobre as tentativas de descrever as etapas pelas quais a criança passa durante o processo da aquisição. Segundo as autoras, a criança, durante o perí- odo de contato com os sinais gráficos, vai evoluindo gradativamente. Essa evolução foi caracterizada em qua- tro grandes níveis: pré-silábico, silábico, silábico-alfabé- tico e alfabético. No nível pré-silábico, observaram a presença de produ- ções gráficas em que não existe correspondência entre a grafia e o som. A criança nessa fase não demonstra preo- cupação em diferenciar critérios para suas produções, que se constróem a partir de traços idênticos, garatujas ou grafismos primitivos. Não se percebe tampouco controle da quantidade de letras utilizadas para representar o que se quer escrever. Portanto, a criança não se utiliza de uma palavra escrita para simbolizar graficamente um objeto. Também é nessa fase que se observam as ocorrências do realismo nominal, quando conforme Carraher (1986) e Rego (1990), por exemplo, a criança usa muitas letras para simbolizar objetos grandes e poucas para pequenos, demonstrando assim sua hipótese na qual a representa- ção gráfica de um objeto está diretamente relacionada a um de seus atributos. Já o nível silábico se delimita quando a criança perce- be que é possível representar graficamente a linguagem oral. Ela faz então várias tentativas para estabelecer uma relação entre a produção oral e a produção gráfica, entre o som e a grafia. E começa, com essas tentativas, a rela- cionar o que escreve com as sílabas das palavras faladas que deseja representar. Entretanto, com seu conhecimen- to prévio sobre o material escrito, utiliza-se de letras que podem não representar os respectivos sons. Ela percebe nessa fase que pode escrever tudo o que deseja, mesmo que aquilo que expressa graficamente não possa ser deci- frado por outras pessoas. Também nessa fase, pode acei- tar relutante o fato de escrever palavras menores com poucas letras ou ainda pode se usar, ao escrever uma fra- se, uma letra somente para uma palavra inteira. A criança passa, então, a conviver com esses dois ti- pos de correspondência entre a grafia e o som, adentrando assim no nível silábico-alfabético. E começa também a experienciar um conflito, já que é capaz agora de perce- ber que existe uma representação gráfica correspondente a cada som (percebe a relação entre grafema e fonema). Ela vai reformulando sua hipótese anterior, silábica, que lhe parece insuficiente, e vai alternando sua produção entre essa e a alfabética propriamente dita. Com suas tentativas e reformulações, ela evolui para o nível alfabético, que se estabelece mais firmemente so- bre sua percepção da relação entre a grafia e o som. Ela já consegue aceitar que a sílaba é composta de letras que devem ser representadas distintamente, e se torna capaz de perceber outras características da comunicação gráfi- ca, tais como as diferenças entre letras, sílabas, palavras e frases, ainda que ela falhe nessas representações. Vale a pena ressaltar que, em seus estudos, Ferreiro e Teberosky (1985) encontraram crianças que mostram uma seqüência de três níveis evolutivos; em outras, uma se- qüência apenas de dois níveis – por exemplo, do pré-silá- bico ao silábico, ou do pré-silábico ao silábico alfabéti- co, saltando um nível; ou ainda, em menor número, crianças que passam diretamente do nível pré-silábico ao alfabético. Para Mayrink-Sabinson (1995), o trabalho desenvol- vido por Ferreiro e colaboradores é centrado em um su- jeito considerado idealizado e universal, e descreve as transformações efetuadas por ele. O sujeito age sobre as informações que recebe do ambiente e produz a própria linguagem por meio de esquemas assimilados previamente construídos, deixando de lado uma explicitação teórica sobre o contexto, com o qual os indivíduos agem continua- mente e tem papel mediador e, portanto, constitutivo, em todo o processo da aquisição da linguagem escrita. A au-
  • 5. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000 26 tora desenvolveu um estudo calcado em pesquisas sobre as relações entre mãe e criança pré-escolar durante o pro- cesso de aquisição, no qual enfoca o papel do interlocutor adulto letrado em suas interpretações das produções grá- ficas do sujeito. Essas interpretações é que atribuem um significado para as produções da criança – suas representações gráficas (das garatujas às seqüências de letras) –, e assim o adulto passa também por transformações como interlocutor em seus modos de ação. A partir de então, sua fala sobre as produções apresentadas pela criança também é retoma- da, modificada, enriquecida e transformada por ela e o inverso também ocorre, modificando assim a escrita da criança. O adulto passa a admitir em suas conclusões que se forma nesse contexto uma verdadeira situação dialógica durante o processo de aquisição da escrita, já que o interlocutor e o sujeito vão progredindo e se transformando reciprocamente. Assim, podemos dizer que a leitura e a escrita já não podem ser encaradas meramente como atos de codificação e decodificação, de identificação de palavras, ou até mes- mo simplesmente como um processo envolvido com os movimentos oculares e maturação neurofisiológica. Elas envolvem uma gama de outros processos que propiciam a aquisição desse “novo” código pela criança, mas que está inserida num contexto mais amplo de aquisições de linguagem que perdura até a fase adulta. E é nesse senti- do que aprender a ler e a escrever implica a constante construção de significado dessas atividades. SUGESTÕES Alguns estudos, como já evidenciado anteriormente, constataram o sucesso alcançado no processo de alfabeti- zação por crianças que, no ambiente familiar, tiveram um contato substancial com a literatura infantil. Essas situa- ções oferecidas a elas são rodeadas de um clima rico em afetividade e segurança, que propicia interação com seus interlocutores adultos de forma bastante natural, com a atenção individualizada que podem receber. Portanto, o prazer e o conforto que a criança sente em sua casa deve sempre estar presente nas atividades na esco- la. É importante que a criança esteja certa de que pode fazer perguntas e interferir nesses trabalhos, para que se sinta en- corajada a exteriorizar seus pensamentos e emoções. Assim, a linguagem escrita adquire um caráter de maior proximida- de, e os momentos de interação com o educador (interlocutor letrado) e com as outras crianças é garantido. A leitura de histórias deve deixar de ser meramente uma distração para evitar a dispersão do grupo. É um momento rico que deve ser explorado ao máximo por todos. É evidente que, em sala de aula, muitas vezes existe o fator agravante do grande número de crianças por pro- fessor. Quanto ao espaço físico, o ambiente deve ser pre- viamente preparado: o mais adequado seria que o educa- dor procurasse encontrar a posição mais natural possível para que todas as crianças estivessem unidas, se sentis- sem estimuladas para esse momento, estivessem tranqüi- las e tivessem acesso visual ao livro que está sendo lido – colocando o livro no chão com as crianças em volta dele, ou segurando-o de forma expositiva, de frente para elas, e, se necessário, apontando para as figuras e para o texto. Reiteramos que é muito importante que o educador fi- que atento para garantir que todas as crianças (até aque- las mais tímidas, que têm vergonha de reclamar) possam visualizar o livro. As imagens, nessa faixa etária, exer- cem maior fascínio sobre elas, e na prática podemos no- tar a ansiedade que experimentam quando não enxergam o que está sendo lido. Apesar de ser importante que as histórias sejam vivenciadas pelas crianças, especialmente as mais novas, de diversas maneiras (contar histórias sem ler, representá- las em dramatizações, assisti-las em filmes e projeções, etc.), nos momentos de leitura, o educador deve sempre procurar ser literal e dar certo caráter interpretativo a sua leitura, usando variações de entonação (inclusive para ca- racterizar a prosódia), de forma clara e agradável. Redu- zir ou modificar o texto escrito, transformando-o em lin- guagem coloquial, priva a criança de experimentar e perceber auditivamente as características que a linguagem escrita carrega (que diferem da linguagem oral). Mesmo que o vocabulário lhes seja desconhecido, encontra-se aí uma boa oportunidade de enriquecê-lo, a partir, sobretu- do, das perguntas que elas podem e devem sempre poder elaborar. Não só as perguntas são importantes, mas o co- nhecimento de mundo que compartilham tem de ser au- mentado. O educador deve procurar agir como elemento incentivador do interesse das crianças pelo enredo, com- portando-se não somente como leitor (mediador) das his- tórias mas, também, demonstrando entusiasmo e curiosi- dade, como mais um ouvinte – participante no mundo do imaginário. Essa postura deve ser reforçada particularmen- te quando escutar as posteriores “leituras” que as crianças fazem das histórias lidas. Outro critério importante à preparação dessa ativida- de: o da escolha do livro a ser trabalhado. Como o objeti-
  • 6. 27 HISTÓRIAS INFANTIS E AQUISIÇÃO DE ESCRITA vo é o de oferecer, pela leitura de histórias, um contato significativo das crianças com a linguagem escrita, ao selecionar materiais, o educador deve ter sua atenção voltada para a qualidade da criação, a estruturação da narrativa e suas adequações à língua materna, procuran- do não perder de vista o interesse manifestado pelas crian- ças. Dessa maneira, é aconselhável que essas atividades se iniciem por leituras de textos mais curtos (com o cui- dado de não serem simplistas a ponto de perderem a es- trutura narrativa e se limitarem a frases, figuras e pala- vras soltas), que podem e devem, com o decorrer do tempo, se tornar mais complexos. O educador também deve ter em mente, ao realizar sua seleção, outros aspectos, além da aquisição de linguagem, envolvidos no processo de de- senvolvimento: o cognitivo, o afetivo-emocional. Selecio- nar esses textos envolve, antes de tudo, bom senso e cui- dado especial para adequá-los, inclusive, a situações vividas pelas crianças em determinadas épocas, poden- do-se utilizar histórias que estejam de acordo com as ex- periências que elas trazem para a escola (por exemplo, ler uma história de viagens, como Família Robinson, de- pois das férias escolares). Outra questão a ser tratada diz respeito à freqüência dessas atividades. A leitura de histórias tem maior eficá- cia conforme sua recorrência aumenta. Crianças nessa fai- xa etária costumam até mesmo solicitar a repetição da lei- tura. A proposta é que ela se incorpore à rotina diária na escola, o que não necessariamente implica textos sempre diferentes; “... As crianças que escutam leituras desen- volvem naturalmente um interesse em aprender determi- nadas histórias e em reproduzi-las oralmente como se es- tivessem lendo (...) O grupo termina por estabelecer o seu repertório de histórias favoritas, aquelas com as quais as crianças mais se identificam e cujas leituras costumam imitar” (Rego, 1990). O desdobramento da leitura de histórias em outras ati- vidades relacionadas é fundamental na perpetuação do significado para a criança. O educador poderia solicitar, por exemplo, que a crian- ça reproduza oralmente as narrativas lidas por ele. Nesse sentido, seria interessante também estimular que a crian- ça “leia” as histórias (leitura de “faz-de-conta”) para seus colegas. Essas atividades de retomada das histórias po- dem ir se desdobrando, por sua vez, em outras, como de- senhos, dramatizações, etc. Salientamos aqui que o registro dessas atividades de- correntes da leitura pode ser feito de várias formas, sem- pre com a participação das crianças, seja por escrito (o que também lhes oferece outra informação sobre os pos- síveis usos da escrita) ou por gravações em áudio e/ou vídeo. “... A criação não surge do nada. Eis por que defende- mos a necessidade da leitura por parte da professora e o incentivo à reprodução de histórias pelas crianças como um ponto de partida importante para o surgimento de uma segunda etapa deste processo: o momento da criação. Nada impede, porém, que esse momento seja estimulado, pro- pondo-se às crianças que criem seus próprios livros e pro- duzam textos, mesmo que ainda não estejam alfabetiza- das (...) O arquivo dessas produções permitirá também acompanhar o desenvolvimento dos esquemas narrativos das crianças e a incorporação do estilo escrito às suas pro- duções orais” (Rego, 1990). A autora salienta ainda que a criança, em princípio, demonstra em suas reproduções orais muito da fala coloquial, e que é necessário certo tem- po para que se observem as características da linguagem escrita em seus discursos. A criança atravessa um perío- do de “hibernação” para que a capacidade de criação de narrativas para textos escritos se desenvolva, refletindo assim os processos construtivos da linguagem. Para o desenvolvimento de atividades que propiciem à criança incentivo à escrita, um estudo sobre a similari- dade dos sons entre as palavras, estimulando-a em sua per- cepção e discriminação auditiva, e que, no decorrer do tempo, se transforme em associação com a escrita, já pode ser iniciado na pré-escola (educação infantil), o que, evi- taria a cisão no processo de alfabetização, em que a fase pré-escolar é considerada apenas preparatória à alfabeti- zação formal do ensino fundamental. Um bom exemplo a ser citado seria leituras e jogos com rimas (parlendas, poemas, etc.), nos quais a criança “experimenta” auditi- vamente as semelhanças sonoras, e, em outro momento, representa graficamente essas palavras, ao fazer a rela- ção entre fonemas e grafemas. CONCLUSÃO Não há necessidade de esperar pela alfabetização for- mal para que as crianças se envolvam com a leitura de histórias infantis e a produção de textos. Entretanto, para que elas se tornem efetivamente leitoras e autoras dos pró- prios textos, faz-se necessário que, em algum momento do processo de alfabetização, tenham não somente adqui- rido conhecimentos específicos do código alfabético, mas também (e sobretudo) dos aspectos lingüístico-discursivos em que ele se insere.
  • 7. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(1) 2000 28 Afinal, parafraseando Smolka (1993): “Não se ‘ensi- na’ ou não se ‘aprende’ simplesmente a ler e a escrever. Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de in- teração, uma atividade, um trabalho simbólico.” NOTA E-mail da autora: blanc.simoes@uol.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. E.G.G. Pereira. São Paulo, Martins Fontes, 1992. BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fada. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985. CARRAHER ,T.N. (org.). Aprender pensando. Petrópolis, Vozes, 1986. CONTINI, J. “A concepção do sistema alfabético por crianças em idade pré- escolar”. In: KATO, M.A. (org.). A concepção da escrita pela criança. Cam- pinas, Pontes, 1988. FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. A psicogênese da língua escrita. Porto Ale- gre, Artes Médicas, 1985. KATO, M.A.; MOREIRA, N. e TARALLO, F. Estudos em alfabetização. Cam- pinas, Edusf/Pontes, 1997. MAYRINK-SABINSON, M.L.T. “Um evento singular”. In: ABAURRE M.B.M. Cenas de aquisição da escrita. Campinas, ABL/Mercado das Letras, 1995. MINISTÉRIO da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamen- tal. “Introdução”. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, v.1, MED/SEF, 1998. POSTIC, M. O imaginário na relação pedagógica. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993. REGO, L.L.B. Literatura infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola. São Paulo, FTD, 1990. SMOLKA, A.L.B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. São Paulo, Cortez, 1993. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Trad. Jeferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1987. __________ .Formação social da mente. Trad. José Cipolla Neto et alii. São Paulo, Martins Fontes, 1991.