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Fluxos de informação hospitalar




Resumo: Atualmente, devido à expressiva competitividade dos mercados, de forma geral, o
gerenciamento de informações é de fundamental importância para o desempenho satisfatório
das organizações. Em relação aos hospitais, especificamente, dado o grande volume de
atividades , é comum a existência de dififuldades para se realizar eficientemente a cobrança
dos serviços prestados. Esse fato decorre principalmente de problemas relacionados a fluxos
de informação. Este artigo teve como objetivo principal analisar o fluxo de informação das
contas hospitalares, por meio de estudos de casos realizados em três hospitais situados na
cidade de Belo Horizonte/MG, denominados neste trabalho de: A, B e C. Para tanto,
analisou-se o processamento da informação nos vários setores que prestam serviços aos
pacientes e a posterior emissão da conta hospitalar pelo setor Faturamento. Os resultados
desta pesquisa possibilitaram concluir que, apesar de os hospitais estudados registrarem os
serviços prestados de forma similar, ou seja, emitirem as faturas a partir de prontuários,
cada um apresenta uma singularidade na estruturação desse processo.
Palavras-chave: Hospitais; Fluxo de Informação; Faturamento.


1. Introdução
       De forma geral, as organizações concorrem em um mercado que apresenta desafios
que interferem em sua gestão. Esses desafios decorrem, principalmente, de rápidas mudanças,
da complexidade dos processos operacionais, da globalização e da crescente competitividade.
Assim, a tomada de decisões em relação aos problemas e às oportunidades que surgem deve
ser realizada de forma rápida. Para tanto, não é recomendável que haja “flutuação da
informação”, que é definida como o intervalo de tempo entre o momento em que um evento
ocorre e o momento em que as informações obtidas sobre tal evento alcançam os tomadores
de decisão (BORBA; LISBOA; 2006).
       Nesse contexto, uma ferramenta utilizada para a realização de atividades e processos
organizacionais é a Tecnologia da Informação (TI). A TI exerce uma importante função de
apoio aos gestores e apresenta impacto nas mudanças que podem ocorrer no pensamento dos
funcionários, na estrutura organizacional e nos processos gerenciais e administrativos
(TURBAN et al., 2003). Segundo Couto e Pedrosa (2003, p. 207), o gerenciamento da
informação pode representar um referencial competitivo para as organizações, assumindo
importância cada vez maior em vários setores em que a TI é ferramenta essencial.
        Especificamente nas organizações do setor de saúde, em relação às informações
referentes aos processos internos, observa-se uma grande quantidade de dados. Por serem
gerados rotineiramente, esses dados necessitam ser manipulados por meio de sistemas de alta
confiabilidade. Além disso, devido à quantidade de dados, cria-se um fluxo de informações
que, segundo Pletsch (2003), pode ser entendido como o elo que une e coordena os




                                                                                          1
componentes da organização, e que propicia a manutenção do equilíbrio e da integração em
um ambiente de crescente mutação. Esse fluxo revela, freqüentemente, as possibilidades de
simplificação de processos, de combinação ou até de eliminação de informação que
viabilizam a relização dos procedimentos de forma mais eficiente (BALESTERO-
ALVAREZ, 2000).
       Nesse contexto, o presente artigo teve como objetivo principal descrever e analisar os
fluxos de informação de organizações hospitalares, especificamente do setor Faturamento.
Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura sobre processos operacionais em hospitais e
sobre o fluxo de informação dos processos operacionais e gerenciais. Pesquisou-se também
sobre fluxo de informações de forma geral e sobre sistemas de informação hospitalar. Além
disso, foram realizados estudos de casos em três hospitais situados na cidade de Belo
Horizonte/MG, denominados neste artigo de A, B e C.
       O presente trabalho encontra-se dividido em 5 seções, incluindo esta introdução. Em
seguida, na seção 2, apresenta-se o referencial teórico. Na seção 3, é descrita a metodologia de
pesquisa. Os estudos de casos e suas respectivas análises são apresentados na seção 4.
Finalmente, na seção 5, encontram-se as considerações finais deste estudo.
2.Referencial teórico
2.1 Processos operacionais em hospitais
        Segundo Fernandes (1971), um hospital pode apresentar diversas classificações. Um
hospital especializado é uma organização destinada a internar pacientes, predominantemente
de uma especialidade, como, por exemplo, o hospital de ortopedia. Por sua vez, hospital geral
destina-se a várias especialidades, podendo ter sua ação limitada a pacientes de um grupo
etário (por exemplo, hospital infantil), à determinada comunidade (por exemplo, hospital
militar) ou a uma finalidade específica (por exemplo, hospital de ensino). As organizações
hospitalares podem ainda ter finalidade lucrativa, com o intuito de auferir proventos, distribuir
dividendos ou pagar juros (por exemplo, hospital privado ou particular). Há também a
finalidade não lucrativa, em que a organização não visa a distribuição de dividendos ou o
pagamento de juros, e utiliza-se de eventuais saldos para fins patrimoniais ou beneficentes, tal
como os hospitais públicos e os filantrópicos.
        Em relação à essa última classificação, segundo Maia (2004), a participação de
organizações do setor privado e público no financiamento e prestação de serviços médicos-
hospitalares caracteriza o sistema de saúde brasileiro como misto. Atualmente, o setor de
saúde suplementar no Brasil apresenta a função essencial de manutenção da saúde e do bem-
estar da população. Essa função, que deveria ser realizada por um sistema público, deve-se à
insuficiência dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Miguel e
Silva (2005), o SUS não atende suficientemente às demandas da população e, dessa forma,
tanto as organizações de saúde como a população buscam, por meio do sistema suplementar,
preencher a lacuna suscitada pela ineficiência desse sistema público.
       Além disso, de acordo com Campos (2004), os hospitais dependem cada vez mais das
operadoras de planos de saúde. Esse contexto deve-se, principalmente, (i) ao aumento de
pacientes usuários de planos de saúde, (ii) à progressiva escassez de pacientes privados e (iii)
à crescente deterioração do relacionamento com a área pública. Esse último fator, por sua vez,
decorre da defasagem acentuada e do aumento de preços, caracterizados por tetos físicos e
financeiros incompatíveis com a demanda de materiais e com o volume dos serviços
prestados. Cumpre salientar que, no sistema de parceria entre hospitais e operadoreas de




                                                                                               2
saúde, o hospital encaminha os relatórios com a lista de procedimentos para a operadora, que
remunera os procedimentos e as consultas, e define o credenciamento da rede.
        O principal processo realizado em uma organização hospitalar está relacionado à sua
atividade-fim, qual seja, a assistência aos pacientes. As atividades médicas clínicas e/ou
cirúrgicas e de enfermagem são exemplos dessa atividade-fim, e são consideradas como
processos-chave. Outros procedimentos de um hospital são os processos de apoio e de
planejamento e controle. Especificamente, para Yamamoto (2004, p. 435), os processos de
apoio vinculam-se às outras partes interessadas da organização, tais como: funcionários,
proprietários, governo, fornecedores, terceirizados, comunidade, sindicatos, órgãos de classe
etc. Devido à complexidade das atividades hospitalares, e a fim de melhor exemplificar os
processos mencionados, apresenta-se, na Figura 1, um organograma geral da hierarquia de
uma organização hospitalar.




FIGURA 1: Hierarquia de uma organização hospitalar. Fonte: Adaptado de Malagón-Londoño et al. (2003).
        Pela análise da hierarquia de um hospital, observa-se que, no primeiro nível, encontra-
se a alta direção, que se divide em dois blocos: um deles ligado diretamente à atenção em
saúde, e o outro ligado à administração. A atenção em saúde subdivide-se em: atenção em
saúde, serviços de apoio técnico e serviços de apoio. A administração, por sua vez, subdivide-
se em departamento financeiro e recursos humanos. O faturamento, ligado ao departamento
financeiro, apresenta-se como o ponto final do fluxo de informações para o fechamento da
conta (ou fatura) a ser quitada pela prestação de um serviço médico-hospitalar.




                                                                                                        3
2.2 Fluxo de informações e sistemas de informação hospitalar
        Considerando-se um hospital como um conjunto de pessoas, recursos físicos, recursos
financeiros e normas para o desenvolvimento das atividades hospitalares, é necessário
ponderar o grande volume de dados gerados pelos sistemas internos. Tais dados são parte
fundamental do sistema de informação e da própria organização, pois são utilizados como
suporte ao processo de tomada de decisão e como apoio à gestão. É importante estabelecer os
mecanismos necessários para se garantir o registro, a transmissão e a avaliação dos dados
obtidos, facilitando seu processamento e sua posterior transformação em informações úteis
para a dinâmica da instituição (MALAGÓN-LONDOÑO et al., 2003).
        Segundo Maudoneet et al. (1988), as informações coletadas e processadas no hospital
são variadas, mas podem ser classificadas em dois tipos: (1) informações contábeis e
financeiras e (2) informações sobre atividades. As informações contábeis e financeiras, que
representam importância fundamental para a gestão do hospital, baseiam-se nos dados
levantados, consolidados e centralizados pelo Serviço de Arquivo Médico e Estatístico
(SAME) e em informações transmitidas pelos diversos serviços (folha de pagamento,
compras, despesas com limpeza e manutenção, etc.). Com base na “tradução” dessas
informações em valores monetários, torna-se possível aos funcionários da contabilidade
realizarem o cálculo do custo dos serviços de atendimento prestados aos pacientes.
Posteriormente, o setor Faturamento pode então providenciar o pagamento ou o reembolso
por meio de recursos provenientes do SUS e/ou operadoras de planos de saúde. Em relação ao
segundo tipo de informações, destaca-se que as mesmas são expressas em indicadores, e
possibilitam a “tradução” da produção de serviços hospitalares em quantidades não
monetárias. Dessa forma, é possível mensurar o produto hospitalar pelo número de atos
médicos e técnicos realizados sobre o paciente, sendo os mais comuns: número de dias de
internação, número de admissões, tempo médio de permanência e número de atos médicos ou
técnicos.
         Entretanto, para a consolidação e o controle das informações hospitalres, descata-se
que os Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs) não são freqüentemente utilizados pelos
gestores de hospitais brasileiros. As informações apresetadas de forma sistematizada quase
sempre revelam os indicadores clássicos de “movimento hospitalar”, mas muitas vezes não
são padronizadas entre hospitais do mesmo município ou de mesmo porte. Segundo Castelar
et al. (1995), em alguns casos, existe um sistema de informações implantado na organização,
porém, este é pouco valorizado e insuficientemente utilizado pelos gestores.
        Ressalta-se que, geralmente, a principal preocupação dos dirigentes de hospitais, que
dependem do financiamento público, é utilizar as informações das guias e dos relatórios para
realizar a cobrança ao financiador. Entretanto, um ponto de fundamental importância é o fato
de que, se a informação obtida não for discutida ou analisada criticamente, a mesma pode se
tornar uma informação inútil. Essa discussão e análise crítica devem ser realizadas por
funcionários de todos os setores, buscando sempre interpretar os números apresentados nos
relatórios, dando-lhes significado frente à necessidade de maior eficiência e melhor qualidade
dos serviços prestados pelos hospitais. Nesse sentido, observa-se que, quando os dados e
informações não são tratados com a mesma relevância pelos diversos funcionários de uma
organização hospitalar, freqüentemente ocorrem “problemas no registro, na coleta e no
processamento dos dados, além de deficiências em sua cobertura, integridade, veracidade e
consistência e a falta de oportunidade para seu processamento” (MALAGÓN-LONDOÑO et
al., 2003, p. 375). Todos esses fatores podem contribuir para a pouca confiabilidade das
informações.




                                                                                            4
Ressalta-se, portanto, a necessidade de se utilizar um sistema de informação que
produza informações acuradas, compreensíveis, relevantes, confiáveis e úteis, que subsidiem
o processo de tomada de decisões nas organizações hospitalares (MALAGÓN-LONDOÑO et
al., 2003). Cumpre salientar que, para ser completo, o sistema de informações deve também
considerar e organizar fluxos transversais de informações. No hospital, um exemplo seria a
marcação de consultas junto aos serviços médico-técnicos (radiologia, endoscopia, consultas
especializadas etc.) tendo a finalidade de reduzir prazos, suprimir filas de espera e dispor de
resultados consistentes no momento oportuno. A marcação de consultas poderia, além disso,
possibilitar o tratamento prioritário dos casos mais urgentes (CASTELAR et al., 1995).
       O fluxo de dados e informações entre os mais diversos setores de um hospital ocorre
de forma dinâmica. No que se refere à elaboração da conta hospitalar, há dependência de
diversos setores do Hospital. Como é possível observar no fluxo geral de informações,
apresentado na Figura 2, o setor de serviços de apoio, por exemplo, disponibiliza dados para
os setores de atendimento direto aos pacientes. Esses, por sua vez, geram informações que
serão repassadas aos serviços de conferência e auditoria. Por fim, o Faturamento elabora a
conta hospitalar e efetua a cobrança dos Financiadores. De forma detalhada, as etapas
representadas por setas na Figura 2 são descritas no Quadro 1.
                                     Setores de               Serviços de                               Financiadores
         Serviços de Apoio   1   Atendimento Direto   2       Conferência e   3   Faturamento   4      (Convênios, SUS
                                    aos Pacientes              Auditoria                                e Particulares)


                             8                            7                   6                 5

FIGURA 2: Fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar. Fonte: Elaborado pelos autores.

 Etapa                Descrição do fluxo de informações entre os setores hospitalares
            Os setores de apoio são responsáveis pela prestação de serviços internos como
            higienização, manutenção, lavanderia, fornecimento de alimentos, materiais
            médicos, medicamentos e equipamentos. Em geral, alguns desses setores não
            registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na conta
     1      hospitalar de cada paciente (composta por registros de diversos setores). Nesses
            casos, a cobrança se dá por taxas que são anexadas ao final pelo Faturamento.
            Outros setores de apoio, como Almoxarifado e Farmácia, têm sua cobrança
            realizada de forma direta, por meio de relatórios de dispensação, nos quais são
            discriminados os materiais médicos e medicamentos utilizados.
            Os setores de atendimento direto são responsáveis pelos registros relacionados à
            assistência realizada. Desse modo, esses setores geram os prontuários (pastas
            individuais), ou preenchem parte desses. No momento em que se encerra a
     2      assistência ao paciente, esse prontuário deve ser encaminhado ao Faturamento.
            Entretanto, em alguns hospitais, o prontuário pode passar por uma pré-auditoria
            no próprio setor, ou ser encaminhado para outro designado à conferência
            detalhada dos registros.
            Nos casos em que existem os serviços de conferência e auditoria, após essa etapa,
            o prontuário é encaminhado ao Faturamento. Nesse setor, realiza-se o fechamento
     3
            da conta, reunindo os registros, anexando valores e apresentando, ao final, as
            taxas dos setores de apoio.
QUADRO 1: Descrição das etapas do fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar. Fonte:
Elaborado pelos autores.




                                                                                                                 5
Após o fechamento da conta, essa é encaminhada aos financiadores para
    4       cobrança. A conta será submetida à auditoria externa dos convênios e/ou do SUS.
            Para pacientes particulares, a cobrança geralmente é realizada pela Tesouraria.
            Se após a auditoria externa dos financiadores, a conta tiver glosas, essa será
            devolvida ao Faturamento para a correção dos erros. O Faturamento deverá
    5
            reapresentar a conta aos convênios e/ou ao SUS, para que o pagamento seja
            efetivado.
            O Faturamento pode encaminhar os prontuários com erros a serem corrigidos aos
    6       setores que prestaram atendimento direto aos pacientes ou requisitar
            esclarecimento da pré-auditoria.
            Os setores de conferência e auditoria também podem requisitar esclarecimentos
    7       caso sejam detectados erros cometidos pelos setores de atendimento direto no
            momento do registro de dados no prontuário.
            Os setores de apoio, por sua vez, estão sujeitos a cobranças de esclarecimentos
    8
            sobre os serviços prestados e os materiais fornecidos.
Continuação do QUADRO 1: Descrição das etapas do fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar.
Fonte: Elaborado pelos autores.
3. Metodologia de pesquisa
       No presente trabalho, adotou-se o estudo de caso como método de pesquisa. De acordo
com Yin (2005), o estudo de caso contribui para a compreensão de fenômenos
organizacionais complexos, por meio de uma investigação ex post facto das atividades do
mundo real. O estudo de caso é o método de pesquisa mais recomendado em ciências sociais
aplicadas quando se deseja fazer um estudo em profundidade sobre determinado evento.
        A pesquisa qualitativa, de acordo com Denzin e Lincoln (2005), enfatiza a verificação
de teorias já existentes, com a vantagem de poder investigar com profundidade o evento por
meio de entrevistas e observações in loco, e identificar variáveis que se complementam,
confirmam ou contrastam. Desse modo, esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, tendo o
estudo de caso como estratégia de pesquisa.
        Os estudos de casos foram realizados em três hospitais, situados na cidade de Belo
Horizonte/MG, denominados de Hospital A, B e C. Selecionou-se como foco central o setor
Faturamento desses hospitais e, a partir desse, os setores operacionais e de apoio, tais como:
Farmácia, Almoxarifado, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Central de Material
Esterilizado (CME), Unidades de internação, Serviço de apoio ao diagnóstico e terapêutica
(SADT), Higienização, Manutenção, Lavanderia, Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC),
entre outros. A fim de verificar a interação entre o setor Faturamento e os demais, realizou-se
uma análise dos fluxos de informações internas dos hospitais estudados. Procurou-se observar
quais os sistemas utilizados e quais informações encontram-se acessíveis, e identificar qual o
fluxo do processo de faturamento das contas de cada um desses hospitais. Os dados primários
foram obtidos a partir de visitas in loco, realizadas no primeiro semestre de 2008.
        As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: pesquisa bibliográfica em livros,
artigos, dissertações, teses e materiais disponíveis em sítios; observação direta não-
participante, entrevistas e consulta a arquivos e documentos. As entrevistas foram a principal
fonte de dados para a realização desta pesquisa, complementada pelas demais técnicas de
coleta de dados. Destaca-se que a entrevista, de acordo com Flick (2004), apresenta a
vantagem de o entrevistado expor sua opinião, entendimento e descrever os eventos que




                                                                                                              6
acontecem sobre determinado objeto em estudo pelo pesquisador. Além disso, como sugerido
por Yin (2005), foi utilizado o protocolo de pesquisa, que tem a finalidade de conduzir a
coleta de dados e principalmente registrar as anotações de campo ao final de cada visita. O
autor destaca também que esse protocolo é útil e importante para conduzir e aumentar a
confiabilidade do estudo de caso.
4. Resultados da pesquisa
4.1 Hospital A
        O Hospital A é uma organização particular de grande porte. O setor Faturamento desse
hospital apresenta, no quadro de funcionários, 11 profissionais, dos quais 3 são faturistas.
Destaca-se que há um faturista designado para cobrir duas unidades, do quarto e do quinto
andar, um específico para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e outro para neonatal.
O restante dos funcionários permanece no setor Faturamento, com a função de digitação dos
dados recebidos. A função exercida por esse setor é a de conferência e emissão de faturas de
todo o processo logístico de contas e lançamentos, desde a entrada do paciente no hospital até
sua alta.
        Destaca-se que, em relação a liberação do paciente, pode haver a “alta administrativa”,
processada pelo Faturamento quando o paciente permanece no hospital por um longo período,
sendo necessário o fracionamento do lançamento das contas em determinados intervalos de
tempo. Na maior parte dos convênios para os quais o Hospital A presta serviços, o
fechamento administrativo é feito a cada 15 dias. Apenas para um dos convênios, o
fechamento ocorre a cada 30 dias. Dessa forma, o setor Faturamento processa as contas e
estabelece a relação entre o hospital, o SUS e os 98 planos de saúde conveniados, para que
esses possam efetuar os reembolsos. Apenas nos casos particulares, a conta é de
responsabilidade da Tesouraria, em que a participação do Faturamento ocorre somente na
digitação dos dados pelo faturista no local onde o paciente está. O setor Faturamento também
é responsável por grande parte das questões relacionadas à auditoria interna no Hospital A,
uma vez que fiscaliza os serviços prestados pelos demais setores e audita os prontuários. O
setor Auditoria, por sua vez, é designado a auditar as glosas feitas pelos convênios.
       O prontuário do paciente é composto pelos documentos recebidos no setor
Faturamento, quais sejam: ficha de internação; termo de admissão; evolução clínica; evolução
da enfermagem; além de todas as guias, todos os pedidos e todos os exames. Além disso, há o
laudo técnico que valida os procedimentos. O recebimento das contas se concentra onde o
paciente estiver. O hospital dispõe de faturistas no andar, nas unidades e UTI’s, os quais
recebem e verificam as contas, e elaboram o prontuário, para depois o encaminharem ao
Faturamento. O Hospital trabalha com arquivos eletrônicos, desse modo, o Faturamento
processa todas as contas e verifica se existe algum tipo de erro antes de enviá-las para os
convênios. As contas e demais dados são lançadas diariamente no sistema pelos faturistas.
Entretanto, nos setores Fisioterapia e Laboratório, que são terceirizados, os próprios
funcionários digitam e encaminham o documento ao Faturamento.
       No Hospital A, os setores que mais se relacionam ao Faturamento são SAC, Farmácia
e Enfermagem. O SAC gera as fichas de atendimento e faz a autorização dos procedimentos, a
Farmácia dispensa os produtos registrados na conta do paciente e a Enfermagem faz a
administração e checagem da conta e materiais. Desse modo, o funcionário da Enfermagem
anota os dados no prontuário, que, depois da alta do paciente, é encaminhado ao faturista, que
faz a checagem da evolução do paciente. O Faturamento exerce a conferência a partir da
confrontação dos dados em papéis e os dados disponibilizados no sistema online utilizado
pelo Hospital A.



                                                                                             7
A auditoria realizada pelos convênios no Hospital A é feita por arquivo eletrônico e
pela auditoria in loco. Pelo arquivo eletrônico, as faturas são enviadas para os convênios para
conferência, sendo devolvidas com as considerações cabíveis. Pela auditoria in loco, faz-se
uma conferência das faturas dentro do próprio hospital. Os convênios geralmente utilizam as
duas formas de auditagem, sendo que a auditoria in loco viabiliza a checagem qualitativa das
atividades e, a partir do arquivo eletrônico, realiza-se a checagem quantitativa. O Faturamento
do Hospital A não trabalha com cronograma de serviços, sendo que o critério utilizado é a
demanda, obedecendo-se ao prazo de entrega de cada convênio. Dessa maneira, o setor
Faturamento consegue faturar, em média, 92% das contas no próprio mês. Na Figura 1, é
apresentado o fluxo de informações necessárias para a elaboração da conta hospitalar do
Hospital A. Inicialmente, representa-se o suporte dos setores de apoio aos setores de
atendimento direto aos pacientes. Com as informações fornecidas por esses setores, os
faturistas alocados em cada unidade encaminham os prontuários para o setor Faturamento, no
caso de procedimentos financiados por convênios ou SUS, ou para a Tesouraria, nos casos
particulares.




FIGURA 1: Fluxo de informações no Hospital A. Fonte: Elaborado pelos autores.
4.2 Hospital B
        O Hospital B é um hospital-maternidade privado, de médio porte e de natureza
filantrópica. O faturamento do hospital é de 97% a 98% proveniente de pagamentos feitos
pelo SUS. Os 2% a 3% restantes são de atendimento particular, decorrentes da realização de
alguns procedimentos cirúrgicos mais simples. O hospital possui Unidade de Internação (UI),
Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Pronto Atendimento (PA), Hospital-dia, Ambulatório,
Bloco Cirúrgico (BC) e Obstétrico (BO), Casa de Parto e SADT. Esses setores geram
informações que são registradas nos prontuários dos pacientes, referentes à assistência
prestada durante a permanência dos mesmos. Nos prontuários de cada paciente são registradas
informações sobre a assistência oferecida, sua evolução médica e de enfermagem, as
prescrições médicas, os cuidados que a enfermagem realiza e os materiais necessários para a
assistência em geral. As folhas de sala provenientes do BC e do BO e Casa de Parto, onde são
registrados os procedimentos, medicamentos e materiais utilizados, são anexadas ao
prontuário do paciente. Por meio do prontuário, obtém-se as informações necessárias para se
elaborar a conta hospitalar dos pacientes.
        Os setores de apoio, como o SND, CME, Higienização, Manutenção e Lavanderia não
registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na conta hospitalar. A
cobrança dessa prestação é realizada na forma de taxas que são anexadas pelo Faturamento ao
final da assistência. Os relatórios de dispensação gerados pela Farmácia, em que são
registrados materiais e medicamentos utilizados, também fazem parte do prontuário. Apesar
de ser realizado esse registro, tal procedimento não é controlado de forma detalhada. Observa-
se a dificuldade em se efetuar a cobrança de tudo o que é gasto, dado que o hospital recebe do




                                                                                             8
SUS por diagnóstico. Dessa forma, caso haja gastos adicionais de materiais ou mais
procedimentos realizados em uma assistência do que em outra, o SUS paga o mesmo valor
pelo diagnóstico dessas.
        Sendo assim, após o encerramento da assistência ao paciente no setor, seja devido à
alta hospitalar ou transferência, o prontuário é reunido para ser encaminhado ao Faturamento.
Esse setor, por sua vez, finaliza a elaboração da conta hospitalar, reúne os registros, anexa
valores, relaciona as taxas dos setores de apoio e, assim, encaminha ao SUS o relatório final,
para que este efetue o pagamento. Em caso de erro no relatório, esse é glosado e devolvido
pelo SUS ao Faturamento. Posteriormente, realiza-se a correção e a conta é apresentada
novamente ao SUS no mês seguinte para que seja efetuado o pagamento. Atualmente, o índice
de glosas no Hospital B é significativamente pequeno, próximo de zero . No caso dos poucos
clientes “particulares”, a conta é encaminhada à Recepção, que efetua a cobrança diretamente
ao paciente. Na Figura 2, é demonstrado o fluxo de informações necessárias para a elaboração
da conta hospitalar do Hospital B. Esse fluxo origina-se de informações provenientes dos
setores de apoio e pelos setores que prestam serviço direto aos pacientes. Essas informações
são transmitidas por meio de prontuários e documentos para o setor Faturamento, que emite as
faturas dos procedimentos financiados pelo SUS e, nos casos particulares, envia para a
Recepção realizar a cobrança.




FIGURA 2: Fluxo de informações no Hospital B. Fonte: elaborado pelos autores.
4.3 Hospital C
        O Hospital C é uma organização privada de natureza filantrópica e de grande porte
(excetua-se o atendimento de maternidade e pediatria). Nesse hospital, são atendidos
pacientes encaminhados pelo SUS, por diversos convênios e, também, clientes particulares.
Os setores que geram os prontuários dos pacientes, como UI, CTI, PA, Ambulatório, ou parte
dos prontuários, como BC e SADT, são responsáveis pelos registros relacionados à
assistência prestada durante a permanência do paciente. Os pacientes que passam por esses
setores possuem prontuários, em que são reunidos os seguintes registros de assistência: (i)
evolução médica - a equipe médica registra as avaliações do paciente e as condutas do
tratamento; (ii) evolução de enfermagem - a equipe de enfermagem registra a assistência
prestada 24 horas; (iii) prescrição médica - a equipe médica registra os medicamentos e
condutas prescritos para cada paciente, geralmente, uma vez ao dia; (iv) prescrição de
enfermagem - o enfermeiro responsável pelo paciente registra a prescrição de cuidados a
serem realizados e de materiais necessários para o atendimento em geral; e (v) folhas de sala -
utilizadas no BC e para outros procedimentos médicos ou de enfermagem, em que constam os
materiais, medicamentos e serviços utilizados na assistência peri-cirúrgica.
       Os setores de apoio do Hospital C, como CME, SND, Higienização, Manutenção e
Hotelaria não registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na




                                                                                             9
conta hospitalar. A cobrança dessa prestação é realizada por taxas que são relacionadas ao
final da assistência. Alguns exemplos dessa cobrança são taxa de curativo (cobrada quando se
utiliza material da CME), taxa de oxigênio (cobrada, por hora, quando o paciente recebe
terapia por oxigênio suplementar), e a diária hospitalar (que inclui os serviços de alimentação
e hotelaria, dentre outros). Os relatórios de dispensação, em que são registrados os materiais e
medicamentos utilizados na assistência ao paciente (e provenientes da Farmácia e do
Almoxarifado), são gerados nos setores que elaboram os prontuários. A equipe de
enfermagem, no momento em que “checa a prescrição” (o ato de confirmar a administração
de medicamento ou cuidado, por meio de marcação e assinatura), gera um registro eletrônico
do material e do medicamento utilizado. Esse registro é impresso e anexado às prescrições.
       Após o encerramento da assistência ao paciente no setor, seja devido à alta hospitalar
ou transferência, o prontuário é reunido para ser encaminhado ao Faturamento. Antes disso,
no entanto, o prontuário passa pela pré-auditoria, realizada pelo próprio setor e é executada
por um técnico de enfermagem designado especificamente para essa função. Nesse momento,
são conferidos os registros componentes do prontuário e, em caso de não-conformidades,
busca-se a correção ou complementação do registro. Essa auditoria também acontece no caso
de “altas administrativas”, que ocorrem a cada 15 dias. Com o prontuário completo e
conferido, um funcionário administrativo encaminha, mediante protocolo, os documentos para
a denominada Central de Prontuários, que irá reuni-los e distribuí-los nos diferentes sub-
setores do Faturamento, que é dividido de acordo com os convênios dos pacientes. O
Faturamento faz o fechamento da conta hospitalar, reunindo todos os registros, anexando
valores e relacionando, ao final, as taxas dos setores de apoio. Após a auditoria externa dos
convênios de saúde e do SUS e emissão do parecer, com glosas ou não, a conta é devolvida
para o Faturamento, que posteriormente as encaminha aos convênios e ao SUS, para que os
mesmos efetivem os pagamentos. Assim, no caso de clientes particulares, a auditoria não
ocorre, e a conta é encaminhada diretamente à Tesouraria, que efetua a cobrança do paciente.
Na Figura 3, apresenta-se o fluxo de informações utilizadas para a elaboração da conta
hospitalar do Hospital C.
                                                                    Convênios
                                                                     e SUS
                                  Bloco
                                 Cirúrgico
              CME, SND,
                                                                                  Auditoria
               Farmácia,       CTI / Unidade                                      externa
              Almoxarifado     de Internação       Central de
                                                                   Faturamento
                                                   Prontuários
                                  PA /
             Higienização,      Ambulatório                                      Tesouraria
             manutenção,
              lavanderia
                                  SADT

                                                                                  Clientes
                                                                                 particulares

FIGURA 3: Fluxo de informações no Hospital C. Fonte: elaborado pelos autores.
       Nesse fluxo, primeiramente, os setores de apoio geram informações do serviço
prestado aos setores de prestação de atendimento direto, que, após a alta de cada paciente,
encaminha prontuário para a Central de Prontuários. Esse setor separa os prontuários por
fonte de pagamento e os encaminha para o Faturamento que, após uma auditoria externa,
emite as faturas para os convênios e para o SUS. As contas de pacientes particulares são
enviandas para a Tesouraria .
4.4 Análise comparativa entre os hospitais estudados
      A partir da análise dos resultados, percebe-se que o fluxo da informação das atividades
nos Hospitais A, B e C, de maneira geral, é semelhante. No entanto, pode-se perceber



                                                                                                10
algumas diferenças entre cada um dos sistemas de Faturamento dos Hospitais. Devido às
especificidades de cada hospital, a transmissão das informações das demais unidades para o
setor Faturamento possue algumas diferenças significativas. Nesse sentido, destaca-se que o
Hospital B presta serviços essencialmente ao SUS, sendo poucos os casos de pacientes
particulares. Além disso não há relação com operadoras de plano de saúde. Por outro lado, os
Hospitais A e C atendem pacientes do SUS, de convênios e particulares. Em comparação aos
Hospitais A e C, o Hospital B possui menor controle dos materiais e dos medicamentos
utilizados nos procedimentos que realiza. Destaca-se que isso decorre do fato de que o SUS
faz o pagamento de acordo com o procedimento realizado, e não considera diferença no
gastos por procedimento. Já nos hospitais que atendem pacientes de convênios, há a
necessidade de um maior controle dos procedimentos, como nos casos dos Hospitais A e C.
        Assim, observa-se que esses hospitais têm um fluxo de informação mais complexo do
que o Hospital B, dado o maior controle dos registros dos procedimentos. Além disso, há no
Hospitais A e C uma estrutura diferente de processamento da informação que chega ao setor
Faturamento. Destaca-se que o Hospital A trabalha com faturistas localizados em diversas
unidades, responsáveis por registrar e por recolher os documentos produzidos em cada setor
que fazem parte do prontuário e, posteriormente, encaminhá-los ao setor Faturamento. O
Hospital C, por sua vez, não trabalha com faturistas presentes nas unidades e o Faturamento é
separado por sub-setores. Após o encerramento do atendimento ao paciente no Hospital C, o
prontuário passa por uma pré-auditoria dentro do próprio setor e é enviado para a Central de
Prontuários. Essa central, que não existe nos demais hospitais estudados, faz o controle dos
prontuários, separando-os por convênios, SUS ou particulares, para que sejam enviados
separadamente ao Faturamento ou à Tesouraria. Finalmente, destaca-se que outra diferença
entre o Hospital B e os Hospitais A e C é a cobrança dos pacientes particulares. O Hospital B,
por atender esporadicamente casos particulares, efetua a cobrança pelo próprio setor
Recepção, enquanto os Hospitais A e C utilizam o setor Tesouraria especificamente para essa
função de cobrança.
5. Considerações Finais
        O hospital apresenta-se como uma peça importante em uma organização social, uma
vez que é responsável por prestar à população um serviço de saúde eficiente e eficaz, tanto de
tratamento como de prevenção à doenças. Nesse sentido, devido ao grau de complexidade do
atendimento nessas organizações, bem como à dificuldade de interação entre profissionais
especializados em diversas funções, é necessário que haja um controle da transmissão das
informações entre os diversos setores de uma organização hospitalar. Dados contábeis e
financeiros e sobre as atividades rotineiras de hospitais representam importância fundamental
na transmissão e na manutenção de informação para os gestores dessas organizações. A partir
desses dados, viabiliza-se, por exemplo, o cálculo do custo dos serviços prestados e pode-se,
além disso, mensurar o produto hospitalar. Desse modo, é necessário buscar soluções para
problemas que podem influenciar de forma negativa a confiabilidade das informações
suscitada, tais como: (i) problemas de registro, coleta e processamento de dados; (ii)
deficiências na cobertura, integridade, veracidade e consistência de dados; e (iii) escassez de
possibilidades de processamento de dados.
        Nesse contexto, os resultados desta pesquisa possibilitam concluir que, apesar de os
hospitais estudados registrarem os serviços prestados de forma similar, ou seja, emitirem as
faturas a partir de prontuários, cada um apresenta singularidades na estruturação desse
processo. Isso ocorre devido às especificidades de cada hospital, tais como fonte de
financiamento e porte da organização. Dessa forma, o objetivo principal desta pesquisa, que
foi descrever e analisar os fluxos de informação de organizações hospitalares, especificamente



                                                                                            11
do setor de Faturamento, foi alcançado. Embora seja um estudo inicial, conclui-se que a
análise qualitativa apresentada nesta pesquisa pode ser utilizada como parâmetro por outras
organizações hospitalares, principalmente para o setor Faturamento. A descrição do processo
de transmissão de informações dentro dessas organizações facilita o gerenciamento da grande
quantidade de dados que são gerados rotineiramente, o que dinamiza as atividades e os
processos organizacionais. A partir de informações acuradas, aprimora-se o processo de
tomada de decisões dos gestores, que passa a se expor a um menor número de erros. Além
disso, facilita-se uma futura implantação de um SIG nos hospitais estudados.
       Por fim, destaca-se que uma limitação deste trabalho foi o fato de abranger apenas
alguns setores, dando destaque ao Faturamento. Essa limitação ocorreu devido à
complexidade do fluxo de informações hospitalares. Além disso, a carência de estudos
similares ao presente prejudicou o embasamento teórico sobre fluxo de informações,
especificamente sobre as informações necessárias para a elaboração da conta hospitalar pelo
setor Faturamento. Para pesquisas futuras, sugere-se a análise de outros setores, o que pode
contribuir para que, no longo prazo, o fluxo de informação hospitalar seja analisado de forma
unificada, contemplando todos os setores dos hospitais.

Referências
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gestão hospitalar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.
CAMPOS, C. C. Um estudo das relações entre operadoras de plano de assistência à saúde e prestadoras de
serviço. Dissertação (Mestrado em Engenharia – modalidade Profissionalizante). Escola de Engenharia –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
CASTELAR, R. M. et al. Gestão hospitalar: um desafio para o hospital brasileiro. Éditions ENSP: França, 1995.
COUTO, R. C.; PEDROSA, T. M. G. Hospital: gestão operacional e Sistemas de Garantia de Qualidade. Minas
Gerais: Medsi, 2003.
DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. O. The Sage handbook of qualitative research. 3. ed. London: Sage Publications,
2005.
FERNANDES, L. O. Contabilidade hospitalar: custos e seus problemas. Ed. LN Padronizados Hospitalares
Ltda.: São Paulo, 1971.
FLICK, U. Uma introdução a pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MAIA, A. C. Seleção adversa e risco moral no sistema de saúde brasileiro. 2004. Dissertação (Mestrado em
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MALAGÓN-LONDOÑO, G et al. Administração Hospitalar. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
MAUDONNET, R. B. et al. Administração Hospitalar. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1988.
MIGUEL, D. B. T.; SILVA, D. C. Os procedimentos de auditoria adotados pelas operadoras de planos de saúde
sobre as contas hospitalares. Monografia (Especialização em Auditoria Externa). Departamento de Ciências
Contábeis - Faculdade de Ciências Econômicas, UFMG. Belo Horizonte, 2005.
PLETSCH, E. O fluxo de Informações como Apoio à Tomada de Decisão: O caso da Central de Atendimento da
Telet S.A. Dissertação (Mestrado em Administração – modalidade profissionalizante). Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003
TURBAN, E. et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora
Campus, 2003.
YAMAMOTO, E. Gestão de processos de apoio. In: SCARPI, M. J. (org). Gestão de clínicas médicas. São
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.




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Fluxos de informação hospitalar

  • 1. Fluxos de informação hospitalar Resumo: Atualmente, devido à expressiva competitividade dos mercados, de forma geral, o gerenciamento de informações é de fundamental importância para o desempenho satisfatório das organizações. Em relação aos hospitais, especificamente, dado o grande volume de atividades , é comum a existência de dififuldades para se realizar eficientemente a cobrança dos serviços prestados. Esse fato decorre principalmente de problemas relacionados a fluxos de informação. Este artigo teve como objetivo principal analisar o fluxo de informação das contas hospitalares, por meio de estudos de casos realizados em três hospitais situados na cidade de Belo Horizonte/MG, denominados neste trabalho de: A, B e C. Para tanto, analisou-se o processamento da informação nos vários setores que prestam serviços aos pacientes e a posterior emissão da conta hospitalar pelo setor Faturamento. Os resultados desta pesquisa possibilitaram concluir que, apesar de os hospitais estudados registrarem os serviços prestados de forma similar, ou seja, emitirem as faturas a partir de prontuários, cada um apresenta uma singularidade na estruturação desse processo. Palavras-chave: Hospitais; Fluxo de Informação; Faturamento. 1. Introdução De forma geral, as organizações concorrem em um mercado que apresenta desafios que interferem em sua gestão. Esses desafios decorrem, principalmente, de rápidas mudanças, da complexidade dos processos operacionais, da globalização e da crescente competitividade. Assim, a tomada de decisões em relação aos problemas e às oportunidades que surgem deve ser realizada de forma rápida. Para tanto, não é recomendável que haja “flutuação da informação”, que é definida como o intervalo de tempo entre o momento em que um evento ocorre e o momento em que as informações obtidas sobre tal evento alcançam os tomadores de decisão (BORBA; LISBOA; 2006). Nesse contexto, uma ferramenta utilizada para a realização de atividades e processos organizacionais é a Tecnologia da Informação (TI). A TI exerce uma importante função de apoio aos gestores e apresenta impacto nas mudanças que podem ocorrer no pensamento dos funcionários, na estrutura organizacional e nos processos gerenciais e administrativos (TURBAN et al., 2003). Segundo Couto e Pedrosa (2003, p. 207), o gerenciamento da informação pode representar um referencial competitivo para as organizações, assumindo importância cada vez maior em vários setores em que a TI é ferramenta essencial. Especificamente nas organizações do setor de saúde, em relação às informações referentes aos processos internos, observa-se uma grande quantidade de dados. Por serem gerados rotineiramente, esses dados necessitam ser manipulados por meio de sistemas de alta confiabilidade. Além disso, devido à quantidade de dados, cria-se um fluxo de informações que, segundo Pletsch (2003), pode ser entendido como o elo que une e coordena os 1
  • 2. componentes da organização, e que propicia a manutenção do equilíbrio e da integração em um ambiente de crescente mutação. Esse fluxo revela, freqüentemente, as possibilidades de simplificação de processos, de combinação ou até de eliminação de informação que viabilizam a relização dos procedimentos de forma mais eficiente (BALESTERO- ALVAREZ, 2000). Nesse contexto, o presente artigo teve como objetivo principal descrever e analisar os fluxos de informação de organizações hospitalares, especificamente do setor Faturamento. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura sobre processos operacionais em hospitais e sobre o fluxo de informação dos processos operacionais e gerenciais. Pesquisou-se também sobre fluxo de informações de forma geral e sobre sistemas de informação hospitalar. Além disso, foram realizados estudos de casos em três hospitais situados na cidade de Belo Horizonte/MG, denominados neste artigo de A, B e C. O presente trabalho encontra-se dividido em 5 seções, incluindo esta introdução. Em seguida, na seção 2, apresenta-se o referencial teórico. Na seção 3, é descrita a metodologia de pesquisa. Os estudos de casos e suas respectivas análises são apresentados na seção 4. Finalmente, na seção 5, encontram-se as considerações finais deste estudo. 2.Referencial teórico 2.1 Processos operacionais em hospitais Segundo Fernandes (1971), um hospital pode apresentar diversas classificações. Um hospital especializado é uma organização destinada a internar pacientes, predominantemente de uma especialidade, como, por exemplo, o hospital de ortopedia. Por sua vez, hospital geral destina-se a várias especialidades, podendo ter sua ação limitada a pacientes de um grupo etário (por exemplo, hospital infantil), à determinada comunidade (por exemplo, hospital militar) ou a uma finalidade específica (por exemplo, hospital de ensino). As organizações hospitalares podem ainda ter finalidade lucrativa, com o intuito de auferir proventos, distribuir dividendos ou pagar juros (por exemplo, hospital privado ou particular). Há também a finalidade não lucrativa, em que a organização não visa a distribuição de dividendos ou o pagamento de juros, e utiliza-se de eventuais saldos para fins patrimoniais ou beneficentes, tal como os hospitais públicos e os filantrópicos. Em relação à essa última classificação, segundo Maia (2004), a participação de organizações do setor privado e público no financiamento e prestação de serviços médicos- hospitalares caracteriza o sistema de saúde brasileiro como misto. Atualmente, o setor de saúde suplementar no Brasil apresenta a função essencial de manutenção da saúde e do bem- estar da população. Essa função, que deveria ser realizada por um sistema público, deve-se à insuficiência dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Miguel e Silva (2005), o SUS não atende suficientemente às demandas da população e, dessa forma, tanto as organizações de saúde como a população buscam, por meio do sistema suplementar, preencher a lacuna suscitada pela ineficiência desse sistema público. Além disso, de acordo com Campos (2004), os hospitais dependem cada vez mais das operadoras de planos de saúde. Esse contexto deve-se, principalmente, (i) ao aumento de pacientes usuários de planos de saúde, (ii) à progressiva escassez de pacientes privados e (iii) à crescente deterioração do relacionamento com a área pública. Esse último fator, por sua vez, decorre da defasagem acentuada e do aumento de preços, caracterizados por tetos físicos e financeiros incompatíveis com a demanda de materiais e com o volume dos serviços prestados. Cumpre salientar que, no sistema de parceria entre hospitais e operadoreas de 2
  • 3. saúde, o hospital encaminha os relatórios com a lista de procedimentos para a operadora, que remunera os procedimentos e as consultas, e define o credenciamento da rede. O principal processo realizado em uma organização hospitalar está relacionado à sua atividade-fim, qual seja, a assistência aos pacientes. As atividades médicas clínicas e/ou cirúrgicas e de enfermagem são exemplos dessa atividade-fim, e são consideradas como processos-chave. Outros procedimentos de um hospital são os processos de apoio e de planejamento e controle. Especificamente, para Yamamoto (2004, p. 435), os processos de apoio vinculam-se às outras partes interessadas da organização, tais como: funcionários, proprietários, governo, fornecedores, terceirizados, comunidade, sindicatos, órgãos de classe etc. Devido à complexidade das atividades hospitalares, e a fim de melhor exemplificar os processos mencionados, apresenta-se, na Figura 1, um organograma geral da hierarquia de uma organização hospitalar. FIGURA 1: Hierarquia de uma organização hospitalar. Fonte: Adaptado de Malagón-Londoño et al. (2003). Pela análise da hierarquia de um hospital, observa-se que, no primeiro nível, encontra- se a alta direção, que se divide em dois blocos: um deles ligado diretamente à atenção em saúde, e o outro ligado à administração. A atenção em saúde subdivide-se em: atenção em saúde, serviços de apoio técnico e serviços de apoio. A administração, por sua vez, subdivide- se em departamento financeiro e recursos humanos. O faturamento, ligado ao departamento financeiro, apresenta-se como o ponto final do fluxo de informações para o fechamento da conta (ou fatura) a ser quitada pela prestação de um serviço médico-hospitalar. 3
  • 4. 2.2 Fluxo de informações e sistemas de informação hospitalar Considerando-se um hospital como um conjunto de pessoas, recursos físicos, recursos financeiros e normas para o desenvolvimento das atividades hospitalares, é necessário ponderar o grande volume de dados gerados pelos sistemas internos. Tais dados são parte fundamental do sistema de informação e da própria organização, pois são utilizados como suporte ao processo de tomada de decisão e como apoio à gestão. É importante estabelecer os mecanismos necessários para se garantir o registro, a transmissão e a avaliação dos dados obtidos, facilitando seu processamento e sua posterior transformação em informações úteis para a dinâmica da instituição (MALAGÓN-LONDOÑO et al., 2003). Segundo Maudoneet et al. (1988), as informações coletadas e processadas no hospital são variadas, mas podem ser classificadas em dois tipos: (1) informações contábeis e financeiras e (2) informações sobre atividades. As informações contábeis e financeiras, que representam importância fundamental para a gestão do hospital, baseiam-se nos dados levantados, consolidados e centralizados pelo Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME) e em informações transmitidas pelos diversos serviços (folha de pagamento, compras, despesas com limpeza e manutenção, etc.). Com base na “tradução” dessas informações em valores monetários, torna-se possível aos funcionários da contabilidade realizarem o cálculo do custo dos serviços de atendimento prestados aos pacientes. Posteriormente, o setor Faturamento pode então providenciar o pagamento ou o reembolso por meio de recursos provenientes do SUS e/ou operadoras de planos de saúde. Em relação ao segundo tipo de informações, destaca-se que as mesmas são expressas em indicadores, e possibilitam a “tradução” da produção de serviços hospitalares em quantidades não monetárias. Dessa forma, é possível mensurar o produto hospitalar pelo número de atos médicos e técnicos realizados sobre o paciente, sendo os mais comuns: número de dias de internação, número de admissões, tempo médio de permanência e número de atos médicos ou técnicos. Entretanto, para a consolidação e o controle das informações hospitalres, descata-se que os Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs) não são freqüentemente utilizados pelos gestores de hospitais brasileiros. As informações apresetadas de forma sistematizada quase sempre revelam os indicadores clássicos de “movimento hospitalar”, mas muitas vezes não são padronizadas entre hospitais do mesmo município ou de mesmo porte. Segundo Castelar et al. (1995), em alguns casos, existe um sistema de informações implantado na organização, porém, este é pouco valorizado e insuficientemente utilizado pelos gestores. Ressalta-se que, geralmente, a principal preocupação dos dirigentes de hospitais, que dependem do financiamento público, é utilizar as informações das guias e dos relatórios para realizar a cobrança ao financiador. Entretanto, um ponto de fundamental importância é o fato de que, se a informação obtida não for discutida ou analisada criticamente, a mesma pode se tornar uma informação inútil. Essa discussão e análise crítica devem ser realizadas por funcionários de todos os setores, buscando sempre interpretar os números apresentados nos relatórios, dando-lhes significado frente à necessidade de maior eficiência e melhor qualidade dos serviços prestados pelos hospitais. Nesse sentido, observa-se que, quando os dados e informações não são tratados com a mesma relevância pelos diversos funcionários de uma organização hospitalar, freqüentemente ocorrem “problemas no registro, na coleta e no processamento dos dados, além de deficiências em sua cobertura, integridade, veracidade e consistência e a falta de oportunidade para seu processamento” (MALAGÓN-LONDOÑO et al., 2003, p. 375). Todos esses fatores podem contribuir para a pouca confiabilidade das informações. 4
  • 5. Ressalta-se, portanto, a necessidade de se utilizar um sistema de informação que produza informações acuradas, compreensíveis, relevantes, confiáveis e úteis, que subsidiem o processo de tomada de decisões nas organizações hospitalares (MALAGÓN-LONDOÑO et al., 2003). Cumpre salientar que, para ser completo, o sistema de informações deve também considerar e organizar fluxos transversais de informações. No hospital, um exemplo seria a marcação de consultas junto aos serviços médico-técnicos (radiologia, endoscopia, consultas especializadas etc.) tendo a finalidade de reduzir prazos, suprimir filas de espera e dispor de resultados consistentes no momento oportuno. A marcação de consultas poderia, além disso, possibilitar o tratamento prioritário dos casos mais urgentes (CASTELAR et al., 1995). O fluxo de dados e informações entre os mais diversos setores de um hospital ocorre de forma dinâmica. No que se refere à elaboração da conta hospitalar, há dependência de diversos setores do Hospital. Como é possível observar no fluxo geral de informações, apresentado na Figura 2, o setor de serviços de apoio, por exemplo, disponibiliza dados para os setores de atendimento direto aos pacientes. Esses, por sua vez, geram informações que serão repassadas aos serviços de conferência e auditoria. Por fim, o Faturamento elabora a conta hospitalar e efetua a cobrança dos Financiadores. De forma detalhada, as etapas representadas por setas na Figura 2 são descritas no Quadro 1. Setores de Serviços de Financiadores Serviços de Apoio 1 Atendimento Direto 2 Conferência e 3 Faturamento 4 (Convênios, SUS aos Pacientes Auditoria e Particulares) 8 7 6 5 FIGURA 2: Fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar. Fonte: Elaborado pelos autores. Etapa Descrição do fluxo de informações entre os setores hospitalares Os setores de apoio são responsáveis pela prestação de serviços internos como higienização, manutenção, lavanderia, fornecimento de alimentos, materiais médicos, medicamentos e equipamentos. Em geral, alguns desses setores não registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na conta 1 hospitalar de cada paciente (composta por registros de diversos setores). Nesses casos, a cobrança se dá por taxas que são anexadas ao final pelo Faturamento. Outros setores de apoio, como Almoxarifado e Farmácia, têm sua cobrança realizada de forma direta, por meio de relatórios de dispensação, nos quais são discriminados os materiais médicos e medicamentos utilizados. Os setores de atendimento direto são responsáveis pelos registros relacionados à assistência realizada. Desse modo, esses setores geram os prontuários (pastas individuais), ou preenchem parte desses. No momento em que se encerra a 2 assistência ao paciente, esse prontuário deve ser encaminhado ao Faturamento. Entretanto, em alguns hospitais, o prontuário pode passar por uma pré-auditoria no próprio setor, ou ser encaminhado para outro designado à conferência detalhada dos registros. Nos casos em que existem os serviços de conferência e auditoria, após essa etapa, o prontuário é encaminhado ao Faturamento. Nesse setor, realiza-se o fechamento 3 da conta, reunindo os registros, anexando valores e apresentando, ao final, as taxas dos setores de apoio. QUADRO 1: Descrição das etapas do fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar. Fonte: Elaborado pelos autores. 5
  • 6. Após o fechamento da conta, essa é encaminhada aos financiadores para 4 cobrança. A conta será submetida à auditoria externa dos convênios e/ou do SUS. Para pacientes particulares, a cobrança geralmente é realizada pela Tesouraria. Se após a auditoria externa dos financiadores, a conta tiver glosas, essa será devolvida ao Faturamento para a correção dos erros. O Faturamento deverá 5 reapresentar a conta aos convênios e/ou ao SUS, para que o pagamento seja efetivado. O Faturamento pode encaminhar os prontuários com erros a serem corrigidos aos 6 setores que prestaram atendimento direto aos pacientes ou requisitar esclarecimento da pré-auditoria. Os setores de conferência e auditoria também podem requisitar esclarecimentos 7 caso sejam detectados erros cometidos pelos setores de atendimento direto no momento do registro de dados no prontuário. Os setores de apoio, por sua vez, estão sujeitos a cobranças de esclarecimentos 8 sobre os serviços prestados e os materiais fornecidos. Continuação do QUADRO 1: Descrição das etapas do fluxo geral das informações referentes à conta hospitalar. Fonte: Elaborado pelos autores. 3. Metodologia de pesquisa No presente trabalho, adotou-se o estudo de caso como método de pesquisa. De acordo com Yin (2005), o estudo de caso contribui para a compreensão de fenômenos organizacionais complexos, por meio de uma investigação ex post facto das atividades do mundo real. O estudo de caso é o método de pesquisa mais recomendado em ciências sociais aplicadas quando se deseja fazer um estudo em profundidade sobre determinado evento. A pesquisa qualitativa, de acordo com Denzin e Lincoln (2005), enfatiza a verificação de teorias já existentes, com a vantagem de poder investigar com profundidade o evento por meio de entrevistas e observações in loco, e identificar variáveis que se complementam, confirmam ou contrastam. Desse modo, esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, tendo o estudo de caso como estratégia de pesquisa. Os estudos de casos foram realizados em três hospitais, situados na cidade de Belo Horizonte/MG, denominados de Hospital A, B e C. Selecionou-se como foco central o setor Faturamento desses hospitais e, a partir desse, os setores operacionais e de apoio, tais como: Farmácia, Almoxarifado, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Central de Material Esterilizado (CME), Unidades de internação, Serviço de apoio ao diagnóstico e terapêutica (SADT), Higienização, Manutenção, Lavanderia, Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), entre outros. A fim de verificar a interação entre o setor Faturamento e os demais, realizou-se uma análise dos fluxos de informações internas dos hospitais estudados. Procurou-se observar quais os sistemas utilizados e quais informações encontram-se acessíveis, e identificar qual o fluxo do processo de faturamento das contas de cada um desses hospitais. Os dados primários foram obtidos a partir de visitas in loco, realizadas no primeiro semestre de 2008. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: pesquisa bibliográfica em livros, artigos, dissertações, teses e materiais disponíveis em sítios; observação direta não- participante, entrevistas e consulta a arquivos e documentos. As entrevistas foram a principal fonte de dados para a realização desta pesquisa, complementada pelas demais técnicas de coleta de dados. Destaca-se que a entrevista, de acordo com Flick (2004), apresenta a vantagem de o entrevistado expor sua opinião, entendimento e descrever os eventos que 6
  • 7. acontecem sobre determinado objeto em estudo pelo pesquisador. Além disso, como sugerido por Yin (2005), foi utilizado o protocolo de pesquisa, que tem a finalidade de conduzir a coleta de dados e principalmente registrar as anotações de campo ao final de cada visita. O autor destaca também que esse protocolo é útil e importante para conduzir e aumentar a confiabilidade do estudo de caso. 4. Resultados da pesquisa 4.1 Hospital A O Hospital A é uma organização particular de grande porte. O setor Faturamento desse hospital apresenta, no quadro de funcionários, 11 profissionais, dos quais 3 são faturistas. Destaca-se que há um faturista designado para cobrir duas unidades, do quarto e do quinto andar, um específico para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e outro para neonatal. O restante dos funcionários permanece no setor Faturamento, com a função de digitação dos dados recebidos. A função exercida por esse setor é a de conferência e emissão de faturas de todo o processo logístico de contas e lançamentos, desde a entrada do paciente no hospital até sua alta. Destaca-se que, em relação a liberação do paciente, pode haver a “alta administrativa”, processada pelo Faturamento quando o paciente permanece no hospital por um longo período, sendo necessário o fracionamento do lançamento das contas em determinados intervalos de tempo. Na maior parte dos convênios para os quais o Hospital A presta serviços, o fechamento administrativo é feito a cada 15 dias. Apenas para um dos convênios, o fechamento ocorre a cada 30 dias. Dessa forma, o setor Faturamento processa as contas e estabelece a relação entre o hospital, o SUS e os 98 planos de saúde conveniados, para que esses possam efetuar os reembolsos. Apenas nos casos particulares, a conta é de responsabilidade da Tesouraria, em que a participação do Faturamento ocorre somente na digitação dos dados pelo faturista no local onde o paciente está. O setor Faturamento também é responsável por grande parte das questões relacionadas à auditoria interna no Hospital A, uma vez que fiscaliza os serviços prestados pelos demais setores e audita os prontuários. O setor Auditoria, por sua vez, é designado a auditar as glosas feitas pelos convênios. O prontuário do paciente é composto pelos documentos recebidos no setor Faturamento, quais sejam: ficha de internação; termo de admissão; evolução clínica; evolução da enfermagem; além de todas as guias, todos os pedidos e todos os exames. Além disso, há o laudo técnico que valida os procedimentos. O recebimento das contas se concentra onde o paciente estiver. O hospital dispõe de faturistas no andar, nas unidades e UTI’s, os quais recebem e verificam as contas, e elaboram o prontuário, para depois o encaminharem ao Faturamento. O Hospital trabalha com arquivos eletrônicos, desse modo, o Faturamento processa todas as contas e verifica se existe algum tipo de erro antes de enviá-las para os convênios. As contas e demais dados são lançadas diariamente no sistema pelos faturistas. Entretanto, nos setores Fisioterapia e Laboratório, que são terceirizados, os próprios funcionários digitam e encaminham o documento ao Faturamento. No Hospital A, os setores que mais se relacionam ao Faturamento são SAC, Farmácia e Enfermagem. O SAC gera as fichas de atendimento e faz a autorização dos procedimentos, a Farmácia dispensa os produtos registrados na conta do paciente e a Enfermagem faz a administração e checagem da conta e materiais. Desse modo, o funcionário da Enfermagem anota os dados no prontuário, que, depois da alta do paciente, é encaminhado ao faturista, que faz a checagem da evolução do paciente. O Faturamento exerce a conferência a partir da confrontação dos dados em papéis e os dados disponibilizados no sistema online utilizado pelo Hospital A. 7
  • 8. A auditoria realizada pelos convênios no Hospital A é feita por arquivo eletrônico e pela auditoria in loco. Pelo arquivo eletrônico, as faturas são enviadas para os convênios para conferência, sendo devolvidas com as considerações cabíveis. Pela auditoria in loco, faz-se uma conferência das faturas dentro do próprio hospital. Os convênios geralmente utilizam as duas formas de auditagem, sendo que a auditoria in loco viabiliza a checagem qualitativa das atividades e, a partir do arquivo eletrônico, realiza-se a checagem quantitativa. O Faturamento do Hospital A não trabalha com cronograma de serviços, sendo que o critério utilizado é a demanda, obedecendo-se ao prazo de entrega de cada convênio. Dessa maneira, o setor Faturamento consegue faturar, em média, 92% das contas no próprio mês. Na Figura 1, é apresentado o fluxo de informações necessárias para a elaboração da conta hospitalar do Hospital A. Inicialmente, representa-se o suporte dos setores de apoio aos setores de atendimento direto aos pacientes. Com as informações fornecidas por esses setores, os faturistas alocados em cada unidade encaminham os prontuários para o setor Faturamento, no caso de procedimentos financiados por convênios ou SUS, ou para a Tesouraria, nos casos particulares. FIGURA 1: Fluxo de informações no Hospital A. Fonte: Elaborado pelos autores. 4.2 Hospital B O Hospital B é um hospital-maternidade privado, de médio porte e de natureza filantrópica. O faturamento do hospital é de 97% a 98% proveniente de pagamentos feitos pelo SUS. Os 2% a 3% restantes são de atendimento particular, decorrentes da realização de alguns procedimentos cirúrgicos mais simples. O hospital possui Unidade de Internação (UI), Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Pronto Atendimento (PA), Hospital-dia, Ambulatório, Bloco Cirúrgico (BC) e Obstétrico (BO), Casa de Parto e SADT. Esses setores geram informações que são registradas nos prontuários dos pacientes, referentes à assistência prestada durante a permanência dos mesmos. Nos prontuários de cada paciente são registradas informações sobre a assistência oferecida, sua evolução médica e de enfermagem, as prescrições médicas, os cuidados que a enfermagem realiza e os materiais necessários para a assistência em geral. As folhas de sala provenientes do BC e do BO e Casa de Parto, onde são registrados os procedimentos, medicamentos e materiais utilizados, são anexadas ao prontuário do paciente. Por meio do prontuário, obtém-se as informações necessárias para se elaborar a conta hospitalar dos pacientes. Os setores de apoio, como o SND, CME, Higienização, Manutenção e Lavanderia não registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na conta hospitalar. A cobrança dessa prestação é realizada na forma de taxas que são anexadas pelo Faturamento ao final da assistência. Os relatórios de dispensação gerados pela Farmácia, em que são registrados materiais e medicamentos utilizados, também fazem parte do prontuário. Apesar de ser realizado esse registro, tal procedimento não é controlado de forma detalhada. Observa- se a dificuldade em se efetuar a cobrança de tudo o que é gasto, dado que o hospital recebe do 8
  • 9. SUS por diagnóstico. Dessa forma, caso haja gastos adicionais de materiais ou mais procedimentos realizados em uma assistência do que em outra, o SUS paga o mesmo valor pelo diagnóstico dessas. Sendo assim, após o encerramento da assistência ao paciente no setor, seja devido à alta hospitalar ou transferência, o prontuário é reunido para ser encaminhado ao Faturamento. Esse setor, por sua vez, finaliza a elaboração da conta hospitalar, reúne os registros, anexa valores, relaciona as taxas dos setores de apoio e, assim, encaminha ao SUS o relatório final, para que este efetue o pagamento. Em caso de erro no relatório, esse é glosado e devolvido pelo SUS ao Faturamento. Posteriormente, realiza-se a correção e a conta é apresentada novamente ao SUS no mês seguinte para que seja efetuado o pagamento. Atualmente, o índice de glosas no Hospital B é significativamente pequeno, próximo de zero . No caso dos poucos clientes “particulares”, a conta é encaminhada à Recepção, que efetua a cobrança diretamente ao paciente. Na Figura 2, é demonstrado o fluxo de informações necessárias para a elaboração da conta hospitalar do Hospital B. Esse fluxo origina-se de informações provenientes dos setores de apoio e pelos setores que prestam serviço direto aos pacientes. Essas informações são transmitidas por meio de prontuários e documentos para o setor Faturamento, que emite as faturas dos procedimentos financiados pelo SUS e, nos casos particulares, envia para a Recepção realizar a cobrança. FIGURA 2: Fluxo de informações no Hospital B. Fonte: elaborado pelos autores. 4.3 Hospital C O Hospital C é uma organização privada de natureza filantrópica e de grande porte (excetua-se o atendimento de maternidade e pediatria). Nesse hospital, são atendidos pacientes encaminhados pelo SUS, por diversos convênios e, também, clientes particulares. Os setores que geram os prontuários dos pacientes, como UI, CTI, PA, Ambulatório, ou parte dos prontuários, como BC e SADT, são responsáveis pelos registros relacionados à assistência prestada durante a permanência do paciente. Os pacientes que passam por esses setores possuem prontuários, em que são reunidos os seguintes registros de assistência: (i) evolução médica - a equipe médica registra as avaliações do paciente e as condutas do tratamento; (ii) evolução de enfermagem - a equipe de enfermagem registra a assistência prestada 24 horas; (iii) prescrição médica - a equipe médica registra os medicamentos e condutas prescritos para cada paciente, geralmente, uma vez ao dia; (iv) prescrição de enfermagem - o enfermeiro responsável pelo paciente registra a prescrição de cuidados a serem realizados e de materiais necessários para o atendimento em geral; e (v) folhas de sala - utilizadas no BC e para outros procedimentos médicos ou de enfermagem, em que constam os materiais, medicamentos e serviços utilizados na assistência peri-cirúrgica. Os setores de apoio do Hospital C, como CME, SND, Higienização, Manutenção e Hotelaria não registram diretamente informações referentes à sua prestação de serviço na 9
  • 10. conta hospitalar. A cobrança dessa prestação é realizada por taxas que são relacionadas ao final da assistência. Alguns exemplos dessa cobrança são taxa de curativo (cobrada quando se utiliza material da CME), taxa de oxigênio (cobrada, por hora, quando o paciente recebe terapia por oxigênio suplementar), e a diária hospitalar (que inclui os serviços de alimentação e hotelaria, dentre outros). Os relatórios de dispensação, em que são registrados os materiais e medicamentos utilizados na assistência ao paciente (e provenientes da Farmácia e do Almoxarifado), são gerados nos setores que elaboram os prontuários. A equipe de enfermagem, no momento em que “checa a prescrição” (o ato de confirmar a administração de medicamento ou cuidado, por meio de marcação e assinatura), gera um registro eletrônico do material e do medicamento utilizado. Esse registro é impresso e anexado às prescrições. Após o encerramento da assistência ao paciente no setor, seja devido à alta hospitalar ou transferência, o prontuário é reunido para ser encaminhado ao Faturamento. Antes disso, no entanto, o prontuário passa pela pré-auditoria, realizada pelo próprio setor e é executada por um técnico de enfermagem designado especificamente para essa função. Nesse momento, são conferidos os registros componentes do prontuário e, em caso de não-conformidades, busca-se a correção ou complementação do registro. Essa auditoria também acontece no caso de “altas administrativas”, que ocorrem a cada 15 dias. Com o prontuário completo e conferido, um funcionário administrativo encaminha, mediante protocolo, os documentos para a denominada Central de Prontuários, que irá reuni-los e distribuí-los nos diferentes sub- setores do Faturamento, que é dividido de acordo com os convênios dos pacientes. O Faturamento faz o fechamento da conta hospitalar, reunindo todos os registros, anexando valores e relacionando, ao final, as taxas dos setores de apoio. Após a auditoria externa dos convênios de saúde e do SUS e emissão do parecer, com glosas ou não, a conta é devolvida para o Faturamento, que posteriormente as encaminha aos convênios e ao SUS, para que os mesmos efetivem os pagamentos. Assim, no caso de clientes particulares, a auditoria não ocorre, e a conta é encaminhada diretamente à Tesouraria, que efetua a cobrança do paciente. Na Figura 3, apresenta-se o fluxo de informações utilizadas para a elaboração da conta hospitalar do Hospital C. Convênios e SUS Bloco Cirúrgico CME, SND, Auditoria Farmácia, CTI / Unidade externa Almoxarifado de Internação Central de Faturamento Prontuários PA / Higienização, Ambulatório Tesouraria manutenção, lavanderia SADT Clientes particulares FIGURA 3: Fluxo de informações no Hospital C. Fonte: elaborado pelos autores. Nesse fluxo, primeiramente, os setores de apoio geram informações do serviço prestado aos setores de prestação de atendimento direto, que, após a alta de cada paciente, encaminha prontuário para a Central de Prontuários. Esse setor separa os prontuários por fonte de pagamento e os encaminha para o Faturamento que, após uma auditoria externa, emite as faturas para os convênios e para o SUS. As contas de pacientes particulares são enviandas para a Tesouraria . 4.4 Análise comparativa entre os hospitais estudados A partir da análise dos resultados, percebe-se que o fluxo da informação das atividades nos Hospitais A, B e C, de maneira geral, é semelhante. No entanto, pode-se perceber 10
  • 11. algumas diferenças entre cada um dos sistemas de Faturamento dos Hospitais. Devido às especificidades de cada hospital, a transmissão das informações das demais unidades para o setor Faturamento possue algumas diferenças significativas. Nesse sentido, destaca-se que o Hospital B presta serviços essencialmente ao SUS, sendo poucos os casos de pacientes particulares. Além disso não há relação com operadoras de plano de saúde. Por outro lado, os Hospitais A e C atendem pacientes do SUS, de convênios e particulares. Em comparação aos Hospitais A e C, o Hospital B possui menor controle dos materiais e dos medicamentos utilizados nos procedimentos que realiza. Destaca-se que isso decorre do fato de que o SUS faz o pagamento de acordo com o procedimento realizado, e não considera diferença no gastos por procedimento. Já nos hospitais que atendem pacientes de convênios, há a necessidade de um maior controle dos procedimentos, como nos casos dos Hospitais A e C. Assim, observa-se que esses hospitais têm um fluxo de informação mais complexo do que o Hospital B, dado o maior controle dos registros dos procedimentos. Além disso, há no Hospitais A e C uma estrutura diferente de processamento da informação que chega ao setor Faturamento. Destaca-se que o Hospital A trabalha com faturistas localizados em diversas unidades, responsáveis por registrar e por recolher os documentos produzidos em cada setor que fazem parte do prontuário e, posteriormente, encaminhá-los ao setor Faturamento. O Hospital C, por sua vez, não trabalha com faturistas presentes nas unidades e o Faturamento é separado por sub-setores. Após o encerramento do atendimento ao paciente no Hospital C, o prontuário passa por uma pré-auditoria dentro do próprio setor e é enviado para a Central de Prontuários. Essa central, que não existe nos demais hospitais estudados, faz o controle dos prontuários, separando-os por convênios, SUS ou particulares, para que sejam enviados separadamente ao Faturamento ou à Tesouraria. Finalmente, destaca-se que outra diferença entre o Hospital B e os Hospitais A e C é a cobrança dos pacientes particulares. O Hospital B, por atender esporadicamente casos particulares, efetua a cobrança pelo próprio setor Recepção, enquanto os Hospitais A e C utilizam o setor Tesouraria especificamente para essa função de cobrança. 5. Considerações Finais O hospital apresenta-se como uma peça importante em uma organização social, uma vez que é responsável por prestar à população um serviço de saúde eficiente e eficaz, tanto de tratamento como de prevenção à doenças. Nesse sentido, devido ao grau de complexidade do atendimento nessas organizações, bem como à dificuldade de interação entre profissionais especializados em diversas funções, é necessário que haja um controle da transmissão das informações entre os diversos setores de uma organização hospitalar. Dados contábeis e financeiros e sobre as atividades rotineiras de hospitais representam importância fundamental na transmissão e na manutenção de informação para os gestores dessas organizações. A partir desses dados, viabiliza-se, por exemplo, o cálculo do custo dos serviços prestados e pode-se, além disso, mensurar o produto hospitalar. Desse modo, é necessário buscar soluções para problemas que podem influenciar de forma negativa a confiabilidade das informações suscitada, tais como: (i) problemas de registro, coleta e processamento de dados; (ii) deficiências na cobertura, integridade, veracidade e consistência de dados; e (iii) escassez de possibilidades de processamento de dados. Nesse contexto, os resultados desta pesquisa possibilitam concluir que, apesar de os hospitais estudados registrarem os serviços prestados de forma similar, ou seja, emitirem as faturas a partir de prontuários, cada um apresenta singularidades na estruturação desse processo. Isso ocorre devido às especificidades de cada hospital, tais como fonte de financiamento e porte da organização. Dessa forma, o objetivo principal desta pesquisa, que foi descrever e analisar os fluxos de informação de organizações hospitalares, especificamente 11
  • 12. do setor de Faturamento, foi alcançado. Embora seja um estudo inicial, conclui-se que a análise qualitativa apresentada nesta pesquisa pode ser utilizada como parâmetro por outras organizações hospitalares, principalmente para o setor Faturamento. A descrição do processo de transmissão de informações dentro dessas organizações facilita o gerenciamento da grande quantidade de dados que são gerados rotineiramente, o que dinamiza as atividades e os processos organizacionais. A partir de informações acuradas, aprimora-se o processo de tomada de decisões dos gestores, que passa a se expor a um menor número de erros. Além disso, facilita-se uma futura implantação de um SIG nos hospitais estudados. Por fim, destaca-se que uma limitação deste trabalho foi o fato de abranger apenas alguns setores, dando destaque ao Faturamento. Essa limitação ocorreu devido à complexidade do fluxo de informações hospitalares. Além disso, a carência de estudos similares ao presente prejudicou o embasamento teórico sobre fluxo de informações, especificamente sobre as informações necessárias para a elaboração da conta hospitalar pelo setor Faturamento. Para pesquisas futuras, sugere-se a análise de outros setores, o que pode contribuir para que, no longo prazo, o fluxo de informação hospitalar seja analisado de forma unificada, contemplando todos os setores dos hospitais. Referências BORBA, V. R.; LISBOA, T. C. Teoria geral de administração hospitalar: estruturação e evolução do processo de gestão hospitalar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. CAMPOS, C. C. Um estudo das relações entre operadoras de plano de assistência à saúde e prestadoras de serviço. Dissertação (Mestrado em Engenharia – modalidade Profissionalizante). Escola de Engenharia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. CASTELAR, R. M. et al. Gestão hospitalar: um desafio para o hospital brasileiro. Éditions ENSP: França, 1995. COUTO, R. C.; PEDROSA, T. M. G. Hospital: gestão operacional e Sistemas de Garantia de Qualidade. Minas Gerais: Medsi, 2003. DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. O. The Sage handbook of qualitative research. 3. ed. London: Sage Publications, 2005. FERNANDES, L. O. Contabilidade hospitalar: custos e seus problemas. Ed. LN Padronizados Hospitalares Ltda.: São Paulo, 1971. FLICK, U. Uma introdução a pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004. MAIA, A. C. Seleção adversa e risco moral no sistema de saúde brasileiro. 2004. Dissertação (Mestrado em Economia). Faculdade de Ciências Econômicas, UFMG, Belo Horizonte: 2004. MALAGÓN-LONDOÑO, G et al. Administração Hospitalar. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. MAUDONNET, R. B. et al. Administração Hospitalar. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1988. MIGUEL, D. B. T.; SILVA, D. C. Os procedimentos de auditoria adotados pelas operadoras de planos de saúde sobre as contas hospitalares. Monografia (Especialização em Auditoria Externa). Departamento de Ciências Contábeis - Faculdade de Ciências Econômicas, UFMG. Belo Horizonte, 2005. PLETSCH, E. O fluxo de Informações como Apoio à Tomada de Decisão: O caso da Central de Atendimento da Telet S.A. Dissertação (Mestrado em Administração – modalidade profissionalizante). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003 TURBAN, E. et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003. YAMAMOTO, E. Gestão de processos de apoio. In: SCARPI, M. J. (org). Gestão de clínicas médicas. São Paulo: Futura, 2004. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 12