1. Ameaças à Fitossanidade do
Agronegócio Mineiro
Regina Sugayama
Agropec Consultoria
Seminário: Mitigação do risco do uso de Agrotóxicos emMinas
Gerais, Embrapa Milho e Sorgo, 29 de maio de 2015
2. Conteúdo
• Revisão de conceitos
(praga, agrotóxico,
invasão biológica,
ARP)
• Ameaças à
sustentabilidade do
agronegócio
• Cross Crop Pests
• Considerações finais
3. Agrotóxicos (Lei 7802/1989)
“Os produtos e os agentes de processos físicos,
químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores
de produção, no armazenamento e beneficiamento de
produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou implantadas, e de outros
ecossistemas e também de ambientes urbanos,
hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las
da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”
4. Praga (NIMF 5)
“Qualquer espécie, raça ou biotipo vegetal ou animal
ou agente patogênico daninho para as plantas ou aos
produtos vegetais”
8. Ambiente favorável ao estabelecimento:
• Disponibilidade de recursos
• Condições abióticas favoráveis
• Ausência de competidores, predadores, parasitas
• Previsibilidade de recursos
• Agroecossistemas: altamente favoráveis ao estabelecimento de
espécies exóticas
• Previsibilidade
• Abundância
• Baixa diversidade
9. Características que favorecem estabelecimento:
• Número de indivíduos entrantes
• Associação com atividades humanas
• Alta taxa de dispersão, estratégias eficientes
• Alta fecundidade
• Alta taxa de crescimento populacional
• Tolerância a condições físicas diversas/extremas
• Maturidade sexual precoce
• Reprodução assexual (partenogênese)
• Alta variabilidade genética
• Polifagia
10. Período de latência
Populações baixas/ indetectáveis em seus novos habitats
por anos/décadas até que ocorram explosões populacionais
ou expansão geográfica
Duração do período de latência depende de:
– fatores bióticos e abióticos – mudanças no ambiente
tornando-o mais favorável
– adaptação genética
– habilidade de detecção ou reconhecimento
11. Regra das Dezenas (Williamson & Brown)
Estima-se que de 5 a 20% das espécies exóticas
introduzidas tornam-se invasoras (EUA).
12. Método de
Controle
Efeitos Indiretos Efeitos em cadeia
Produtos
Químicos
Controle
Biológico
Feromônios
Polinizadores
Herbívoros e
pragas não-alvo
Predadores e
parasitoides
Detritívoros e
compositores
Plantas nativas
Organismos
aquáticos
Polinizadores
Herbívoros e
pragas não-alvo
Predadores e
parasitoides
Detritívoros e
compositores
Plantas nativas
Organismos
aquáticos
Intoxicação
Predação/ parasitismo
Comportamental
Tipo de Interação:
Competição
Polinização
Recurso alimentar
Fonte: Paula et al., no prelo
13. Suspensão
de produtos
Lentidão no
registro de
novos produtos
Leque reduzido
de ferramentas
para MIP e manejo
de resistência
SUSTENTABILIDADE?
Maior trânsito de
pessoas
e mercadorias
Introdução de pragas
Agrícola,
Cross Crop Pests
Novas fronteiras
Agrícolas, Mudanças
na Paisagem Agrícola
Disseminação
facilitada
Ameaças à Sustentabilidade do Agronegócio
14. Portanto:
Se o objetivo é reduzir o uso de agrotóxicos, qual a
melhor estratégia a seguir?
O que o Brasil está fazendo para tanto?
- Vigilância
- Controle de trânsito
- Análise de Risco de Pragas
15. Análise de Risco de Pragas (ARP)
Exportador Importador
Medidas
Fitossanitárias
Exportador Importador
Sem ARP
Com ARP
16. Praga ocorre no país de
origem associada ao
produto vegetal objeto da
ARP?
Espécie não é passível de
regulamentação
Há relato de ocorrência da
praga no país de destino
do produto?
Sim
Não
Sim
Alguma fase do ciclo de vida da
praga passível de ser introduzido
com a parte da planta que será
importada?
Não
Praga tem distribuição
restrita e está sob controle
oficial?
Não
Sim
Espécie de potencial
relevância quarentenária
(passa à Fase 2)
Sim
Não
17. Distribuição geográfica atual
Distribuição geográfica potencial
na área da ARP
Círculo de hospedeiros
(primários, secundários)
Potencial de dano econômico
Círculo de hospedeiros silvestres Potencial de estabelecimento
Morfologia de todas as fases do
ciclo de vida
Probabilidade de associação
com a via de ingresso
Bioecologia
Uso proposto da commodity
19. VOCÊ TEM CERTEZA
DE QUE ESTAMOS
NO VOO CERTO?
SIM!!!
Apesar de todas as
políticas para evitar a
entrada de pragas,
elas continuam
entrando...
- Dispersão ativa
- Dispersão passiva:
facilitação pelo ser
humano ou outro
agente
24. Entrada de pragas no Brasil
• > 65% das espécies tiveram entrada facilitada pelo
ser humano (Lopes da Silva et al., 2014)
• 154 espécies das 202 espécies que entraram no
Brasil de 1890 a 2014 estão relatadas em pelo
menos um outro país da América do Sul (Sugayama
et al., 2015)
28. • Novos registros de ocorrência
• Novas associações com hospedeiros
• Novas associações com inimigos naturais
• PQPs, PQAs, NRs
• Sistematização de dados
• Levantamento de informações
complementares
Base de acesso público
(Distribuição)
Base de acesso privado
(+status, referências)
29.
30.
31.
32. Base de acesso público (Distribuição) – www.bit.do/pragassemfronteiras
33. Base de acesso público (Distribuição) – www.bit.do/pragassemfronteiras
35. Tentando adivinhar o futuro:
- Lacunas na legislação
- Entrada de pragas pela América do Sul
- Cross Crop Pests
- Importação sem ARP (Art. 5º da IN 6/2005)
- Pragas em embalagens de madeiras
36. Códigos dos hospedeiros considerados
So = Soja
Fe = Feijão
Al = Algodão
Mi = Milho
Sr = Sorgo
Tr = Trigo
Ce = Cevada
Ar = Arroz
37. Pragas regulamentadas pelo
Brasil e que atacam soja ou
feijão ou milho ou trigo ou
sorgo ou algodão ou arroz
ou cevada
WikiPragas
(Poáceas e
Oleaginosas)
Lista de espécies que não
ocorrem no Brasil e de
potencial importância
econômica
1 Bibliografia
especializada
38. 2
Lista de espécies que não
ocorrem no Brasil e de
potencial importância
econômica
Lepidoptera<> Lepidoptera
39. 3
Lista de espécies que não
ocorrem no Brasil e de
potencial importância
econômica
Lepidoptera
Priorização com base em
círculo de hospedeiros
43. Família de Lepidoptera x % (N total = 34)
15%
3%
3%
35%
3%
17%
6%
18%
Crambidae
Gelechiidae
Lycaenidae
Noctuidae
Nolidae
Pyralidae
Sphingidae
Tortricidae
44. Status regulatório para o Brasil x % (N total = 34)
65%
35% Quarentenária
ausente
Não regulamentada
45. Excluída do estudo:
Spodoptera albula (= Prodenia sunia;
Spodoptera caudata; Spodoptera
orbicularis; Spodoptera sunia; Xylomyges
sunia)
Praga quarentenária presente para o
Brasil (IN 41/2007, IN 52/2008, IN
59/2013)
Justificativa: presente no Brasil
Link para artigo
46. Crambidae (N = 5)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Chilo partellus S S S
Chilo suppressalis S S
Chrysodeixis eriosoma S S S
Conogethes punctiferalis S S S
Diaphania indica S S
47. Gelechiidae (N = 1)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Pectinophora scutigera S
Lycaenidae (N = 1)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Lampides boeticus S S
48. Noctuidae (N = 12)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Earias biplaga S
Xestia c-nigrum S S
Hadula trifolii S S S
Heliothis viriplaca S S S
Mocis repanda S S S S
Mythimna loreyi S S S S
Sesamia inferens S S S S
Mythimna separata S S S S S S
Agrotis segetum S S S S S S S
Spodoptera littoralis S S S S S S S
Spodoptera litura S S S S S S
49. Nolidae (N = 1)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Earias insulana S S S
Pyralidae (N = 6)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Ostrinia nubilalis S S S S S S
Eldana saccharina S S S
Eoreuma loftini S S
Ostrinia furnacalis S S S
Scirpophaga excerptalis S S S S S
Scirpophaga incertulas S
50. Sphingidae (N = 2)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Agrius convolvuli S
Hippotion celerio S S S
Tortricidae (N = 6)
Espécie (Negrito: praga quarentenária ausente) So Fe Al Mi Sr Tr Ce Ar
Cryptophlebia illepida S
Cydia ptychora S
Cryptophlebia ombrodelta S S
Cydia fabivora S S
Platynota stultana S S S
Cryptophlebia leucotreta S S S S
51. Número de plantas hospedeiras por número de espécies de Lepidoptera
Número de plantas hospedeiras (máximo = 8)
NúmerodeespéciesdeLepidoptera
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6 7
52. Espécies com mais
plantas hospedeiras,
entre as 8
consideradas
Ostrinia nubilalis
Scirpophaga excerptalis
Mythimna separata
Agrotis segetum
Spodoptera littoralis
Spodoptera litura
Ostrinia nubilalis
Hadula trifolii
Agrotis segetum
Spodoptera littoralis
Spodoptera litura
Espécies que atacam
milho e soja e
algodão
Espécies
Priorizadas
Ostrinia nubilalis
Scirpophaga excerptalis
Mythimna separata
Agrotis segetum
Hadula trifolii
Spodoptera littoralis
Spodoptera litura
+
53. Ostrinia nubilalis (Lepidoptera: Pyralidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de gerações/
ano
1-6
Danos Larvas quebram panícula no nível da
última folha. Formam galerias no caule
ou pedúnculo.
Impacto Perdas de até 30%
Círculo de
hospedeiros
Espécie altamente polífaga
Dispersão Adultos: bons voadores
Biologia
reprodutiva
Iniciam postura <3 dias de idade. >1
cópula/fêmea. Até 1.000 ovos/fêmea
Nativa
Introduzida
55. Scirpophaga excerptalis (Lepidoptera: Pyralidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de
gerações/ ano
Multivoltina
Danos Galerias nos ápices, alimentação nas
folhas e caules
Impacto Redução > 50% na produtividade
Círculo de
hospedeiros
> 20 espécies
Dispersão Plantas ou partes de plantas
infestadas
Fecundidade ?
Nativa
Introduzida
56. Mythimna separata (Lepidoptera: Noctuidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de
gerações/ ano
Multivoltina
Danos Larvas nos ápices e folhas
Impacto Praga importante.
Círculo de
hospedeiros
Aveia, beterraba, arroz, pastagens,
cana-de-açúcar, sorgo, trigo, milho,
soja e outras (principalmente
Poaceae)
Dispersão Espécie migratória (4-12 m/s).
Deslocamentos de até 1.500 km
pelos adultos, auxiliados pelo vento.
Fecundidade
Nativa
Introduzida
57. Agrotis segetum (Lepidoptera: Noctuidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de gerações/
ano
1-4, dependendo da condição climática
Danos Larvas cortam plantas jovens
Impacto Larvas extremamente vorazes.
Círculo de
hospedeiros
>25 famílias botânicas
Dispersão Material vegetal (não semente, não grão) e
solo, substrato. Adultos: bons voadores,
centenas de km
Biologia
reprodutiva
Primeiro dia: liberação de feromônio pelas
fêmeas. Até 2.000 ovos/fêmea
Distribuição atual (origem
desconhecida)
59. Hadula trifolii (Lepidoptera: Noctuidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de gerações/
ano
2-3
Danos Alimentação nas folhas/ parte aérea da
planta
Impacto Praga importante de hortaliças
Círculo de
hospedeiros
> 80 espécies
Dispersão Com material vegetal, espécie migratória
Biologia
reprodutiva
Liberação de feromônio 1-2 dias após
emergência. Até 700 ovos/fêmea
Nativa
Introduzida
60. Spodoptera littoralis (Lepidoptera: Noctuidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de gerações/ ano 4-8
Danos Alimentação pela larva. Em algodão:
pode se esconder nas maçãs jovens.
Impacto Algodão: reduz produtividade em até
75%
Círculo de hospedeiros > 80 espécies
Interceptações 2004-2010: interceptada > 60 nos EUA.
Já foi detectada em estufas nos EUA e
Reino Unido. Erradicada nos EUA
Dispersão Adultos: 1,5 km em 4h. Ovos e larvas em
materiais vegetais, flores.
Biologia reprodutiva Inicia oviposição aos 2 dias após
emergência. Até 2.500 ovos/ fêmea
Nativa
Introduzida
62. Spodoptera litura (Lepidoptera: Noctuidae)
Parâmetro Detalhamento
Nº de gerações/ ano 4-8
Danos Alimentação nas folhas, danos às maçãs
de algodão e à espiga do milho
Impacto Praga extremamente importante
Círculo de hospedeiros > 40 famílias botânicas
Interceptações > 700 nos EUA
Dispersão Adultos: bons voadores, migratórios.
Ovos podem ser transportados em
material vegetal. Já foram intercetados
ovos em bagagem e cargas.
Fecundidade Inicia oviposição aos 2 dias após
emergência. Até 2.500 ovos/ fêmea
Nativa
Introduzida
Obs.: Ilha de Reunión, Havaí
63. ON = Ostrinia nubilalis
SE = Scirpophaga excerptalis
MS = Mythimna separata
AS = Agrotis segetum
SL = Spodoptera littoralis
HT = Hadula trifolii
ST = Spodoptera litura
Parâmetro ON SE MS AS SL HT ST
Associação com atividades humanas S S S S S S S
Capacidade de dispersão S S S S S S S
Alta fecundidade S ? S S S ? S
Alta taxa de crescimento populacional S ? S S S ? S
Tolerância a condições diversas S S S S S S S
Precocidade sexual S S S S S S S
Partenogênese N N N N N N N
Polifagia S S S S S S S
65. Lentidão na confirmação da espécie necessidade de formar
profissionais para diagnóstico fitossanitário, necessidade de ampliar
rede de Laboratórios de Diagnóstico Fitossanitário
Entraves para obter registro de produtos para controle
necessidade de trabalhar de maneira pró-ativa. Necessidade de
estabelecer planos de contingência
IN 59/2013: retira a espécie da lista de pragas quarentenárias para o
Brasil (menos de 3 anos após detecção)
O que se pode aprender com a Helicoverpa armigera?
66. No longo prazo: todas as 33 espécies de Lepidoptera levantadas
devem entrar no Brasil
• Como?
• Por onde?
• Qual distribuição geográfica potencial?
• Qual potencial de impacto econômico?
Quantas destas 33 espécies de Lepidoptera já podem estar no
período de latência no Brasil?
Ampliar vigilância e capacidade de diagnóstico ou lidar com as
perdas no caso de um ‘outbreak’?
Considerações finais
67. Livro:
Defesa Vegetal –
Princípios, Ferramentas,
Políticas e Perspectivas
25 capítulos
> 40 autores
> 600 páginas
Lançamento em junho de 2015
www.defesaagropecuaria.net
www.defesavegeta.net