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LITERATURA
O cortiço, Aluísio de Azevedo
ALUISIO AZEVEDO, viveu entre 1857 e
                     1913, em um período de profundas
                     mudanças , como a abolição da
                     escravidão e a instalação da Republica. A
                     denuncia das mazelas sociais e o
                     engajamento na defesa dos menos
                     favorecidos constituem aspectos
                     marcantes de sua obra. Inaugurador do
                     naturalismo brasileiro destacou-se pela
                     maestria no enfoque de aglomerados
                     humanos colocando pela primeira vez na
                     nossa literatura a gente humilde do povo
                     brasileiro em primeiro plano.
Aluísio de Azevedo
Livro didático,
      Página 129

“[...] Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como
formigas; fazendo compras.”

“[...] A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”,
portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do
campo. “

“O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que
não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio,
tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada;
aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de
si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e
suplicante [...]”
ANÁLISE DETALHADA
Neste livro, já não é mais a estória dos personagens que interessa
tanto. Mais do que ela, salienta-se rivalidade entre
o espaço de João Romão e do comendador Miranda, a simbolizarem
todo um processo de transformação econômica
em momento de expansão urbana.

João Romão, um ganancioso comerciante de origem portuguesa,
possui uma pedreira, uma taverna e um
terreno razoável, onde constrói casinholas de baixo custo para alugar.
Secundando-o nas tarefas e com ele repartindo
a cama, a figura da negra Bertoleza ex-escrava forte e também
ambiciosa, supostamente alforriada.

A poucos metros da venda, havia um sobrado que veio a ser ocupado
por Miranda, Estela e Zulmira, uma
família economicamente segura, cujo chefe vendia pano por atacado.
ANÁLISE DETALHADA
A proximidade do cortiço incomodava Miranda que, por sua vez
incomodava João Romão com seu ar de
fidalguia e seu título de comendador.

A contratação de Jerônimo , um operário português ,para o trabalho
na pedreira altera um pouco a
competição do cortiço, para onde ele se muda em companhia da mulher,
a Piedade e a filha Senhorinha. Essa alteração ganha intensidade,
sobretudo a partir do momento em que nasce o interesse amoroso
entre o operário e Rita Baiana ,beleza máxima daquele agrupamento.

Rita, no entanto tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e
gabola, capoerista hábil ,morador de um cortiço vizinho, o “Cabeça de
Gato”. No primeiro enfrentamento ,Firmo leva a melhor , e atinge
Jerônimo com uma navalha.
ANÁLISE DETALHADA
Enquanto isso , Botelho, um agregado em casa de Miranda ,começa a
estimular o interesse de João Romão
por Zulmira ,a filha do atacadista de panos. Nesse projeto,
evidentemente ,inclui-se um plano para dispensar
Bertoleza.

A essa altura Rita e Jerônimo já vivem juntos , e a preocupação deste é
vingar-se da navalhada que o
atingira e , se possível eliminar seu rival de vez. Através de uma
combinação prévia ,dois tipos escusos atraem
Firmo para uma cilada e Jerônimo assassina-o a pauladas.

Em conseqüência dessa morte , os”Cabeça-de-Gato” atacam os “
carapicus” do cortiço de João Romão e a
luta só se interrompe por causa de um incêndio provocado( pela bruxa,
a lavadeira Paula).
ANÁLISE DETALHADA
Na verdade.desse fogo arrasador renasce um cortiço novo e mais
“próspero”. O fogo ajudara, indiretamente,
os planos de João Romão que , agora já vinha mantendo boas relações
com a família de Miranda .Só restava
o empecilho de Bertoleza.Mas o providencial Botelho descobrira o dono
daquela escrava , cujo dinheiro da
alforria ,tão duramente economizado ,fora embolsado por João Romão.

Diante da ameaça de retorno ao cativeiro,Bertoleza estripa-se ,enquanto
João Romão recebe um prêmio
como amigo da Sociedade Abolicionista.
ESTRUTURA DA OBRA
A obra apresenta 23 capítulos não intitulados e não muito
curtos.Presença constante de diálogos.

Foco Narrativo

Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa
fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre
o narrador e o mundo ficcional, por vezes no cortiço de João
Romão, outras no sobrado de Miranda. Como o narrador exerce a
onisciência, por vezes sua fala se confunde com a dos
personagens, principalmente com João Romão, por meio do discurso
indireto livre. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o
que permite ao autor revelar o pensamento das personagens.
RIGOR CIENTÍFICO

Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o
romance L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve
um rigor científico na representação da realidade. A intenção do
método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de
uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio
combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura
de raças. Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de
espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias.
Esses espaços se tornam personagens do romance. É o caso do
cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens
que ali vivem. Um exemplo pode ser visto no seguinte trecho:
RIGOR CIENTÍFICO
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando
forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-
se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte
daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo
das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que
serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em
torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”

O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um
organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças
daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.
NARRADOR
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que
tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista.
O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no
pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar,
como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do
momento histórico.

O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de
imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um
deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o
procedimento de representar a realidade de forma objetiva já
configura uma posição ideologicamente tendenciosa.
TEMPO
Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio,
meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do
século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a
relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o
enriquecimento de João Romão.
ESPAÇO
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço,
amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse
espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes
baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a
pedreira e a taverna do português João Romão.

O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado
aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado
representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços
fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo,
explorando a exuberante natureza local como meio determinante.

Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como
elemento corruptor do homem local.
ENREDO
O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao
enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e
se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João
Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante,
Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante
bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por
uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal.

Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre
os dois. Com inveja de Miranda, que possui condição social mais
elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações
para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a
perspectiva do dono do cortiço.
ENREDO
Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que
não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição
social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas
finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida
burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição
financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e
Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má
influência do meio sobre o homem é o caso do português
Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata
Rita Baiana.

Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda
todos os seus hábitos. A relação entre Miranda e João Romão melhora
quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter
superioridade garantida sobre o oponente.
ENREDO
Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias
mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos.
O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e
miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da
filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho
representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão
para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado.

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão
social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um
gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o
suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.
ALEGORIA DO BRASIL
Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra
práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de
capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao
explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres
moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social
mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares
aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer
que O Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma
alegoria do Brasil. O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua
história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o
meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à
degenerescência. A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se
propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio
desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação
humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões
pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa
desigualdade social.
PERSONAGENS
João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele
é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de
maneira exacerbada. Vive juntamente com Bertoleza.
Bertoleza: Uma escrava que pensa ter comprado a sua liberdade e
que representa o trabalhador escravo.
Miranda: Um português que no "O cortiço" representa a burguesia e
que no mesmo mora num sobrado ao lado do cortiço.
Gerônimo: Um outro português que vem para o Brasil, representa um
trabalhador bastante disciplinado.
Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica
mulher europeia.
Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no
cortiço, representa a mulher brasileira.
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João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele
é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de
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Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica
mulher europeia.
Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no cortiço,
representa a mulher brasileira.
LITERATURA
O cortiço, Aluísio de Azevedo
EREM PROFESSOR
TRAJANO DE MENDONÇA
    Recife, de 29 agosto de 2012

       Angélica Maria
     Josevânia da Silva
      Sérgio Francisco

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Análise de O Cortiço de Aluísio de Azevedo

  • 2. ALUISIO AZEVEDO, viveu entre 1857 e 1913, em um período de profundas mudanças , como a abolição da escravidão e a instalação da Republica. A denuncia das mazelas sociais e o engajamento na defesa dos menos favorecidos constituem aspectos marcantes de sua obra. Inaugurador do naturalismo brasileiro destacou-se pela maestria no enfoque de aglomerados humanos colocando pela primeira vez na nossa literatura a gente humilde do povo brasileiro em primeiro plano. Aluísio de Azevedo
  • 3. Livro didático, Página 129 “[...] Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras.” “[...] A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. “ “O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante [...]”
  • 4. ANÁLISE DETALHADA Neste livro, já não é mais a estória dos personagens que interessa tanto. Mais do que ela, salienta-se rivalidade entre o espaço de João Romão e do comendador Miranda, a simbolizarem todo um processo de transformação econômica em momento de expansão urbana. João Romão, um ganancioso comerciante de origem portuguesa, possui uma pedreira, uma taverna e um terreno razoável, onde constrói casinholas de baixo custo para alugar. Secundando-o nas tarefas e com ele repartindo a cama, a figura da negra Bertoleza ex-escrava forte e também ambiciosa, supostamente alforriada. A poucos metros da venda, havia um sobrado que veio a ser ocupado por Miranda, Estela e Zulmira, uma família economicamente segura, cujo chefe vendia pano por atacado.
  • 5. ANÁLISE DETALHADA A proximidade do cortiço incomodava Miranda que, por sua vez incomodava João Romão com seu ar de fidalguia e seu título de comendador. A contratação de Jerônimo , um operário português ,para o trabalho na pedreira altera um pouco a competição do cortiço, para onde ele se muda em companhia da mulher, a Piedade e a filha Senhorinha. Essa alteração ganha intensidade, sobretudo a partir do momento em que nasce o interesse amoroso entre o operário e Rita Baiana ,beleza máxima daquele agrupamento. Rita, no entanto tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e gabola, capoerista hábil ,morador de um cortiço vizinho, o “Cabeça de Gato”. No primeiro enfrentamento ,Firmo leva a melhor , e atinge Jerônimo com uma navalha.
  • 6. ANÁLISE DETALHADA Enquanto isso , Botelho, um agregado em casa de Miranda ,começa a estimular o interesse de João Romão por Zulmira ,a filha do atacadista de panos. Nesse projeto, evidentemente ,inclui-se um plano para dispensar Bertoleza. A essa altura Rita e Jerônimo já vivem juntos , e a preocupação deste é vingar-se da navalhada que o atingira e , se possível eliminar seu rival de vez. Através de uma combinação prévia ,dois tipos escusos atraem Firmo para uma cilada e Jerônimo assassina-o a pauladas. Em conseqüência dessa morte , os”Cabeça-de-Gato” atacam os “ carapicus” do cortiço de João Romão e a luta só se interrompe por causa de um incêndio provocado( pela bruxa, a lavadeira Paula).
  • 7. ANÁLISE DETALHADA Na verdade.desse fogo arrasador renasce um cortiço novo e mais “próspero”. O fogo ajudara, indiretamente, os planos de João Romão que , agora já vinha mantendo boas relações com a família de Miranda .Só restava o empecilho de Bertoleza.Mas o providencial Botelho descobrira o dono daquela escrava , cujo dinheiro da alforria ,tão duramente economizado ,fora embolsado por João Romão. Diante da ameaça de retorno ao cativeiro,Bertoleza estripa-se ,enquanto João Romão recebe um prêmio como amigo da Sociedade Abolicionista.
  • 8. ESTRUTURA DA OBRA A obra apresenta 23 capítulos não intitulados e não muito curtos.Presença constante de diálogos. Foco Narrativo Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional, por vezes no cortiço de João Romão, outras no sobrado de Miranda. Como o narrador exerce a onisciência, por vezes sua fala se confunde com a dos personagens, principalmente com João Romão, por meio do discurso indireto livre. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens.
  • 9. RIGOR CIENTÍFICO Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance. É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Um exemplo pode ser visto no seguinte trecho:
  • 10. RIGOR CIENTÍFICO “E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava- se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.” O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.
  • 11. NARRADOR A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico. O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa.
  • 12. TEMPO Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão.
  • 13. ESPAÇO São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão. O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.
  • 14. ENREDO O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso. Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois. Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço.
  • 15. ENREDO Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa. No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos. A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente.
  • 16. ENREDO Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão. O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.
  • 17. ALEGORIA DO BRASIL Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que O Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil. O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degenerescência. A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.
  • 18. PERSONAGENS João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de maneira exacerbada. Vive juntamente com Bertoleza. Bertoleza: Uma escrava que pensa ter comprado a sua liberdade e que representa o trabalhador escravo. Miranda: Um português que no "O cortiço" representa a burguesia e que no mesmo mora num sobrado ao lado do cortiço. Gerônimo: Um outro português que vem para o Brasil, representa um trabalhador bastante disciplinado. Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica mulher europeia. Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no cortiço, representa a mulher brasileira.
  • 19. PERSONAGENS João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de maneira exacerbada. Vive juntamente com Bertoleza. Bertoleza: Uma escrava que pensa ter comprado a sua liberdade e que representa o trabalhador escravo. Miranda: Um português que no "O cortiço" representa a burguesia e que no mesmo mora num sobrado ao lado do cortiço. Gerônimo: Um outro português que vem para o Brasil, representa um trabalhador bastante disciplinado. Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica mulher europeia. Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no cortiço, representa a mulher brasileira.
  • 21. EREM PROFESSOR TRAJANO DE MENDONÇA Recife, de 29 agosto de 2012 Angélica Maria Josevânia da Silva Sérgio Francisco