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EDUMED
MONOGRAFIA FINAL
Cérebros Inquietos: ensaio sobre o
DDA – Distúrbio de Déficit de Atenção
Fabiana Tavolaro Maiorino
2003
1
TEMA- Distúrbio de Déficit de Atenção
RESUMO: esse trabalho objetivou assinalar os pontos
essenciais sobre o Distúrbio de Déficit de Atenção,
destacando como esse tipo de comportamento foi
sendo tratado ao longo da história nas pesquisas
científicas e qual o tratamento adequado atualmente
para tal Síndrome.
Palavras Chaves- Déficit de atenção, hiperatividade,
neurotransmissores, impulsividade.
SOBRE A AUTORA
FABIANA TAVOLARO MAIORINO
EMAIL fmaiorino@uol.com.br
Psicóloga e Mestra, professora universitária da cadeira de
Ética Profissional da UNIP.
2
ÍNDICE
ASSUNTO PÁGINA
1.DEFINIÇÃO DE DDA 4
2. QUADRO
SINTOMATOLÓGICO
5 -6
3. DIAGNÓSTICO 6-10
4.ETIOLOGIA 10-15
5.HISTÓRICO 15-17
6. TRATAMENTO 17-20
7. BIBLIOGRAFIA 20
3
1.Definição do DDA ( Distúrbio de Déficit de Atenção)
Segundo Hallowell ( 1999), DDA é uma síndrome neurológica,
com a clássica tríade de sintomas que a define inclui impulsividade,
falta de concentração e hiperatividade e excesso de energia.
Sam Goldstein ( 2003)* afirma que TDAH é um distúrbio bio-
psicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos,
sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas
experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 5% da
população durante toda a vida. Diagnóstico precoce e tratamento
adequado podem reduzir drasticamente os conflitos familiares,
escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas pessoas.
Acredita-se que, através de diagnóstico e tratamento corretos, um
grande número dos problemas, como repetência escolar e abandono
dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas
vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser
adequadamente tratado ou, até mesmo, evitado.
BArkley (2002) define o DDA como um transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade, ou TDAH- um transtorno de desenvolvimento
do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de
atenção, com o controle dos impulsos e com o nível de atividade.
*Sam Goldstein citado no site www.hiperatividade.com.br
4
Assim como a psiquiatra Ana Beatriz Silva (2003), optamos por
denominar de DDA essa síndrome neurológica, pois recentemente, em
um número da ATTENTION, revista norte americana do CHADD, uma
associação de DDAs e simpatizantes, foi sugerido que se utilizasse a
sigla DDA ou DA/HI ( distúrbio de atenção e hiperatividade).
2)Quadro Sintomatológico:
I)Alteração de atenção: é condição essencial para se efetuar um
diagnóstico competente, pois como Ana Beatriz (2003) afirma: uma
pessoa com comportamento DDA pode ou não apresentar
hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência
à dispersão.
Esse sintoma de alteração da atenção deve ser entendido não
como um déficit de atenção, como Hallowell (1999) conclui, mas sim
como um quadro de inconstância na atenção, pois a maioria das
pessoas que têm DDA é capaz de uma hiperconcentração de atenção,
basta o assunto ou o objeto ser algo atraente e significativo aos olhos do
detentor de DDA.
“ Pelo que foi visto, o uso do termo déficit de atenção pode
levar a um entendimento incorreto da capacidade atentiva
de um DDA,e por isso mesmo, preferimos usar o termo
“Instabilidade de atenção”.( Ana Beatriz, 2003)
II) IMPULSIVIDADE : a mente DDA funciona como um receptor de
alta sensibilidade, que reage rapidamente emitindo respostas, são os
casos clássicos daquelas pessoas que dizem o que lhes vem à cabeça.
5
Barkley (1992) define a impulsividade DDA como sendo um prejuízo na
capacidade de inibir comportamentos. È a incapacidade de conter seus
impulsos. Um exemplo típico desse comportamento são aquelas
crianças que respondem as perguntas sem pensar, mesmo antes que, as
questões tenham sido finalizadas e querendo que seus desejos se
realizem de uma hora para outra.
III) HIPERATIVIDADE : é caracterizado como um quadro de
hiperatividade física e/ou mental, com excesso de energia. Alguns
autores preferem falar em hiper-reatividade ou desinibição motora,
pois o que seria mais evidente seria uma falha na adequação da
resposta motora, ou uma deficiência na sua modulação. Nos adultos
essa hiperatividade costuma ser menos marcada que nas crianças.
“ Hoje, a maioria dos profissionais clínicos acreditam que o DDA consiste de três
problemas primários na capacidade do indivíduo controlar seu comportamento:
dificuldades em manter a atenção, controle ou inibição dos impulsos e da atividade
excessiva. Outros profissionais ( inclusive eu) reconhecem que aqueles com DDA possuem
dois problemas adicionais: dificuldades para seguir regras ou instruções e variabilidade
extrema em suas respostas a diferentes situações.” ( BARKLEY. 2002, p.50)
3.Diagnóstico:
GOLDSTEIN ( 2003), afirma que o diagnóstico de DDA pede
uma avaliação ampla . Não se pode deixar de considerar e avaliar
outras causas para o problema, assim, é preciso estar atentos à
presença de distúrbios concomitantes (comorbidades). O aspecto mais
importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico
e desenvolvimental. A avaliação do DDA inclui, freqüentemente, um
6
levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e
emocional.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PELO DSM-IV (1994)
( dados retirados do site www.hiperatividade.com.br)
Os critérios diagnósticos mencionados no CID-10 e no DSM-IV são
muito semelhantes. Uma diferença é que o CID-10 exige sempre a
presença de sinais de todas as 3 áreas do transtorno, ao passo que o
DSM-IV admite a possibilidade de diagnóstico quando existem apenas
sinais de desatenção, sem a presença dos sinais de hiperatividade-
impulsividade, ou vice-versa. Considerando que o maior número de
pesquisas nesse campo tem sido realizado por autores americanos
utilizando o DSM-IV, estudaremos a seguir esses critérios:
1 - Desatenção
A pessoa deve apresentar seis (ou mais) dos seguintes sintomas
de desatenção persistentes por no mínimo 6 meses, em grau que
compromete a adaptação e é incompatível com o nível de
desenvolvimento:
7
• freqüentemente não presta muita atenção nos detalhes ou comete
erros por descuido nos deveres escolares, no trabalho ou em
outras atividades
• freqüentemente mostra dificuldade em manter a atenção em
tarefas ou jogos
• freqüentemente parece não escutar o que lhe falam
• freqüentemente não obedece as instruções passo a passo e não
completa deveres, ou tarefas no trabalho (sem ser devido a
comportamento de oposição ou por dificuldade de entender as
instruções)
• freqüentemente tem dificuldade em ser organizado em trabalhos
ou outras atividades
• freqüentemente evita, se incomoda ou se mostra relutante em
envolver-se em tarefas que exigem um esforço mental prolongado
(tais como deveres escolares ou trabalhos de casa)
• freqüentemente perde objetos necessários para suas atividades,
por exemplo, deveres, lápis, livros ou outros utensílios
• com freqüência se distrai facilmente devido a estímulos externos
• esquece-se freqüentemente de suas atividades diárias
2 - Hiperatividade - Impulsividade
São necessários seis ou mais dos seguintes sintomas persistentes por
no mínimo 6 meses, em grau que compromete a adaptação e é
incompatível com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade:
8
• freqüentemente está mexendo com as mãos ou os pés ou se revira
na cadeira
• freqüentemente se levanta da cadeira em situações nas quais o
esperado é que ficasse sentado
• freqüentemente corre ou sobe em locais inadequados (em
adolescentes ou adultos, pode se limitar a uma sensação subjetiva
de inquietação)
• freqüentemente tem dificuldade em brincar ou praticar qualquer
atividade de lazer sossegadamente
• freqüentemente está muito ocupado ou freqüentemente age como
se estivesse “elétrico”
• freqüentemente fala em excesso
Impulsividade:
• com freqüência responde precipitadamente antes de ouvir a
pergunta toda
• freqüentemente tem dificuldade em esperar sua vez
• freqüentemente interrompe ou se intromete na fala dos outros
(por exemplo, invade conversa ou jogos de outros)
Os critérios gerais para o diagnóstico são:
 A. Presença de seis(ou mais) dos sintomas de desatenção e/ou seis
(ou mais) de hiperatividade-impulsividade, por pelo menos seis meses,
em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de
desenvovimento.
 B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção
que causam prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
9
 C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou
mais contextos (escola, casa, trabalho).
 D. Deve haver clara evidência de prejuízo clinicamente significativo.
 E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de
outros transtornos mentais.
O DSM-IV distingue 3 tipos de TDAH, dependendo das manifestações
que predominam no quadro clínico:
1. Tipo predominantemente desatento (TDAH-D)
2. Tipo predominantemente hiperativo-impulsivo (TDAH-HI)
3. Tipo combinado (TDAH-C)
O DSM-IV reservou ainda as denominações:
TDAH sem outras especificações - para os casos que mostram alguns
dos traços citados sem, todavia satisfazer os critérios de desatenção
nem de hiperatividade-impulsividade, mas que apresentam um
comprometimento funcional em mais de uma área da vida.
TDAH em remissão parcial - quando um adulto não atinge os critérios
mínimos para desatenção nem para hiperatividade-impulsividade, mas
os satisfazia no período da infância.
Através da leitura do texto acima, podemos concluir, como foi
dito anteriormente, que esses critérios se prestam melhor para o
diagnóstico em crianças e adolescentes, enquanto carecem de uma
melhor caracterização das manifestações no adulto, o que parece estar
contribuindo para uma maior dificuldade em fazer o diagnóstico nessa
última faixa etária (Barkley, 2002 ). Esse autor costuma dizer que o
10
adulto não supera o TDAH que apresentava na infância, mas sim, que
ele supera os critérios do DSM-IV. É possível que as futuras revisões do
DSM corrijam essa falha.
4. Etiologia:
As pesquisas cientifícas procuraram sempre relacionar a causa do
DDA em três campos possíveis de estudos:
1) Agentes ambientais, como exposição fetal ao álcool;
2) Hereditariedade;
3) Lesões cerebrais ;
PESQUISAS EM LESÕES CEREBRAIS E DDA
Segundo Barkley (2002) por quase 100 anos, pesquisadores
suspeitaram que havia ligação entre lesões cerebrais e o
comportamento DDA: perceberam mudanças comportamentais em
crianças que tivessem tido alguma lesão na região fronto-orbital
(responsável pela inibição do comportamento e pelo planejamento do
futuro).
Pesquisas em neurologia e neurofisiologia mostraram a partir do
séc XX, que apenas 5 a 10% das crianças desenvolvem DDA devido a
algum tipo de dano cerebral.
A partir dessas pesquisas, os cientistas descobriram que certos
neurotransmissores –dopamina e norepinefrina- encontram-se
diminuídos nos portadores de DDA. Muitas pesquisas foram feitas com
11
animais, demonstrando que quando as conexões cerebrais de animais
jovens como ratos e cães são destruídas seletivamente por uma
substância química, esses animais tornam-se extremamente
hiperativos ao amadurecerem. Estudos também demonstraram que
esse hiperatividade poderia ser controlada ao ministrar medicamentos
estimulantes, os mesmos usados atualmente para crianças com DDA.
Barkley (2002) ainda aponta para estudos que indicaram que
crianças portadores de DDA em repouso e realizando certas tarefas
mentais, possuem atividade elétrica do cérebro menor que crianças
sem DDA, particularmente sobre a área frontal.
Recentemente, houve uma evidência marcante de que existe um
problema no cérebro dos portadores de DDA. Alan Zametkin em seus
estudos utilizou 25 adultos com DDA e 25 adultos sem DDA, usando
um procedimento chamado PET ( tomografia de emissão de positrons)-
um aparelho que faz fotografias do cérebro à medida que ele utiliza
glicose.
Ele verificou uma redução na captação de glicose no cérebro dos
adultos com DDA, e na região frontal, considerando-se então que o
fronte é o grande filtro inibidor do cérebro humano, pode-se entender
que muitos dos sintomas DDAs surgem por uma redução parcial do
lobo frontal em bloquear e filtrar estímulos ou respostas impróprias
vindas das diversas partes do cérebro com o objetivo de elaborar uma
ação mais apropriada no comportamento humano.
Com relação a atenção ocorre o mesmo processo, sem um filtro
eficiente, a mente DDA é invadida por uma avalanche de estímulos
que acabam por desviar seu foco atentivo a todo instante.
12
Zametkin verificou que adultos com DDA apresentavam menor
atividade cerebral na área frontal, e que o baixo nível era corrigido
quando os adultos tomavam medicação estimulante, como a Ritalina.
H. Lou repetindo os experimentos de Zametkin, chegou as
mesmas conclusões, porém com um acréscimo importante:demonstrou
que a redução da captação da glicose era maior e bem definida no
hemisfério direito do cérebro. Esse dado pode estar apontando para
uma alteração na capacidade de visão global do sujeito DDA, já que o
hemisfério direito teria essa função primordial - contextualizar e
possibilitar uma visão geral do mundo.
“ Em resumo, as descobertas científicas atuais de diversas linhas de pesquisas
indicam claramente que a área anterior do cérebro, conhecida como região fronto-
orbital, e suas diversas conexões através de feixes de fibras nervosas para a estrutura
denominada núcleo caudado, que se conecta com a porção mais distante na parte de trás
do cérebro chamado sistema límbico, pode ser responsável pelo desenvolvimento do
DDA. (...) Essas áreas são as mais ricas em dopamina o que pode significar que ela não
está sendo produzida suficientemente nessas áreas nos portadores de DDA. “ ( BARKLEY,
2002, p 85)
No caso dos portadores de DDA, temos um hipofuncionamento
do lobo frontal direito o que ocasiona:
• O aumento dos aspectos cognitivos e emocionais na
tomada de decisões, pois a quantidade de pensamentos e
sentimentos vindos das diversas áreas cerebrais chega em
maior número e com maior intensidade nessa região, em
13
função da ação filtrante do lobo frontal direito estar
diminuída;
• Ampliação das possibilidades de soluções para um
determinado problema;
• Intenso processo imaginativo e intuitivo;
• Hiperconcentração sobre determinado objeto, quando este
desperta o interesse passional do sujeito DDA;
AS CAUSAS DO DESENVOLVIMENTO ANORMAL DO
CÉREBRO DDA
Estudos apontam para hereditariedade e os agentes do meio
ambiente como responsáveis prováveis do hipodesenvolvimento da
área frontal do cérebro DDA.
Nicotina e álcool consumidos durante a gravidez se mostraram
como causa significativa de anormalidades de desenvolvimento das
regiões frontais do cérebro de crianças. Pesquisas indicam que crianças
nascidas de mães alcoolistas têm maior probabilidade de apresentar
problemas de comportamento com hiperatividade e falta de atenção.
De forma semelhante, sabe-se que mulheres adultas com DDA
utilizam mais bebidas alcoólicas que outras mulheres, mesmo não
estando grávidas. Sabemos, também, que o DDA tem grande chance de
ser herdado. Portanto, certamente, é a genética e não o álcool que causa
DDA nessas crianças.
Existem evidências específicas de que níveis altos de chumbo no
organismo de crianças jovens podem estar associados a maior risco de
comportamento hiperativo e desatenção. Essa relação parece existir
14
especialmente quando a exposição ao chumbo ocorre entre 12 e 36
meses.
Com relação a hereditariedade, sabe-se que os fatores específicos
herdados no DDA incluem uma tendência a problemas de
desenvolvimento do córtex frontal do cérebro e do núcleo caudado.
Inúmeros estudos confirmaram que ao menos dois genes podem estar
relacionados ao DDA: D4RD (relacionado a dimensão da
personalidade conhecida como buscador de novidades) e DAT1 (ajuda a
regular a atividade da dopamina). Essa genética marca os portadores
de DDA como um maior grau de comportamentos atraídos a buscarem
sensações novas e instigantes. Há ainda a busca por mais 6 genes que
estejam especificamente ligados ao DDA.
Alguns estudiosos afirmam que o DDA pode representar
simplesmente uma forma extrema de um traço humano, e não uma
condição patológica em muitos casos.
5.Histórico ( dados retirados do site www.hiperatividade.com.br)
A primeira descrição dessa condição data de 1902, quando um
médico inglês, G. Still, descreveu um conjunto de alterações de
comportamento em crianças, as quais, segundo ele, não podiam ser
explicadas por falhas ambientais, mas resultavam de algum processo
biológico desconhecido até então.
15
Entre 1916 e 1927, nova onda de interesse por esse quadro clínico
surgiu graças à observação de manifestações semelhantes em crianças
que foram acometidas pela encefalite epidêmica de Von Economo. Os
adultos que tinham sofrido dessa encefalite desenvolviam como
seqüela um quadro parkinsoniano, ao passo que as crianças passavam
a mostrar um quadro de hiperatividade e alterações da conduta.
O tema das lesões de nascimento e danos cerebrais persistiu nos
anos 30 e 40, na idéia da criança com lesões cerebrais, mesmo quando
nenhum indício de danos neurológicos era encontrado. A lesão cerebral
era invocada para explicar comportamentos incontroláveis. Ao longo
dessas décadas, a medicação estimulante ( anfetaminas) foi testada
pela primeira vez e com sucesso, para ajudar a algumas dessas crianças.
Essa condição pautada nas lesões recebeu diversas
denominações, ao longo do tempo: Lesão Cerebral Mínima, Disfunção
Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Distúrbio Primário
da Atenção e Distúrbio do Déficit de Atenção, com ou sem
Hiperatividade (DDA/H).
Em 1960, Stella Chess começaram a escrever sobre a Síndrome
da criança hiperativa. Chess encarava os sintomas como parte de uma
hiperatividade fisiológica, cujas causas estariam enraizadas mais nos
determinantes biológicos.
Na década de 70, muitos pesquisadores investigaram a síndrome
da hiperatividade, Virginia Douglas no Canadá, começou a dedicar um
olhar abrangente aos sintomas associados a hiperatividade e encontrou
quatro características principais: (1) déficit de atenção e esforço; (2)
16
hiperatividade; (3) problemas na regulação do nível de vigília; e (4)
necessidade de reforço imediato. Graças a essas pesquisas, em 1980, a
síndrome foi rebatizada como distúrbio do déficit de atenção.
(HALLOWELL, 1999)
Os estudos sobre DDA, na sua maioria, referem-se a crianças. Os
critérios diagnósticos do DSM-IV, como veremos adiante, apontam
para características mais facilmente observáveis em crianças que em
adultos e, por essa razão, ao ser feita uma avaliação visando o
diagnóstico, muitos adultos acabam não preenchendo esses critérios.
Até recentemente, acreditava-se que os sintomas de DDA
desapareciam espontaneamente na adolescência. Mais recentemente,
Paul Wender e outros autores (1995) descreveram casos em adultos, e o
pensamento atual é que o DDA persiste em aproximadamente 50% a
80% dos casos na idade adulta, embora o quadro clínico, com
freqüência, sofra alguma modificação. Com o passar dos anos, os sinais
de hiperatividade tendem a diminuir, algumas características de
impulsividade podem persistir e os traços de desatenção são os que
mais tendem a perdurar. Paralelamente a essa mudança na
apresentação do quadro, com o tempo, outros transtornos costumam se
associar ao problema básico, muitas vezes sobrepondo-se ao mesmo.
6.Tratamento
O tratamento deve incluir sempre três modalidades de
intervenção: psico-educação, recursos psicofarmacológicos e
17
abordagens psico-sócio-educacionais, além do tratamento da condição
comórbida.
1 - Psico-educação. Esse deve ser sempre, na ordem de execução, o 1o
recurso a ser utilizado. O paciente e seus familiares devem receber
informações claras sobre o assunto, sua natureza e tratamento
adequado. A instrução do paciente e de sua família com respeito à
natureza do DDA e da sua etiologia costuma trazer grande alívio da
culpa que essas pessoas carregam por anos consecutivos. Sempre que
possível, fornecer material para leitura e estimular a compreensão das
questões relacionadas com o transtorno. Esclarecimentos detalhados
sobre o tratamento, incluindo efeitos desejáveis e indesejáveis dos
medicamentos, não devem ser esquecidos. Convém ressaltar que
tratamentos breves raramente dão resultados, uma vez que o DDA é
um distúrbio que data de anos, desde a infância do paciente. É da
maior importância estimular a participação ativa do paciente no
desenrolar do tratamento, pesquisando sobre o assunto, opinando
sobre o próprio tratamento, ligando-se ativamente a grupos, etc.
2 - Tratamento farmacológico.
Existem muitos medicamentos que podem ajudar a corrigir os
sintomas do DDA, reduzindo a sensação de turbilhão interior e a
ansiedade, tão comuns em pessoas com DDA. O remédio atua
corrigindo o desequilíbrio químico nos neurotransmissores, que, no
caso do DDA, ocorre em partes do cérebro responsáveis pela regulação
do humor, da atenção e do controle de impulsos.
18
Os medicamentos de primeira linha pertencem à classe dos
estimulantes psíquicos. Desses, são conhecidos 3 medicamentos com
eficácia comprovada para o tratamento de DDA: o metilfenidato, a
dextro-anfetamina e a pemolina, mas apenas o primeiro
(metilfenidato) está disponível no Brasil.
Os medicamentos de segunda linha são os antidepressivos tricíclicos e
o bupropion. Outras drogas utilizadas são a venlafaxina, a selegilina
(inibidor da MAO-B), a clonidina (habitualmente usada como anti-
hipertensivo), e o propranolol. Outros medicamentos são citados, mas
sua eficácia é discutida: carbamazepina, lítio, neuroléticos.
3 - Abordagens psicoterápicas:
Além da intervenção medicamentosa, outras medidas são de especial
importância.
I - Terapia comportamental. São úteis certas estratégias de conduta
como o uso de agenda de notas, lembretes adesivos, diários, etc.
Estabelecer uma pessoa de confiança como uma espécie de “tutor”
ajuda muito. Essa técnica é chamada de coaching e parece ser bastante
eficaz no tratamento de adultos. Diversas outras estratégias podem ser
estabelecidas entre terapeuta e seu paciente, de acordo com as
dificuldades predominates em cada caso.
II - Psicoterapia. Quando o self do paciente já foi prejudicado pela
seqüência de fracassos, pelas experiências vividas de rejeição e pela
falta de respostas ambientais satisfatórias que comumente ocorrem,
19
uma psicoterapia é necessária enfocando, principalmente, os danos ao
self.
III - Grupos de ajuda mútua. A participação em grupos de ajuda mútua
contribui sobremaneira para reparar o dano ao self ao proporcionar a
oportunidade para a vivência de uma gemelaridade salutar, ou seja,
encontrar outros com iguais dificuldades constitui, muitas vezes, uma
vivência de inigualável impacto restaurador para o self.
Finalmente, cabe assinalar que toda pessoa com DDA possui, como
qualquer ser humano, traços positivos de personalidade e que é parte
fundamental do tratamento reconhecer e acentuar essas qualidades, ou
ïlhas de competência", com Sam Goldstein as denomina
7. Referências Bibliográficas
BARKLEY, Russell. Transtorno de Déficit de
Atenção/hiperatividade. SP: Ed ArtMed, 2002.
HALLOWELL & RATEY. Tendência à Distração. SP: Ed Racco,
1999.
SILVA, Ana Beatriz. Mentes Inquietas. RJ: Ed Napades, 2003.
Site
http://www.hiperatividade.com.br
20

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  • 1. EDUMED MONOGRAFIA FINAL Cérebros Inquietos: ensaio sobre o DDA – Distúrbio de Déficit de Atenção Fabiana Tavolaro Maiorino 2003 1
  • 2. TEMA- Distúrbio de Déficit de Atenção RESUMO: esse trabalho objetivou assinalar os pontos essenciais sobre o Distúrbio de Déficit de Atenção, destacando como esse tipo de comportamento foi sendo tratado ao longo da história nas pesquisas científicas e qual o tratamento adequado atualmente para tal Síndrome. Palavras Chaves- Déficit de atenção, hiperatividade, neurotransmissores, impulsividade. SOBRE A AUTORA FABIANA TAVOLARO MAIORINO EMAIL fmaiorino@uol.com.br Psicóloga e Mestra, professora universitária da cadeira de Ética Profissional da UNIP. 2
  • 3. ÍNDICE ASSUNTO PÁGINA 1.DEFINIÇÃO DE DDA 4 2. QUADRO SINTOMATOLÓGICO 5 -6 3. DIAGNÓSTICO 6-10 4.ETIOLOGIA 10-15 5.HISTÓRICO 15-17 6. TRATAMENTO 17-20 7. BIBLIOGRAFIA 20 3
  • 4. 1.Definição do DDA ( Distúrbio de Déficit de Atenção) Segundo Hallowell ( 1999), DDA é uma síndrome neurológica, com a clássica tríade de sintomas que a define inclui impulsividade, falta de concentração e hiperatividade e excesso de energia. Sam Goldstein ( 2003)* afirma que TDAH é um distúrbio bio- psicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 5% da população durante toda a vida. Diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir drasticamente os conflitos familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas pessoas. Acredita-se que, através de diagnóstico e tratamento corretos, um grande número dos problemas, como repetência escolar e abandono dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser adequadamente tratado ou, até mesmo, evitado. BArkley (2002) define o DDA como um transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, ou TDAH- um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle dos impulsos e com o nível de atividade. *Sam Goldstein citado no site www.hiperatividade.com.br 4
  • 5. Assim como a psiquiatra Ana Beatriz Silva (2003), optamos por denominar de DDA essa síndrome neurológica, pois recentemente, em um número da ATTENTION, revista norte americana do CHADD, uma associação de DDAs e simpatizantes, foi sugerido que se utilizasse a sigla DDA ou DA/HI ( distúrbio de atenção e hiperatividade). 2)Quadro Sintomatológico: I)Alteração de atenção: é condição essencial para se efetuar um diagnóstico competente, pois como Ana Beatriz (2003) afirma: uma pessoa com comportamento DDA pode ou não apresentar hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão. Esse sintoma de alteração da atenção deve ser entendido não como um déficit de atenção, como Hallowell (1999) conclui, mas sim como um quadro de inconstância na atenção, pois a maioria das pessoas que têm DDA é capaz de uma hiperconcentração de atenção, basta o assunto ou o objeto ser algo atraente e significativo aos olhos do detentor de DDA. “ Pelo que foi visto, o uso do termo déficit de atenção pode levar a um entendimento incorreto da capacidade atentiva de um DDA,e por isso mesmo, preferimos usar o termo “Instabilidade de atenção”.( Ana Beatriz, 2003) II) IMPULSIVIDADE : a mente DDA funciona como um receptor de alta sensibilidade, que reage rapidamente emitindo respostas, são os casos clássicos daquelas pessoas que dizem o que lhes vem à cabeça. 5
  • 6. Barkley (1992) define a impulsividade DDA como sendo um prejuízo na capacidade de inibir comportamentos. È a incapacidade de conter seus impulsos. Um exemplo típico desse comportamento são aquelas crianças que respondem as perguntas sem pensar, mesmo antes que, as questões tenham sido finalizadas e querendo que seus desejos se realizem de uma hora para outra. III) HIPERATIVIDADE : é caracterizado como um quadro de hiperatividade física e/ou mental, com excesso de energia. Alguns autores preferem falar em hiper-reatividade ou desinibição motora, pois o que seria mais evidente seria uma falha na adequação da resposta motora, ou uma deficiência na sua modulação. Nos adultos essa hiperatividade costuma ser menos marcada que nas crianças. “ Hoje, a maioria dos profissionais clínicos acreditam que o DDA consiste de três problemas primários na capacidade do indivíduo controlar seu comportamento: dificuldades em manter a atenção, controle ou inibição dos impulsos e da atividade excessiva. Outros profissionais ( inclusive eu) reconhecem que aqueles com DDA possuem dois problemas adicionais: dificuldades para seguir regras ou instruções e variabilidade extrema em suas respostas a diferentes situações.” ( BARKLEY. 2002, p.50) 3.Diagnóstico: GOLDSTEIN ( 2003), afirma que o diagnóstico de DDA pede uma avaliação ampla . Não se pode deixar de considerar e avaliar outras causas para o problema, assim, é preciso estar atentos à presença de distúrbios concomitantes (comorbidades). O aspecto mais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e desenvolvimental. A avaliação do DDA inclui, freqüentemente, um 6
  • 7. levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PELO DSM-IV (1994) ( dados retirados do site www.hiperatividade.com.br) Os critérios diagnósticos mencionados no CID-10 e no DSM-IV são muito semelhantes. Uma diferença é que o CID-10 exige sempre a presença de sinais de todas as 3 áreas do transtorno, ao passo que o DSM-IV admite a possibilidade de diagnóstico quando existem apenas sinais de desatenção, sem a presença dos sinais de hiperatividade- impulsividade, ou vice-versa. Considerando que o maior número de pesquisas nesse campo tem sido realizado por autores americanos utilizando o DSM-IV, estudaremos a seguir esses critérios: 1 - Desatenção A pessoa deve apresentar seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistentes por no mínimo 6 meses, em grau que compromete a adaptação e é incompatível com o nível de desenvolvimento: 7
  • 8. • freqüentemente não presta muita atenção nos detalhes ou comete erros por descuido nos deveres escolares, no trabalho ou em outras atividades • freqüentemente mostra dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos • freqüentemente parece não escutar o que lhe falam • freqüentemente não obedece as instruções passo a passo e não completa deveres, ou tarefas no trabalho (sem ser devido a comportamento de oposição ou por dificuldade de entender as instruções) • freqüentemente tem dificuldade em ser organizado em trabalhos ou outras atividades • freqüentemente evita, se incomoda ou se mostra relutante em envolver-se em tarefas que exigem um esforço mental prolongado (tais como deveres escolares ou trabalhos de casa) • freqüentemente perde objetos necessários para suas atividades, por exemplo, deveres, lápis, livros ou outros utensílios • com freqüência se distrai facilmente devido a estímulos externos • esquece-se freqüentemente de suas atividades diárias 2 - Hiperatividade - Impulsividade São necessários seis ou mais dos seguintes sintomas persistentes por no mínimo 6 meses, em grau que compromete a adaptação e é incompatível com o nível de desenvolvimento: Hiperatividade: 8
  • 9. • freqüentemente está mexendo com as mãos ou os pés ou se revira na cadeira • freqüentemente se levanta da cadeira em situações nas quais o esperado é que ficasse sentado • freqüentemente corre ou sobe em locais inadequados (em adolescentes ou adultos, pode se limitar a uma sensação subjetiva de inquietação) • freqüentemente tem dificuldade em brincar ou praticar qualquer atividade de lazer sossegadamente • freqüentemente está muito ocupado ou freqüentemente age como se estivesse “elétrico” • freqüentemente fala em excesso Impulsividade: • com freqüência responde precipitadamente antes de ouvir a pergunta toda • freqüentemente tem dificuldade em esperar sua vez • freqüentemente interrompe ou se intromete na fala dos outros (por exemplo, invade conversa ou jogos de outros) Os critérios gerais para o diagnóstico são:  A. Presença de seis(ou mais) dos sintomas de desatenção e/ou seis (ou mais) de hiperatividade-impulsividade, por pelo menos seis meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvovimento.  B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causam prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade. 9
  • 10.  C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (escola, casa, trabalho).  D. Deve haver clara evidência de prejuízo clinicamente significativo.  E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de outros transtornos mentais. O DSM-IV distingue 3 tipos de TDAH, dependendo das manifestações que predominam no quadro clínico: 1. Tipo predominantemente desatento (TDAH-D) 2. Tipo predominantemente hiperativo-impulsivo (TDAH-HI) 3. Tipo combinado (TDAH-C) O DSM-IV reservou ainda as denominações: TDAH sem outras especificações - para os casos que mostram alguns dos traços citados sem, todavia satisfazer os critérios de desatenção nem de hiperatividade-impulsividade, mas que apresentam um comprometimento funcional em mais de uma área da vida. TDAH em remissão parcial - quando um adulto não atinge os critérios mínimos para desatenção nem para hiperatividade-impulsividade, mas os satisfazia no período da infância. Através da leitura do texto acima, podemos concluir, como foi dito anteriormente, que esses critérios se prestam melhor para o diagnóstico em crianças e adolescentes, enquanto carecem de uma melhor caracterização das manifestações no adulto, o que parece estar contribuindo para uma maior dificuldade em fazer o diagnóstico nessa última faixa etária (Barkley, 2002 ). Esse autor costuma dizer que o 10
  • 11. adulto não supera o TDAH que apresentava na infância, mas sim, que ele supera os critérios do DSM-IV. É possível que as futuras revisões do DSM corrijam essa falha. 4. Etiologia: As pesquisas cientifícas procuraram sempre relacionar a causa do DDA em três campos possíveis de estudos: 1) Agentes ambientais, como exposição fetal ao álcool; 2) Hereditariedade; 3) Lesões cerebrais ; PESQUISAS EM LESÕES CEREBRAIS E DDA Segundo Barkley (2002) por quase 100 anos, pesquisadores suspeitaram que havia ligação entre lesões cerebrais e o comportamento DDA: perceberam mudanças comportamentais em crianças que tivessem tido alguma lesão na região fronto-orbital (responsável pela inibição do comportamento e pelo planejamento do futuro). Pesquisas em neurologia e neurofisiologia mostraram a partir do séc XX, que apenas 5 a 10% das crianças desenvolvem DDA devido a algum tipo de dano cerebral. A partir dessas pesquisas, os cientistas descobriram que certos neurotransmissores –dopamina e norepinefrina- encontram-se diminuídos nos portadores de DDA. Muitas pesquisas foram feitas com 11
  • 12. animais, demonstrando que quando as conexões cerebrais de animais jovens como ratos e cães são destruídas seletivamente por uma substância química, esses animais tornam-se extremamente hiperativos ao amadurecerem. Estudos também demonstraram que esse hiperatividade poderia ser controlada ao ministrar medicamentos estimulantes, os mesmos usados atualmente para crianças com DDA. Barkley (2002) ainda aponta para estudos que indicaram que crianças portadores de DDA em repouso e realizando certas tarefas mentais, possuem atividade elétrica do cérebro menor que crianças sem DDA, particularmente sobre a área frontal. Recentemente, houve uma evidência marcante de que existe um problema no cérebro dos portadores de DDA. Alan Zametkin em seus estudos utilizou 25 adultos com DDA e 25 adultos sem DDA, usando um procedimento chamado PET ( tomografia de emissão de positrons)- um aparelho que faz fotografias do cérebro à medida que ele utiliza glicose. Ele verificou uma redução na captação de glicose no cérebro dos adultos com DDA, e na região frontal, considerando-se então que o fronte é o grande filtro inibidor do cérebro humano, pode-se entender que muitos dos sintomas DDAs surgem por uma redução parcial do lobo frontal em bloquear e filtrar estímulos ou respostas impróprias vindas das diversas partes do cérebro com o objetivo de elaborar uma ação mais apropriada no comportamento humano. Com relação a atenção ocorre o mesmo processo, sem um filtro eficiente, a mente DDA é invadida por uma avalanche de estímulos que acabam por desviar seu foco atentivo a todo instante. 12
  • 13. Zametkin verificou que adultos com DDA apresentavam menor atividade cerebral na área frontal, e que o baixo nível era corrigido quando os adultos tomavam medicação estimulante, como a Ritalina. H. Lou repetindo os experimentos de Zametkin, chegou as mesmas conclusões, porém com um acréscimo importante:demonstrou que a redução da captação da glicose era maior e bem definida no hemisfério direito do cérebro. Esse dado pode estar apontando para uma alteração na capacidade de visão global do sujeito DDA, já que o hemisfério direito teria essa função primordial - contextualizar e possibilitar uma visão geral do mundo. “ Em resumo, as descobertas científicas atuais de diversas linhas de pesquisas indicam claramente que a área anterior do cérebro, conhecida como região fronto- orbital, e suas diversas conexões através de feixes de fibras nervosas para a estrutura denominada núcleo caudado, que se conecta com a porção mais distante na parte de trás do cérebro chamado sistema límbico, pode ser responsável pelo desenvolvimento do DDA. (...) Essas áreas são as mais ricas em dopamina o que pode significar que ela não está sendo produzida suficientemente nessas áreas nos portadores de DDA. “ ( BARKLEY, 2002, p 85) No caso dos portadores de DDA, temos um hipofuncionamento do lobo frontal direito o que ocasiona: • O aumento dos aspectos cognitivos e emocionais na tomada de decisões, pois a quantidade de pensamentos e sentimentos vindos das diversas áreas cerebrais chega em maior número e com maior intensidade nessa região, em 13
  • 14. função da ação filtrante do lobo frontal direito estar diminuída; • Ampliação das possibilidades de soluções para um determinado problema; • Intenso processo imaginativo e intuitivo; • Hiperconcentração sobre determinado objeto, quando este desperta o interesse passional do sujeito DDA; AS CAUSAS DO DESENVOLVIMENTO ANORMAL DO CÉREBRO DDA Estudos apontam para hereditariedade e os agentes do meio ambiente como responsáveis prováveis do hipodesenvolvimento da área frontal do cérebro DDA. Nicotina e álcool consumidos durante a gravidez se mostraram como causa significativa de anormalidades de desenvolvimento das regiões frontais do cérebro de crianças. Pesquisas indicam que crianças nascidas de mães alcoolistas têm maior probabilidade de apresentar problemas de comportamento com hiperatividade e falta de atenção. De forma semelhante, sabe-se que mulheres adultas com DDA utilizam mais bebidas alcoólicas que outras mulheres, mesmo não estando grávidas. Sabemos, também, que o DDA tem grande chance de ser herdado. Portanto, certamente, é a genética e não o álcool que causa DDA nessas crianças. Existem evidências específicas de que níveis altos de chumbo no organismo de crianças jovens podem estar associados a maior risco de comportamento hiperativo e desatenção. Essa relação parece existir 14
  • 15. especialmente quando a exposição ao chumbo ocorre entre 12 e 36 meses. Com relação a hereditariedade, sabe-se que os fatores específicos herdados no DDA incluem uma tendência a problemas de desenvolvimento do córtex frontal do cérebro e do núcleo caudado. Inúmeros estudos confirmaram que ao menos dois genes podem estar relacionados ao DDA: D4RD (relacionado a dimensão da personalidade conhecida como buscador de novidades) e DAT1 (ajuda a regular a atividade da dopamina). Essa genética marca os portadores de DDA como um maior grau de comportamentos atraídos a buscarem sensações novas e instigantes. Há ainda a busca por mais 6 genes que estejam especificamente ligados ao DDA. Alguns estudiosos afirmam que o DDA pode representar simplesmente uma forma extrema de um traço humano, e não uma condição patológica em muitos casos. 5.Histórico ( dados retirados do site www.hiperatividade.com.br) A primeira descrição dessa condição data de 1902, quando um médico inglês, G. Still, descreveu um conjunto de alterações de comportamento em crianças, as quais, segundo ele, não podiam ser explicadas por falhas ambientais, mas resultavam de algum processo biológico desconhecido até então. 15
  • 16. Entre 1916 e 1927, nova onda de interesse por esse quadro clínico surgiu graças à observação de manifestações semelhantes em crianças que foram acometidas pela encefalite epidêmica de Von Economo. Os adultos que tinham sofrido dessa encefalite desenvolviam como seqüela um quadro parkinsoniano, ao passo que as crianças passavam a mostrar um quadro de hiperatividade e alterações da conduta. O tema das lesões de nascimento e danos cerebrais persistiu nos anos 30 e 40, na idéia da criança com lesões cerebrais, mesmo quando nenhum indício de danos neurológicos era encontrado. A lesão cerebral era invocada para explicar comportamentos incontroláveis. Ao longo dessas décadas, a medicação estimulante ( anfetaminas) foi testada pela primeira vez e com sucesso, para ajudar a algumas dessas crianças. Essa condição pautada nas lesões recebeu diversas denominações, ao longo do tempo: Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Distúrbio Primário da Atenção e Distúrbio do Déficit de Atenção, com ou sem Hiperatividade (DDA/H). Em 1960, Stella Chess começaram a escrever sobre a Síndrome da criança hiperativa. Chess encarava os sintomas como parte de uma hiperatividade fisiológica, cujas causas estariam enraizadas mais nos determinantes biológicos. Na década de 70, muitos pesquisadores investigaram a síndrome da hiperatividade, Virginia Douglas no Canadá, começou a dedicar um olhar abrangente aos sintomas associados a hiperatividade e encontrou quatro características principais: (1) déficit de atenção e esforço; (2) 16
  • 17. hiperatividade; (3) problemas na regulação do nível de vigília; e (4) necessidade de reforço imediato. Graças a essas pesquisas, em 1980, a síndrome foi rebatizada como distúrbio do déficit de atenção. (HALLOWELL, 1999) Os estudos sobre DDA, na sua maioria, referem-se a crianças. Os critérios diagnósticos do DSM-IV, como veremos adiante, apontam para características mais facilmente observáveis em crianças que em adultos e, por essa razão, ao ser feita uma avaliação visando o diagnóstico, muitos adultos acabam não preenchendo esses critérios. Até recentemente, acreditava-se que os sintomas de DDA desapareciam espontaneamente na adolescência. Mais recentemente, Paul Wender e outros autores (1995) descreveram casos em adultos, e o pensamento atual é que o DDA persiste em aproximadamente 50% a 80% dos casos na idade adulta, embora o quadro clínico, com freqüência, sofra alguma modificação. Com o passar dos anos, os sinais de hiperatividade tendem a diminuir, algumas características de impulsividade podem persistir e os traços de desatenção são os que mais tendem a perdurar. Paralelamente a essa mudança na apresentação do quadro, com o tempo, outros transtornos costumam se associar ao problema básico, muitas vezes sobrepondo-se ao mesmo. 6.Tratamento O tratamento deve incluir sempre três modalidades de intervenção: psico-educação, recursos psicofarmacológicos e 17
  • 18. abordagens psico-sócio-educacionais, além do tratamento da condição comórbida. 1 - Psico-educação. Esse deve ser sempre, na ordem de execução, o 1o recurso a ser utilizado. O paciente e seus familiares devem receber informações claras sobre o assunto, sua natureza e tratamento adequado. A instrução do paciente e de sua família com respeito à natureza do DDA e da sua etiologia costuma trazer grande alívio da culpa que essas pessoas carregam por anos consecutivos. Sempre que possível, fornecer material para leitura e estimular a compreensão das questões relacionadas com o transtorno. Esclarecimentos detalhados sobre o tratamento, incluindo efeitos desejáveis e indesejáveis dos medicamentos, não devem ser esquecidos. Convém ressaltar que tratamentos breves raramente dão resultados, uma vez que o DDA é um distúrbio que data de anos, desde a infância do paciente. É da maior importância estimular a participação ativa do paciente no desenrolar do tratamento, pesquisando sobre o assunto, opinando sobre o próprio tratamento, ligando-se ativamente a grupos, etc. 2 - Tratamento farmacológico. Existem muitos medicamentos que podem ajudar a corrigir os sintomas do DDA, reduzindo a sensação de turbilhão interior e a ansiedade, tão comuns em pessoas com DDA. O remédio atua corrigindo o desequilíbrio químico nos neurotransmissores, que, no caso do DDA, ocorre em partes do cérebro responsáveis pela regulação do humor, da atenção e do controle de impulsos. 18
  • 19. Os medicamentos de primeira linha pertencem à classe dos estimulantes psíquicos. Desses, são conhecidos 3 medicamentos com eficácia comprovada para o tratamento de DDA: o metilfenidato, a dextro-anfetamina e a pemolina, mas apenas o primeiro (metilfenidato) está disponível no Brasil. Os medicamentos de segunda linha são os antidepressivos tricíclicos e o bupropion. Outras drogas utilizadas são a venlafaxina, a selegilina (inibidor da MAO-B), a clonidina (habitualmente usada como anti- hipertensivo), e o propranolol. Outros medicamentos são citados, mas sua eficácia é discutida: carbamazepina, lítio, neuroléticos. 3 - Abordagens psicoterápicas: Além da intervenção medicamentosa, outras medidas são de especial importância. I - Terapia comportamental. São úteis certas estratégias de conduta como o uso de agenda de notas, lembretes adesivos, diários, etc. Estabelecer uma pessoa de confiança como uma espécie de “tutor” ajuda muito. Essa técnica é chamada de coaching e parece ser bastante eficaz no tratamento de adultos. Diversas outras estratégias podem ser estabelecidas entre terapeuta e seu paciente, de acordo com as dificuldades predominates em cada caso. II - Psicoterapia. Quando o self do paciente já foi prejudicado pela seqüência de fracassos, pelas experiências vividas de rejeição e pela falta de respostas ambientais satisfatórias que comumente ocorrem, 19
  • 20. uma psicoterapia é necessária enfocando, principalmente, os danos ao self. III - Grupos de ajuda mútua. A participação em grupos de ajuda mútua contribui sobremaneira para reparar o dano ao self ao proporcionar a oportunidade para a vivência de uma gemelaridade salutar, ou seja, encontrar outros com iguais dificuldades constitui, muitas vezes, uma vivência de inigualável impacto restaurador para o self. Finalmente, cabe assinalar que toda pessoa com DDA possui, como qualquer ser humano, traços positivos de personalidade e que é parte fundamental do tratamento reconhecer e acentuar essas qualidades, ou ïlhas de competência", com Sam Goldstein as denomina 7. Referências Bibliográficas BARKLEY, Russell. Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade. SP: Ed ArtMed, 2002. HALLOWELL & RATEY. Tendência à Distração. SP: Ed Racco, 1999. SILVA, Ana Beatriz. Mentes Inquietas. RJ: Ed Napades, 2003. Site http://www.hiperatividade.com.br 20