Slides do prof. José Barbosa com a teoria relativa aos descritores de habilidade de língua portuguesa para o 4º ano do Ensino Fundamental, conforme o SAEB.
2. I. ESTRATÉGIAS DE LEITURA:
1. INTERPRETAR TEXTO COM AUXÍLIO DE MATERIAL GRÁFICO DIVERSO (PROPAGANDAS,
QUADRINHOS, FOTO ETC.) (D5)
2. INFERIR SENTIDO DE PALAVRA OU EXPRESSÃO (D3) OU INFORMAÇÃO IMPLÍCITA EM UM
(D4)
3. IDENTIFICAR EFEITO DE SENTIDO DECORRENTE DO USO DA PONTUAÇÃO E DE OUTRAS
(D14)
4. IDENTIFICAR EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS VARIADOS (D13)
5. IDENTIFICAR A FINALIDADE DE TEXTOS DE DIFERENTES TIPOLOGIAS E GÊNEROS (D9)
II. PROCESSAMENTO DO TEXTO
6. ESTABELECER RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS PRESENTES NO TEXTO, MARCADAS POR
ADVÉRBIOS, LOCUÇÕES ADVERBIAIS, CONJUNÇÕES ETC. (D12)
7. ESTABELECER RELAÇÃO DE CAUSA/CONSEQUÊNCIA ENTRE PARTES E ELEMENTOS DO
8. ESTABELECER RELAÇÕES ENTRE AS PARTES DE UM TEXTO, IDENTIFICANDO REPETIÇÕES
SUBSTITUIÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA A CONTINUIDADE DE UM TEXTO (D2)
9. IDENTIFICAR O CONFLITO GERADOR DO ENREDO E OS ELEMENTOS QUE CONSTROEM A
NARRATIVA (D7)
III. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA:
10. IDENTIFICAR AS MARCAS LINGUÍSTICAS QUE EVIDENCIAM O LOCUTOR E O
PROGRAMÁTICO
PROFESSOR1º-5ºANO
4. A NECESSIDADE DA COMUNICAÇÃO
Visto que não conseguimos
ter acesso direto à mente dos
outros para saber o que
pensam (telepatia), é
necessário que nos
comuniquemos, isto é, que
materializemos o pensamento
por meio de um código
(sistema de sinais) conhecido
pelas partes envolvidas , para
que transmitamos e
5. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO
Comunicar vem do verbo latino
communicāre, que significa
“dividir/partilhar alguma coisa com
alguém”, neste caso o pensamento.
Comunicação é, pois, o intercâmbio
de informações, ideias ou opiniões
entre indivíduos através de um
sistema (sons, fala, escrita, código
comum ou o próprio
comportamento). A comunicação só
ocorre quando a mensagem
transmitida é recebida e
6. OS SEIS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
1. Emissor/destinador/locutor/codificador: Quem
emite ou envia a mensagem. Pode ser uma pessoa,
um grupo, uma empresa, uma instituição. (QUEM DIZ)
2. Receptor/destinatário/interlocutor/decodificador: A
quem se destina a mensagem. Pode ser uma pessoa,
um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por
exemplo. (A QUEM DIZ)
3. Código: Sistema pelo qual a mensagem se
organiza. O código é um sistema de sinais, que pode
ser verbal ou não verbal: palavras, gestos, cores,
desenhos. A mesma mensagem pode ser transmitida
por códigos diferentes: casa, domus, maison e house.
7. 4. Canal de comunicação: Suporte pelo qual a
mensagem se propaga. Pode ser meio físico/natural
tecnológica (rádio, telefone, TV etc.) ou virtual
deve garantir o contato entre emissor e
SE DIZ)
5. Mensagem: Objeto da comunicação, o conteúdo
informações transmitidas, a ideia ou sentimento
QUE SE DIZ)
6. Contexto ou referente: Situação à qual a mensagem
se refere. O contexto pode se constituir na situação,
circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra
destinador da mensagem. (EM QUE CIRCUNSTÂNCIA?)
8.
9. RUÍDO EM COMUNICAÇÃO
Tudo o que prejudica a transmissão de uma mensagem é
considerado ruído: má transmissão do emissor, falta de
atenção do receptor, conhecimento insatisfatório do código
(língua), antipatia com o emissor, borrão na escrita, barulho
que cobre a mensagem, algum aspecto do emissor
10. HUMANA
LINGUAGEM é a capacidade
cognitiva inata e exclusiva do ser
humano de comunicar conteúdos
da consciência (pensamento,
vontade ou sentimento) por meio
de logos ou símbolos, i.e.,
signos convencionais sonoros,
gráficos, gestuais, musicais etc.)
(Aristóteles, Política).OS ANIMAIS SE COMUNICAM, MAS DE MANEIRA LIMITADA E
RUDIMENTAR. DISPÕEM DE UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO,
MAS NÃO DE LINGUAGEM.
11. COMUNICAÇÃO ANIMAL LINGUAGEM HUMANA
NÃO EXISTE DIÁLOGO. O DIÁLOGO É A SUA BASE.
A INFORMAÇÃO NÃO PODE
RETRANSMITIDA DE UM
PARA OUTRO.
É TRANSMITIDA ENTRE
ATÉ MESMO ENTRE GERAÇÕES
DIFERENTES.
OS SINAIS SÃO FIXOS, DE
QUE A INFORMAÇÃO NÃO
SER ALTERADA
UMA MESMA INFORMAÇÃO PODE
TRANSMITIDA DE DIFERENTES
FORMAS: “ESTOU COM FOME” /
“AINDA NÃO COMI HOJE”.
É DESARTICULADA. OS SINAIS
NÃO PODEM SER EM
MENORES
É ARTICULADA. JUNTAM-SE
UNIDADES MENORES PARA
UNIDADES MAIORES: “AS BA-NA-
ES-TÃO VER-DES”.
O QUE É COMUNICADO SÓ
PARA O MOMENTO DA
COMUNICAÇÃO
O QUE SE COMUNICA PODE-SE
REFERIR AO PASSADO OU AO
12. FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Chama-se de função da linguagem cada
uma das diversas finalidades que
caracterizam um enunciado linguístico
(JAKOBSON, 1960). Dependendo do
elemento do ato comunicativo no qual a
mensagem está predominantemente
centrada ou focada, a linguagem pode
ter uma destas funções: referencial,
apelativa, emotiva, metalinguística,
poética ou fática.
Dizemos que predomina porque
dificilmente uma função ocorre de forma
isolada. O mais comum é em um texto se
ROMAN JAKOBSON
1896-1982
13. AS SEIS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
REFERENCIAL (DENOTATIVA/INFORMATIVA): A
mensagem é centrada no referente ou assunto. Busca
informar e transmite a mensagem de forma objetiva.
Predomina em textos informativos: noticiários (de TV,
rádio e internet), jornais, revistas informativas, livros
instrucionais, nos textos técnicos. Ex.: A batata ainda
está dura.
CONATIVA (APELATIVA/IMPERATIVA): A mensagem é
centrada no receptor; busca convencer/persuadir e
manifesta-se por meio de ordens, pedidos, perguntas
etc. que possibilitam ao emissor interferir no
comportamento do destinatário. Predomina em textos
publicitários, placas de advertência, horóscopo, etc.
14. EMOTIVA (OU EXPRESSIVA): A mensagem é centrada
no emissor. Manifesta-se por exclamações, avaliações
e exprime a subjetividade, as emoções e os
sentimentos do próprio emissor. Ex.: Que batata mais
insossa! | Prefiro batata-inglesa a batata-doce.
METALINGUÍSTICA: A mensagem é centrada no
código linguístico. A linguagem fala sobre a própria
linguagem. Predomina em verbetes de dicionário. Ex.:
Batata é uma raiz tuberosa comestível. | O vocábulo
batata tem seis fonemas e seis grafemas.
15. POÉTICA: A mensagem é centrada na própria mensagem; a
construção do enunciado busca produzir determinados efeitos
expressivos. Predomina em textos literários, poesia, slogans
publicitários, textos populares (ditados, provérbios, cantigas
etc.), letras de música etc. Ex.: Batatinha quando nasce/Espalha
rama pelo chão/Menininha quando dorme/Põe a mão no
coração.
FÁTICA (DE CONTATO): A mensagem é centrada no canal;
busca verificar se a vida de comunicação entre dois
interlocutores está estabelecida ou não. Predomina em
conversas presenciais ou a distância mediante o uso das
seguintes expressões. Ex.: “oi”, “alô”, “câmbio”, “está
entendendo?”, “certo?”, “sabe”, “bom dia”, “ah?”, “ei”.
16. RECAPITULANDO
SÃO SEIS AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM, OU SEJA,
LINGUAGEM PARA SEIS FINALIDADES COMUNICATIVAS:
1. Informar (FUNÇÃO INFORMATIVA)
2. Convencer (FUNÇÃO APELATIVA)
3. Expressar emoções (FUNÇÃO EXPRESSIVA)
4. Explicar a própria linguagem (FUNÇÃO
5. Provocar emoções (FUNÇÃO POÉTICA)
6. Obter feedback (FUNÇÃO FÁTICA)
17. TIPOS DE LINGUAGEM
A linguagem pode ser verbal ou não
verbal.
É LINGUAGEM VERBAL quando se utiliza
de palavras. A verbal pode ser falada ou
escrita.
É LINGUAGEM NÃO VERBAL quando se
utiliza de outros meios que não a palavra:
desenho, gráficos (icônica), gestos,
mímica (cinestésica), sons não articulados
(apito, sirene) etc.
18. A LÍNGUA
Embora a linguagem verbal seja
faculdade de todos os seres humanos,
estes não se comunicam todos pelo
mesmo código linguístico. Cada povo
ou comunidade estabelece para si um
código a que chamamos de língua.
Ex.: língua portuguesa e as outras
6.999 línguas do mundo.
A língua ou idioma é o produto social
da faculdade da linguagem. Constitui-
se de um sistema de sinais verbais
comum a todos os indivíduos de uma
determinada comunidade linguística,
que o utilizam como principal meio de
20. COMPONENTES DA LÍNGUA
A língua é um sistema de representação constituído
de dois componentes básicos: um léxico e suas regras
de uso.
Léxico: Repertório de
palavras e
expressões (lexemas)
existentes numa
determinada língua,
à disposição dos
falantes para se
comunicarem. São
reunidas no
dicionário. A língua
Regras de Uso:
Conjunto de
prescrições que
determinam a
combinatória das
palavras e a
disposição das
frases em uma
língua. São
reunidas num
22. ITENS DO LÉXICO
Palavra: unidade linguística associada ao contexto
semântico.
Vocábulo: unidade linguística associada ao contexto
fonético/ortográfico.
Termo: unidade linguística associada ao contexto
sintático.O léxico de uma língua compreende não só palavras
isoladas, mas também grupos de palavras (batata da
perna, meio ambiente), fórmulas fixas (bom dia, de
nada), expressões idiomáticas (chutar o balde, estar no
fundo do poço) e frases feitas (vai ver se eu estou na
esquina, pode tirar o cavalo da chuva).
23. USOS DA LÍNGUA
Usamos a linguagem verbal
para
três finalidades básicas:
Expressão do pensamento
Instrumento de
comunicação
Forma de interação
24. FALA OU DISCURSOPara Ferdinand de Saussure
(1857-1913), fala é a
realização concreta da
língua por parte do
indivíduo. Ou seja,
enquanto a língua
representa o lado social da
língua, a fala representa o
lado individual. Pode-se
dizer, portanto, que a fala
ou discurso é a realização
da língua pelo indivíduo,
25. VOCABULÁRIO
Chama-se vocabulário o conjunto de palavras e
expressões que cada falante seleciona do léxico
(quase 400 mil) para se comunicar oralmente ou por
escrito. Um falante médio usa ativamente cerca de
1.500 palavras; e um bastante, cerca de 3.000
palavras.
Existe o vocabulário ativo e o passivo. O vocabulário
ativo é o que o indivíduo é capaz de utilizar na
formação de novas frases. O vocabulário passivo é o
que ele é apenas capaz de reconhecer, geralmente
pelo contexto. O vocabulário serve para identificar o
indivíduo tanto quanto o DNA, a impressão digital
26. VOCABULÁRIO X GLOSSÁRIO
Vocabulário é, portanto,
o dicionário mental de
cada falante da língua,
o conjunto de palavras
usadas no discurso.
Vocabulário difere de
glossário, que é o
conjunto de termos de
uma área ou o pequeno
léxico que acompanha
um livro, para
esclarecer termos pouco
Às vezes é possível usar o termo
vocabulário para indicar todos os
vocábulos de uma língua (VOLP) ou o
conjunto das palavras próprias de uma
27. COMO ENRIQUECER O VOCABULÁRIO
O enriquecimento quantitativo e qualitativo do vocabulário
do aluno vai depender de algumas atividades. A atividade
mais comum e mais eficiente é a leitura com ou sem a
consulta esporádica a dicionários e enciclopédias. Os
procedimentos mais lúdicos incluem:
Fazer paráfrases.
Conhecer os prefixos e sufixos gregos, latinos,
tupis etc.
Listar família etimológica e ideológica da
palavra
Identificar polissemia
Listar sinônimos, antônimos,
hiperônimos/hipônimos, parônimos,
28. RECAPITULANDO
LINGUAGEM: Faculdade natural do gênero humano de
comunicar-se por meio de símbolos. Pode ser verbal
verbal.
LÍNGUA: Instrumento social de comunicação de um
comunidade por meio da linguagem verbal (palavras).
FALA: Utilização individual da língua por uma pessoa.
LÉXICO: Conjunto de todas as palavras pertencentes a
língua.
VOCABULÁRIO: Conjunto de todas as palavras usadas
indivíduo.
29. VARIEDADES LINGUÍSTICAS
Existem basicamente duas variedades na
língua portuguesa: a variedade padrão
(língua culta) e a variedade não padrão
(língua coloquial). A variedade padrão
segue a gramática normativa, enquanto
a variedade não padrão não a segue.
A gramática normativa abrange os
seguintes capítulos: 1.
fonética/fonologia (fonema), 2.
ortografia (grafema), 3. morfologia
(morfema), sintaxe (frase), 4. semântica
30. VARIEDADE PADRÃO
A variedade padrão é a que segue
a gramática normativa, fixada por
dois instrumentos sociais: a escola
e os meios de comunicação. É
considerada modelo ideal de
língua, falada pelas pessoas cultas;
digna, portanto, de ser imitada e
detentora de grande prestígios
social.
Também chamada língua culta, a variedade padrão se
subdivide em formal e semiformal. Enquanto o padrão
formal é usado em certos textos escritos (e.g., textos
legislativos, literários), o padrão semi-informal é mais
usado na língua falada e na escrita midiática (e.g., TV,
31. VARIEDADE NÃO PADRÃO
A variedade não padrão é a que,
por não seguir estritamente a
gramática normativa, é mais
espontânea e menos elaborada.
Também chamada coloquial ou
coloquial-popular, a variedade
não padrão é a mais usada no dia
a dia com nossos familiares,
amigos, colegas, vizinhos etc.;
apresenta, porém, menos
prestígio social.
Caracteriza-se pela despreocupação do falante com as
inúmeras regras da gramática normativa – plurais,
concordância, flexões verbais – e pela presença frequente de
expressões populares, frases feitas, gírias etc. Pode ser
32.
33. ERRO OU INADEQUAÇÃO?
Para o linguista Marcos Bagno,
a língua é como um grande
guarda-roupa, onde
escolhemos o registro
linguístico apropriado para
cada situação comunicativa:
ultraformal, formal semi-
informal e informal.
Segundo essa concepção, não existe certo nem errado
na língua, mas formas adequadas ou inadequadas de
usar determinada variedade linguística em
determinado contexto sociocomunicativo. Falar
correto significa, portanto, falar o que a comunidade
34.
35. LINGUISTAS X GRAMÁTICOS
Se para os linguistas não
existem erro na língua,
exceto nos casos de
ortografia; para os
gramáticos existe, sim, o
erro toda vez que se
comete qualquer
transgressão contra a
norma culta. Os primeiros
são descritivistas (“existe
isso e existe aquilo”; os
segundos são
36. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
I. O Universo da Linguagem
Nós nos comunicamos porque não lemos a mente um do
outros.
Comunicar-se é partilhar o que pensamos, sentimos ou
volimos com outra pessoa. A comunicação só ocorre
quando a mensagem transmitida é recebida e
compreendida. Pode ser dialógica ou monológica.
A comunicação envolve seis elementos: emissor, receptor,
mensagem, código, canal e contexto.
Ruído é tudo que atrapalha a comunicação: barulho,
antipatia, borrão, miopia etc.
Diferente da dos animais, a comunicação humana é
realizada por meio de símbolos (linguagem).
37. A linguagem pode ser verbal e não verbal. É verbal quando usa
palavras (faladas ou escritas) e não verbal quando usa outros
símbolos: sons, músicas, gestos, cores, desenhos, fotos etc.
A linguagem verbal se manifesta socialmente por meio da língua,
um código ou sistema de signos. Esse sistema de representação é
constituído de um léxico (dicionário) e suas regras de uso
(gramática).
A língua se manifesta individualmente por meio da fala ou
discurso. Cada pessoa fala a seu modo, conforme o vocabulário
vocabulário que possui, resultado de sua escolaridade e hábitos de
leitura, e a cultura em que está inserido.
38. Segundo Jakobson, podemos usar a língua com vários objetivos ou
funções: informar (função referencial), convencer (função conativa),
40. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Também chamada de variante,
variação linguística é a capacidade
que a língua comum tem de se
transformar e se adaptar, pois se trata
de um organismo vivo, que nasce,
cresce, reproduz-se, varia e morre.
Tais diferenças – que podem ocorrer
em nível fonético, lexical, semântico
ou sintático – decorrem do fato do
sistema linguístico não ser unitário,
mas comportar vários eixos de
diferenciação ou fatores. Existem
41. 1. VARIAÇÃO HISTÓRICA
A língua varia no tempo, de
acordo com cada época.
Também chamada de variação
diacrônica, a variação
histórica diz respeito à forma
de falar ou escrever
diferenciada devida à
distância histórica que separa
os falantes, no vocabulário e
sobretudo na grafia.
42. Vossa mercê -> vosmecê -> você
ARCAÍSMO – Palavras muito
antigas e que caíram em desuso:
quiçá, vossa mercê, outrossim,
ceroula, magote, nosocômio,
motorneiro, chofer, datilografar
etc.
NEOLOGISMO – Palavras
novas, derivadas ou formadas a
partir de outras já existentes, na
mesma língua ou não: apagão,
deletar, panelaço, celular,
shopping, digitação, petrolão,
tuitar, bafômetro etc. Podem ser
modismos passageiros ou
acabar sendo dicionarizados.
PORTUGUÊS ARCAICO
ARCAICO
PORTUGUÊS ATUAL
ARDER PEGAR FOGO
PHARMACIA FARMÁCIA
PERA PARA
CHRONICA DO MEZ CRÔNICA DO MÊS
CHAMBRE CAMISOLA, ROUPÃO
CALIFOM, CORPETE SUTIÃ
CARECER PRECISAR
MIMOSA BONITA
DEFLUXO GRIPE
“As palavras nascem, crescem e morrem
como todas as coisas vivas” (Emília no
País da Gramático, Monteiro Lobato).
44. 2. VARIAÇÃO GEOGRÁFICA
A língua varia no espaço, de acordo
com cada localidade ou região.
Também chamada de variação
diatópica, a variação geográfica diz
respeito à forma de falar diferenciada
devida à distância geográfica que
separa os falantes. As variações
regionais constituem os falares ou
dialetos. Exemplos de variações
geográficas: diferentes sotaques,
dialetos e falares; diferentes palavras
para os mesmos conceitos
45. I. VARIAÇÃO INTERNACIONAL: O português brasileiro diferenciou-se do
português europeu pela incorporação de termos indígenas e africanos ao
nosso léxico.
PALAVRAS
AFRICANAS
PALAVRAS
INDÍGENAS
Dengoso Abacaxi
Quitute Canjica
Calombo Curumim
Cafundó Cutucar
Bunda Paçoca
Moleque Pipoca
Rapadura Canoa
Cocada Caju
Batuque Canoa
46. O português do Brasil e
português de Portugal se
diferenciam também em
outros aspectos, sobretudo
semânticos, sintáticos e
fonológicos, devido à
distância intercontinental.
PORTUGUÊS
BRASILEIRO
PORTUGUÊS
EUROPEU
Celular Telemóvel
Fila Bicha
Crianças Miúdos
Trem Comboio
Ônibus Autocarro
Estou procurando Estou a procurar
Me dá um caneta/Você
viu ele/Não quero não
Dá-me uma caneta/Você
o viu/Não quero
Mentira Peta
Greve Paredão
Piloto Voador
Inflação Inchação
Sensacional Bestial
47. II. VARIAÇÃO NACIONAL: Devido à
grande extensão do território
brasileiro, existem falares variado
em regiões distintas. Algumas dessas
variações ocorre em nível semântico:
Dialeto nordestino: muriçoca
Dialeto sulista: borrachudo
Dialeto paulista: pernilongo
Dialeto nortista: carapanã
Outros exemplos: aipim (RS),
mandioca (RJ), macaxeira (NE)
Tangerina (SP), bergamota (RS),
mexerica (MG), laranja-cravo (RJ)
48. A variação regional
envolve também a
fonética. Repare nas
seguintes pronúncias:
porta (interior paulista),
porta (RJ), porta (RS),
posta (interior do PI);
estrela (paulista), estrela
(RJ/NE); leite quente
(RS/Pantanal), leite
quente (restante do
Brasil); mainha (BA),
mãezinha (restante do
Brasil).
49. 3. VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL
A língua varia de acordo com fatores sociais e culturais.
Também chamada de variação diastrática, a variação
sociocultural diz respeito à forma de falar diferenciada
nos estratos ou camadas sociais por fatores diversos. As
variações socioculturais se dizem socioletos.
Idade: criança, adolescente, jovem, adulto e idoso.
Sexo: homem, mulher e homossexual.
Grupo social: ricos, pobres, analfabetos, alfabetizados,
letrados, acadêmicos, intelectuais, favelados etc.
Grupo cultural: as diversas “tribos” da sociedade (gíria).
Grupo profissional: os diversas classes profissionais da
sociedade (jargão).
51. Dona Maria, o seu
prognóstico é
favorável no caso
de pronta-
suspensão do
remédio!
52. A variação pode ser também
no nível fonético/fonológico:
variação entre /r/ e /l/:
mulher/mulher/muiê,
blusa/brusa.
O CAIPIRA VAI A UMA CONSULTA E O MÉDICO
PERGUNTA:
- O QUE SENHORTEM?
O CAIPIRA RESPONDE:
- UMA MUIÉ, UMA VACA E UMA GALINHA...
- NÃO É ISSO...O QUE O SENHOR ESTÁ
SENTINDO?
- AH,TÁ!VONTADE DE LARGÁ A MUIÉ,VENDÊ A
VACA E COMÊ A GALINHA COM QUIABO!
Ou ainda no nível
morfossintático.
53. TIPOS DE SOCIOLETOS
Além dos socioletos normais, empregados na sociedade de
uma língua, há três especiais, empregados com a finalidade
explícita de se distinguirem dos demais falantes:
Gíria: socioleto peculiar àqueles que pertencem à mesma
“tribo”(grupo) cultural: surfista, skatistas, rappers, punks,
emos, roqueiros, grafiteiros, presidiários etc. (gíria). Ex.:
bacana, dica, cara, rangar, vazar, fora da casinha.
Jargão socioleto peculiar àqueles que pertencem a uma
mesma profissão: sociedade, advogados, médicos, policiais,
jogadores, mecânicos etc.. Ex.: CA, AVC, cefaleia (médicos);
diligência, viatura, meliante, evadir-se do local (policiais).
Calão: socioleto peculiar a malandros e malfeitores em geral,
por meio do qual buscam não ser compreendidos pelas
54. 4. VARIAÇÃO SITUACIONAL
A língua varia de acordo com o contexto situacional, que
envolve os papéis sociais desempenhados pelo
interlocutor (professor-aluno, médico-paciente,
vendedor-cliente, pais-filhos, amigo-amigo etc.), os
domínios sociais (escola, igreja, lar, trabalho etc.), e o
tipo de assunto (religião, lazer, política, esporte etc.). As
variações situacionais se dizem níveis de linguagem ou
registro linguístico.Também chamada de variação diafásica, a variação
situacional decorre em função do grau de formalidade
(situação íntima, neutra ou solene) do contexto situacional,
utilizando-se ora o registro formal ora o registro informal,
às vezes até descambando para a grosseria e palavras de
baixo calão, como no caso de agressão verbal.
56. 1
SITUAÇÃO
2
Imagens de
satélite mostram
que, neste fim de
semana, as
temperaturas
cairão bastante e
choverá
continuamente no
sudeste do país.
E aí, Nandão, o
que vai rolar no
tempo?
Ih, cara...
sabadão e
domingo é só
chuva. Vai
fazer um frio
de congelar
pinguim!
2. VARIAÇÃO
DE ACORDO
COM A
SITUAÇÃO
SOCIAL
57. BAIXO CALÃO
Quando qualquer pessoa, de qualquer
classe social, utiliza um nível de linguagem
grosseiro ou obsceno, diz-se que recorre
ao baixo calão. Segundo o Dicionário
Houaiss o baixo calão constitui tabuísmo,
definido como qualquer “palavra, locução
ou acepção tabus, consideradas chulas,
grosseiras ou ofensivas demais na maioria
dos contextos. São os chamados palavrões
e afins, e se referem geralmente ao
metabolismo (cagar, mijar, merda etc.), aos
órgãos sexuais (caralho, porra, boceta etc.)
e incluem ainda disfemismos pesados
REPRESENTAÇÃO COMUM
DO PALAVRÃO EM
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS.
58. Toda língua viva está sujeita a variações, pois precisa
da variabilidade para sobreviver. Entender as
variações linguísticas é importante porque mostra
três coisas: (a)que a língua não é um sistema
homogêneo; (b) que não devemos ser
preconceituosos quando ouvirmos alguém falar
diferente e (c) que precisamos, para nos comunicar
bem, ser polidialetais em nossa própria língua.
59. Existem dicionários especializados que registram os
termos referentes às variações linguísticas: dicionário
de gírias, dicionário de medicina, dicionário de piauiês
etc.
60. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
II. Variações Linguísticas: Diacrônica e Sincrônica
Variação histórica (DIACRÔNICA) - associada às mudanças
que, ao longo do tempo, vão acontecendo na língua,
principalmente na grafia e no vocabulário.
Variação geográfica (DIATÓPICA) - diferenças identificáveis no
"modo de falar" das pessoas, dependendo do lugar ou da
região em que vivem.
Variação sociocultural (DIASTRÁTICA)- refere-se às
diversidades linguísticas relacionadas às características
sociais e culturais de cada falante: idade, profissão, sexo,
formação escolar, grupo social, nível econômico etc.
Variação situacional (DIAFÁSICA) - diferentes formas que o
falante pode escolher para se comunicar, dependendo da
situação de comunicação.
62. SEMÂNTICA
Conhecer o significado das palavras é um dos fatores
essenciais para o domínio da língua.
A parte da gramática que
trata da significação da
palavras, expressões e
enunciados que
constituem os textos
chama-se SEMÂNTICA.
Quando encontramos em
alguma questão algum
problema sobre o sentido
dos termos, estamos
63. A PALAVRA
Palavra: unidade linguística associada
ao contexto semântico. Contém a forma
e o significado. A palavra árvore, por
exemplo, tem uma forma [árvori] e o
significado de “planta lenhosa que pode
atingir grandes alturas e cujo tronco se
ramifica na parte superior”.
O léxico de uma língua compreende não só palavras
isoladas, mas também grupos de palavras (barriga da
perna, meio ambiente), fórmulas fixas (bom dia, de nada),
expressões idiomáticas (chutar o balde) e frases feitas (vai
ver se eu estou na esquina).
64. PALAVRA = SIGNO LINGUÍSTICO
A palavra ou signo linguístico apresenta duas faces
integradas: o significado e o significante (SACCONI, 2010;
PLATÃO E FIORIN, 111, 112).
SIGNIFICANTE é a forma material sonora ou gráfica de uma
palavra usada para exprimir um significado. Em bola, o
significante é tanto o som /bola/ quanto a forma gráfica
bola. Note que ambos são perceptíveis, um pelo sentido da
audição e o outro, pela visão. Externo. O significante é como
se fosse uma garrafa.
SIGNIFICADO é o conceito, a noção semântica, a ideia, o
sentido representado pela palavra (falada ou escrita). Em
bola, o significado é “objeto redondo”. Note que o significado
65. “PEIXE”
SIGNIFICANTE
[forma acústica ou
gráfica = peixe]
SIGNIFICADO
Animal aquático,
vertebrado, com o
corpo coberto de
escamas, respiração
branquial e os membros
em forma de barbatana.
REALIDADE
(OBJETO)
PALAVRA OU SIGNO
LINGUÍSTICO
O SIGNO LINGUÍSTICO
67. ACEPÇÃO/SENTIDO DAS PALAVRAS
Sentido é cada um dos significados de uma palavra ou
locução pode apresentar de acordo com o contexto. É
o mesmo que acepção.
Algumas palavras apresentam apenas um único
sentido ou acepção, por isso são chamadas de
monossêmicas: estetoscópio, mililitro, barômetro etc.
Outras possuem diversos sentidos ou acepções, por
isso são chamadas de polissêmicas: céu, linha, ponto
etc.
A maioria das palavras em português são
polissêmicas. As monossêmicas, de menor número,
apresentam geralmente um sentido técnico ou
68. POLISSEMIA
Quando uma palavra (significante)
apresenta vários sentidos ou acepções
(significados), dizemos que ela é
polissêmica. A polissemia – como o
conjunto de diferentes significados que
uma palavra pode apresentar – é um
fenômeno comum nas línguas naturais,
bastante usado nas peças publicitárias e no
humor. Descobrimos o sentido ou acepção
de uma palavra polissêmica pelo contexto
em que ela se insere.
CUIDAR BEM DO PLANETA
ESTÁ NA NOSSA NATUREZA
POLISSEMIA: multiplicidade de sentidos de uma palavra: O
menino quebrou o braço. | O braço da cadeira é macio. |
Península é um braço de terra que avança no mar.
69. PONTO É UMA PALAVRA
SUPERPOLISSÊMICA:
Ponto: sinal de pontuação
Ponto: de ônibus, de táxi
Ponto: mancha
Ponto: de costura
Ponto: de comércio
Ponto: registro no trabalho
Ponto: assunto
Ponto: lugar
Ponto: unidade de medida
Ponto: grau
71. SIGNIFICADO CONTEXTUAL
Uma vez inserida no contexto, uma palavra perde o seu
caráter polissêmico, isto é, deixa de admitir vários
significados e ganha um significado específico no
contexto. É o significado definido pelo contexto que se
denomina significado contextual. Veja o exemplo com a
palavra linha:
(a) A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar
a linha na agulha (linha = material para costurar).
b) O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa
(linha = conjunto de atacantes de um time de futebol).
c) As linhas do bonde foram cobertas pelo asfalto (linha
= trilho).
d) O conferencista, apesar da agressividade da plateia,
72. SIGNIFICAÇÃO DAS
PALAVRAS
As palavras, quando se
combinam para formar
frases, podem estabelecer
diferentes relações de
sentido, isto é, podem ser
sinônimas, antônimas,
homônimas, parônimas,
hiperônimas/hipônimas e
holônimas/merônimas
Ela manga
quando como
manga e sujo
a camisa até
a
manga.
73. SINÔNIMOS (SINONÍMIA)
Sinônimo é uma palavra de significado semelhante ou
próximo a outra e que pode, em alguns contextos, ser
usada em seu lugar sem alterar o significado da sentença:
andar/caminhar. Repare nos dois enunciados
1. A ausência a uma das provas exclui o candidato do
seletivo
2. A falta a uma das provas elimina o candidato do seletivo.
Os substantivos ausência e falta, bem como os verbos exclui
e elimina formam dois pares de sinônimos. O uso de
palavras sinônimas pode ser muito útil nos processos de
retomada de elementos para evitar repetições de termos:
74. A ESCOLHA DE SINÔNIMOS
Apesar de empregamos sinônimos para evitar excessivas
repetições em nossos textos, não existem sinônimos
perfeitos, pois cada um tem seus matizes próprios de
significação, enfatizando aspectos diferentes da realidade,
se aproximando ou se afastando mais conforme o caso.
No plano da denotação, por exemplo, os sinônimos se
distinguem por seu significado mais amplo ou mais restrito:
educador, mestre, professor, instrutor.
No plano da denotação, o que os diferenciam são matizes
de emprego:
USUAL OU TÉCNICO: dor de cabeça/cefaleia,
fastio/anorexia.
CORRENTE OU LITERÁRIO: criado/fâmulo, beijo/ósculo.
75. Defensivos agrícolas
Agrotóxicos
Embora as duas expressões designem o mesmo produto –
substância química usada para combater pragas em lavoura –, a
primeira sugere algo positivo, enquanto a segunda enfatiza o
aspecto negativo ou tóxico dos produtos.
76. (ANTONÍMIA)
Antônimo é uma palavra de
significado oposto ou incompatível
com o de outra. Repare nos dois
enunciados
A ausência a uma das provas exclui o
candidato do seletivo
A presença a uma das provas inclui o
candidato do seletivo.
Os substantivos ausência e presença,
bem como os verbos exclui e inclui
formam dois pares de antônimos.
77. FORMAÇÃO DE ANTÔNIMOS
RADICAIS
DISTINTOS
MESMO RADICAL
COM MUDANÇA
DE PREFIXO NEGATIVO
MESMO RADICAL
COM PREFIXOS
DE SIGNIFICAÇÃO
CONTRÁRIA
abrir/fechar
claro/escuro
resistir/ceder
grande/pequen
vivo/morto
sim/não
com/sem
feliz/infeliz,
lealdade/deslealdade,
esperar/desesperar
normal/anormal,
típico/atípico
comunista/anticomun
mexível/imexível
grávida/não grávida
maldizer/bendizer
interno/externo
progressão/regressão
ascendente/descendent
importar/exportar
superfaturar/minifatura
superpor/sotopor
sufixo/prefixo
anti-soviético/pró-
78. TIPOS DE ANTÔNIMOS
A oposição semântica dos antônimos pode ser de
simples negação, gradação ou de
complementaridade/correlação:
NEGAÇÃO
GRADAÇÃO
COMPLEMENTARIDADE/
CORRELAÇÃO OU POLARIDADE
bom/mau
bonito/feio
alto/baixo
dia/noite
amar/odiar
grande/pequeno*
quente/frio*
bom/mau*
solteiro/casado
macho/fêmea
interno/externo
comprar/vender
perguntar/responder
marido/mulher
irmão/irmã
79. HOMÔNIMOS (HOMONÍMIA)
Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia
e, às vezes, a mesma grafia, mas significação
diferente.
A rigor, só se consideram homônimas aquelas
palavras que,
tendo origem diversa, apresentam a mesma forma, em
virtude de uma coincidência na sua evolução fonética:
São (verb. ser) = Eles são estudantes.
São (adj. sadio) = Mente sã em corpo
são.
80. TIPOS DE HOMÔNIMOS
As palavras homônimas, dependendo do tipo de
semelhança entre elas, subdividem-se em três tipos:
HOMÔNIMAS PERFEITAS – Idênticas na grafia e na
pronúncia: são/são/são, leve/leve, morro/morro,
cobre/cobre, manga/manga, grama/grama.
HOMÔNIMAS HOMÓGRAFAS – Iguais na grafia, mas
diferentes na pronúncia: torre/torre, colher/colher,
molho/molho, jogo/jogo, colher/colher, rego/rego,
apoio/apoio.
HOMÔNIMAS HOMÓFONAS – Iguais na pronúncia, mas
diferentes na escrita: acento/assento,
seção/sessão/cessão, censo/senso, cela/sela,
82. Lema da Tropa
Na guerra, o general estimula seus soldados
grande batalha:
— Não esqueçam. Ao avistar o inimigo, pensem
lema de nossa tropa: Ou mato ou morro.
Dito e feito. Quando encontraram os inimigos,
do batalhão correu para a mata; e o restante, para
(Rodolfo Ilari. Introdução à semântica: brincando com a gramática.
São Paulo: Contexto, 2008)
83. absolver (perdoar, inocentar) absorver (sorver, aspirar)
acidente (desastre) incidente (evento inesperado)
apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico)
aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar)
ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo)
bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe)
cavaleiro (que monta a cavalo) cavalheiro (homem educado)
comprimento (tamanho) cumprimento (saudação)
deferir (despachar) diferir (divergir, discordar)
descrição (enumeração) discrição (prudência, recato)
descriminar (inocentar) discriminar (separar, distinguir)
delatar (denunciar) dilatar (alargar)
despensa (local de guardar
mantimentos)
dispensa (atos de dispensar)
docente (professor) discente (aluno)
PARÔNIMOS
(PARONÍMIA)
Parônimos são
palavras parecidas
(mas não iguais) na
grafia e na
pronúncia, mas
com sentido
completamente
diferente. Eis
alguns pares de
parônimos:
85. HIPERÔNIMO E HIPÔNIMO
Hiperônimo é o termo de sentido mais geral, mais
abrangente (superordenado) em relação a outro mais
específico (subordinado), dito hipônimo. Enquanto o
hiperônimo indica o gênero, a classe; o hipônimo
indica a espécie, o indivíduo. A relação entre
hipônimos e hiperônimos pode ser muito útil nos
processos de retomada de elementos para evitar
repetições de termos:
Há muito planejam derrubar aquele ipê. A velha
árvore parece perturbar os administradores
municipais.
87. EXEMPLOS DE HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS
HIPERÔNIMO HIPÔNIMOS
Fruta Laranja, banana, maçã
Animal Leão, cachorro, gato
Flor Rosa, margarida, dália
Veículo Carro, ônibus, moto
Legume Cenoura, abóbora, tomate
Ver Olhar, examinar, observar
Ferramenta chave de fenda, alicate,
Doença dengue, catapora,
Cor vermelho, azul e verde
Profissão advogado, professor,
Ave andorinha, beija-flor,
88. HOLÔNIMO E MERÔNIMO
Holônimo é o vocábulo de sentido mais total e holístico em
relação hierárquica a outro mais parcial e elementístico, dito
merônimo. Enquanto o holônimo se refere ao todo, o
merônimo se refere a uma parte constituinte desse todo.
HOLÔNIMO MERÔNIMOS
Corpo Cabeça, pernas, braços
Barco Convés, leme, vela
Automóvel Motor, rodas, para-
Livro Capa, lombada, página
Computador Mouse, teclado, tela
Casa Sala, quarto, banheiro
89. EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
Expressão idiomática é toda sequência de palavras de
estrutura fixa e de sentido único e invariável que funciona
como uma unidade léxica. Também chamada de
idiomatismo, idiotismo, frase feita, locução estereotipada ou
grupo fraseológico. Eis alguns exemplos:EXPRESSÃO
IDIOMÁTICA
SIGNIFICADO
No tempo do onça Antigamente
Quebrar a cara Dar-se mal
Ter o rei na barriga Ser arrogante
Amigo da onça Amigo falso
Andar nas nuvens Estar desatento, distraído
Bater as botas Morrer
Bater papo Conversar informalmente
90.
91.
92.
93. PARÁFRASE, PARÓDIA E RESUMO
Paráfrase é um texto alternativo que reformula, com fins
explicativos ou interpretativos, a mesma informação de
mas utilizando outros recursos linguísticos (sinônimos).
palavras, a paráfrase expressa a mesma ideia, mas como
palavras. Expressões linguísticas introdutoras de
seja, quer dizer, a saber, ou melhor, em outras palavras,
síntese, em resumo etc.: A fênix não morre nunca, ou
melhor, morre incendiada e depois renasce das cinzas.
Paráfrase, paródia, resumo e síntese são três tipos bem
conhecidos de intertextualidade, além de serem
técnicas para compreender e organizar a informação.
94. Resumo é a condensação fiel das
ideias ou dos fatos mais
um texto-fonte ou texto de
(conteúdo de livro, peça teatral,
argumento de filme etc.) O
ampliação.
Paródia é a imitação de uma obra
literária, teatral, musical etc. com
propósitos irônicos, jocoso ou
cômico: Se Maomé não vai à
montanha, a montanha vaia Maomé.
96. TIPOS DE PARÁFRASES
Paráfrase consiste na reescrita de um texto A em um texto
B, usando outras palavras ou outra construção gramatical,
mas mantendo as mesmas ideias do texto original. Trata-
se de uma estrutura sinonímica. Podemos construir
paráfrases de três maneiras: (1) usando expressões
sinônimas; (2) reformulando a frase; e (3) alterando a voz
do verbo.
(1) Pegue o pano e seque a louça = Tome o pano e enxugue
a louça
(2) José é filho de Pedro = Pedro é pai de José.
(3) O Flamengo derrotou o Santos = O Santos foi derrotado
97. PARÁFRASE E ALTERAÇÃO DE SENTIDO
Note que as frases parafraseadas abaixo
seguem uma escala que vai desde a
expressão comportada e formal até o
linguajar rude e grosseiro:
Ontem João se excedeu na bebida
(formal)
Ontem João caiu na bebedeira
(informal)
Ontem João tomou um pileque
(popular)
98. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
III. A Significação das Palavras
Semântica – Estudo do significado das palavras ou signos.
Signo - Unidade linguística composta de duas faces:
significante (forma) e significado (conteúdo).
Polissemia – Característica de palavras que apresentam
mais de um significado: plano/plano em plano econômico e
terreno plano.
Ambiguidade – Possibilidade de duplo sentido numa frase:
A Terra é um planeta chato. | Para não quebrar a cara, use
cinto de segurança.
Sinonímia – Relação de sentido entre dois vocábulos, ditos
sinônimos, que têm significação muito próxima:
longe/distante, justo/íntegro etc.
99. Homonímia – Relação entre formas linguísticas que, com
significados diferentes, têm igual forma gráfica e/ou fônica:
molho/molho, morro/morro, cesta/sexta, acento/assento etc.
Paronímia – Relação entre palavras que apresentam pronúncia
e/ou grafia parecia (mas não igual): deferir/diferir,
descrição/discrição, emigrar/imigrar etc.
Hiperonímia/Hiponímia – Relação estabelecida entre um
vocábulo de sentido mais genérico e outro de sentido mais
Animal está numa relação de hiperonímia com leão, gato, cão
hipônimos do termo animal.
Holonímia/Meronímia – Relação estabelecida entre um vocábulo
que designa uma totalidade (dito holônimo) da qual outras
merônimos) fazem parte: corpo é holonímia de braço, tronco,
Expressão idiomática – Toda expressão de estrutura e sentido
fixo: Dar com os burros n’água = frustrar-se; não conseguir.
100. Formas de Intertextualidade
Paráfrase – Um enunciado é paráfrase de outro quando ambos,
embora apresentem palavras expressões e/ou estruturas
diferentes, estabelecem entre si uma mesma equivalência de
Comprei a casa = adquiri o imóvel.
Paródia – Imitação cômica de um texto.
Resumo – Exposição sintetizada de um texto.
102. SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
Além das múltiplas acepções ou
sentidos, as palavras podem
apresentar ainda sentido denotativo
(literal) e sentido conotativo
(figurado).
SENTIDO DENOTATIVO: Dei uma rosa
a Sabrina (a palavra rosa está em seu
sentido original: “flor da roseira”).
SENTIDO CONOTATIVO: Sabrina é
uma rosa (a palavra rosa está em seu
sentido figurado: “mulher muito
103. DENOTAÇÃO: Uso da palavra
em seu sentido original,
usual, convencional, próprio, ou
da palavra. Acepção primária no
dicionário: “Tua piscina está
ratos”.
CONOTAÇÃO: Uso da palavra
com um significado novo, não
central, incomum, particular,
translato, derivado ou figurado.
Acepção secundária no
dicionário: “Aquele deputado é
um rato”.
104. FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de linguagem são certos recursos não
convencionais da linguagem conotativa, usadas em
geral pelo emissor para dar maior expressividade à
mensagem em certa situação comunicativa. Conhecer
essas figuras nos ajuda não só a compreender melhor
os textos (literários, publicitários, humorísticos etc.) e a
ser mais sensíveis à beleza da linguagem e ao
significado simbólico das palavras, mas também a
expressar-nos de forma diferente, criativa, pessoal, o
que pensamos e sentimos. As figuras se baseiam em
processos analógicos.
105. TIPOS DE FIGURAS DE LINGUAGEM
COMPARAÇÃO/SÍMILE: Figura mais comum em nossa
linguagem, estabelece entre dois seres uma relação de
semelhança, por meio de um nexo que pode ser de
igualdade (como, feito, que nem, qual, parece, lembra etc.)
ou de superioridade (mais ... que): Zeca é gordo que nem
um porco. |
METÁFORA: Figura que permite, por meio de uma
comparação implícita (subentendida) substituir uma palavra
por outra que tem com ela um nível de semelhança: Zeca é
um porco. | “Você é luz, é raio, estrela e luar”. | “A saudade
é o revés de um parto” (Chico Buarque).
PERSONIFICAÇÃO/PROSOPOPEIA: Figura pela qual se atribui
características humanas a seres não humanos, inanimados,
106. METONÍMIA: Figura por meio da qual trocamos uma palavra
por outra que tem com ela uma relação de proximidade: A
metonímica pode ser autor/obra; pessoa/traço físico;
objeto característico; continente/conteúdo; marca/produto
li Machado de Assis. | Cuidado para não se cortar com a
brasileiro é trabalhador. | Cinco cabeças de gado. | Ele é um
CATACRESE: Uma metáfora desgastada e cristalizada pelo
uso, essa figura costuma ocorrer quando, por falta de um
específico para designar um conceito, toma-se outro
batata da perna, braço da cadeira, maçã do rosto, embarcar
dente do pente.
HIPÉRBOLE: Figura pela qual se engrandece ou diminui
exageradamente uma expressão: Esperei uma eternidade na
banco. | Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. |
107. EUFEMISMO: Figura pela qual se procura suavizar ou
atenuar o sentido de ideias desagradáveis, chocantes ou
constrangedoras: Lamento informar que estarei
honrar os compromissos financeiros até o fim do ano. | Foi
Deus (morreu). | O político faltou com a verdade (mentiu).
é disfemismo.
ANTÍTESE: Figura por meio da qual se opõem, numa mesma
frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido
(antônimos), com a intenção de realçar a força expressiva
delas: O corpo é grande, mas a alma é pequena. | Cabelos
ideias curtas.
Não confundir com PARADOXO, que é uma antítese em que
termos, por serem inconciliáveis, geram um absurdo: “Para
meu interior é preciso sair de mim”. | “É um contentamento
108. ANTONOMÁSIA: Figura pela qual se substitui um
nome próprio por uma qualidade ou característica que
distinga. É o mesmo que apelido, alcunha, cognome:
aviação = Santos Dumont | A rainha dos baixinhos =
flagelo de Deus = Átila. | O poeta dos escravos =
GRADAÇÃO: Figura por meio da qual se encadeiam
palavras ou ideias com efeito cumulativo: Esperarei
quanto for preciso: um dia, uma semana, um mês, um
SINESTESIA: Figura pela qual se misturam sensações
(audição, visão, tato, olfato e paladar) em uma única
Aquele choro amargo e frio me espantava. | Jocasta
voz doce e macia.
109.
110. EFEITOS DE SENTIDO
Quando exploramos as possibilidade de palavras ou
expressões receberem mais de uma interpretação,
criamos um efeito de sentido.
111. AMBIGUIDADE, ANFIBOLOGIA OU DUPLO
SENTIDO
Quando exploramos
as possibilidade de
palavras ou
expressões
receberem mais de
uma interpretação
quanto a seu sentido
geral, criamos um
efeito chamado de
duplo sentido ou
112. A BOA AMBIGUIDADE E AMBIGUIDADE
PROBLEMÁTICA
A ambiguidade, quando intencional, pode ser usada
como um recurso que contribua para a expressividade
do texto, como nesses dois textos publicitários: A
revista que é uma viagem (propaganda de uma revista
de turismo). | Encha seu filho de bolachas (propaganda
de biscoito para crianças).
Mas a ambiguidade pode constituir também um
problema (vício) para a clareza do texto, como nestas
frases: O pesquisador encontrou uma árvore rara
andando perto do rio. | A convocação de Tite agradou
a todos. | O candidato que estuda frequentemente
113. IRONIA
Ironia é uma figura de linguagem que consiste em dizer o
contrário daquilo que se pretende dizer, em geral com
intenção de satirizar, ridicularizar ou demonstrar irritação.
A ironia pode ser utilizada também para criar ou ressaltar
efeitos humorísticos, bem como com o objetivo de
denunciar, de criticar ou de censurar algo, sobretudo nos
cartuns e textos literários: Acabou de quebrar o copo;
parabéns. | Adoro as pontas duplas do seu cabelo;
combinam com sua personalidade. | Temos que trabalhar
esse final de semanal; que legal! | “Moça linda bem
tratada,/três séculos de família,/burra como uma porta: um
amor!” (Mário de Andrade) | Quem foi o inteligente que
zerou a prova? | O carro está tão limpo que dá para
114.
115. HUMORHumor é uma das coisas mais difíceis de ser
definida. Trata-se de uma expressão
engraçada da realidade, em geral, a partir de
um jogo de linguagem, uma crítica, um mal-
entendido, um tema proibido, uma situação
inusitada, o duplo sentido, a falta de lógica,
a subversão da realidade etc. Os textos
humorísticos são facilmente encontrados em
revistas, jornais, histórias em quadrinhos e
almanaques. Os gêneros mais
representativos são as anedotas, também
chamadas de piadas, as tiras, os cartuns e as
charges. Para interpretá-los é necessário que
o leitor tenha um conhecimento de mundo
116. PIADA 02
Na escola, a professora pergunta a um aluno que está sempre distraído:
Joãozinho, táxi leva acento?
Claro que tem, professora, senão onde é que as pessoas iam se sentar?
PIADA 01
O candidato a governador sobe no palanque e proclama em voz alta:
Neste bolso nunca entrou dinheiro do povo!
Aí grita uma pessoa que assistia ao comício:
Calça nova, hein, Sua Excelência!
PIADA 03
O ladrão entra numa joalheria e rouba todas as joias da loja. Guarda tudo numa
mala e, para disfarçar, coloca roupas em cima. Sai correndo para um beco, onde
encontra um amigo, que pergunta:
E aí, tudo joia?
Que nada! Metade é roupa...
117.
118. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
IV. Figuras de Linguagem
Sentido literal: Dizemos que a palavra está no sentido
literal ou denotativo quando apresenta o sentido mais
usual, mais comum, o primeiro sentido no dicionário:
Lúcia fez uma cirurgia no coração.
Sentido figurado: Dizemos que a palavra está no sentido
figurado ou conotativo quando apresenta o sentido
particular, “especial” que a palavra adquire por causa de
um contexto específico em que é usada: Lúcia partiu meu
coração.
Figura de linguagem: Conjunto de recursos expressivos
que exploram as possibilidades de emprego conotativo
das palavras.
119. Efeitos de sentido: Recursos estilísticos usados para dar
maior expressividades aos textos.
Ambiguidade: possibilidade de duplo sentido nas
frases: Cuidar do meio ambiente faz parte de nossa natureza.
Ironia: recurso estilístico que veicula um significado
contrário daquele que deriva da interpretação literal do
Bonito serviço! (a algo mal feito).
Humor: expressão irônica e engenhosamente elaborada da
realidade com o objetivo de produzir o riso:
O marido pergunta para a mulher
Querida, quando eu morrer você vai chorar
E a esposa responde:
Claro, amor. Você sabe que choro por
120. CONSTRUÇÃO DE RODOVIA
Uma rodovia estava sendo construída em um vilarejo e
um dos residentes sentou-se durante muitas horas para
assistir à realização das obras. Um homem aproximou-
se dele:
Olá, sou o engenheiro que realizou o projeto, o
responsável pela obra e pelas máquinas.
Olá, eu sou o morador do vilarejo.
Pelo que pude notar, você nunca havia visto uma
rodovia moderna ser construída. Diga-me, como
construíam estradas por aqui?
Bem, quando queremos construir uma estrada entre
um vilarejo e o seguinte, soltamos um burro velho e o
animal escolhe o caminho mais curto e mais seguro. É
ali que construímos a nossa estrada.
E o que fazem quando não há burros?
Aí, a gente chama um engenheiro.
O humor desse texto está no fato
de:
(A) a rodovia estar sendo
construída.
(B) o engenheiro ter realizado o
projeto.
(C) a conversa com o morador ter
se esticado.
(D) o morador ter explicado a
resposta final
123. DISCURSO E TEXTO
Quando falamos ou escrevemos, produzimos discursos. O
discurso, quando produzido, manifesta-se linguisticamente por
meio de textos. O texto é, portanto, produto da atividade
discursiva. Definimos texto como qualquer ocorrência
linguística, escrita ou falada de qualquer extensão, dotada de
unidade semântica e finalidade comunicativa. Pode ser um
romance de 200 páginas, um conto de 5 a 10 páginas, uma
crônica de uma página, um parágrafo, uma frase ou uma
124. SOBRE A NATUREZA DO TEXTO (FIORIN)
A palavra texto vem do substantivo latino textum, que,
por sua vez, deriva do verbo texo, que significa “tecer”.
O texto (textum) é, portanto, um tecido. Assim como o
tecido não é um amontoado desconexo de fios, mas um
conjunto de fios bem entrelaçados e metodicamente
organizados; assim o texto não é um aglomerado
aleatório de frases, mas um conjunto de palavras,
orações, frases e parágrafos bem articulados, com
coesão e coerência. Na estrutura textual, o sentido de
cada uma das partes é dado pelo todo, de modo que
todas as partes do texto sejam solidárias.
126. EXEMPLO DE TEXTO COESO, MAS
INCOERENTE
O dia está bonito, pois ontem encontrei
seu irmão no cinema. Não gosto de
ir ao cinema. Lá passam muitos filmes
divertidos.
127. CONCEITO DE TEXTUALIDADE
Se o texto é um todo organizado de sentido, uma
unidade significativa global, quais são os fatores de
textualidade, isto, o conjunto de características que
faz com que um texto seja realmente um texto e não
um simples amontoado de frases? Há sete fatores de
textualidade, reunidos em dois blocos (BEAUGRANDE E
DRESSLER):
1. FATORES SEMÂNTICOS/FORMAIS: coerência e
coesão.
2. FATORES PRAGMÁTICOS: intencionalidade,
128. 1. COERÊNCIA: O texto apresenta interligação de sentido, de
modo que não haja nada contraditório, ilógico ou desconexo.
2. COESÃO: O texto flui de forma articulada entre suas partes.
3. INTENCIONALIDADE: O texto apresenta um objetivo.
4. ACEITABILIDADE: O texto é compreensível para o leitor.
5. SITUACIONALIDADE: O texto é adequado à situação.
6. INFORMATIVIDADE: O texto equilibra informações velhas e
novas.
7. INTERTEXTUALIDADE: O texto remete a outros textos de
forma explícita ou implícita.
FATORES DETEXTUALIDADE
129. O TEXTO VERBAL E O NÃO VERBAL
Ler é atribuir sentidos. Sendo assim, é possível
fazer a leitura tanto de textos verbais quanto de
textos não verbais.
O TEXTO VERBAL é constituído por manifestações
da língua oral ou escrita por meio de palavras,
frases, parágrafos, legendas, balões etc.
O TEXTO NÃO VERBAL é constituído por outras
formas de linguagem: gesto, imagem, gravura,
desenho, caricatura, filme, material gráfico
(tabela, esquema, infográfico, mapa, fluxograma
etc.).
O TEXTO GRÁFICO-VERBAL é constituído ao
130. TEXTO MULTISSENSORIAL
Também chamado de texto verbo-
visual e texto gráfico-verbal, o texto
multissensorial é aquele que mescla
palavra e imagem. No texto
multissensorial, a parte não verbal
(as representações figurativas e
esquemáticas) complementa a parte
textual, concorrendo assim para
apresentar dados estatísticos e
explicar questões complexas de
forma mais didática. São exemplos:
propaganda, cartaz, charge/cartum,
131. No último quadrinho, a menina Mônica demonstra estar:
(A) irritada (B) insatisfeita (C) curiosa (D) assustada.
132. O QUE É CONTEXTO
Contexto é a relação entre o texto focalizado e seu
entorno textual ou situacional. O contexto, essa inter-
relação de circunstâncias que acompanha o discurso, é
ferramenta importantíssima na
compreensão/interpretação de um texto.
O contexto pode ser explícito, quando está expresso
linguisticamente; ou implícito, quando não precisa ser
verbalizado, porque pode ser inferido da situação. Por
exemplo: Ao entrar no táxi o passageiro diz ao
motorista somente “Mocambinho”; não precisa dizer
“Por favor, me leve até o Mocambinho”, pois o
motorista depreende isso da situação.
133. TIPOS DE CONTEXTO
CONTEXTO TEXTUAL: Refere-se ao cotexto ou entorno
verbal, isto é, o conjunto de palavras, frases, ou o texto
que precede ou se segue a determinada palavra, frase ou
texto, e que contribuem para o seu significado;
encadeamento do discurso. Trata-se de uma unidade
linguística de âmbito maior, na qual se insere outra
unidade de âmbito menor. Assim, a palavra se insere no
contexto da frase; a frase se insere no contexto do
período; o período se insere no contexto do parágrafo e
assim por diante (PLATÃO E SAVIOLI, 113).
CONTEXTO SITUACIONAL: Diz respeito à situação externa,
que pode ser imediata (interlocutor, tempo, lugar da
interação, finalidade ou veículo) ou mais ampla (entorno
134. O QUE É INTERTEXTO/INTERTEXTUALIDADE
Pode-se dizer que há intertextualidade quando um
texto “conversa” com outro; quando, no processo de
escrita, constituímos um texto recorrendo a
fragmento de outro(s) texto(s) preexistente(s). Ou
seja, “todo texto se constrói como um mosaico de
citações; todo texto é a absorção e transformação de
outro texto” (KRISTEVA, Julia, 1974, p. 64.)
Chamamos intertexto o texto preexistente a outro
texto e que é referido direta ou indiretamente
(citação, epígrafe, plágio, resumo, paráfrase, paródia,
alusão etc.), na elaboração deste, ou que o
influencia. O intertexto pode ser estrutural, temático
135. TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade pode constituir-se explícita ou
implicitamente. A intertextualidade é explícita quando
há citação de fonte do intertexto. A intertextualidade é
implícita quando não há citação expressa da fonte,
cabendo ao interlocutor recuperá-la da memória,
como nas alusões, paráfrase, paródias e ironias.
TEXTO FONTE
“Que me perdoem as
feias,
mas beleza é
fundamental”
TEXTO DESTINO
“Que me perdoem os
concorrentes, mas localização
é fundamental”
(Anúncio publicitário de um
condomínio residencial)
136. ELEMENTOS DA
CONSTRUÇÃO
TEXTUAL
Uma metáfora que nos
ajuda a entender a
diferença entre tipo textual
e gênero textual é a de um
prédio. Se você imaginar o
gênero como uma casa, os
tijolos são as palavras; as
fileiras ou fiadas de tijolos
são as frases; as paredes
são os parágrafos; os tipos
textuais são os diversos
tipos de compartimentos
ou cômodos; e os gêneros
textuais são os diversos
137. OS TIPOS TEXTUAIS
Tipos (ou sequências) textuais são modos de organização
discursiva usados como recurso estruturante dos vários
gêneros. Consistem em segmentos ou agrupamentos
textuais estáveis que realizam uma ação comunicativa
específica, tal como descrever, narrar, relatar, expor,
argumentar, orientar, predizer ou indicar interlocução. Os
tipos aparecem dentro dos gêneros sob a forma de blocos
de parágrafo que se organizam isoladamente ou de forma
encadeada. Restringem-se a sete ou oito possibilidades
retóricas: descrição, narração, relatação, dissertação
(exposição e argumentação), dialogação, injunção e
predição (ADAM, 1997; SCHNEUWLY E DOLZ, 2004; BONINI,
2005; BALTAR, 2006; PEREIRA, 2006). Enquanto a narração, o
138. TIPOLOGIA TEXTUAL
1. DESCRIÇÃO: Apontam-se as CARACTERÍSTICAS físicas ou
psicológicas, objetivas ou subjetivas, de algo, fazendo-se um
retrato verbal de uma cena, lugar, ambiente, pessoa, animal ou
objeto. O tempo na descrição é estático, parado. Gêneros
textuais em que predomina a descrição: diário, descrição
literária, cardápio, lista de compras, currículo etc.
2. NARRAÇÃO: Conta-se um FATO, real ou imaginário, vivido
por personagens e ocorrido em determinado tempo e lugar. O
tempo na narração é dinâmico e sequenciado. Gêneros
textuais em que predomina a narração: romance, conto,
crônica, (tele)novela, fábula, piada, “causos” etc.
3. RELATO: Conta-se um FATO, sempre real, ocorrido em
determinado tempo e lugar, com personagens. O tempo na
139. 4. EXPOSIÇÃO/EXPLICAÇÃO: Apresenta-se um TEMA,
conceituando, analisando e explicando dados da realidade,
objetiva, impessoal e neutra. Também chamada dissertação
Gêneros textuais em que predomina a exposição: artigo de
artigo de revista, aula, seminário, conferência, resumo etc.
5. ARGUMENTAÇÃO: Defende-se um PONTO DE VISTA
(TESE), buscando persuadir ou dissuadir o leitor. Também
dissertação argumentativa. Gêneros textuais em que
argumentação: editorial, artigo de opinião, monografia,
carta do leitor, carta de reclamação, resenha, requerimento
etc.
6. DIALOGAÇÃO/CONVERSAÇÃO: Indicam-se as FALAS das
personagens. Gêneros textuais em que predominam:
teatro, falas em textos literários, diálogo, inquérito, debate,
140. 7. INJUNÇÃO/INSTRUÇÃO: Fornecem-se
INSTRUÇÕES, ORIENTAÇÕES ou COMANDOS sobre
realizar uma ação. Gêneros textuais em que
injunção: manual, guia, regras de jogo, regulamento,
de uso, bula, receita culinária, cartaz publicitário,
edital, código, lei, sermão etc.
8. PREDIÇÃO: Predizem-se enunciados descritivos ou
narrativos sobre o futuro, com a intenção de fazer
fazer crer. Gêneros textuais em que predomina a
horóscopo, previsões astrológicas, boletim
meteorológico, profecia, vaticínio, presságio,
predições escatológicas/apocalípticas, previsão etc.
141. OS TIPOS TEXTUAIS NOS PARÁGRAFOS
Os textos se organizam em parágrafos, blocos
textuais formado por uma cadeia de orações que tem
uma unidade de sentido e que giram em torno de
uma ideia central (tópico frasal). Geralmente o
parágrafo se inicia com letra maiúscula, num recuo na
primeira linha, e termina com um ponto. Os
parágrafos são como se fossem gavetas de um
armário.
Há dois grandes tipos de parágrafos: os
cronológicos e os conceituais. Os parágrafos
cronológicos relatam fatos de forma sequencial;
comuns nos textos narrativos. Os parágrafos
142. OS GÊNEROS TEXTUAIS
Todo texto se organiza dentro de
determinado gênero textual. Os
inúmeros gêneros existentes, por
sua vez, podem ser definidos
como classes relativamente
estáveis de enunciados que
circulam em determinados
espaços sociais e podem ser
reconhecidas por quatro traços
distintivos evidentes: estrutura,
estilo de linguagem, conteúdo
temático e função/finalidade
143. EXEMPLOS DE GÊNEROS TEXTUAIS
3º ANO: história, conto, poema, capa de livro, capa de
caderno de jornal, cartão virtual, reportagem, entrevista, texto
informativo, campanha publicitária, primeira página do livro,
mapa, linha do tempo, depoimento, enquete, verbete, gráfico,
tela, fotografia, tirinha, história em quadrinhos.
4º ANO: fábula, poema, cordel, paródia, piada, partitura, letra
de canção, texto de opinião, biografia, notícia, reportagem,
folheto, sinopse de livro, quarta capa, capa de CD, capa de
livro, capa de folheto de cordel, lista, receita, instrução de
uso, instrução de montagem, regra de jogo, tirinha, história
em quadrinhos.
5º ANO: conto, crônica, poema, lenda, letra de canção, piada,
diário, bilhete, cantiga popular, capa de livro, sinopse de livro,
144. Os gêneros textuais, cujos
exemplares são incontáveis,
podem ser constituídos por um
só tipo de sequência/tipo
textual predominante
(homogeneidade tipológica) ou
por diversas sequências/tipos
textuais (heterogeneidade
tipológica). Eis um exemplo de
gênero híbrido – a “carta”:
LOCAL E DATA
VOCATIVO:
SAUDAÇÃO
DESPEDIDA,
ASSINATURA
DESCRIÇÃO
NARRAÇÃO
EXPOSIÇÃO
ARGUMENTAÇÃO
145. GRUPOS DE GÊNEROS TEXTUAIS
Pode-se dizer que gêneros são famílias de texto que
compartilham algumas características em comum. O
tipo textual que predomina no gênero costuma dar
nome ao grupo.
Exemplos de Gênero Utilização Social
Descrições literárias,
ou técnicas, listas,
laudo, guia de viagem,
currículos, anúncios de
classificados, passagem de
ônibus, boleto, fatura etc.
Textos desses gêneros
apresentam características
uma paisagem, cena,
pessoa, animal, objeto ou
avulsos.
1. GÊNEROS DO GRUPO “DESCREVER”
146. Exemplos de Gênero Utilização Social
Contos de fadas, fábulas,
(de aventura , de ficção
mito, romances, novelas,
“causos”, lendas,
crônicas literárias etc.
Textos desses gêneros
parte da cultura literária de
ficção.
2. GÊNEROS DO GRUPO “NARRAR”
Exemplos de Gênero Utilização Social
Relatos de viagens, diários,
autobiografias, notícias,
crônicas, relatos históricos,
etc.
Textos desses gêneros
as experiências vividas
pessoa(s) em uma
época.
3. GÊNEROS DO GRUPO
“RELATAR”
147. Exemplos de Gênero Utilização Social
Textos de opinião, diálogos
argumentativos, debates, cartas
leitor, debates regrados,
de defesa, editoriais, resenha,
requerimentos, monografias
Textos desses gêneros
problemas sociais
5. GÊNEROS DO GRUPO
“ARGUMENTAR”
Exemplos de Gênero Utilização Social
Verbetes de dicionário,
conferências, palestras, tomadas
nota, resumos de textos, artigos
enciclopédia, artigos de
científica etc.
Textos desses gêneros
o conhecimento social
sistematizado e
culturalmente.
4. GÊNEROS DO GRUPO “EXPOR”
148. Exemplos de Gênero Utilização Social
Entrevistas, peças de teatro,
diálogos, telefonemas, chats
outros textos em forma de
conversação etc.
Textos desses gêneros
temas, apresentam pontos de
ou narram uma história por
diálogos entre os
7. GÊNEROS DO GRUPO “DIALOGAR”
Exemplos de Gênero Utilização Social
Receitas culinárias ou médica,
instruções de uso, instruções de
montagem, bulas, regulamentos,
regras de jogos, roteiros, textos
prescritivos etc.
Textos desses gêneros
sistematizam instruções e
orientações e definem
regras, condições de uso
produto etc.
6. GÊNEROS DO GRUPO “INSTRUIR”
149. TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS
Modos de organização discursiva que
uma ação comunicativa (descrever,
relatar, expor, argumentar, dialogar,
predizer) por meio de vocabulário,
lógicas, tempos verbais, construções
etc.
Formas cristalizadas de textos
inseridas num contexto
com traços distintivos na
e no estilo e na função
sociocomunicativa.
São em número limitado, variam de seis
apenas: descrição, narração, relato,
argumentação, dialogação, injunção e
predição.
São inúmeros: conto,
crônica, palestra, aula,
bula de remédio, receita
blog, e-mail, carta,
Geralmente se apresentam sob a forma
parágrafos, usados como partes
na construção de um gênero textual.
São textos inteiros,
que utilizam os tipos textuais
estruturantes de sua
TIPOS TEXTUAIS X GÊNEROS TEXTUAIS
150. “Tendo em vista que todos os textos se manifestam
sempre num ou noutro gênero textual, um maior
conhecimento do funcionamento dos gêneros
textuais é importante tanto para a produção como
para a compreensão” (MARCUSCHI, 2003a, p. 32).
151. ELEMENTOS DA NARRATIVA
São cinco os elementos da narrativa, que podem ser gravados pela
sigla PENTE:
1. PERSONAGENS: Qualquer ser que participa da ação narrativa
(pessoa, animal, coisa, forças da natureza etc.). Podem ser
principais (protagonista, antagonista) e secundários (coadjuvantes).
2. ESPAÇO: Lugar onde ocorre a história. Pode ser interno ou
externo.
3. NARRADOR: Ser que conta a história em primeira ou terceira
pessoa. Pode ser interno (narrador-protagonista ou narrador-
testemunha) e externo (narrador-observador ou narrador-
onisciente).
4. TEMPO: Período em que ocorre a história. Pode ser cronológico
(medido em relógio) e psicológico (medido pelas emoções).
152. TIPOS DE DISCURSO NA DIALOGAÇÃO
1. DISCURSO DIRETO: Reprodução de maneira direta da fala dos
personagens ou seja, a reprodução integral e literal. Nessa estrutura,
as falas são introduzidas por um verbo declarativo, seguido de dois
pontos e travessão.
O desconhecido perguntou:
— Que horas são, por favor?
2. DISCURSO INDIRETO: Registro da fala da personagem sob influência
da parte do narrador. Nessa estrutura, os tempos verbais são
modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que fala: O
desconhecido perguntou por favor que horas eram?
3. DISCURSO INDIRETO LIVRE: Modalidade resultante da mistura dos
discursos direto e indireto, sendo um processo de grande efeito
estilístico. Mistura fala, pensamento e sentimento: Minha mãe foi
achá-lo à beira do poço, e intimou-lhe que vivesse. Que maluquice era
aquela de parecer que ia ficar desgraçado, por
153. GÊNEROS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS
Os gêneros textuais são ditos literários quando
utilizam a língua de forma estética, artística.
São considerados não literários quando usam a
língua de forma prática, funcional. Os gêneros
literários se organizam em três grupos: o lírico
(poesia), o épico (epopeia, romance etc.) e o
dramático (peça de teatro, auto etc.).
É preciso combinar, ecleticamente, gêneros
textuais formais e informais, artísticos,
didáticos e funcionais, literários e não literários,
simples e complexos, eruditos e populares,
prosaicos e poéticos, ficcionais e não ficcionais
154. DOMÍNIO DISCURSIVO
Pode-se afirmar que a
comunicação se realiza em cada
esfera da sociedade sempre por
meio de discursos. O conjunto de
discursos específicos de
determinada esfera social ou
institucional constitui o que se
chama de domínio discursivo. Há,
portanto, diversos domínios
discursivos: literário, científico,
publicitário, político, religioso,
médico, escolar, jornalístico,
industrial, familiar, lazer etc. Cada
157. Também chamado de porta-
textos ou veículos, os suportes
textuais são a base ou a
superfície material na qual são
registrados os textos. Estes
podem ser convencionais
(feitos para esse propósito:
livro, revista, jornal etc.) ou
incidentais (usados para esse
propósito de forma ocasional:
parede, árvore, pele etc.)
SUPORTESTEXTUAIS
158. TIPOS DE
SUPORTES
TEXTUAIS
SUPORTES CONVENCIONAIS SUPORTES INCIDENTAIS
LIVRO EMBALAGEM
LIVRO DIDÁTICO PARA-CHOQUE E PARA-LAMA DE
VEÍCULO
JORNAL ROUPAS
REVISTA CORPO HUMANO
RÁDIO MUROS
TV PARADAS DE ÔNIBUS
TELEFONE ESTAÇÕES DE METRÔ
QUADRO DE AVISOS CALÇADAS
OUTDOOR FACHADAS
ENCARTE JANELAS DE ÔNIBUS
FÔLDER TRONCO DE ÁRVORE
LUMINOSO
FAIXA (MARCUSCHI, 2003A)
160. COESÃO TEXTUAL
Manifestada no nível
microtextual e superficial,
a coesão é o
entrelaçamento gramatical
entre as orações por meio
de distintos recursos
linguísticos, os quais dão
unidade ao texto. É a
conexão entre as partes
estruturantes do edifício
textual. Diz respeito à
Manifestada em grande
parte no nível
macrotextual e profundo,
a coerência é a relação
entre as orações, que
dota o texto de um
sentido global. É a
amarração das ideias do
texto de forma lógica.
COERÊNCIA
TEXTUAL
161. TEXTO DE SENTIDO PLENO
Para que o sentido do texto seja completo, é necessário
que, além de coeso, o texto também seja coerente. Afinal,
o texto é uma unidade articulada. A coesão sozinha não
garante o sentido, pois pode haver frases inteiramente
coesas, e ainda assim sem sentido; assim como é possível
ter um texto coerente sem coesão:
1. Sempre guardo meus livros na estante com o prato
virado para cima.
2. A rua está molhada porque não choveu.
3. Estudei muito, apesar disso fui aprovado.
4. Crise financeira. Aumento no valor do dólar. Diminuição
das importações
162. COERÊNCIA TEXTUAL
Quando escrevemos um texto, é preciso
que as ideias ou relações de sentido não
fiquem soltas, mas que estejam
subordinadas a um tema único e
sequenciadas de forma lógica e
harmônica, a fim de que possam ser
percebidas como uma unidade. Quando
isso acontece, dizemos que esse texto
tem coerência textual. Para Bechara,
“coerência textual é a relação que se
estabelece entre as diversas partes do
texto, criando uma unidade de sentido”.
“Tudo certo
como dois e
dois são
cinco”.
- Caetano
Veloso
163. TIPOS DE COERÊNCIA TEXTUAL
A coerência textual abrange
dois aspectos:
(1)a COERÊNCIA INTERNA
(harmonia de sentidos
entre as diversas partes
do texto e o todo do
texto); e
(2)a COERÊNCIA EXTERNA
(adequação ou
compatibilidade entre as
ideias expressas no texto
e a realidade ou o mundo
164. COERÊNCIA TEXTUAL INTERNA
Para um texto ser coerente do ponto de vista
interno, ele precisa atender algumas
especificações:
Não pode ser contraditório – não deve fazer
afirmações opostas, como por exemplo no início
ser favorável ao aborto e no final ser contrário a
ele.
Não pode ser evasivo – ou seja, deve tratar do
mesmo tema do início ao fim.
Não pode ser repetitivo/redundante – ou seja,
deve conter progressão semântica mediante a
165. COERÊNCIA TEXTUAL EXTERNA
Para um texto ser coerente do ponto de vista
externo, ele precisa estabelecer uma relação não
contraditória com a realidade ou conhecimento
de mundo do emissor e do receptor, de que
modo as informações façam sentido para ambos.
Ou seja, o texto deve harmonizar-se com o
contexto.
Um texto pode ser incoerente em razão de
falácias ou erros lógicos ou ainda de
desinformação, exageros, falta de pesquisa etc.:
Arara voa; logo tudo que voa é arara. | É preciso
salvar os pandas da Amazônia. | Bilhões de
166. A INCOERÊNCIA COMO EXPRESSIVIDADE
“Subi a porta e fechei a escada.
Tirei minhas orações e recitei meus
sapatos.
Desliguei a cama e deitei-me na luz
Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...”
(Anônimo)
167. COESÃO
TEXTUALUm texto é um conjunto de
parágrafos, formados por
conjuntos de frases, formadas
por conjuntos de orações, que,
por sua vez, são formadas por
conjuntos de palavras.
Quando escrevemos um texto,
é preciso que essas partes não
fiquem soltas, mas
entrelaçadas umas nas outras
de modo a formar o tecido ou
tessitura textual. Damos a esse
princípio de unidade semântica
168. Coesão é o encadeamento que mantém
nosso texto unido. É a maré e o fluxo do
significado. Se a organização é o esqueleto
de um texto, a coesão é a musculatura que
mantém o esqueleto junto.
Dr. Karin Wenz
(Depto. de Inglês da University of Kasse)
169. ELEMENTOS ENDOFÓRICOS E EXOFÓRICOS
Os elementos coesivos podem ser exofóricos e
endofóricos.
São exofóricos (extratextuais) quando ligam um elemento
a outro fora do texto: “Que país é esse?” (Legião Urbana).
São endofóricos (textuais) quando ligam um elemento a
outro dentro do texto: João sofreu um grave acidente de
moto. Ele escapou por um triz. Os elementos endofóricos
podem ser anafóricos e catafóricos. Enquanto o anafórico
faz remissão trás, o catafórico faz remissão para frente.Anáfora é o processo através do
qual um termo coesivo faz
referência a um termo anterior
no mesmo texto: Fui ao Museu
de Artes Modernas. Lá, encontrei
Catáfora é o processo através
do qual um termo coesivo faz
referência a um termo
posterior no mesmo texto: A
noite resumiu-se nisto:
170. EXEMPLO
Analise os dois textos a seguir:
1. João era casado com Maria. Ontem ele a viu aos beijos com
outro homem. Hoje ambos se separaram.
2. Dele, do meu marido, eu só quero a pensão para os meus
filhos.
01. Indique o referente de “ele”, de “a”, de “ambos” e de
“dele”.
02. Os exemplos referenciais acima são:
(A)Todos de catáfora.
(B) Todos de anáfora.
(C)Dois de anáfora e um de catáfora.
171.
172. MECANISMOS DE COESÃO
Para assegurar a coesão, usamos um conjunto de mecanismos
linguísticos para articular e sequenciar os diferentes elementos
textuais: os recursos coesivos. Antunes (2005) distingue três
mecanismos de coesão:
COESÃO POR REITERAÇÃO – Relação que ocorre quando um
componente do texto faz remissão a outro elemento do texto
(referente) por retomada ou antecipação.
COESÃO POR ASSOCIAÇÃO – Relação que ocorre pela
contiguidade semântica entre as palavras.
COESÃO POR CONEXÃO – Relação que ocorre quando, por
meio de conectivos, articuladores ou nexos (preposições,
conjunções, advérbios e respectivas locuções), se faz ligação
sintático-semântica entre termos, orações, períodos,
173. 1. COESÃO POR REITERAÇÃO
.PROCEDIMENTOS RECURSOS EXEMPLOS
1.1 REPETIÇÃO 1.1.1 Paráfrase
1.1.2 Paralelismo
1.2.3 Repetição de
mesmo item lexical
1. O A pesquisa é inédita, isto é, traz uma
nova.
2. Lápis na mão, papel na mesa e ideias na
geram algum fruto.
3. A casa foi destruída. Da casa não sobrou nada.
1.2 SUBSTITUIÇÃO 1.2.1 Substituição
gramatical
advérbios, verbos
vicários, numerais)
1.2.2 Substituição
lexical (sinônimos,
hiperônimos, co-
hipônimos,
nominais definidas,
nomes genéricos
(gente, pessoa,
negócio, lugar,
1. Os pais de Pedro morreram. Ele os amava
2. Paulo vai para a Europa. Lá faz muito frio.
3. Lúcia corre todos os dias. Patrícia faz o
4. Pedro e João são irmãos. Ambos estudam
5. A criança chorou. Também o menino não fica
6. Gosto muito de doces. Cocada, então, eu
7. O cantor Sting tem lutado pela preservação da
Amazônia. O vocalista chegou ao Brasil com o
Raoni, com quem escreveu um livro.
5. O mar devolveu a coisa. Era o cadáver de um
6. Você foi sozinha? Não, com amigos.
174. 2. COESÃO POR ASSOCIAÇÃO
.
PROCEDIMENTO
S
RECURSOS EXEMPLOS
2.1 SELEÇÃO 2.1.1 Seleção
palavras
semanticament
próximas
(antônimos,
hipônimos,
holônimos/me
imos etc.) de
mesmo campo
semântico ou
universo de
sentidos.
1. A seleção brasileira jogou mal
Espera-se que a seleção canarinha
mais sorte da próxima vez.
2. Joana e Pedro brigam como
cachorro.
3. A rosa era realmente fragrante,
me furei num dos espinhos.
175. 3. COESÃO POR CONEXÃO
PROCEDIMENTOS RECURSOS EXEMPLOS
3.1 Conexão
semântica
3.1.1 Uso de
diferentes
conectores ou
conectivos (ver
conjunções)
1. Sem uma polícia limpa, o crime
sempre.
2. Visto que o sol não dá trégua, a
sempre uma boa opção.
3. Cada vez que chove, nosso bairro
todo alagado.
4. Segundo Fernando Pessoa, tudo
pena.
5. A escola pública não tem os
recursos que a privada. Por isso,
escola pública.
6. Quando eu era pequeno, meu
favorito era ir ao zoológico.
177. PREPOSIÇÃO
Preposição é uma palavra invariável que
estabelece a relação de sentido ou de
dependência entre uma palavra, que a
antecede (antecedente ou palavra principal), e
outra palavra ou expressão que a segue
(consequente ou palavra secundária). Veja no
exemplo: CASINHA DE MADEIRA
ANTECEDENTE PREPOSIÇÃO CONSEQUENTE
178. DE
ASSUNTO — Aqui raramente se fala de futebol.
CAUSA — As crianças pulavam e gritavam de
ESPECIFICAÇÃO — O rio inundou toda a plantação
LUGAR— Meus amigos chegarão hoje de Fortaleza.
POSSE — Íamos à escola no velho carro de meu
RELAÇÕES SEMÂNTICAS DAS PREPOSIÇÕES
A
DISTÂNCIA A escola fica a dois quilômetros daqui
LUGAR Os desabrigados tiveram que dormir ao
MODO Ouviam-se pessoas conversando a meia
TEMPO — À noite, todos os gatos são pardos.
179. EM
LUGAR — Ele construiu uma casa no alto da serra.
MODO — Todos ouviam em silêncio o que o velho
TEMPO — O barco será construído em três meses.
COM
CAUSA — Com as chuvas, as praias estão vazias.
COMPANHIA — O goleiro titular não viajou com o time.
INSTRUMENTO — Com uma chave de fenda, abrimos a
MODO — Ele defende suas ideias com muita convicção.
OPOSIÇÃO — No domingo, o Brasil joga com a
180. POR
CAUSA — Por ser o menorzinho da turma, tinha que
LUGAR — A estrada passa por lugares belíssimos.
TEMPO — Por dois anos, ele trabalhou em Cuiabá.
SUBSTITUIÇÃO — Cuidado para não levar gato por
PARA
LUGAR — Ele pretende mudar-se para o sítio dos pais.
FINALIDADE — Você já está preparado para o exame?
TEMPO — Para as férias, teremos terminado o curso.
SOBRE
ASSUNTO — Ganhei um livro sobre o aquecimento
LUGAR — De manhã, havia sobre a grama uma camada
181. EXERCÍCIO
Identifique na frase abaixo as preposições
existentes:
O sonho de meu pai sempre foi mudar
para uma paria e morar em uma casinha
de madeira, com teto de palha e sem
muitos móveis, entre o mar e a floresta,
sob a luz do luar.
182. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
Preposição — palavra invariável que relaciona outras duas,
estabelecendo entre elas certas relações de sentido e/ou
dependência. Ex.: Ela teve o azar de confiar em pessoas
sem caráter.
Locução prepositiva — expressão que funciona como
preposição. Ex.: Nossa escola fica perto de uma praça
muito arborizada.
Classificação das preposições
Essenciais (sempre funcionam como preposição): a, ante,
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
por (per), sem, sob, sobre, trás.
Acidentais (palavras que, às vezes, funcionam como
184. CONJUNÇÃO
Conjunção é uma palavra ou locução invariável que
liga duas orações ou duas palavras que exercem a
mesma função em uma oração. Usamos conjunções
para conectar num período duas ou três orações muito
curtas. Repare no exemplo:
Oração 1: A seleção foi para o campo de treinamento
Oração 2: Os jogadores não participaram de nenhuma
atividade
Oração 3: A chuva e o vento forte frustraram os planos
do técnico
Período: A seleção foi para o campo de treinamento,
mas os jogadores não participaram de nenhuma
185. CLASSIFICAÇÃO DAS CONJUNÇÕES
Por estabelecerem uma conexão entre termos, as
conjunções são também chamadas de conectivos, pois
servem para conectar orações dentro de um período.
Podem ser de duas naturezas as relações de conexão:
coordenação e subordinação; pelo que são classificadas
as conjunções em coordenativas e subordinativas, caso
liguem, respectivamente, orações coordenadas ou
orações subordinadas.
186. PERÍODOS COORDENADOS E
SUBORDINADOS E SUAS CONJUNÇÕES
No período composto por coordenação, as orações
ficam justapostas; todas têm o mesmo valor (uma
não funciona como termo da outra); e se ligam por
conjunções coordenativas: Os alunos se esforçaram
muito; alguns, no entanto, aprenderam pouco.
No período composto por subordinação, as orações
ficam numa relação de dependência, em que uma
oração é a principal e a(s) outra(s) subordinada(s); e
se ligam por conjunções subordinativas: Embora os
alunos tenham se esforçado muito, alguns
188. CONJUNÇÕES
COORDENATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES
ADITIVA Ligam meramente dois termos ou
orações de funções idênticas,
ideia de soma ou adição: Ela foi ao
e ao teatro. | Ela foi não só ao
também ao teatro.
e, nem, mas também,
mais ainda, bem como,
mas ainda, não só... mas
também, senão também,
com também, não só
...como, nem ... nem,
... quanto/como etc.
ADVERSATIVAS Ligam dois termos ou duas orações
função, acrescentando-lhe a ideia de
oposição, contraste restrição ou
Pensei que ia dar certo, mas me
Os alunos se esforçaram muito;
entanto, aprenderam pouco.
mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, no
entanto, não obstante,
senão, que etc.
ALTERNATIVAS Ligam dois termos ou orações de
distinto, relacionando ideias que se
excluem ou se alternam: Ou vai ou
Eles vão pagar, que sejam culpados
ou; ou .... ou; ora .... ora;
.... já; nem ... nem; quer
quer; etc.
189. CONJUNÇÕES
COORDENATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES
CONCLUSIVAS Relacionam orações numa
sequência em que a
oração encerra a
conclusão da primeira:
logo existo. | As férias
por isso os estudantes estão
felizes.
logo, pois (posposto ao
verbo), portanto, por
isso, por conseguinte,
consequentemente etc.
EXPLICATIVAS Ligam orações numa
em que a segunda oração
exprime o motivo, razão,
justificativa ou explicação
primeira: Não fui ao cinema
porque choveu. | Vamos
que as provas começam
Pois (anteposto ao
verbo), porque,
porquanto, isto é, que
etc.
191. CONJUNÇÕES
SUBORDINATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES/LOCUÇÕES
CONJUNTIVAS
CAUSAIS Exprimem causa, razão, motivo:
viajamos porque estava chovendo.
Como estava chovendo, ela não foi
escola.
porque, pois, porquanto,
que, visto que, já que, uma
que, posto que, desde que,
por isso que etc.
COMPARATIVAS Exprimem comparação ou
entre a primeiro e a segundo
Chove aqui tanto quanto chove em
Manaus. | Agora ela vive como
quis.
que, do que, (depois de
maior, melhor, menos,
pior), tão...como,
mais...do que, menos...do
assim como, bem como,
nem, (tal) qual, (tanto)
etc.
CONCESSIVAS Exprimem concessão, isto é, um
contrário à ação principal, mas
de impedi-la: Seguimos viagem
da chuva. | Nem que me
confessava.
que, embora, conquanto,
ainda que, apesar de (que),
se bem que, posto que,
mesmo que, bem que, nem
que, malgrado, não
obstante, conquanto, por
192. CONJUNÇÕES
SUBORDINATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES/LOCUÇÕE
S CONJUNTIVAS
CONDICIONAIS Exprimem hipótese ou
necessária para que seja
ou não o fato
principal: Viajaremos se não
amanhã. | Caso eu chegue
iremos ao clube.
se, caso, contanto que,
salvo se, desde que,
dado que, a não ser
a menos que, exceto se
etc.
CONFORMATIVAS Exprimem conformidade de
pensamento com o da oração
principal: Choveu segundo a
previsão do tempo. | Refiz o
conforme você pediu.
como, conforme,
segundo, consoante etc.
CONSECUTIVAS Exprimem resultado,
de uma causa expressa na
parte da frase: Choveu tanto
não viajamos. | Estava tão
que me senti mal.
tal que, tanto que, tão
que, de forma que, de
que, de maneira que, de
modo que etc.
193. CONJUNÇÕES
SUBORDINATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES/LOCUÇÕE
S CONJUNTIVAS
FINAIS Exprimem finalidade, objetivo,
intenção da oração principal:
Esperamos parar a chuva para
pudéssemos viajar. | Vou
de que me contem tudo.
para que, a fim de que,
por que (= para que),
com o objetivo de etc.
PROPORCIONAIS Exprimem proporção entre a
principal e a secundária:
ela estudava, (tanto) mais
À medida que cresce, Joana fica
bonita.
à medida que, à
proporção que, ao passo
que, quanto mais ....
(tanto) mais, quanto
mais ... (tanto) menos,
quanto maior ... tanto
maior etc.
TEMPORAIS Exprimem circunstância de
Viajamos logo que parou de
quando, enquanto, logo
que, desde que, depois
que, mal que, até que,
assim que , antes que,
194. CONJUNÇÕES
SUBORDINATIVAS
FUNÇÃO CONJUNÇÕES/LOCUÇÕE
S CONJUNTIVAS
INTEGRANTES Introduzem uma oração que
funciona como sujeito,
direto, objeto indireto,
predicativo, complemento
nominal ou aposto de uma
oração: Ela sabe que é
importante estudar com
Ele estava certo de que
no concurso. | Você viu se
professores já chegaram.
Que (para certeza) e se
(para incerteza e
interrogação direta)
196. EXPRESSÕES
TRANSICIONAIS
FUNÇÃO ADVÉRBIOS/LOCUÇÕES ADVERBIAIS
INTRODUÇÃO Iniciam Em primeiro lugar, antes de tudo,
antecipadamente, antes de mais nada,
a princípio, de antemão,
primeiramente, à primeira vista, desde
já, inicialmente etc.
ADIÇÃO Adicionam
enunciados
Além disso, ainda mais, por outro
também, outrossim, não só ... Mas
também, da mesma forma, do mesmo
modo, bem como, ainda por cima,
além do que, ademais, em conjunção
com etc.
CONCLUSÃO Concluem
enunciados
Enfim, finalmente, em resumo, em
conclusão, por fim, portanto, logo, em
síntese, nesse sentido, dessa forma,
197. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU I
Conjunção — palavra invariável que relaciona dois termos
de mesmo valor (função) em uma oração: Compramos
uma revista e um livro; ou duas orações: Você nunca disse
que era amigo dela.
Locução conjuntiva — expressão que funciona como
conjunção: À medida que estudava, ia ficando mais
inteligente.
Classificação das Conjunções:
Coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas,
conclusivas e explicativas.
Subordinativas: causais, concessivas, condicionais,
conformativas, consecutivas, comparativas, finais,
198. RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU II
Período composto por coordenação — Período composto
por duas ou mais orações de estrutura sintática
independente, ligadas por conjunção coordenativa: Ela
não veio nem nos telefonou.
Período composto por subordinação — Período composto
por duas ou mais orações de estrutura sintática
dependente, em que uma funciona como principal e a
outra como subordinada, ligadas por conjunção
subordinativa: Embora tivesse vontade de ficar, tinha que
partir.
Período composto por subordinação e coordenação —
constituído por oração(ões) coordenada(s) e oração(ões)
201. TIPOS DE LEITURA
1. LEITURA EM SENTIDO AMPLO: Apreensão da
realidade através de múltiplas linguagens. Ler
implica desvendar e conhecer o mundo. É pela
leitura que desenvolvemos o processo de atribuir
sentido a tudo o que nos rodeia: lemos um olhar,
um gesto, um sorriso, um mapa, uma obra de
arte, as pegadas na areia, as nuvens carregadas
no céu, o sinal de fumaça avistado ao longe e
tantos outros sinais. Lemos até mesmo o silêncio.
Para Paulo Freire, a leitura do mundo precede a
leitura da palavra.
2. LEITURA EM SENTIDO RESTRITO: Apreensão da
202. CONCEITO DE LEITURA
Leitura vem do latim lectura, que, por
sua vez, vem de legere, “reunir”.
Designa, stricto sensu, a capacidade de
perceber e entender linguagem escrita
ou impressa. Isabel Solé (1998) define
leitura como processo de interação
entre o leitor e o texto, a fim de
satisfazer um propósito ou
necessidade.
Ler é uma das habilidades
fundamentais em todas as sociedades
industrializadas, que usam a língua
203. TIPOS DE LEITURA QUANTO AO OBJETIVO
Leitura de estudo/conhecimento:
voltada para as atividades
escolares: livros didáticos e
paradidáticos, obras de referência
etc. LER-ENTENDER-APRENDER
Leitura de fruição/recreação: feita
por entretenimento, por puro
prazer: romances, contos, crônicas,
poesias etc. LER-ENTENDER-
DIVERTIR-SE
Leitura de informação: feita para
tomar de ciência de algo: jornal,
204. OS DOIS PASSOS DA LEITURA COMPETENTE
Segundo Orlando Morais (1997), a leitura competente envolve
dois passos. Em primeiro lugar vem a identificação dos visual
dos símbolos impressos (palavras e frases) e a correlação
destes com os seus respectivos sons. A este primeiro passo
da leitura damos o nome de DECODIFICAÇÃO OU
DECIFRAÇÃO. Entretanto, para que haja leitura efetiva
é preciso dar o segundo passo:
estabelecer a correlação entre os sons e
as ideias que os sons comunicam. Ou
seja, é preciso atribuir sentidos ao
texto. A este segundo passo da leitura
damos o nome de SIGNIFICAÇÃO OU
ENTENDIMENTO
205. MECÂNICALeitura mecânica é
aquela que se esgota
apenas na
decodificação ou
decifração dos sinais
gráficos; não avança
para a atribuição de
sentido(s). Lê-se
apenas com os olhos.
A escola pública sofre
desse mal. Além de
mecânica, a leitura ali
ensinada é um ato
A leitura apenas decodificativa é
característica do analfabeto
funcional
206. LEITURA PLENA OU SIGNIFICATIVA
A leitura plena ou significativa
ultrapassa a decifração de
letras. Nela, o leitor ativa
diversas habilidades cognitivas
e metacognitivas, tais como
captar significados literais ou
figurados, ironias, analogias,
discernir entrelinhas ou fazer
previsões iniciais sobre o
sentido do texto. Lê-se com os
olhos e com a mente; afinal, ler
207. FERRAMENTAS DE COMPREENSÃO
A leitura é uma atividade semiótica.
Ler é atribuir ou construir sentido(s).
Para a compreensão textual, o leitor
precisa ativar três tipos de
conhecimentos prévios: (a)
conhecimento enciclopédico ou de
mundo (vivências), (b)conhecimento
textual (leituras) e (c) conhecimento
linguístico (gramatical e lexical) Além
disso, deve empregar determinados
recursos ou “ferramentas” que o
auxiliam no processo de significação:
(a) análise do contexto, (b) inferenciação, (c) antecipação,
(d) previsão e (e) detecção das pistas existentes no textos.
208. ASPECTOS A SEREM ANALISADOS NA LEITURA
PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO TEXTUAL
Título, tema, subtemas e ideias
principais
Tipo e gênero textual
Nível de linguagem
Sentido global do texto e dos
parágrafos
CONTEÚDO
Estruturação e organização do texto
Relação entre as partes e
parágrafos
ESTRUTURA
Intenção do autor
Destinatários do texto
FINALIDADE
Autenticidade, pertinência e relevância
do texto
VALOR
209. TESE
Esses conceitos – assunto, tema, tópico, título e tese –
estão relacionados, mas não sinônimos. Vejamos as
diferenças:
Assunto – Aquilo sobre o que se discorre
verbalmente (na forma oral ou escrita).
Tema – Matéria de que tratará a redação,
geralmente o assunto delimitado.
Tópico – Aspecto ou recorte do tema tratado no
texto, em nível de composição textual. Ao escolher
um tópico, tenha certeza de que o ângulo enfocado
tenha íntima e direta relação com o tema.
210. Subtópicos – Recortes menores ou subdivisões do tópico,
geralmente tratados em nível de parágrafo. Nos subtópicos
costumamos pôr intertítulos ou subtítulos.
Título – Designação condensada que se coloca no cabeçalho
de uma composição, destacada graficamente pelo tamanho,
título e forma das letras, para anunciar, identificar, distinguir
e individualizar adequada e especificamente determinada
peça escrita.
Tese – Ponto de vista a ser defendido numa dissertação-
argumentativa; proposição na qual se afirma ou se nega
alguma coisa acerca do tema delimitado, geralmente
apresentado na introdução do texto.
211. MODALIDADES DE LEITURAS
Existem basicamente duas formas de
leitura: a total, chamada de leitura
analítica; e a parcial, chamada leitura de
contato:
LEITURA ANALÍTICA: Leitura completa,
linear e detalhada, que busca captar
integralmente todas as informações
do texto.
LEITURA DE CONTATO: Leitura
parcial, circular e auxiliar feita
geralmente mediantes duas técnicas
de leitura: scanning (do ing.
212. TÉCNICAS DE LEITURA DE CONTATO
Além da leitura analítica do texto (a leitura completa e
detalhada), é possível recorrer auxiliarmente a duas técnicas de
leitura de contato:
SKIMMING (LEITURA EXPLORATÓRIA): Leitura superficial para
captar o teor de um documento através de suas partes
principais: layout do texto, título, sumário, prefácio, resumo,
subtítulos, parágrafos, informações não verbais (figuras,
gráficos e tabelas etc. Pode ser usada antes da leitura
analítica, para explorar o texto; ou depois, para revisá-lo.
SCANNING (LEITURA SELETIVA): Leitura rápida para localizar a
informação específica desejada sem precisar ler todo o texto,
como por exemplo, buscar uma palavra no dicionário, um
nome numa lista telefônica, um capítulo num sumário de livro
etc. Pode ser usada antes ou depois da leitura analítica, para
213. ESTRATÉGIAS DE LEITURA
No processamento da leitura, é preciso combinar duas
estratégias de leitura para extrair o máximo de informações:
BOTTOM-UP: Processamento da leitura em sentido
ascendente, desde as unidades menores (palavras, orações,
períodos e parágrafos) até as mais amplas e globais
(capítulos e texto). Leitura de construção global do sentido,
tijolo a tijolo, visto que o texto é um todo constituído de
partes interdependentes.
TOP-DOWN: Processamento da leitura em sentido
descendente, ativando conhecimentos prévios para fazer
previsões e completar os sentidos do texto. Há uma interação
entre o conhecimento que o leitor vai extraindo do texto com
os conhecimentos que ele já possui: conhecimento de
mundo, conhecimento linguístico, conhecimento textual.
214. NÍVEIS DE LEITURA DE UM TEXTO
1. LEITURA LITERAL (COMPREENDER): Nível superficial
em que se aborda o que está explícito no texto. Plano
da explicatura.
2. LEITURA INFERENCIAL (INTERPRETAR): Nível profundo
em que se aborda o que está subjacente ou implícito
no texto: pressupostos e subentendidos. Plano da
implicatura.
3. LEITURA AVALIATIVA (VALORAR): Nível em que se
manifesta a postura crítica do leitor diante das ideias
do autor do texto (BORTONI, 2004). Há sinais de
assimetria nas relações de gênero? Há traços de
racismo, sexismo, estereótipos? Plano da avaliação.
SÃO NÍVEIS COMPLEMENTARES. VIVENCIÁ-LOS GARANTIRÁ A PROFICIÊNCIA LEITORA
DOS ESTUDANTES. Para Teresa Colomer, ler é como pescar.
215. LEITURA INFERENCIAL
Fazer inferências é ler nas entrelinhas.
Inferir o sentido de texto é fazer uma
ilação, ou seja, é concluir, depreender
ou deduzir pelo raciocínio alguma coisa
a partir de outra(s) a ela relacionada e já
conhecida(s): marcas linguísticas,
indícios, contexto, conhecimento de
mundo etc. (KOCH E TRAVAGLIA, 2001: 65).
Fazer inferência é uma habilidade
fundamental para a interpretação
adequada de textos. É possível inferir o
sentido tanto de um termo (D3) quanto
DEDUÇÃO: Tipo
de raciocínio que
parte do geral
(fato conhecido)
para o particular
(fato
desconhecido)
216. INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS E IMPLÍCITAS
Muitos alunos, quando leem, param na superfície do texto,
sem tocar a sua essência. Isto compromete a interpretação,
pois os textos são formados tanto por informações
explícitas quanto implícitas.
As informações explícitas são aquelas manifestamente
declaradas pelo autor no próprio texto. As informações
implícitas não são expressas formalmente pelo autor no
texto, mas podem ser sugeridas pelas pistas lexicais ou pelo
contexto.
Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é
preciso ir além do que foi dito, ou seja, é preciso fazer
inferências. Do contrário, corremos o risco de ficar presos
apenas ao nível literal do enunciado, no qual as palavras