Este artigo acadêmico discute a importância de se criar espectadores emancipados no teatro. O autor analisa as visões filosóficas antigas sobre o espectador, como passivo e desinteressado, e como pensadores modernos como Brecht e Artaud tentaram criar um novo tipo de espectador. No entanto, o autor argumenta que o espectador ainda é visto como alguém que precisa ser libertado da passividade. Baseando-se em Jacques Rancière, o autor defende que o espectador deve ser emancipado intelectualmente para
O documento discute a incomunicabilidade na arte e como obras contemporâneas podem comunicar o incomunicável através do silêncio e fluxos imaginativos que transformam tanto o artista quanto o fruidor. A cultura mediática amplia a percepção de tempo e realidade de forma pós-humana, e o artista pode revelar essa realidade através de sua obra ou comunicação direta sobre o trabalho. Fruir a arte requer sintonizar-se com o silêncio da obra para sentir o que ela comunica sobre o incomunicável.
A obra de eurico goncalves na perspectiva do surrealismo português e internac...Álvaro Rodrigues
This thesis examines the work of Portuguese artist Eurico Gonçalves within the context of Portuguese and international Surrealism from 1949 to 2007. It analyzes how Gonçalves' poetry, painting, teaching and art criticism were influenced by Surrealist concepts like psychic automatism, chance, and the marvelous. The work also explores Gonçalves' transition from figurative to abstract Surrealism and his fusion of Dada vitalism and Zen philosophy in his "Dada-Zen" period from 1962 onward.
O documento discute como a arte foi democratizada e massificada na sociedade moderna, tornando-se uma forma de comunicação e conhecimento acessível a todas as pessoas. A arte deixou de ser restrita à elite e passou a ser produzida e consumida em massa, permitindo novas formas de expressão artística como a fotografia e o cinema.
Este documento discute três teorias sobre a natureza da arte:
1) A arte como imitação defendida por Aristóteles, que vê a arte como imitação da natureza.
2) A arte como expressão defendida por Tolstoi, que vê a arte como expressão de emoções do artista.
3) A teoria da forma significante de Clive Bell, que vê a arte como objetos que provocam emoções estéticas pelo público através de uma "forma significante".
Todas as teorias apresentam limitações para explicar
1) O documento discute a parceria entre o cineasta Alfred Hitchcock e o pintor surrealista Salvador Dalí no filme Spellbound (1945), especificamente na criação de uma sequência onírica.
2) A sequência onírica criada por Dalí incorpora características-chave do surrealismo como o sonho, o olho, a psicanálise e o erotismo.
3) Infelizmente, partes da sequência criada por Dalí foram cortadas pelo produtor contra a vontade de Hitchcock.
As três teorias sobre a natureza da arte discutidas no documento são: (1) A Arte como imitação, onde uma obra é arte se imitar algo; (2) A Arte como expressão, onde uma obra é arte se expressar sentimentos e emoções; (3) A Arte como forma significante, onde uma obra é arte se provocar emoções estéticas nas pessoas. Cada teoria apresenta vantagens e objeções discutidas no texto.
A arte contemporânea rompe com barreiras limitativas e convida o público a uma descoberta ativa de sentidos e interpretações possíveis nas obras. Umberto Eco introduziu a ideia de abertura e indeterminismo como características da arte contemporânea, onde cada obra permite múltiplas conjecturas interpretativas. O público constrói sentidos individuais às obras com base em suas experiências, expectativas e cultura.
Este documento discute o que é arte, critérios para definir uma obra de arte e teorias sobre arte. Apresenta uma breve descrição histórica da evolução da arte plástica e classificação das artes. Debate se tudo que é belo pode ser considerado arte e quais critérios distinguem uma obra de arte de um objeto comum.
O documento discute a incomunicabilidade na arte e como obras contemporâneas podem comunicar o incomunicável através do silêncio e fluxos imaginativos que transformam tanto o artista quanto o fruidor. A cultura mediática amplia a percepção de tempo e realidade de forma pós-humana, e o artista pode revelar essa realidade através de sua obra ou comunicação direta sobre o trabalho. Fruir a arte requer sintonizar-se com o silêncio da obra para sentir o que ela comunica sobre o incomunicável.
A obra de eurico goncalves na perspectiva do surrealismo português e internac...Álvaro Rodrigues
This thesis examines the work of Portuguese artist Eurico Gonçalves within the context of Portuguese and international Surrealism from 1949 to 2007. It analyzes how Gonçalves' poetry, painting, teaching and art criticism were influenced by Surrealist concepts like psychic automatism, chance, and the marvelous. The work also explores Gonçalves' transition from figurative to abstract Surrealism and his fusion of Dada vitalism and Zen philosophy in his "Dada-Zen" period from 1962 onward.
O documento discute como a arte foi democratizada e massificada na sociedade moderna, tornando-se uma forma de comunicação e conhecimento acessível a todas as pessoas. A arte deixou de ser restrita à elite e passou a ser produzida e consumida em massa, permitindo novas formas de expressão artística como a fotografia e o cinema.
Este documento discute três teorias sobre a natureza da arte:
1) A arte como imitação defendida por Aristóteles, que vê a arte como imitação da natureza.
2) A arte como expressão defendida por Tolstoi, que vê a arte como expressão de emoções do artista.
3) A teoria da forma significante de Clive Bell, que vê a arte como objetos que provocam emoções estéticas pelo público através de uma "forma significante".
Todas as teorias apresentam limitações para explicar
1) O documento discute a parceria entre o cineasta Alfred Hitchcock e o pintor surrealista Salvador Dalí no filme Spellbound (1945), especificamente na criação de uma sequência onírica.
2) A sequência onírica criada por Dalí incorpora características-chave do surrealismo como o sonho, o olho, a psicanálise e o erotismo.
3) Infelizmente, partes da sequência criada por Dalí foram cortadas pelo produtor contra a vontade de Hitchcock.
As três teorias sobre a natureza da arte discutidas no documento são: (1) A Arte como imitação, onde uma obra é arte se imitar algo; (2) A Arte como expressão, onde uma obra é arte se expressar sentimentos e emoções; (3) A Arte como forma significante, onde uma obra é arte se provocar emoções estéticas nas pessoas. Cada teoria apresenta vantagens e objeções discutidas no texto.
A arte contemporânea rompe com barreiras limitativas e convida o público a uma descoberta ativa de sentidos e interpretações possíveis nas obras. Umberto Eco introduziu a ideia de abertura e indeterminismo como características da arte contemporânea, onde cada obra permite múltiplas conjecturas interpretativas. O público constrói sentidos individuais às obras com base em suas experiências, expectativas e cultura.
Este documento discute o que é arte, critérios para definir uma obra de arte e teorias sobre arte. Apresenta uma breve descrição histórica da evolução da arte plástica e classificação das artes. Debate se tudo que é belo pode ser considerado arte e quais critérios distinguem uma obra de arte de um objeto comum.
Este documento discute a natureza da arte e suas teorias. Apresenta três problemas comuns sobre arte: 1) o que é experiência estética, 2) o que é arte, e 3) o valor atual da arte. Também resume três teorias sobre a natureza da arte - imitação, expressão e formalismo - e fornece alguns exemplos de obras de arte.
Descrição das paisagens nas topografias corpografias de adriana varejãogrupointerartes
Este documento analisa a obra da artista Adriana Varejão sob a perspectiva da paisagem e da relação entre imagem e texto no catálogo de arte. A obra de Varejão revisita elementos da paisagem barroca brasileira, como azulejos, de uma forma fragmentada que propõe novas reflexões sobre o passado colonial e o processo de colonização. O documento também discute a importância da figura do viajante e da viagem no romantismo, relacionando-a à obra de Varejão.
Este documento analisa obras de arte de Francisco Tropa e Alberto Carneiro expostas na bienal Anozero em 2015. A obra de Tropa projeta imagens encriptadas dentro de uma gruta, referenciando a Divina Comédia e A Alegoria da Caverna de Platão. A obra de Carneiro usa bambus com espelhos que refletem o observador, revelando os processos de representação. Embora diferentes, ambas as obras questionam a natureza da criação artística e do papel do artista.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
1) Existem várias tentativas de definir "arte", mas não há consenso. Definições tradicionais focam na representação, expressão ou forma, porém obras modernas questionam essas abordagens.
2) Teorias céticas argumentam que "arte" é um conceito aberto e indefinível, influenciado por fatores sociais e de poder.
3) Atualmente privilegiam-se definições funcionalistas, baseadas na função estética, ou institucionais, que enfatizam o papel das instituições no reconhecimento do status
O documento apresenta e discute três teorias sobre a natureza da arte: 1) A arte como imitação, que define uma obra de arte como aquela que imita algo; 2) A arte como expressão, que define uma obra de arte como aquela que expressa sentimentos e emoções; 3) A arte como forma significante, que define uma obra de arte como aquela que provoca emoções estéticas nas pessoas. Cada teoria é analisada em termos de vantagens e objeções.
Entre museus de arte obras monumento e arquivos-documentosgrupointerartes
1. O documento discute a institucionalização da arte contemporânea nos museus, considerando tanto o processo de criação quanto a monumentalidade da obra.
2. Analisa como as transformações dos espaços museológicos refletem diferentes historicidades da obra, visibilidade, reflexão e institucionalização através de documentação.
3. Questiona se os museus conseguem processar adequadamente a institucionalização da arte contemporânea usando critérios desenvolvidos para a arte moderna.
O documento discute a evolução histórica da arte e da filosofia da arte. Aborda as visões de Platão, Aristóteles, o período medieval, Renascimento, Barroco, Neoclassicismo, século XVIII e XIX. Discutindo como a definição de arte, o papel do artista e a estética mudaram ao longo do tempo.
Estética conceito de arte e obra de arteJulia Martins
1) Uma obra de arte é analisada segundo quatro pontos de vista: material, sensível, representativo e expressivo.
2) Existem três teorias principais sobre o que define uma obra de arte: imitação, expressão e forma significante.
3) A criação artística envolve o processo criativo do artista e a expressão de sua criatividade, originalidade e liberdade.
Arte moderna-a-contemporanea-729850 (1)Cecília Tura
As três obras apresentadas têm em comum o fato de serem classificadas como arte contemporânea, porém diferem nos meios empregados: a primeira é um desenho, a segunda uma instalação e a terceira uma performance interativa. O documento também resume as principais diferenças entre a arte moderna e a arte contemporânea.
WASSILY KANDINSKY: TRANSCENDENDO PARADIGMAS DA ARTE PELA EXPERIÊNCIA SINESTÉSICAFlávia Gonzales Correia
Este trabalho busca estabelecer relações entre a experiência sinestésica, o transcendental e a pintura do século XX, por meio das vivências artísticas e teóricas de Wassily Kandinsky, que incorporava a suas obras um cruzamento de sensações, para assim proporcionar uma experiência mais ampla e complexa em seu público. Ao expor a evolução de suas obras e pensamentos, pretende-se pensar as relações entre a sinestesia e a arte, o que implica levar em conta a questão da percepção de modo abrangente, refletindo sobre ela não somente como objeto de estudo da filosofia, da fisiologia, da neurologia ou da psicologia – com suas múltiplas implicações em termos de consciência, pensamento e cognição – mas em suas relações com o sentido de nossa experiência cultural, social e o universo de significações que nos habita.
Palavras-chave: Sinestesia; pintura; arte moderna; Kandinsky; percepção
O documento discute três teorias sobre a natureza da arte: 1) Arte como imitação defendida por Aristóteles, 2) Arte como expressão defendida por Tolstoi, 3) Arte como forma significante proposta por Clive Bell. Cada teoria é analisada e objeções apontadas, concluindo que a terceira teoria da forma significante não fornece um critério seguro para distinguir arte de não-arte.
O presente slide vem como o tema o universo da arte, na questão filosófica o belo e o feio, a questão do gosto, os tipos de arte, a moral do feio e do belo, atitude poética, a estética na sociedade contemporânea e suas vanguardas artísticas histórica e claro o que é arte? E a sua história.
O documento discute os conceitos de estética, arte e belo. Estética é o campo da filosofia que discute noções de belo, feio e gosto. A estética envolve arte, que é uma forma de interpretação do mundo, e é o campo que mais discute arte. Conceitos de belo variam entre filósofos e culturas ao longo do tempo.
Características: Liberação da criatividade e imaginação através do valor do inconsciente como fonte de fantasia. Influência de Freud e Marx.
Principais expoentes: Joan Miró, Salvador Dalí, Max Ernst, René Magritte, Yves Tanguy.
Breve biografia: Salvador Dalí nasceu na Espanha e se tornou o artista surrealista mais famoso com obras que personificam o "surreal".
1. O documento discute a arte pública na perspectiva de uma retórica total do espaço urbano, da esfera pública e do horizonte cultural.
2. O autor propõe ver a cidade como um lugar onde deliberamos sobre o passado, presente e futuro comuns, incluindo formas de ação estética e artística.
3. A cultura urbana não pode abdicar de repensar as ações de comunicação urbana propriamente ditas.
1) O documento apresenta uma introdução escrita por Antonio Minghetti sobre a obra Filosofia da Arte de Huberto Rohden.
2) Rohden defende que a arte é uma encarnação do Verbo da Verdade em Beleza e que o artista deve expressar a realidade universal em forma individual.
3) A obra integra conceitos de filósofos como Bergson, Ubaldi e Dufrenne para defender que a arte revela a essência do homem e sua relação com o mundo.
O documento discute como as novas tecnologias estão transformando o conceito de imagem, passando da representação da realidade para modelos abstratos manipuláveis. Isso marca uma mudança fundamental na visualidade contemporânea e nas possibilidades artísticas.
O documento discute as relações entre autor, obra e receptor na arte interativa. Primeiro, analisa os conceitos-chave e interfaces teóricas que conduzem à compreensão dessas relações. Segundo, discute três graus de abertura da obra - de primeiro, segundo e terceiro grau - que aumentam o nível de participação do receptor. Terceiro, examina como a interatividade mediada por tecnologia coloca a máquina como um novo agente na instauração estética.
Os slides a seguir tem como base de referência o livro
A página violada e da tese de doutorado As existências da narrativa no livro, ambos de Paulo Silveira
Este trabalho resulta da compilação das anotações do curso de Ciência Política lecionado pelo professor Clóvis de Barros Filho, da Universidade de São Paulo através da plataforma Veduca.
Este documento é uma monografia sobre a concepção paradoxal da condição humana em Blaise Pascal. A monografia analisa a natureza do homem antes e depois do pecado original, a desproporção entre o homem e a natureza, e a constituição do eu no mundo. O objetivo é compreender a verdade da condição humana em Pascal entre a grandeza e a miséria humana através do autoconhecimento e da graça.
Este documento discute a natureza da arte e suas teorias. Apresenta três problemas comuns sobre arte: 1) o que é experiência estética, 2) o que é arte, e 3) o valor atual da arte. Também resume três teorias sobre a natureza da arte - imitação, expressão e formalismo - e fornece alguns exemplos de obras de arte.
Descrição das paisagens nas topografias corpografias de adriana varejãogrupointerartes
Este documento analisa a obra da artista Adriana Varejão sob a perspectiva da paisagem e da relação entre imagem e texto no catálogo de arte. A obra de Varejão revisita elementos da paisagem barroca brasileira, como azulejos, de uma forma fragmentada que propõe novas reflexões sobre o passado colonial e o processo de colonização. O documento também discute a importância da figura do viajante e da viagem no romantismo, relacionando-a à obra de Varejão.
Este documento analisa obras de arte de Francisco Tropa e Alberto Carneiro expostas na bienal Anozero em 2015. A obra de Tropa projeta imagens encriptadas dentro de uma gruta, referenciando a Divina Comédia e A Alegoria da Caverna de Platão. A obra de Carneiro usa bambus com espelhos que refletem o observador, revelando os processos de representação. Embora diferentes, ambas as obras questionam a natureza da criação artística e do papel do artista.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
1) Existem várias tentativas de definir "arte", mas não há consenso. Definições tradicionais focam na representação, expressão ou forma, porém obras modernas questionam essas abordagens.
2) Teorias céticas argumentam que "arte" é um conceito aberto e indefinível, influenciado por fatores sociais e de poder.
3) Atualmente privilegiam-se definições funcionalistas, baseadas na função estética, ou institucionais, que enfatizam o papel das instituições no reconhecimento do status
O documento apresenta e discute três teorias sobre a natureza da arte: 1) A arte como imitação, que define uma obra de arte como aquela que imita algo; 2) A arte como expressão, que define uma obra de arte como aquela que expressa sentimentos e emoções; 3) A arte como forma significante, que define uma obra de arte como aquela que provoca emoções estéticas nas pessoas. Cada teoria é analisada em termos de vantagens e objeções.
Entre museus de arte obras monumento e arquivos-documentosgrupointerartes
1. O documento discute a institucionalização da arte contemporânea nos museus, considerando tanto o processo de criação quanto a monumentalidade da obra.
2. Analisa como as transformações dos espaços museológicos refletem diferentes historicidades da obra, visibilidade, reflexão e institucionalização através de documentação.
3. Questiona se os museus conseguem processar adequadamente a institucionalização da arte contemporânea usando critérios desenvolvidos para a arte moderna.
O documento discute a evolução histórica da arte e da filosofia da arte. Aborda as visões de Platão, Aristóteles, o período medieval, Renascimento, Barroco, Neoclassicismo, século XVIII e XIX. Discutindo como a definição de arte, o papel do artista e a estética mudaram ao longo do tempo.
Estética conceito de arte e obra de arteJulia Martins
1) Uma obra de arte é analisada segundo quatro pontos de vista: material, sensível, representativo e expressivo.
2) Existem três teorias principais sobre o que define uma obra de arte: imitação, expressão e forma significante.
3) A criação artística envolve o processo criativo do artista e a expressão de sua criatividade, originalidade e liberdade.
Arte moderna-a-contemporanea-729850 (1)Cecília Tura
As três obras apresentadas têm em comum o fato de serem classificadas como arte contemporânea, porém diferem nos meios empregados: a primeira é um desenho, a segunda uma instalação e a terceira uma performance interativa. O documento também resume as principais diferenças entre a arte moderna e a arte contemporânea.
WASSILY KANDINSKY: TRANSCENDENDO PARADIGMAS DA ARTE PELA EXPERIÊNCIA SINESTÉSICAFlávia Gonzales Correia
Este trabalho busca estabelecer relações entre a experiência sinestésica, o transcendental e a pintura do século XX, por meio das vivências artísticas e teóricas de Wassily Kandinsky, que incorporava a suas obras um cruzamento de sensações, para assim proporcionar uma experiência mais ampla e complexa em seu público. Ao expor a evolução de suas obras e pensamentos, pretende-se pensar as relações entre a sinestesia e a arte, o que implica levar em conta a questão da percepção de modo abrangente, refletindo sobre ela não somente como objeto de estudo da filosofia, da fisiologia, da neurologia ou da psicologia – com suas múltiplas implicações em termos de consciência, pensamento e cognição – mas em suas relações com o sentido de nossa experiência cultural, social e o universo de significações que nos habita.
Palavras-chave: Sinestesia; pintura; arte moderna; Kandinsky; percepção
O documento discute três teorias sobre a natureza da arte: 1) Arte como imitação defendida por Aristóteles, 2) Arte como expressão defendida por Tolstoi, 3) Arte como forma significante proposta por Clive Bell. Cada teoria é analisada e objeções apontadas, concluindo que a terceira teoria da forma significante não fornece um critério seguro para distinguir arte de não-arte.
O presente slide vem como o tema o universo da arte, na questão filosófica o belo e o feio, a questão do gosto, os tipos de arte, a moral do feio e do belo, atitude poética, a estética na sociedade contemporânea e suas vanguardas artísticas histórica e claro o que é arte? E a sua história.
O documento discute os conceitos de estética, arte e belo. Estética é o campo da filosofia que discute noções de belo, feio e gosto. A estética envolve arte, que é uma forma de interpretação do mundo, e é o campo que mais discute arte. Conceitos de belo variam entre filósofos e culturas ao longo do tempo.
Características: Liberação da criatividade e imaginação através do valor do inconsciente como fonte de fantasia. Influência de Freud e Marx.
Principais expoentes: Joan Miró, Salvador Dalí, Max Ernst, René Magritte, Yves Tanguy.
Breve biografia: Salvador Dalí nasceu na Espanha e se tornou o artista surrealista mais famoso com obras que personificam o "surreal".
1. O documento discute a arte pública na perspectiva de uma retórica total do espaço urbano, da esfera pública e do horizonte cultural.
2. O autor propõe ver a cidade como um lugar onde deliberamos sobre o passado, presente e futuro comuns, incluindo formas de ação estética e artística.
3. A cultura urbana não pode abdicar de repensar as ações de comunicação urbana propriamente ditas.
1) O documento apresenta uma introdução escrita por Antonio Minghetti sobre a obra Filosofia da Arte de Huberto Rohden.
2) Rohden defende que a arte é uma encarnação do Verbo da Verdade em Beleza e que o artista deve expressar a realidade universal em forma individual.
3) A obra integra conceitos de filósofos como Bergson, Ubaldi e Dufrenne para defender que a arte revela a essência do homem e sua relação com o mundo.
O documento discute como as novas tecnologias estão transformando o conceito de imagem, passando da representação da realidade para modelos abstratos manipuláveis. Isso marca uma mudança fundamental na visualidade contemporânea e nas possibilidades artísticas.
O documento discute as relações entre autor, obra e receptor na arte interativa. Primeiro, analisa os conceitos-chave e interfaces teóricas que conduzem à compreensão dessas relações. Segundo, discute três graus de abertura da obra - de primeiro, segundo e terceiro grau - que aumentam o nível de participação do receptor. Terceiro, examina como a interatividade mediada por tecnologia coloca a máquina como um novo agente na instauração estética.
Os slides a seguir tem como base de referência o livro
A página violada e da tese de doutorado As existências da narrativa no livro, ambos de Paulo Silveira
Este trabalho resulta da compilação das anotações do curso de Ciência Política lecionado pelo professor Clóvis de Barros Filho, da Universidade de São Paulo através da plataforma Veduca.
Este documento é uma monografia sobre a concepção paradoxal da condição humana em Blaise Pascal. A monografia analisa a natureza do homem antes e depois do pecado original, a desproporção entre o homem e a natureza, e a constituição do eu no mundo. O objetivo é compreender a verdade da condição humana em Pascal entre a grandeza e a miséria humana através do autoconhecimento e da graça.
Este trabalho visa refletir sobre a prática docente da filosofia como disciplina no Ensino Médio, na tentativa de melhor entender como a filosofia pode contribuir para a formação intelectual de cada aluno em particular...
Este documento apresenta um resumo da biografia e obra de Miguel Ângelo, um dos maiores artistas do Renascimento. Descreve seus estudos iniciais em Florença e suas principais criações, incluindo a Pietà, A Criação de Adão na Capela Sistina, e a estátua de David. Também discute como Miguel Ângelo foi influenciado pela filosofia platônica e como sua arte refletia as ideias e fé de sua época.
O documento discute um plano de ação para abordar a violência na escola em três frases:
1) O plano propõe capacitar professores e envolver pais e alunos através de debates, dinâmicas e atividades para minimizar os efeitos da violência dentro e fora da escola;
2) As atividades com professores incluem discussões sobre casos reais e estratégias de intervenção com pais e alunos, enquanto as atividades com pais incluem reuniões, dinâmicas e debates sobre violência;
Arlindo Nascimento Rocha é um ator e diretor teatral cabo-verdiano. Seu currículo inclui mais de 20 anos de experiência em teatro, com participações em diversas peças e festivais internacionais em Portugal, Brasil e Cabo Verde. Ele também possui formação acadêmica em filosofia e artes cênicas.
Este documento discute os desafios da gestão democrática nas escolas públicas brasileiras. Aborda a história da gestão democrática no Brasil, os novos paradigmas propostos e os obstáculos encontrados. Defende uma liderança democrática e participativa que promova a igualdade na educação pública.
Este documento discute a emigração de cabo-verdianos para a Itália. Começa com uma breve história da emigração cabo-verdiana em geral e depois se concentra na emigração para a Itália, incluindo suas origens no século 20, o papel da Igreja Católica em estabelecer redes migratórias, e o impacto econômico das remessas dos emigrantes.
I. A atitude estética é a orientação seletiva e ativa do ser humano diante de fenômenos naturais ou artísticos;
II. A experiência estética pode ser da natureza, da criação artística ou da obra de arte;
III. O juízo estético e categorias estéticas são usados para avaliar e atribuir significado a experiências estéticas.
Michel foucault e o espectador emancipado de ranciereAndré Luis
1) O documento discute as aproximações entre Michel Foucault e Jacques Rancière no que se refere à emancipação do espectador.
2) Para Rancière, o espectador emancipado questiona a distinção entre olhar e agir, reconhecendo que o olhar também é uma ação.
3) Tanto Foucault quanto Rancière enxergam na arte a possibilidade de emancipação e questionamento do presente, em busca da liberdade individual.
Sobre o espectador e a obra de arte - da participaçãoo a interatividadeRenata Furtado
1. O documento discute a evolução da arte para colocar o espectador como elemento central, desde os impressionistas até a arte interativa contemporânea.
2. A teoria da "obra aberta" de Eco é analisada, mostrando como as obras passaram a depender da participação do público para serem concluídas.
3. Uma entrevista com um produtor cultural especializado em arte interativa fornece perspectivas práticas sobre os desafios de trabalhar com esse tipo de arte em constante evolução.
O documento descreve uma exposição de arte contemporânea chamada "Con(s)equência..." do artista Josaphat. A exposição apresenta 21 obras criadas com materiais reciclados e reutilizados que refletem o estado de espírito do artista e buscam devolver à sociedade experiências da vida contemporânea.
“Audiovisual e performance conceitos paradigmáticos no estudo da arte contem...grupointerartes
O documento discute conceitos paradigmáticos no estudo da arte contemporânea, como audiovisual e performance. A performance é entendida como uma forma de arte autônoma que se desenvolveu nas décadas de 1960 e 1970. O cinema é visto como um paradigma audiovisual fundamental que influenciou outras artes. A performance e o audiovisual são conceitos interligados que ajudam a entender desenvolvimentos na arte, como a pop art e a expansão de fronteiras entre meios.
A exposição como trabalho de arte. jens hoffmannkamillanunes
O documento apresenta uma palestra de Jens Hoffmann sobre sua abordagem curatorial. Ele discute como sua formação em teatro influenciou seu trabalho, enfatizando a colaboração e a instabilidade. Hoffmann também descreve seis exposições que curou para ilustrar como questiona os modelos tradicionais e busca engajar o público de forma crítica.
Notas (incertas) sobre teatro e pós-modernidadeTaís Ferreira
Este documento discute a diversidade do campo teatral contemporâneo inserido na pós-modernidade, usando como exemplo acontecimentos teatrais na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul. O autor argumenta que na pós-modernidade existe uma convivência de diferentes gêneros, estéticas e públicos no campo teatral, ilustrando com três eventos teatrais distintos ocorrendo simultaneamente em Pelotas: uma comédia de costumes, um espetáculo experimental universitário e um espetáculo de rua inspirado no teatro épico g
Lopes; leonardo henrique da silva como assistir a uma defesa de trabalho de...Acervo_DAC
O documento descreve a história e conceitos do happening. Começa explorando as origens do gênero no dadaísmo, com performances que envolviam o público. Depois, fala sobre o surgimento do termo "happening" nos anos 1960, quando artistas questionavam paradigmas da arte. Por fim, apresenta o trabalho proposto, que usa o happening para diminuir a distância entre arte e espectador durante a defesa da monografia.
O documento discute a relação entre poesia e performance na produção artística de Paulo Bruscky. A pesquisadora analisa como Bruscky articula diferentes linguagens em suas obras, frequentemente combinando imagem e palavra. Sua produção explora temas como poesia visual, arte conceitual e performance, aproximando-se de movimentos como a Pop Art brasileira.
ARTE ENATIVA:
HIPÓTESES DE INTERFACES
ENTRE PROCESSOS COGNITIVOS
E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
EBICC
11- 01
ECA - arts Auditorium
15:30h - 17:00h
ROUND-TABLE
“ARTE ENATIVA: HIPÓTESES DE INTERFACES ENTRE PROCESSOS COGNITIVOS E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA”
Ariane Porto Costa Rimoli (Unicamp) (chair)
Luís Rodolfo de Souza Dantas (UNIFIEO)
Lucia Ferraz Nogueira de Souza Dantas (PUCSP)
Jonatas Manzolli (Unicamp)
Estética é a área da filosofia que estuda racionalmente o belo – aquilo que desperta a emoção estética por meio da contemplação – e o sentimento que ele suscita nos homens.
1. O documento discute as dificuldades em definir o que é arte e como ela é classificada e analisada. 2. A crítica tem o poder de atribuir o status de arte a objetos e hierarquizar obras com base em seus próprios critérios. 3. Tentativas de classificar obras de arte em estilos específicos ou períodos artísticos nem sempre capturam a complexidade e riqueza das obras.
1) O documento discute vários pontos sobre estética, incluindo o que é uma experiência estética, manifestações estéticas universais, e períodos significativos da estética ocidental como a Grécia Antiga e o Romantismo.
2) As novas tecnologias de informação e comunicação e seu impacto na arte contemporânea também são abordados, assim como definições de obra de arte.
3) Por fim, o documento reflete sobre a natureza perene ou efêmera da arte moderna e contemporânea.
O documento discute a importância da arte e da expressão artística na formação humana. Defende que a arte deve ser concebida como um modo de praticar a cultura, abrangendo diferentes atividades e expressões criativas. O projeto "Recrearte" tem como objetivo proporcionar às crianças um espaço para descobrir e demonstrar seus talentos artísticos de forma prazerosa.
Processos da poética: o paradoxo como paradigma - o museu como ideiaAnarqueologia
Este documento apresenta uma dissertação sobre o uso do museu como objeto de investigação no processo criativo de artistas. A dissertação inclui um capítulo sobre museus de artistas no início do século XX e capítulos sobre dois artistas contemporâneos, Mark Dion e David Wilson, que usam o museu para construir suas poéticas. A autora também discute seu próprio trabalho artístico, a série 'B. C. Byte', que explora o museu como idéia.
O documento discute a relação entre teatro popular e teatro de rua no Brasil. Apresenta a rua como um espaço de cultura popular, onde há uma predisposição para o jogo e participação espontânea do público. Isso permite que o teatro de rua se aproxime da cultura popular, mesmo quando não aborda temas populares diretamente, por conta da interferência do público e das regras de funcionamento do espetáculo na rua. O teatro de rua também é visto como uma forma de transgressão, ao ocupar espaços marginais da cidade
1) O documento discute as origens e concepções da arte ao longo da história, desde as primeiras manifestações na Pré-História até as civilizações antigas como o Egito e a Grécia Antiga.
2) É analisado como a definição de arte variou conforme o contexto histórico-cultural, desde habilidade técnica até faculdade da mente humana.
3) Diferentes sociedades tiveram visões distintas sobre a propriedade da arte, seja do artista ou da comunidade.
O documento discute o conceito de arte, abordando suas funções ao longo da história, como expressar ideias e sensações. Também define arte como atividade humana ligada a manifestações estéticas feitas por artistas para estimular interesse em espectadores. Por fim, discute como observar e apreciar obras de arte.
1) O documento discute como a arte envolve a totalidade do ser humano e suas dimensões afetiva, cognitiva e social.
2) A arte é vista como construção, conhecimento e expressão, envolvendo técnica, percepção e força expressiva.
3) A arte deve ser vista como um fim em si, com objetivos e conteúdos próprios, não como mero instrumento para outras áreas.
Este resumo descreve um capítulo do livro "O Homem do Iluminismo" que analisa como o movimento iluminista influenciou os artistas no final do século XVIII. O autor, Daniel Arasse, argumenta que os artistas desenvolveram uma abordagem mais racional e secular em sua arte, refletindo os ideais do Iluminismo de questionamento e transformação social. A obra "O Íncubo" é usada como exemplo de como as novas obras de arte, embora inicialmente chocantes, acabaram sendo aceitas pelo público à medida que a socied
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Criando espectadores emancipados - Arlindo Rocha
1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
=FILOSOFIA DA CULTURA=
Artigo acadêmico de final de curso
TEMA
“CRIANDO ESPECTADORES EMANCIPADOS”
Arlindo Nascimento Rocha1
.
arlindonascimentorocha@gmail.com
“Há dentro deste processo que é a representação teatral, dentro desse
acontecimento de múltiplos personagens, um personagem chave mesmo que
não apareça em cena e pareça nada produzir: O espectador. Ele é o
destinatário do discurso verbal e cênico, o receptor dentro do processo de
comunicação, o rei da festa; mas ele é também o sujeito de um fazer, o
artesão de uma prática que se articula perpetuamente com as práticas
cênicas.” (UBERSFELD,1981, pg. 303)
1
Licenciado em Filosofia Pela (UNICV) Universidade Pública de Cabo Verde, 2006/2011.
Aluno extraordinário do Curso de Pós Graduação em Filosofia, na PUC “Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro”.
2. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
2
RESUMO
Historicamente o espectador sempre foi visto como uma figura passiva dentro da teoria
teatral. Atualmente, continua sendo visto como um receptor passivo, fascinado pela aparência
e conquistado pela empatia que o faz identificar-se com as personagens de um espetáculo.
Porém, outras teorias demonstram que a capacidade perceptiva não é puramente recepção
passiva, mas também atividade.
Assim apoiando nas ideias de Antonin Artaud (1896 /1948), Friedrich Brecht (1898
/1956) defensores das iniciativas modernas da reforma do teatro e de Jacques Rancière
(1940), que através das suas obras, “O Espectador Emancipado2
”, e o “Mestre Ignorante3
”,
pretendemos refletir sobre ideias ultrapassadas sobre o teatro, o espectador e a educação.
Meu objetivo último, não é coletar ou forjar receitas e soluções, mas sim dar
continuidade ao debate contemporâneo sobre a importância de emancipação do espectador,
como processo de libertação do fascínio que aniquila e aliena sua capacidade crítica e
reflexiva diante dum espetáculo.
Palavra chave: Teatro, espectador, espetáculo, emancipação, crítica reflexiva.
ABSTRACT
Historically the spectator has always been viewed as a passive figure in theatrical
theory. Currently it is still viewed as a passive receptor, fascinated by appearance and
conquered by the empathy that makes him relate to the characters in the story. Other theories,
however, demonstrate that perceptive capacity is not only passive reception, but also a form
of activity.
So as supported by the ideas of Artaud Antonin, Friedrich Brecht defenders of modern
attempts at theatrical reform, and also of Jacques de Rancière who, through his pieces "The
Emancipated Spectator" and the "Ignorant Master", has made us reflect on old-fashioned ideas
about the relationship between the theater, the spectator and the education.
My ultimate objective is not to collect or steal any instruction or solution, but to
continue the contemporary debate about the importance of the emancipation of the spectator
as a form of liberating the fascination that obstructs and alienates his or her critical and
reflective capacities when dealing with pieces of entertainment or theatre.
Key-words: theater, spectator, emancipation, critical reflective
2
Reflete sobre a recepção da arte e a importância ética e política da posição do espectador;
3
Faz importantes reflexões sobre a emancipação intelectual dos indivíduos
3. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
3
INTRODUÇÃO
Dentro da teia de indivíduos que compõe o teatro pode-se encontrar uma figura que
demorou a ser reconhecida e estudada: O espectador. Como um dos elementos fundamentais
da relação teatral merece ser compreendido em toda a sua dimensão. Por isso, achei pertinente
a escolha do tema.
Iniciei a minha investigação com a leitura da obra “O Espectador Emancipado e do
Mestre Ignorante” de Jacques Rancière4, o que me levou a refletir um pouco mais sobre a
questão do espectador, tendo em conta, que sou educador e paralelamente tenho uma carreira
teatral como ator desde 1996, no teatro Cabo-verdiano, que nas últimas duas décadas evoluiu
de forma significativa, tanto na formação de atores e atrizes, mas também na educação do
público, ou seja, do espectador Cabo-verdiano, que se tem mostrado cada vez mais
interventivo, pelas sugestões e críticas pontuais relativamente aos eventos culturais,
nomeadamente o teatro.
Utilizei como suporte inicial para a investigação, duas obras de Rancière e
posteriormente outras obras e artigos disponíveis na internet, que versam sobre a mesma
temática, que serviram de referências para a elaboração do artigo, além da minha contribuição
pessoal, através da minha experiência, adquirido ao longo de uma carreira de educador e ator.
Rancière sempre esteve ao lado de posições da esquerda radical na Europa, ainda que
crítico de muitos erros que se foram cometendo ao longo da segunda metade do séc. XX. É
uma figura respeitada no mundo da cultura, as suas teses servem de pilar para muitos que
tentam reinventar um programa de políticas públicas para as artes. Ele representa alguém a
quem devemos um olhar atento para repensar algumas temáticas atuais como: emancipação,
para que serve a arte, o que é isto do “consenso’ e arte politizada”. Porém, nesse artigo,
ocuparei especificamente da questão da “emancipação” como fator transformador do
espectador.
Para trabalhar esta ideia, Rancière analisa o papel do teatro hoje e o que ele pode
significar nessa transformação e usa como exemplo a igualdade das inteligências, difundida
na obra “O Mestre Ignorante” onde nos revela de forma clara que a vontade de aprender é o
que leva o homem a aprender. Advém daí a ideia de uma sociedade de emancipados, onde
4
Jacques Rancière (JR) é filósofo e professor emérito na Universidade de Paris VIII, é autor de várias obras
como o Mestre Ignorante, O Destino das Imagens e O Espectador Emancipado.
4. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
4
todos saberiam que não existe desigualdade de inteligências. O que existe é a busca e a
ambição por sempre querer saber mais e mais.
Rancière parte da análise do paradoxo do espectador, a saber, que não há teatro sem
espectador. Interessa-nos então, compreender o lugar do espectador na trama dramática e
situá-lo na dinâmica do espetáculo que lhe é oferecido. Os acusadores apresentam-no como
um mal, assumindo que olhar é o contrário de conhecer e de agir, sendo o olhar do espectador
tomado como circunscrito ao domínio da aparência e reduzido à passividade. Então, podem-se
tirar duas conclusões: que o teatro é algo mau, “o lugar onde gente ignorante vê homens que
sofrem”, como defende Platão, ou então é no espectador que reside o mal.
Como reação a esta concepção de espectador em busca de um teatro novo que favoreça
o surgimento de um novo espectador, ou seja, “o espectador emancipado” surge no séc. XX,
duas propostas diferentes: o teatro épico de Brecht e o teatro da crueldade de Artaud.
Acredita-se que, essas duas propostas não resolvem o problema da emancipação do
espectador, uma vez que, apesar de terem tentado transformar o teatro, o espectador continua
sendo alguém que precisa ser arrancado da passividade e ignorância e da sua condição de
observador passivo.
A reflexão de Rancière é muito pertinente, pois, permite-nos questionar o lugar do
espectador e o que significa o olhar para o espetáculo. Essa reflexão nos convida a oscilar
entre as duas propostas reformadoras do teatro e questionar: devemos defender como Artaud
que, o espectador nunca perde a condição de observador, arrastado para o espaço mágico do
teatro, perdendo toda a distância ou devemos fazer com que o espectador seja arrancado da
situação de passividade e forçá-lo a avaliar o espetáculo de maneira crítica, com defende
Brecht?
Estou ciente de que, é preciso por um fim ao que Jacotot, denomina de embrutecimento,
de redução do espectador a um ser passivo e deslumbrado, para que possamos superar esta
tensão que caracteriza a relação do teatro com o espectador. Uma comunidade de
espectadores emancipados é uma comunidade em que todos são indivíduos são ativos na sua
construção do significado artístico e estético do espetáculo.
Acredito que, mediante a emancipação intelectual, o espectador se retira da posição de
observador passivo que examina calmamente o espetáculo que lhe é oferecido, e passa a ter
uma postura crítica e reflexiva, trocando o privilégio de ser um observador passivo e racional,
para um espectador ativo, crítico... É essa linha de pensamento que norteará minha reflexão,
sobre a postura do espectador nos dias de hoje.
5. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
5
O CONCEITO DE ESPETDOR
Uma vez determinado o tema para a elaboração do artigo, “Criando Espectadores
Emancipados” iniciei a investigação clarificando a noção do conceito de espectador ao longo
dos tempos, para melhor situar minha pesquisa e refletir sobre essa figura de tamanha
importância, porém, muitas vezes colocado em segundo plano no domínio teatral, quando
sabemos que a máxima “Não há teatro sem espectadores” é uma verdade incontestável, e por
isso, o espectador é uma figura tão importante quanto o ator.
Com efeito, o “espectador” significa objetivamente, aquele que assiste, presencia ou
observa um espetáculo, ou seja, uma testemunha, um observador que aprecia voluntariamente
um acontecimento. Usualmente utiliza-se o termo para denominar aqueles que apreciam
as artes cênicas, a música, o desporto, a televisão, o cinema e os espaços arquitetônicos.
Tradicionalmente o conceito de "espectador" determina um ato ou um sujeito passivo,
uma vez que, não interage com o que está assistindo. Entretanto, como afirmou Peter
Greenaway a invenção do controle remoto fez com que a passividade de quem assiste a um
espetáculo diminuísse, o espectador de televisão passou a ter a possibilidade de interagir,
selecionando o que deseja assistir. A chegada e a popularização da internet, também
eliminou em certa medida o conceito de passividade do espectador, tornando possível novas
formas de interação. O espectador passou a poder selecionar o que quer assistir, quando e
onde.
A interatividade da internet foi responsável por uma busca em novas formas
de linguagem para as chamadas "mídias passivas", que começaram a perder audiência. Com a
necessidade de interação, os produtores de televisão e de outras mídias começaram a
adicionar elementos interativos para evitar perder espectadores.
Atualmente existe uma mescla das mídias mais antigas com internet, telefone, celular e
outros aparelhos de comunicação móvel, integrando essas diversas mídias, procurando
aumentar ainda mais a interatividade.
Contudo, a nossa investigação extravasa em certa medida as definições simplistas de
espectador, uma vez que, além da mera interatividade, possibilitada pelas novas tecnologias
de informação e comunicação, quero trazer à tona a contribuição de vários pensadores, que
exerceram e continuam exercendo muitas influências na nossa forma de pensar e analisar as
coisas e os acontecimentos culturais, e sintetizar suas ideias como contribuição para a
formação de novas opiniões sobre e relação do espectador/espetáculo e da contribuição para a
6. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
6
formação de novos espectadores ativos, críticos e reflexíveis, com um poder cada vez mais
aprimorado nas escolhas.
Minha pesquisa centrará em primeiro lugar na análise de algumas posições filosóficas
sobre o espectador, onde enfatizarei as contribuições de Pitágoras, Platão, Lucrécio e
Sócrates, depois farei uma análise sintética sobre a visão moderna do teatro e do espectador; a
encenação e o espectador na cena contemporânea; o espectador e o teatro contemporâneo e
antes da conclusão analisarei o ponto fulcral do artigo, que é: criando espectadores
emancipados, apoiando nas ideias difundidas por Rancière nas obras O Espectador
Emancipado e o Mestre Ignorante.
Creio que analisando esses aspetos acima referidos terei conseguido alcançar meus
objetivos e trazido a minha contribuição para a desmistificação e o enaltecimento da
importância da figura do espectador como sujeito ativo, reflexivo, crítico e participativo
dentro da cena teatral.
7. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
7
ALGUMAS POSIÇÕES FILOSÓFICAS SOBRE O ESPETADOR:
Pitágoras, Platão, Lucrécio e Sócrates.
Para iniciar a nossa investigação partimos da figura do “homem/espectador” como
espectador desinteressado presente na filosofia tradicional. Essa visão tradicional ocupa uma
posição importante, pois, nos ajuda a clarificar a visão moderna sobre a questão do
“espectador emancipado” presente na obra de Jacques Rancière, que é objeto da nossa
investigação para a elaboração do nosso artigo.
Achei interessante investigar algumas dessas posições filosóficas antigas em torno desse
tema para fundamentar melhor a visão ranceriana do espectador emancipado.
“A vida é... como um festival, assim como alguns vêm ao festival para competir, e
alguns para exercer os seus negócios, mas os melhores vêm como espectadores, assim
também na vida os homens servis saem à caça da fama ou do lucro, e os filósofos à caça da
verdade” ARENDET. A vida do espírito, o pensar, o querer, o julgar, pág. 72.
Neste fragmento de parábola atribuída a Pitágoras5
, tem-se a definição básica do
espectador, com sua localização e função. O espectador pitagórico, é aquele que se posiciona
fora da competição e observa o espetáculo que é apresentado, podendo, assim, captar todo o
jogo e compreender seu significado, o que não é possibilitado ao ator. Esse afastamento é a
condição necessária para o juízo, visto que o espectador pitagórico não se interessa pela fama
ou pelo lucro. Nesse sentido, há um prazer desinteressado e imparcial, mas que depende dos
outros espectadores, que também “comparecem ao festival”.
O espectador pitagórico aprecia o espetáculo e permanece ligado ao mundo das
aparências. Na parábola pitagórica, se os atores buscam fama ou lucro, os espectadores
buscam a verdade. A distinção entre verdade e significado indica que, se os filósofos se
posicionam como espectadores, conforme analogia efetuada pela parábola, não deveriam
esperar, como decorrência disso, a aquisição da verdade, do Bem, mas a apreensão do
significado, do “todo”.
O juízo do espectador pitagórico é movido por um prazer desinteressado, não são mais
aceitos pela tradição filosófica. A opinião é associada à multidão. O que prevalece, para a
tradição, são as verdades dita imutável, que orientam a conduta humana.
5
Pitágoras de Samos foi um filósofo e matemático grego que nasceu em Samos entre 571 a.C. e 570 a.C. e
morreu em Metaponto entre cerca de 497 a.C. ou 496 a.C. A sua biografia está envolta em lendas.
8. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
8
Há alguma dificuldade em definir o espectador platônico à semelhança do espectador
pitagórico, apesar de “espantar-se” e “olhar para”, tenham a mesma raiz da palavra
“espectador”. Baseado nos textos de Platão6
, o espectador é, por definição, um “estrangeiro”.
Isso está expresso no final do mito da caverna.
O posicionamento do espectador platônico como um estrangeiro, privilegia a “vida
contemplativa”, em detrimento da vida ativa, uma vez que, a contemplação empreendida pelo
espectador platônico permite-lhe afastar-se do mundo das aparências, onde tudo é
contingente, e dedicar-se àquilo que possui eternidade, em que a verdade apresenta caráter
imperioso, coercivo e necessário.
Já Lucrécio7
descreve a posição do espectador/filósofo da seguinte forma: “que prazer,
quando, sobre o mar aberto, os ventos revolvem as águas, contemplar da costa o penoso
trabalho de outrem! Não porque as aflições de alguém sejam em si mesmas fontes de prazer;
mas considerar que estás livre de tais males sem dúvida é um prazer”.
Nesse contexto, desaparece a posição privilegiada do espectador grego, como aquele
que tem acesso às verdades imutáveis. O espectador descrito por Lucrécio se apresenta como
alguém que observa por curiosidade, a partir de um “porto seguro”. Não precisaria nem ter
visto o naufrágio, pois o mais importante é a segurança advinda desse isolamento em relação
ao mundo. Em vez do (espanto platônico), o espectador/filósofo adotará a atitude contrária, o
de não surpreender-se com nada e nada admirar. A filosofia romana desfere, pois, o último
golpe no conceito de espectador (originariamente pitagórico). De acordo com Arendt, “o que
se perdeu não foi apenas o privilégio que o espectador tinha de julgar o contraste entre pensar
e fazer, mas a percepção ainda mais fundamental de que tudo aquilo que aparece está lá para
ser visto...”.
O objetivo do espectador/filósofo é colocar-se em segurança, e acaba por promover uma
suspensão da realidade. Se no espectador platônico não há mais a concepção de juízo, devido
ao isolamento e à busca de verdades imutáveis, no espectador romano não há mais a
necessidade de preocupar-se em “olhar para”, colocando-se como espectador, porque “o
espírito carregou para dentro de si as aparências”.
Mas esse afastamento adotado pelo filósofo romano sofreu alterações, com o decorrer
do tempo. Refugiar-se em si mesmo, “porto seguro”, contra os males, transformou-se, na
6
Platão foi filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e
fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.
7
Tito Lucrécio Caro foi poeta e filósofo latino que viveu no século I a.C.. Nasceu ca. 99 a.C. e viveu 44 anos.
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modernidade, em desconfiança em relação ao mundo: o homem evita os outros, evita o
“espaço público”. Mais do que isso, a desconfiança do homem volta-se para ele próprio, para
os seus sentidos que não seriam aptos a captar a realidade.
Sócrates é considerado como exemplo de pensador não profissional, por ter conseguido
ficar “à vontade nas duas esferas [do pensar e do agir], do mesmo modo como nós avançamos
e recuamos entre o mundo das aparências e a necessidade de refletir sobre ele”. Isso implica
que, ao contrário do que a tradição filosófica quer reafirmar, a apreensão da verdade
não se faz no mundo em repouso. É necessário compreender o mundo em que se vive,
marcado pelo movimento, ao mesmo tempo em que o eu torna-se vigilante quanto aos
próprios pensamentos.
Concluindo, percebe-se que a figura do espectador presente na filosofia tradicional em
geral, implica o afastamento do espetáculo para poder contemplar todos os detalhes, implica
numa retirada do agir, mas não implica uma quietude própria à atividade do pensamento.
Em Pitágoras o espectador observa o espetáculo que é apresentado, há um prazer
desinteressado e imparcial; em Platão a ênfase é no espectador/filósofo que se retira para o
mundo das ideias, e se afasta da multidão; em Lucrécio as qualidades do espectador nem são
mencionadas, porque o que está em questão é a segurança do filósofo. É a partir da
constatação de uma pluralidade socrática, interna, que se recupera o conceito e a função do
espectador, dentro da filosofia política.
10. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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UMA VISÃO MODERNA DO TEATRO E DO ESPETADOR
Uma das características do teatro moderno e mais concretamente do espectador é a
pretensa inversão da concepção entre espectador tradicional como sujeito passivo para
espectador como sujeito ativo, crítico e reflexivo, ou seja, a inversão entre a contemplação
passiva e a ação, que mudou de forma definitiva a visão do universo em geral e das suas
particularidades, principalmente no que tange às artes cênicas em geral, o teatro, performance,
a dança a música...
Existem vários eventos que caracterizam o surgimento da modernidade, como por
exemplo, a expansão marítima, a reforma, a invenção do telescópio entre outros
descobrimentos que fizeram com que os segredos do universo fossem revelados à cognição
humana. Nessa inversão entre contemplação e ação, a primeira perde sua superioridade em
relação à segunda. É importante destacar que a verdade buscada através da contemplação
efetuada pelo espectador tradicional, não é aceita pela modernidade.
De certa forma, a figura do espectador, está intrinsecamente associada à do filósofo que
herdamos da tradição filosófica, porém, a decadência dessa figura, na tradição filosófica, está
relacionada com a ascensão da figura do ator, na modernidade, então, a contemplação, típica
da antiguidade, é substituída pela ação na modernidade.
Para melhor representar a vida e as experiências propostas para o espectador, o teatro
moderno, que surgiu na virada do século XIX para o XX, sofreu várias mudanças a fim de
manter um diálogo com a sociedade. A vida social contemporânea é marcada por várias
transformações. A expansão dos meios de comunicação em massa, à multiplicação de
eventos culturais, a criação de diferentes canais de aproximação, provocam no indivíduo
contemporâneo estímulos diversos. Estimulam raciocínios, estabelecem alterações nos valores
éticos e estéticos requisitando assim novas maneiras de perceber e compreender as
manifestações culturais, para que se estabeleça um diálogo profícuo com os espectadores.
A arte moderna em geral imbuída no espírito de participação em todas as instâncias
culturais pretende provocar o espectador, propondo-lhe que com senso crítico e reflexivo
organize interpretações autônomas sobre ela. Por isso, a arte contemporânea vai levar ao
extremo a posição do espectador, sendo que este não deve apenas dar sua interpretação à obra,
como também, participar da mesma. A obra é aberta para que o espectador elabore outras
montagens possíveis como no teatro épico brechtiano, em que a interdependência dos
elementos e a desconstrução da cena se tornam um bom exemplo da participação do
11. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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espectador num mundo passível de transformação, em que este pode construir a obra teatral
de outras maneiras para além da proposta.
A ideia de abertura da obra vai além, onde a realidade não se mostra mais desconstruída
e transformável, mas sim uma realidade a ser concebida. Não existe mais uma obra, mas
possíveis obras a serem construídas pelo espectador. A arte teatral na contemporânea propõe
uma atitude analítica ao espectador, não busca construir um consenso acerca da leitura do
espetáculo, mas sim que o espectador contemple e analise a obra a partir de seu ponto de vista
como um processo inconcluso que suscita uma ação artística na formulação de elementos de
significação inexistentes e análises pessoais a cerca do discurso cênico, e juntar-se aos artistas
na construção da obra e sua leitura. É a posição dialógica com participação do espectador
enquanto co-autor da obra que determina o caráter estético, reflexivo e educacional da
experiência artística.
Sendo assim, umas das características do teatro moderno é o fato de incentivar o
espectador a uma participação no espetáculo através das questões apresentadas pelo autor,
com isso, pretende-se ir além, quando se faz com que o espectador formule uma concepção
própria para o evento artístico, participando ao acrescentando novas interpretações.
O teatro que procura uma reflexão por parte do espectador tem que estar em
consonância com as alterações no modo de vida contemporâneo, a fim de estabelecer um
diálogo profícuo com este indivíduo contemporâneo, estando imerso numa overdose de
informação se encontra sedado; o teatro serviria para despertar, tendo que provocar este
indivíduo a elaborar leituras próprias e estimulando a capacidade inventiva propiciaria a
imaginação.
Após uma reflexão sobre teatro e do espectador na contemporaneidade, posso concluir
que o teatro tem um importante papel na proposição de que o sujeito dos dias atuais saia da
sua passividade, ou seja, de mero observador passivo do mundo que contempla para tornar-se
um ser ativo, crítico e reflexivo na realização da obra artística e na sociedade.
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A encenação e o espectador na cena contemporânea
Na contemporaneidade, existe claramente uma relação estreita entre a encenação e o
espectador, tendo em conta que, muitos espetáculos buscam atingir o espectador não apenas
pelo discurso, mas pelo caráter sensorial, se aproximando fisicamente do espectador para
atingi-lo em suas sensações e proporciona-lo momentos de participação efetiva no espetáculo.
O teatro e a encenação contemporânea rejeitam não somente as características do teatro
tradicional, mas também, de modo geral, a racionalidade da sociedade ocidental, propondo as
bases para um novo teatro e para uma nova maneira de apreensão do mundo. Algumas
propostas do Teatro da Crueldade surgem nos escritos de Artaud já na década de 1920. O
termo "crueldade" se refere aos meios pelos quais o teatro pode abalar as certezas sobre as
quais está assentado o mundo ocidental.
Artaud propôs um novo conceito de espaço cênico, em que ator e espectador se
aproximariam fisicamente, sem qualquer tipo de barreiras que pudesse impedir os diálogos
concretos, reais entre ambos. Essa aproximação visa ativar as percepções no espectador que,
por sua vez, se torna testemunha viva da ação, e não mero espectador alheio ao drama, assim,
a construção cênica se dá através de um diálogo constante entre a encenação e o público
objetivando concretizar a participação do espectador como um colaborador do processo de
criação, centrado na experiência corpórea dos atores e, por conseguinte, também do
espectador; o fim da divisão entre palco e plateia, com a encenação ocupando todo o espaço;
um espaço teatral não tradicional (espaços adaptados, galpões, igrejas, hospitais ou quaisquer
outros lugares que a encenação demande); e, sobretudo, o teatro visto como experiência
ritualística, destinada à cura das angústias e à reintegração do homem à sua totalidade física e
espiritual.
Artaud propôs ainda o estreitamento no encontro entre encenação e público, objetivando
novas estruturas, como descreve: “A ideia de uma peça feita inteiramente da cena impõe a
descoberta de uma linguagem ativa, ativa e anárquica, em que sejam abandonadas as
delimitações habituais entre sentimentos e palavras” (ARTAUD, 1999, 40). Desta forma, o
teatro estabelece a linguagem ativa, de crítica e descoberta, libertando-se das convenções
tradicionalistas vigentes, que reduzem a importância do público, pois o transforma apenas em
observador, excluso da ação, não refletindo sobre a obra apresentada. Contrário à atitude
passiva, Artaud buscou tirar o espectador do repouso uma vez que uma das funções do teatro
é promover o encontro entre o ator e o público.
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Estas características da cena contemporânea aproximam o espetáculo teatral da
performance, pois, ela é tida como ação real, se opondo ao domínio das ações ditas fingidas,
colocando a encenação a disposição para estabelecer relações diretas com o público.
A modificação estrutural estimula o espectador transformando-o em agente da ação,
eliminando a barreira imposta pelo jogo ilusionista, que separa a peça teatral dentro de uma
caixa cênica. Entre os elementos teatrais mais combatidos estão à visão do espectador como
sujeito passivo e apático, o teatro como entretenimento; a caracterização psicológica dos
personagens a valorização exagerada do enredo e o predomínio da dramaturgia em relação à
encenação.
E encenação contemporânea privilegia a relação do espectador e o espetáculo, dando a
devida importância e relevância ao papel que o espectador ocupa na cena teatral e na
construção de um espetáculo. As ideias de Artaud sustentam a mudança de atitude por parte
do espectador e procura levar para o teatro o caráter das experiências carregadas de
fisicalidade pertencentes a culturas não atreladas à civilidade europeia.
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O espectador e o teatro contemporâneo
Numa sociedade baseada na contemplação passiva em que o indivíduo encontra-se
bombardeado por uma avalanche de recursos tecnológicos, sons, imagens e informações, é
preciso refletir, sobre como se efetiva a proposta do teatro contemporânea para o espectador.
A relação entre o espectador e o teatro contemporâneo está ligada com a maneira de ver,
sentir e pensar o mundo. Desta forma, para refletir sobre o papel do espectador no teatro
contemporâneo, é importante refletir sobre alguns aspectos da sociedade atual e diferentes
modos de participação do espectador ao longo da história do teatro.
No drama, o espectador era convidado a se identificar com o protagonista e embarcar no
fluxo de uma ação dramática contínua, de acontecimentos encadeados entre si, como se
observasse aqueles momentos através de um buraco de fechadura. A encenação contribuía
para que estes efeitos se processassem, buscando manter ao máximo a ilusão de realidade
daquele universo representado no palco.
Estas opções se relacionam a valorização dos interesses privados e diante da
necessidade de tratar de questões sociais, coletivas, esta forma dramática fechada começa a
entrar em crise. Os novos assuntos exigem uma nova forma e, assim, surge a necessidade de
extrapolar o diálogo e interromper a ação dramática, incluindo elementos épicos nos textos e
na encenação.
Tais recursos cênicos propõem um movimento de aproximação do espectador em
relação à ação dramática, ao romper com o efeito ilusionista do teatro. A intenção é que o
espectador não perca a consciência de si e da realidade social enquanto assiste à cena e realize
constantemente a reflexão crítica sobre a atitude das personagens.
Sendo assim, o espectador não pergunta “o que isto quer dizer?”, mas sim “o que está
acontecendo comigo?”, o que lhe solicita disponibilidade para participar de um jogo que se
apresenta de modo inesperado e sem uma sequencia estabelecida, porque se propõe como
experiência, e, enquanto tal, só se efetiva plenamente se o próprio espectador se dispuser a
constituí-lo enquanto joga.
Esta reflexão sobre o espectador contemporâneo parece fundamental para compreender
o lugar que o teatro ocupa na sociedade atual. Se a questão “O teatro é necessário?”, Parece
uma pergunta boba, mas o teatro é uma maneira do homem se expressar e revela muito de sua
cultura. O teatro traz vida a história de todo um povo.
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Para tanto, Denis Guénoun acompanha, ao longo da história do teatro, a formação e as
modificações do conceito de identificação com o personagem. Na Antiguidade, a mimese não
supunha a identificação. Essa identificação se esboça a partir da releitura renascentista da
Poética de Aristóteles e encontra seu ápice no naturalismo do fim do século XIX. Diderot,
Stanislávski e Brecht são tomados como marcos na discussão sobre a ilusão no teatro,
redirecionada com o surgimento do cinema que, ao se apoderar do imaginário do espectador,
satisfazendo o seu desejo de identificação, torna ainda mais evidente a vocação do teatro para
o jogo, para o fazer compartilhado entre atores e espectadores.
As análises mais críticas sobre a relação entre a televisão, o cinema e a sociedade
colocam em evidência a contemplação passiva e isolada a que conduzem os meios
eletrônicos. O espectador está sempre condenado a olhar o que fazem os outros, sem ter
nenhum poder sobre a própria vida. O que caracteriza a televisão e o cinema é o olhar imóvel,
a contemplação inerte: é isto que caracteriza a televisão e faz dela a expressão de uma
sociedade na qual tudo é espetáculo, como disse Debord (...) “Mas esta contemplação não é
fruto de uma preguiça ontológica, mas o resultado de uma ordem social que vive graças à
passividade.”
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CRIANDO ESPETADORES EMAMCIPADOS
Para iniciar essa caminhada, torna-se necessário relembrar a metáfora do Mito da
Caverna de Platão que, pode ser relacionado com o surgimento do Teatro. Esse surgimento foi
devido à reunião de grupos de pessoas em uma pedreira, que se reuniram nas proximidades de
uma fogueira para se aquecer do frio. A fogueira fazia refletir a imagem das pessoas na
parede, o que levou um rapaz a se levantar e fazer gestos engraçados que se refletiam em
sombras. Um texto improvisado acompanhava as imagens, trazendo a ideia de personagens
fracos, fortes, oprimidos, opressores e até de Deus e do diabo. Nesse tipo de teatro as pessoas
eram atores e espectadores com uma única função, fazer passar o tempo vendo a fazendo
figuras engraçadas, mas sem nenhum interesse artístico.
O pressuposto que afirma que “Quem vê não sabe ver”, é uma máxima atemporal. Isso
pode ser verificada empiricamente ainda numa franja significativa da sociedade e das suas
vivências no próprio cotidiano, movidos pela ignorância deixam ser levados pela aparência,
pela superficialidade, por uma cultura hedonista baseada numa sociedade de consumo, onde
tudo é passageiro e nós somos meros espectadores passivos e satisfeitos com o que nos é
oferecido e aplaudimos. Com efeito, a crise social, artística, política e intelectual na sociedade
contemporânea, faz com que as pessoas prefiram a imagem à coisa, a cópia ao original, a
representação à realidade, a aparência ao ser. A realidade não passa de ilusão, pois
a verdade está no ilusório. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta e as
pessoas cada vez mais ignorantes e embrutecidas.
Segundo Rancière, a emancipação do espectador começa quando se põe em causa a
oposição entre o olhar e o agir, quando se compreende que olhar é já uma ação, a ação de
observar, selecionar, comparar, traduzir e interpretar, de criar uma ideia original daquilo que
se observa.
Num excerto de uma entrevista de Jacques Rancière, à revista CULT8
, sobre sua obra
“O Espectador Emancipado” quando questionado porque não fala de TV, ele afirma: “Eu
tentei reinterpretar a relação das pessoas com o espetáculo sem me interessar tanto pela
questão das mídias”. Mas me centrei mais na ideia, tão comum, de que “agora não há nada
mais além da TV… não há mais arte, não há mais cultura, não há mais literatura, nada”. Há
casos em que o espectador está na frente da TV mudando de canal sem prestar atenção ao
8
“http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevista-jacques-ranciere”
17. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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que está vendo. Eu me preocupei mais com o cinema, as artes plásticas, nos quais uma
relação forte do olhar está pressuposta. A TV, de modo geral, não pressupõe um olhar forte,
mas um olhar alienado ou distraído. No espetáculo, o espectador de teatro é levado a
trabalhar, porque aquilo que ele tem à sua frente o obriga a um trabalho de síntese. É
preciso sair de uma peça, de uma exposição ou do cinema com certa ideia na cabeça, o que
não necessariamente é o caso da televisão, em que as coisas podem simplesmente passar. Já
um lugar onde os espectadores se encontram, para as artes performáticas, por exemplo,
implica um recorte fechado no tempo. Não é uma questão de suporte, mas do tipo de atitude e
de atenção criadas. Podemos nos colocar na frente de um filme de TV com a postura de quem
está no cinema. Nesse momento, nós agimos como o espectador de cinema.”
Analisando o conceito de espectador, Rancière propõe uma analogia com o professor e
o aluno. Então, esta concepção pode ser comparada com o paradigma antigo do “mestre
sábio” e da “desigualdade das inteligências”. A emancipação intelectual do aluno consiste na
assunção da igualdade das inteligências e na supressão do modelo em que o detentor do saber
o transmite ao ignorante através da lição. Então o conceito de “espectador emancipado” é
acima de tudo, a capacidade intelectual individual de cada um, em vencer a ignorância que
resulta das transmissões apáticas de informações, e por outro lado, a aquisição de uma
capacidade seletiva no que tange ao que nos é oferecido de bom e de ruim, tanto nos meios de
comunicação de massa e nas manifestações ditas culturais de forma crítica. Por isso, Rancière
tece uma análise sobre o papel do Teatro e o que ele pode significar nessa transformação
intelectual e usa como exemplo da igualdade das inteligências.
Ele vê o espectador como um sujeito de conhecimento que constrói o sua própria
opinião a partir do que já traz consigo, o que o conduzirá a um saber distinto do que tinha
antes. Assim, ele progride comparando o que descobre com aquilo que já sabe e não é
despojado da capacidade, que tem, de apreender aquilo que ignorava.
Rancière critica essa sociedade de espetáculos e de espectadores embrutecidos, essa
sociedade que consiste em ingerir tudo o que existe na atividade humana em estado
fluido para depois vomitá-lo em estado coagulado, esse mundo da mercadoria dominando por
tudo o que é vivido, diante de seu produto global, mostrando que é possível a emancipação
intelectual dos expectadores. Para ele, cada um deve estar em seu lugar, e os revolucionários
devem arrancar os dominados das ilusões que os mantêm cegos e presos às armadilhas da
ilusão.
18. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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Ao contrário do pressuposto expresso de forma alegórica do Mito da caverna, de que
“Quem vê não sabe ver”, o que espelha em parte a sociedade contemporânea, para Rancière, a
emancipação do espectador é a afirmação de sua capacidade de ver o que vê e de saber o que
pensar e fazer a respeito. Para isso, torna-se evidente para Rancière que é preciso refletir sobre
a questão da emancipação do espectador nos dias de hoje, colocando-o no cerne das
discussões entre arte e política. Nesse caso, seria preciso delinear um modelo global de
racionalidade, tendo como pano de fundo o espetáculo teatral, expressão que engloba a ação
dramática, dança, performance, mímica e outros.
Os debates e polêmicas que têm levantado a questão sobre o teatro ao longo da história
podem ter suas origens em uma contradição muito simples, chamado de “paradoxo do
espectador”. Um paradoxo que pode se provar mais crucial do que o paradoxo do ator e que
pode ser formulado da seguinte forma: Não há teatro sem espectador, e eu acrescento que, não
há espectador sem expectativa, mesmo que seja espectador único e oculto.
Muitos poderão questionar o que venha a ser um espectador? A resposta é o mais
simples possível: Ser um espectador significa olhar para um espetáculo. Contudo, se
limitarmos somente a olhar, o que nos é oferecido, sem antes questionarmos e refletirmos
sobre esse ato, esse olhar torna-se uma coisa ruim, por duas razões: primeiro, o olhar significa
estar diante de uma aparência sem conhecer as condições que produziram aquela aparência ou
a realidade que está por trás dela, enquanto que o conhecer, implica uma ação consciente ou
a adaptação em relação a alguma coisa adquirida a partir de
uma análise racional das percepções desta. Sendo assim o olhar é o contrário do conhecer;
segundo, o olhar é considerado o oposto de agir, porque o espectador que olha permanece
imóvel na sua cadeira, sem qualquer poder de intervenção. Ser um espectador significa ser
passivo, tendo em conta que, está separado da capacidade de conhecer, assim e da
possibilidade de agir, uma vez que a ação implica o conhecimento a priori e de um julgamento
a posteriori.
Assim, analisando o paradoxo do espectador “não existe teatro sem espectadores” é
verossímil apontar duas conclusões opostas: 1)a primeira é aquele com que deparamos quase
sempre, ou seja, o teatro como um palco da ilusão, onde espectadores ficam abismados e
iludidos com o que veem, ou seja, é um espectador impotente. Neste caso concordamos com
Platão, que afirmou que “o teatro é um lugar onde “ignorantes” são convidados a ver
sofredores”; 2) em segundo lugar, o espectador seria oposto ao atuar imóvel na sua cadeira, é
um espectador que deve provocar e questionar o tempo todo. Olhar de fora para dentro, a
19. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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entender o dentro. Sair da zona de conforto, provocar, escutar, compreender e duvidar de tudo
o que vê. O espectador deve sair da posição de observador e examinador passivo, deve ser
desapossado do controle ilusório do que vê representado. É preciso neste caso arrancar o
espectador do embrutecimento, do fascínio pela aparência, mostrando-o um espetáculo
estranho e inabitual. Torna-se necessário que o espectador saia da sua zona de conforto e
trocar de posição de espectador passivo, para espectador ativo, inquiridor e experimentador
que observa os fenômenos e procura as causas.
Essas duas conclusões nos remete para as duas iniciativas modernas de tentativas de
reforma do teatro, que oscilam entre dois pólos opostos, no que tange a participação do
espectador. O teatro épico de Brecht, poeta e dramaturgo alemão (1898-1956), e o teatro da
crueldade de Antonin Artaud (1896 - 1948), ator, diretor, poeta e teórico francês. Para o
primeiro, o espectador deve ganhar distância enquanto para o segundo, o espectador deve
perder toda e qualquer distância. Para Brecht, um dos pressupostos é o efeito didático que
procura um distanciamento do espectador. Sua proposta se
opõe ao teatro clássico e tradicional um teatro que em vez de suscitar emoções e
sentimentos desperta uma atitude crítica.
Para Brecht, é preciso arrancar o espectador do fascinado pela aparência, da sua
situação passiva e forçá-lo a avaliar o que lhe é dado no espetáculo, de maneira a que tome
uma posição crítica. O espectador deve abdicar da adesão empática ao espetáculo e ganhar
distância. O povo deve tomar consciência da sua situação e discutir os seus interesses, o teatro
pode conduzir o espectador a um conhecimento crítico da sua situação, deve desencadear o
desejo de agir, de transformar, em vez de ficar impávido rendido aos sentimentos que a forma
dramática lhe despertava.
Para Artaud, o teatro da crueldade também rejeita as características do teatro
tradicional, e a racionalidade da sociedade ocidental, propondo as bases para um novo teatro e
para uma nova forma de apreensão do mundo. Ao contrário de Brecht, ele defende que, o
espectador nunca perde a condição de observador e deve ser mesmo arrastado para dentro do
espaço mágico teatral, abdicando da posição de mero sujeito do olhar, deve misturar-se,
deixar-se invadir pela energia vital do teatro e, portanto, deve “perder toda a sua distância”.
Em vez de estarem perante um espetáculo, são envolvidos nele, levados para o centro da
performance, reforçando a energia coletiva que só o teatro pode avivar. O teatro surge então
como uma forma de “ritual purificador no qual uma coletividade é posta na plena posse das
energias que lhe são próprias”.
20. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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Essas duas propostas, a nosso ver, não resolveram o problema inicial, que embora
tenham tentado transformar o teatro, continuaram a ver o espectador como alguém que deve
ser arrancado da sua passividade e ignorância, em que sua condição de observador passivo
deve ser suprimida.
A nosso ver, o espectador também deve agir, tal como o aluno, que observa, seleciona,
compara, interpreta e relaciona o que vê com muitas outras coisas que viu em outras cenas,
em outros lugares. Então, precisamos de um novo teatro, um teatro sem a condição do
espectador passivo e contemplador, uma vez que, “quanto mais se contempla, menos ele é”.
Precisamos de um teatro onde os espectadores deixem esta condição, onde vão aprender
coisas em vez de ser capturados por imagens ilusórias, onde terão a oportunidade de se
tornarem participantes ativos, participativos, reflexivos e críticos de uma ação coletiva em vez
de continuarem como mero observadores.
Para que isso aconteça é preciso que o espectador seja libertado da mera observação e
da fascinação do espetáculo, ele deve ser impelido a abandonar o papel de observador passivo
e assumir o papel ativo e crítico e reflexivo, por forma a realizar a experiência de possuir as
verdadeiras energias vitais do teatro.
Por outro lado, o espectador deve abster-se do papel de mero observador
que permanece parado e impassível diante de um espetáculo distante. Ele deve ser arrancado
de seu domínio delirante, trazido para o poder mágico da ação teatral, onde trocará o
privilégio de fazer às vezes de observador racional pela experiência de possuir as verdadeiras
energias vitais do teatro.
Os dramaturgos de hoje em dia não querem explicar à sua plateia a verdade a e os
melhores meios para acabar com a dominação, uma vez que a perda das ilusões muitas vezes
leva o dramaturgo e os atores a aumentar a pressão sobre o espectador: talvez ele venha, a
saber, o que deve ser feito, se o espectador destacar da sua atitude passiva e se tornar um
participante ativo no mundo público.
Sintetizando estas duas atitudes paradigmáticas, a do teatro épico de Brecht e a do teatro
da crueldade de Artaud, chegam-se as seguintes conclusões: O projeto de reformar o teatro
oscilou incessantemente entre estes dois polos de questionamento, por um lado, o espectador
deve ficar mais distante, por outro, deve perder toda distância. Por um lado, deve mudar o seu
modo de ver para ver de um modo melhor; por outro, deve abandonar a própria posição de
observador, para passar a ser um sujeito ativo, crítico e reflexivo.
21. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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CONCLUSÃO
Como referi no inicio do artigo, reitero novamente que, o objetivo último da
investigação não era coletar e nem forjar receitas e/ou soluções que visavam resolver de
forma definitiva a visão tradicionalista e distorcida que se tem do espectador, como um sujeito
passivo e alienado, mas sim, refletir no sentido de poder começar a falar hoje, e sem reservas
que, nós todos devemos em certa medida ser mais do que meros espectadores, que
simplesmente consomem passivamente o que lhes são oferecidos. É preciso que cada um de
nós espectador dê um salto qualitativo e ultrapasse essa passividade e alienação secular e se
transforme em um espectador mais interventivo, reflexivo e crítico na construção de uma
sociedade artística plural, culturalmente mais evoluída, mais justa, onde a contribuição de
cada um é indispensável para na formação intelectual e valorização das capacidades e
competências individuais de cada indivíduo, na cena cultural de um povo.
Contrariamente a ideia de Sigmund Freud (1997) de que o poder do teatro sobre o
espectador é o mesmo que o poder do brinquedo sobre a criança, e que permite a identificação
segura do ego em múltiplas relações, hoje, certamente, o espectador não se deixa contaminar
por essa visão ilusória de um espetáculo alienante e embrutecedor. Todos os agentes teatrais
estão motivados em construir espetáculos na esperança que os espectadores sejam capazes de
transcender aquilo que assistem, e de formular suas próprias opiniões e não se deixarem
contaminar pela ilusão e pelo distanciamento entre o ator e o espectador, uma vez que, ambos
estão conscientes do papel de cada um na construção do espetáculo.
Existe uma relação dialógica entre o ator e o espectador, onde não se pode estabelecer
uma relação hierárquica de superioridade e inferioridade, uma vez que, a existência de um não
implica a desvalorização da outra, mas sim, uma parceria que transcende, tanto os que
representam, bem como, os que assistem, não existindo barreiras objetivamente definidas,
quando essa relação é fecunda, e a participação ativa do espectador é um imperativo,
consciente e motivado pela abertura e pela possibilidade de poder acrescentar algo mais ao
espetáculo.
Acredito que não existem valores absolutos na concepção estética e política na recepção
de uma peça teatral. Contudo, se não se pode aceitar absurdos na recepção de uma peça
teatral, por outro lado, não se pode descrever os limites racionais e sensoriais, até onde a
percepção e a reflexão do homem pode ir, uma vez que a subjetividade de cada um está
relacionada com o seu grau de emancipação intelectual.
22. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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Assim, recusando a lógica do embrutecimento, da redução do espectador a um ser
passivo e embrutecido, supera-se a tensão que caracteriza a relação do teatro com o seu
público. Entenda-se que, uma comunidade artística emancipada é uma comunidade em que
todos são indivíduos ativos na construção do significado artístico e estético do espetáculo.
Reitera-se que, a reflexão de Rancière é muito importante para o debate contemporâneo,
pois permite questionar o lugar do espectador e o que significa o olhar para o espetáculo,
estando ao mesmo tempo a questionar a própria essência do teatro e a compreensão desse
estatuto singular no seio da arte. Esta pretensão de emancipação afirma, assim, o poder detido
pelo espectador, de traduzir à sua maneira o que vê e percebe. É o espectador-indivíduo que
está em causa, é o homem concreto, que faz a sua interpretação do espetáculo e só retém o
significado que ele próprio lhe dá de forma autônoma desprovido de qualquer tipo de
alienação.
23. PUC-RIO FILOSOFIA DA CULTURA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RANCIÈRE, Jacques – O Espectador Emancipado. Lisboa: Orfeu Negro, 2010.
RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante. Cinco lições sobre a emancipação intelectual.
Trad. Lílian do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
MARINIS, Marco de. Em busca del aCtor y del espectador: Comprender el teatro II.
Buenos Aires: Editorial Galerna, 2005.
Web Grafia
Artigos disponíveis nos seguintes endereços na internet, consultados em maio de 2013.
O TEATRO E O ESPECTADOR NA CONTEMPORANEIDADE: da fragmentação à
totalidade. Disponível no seguinte endereço na Internet:
http://ciadeteatrohedonicos.blogspot.com.br/2010/08/o-teatro-e-o-espectador-na.html
RECENSÃO CRÍTICA DE "O ESPECTADOR EMANCIPADO" Disponível no seguinte
endereço na Internet: http://acomuna.net/index.php/contra-corrente/4391-recensao-critica-de-
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O ESPECTADOR EMANCIPADO. Disponível no seguinte endereço na Internet:
http://antropofagia-interculturalismo.blogspot.com.br/2010/03/o-espectador-emancipado-
artigo-de_12.html
ENTREVISTA – JACQUES RANCIÈRE. Revista Cult. Tags: Entrevista A associação
entre arte e política segundo o filósofo Jacques Rancière. Disponível no seguinte endereço na
Internet: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevista-jacques-ranciere/