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Índice 
Os bóias frias 1 ........................................................................................................................................................... 7 
Os bruxos em plena selva amazônica 2 ...................................................................................................... 11 
Coração de sertanejo 3 ......................................................................................................................................... 21
“Quem julga que sabe tudo, priva-se de um dos maiores prazeres da vida que é aprender” 
3
Dedico com esmero carinho aos meus alunos e todos aqueles que sempre 
acreditou em meu trabalho e está ao meu lado sempre me motivando. 
4
Capítulo 1. 
5 
Os heróis dos campos 
A cidade de Indiaporã , bem pequenina, fundada na região centro oeste do grande 
Estado de São Paulo, fica distante de São Paulo 650 quilômetros. Em Maio, a 
pequenina cidade era agitada por grandes movimentos de boias frias. 
Os boias frias eram pessoas acostumadas à árdua vida, de acordar de madrugada 
quando os galos saudavam o novo dia, os fogões a lenha são acesos pelas heroínas dos 
lares, isto era após de muito choro por causa da fumaça que toldavam as pequeninas 
casinhas de barro. O forte cheiro de gordura de suínos a aquecer os dentes de alhos, 
atraiam os gatos e cachorros, que se assentavam próximo ao fogão a olhar suas donas. 
Ao término do “almoço” que era feito nas madrugadas, o alimento era colocado nos 
caldeirões que juntamente com os talheres são embalados nos embornais de pano. 
Pronto está pronto o “moleque”, apelido que os boias frias davam ao almoço que serão 
levado às roças.! O tempo neste mês de Maio é frio e as mãos enrijecem, o orvalho 
tinge de branco as ervas e as plantas dos quintais das casas, a tina com água, 
acumula-se pequenos flocos de gelo na superfície das águas, as flores exalam seu 
adocicado olor enchendo-o o ar desta fragrância. Mamãe, com meus irmãos, Arcênio, 
Ataydes e eu já com nossos chapéus mexicanos de abas largas, caminham para a 
praça da matriz à aguardar o 
“pau de arara” nome que é dado ao caminhão, com uma tora de madeira de um 
extremo ao outro na carroceria que serve de sustento aos bóias frias. Mamãe com 
meus irmão se ajuntam à outras pessoas e picando fumo de corda que é enrolado em 
palha de milho, enchem o lugar com o forte cheiro, ficam a conversar enquanto 
aguardam a chegada do motorista José Pinheiro. Enfim chega o motorista com o seu 
caminhão soltando um grande tufo de fumaça de óleo diesel queimado. Todos sobem 
pelos pneus e se acomodam na carroceira e ficam segurando os grande chapéus, 
algumas mulheres, queridinhas do motorista, vão na boleia do caminhão, e assim 
começa a viagem até a lavoura de algodão, cujo local era do outro lado do rio grande. 
O rio grande, como o próprio nome diz é grande mesmo e divido os dois Estados, Minas 
e São Paulo. A fazenda da qual íamos trabalhar ficava próximo a esse rio. Na viagem, o 
olor de capim gordura, misturado a poeira empreguinam as roupas, cortante vento faz 
tremer os boias frias, e a única alternativa é se proteger abaixando a cabeça até o fim 
da viagem. Muitos acidentes aconteciam nesta época, devido a imprudência dos 
motorista, pois em alta velocidade, nestas estradas esburacadas, muitos caminhões 
tombavam nas curvas, ceifando muitas vidas destes humildes trabalhadores. Há uma 
curva na estrada que recebeu um cômico
nome de “curva da morte” porque lá muitos boias frias perderam a vida. Até nos 
dias de hoje as pessoas passam neste fatídico local e tiram os seus chapéus e 
fazem o sinal da cruz em reverencia às pessoas que perderam a vida. 
As seis horas da manhã, o nosso caminhão chega no grande rio, e aguarda a 
chegada da balsa que fará a travessia para a outra margem, no Estado de Minhas 
Gerais, o caminhão sobe na plataforma da balsa e nós os boias frias ficamos 
dentro da balsa contemplar as águas a correr, pois o tempo de travessia era de 
vinte minutos. O tempo ainda está frio e os fortes ventos obrigam alguns dos bóias 
frias a buscarem refugio na frente do caminhão ao calor do motor já desligado. 
Pela correnteza do rio, observa-se madeiras, folhas e alguns peixinhos como 
lambaris nas águas turvas a correr. Faltando uns duzentos metros para a balsa 
chegar nas margens do grande rio, por imprudência o motorista José Pinheiro 
entra no caminhão e dá partida, esquecendo que o caminhão estava engrenado, 
acontece o imprevisto, o veículo dá um arrancada para frente e retorna, e com o 
impacto projeta para as águas gélidas quatro bóias frias. desespero total das 
histéricas mães, que pulam na embarcação aos gritos de “salvem meu filho por 
amor de Deus”, eles com suas pesadas botinas, embornais pendurados, grossas 
roupas de frio são levados pelas fortes correntezas, junto com eles vão também 
pãezinhos levados com a correnteza. Alguns barqueiros num gesto de civilidade 
consegue trazer para a balsa alguns náufragos enquanto outros num forte instinto 
de se salvarem, nadam e retornam à balsa. 
O dia inicia-se com este fato marcante na vida dos bóias frias, e o motorista quase 
apanha das mulheres revoltosas. Chegamos à lavoura de algodão e tudo volta a 
rotina, apesar das murmurações gerais. Mamãe e meus irmãos penduram os 
embornais nas frondosas árvores e começamos a colher algodão, as nove horas 
da manhã o sol começa a lançar seus fortes raios na terra bronzeando os bóias 
frias. Os mosquitos borrachudos atacam sem parar, calor torna-se forte e as 
quatro horas da tarde vários moleques e entre eles eu também vamos a pé até o 
rio para aguardar a chegada do caminhão. Aproveitamos estas horas de lazer para 
se refrescar no rio. Agora sim um nado voluntário e não forçado. 
Mais uma vez em casa com mamãe e meus irmãos a alegria invade nosso humilde lar. 
O banho era tomada em uma bacia de alumínio, com sabão de soda, à noitinha as 
lamparinas à querosene eram acesas e íamos ao quintal contar alguns “causos.” 
Os bóias frias são realmente uns heróis dos campos, pois mesmo enfrentando 
esta árdua vida, nas colheitas de algodão são felizes e ainda sobra tempo a 
noitinha para irem à praça da matriz para conversarem e gargalhar dos seus 
problemas e desgraças dos outros. Sim são felizes porque estão ajudando a 
construir este próspero país. 
6
Capítulo 2. 
Bruxos em plena selva amazônica 
Hortolândia, uma maravilhosa cidade da região metropolitana de Campinas, 
clima seco, ar puro e isento das muitas poluições que afetam cidades grandes, 
Amanda II um bairro tranquilo que abriga quase cinquenta mil habitantes. Três 
amigos de escola que tinham muitas coisas em comum: 
Alberto, um jovem ávido pelo conhecimento, cursava o 1º ano do 
ensino médio, seus óculos (estilo intelectual) destacava dos 
demais alunos, passava maior parte do tempo na biblioteca 
pesquisando livros sobre lugares exóticos. 
Bernardo, cursava o 3º ano do ensino médio, era assinante de uma 
das melhores revistas de circulação periódica a revista “reader 
digest” na escola vivia sonhado com passeio pelas regiões pitorescas 
do Brasil, afinal ele dizia sempre: 
— Nós brasileiros devemos conhecer primeiro nosso país que é rico em lugares 
bonitos, prá que se preocupar em conhecer outros lugares se aqui temos tudo 
de bom e bonito? Na sala de aula adorava as aulas de geografia e se deleitava 
com as informações passadas pela professora Mary! 
Nos intervalos, seu amigo preferido era o Alberto, e sempre 
trocava palavras amigas e discutiam seus sonhos em conhecer 
outros lugares. 
Carla colega de classe do Bernardo possuía o dom de fazer novas amizades, 
dizia que quando terminasse o ensino médio, faria uma faculdade voltada para 
a área de astronomia, queria ser cientista! A noite sempre olhava para o céu 
estrelado de Hortolândia, admirava a constelação do cruzeiro do sul! 
Tarde de uma sexta-feira, Bernardo abre sua caixinha de coleta dos 
correios, em meio a várias contas para pagar, encontrou uma, vinda 
de sua revista preferida, dentro, um aviso do diretor da revista 
informando que ele havia sido sorteado com três passagens de ida e 
volta, para uma viagem para Manaus! 
Alegria tomou conta do seu ser, e espalhou as boas novas entre seus 
amigos, a euforia tomou conta deles, na cantina da escola 
combinaram que distribuiriam as passagens somente para seus 
amigos íntimos. Como se aproximavam as férias de dezembro, os 
jovens se prepararam para a viagem, fizeram suas malas e incluíram 
nelas: repelentes para mosquitos, varas e apetrechos para pesca, 
espingarda para caça, lanternas, roupas camufladas, carnes em 
conserva, bonés e muitas coisas que poderiam ser úteis, como a 
7
viagem de ida e volta poderia ser longa, encheram suas 
malas com vários livros e entre eles um almanaque do 
pensamento que registrava alguns fenômenos e algumas coisas 
úteis. 
Dia tão esperado chegou! No aeroporto de Viracopos os três 
despediram de suas famílias no saguão do aeroporto, e o avião 
tomou as alturas com os jovens aventureiros. Suas mãos suavam, e 
tentavam se tranquilizar falando de coisas banais. Carla puxou 
conversa com o Alberto: 
— Sabe Alberto, eu li no almanaque que está previsto um eclipse 
total do sol, e você não imagina que só será visto na região norte! 
—Duvido! — disse o incrédulo Alberto! 
—Último eclipse que se tem notícias foi a vinte anos atrás e eu era 
apenas um menino.- disse o jovem aproximando suas mão da mão 
da moça,e sentindo seu perfume adocicado da boticário, seu 
coração batia forte sempre que se aproximava de Carla. 
— Pois é, teremos um privilégio, que ninguém de Hortolândia terá! 
— Ver este fenômeno de um único lugar! — Minhas amigas ficarão 
com muita inveja. 
Suas mãos se tocaram mais uma vez e aproveitaram para trocar um 
“selinho” deixando Bernardo de olhos arregalados.- Bernardo 
também tinha uma forte atração por Carla! 
Numa manhã ensolarada de sábado, o avião taxia na pista do 
aeroporto de Manaus e os três amigos descem e se dirigem para um 
hotel da cidade. Antes de chegar ao hotel foram pegos de surpresas 
por uma forte chuva, porque o tempo da Amazonas é muito 
instável! 
Chegam em um pequeno hotel da grande capital Manaus, pedem 
dois quartos um para a Carla e outro para os dois amigos. Tomam 
um delicioso banho e se reúnem na sala de descanso do hotel, 
enquanto uma forte chuva cai. Conversam até tarde quando todos 
bocejando vão para seus quartos descansarem. 
Quase duas da manhã, enquanto Alberto já dormia um pesado sono, 
Bernardo sai devagarzinho e se dirige ao quarto de Carla, a porta 
não estava trancada, sobre o fino lençol Carla deixava aparecer suas 
belas pernas, sua pequena calcinha estava a mostra, Bernardo 
8
chegou, e deu um pequeno beijo nas rosadas faces dela, se remexeu 
e fingiu dormir, as mãos de Bernardo tocaram suavemente em suas 
pernas, e logo se abraçaram arduamente. Ambos sedentos de paixão 
se entregaram um ao outro até as cinco da manhã quando ele voltou 
para seu quarto. Alberto ainda dormia exausto em sua cama de 
solteiro. 
Amanhece o dia e os três saem do hotel e vão conhecer a grande 
Manaus, um anúncio publicava um telefone de um guia para 
viagens à selva, 
4 
9
prometia ser um exímio conhecedor do lugar. Ligam para ele e 
atende o Zé do Brejo como era chamado: 
- Alô – disse Carla ao telefone.- Precisamos de seu serviço para um 
passeio em plena selva, queremos conhecer tudo que for belo e 
exótico que exista nesse lugar. Concordaram o preço e marcaram 
para o dia seguinte, o embarque no seu belo barco. Iriam por água 
porque por terra era bem difícil o transporte. 
Malas, mochilas e apetrechos de turistas estavam prontos e 
embarcaram no barco do Zé do Brejo. O barco era de tamanho 
mediano com dois compartimentos em um dos lugares havia redes 
para os turistas descansarem enquanto o barco singrava as belas 
águas do rio Amazônia, águas profundas, turvas. 
Em uma pequena curva do rio, os três amigos acham que é o melhor 
local para permanecerem algum tempo e armarem suas barracas. O 
barco pára enquanto os três descem e começam seu passeio, árvores 
são fotografadas, pássaros de diferentes espécies, dão um verdadeiro 
show com seus cantos, doce cheiro de flores, é como um alucinógeno 
às narinas dos jovens hortolandenses. 
Armam as barracas e curtem os bons momentos enquanto o 
barqueiro fica na beira do rio à esperar o chamado para prosseguir e 
guia-los à selva mais densa. Carla e Bernardo não puderam nem se 
tocar, um pouco de medo os dominava nesse ambiente exótico e 
hostil as visitas indesejáveis, rugido de feras ecoavam na noite, 
cantos de pássaros noctívagos davam um ar tétrico. Barulhos de 
chocalho indicavam que havia algumas cobras venenosas nesse 
lugar. Atiçaram a fogueira e conseguiram passar suas primeiras 
noites. 
Amanhece, e ao som dos pássaros matinais, chamam o guia e se 
embrenham pela selva adentro, o guia vai à frente com seu facão 
cortando os obstáculos que dificultam a passagem. Um grito de 
dor:- Ai... Sangue mancha a camisa do Zé do Brejo, sobre seu 
pescoço um forte jato de sangue corre violentamente enquanto ele 
cai. 
Os três desesperados não sabem o que aconteceu e correm 
desnorteados pela mata adentro, Carla tropeça em um cipó e cai. 
Sobre ela um ser estranho agarra suas costas e sua boca é fechada 
por uma mão toda manchada de barro, Carla vê que Bernardo e 
Alberto estão vindo próximo dela, as mão dos jovens estão 
10
amarradas e atrás deles um grupo de índios da raça dos 
Amambiquaras. 
Os Amambiquaras é uma raça de índios quase extinta na região 
norte do Brasil, os pesquisadores dizem que deveriam haver poucos 
índios dessa raça. Eram antropófagos, andavam praticamente nus, 
usavam um pequeno enduape que cobriam as regiões glúteas, suas 
extensas cabeleiras eram 
5 
11
presas por penas de aves principalmente de faisão, era um povo 
ignoto para os pesquisadores, mas exerciam extrema violência 
para com os intrusos. 
Nossos amigos foram levados até a taba na presença do cacique, 
seus gritos de guerra e seus falares eram totalmente 
incompreendidos por Carla, Bernardo e Alberto. 
O cacique era um velho de feição austera, tinha um pouco de 
conhecimento das línguas dos brancos e disse numa mistura de sua 
língua e a nossa: - O que os brancos querem aqui?- Carla foi a 
primeira a falar tremendo de medo: 
- Não queremos nada, apenas ir embora. 
Sem ser atendida, todos foram amarrados com cipó embira em um 
tronco de árvore que estava defronte da taba. Começaram as danças, 
em sua volta via passar alguns índios a dançar ao som de uns 
batuques de tambores. Havia algumas meninas índias, com seus 
seios à mostra, pequenas tangas cobriam seus sexos, os índios quase 
nus gritavam uma cantiga estranha, causando terror aos olhos dos 
hortolandenses. 
Mais ou menos duas horas durou a dança, quando apareceram 
algumas índias, tiraram totalmente as roupas de Carla, Bernardo 
e do Alberto, usaram urucum, pintaram seus corpos, com uma 
ferramenta rústica, cortaram os seus cabelos. 
Alguns índios trouxeram folhas de coqueiros e alguns gravetos e 
cercaram os jovens! Terror estava estampado aos seus olhos, 
sabiam que seriam devorados vivos após serem totalmente 
queimados. 
Nessa hora, Carla lembrou das aulas de literatura que tivera com 
seu professor Ferreira, principalmente o texto que havia lido sobre 
o índio tupi sendo prisioneiro das tribos dos Aimorés! Agora 
vivenciava essa história real sendo a própria personagem. 
Carla não havia perdido o senso de data, teve uma lembrança de 
seu livro, lembrou que nesse dia haveria um eclipse solar, visto 
totalmente na região norte, acreditava que seria em torno de 
12h45min, lembrando que havia a diferença de fuso horário. 
Quando tudo parecia perdido, Carla ficou histérica e começou a 
gritar, causando horror aos jovens prisioneiros. Gritava, enrolava a 
língua e olhava para o sol, os índios não compreendiam nada. De 
12
repente uma pequena mancha no Sol apareceu, a mancha crescia 
mais e mais até que começou a escurecer em pleno meio dia. Índios 
gritavam, olhavam para o Sol, alguns caiam com as mãos ao sol, 
logo toda a aldeia estava em prantos. 
6 
13
O cacique supondo que os prisioneiros eram bruxos mandou 
que os soltassem e disse: 
- Fujam daqui vocês são protegidos pelo deus Sol. 
Carla, Bernardo e Alberto receberam suas roupas e suas sacolas. 
Vestiram-se e ganharam algumas oferendas e um prato de uma 
comida que não sabiam o que eram, devido a fome, comeram 
avidamente, comeram algumas frutas. 
Ao saírem da aldeia, Alberto lembrou que tinha um litro de álcool, 
alguns índios os escoltaram guiando pela selva. Ao passarem por um 
pequeno riacho Alberto despejou o álcool no leito do riacho e riscou 
fósforo, houve uma combustão e a água pegou fogo. Os índios 
desesperados voltaram em fuga gritando para suas aldeias. 
Rindo e chorando os três perguntam a Carla se ela sabia do 
eclipse:- Acho que fomos salvos pelas leituras e nossos 
conhecimentos adquiridos na escola. É verdade sua bruxa, disse 
rindo o Alberto. Acho que eu também sou um bruxo. 
Andando, chorando de alegria, tropeçando nos cipós, conseguem 
chegar até o rio de onde avistam algumas aves voando em círculo, 
olhando com mais atenção descobrem o corpo do barqueiro em 
estado de decomposição, pois havia sido devorado pelas aves. 
Avistam o barco e não foi difícil por em funcionamento, motores são 
ligados, e sobem o rio e após três horas de viagem chegam a um 
ancoradouro em Manaus. Dirigem-se ao hotel e caem exaustos no 
chão do quarto. 
Amanhece o dia e verificam que suas passagens ainda eram 
validadas, na hora marcada vão até o aeroporto e tomam o avião 
rumo à Campinas. 
Seus nomes ficarão para sempre na história, pois aprenderam que 
muitas vezes a astúcia é melhor do que a força. 
Brasil um lugar belo, porém todo passeio deve ser antes de 
tudo bem planejado para não sofrer consequências 
desastrosas. 
14
Capítulo 3. 
15 
Coração de sertanejo 
O forte cheiro de capim gordura, o frufru das revoadas vespertinas 
dos pássaros em busca de um lugar para repouso, o último brilho do 
sol, invade este ambiente bucólico com as tribos rubras da tarde. 
Bem distante visível apenas uma silhueta, está um caboclo dando as 
suas últimas enxadadas limpando as ervas dadinhas da plantação de 
arroz, ergue as mãos e retira o chapéu, dando um gostosa coçada na 
cabeça, olha para os raios do Sol que já se foram. Apanha no bolso 
roto de sua camisa um restinho de cigarro de palha, tira do bolso sua 
“binga” e acende o cigarro de palha tirando uma baforada, 
espantando os mosquitos borrachudos que teimavam rodear sua 
vasta cabeleira. 
Nesta serra conhecida como “Serra do rola moça” vive este 
sertanejo, dedicando todos os dias no trabalho da terra para retirar 
seu sustento. Vivem com ele seus pais. Sua mãe todos os dias 
prepara sua marmitinha de alimentos. Seu pai devido a idade 
permanece em casa. 
Ao vê-lo chegar próximo de casa com sua enxada nos ombros sua 
mamãe corre ao encontro dando-lhe um maravilhoso beijo em suas 
faces poentas e disse: 
-José, tudo bem? Como foi seu dia? Não teve nenhum problema com 
cobras? – Era assim com essas perguntas e outras que dona Maria 
Terra conversava com seu filho querido. O pai um pouco mais 
macambúzio, devido suas doenças apenas dizia um “Deus te 
abençoes filho”. Eram felizes apesar da distância e dos barulhos das 
cidades grandes. Uns dois quilômetros dali vivia num sítio vizinho, 
sua namoradinha que era o motivo de sua vida, a Tereza. Moça linda 
com sua tez bronzeada devido os raios do Sol, cabelos negros 
comprido escorriam pelos ombros. 
José amava profundamente Tereza e sempre tinha seus sonhos 
em ter uma boa colheita e tirar sua amada deste antro de 
abandono. 
Cada vez que seu rádio de ondas curtas anunciava a “voz do Brasil” 
às dezenove horas, com a famosa música do guarani, José colado os 
ouvidos no rádio ouvia embevecido as notícias de Brasília e as 
principais cidades como Rio e de São Paulo. José tinha um sonho: - 
Ainda vou morar no Sul, ganhar muito dinheiro e voltar para casar
com Tereza. Partia o coração de sua velha mamãe, filho único ele era 
o arrimo da casa. Porém como diziam os antigos: - Criamos filhos e 
eles criam asas e desaparecem de nossos olhos. Nos programas 
sertanejos da rádio nacional José ouvia muitas músicas sobre 
pessoas que foram para o sul em busca de uma vida melhor. 
8 
16
Numa fazendinha poucos quilômetros dali, havia muitos bailinhos 
com sanfoneiros da região, muitas vezes bois eram abatidos, e 
churrasquinhos eram servidos aos vizinhos. José e sua amada iam 
sempre e dançavam felizes da vida, beijos eram trocados, promessas 
eram feitas, juras de amor não faltavam para estes jovens. 
-- Tereza, você me ama? Dizia apaixonadamente com seu rosto 
colado ao da Tereza, seu calor a incendiava, com seu rosto colado 
ao dele dizia: 
-Claro José! Meu sonho e é ser sua esposa e juntos cuidarmos de 
seus pais, e manter nossa rocinha, criar galinhas, porcos, vacas, te 
farei muito feliz. 
José vivia nesse conflito, entre o amor e a busca de seu sonho no 
sul. 
Aproxima o final de ano e José toma uma decisão: Vou viajar 
para o Sul em busca de uma vida melhor e voltar para buscar 
Tereza. Avisa sua namorada, que partiria no próximo Domingo, e 
umas nuvens escuras pairam sobre seus velhos pais que choram 
amargamente já prevendo perder seu filho para a cidade grande. 
No Domingo, numa tarde ensolarada, ao seu lado estão suas poucas 
roupas dentro de uma mala de couro. Tereza estava ao seu lado 
chorosa, com suas faces coradas. Ele feliz, impassível, mas feliz 
porque ia em busca de seu sonho. Num beijo apaixonado despede de 
seu amor e embarca no ônibus que o levaria ao sul de onde ele dizia 
que voltaria logo para casar com seu amor. Nos céus um bando de 
patos passam em grande alvoroço, um bem te vi solta um canto, um 
casal de João de Barros traz seus cantos. José dentro do ônibus dava 
um adeus a sua amada. 
Num forte barulho de motor traz a realidade o José, estava 
deixando a Tereza, que sonhava que seria sua. O ônibus sai, e em 
cada parada, um forte suspiro saia da boca de José, a saudade já 
começava a apertar. Como machuca a saudade, se estamos juntos 
com a pessoa amada, às vezes poucas coisas é motivo para brigas, 
mas se estamos nos separando, queremos com urgência voltar ao 
lado da pessoa querida. O homem não foi feito para ficar só, precisa 
de alguém para sentir seguro, parece uma criancinha que sente falta 
de sua mamãe querida, de sua caminha, das cantigas de ninar. 
Mesmo já adulto encontramos no amor a figura da mulher que traz 
17
um conforto além de seus beijos e afagos. 
Em uma curvinha, lança o olhar perdido em direção à sua 
cidadezinha que fica para traz, sua amada também passou a ser 
apenas uma vago pensamento. Após três dias de longa viagem, 
sente um cheiro estranho, do rio mais poluído da cidade de São 
Paulo, sente uma friozinho da grande 
9 
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cidade, edifícios tomam sua visão, já estava chegando no “Sul” 
como sempre dizia! 
Desce no terminal Tietê, meio tonto ainda da viagem, tudo era 
estranho, cheiro, edifícios que suntuosamente estava em seu 
caminho, agitação dos ambulantes a anunciar seus produtos, cheiro 
forte de carne assada dos churrasquinhos, forte cheiro de urina dos 
mendigos que infestam as pracinhas. José não se preocupa com 
isso e com seu olhar devora a cidade sem perder nenhum detalhe. 
Procura algum amigo para dar algumas informações. Que amigo? 
Todos eram estranhos! Bem diferente de seu velho sertão onde 
todos eram queridos e tratados com dignidade, todos tinhas seus 
nomes, todos eram conhecidos. 
Um terror toma conta dele, não conhece ninguém, não tem amigos, 
é mais um que foi lançado nos antros desta velha metrópole, mais 
um que se não lutar irá moram debaixo dos viadutos, mais um que 
irá infectar as praças com cheiro forte de urina e fezes. José para e 
pensa: 
- Aqui tem um filho do sertão! Sou bravo sou forte, sou filho do 
norte! 
Avista um “ser humano” de cócoras na calçada e em seu jeito 
simples pede um favor: 
- Moço me ajuda, preciso de um emprego. O moço olha com um 
olhar de desprezo e aponta para uma placas de uma construtora que 
pedia servente de pedreiro. Pela primeira vez na vida, sente ser um 
ninguém, uma escória da sociedade. Pessoas da cidade não 
conhecem nem um pé de arroz, não dão valor ao homem do sertão 
que com suas mãos calejadas, puxando o cabo do guatambu limpam 
os arrozais, colhem e mandam para as grandes cidades para matar a 
fome das pessoas. Frutas que encontramos por aqui com fartura, no 
Ceasa, muitas são desperdiçadas jogadas fora, na roça elas são 
tratadas com carinhos. Pessoas da cidade dão pouco valor às frutas 
e todos os alimentos. 
Ao pedir um emprego encontra seus primeiros problemas, precisa 
tirar a 
“carteira de trabalho” e tirar a chapa dos pulmões. Com sua barriga 
a roncar parte em busca dos documentos. Seu local de dormir era 
junto com várias pessoas como ele. Cada um precisava lutar por si 
só. Esta força de vontade José tinha! Ah se tinha! Era bravo era 
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forte era filho do norte este grande sertanejo. 
A vida no canteiro de obra não era fácil! Aliás, onde que a vida é fácil? 
Conseguiu emprego de servente de pedreiro, uma salário bem irrisório, mas já 
era um começo. Dormia em colchonetes junto com mais pessoas como ele, ao 
lado do canteiro podia-se ouvir da vida da cidade e uma cantiga de crianças 
vinha ao seus ouvidos. : “ Ciranda cirandinha vamos todos 
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20
cirandar..” havia várias famílias que moravam perto da obra e as 
crianças ao lado do tapume cantavam suas músicas.” Sete, sete 
são quatorze três vezes sete vinte e um..” 
Trabalha todos os dias inclusive feriados, não tem tempo para 
passear, chega ao dormitório tarde e sem forças para sair e passear. 
Descobre um curso por correspondência conhecido por “Madureza” 
Escreve, faz sua matrícula e começa o curso ginasial, sempre 
desejoso de prosseguir os estudos e ganhar uma nova profissão! 
“Escravos de Jó jogavam, cachangá, tira põe...” As cantigas vinham 
até a noitinha. Crianças que em brinquedo de roda passavam estes 
momentos infantis felizes. 
Ao término do curso de madureza, é orientado pelos seus chefes 
que havia universidade que davam a tal da bolsa de estudos. Estuda 
com afinco e se prepara para o vestibular, desejava cursar 
engenharia. Manda suas cartinhas para a Tereza dando as boas 
novas. As respostas de sua amada começam a ser escassas. 
A vida começa a melhorar, consegue o tão sonhado curso de engenharia, 
forma-se e abandona seu emprego e consegue alguns trabalhadores e se 
torna empreiteiro construindo casas e fazendo reformas. 
É feliz, ganha muito dinheiro, mas um vazio ainda permanece em 
si, sente saudades da pessoa amada da sua Tereza. Manda várias 
cartas e sem resposta. Resolve viajar de volta ao seu lar no sertão. 
Prepara de surpresa sua viagem. Antes de chegar à rodoviária, 
passa perto de um grupo de crianças, e tinha certeza que elas 
cantavam uma música que falava de uma tal de Terezinha. Não 
entendeu muito bem a melodia e a letra. 
Ao findar sua longa viagem, chegando próximo da casa de sua 
amada, avista de longe e tem uma triste surpresa: 
21 
“Tereza é de Jesus” 
Somente agora recorda as cantigas das crianças quando chegava 
próximo da rodoviária. “Terezinha de Jesus, deu uma queda foi ao 
chão, acudiram três cavaleiros, todos os três chapéus nas mãos..” A 
cantiga trouxe uma triste verdade ao coração do José o Sertanejo. 
Agradecimentos: 
Agradeço ao Professor Ananias de Albuquerque, pelo seu poema: 
"O Sertanejo", através dele pude fazer este conto com algumas
adaptações, sem, contudo deixar de seguir sua originalidade. 
22
Capítulo 4. 
Dá um chazinho para ele que resolve 
Como é mesmo o nome daquele chazinho que a gente toma para ficar calminho, 
calminho? 
-Chá de calmomila. Peraí, não seria camomila? 
- Dá na mesma! 
O chá é fantástico! Feito à base de flores que tem o poder de deixar o sujeito 
anestesiado de todas as mazelas que perturbam seu ser. Raiva porque não pode 
pagar sua fatura do cartão de crédito, Raiva porque foi terrivelmente ofendido em 
sua moral, raiva por ter sido humilhado diante de todos, raiva porque seu 
pagamento veio a menos e deixou uma boa parte no banco do Brasil e toda sorte 
de motivos para deixar com ojeriza de tudo e de todos. 
Às vezes estamos suportando uma dor e não temos humor para responder bem 
para as pessoas e somos um pouco grosseiro. 
Lá vem a receitinha milagrosa: - Toma um chazinho de camomila! 
Sexta – feira estava cruzando um corredor da escola e tive que passar diante de 
várias crianças que vinham como sempre agitadas do intervalo, parece que tomam 
alguma substância energética e voltam à mil, passei por eles e na minha frente 
meus colegas de docência não gostamos nada nada da gritaria infernal . 
Ouvimos uma piadinha de um “pestinha”: 
-Toma chá de calmomila professora! 
_ Quase infartei! 
23
Capítulo 5. 
Impossível impedir o motorista de falar contigo 
Logo pela manhã, tomei um coletivo em direção à uma escola na região da mooca. 
Sentei-me nos primeiros bancos e passo a observar a rotina diária dos passageiros, 
cobrador e motorista. 
Sonolento, desejoso de tirar uma cochiladinha para reaproveitar o tempo ocioso e 
recuperar um pouco do sono que ainda teimava em fechar meus olhos num halo 
de paz e tranquilidade. A motorista do coletivo, toda feliz atrás da direção do 
grande veículo, conversava com todos que adentravam ao ônibus, reclamava dos 
passageiros que eram “folgados” pois queriam que houvesse mais paciência, entre 
um crítica e outra, olhava para mim, gesticulando muito e deixando muitas vezes 
de prestar atenção à frente. 
Nos tempo idos! (Lá pelos anos 70) havia nos coletivos alguns avisos como: Não 
fume! Proibido aparelhos sonoros, Não fale com o motorista e outros recados. Me 
lembrei de uma piada sobre essa frase A frase: não fale com o motorista 
Vaticano : É pecado falar com o motorista 
Israel : O que você ganha falando com o motorista ? 
Itália : Se você falar com o motorista, com que mãos ele vai dirigir ? 
Alemanha : Não fale com o motorista, nem no ônibus, nem na casa dele, em 
nenhum lugar 
Antiga URSS: Cuidado com o que fala ao motorista 
USA: Cale a boca 
Japão: Falar com motorista, só com hora marcada 
Brasil: Não deixe o motorista falar com você 
24 
Muito engraçado!
Capítulo 6. 
25 
Seu Marcos a lenda 
Alguns o odeiam, outros ignoram, e ainda outros colocam vários 
alcunhas como: O patrono do Astrogildo, A lenda, Smeágol, Seu 
Madruga, algumas boas línguas acham que nossa colega de Artes 
deveria fazer um quadro dele e colocar ao lado do patrono! 
Difícil imaginar a escola sem a presença de nosso ilustre colega na 
portaria e nos corredores sempre arguindo com os pupilos em uma 
troca de aula e outra. Já tive informações que em sua casa ele tem 
o “Chico doce” que é um facão para enfrentar seus desafetos. 
Mesmo assim a maioria de nós professores, funcionários e alunos 
gostamos demais dele por sua simpatia, bom humor (às vezes) e 
sua atenção quando solicitamos algum tipo de material, pode dizer 
que não, mas logo ele vem em nosso socorro. 
“Seu Marcos” como é conhecido, sobrenome, não sabemos, família 
menos ainda, mas o que vale é sua presença conosco nos dias 
letivos. Não dá para imaginar nossa escola sem ele pelos 
corredores, portarias e secretarias. 
Parabéns “Seus Marcos” o Senhor integra essa grande empresa do 
“SABER” que é a escola, somos partes dessa engrenagem, na sala de 
aula, secretaria, diretoria, corredores etc. cada um parte 
hiperimportante. Escola é assim, se cada um fizer apenas sua parte, 
sucesso virá com seus frutos. A Lide é dura, muitos de nós 
professores estamos em linha de frente que é sala de aula, lutando 
contra a desmotivação, mas um ou outro tem nos trazido os louros 
desta peleja, como por exemplo algumas do 8º ano A e outros que 
nosso queridos docentes poderiam nomear nessa crônica 
assertivamente. 
Seu Marcos, o senhor merece nossa homenagem, juntamente com 
nosso patrono Professor Astrogildo. Ele já passou por aqui, cumpriu 
sua missão e o senhor já nos ajudou muito com sua presteza, 
gentileza, e ainda tem muito a compartilhar conosco. 
Quiçá, cada um de nós possamos deixar nossas evidências no labor 
do dia a dia nessa escola!
Capítulo 7. 
26 
Bem ou mal só o tempo dirá 
Tarde de Domingo, enquanto aguardava o jogo do Brasil e Equador, 
procurei em casa algo que me fizesse ocupar o tempo, (quão triste é 
o ócio, viver sozinho, não ter ninguém para conversar, reclamar da 
vida e simplesmente jogar conversa fora) 
Encontrei meus livros literários que eu ganhei do Sergio nosso 
bibliotecário da escola, todos os alunos ganharam da secretaria da 
educação vários exemplares maravilhosos de livros literários, não sei 
se nossos alunos estão lendo, mas eu confesso, em todos os meus 
momentos de ócio, estou devorando as páginas de nossos escritores 
brasileiros. 
Hoje estava lendo, as crônicas de Rubem Alves, fiquei encantado 
quando li um relato, e eu refleti muito, parece que o autor estava ao 
meu lado dando conselhos. 
Veja o que eu li: 
Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para seus 
filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com exceção do 
mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. 
Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a 
injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: “ 
Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. 
No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as 
terras dos seus irmãos foram devastadas: Mas o charco do irmão 
mais novo se transformou em um oásis fértil e belo. Ele ficou rico e 
comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus 
amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa tinha 
acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: “ Se é bom ou se é 
mal, só o futuro dirá”. 
No dia seguinte seu cavalo de raça fugiu e foi grande tristeza. Seus 
amigos vieram e lamentaram o acontecido. Mas o que o homem lhes 
disse foi: “ Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. 
Passado sete dias o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos 
cavalos selvagens. Vieram os amigos celebrar essa nova riqueza, 
mas o que ouviram foram as palavras de sempre: “ Se é bom ou se
27 
é mal, só o futuro dirá”. 
No dia seguinte seu filho sem juízo montou um cavalo selvagem. O 
cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou uma perna. 
Voltaram os amigos para lamentar as desgraças: “Se é bom ou se é 
mal, só o futuro dirá”, o pai o repetiu. Passado poucos dias, vieram 
os soldados o rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços 
tiveram de partir, menos o seu filho de perna quebrada, os amigos se 
alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: “Se 
é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. 
Assim termina a história, sem fim e com reticências (...) Ela 
poderá ser continuada, indefinidamente. 
Somos personagens dessa história também, aquilo de bom ou 
ruim que acontece conosco, devemos ser sábios para aceitar com 
resignação. 
Lembre-se: “Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”.
Capítulo 8. 
Os pássaros que sobrevoam nossas selvas edênicas 
Há milhares de espécies de pássaros que são catalogados pelos nossos 
ornitólogos, todos são belos em sua natureza! Quero destacar apenas dois para 
dar início a essa crônica. Objetivo? Bem algumas linhas abaixo deixarei o leitor 
ciente do que se trata. 
Os falconiformes ou comumente conhecidas como o nome vulgar de “Abutres” Os 
mesmos têm hábitos necrófagos, tem sido os lixeiros do mundo pois fazem limpeza 
retirando dos campos animais mortos, e seus cheiros terríveis. Segundo a ciência, 
esses pássaros em cativeiros chegam a viver até 30 anos. 
Outros pássaros bem diferente são os colibris, os nossos beija-flores, com nomes 
até então desconhecidos como: cuitelo, chupa-flor, pica-flor,chupa-mel, binga, 
guanambi. Existem mais de 300 espécies. Com seus bicos alongados sua 
alimentação é a base de néctar. 
“Pois é” como dizem nossos amigos do interior de São Paulo, Os abutres 
sobrevoam nossas matas com belas flores, cheiros exuberantes, uma vista 
maravilhosa, águas cristalinas, não percebem as belezas, pois está focado em 
encontrar apenas sua refeição “animais mortos” “carniça” Seu foco é apenas isso, 
não quer beleza, pois a beleza não importa, o que para nós é agradável para 
eles, desagradável. 
Beija-flores são diferentes! Sobrevoam as matas e não se importa com as feiuras 
pois está focado nas flores para retirar os néctares. 
Mesmo usufruindo do seu alimento, nos deixam sua beleza, com seus voos lindos. 
Deveríamos ser com os beija-flores, não focar nossa atenção na feiura e sim no 
que é belo, após sermos nutridos deixar nossa beleza, nossa gratidão, isso é muito 
importante 
Sei que abutres cumprem seus papeis na natureza, mas essa comparação serve 
apenas de exemplo. 
Tenho visto meu blog, muitos internautas acessam para suas pesquisas e 
conhecimentos, poucos deixam uma mensagem de gratidão ou mesmo apenas 
seu nome. 
Para quem agradece, pode parecer simples, mas para mim é de grande valor. 
Sejamos todos como beija-flores deixando nossa beleza onde “voarmos” 
28
Capítulo 9. 
Impossível não viver do passado! 
Muitos estufam o peito e dizem: - Quem gosta de passado é museu! Os mais 
poéticos citam frases que tem um forte impacto nas pessoas “ Ontem é 
passado, hoje é presente e é por isso que tem esse nome presente” É 
gratificante mesmo nos cinquentas e alguns anos trazer à baila os momentos 
que marcaram profundamente minha profícua existência, quero e desejo mais 
anos de vida porém nosso criador sabe melhor de nós! As boas lembranças são 
como combustível para inflamar o ego e deixar a mente viajar um pouco. 
Na pequenina cidade de Indiaporã Estado de São Paulo, décadas de 60 e 70, 
pobre de marre de si, mas havia uma alegria em viver, No pátio escolar as 
deliciosas sopas de trigo, bolachas e leite com chocolate preparados pelas 
merendeiras, hinos escolares cantados pelos coleguinhas” De manhã já bem 
cedinho pego o lápis vou escrever...” broncas dos diretores, as professoras severas, 
reguadas na cabeça, final das aulas era aquela correria para jogar “biroca” jogo de 
mata-mata e banca era os melhores. Cada época tínhamos um brinquedo diferente. 
Papagaio, pião, arquinho, pega-pega. Nas tardes finais de semanas íamos aos 
“córregos” refrescar quando a fome apertava o estômago passávamos nos pastos 
e recolhíamos cocos que os animais regurgitavam e quebrávamos nas pedras e 
saciávamos a fome. Em todas as épocas tínhamos frutas: Angá, gabiroba, mangas, 
jenipapos etc. 
A cidade nessa época era poeirenta, caminhões pipas molhavam as ruas e nós os 
moleque corríamos atrás cheirando o forte cheiro de terra molhada e 
aproveitávamos para refrescar. 
Hoje ao lembrar como conseguíamos mistura sinto um aperto no coração! Íamos 
aos córregos e amassávamos saibro um barro branco, fazíamos bolinhas e colocava 
para secar. Quando secas caçávamos passarinhos nos matos. Inhambus e 
codornas eram os preferidos, também armávamos arapucas para prender os 
pássaros maiores como pombos do mato. Eram carnes deliciosas. 
A velha caixa de engraxar, os pedidos aos fregueses: - Quer engraxar? Os trocados 
recebidos, os picolés de abacaxi, limão, creme, e os maços de cigarros que muitos 
males já me trouxeram. Já aos oito anos ia as roças de algodão, debaixo de um sol 
escaldante e sofria com os mosquitos que chupavam o sangue sem parar. 
Como não viver de passado se os capítulos da história registram momentos 
magníficos? As privações não macularam o viver feliz, foram partes de 
aprendizagem, nosso velho e bom mestre o tempo muito nos ensina, erros 
cometidos no passado, hoje são cobrados com juros e dividendos. Não podemos 
voltar ao passado, porém podemos fazer dele um aliado para nutrir nossas mentes 
de boas lembranças. 
29
“Viva” Machado de Assis com suas citações: - Os adjetivos passam, os 
substantivos ficam! 
Capítulo 10 
30 
Um bêbado no coletivo 
Tarde de Sábado do dia 19 de janeiro de 2001, como muitos brasileiros, saio do 
trabalho apressado com a sacola a pender sobre os meus ombros e dirijo-me ao 
ponto de ônibus para aguardar o transporte que me conduzirá ao "lar doce lar". 
Na viagem de ônibus, fico a observar o motorista, o cobrador e demais passageiros, 
cada um absorto em seus pensamentos. Também me acho concentrado e 
monologando, a respeito das pressões externas que de tão perto me sufocam. 
De repente muda a atenção de todos para um bêbado que entra no coletivo, 
falando alto e xingando uma pessoa que ele havia encontrado alguns minutos 
atrás, ele paga sua passagem com uma nota de um real e algumas moedas, 
continua a praguejar sem parar!. Passageiros se mexem em seus assentos, 
outro passageiro toma as dores e parte para cima do "bêbado" e começa a 
xingá-lo também, agora são dois, e mais vozes, tumulto no coletivo, alguém 
esbraveja:-- Motorista, quando ver uma viatura, pare-a para que este sujeito 
desça!. Outros passageiros se revoltam contra o bêbado e contra o agressor do 
bêbado. – Jogue os dois do coletivo gritou alguém! 
Enfim, desce o bêbado e alguns pontos depois o agressor, a calma volta a reinar 
no coletivo. 
Começo a refletir: " será que também não somos como este bêbado?" o que nos 
diferencia desta pessoa é que ele ingeriu bebidas e nós podemos estar sóbrios, nós 
não externamos o que está no íntimo por causa da vergonha e o caráter. No 
alcoolizado é diferente a bebida o torna valente e "sem vergonha". 
Há uma “poderosa força que nos inibe a agirmos como o bêbado é o autocontrole” 
Também queremos externar nossa raiva, mas engolimos "à seco", mas o mal cria raízes 
no nosso âmago, raiva dos políticos, baixos salários que foram retidos pelos patrões, 
familiares ou alguém que feriu nosso ego. Nosso hálito não fede como o do bêbado, 
mas muitas vezes as mazelas que estão no nosso íntimo exala algum odor
fétido!. 
Estamos no coletivo da vida, e os que estão em contatos conosco, muitas vezes descem em 
pontos que nunca mais os veremos, outro ficam conosco mais alguns instantes no coletivo da 
vida, às vezes quem nós pensávamos que iria até o fim nesta viagem, desembarcam e nos 
deixam só!. 
Onde estará o bêbado do coletivo? Meu companheiro de viagem que tanto transtorno trouxe 
aos passageiros. Talvez nunca mais o veja, mas deixou uma lição que me fez reconsiderar 
muito. 
Será que às vezes não estou a incomodar os passageiros neste coletivo da vida?. Amanhã ele 
será apenas um "ex-bêbado" e os meus atos que perturbam meus semelhantes poderão 
causar sérios danos! 
E a viagem continua... 
São Paulo Setembro de 2014
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Contos e crônicas do cotidiano

  • 1.
  • 2. [ 2 ] Índice Os bóias frias 1 ........................................................................................................................................................... 7 Os bruxos em plena selva amazônica 2 ...................................................................................................... 11 Coração de sertanejo 3 ......................................................................................................................................... 21
  • 3. “Quem julga que sabe tudo, priva-se de um dos maiores prazeres da vida que é aprender” 3
  • 4. Dedico com esmero carinho aos meus alunos e todos aqueles que sempre acreditou em meu trabalho e está ao meu lado sempre me motivando. 4
  • 5. Capítulo 1. 5 Os heróis dos campos A cidade de Indiaporã , bem pequenina, fundada na região centro oeste do grande Estado de São Paulo, fica distante de São Paulo 650 quilômetros. Em Maio, a pequenina cidade era agitada por grandes movimentos de boias frias. Os boias frias eram pessoas acostumadas à árdua vida, de acordar de madrugada quando os galos saudavam o novo dia, os fogões a lenha são acesos pelas heroínas dos lares, isto era após de muito choro por causa da fumaça que toldavam as pequeninas casinhas de barro. O forte cheiro de gordura de suínos a aquecer os dentes de alhos, atraiam os gatos e cachorros, que se assentavam próximo ao fogão a olhar suas donas. Ao término do “almoço” que era feito nas madrugadas, o alimento era colocado nos caldeirões que juntamente com os talheres são embalados nos embornais de pano. Pronto está pronto o “moleque”, apelido que os boias frias davam ao almoço que serão levado às roças.! O tempo neste mês de Maio é frio e as mãos enrijecem, o orvalho tinge de branco as ervas e as plantas dos quintais das casas, a tina com água, acumula-se pequenos flocos de gelo na superfície das águas, as flores exalam seu adocicado olor enchendo-o o ar desta fragrância. Mamãe, com meus irmãos, Arcênio, Ataydes e eu já com nossos chapéus mexicanos de abas largas, caminham para a praça da matriz à aguardar o “pau de arara” nome que é dado ao caminhão, com uma tora de madeira de um extremo ao outro na carroceria que serve de sustento aos bóias frias. Mamãe com meus irmão se ajuntam à outras pessoas e picando fumo de corda que é enrolado em palha de milho, enchem o lugar com o forte cheiro, ficam a conversar enquanto aguardam a chegada do motorista José Pinheiro. Enfim chega o motorista com o seu caminhão soltando um grande tufo de fumaça de óleo diesel queimado. Todos sobem pelos pneus e se acomodam na carroceira e ficam segurando os grande chapéus, algumas mulheres, queridinhas do motorista, vão na boleia do caminhão, e assim começa a viagem até a lavoura de algodão, cujo local era do outro lado do rio grande. O rio grande, como o próprio nome diz é grande mesmo e divido os dois Estados, Minas e São Paulo. A fazenda da qual íamos trabalhar ficava próximo a esse rio. Na viagem, o olor de capim gordura, misturado a poeira empreguinam as roupas, cortante vento faz tremer os boias frias, e a única alternativa é se proteger abaixando a cabeça até o fim da viagem. Muitos acidentes aconteciam nesta época, devido a imprudência dos motorista, pois em alta velocidade, nestas estradas esburacadas, muitos caminhões tombavam nas curvas, ceifando muitas vidas destes humildes trabalhadores. Há uma curva na estrada que recebeu um cômico
  • 6. nome de “curva da morte” porque lá muitos boias frias perderam a vida. Até nos dias de hoje as pessoas passam neste fatídico local e tiram os seus chapéus e fazem o sinal da cruz em reverencia às pessoas que perderam a vida. As seis horas da manhã, o nosso caminhão chega no grande rio, e aguarda a chegada da balsa que fará a travessia para a outra margem, no Estado de Minhas Gerais, o caminhão sobe na plataforma da balsa e nós os boias frias ficamos dentro da balsa contemplar as águas a correr, pois o tempo de travessia era de vinte minutos. O tempo ainda está frio e os fortes ventos obrigam alguns dos bóias frias a buscarem refugio na frente do caminhão ao calor do motor já desligado. Pela correnteza do rio, observa-se madeiras, folhas e alguns peixinhos como lambaris nas águas turvas a correr. Faltando uns duzentos metros para a balsa chegar nas margens do grande rio, por imprudência o motorista José Pinheiro entra no caminhão e dá partida, esquecendo que o caminhão estava engrenado, acontece o imprevisto, o veículo dá um arrancada para frente e retorna, e com o impacto projeta para as águas gélidas quatro bóias frias. desespero total das histéricas mães, que pulam na embarcação aos gritos de “salvem meu filho por amor de Deus”, eles com suas pesadas botinas, embornais pendurados, grossas roupas de frio são levados pelas fortes correntezas, junto com eles vão também pãezinhos levados com a correnteza. Alguns barqueiros num gesto de civilidade consegue trazer para a balsa alguns náufragos enquanto outros num forte instinto de se salvarem, nadam e retornam à balsa. O dia inicia-se com este fato marcante na vida dos bóias frias, e o motorista quase apanha das mulheres revoltosas. Chegamos à lavoura de algodão e tudo volta a rotina, apesar das murmurações gerais. Mamãe e meus irmãos penduram os embornais nas frondosas árvores e começamos a colher algodão, as nove horas da manhã o sol começa a lançar seus fortes raios na terra bronzeando os bóias frias. Os mosquitos borrachudos atacam sem parar, calor torna-se forte e as quatro horas da tarde vários moleques e entre eles eu também vamos a pé até o rio para aguardar a chegada do caminhão. Aproveitamos estas horas de lazer para se refrescar no rio. Agora sim um nado voluntário e não forçado. Mais uma vez em casa com mamãe e meus irmãos a alegria invade nosso humilde lar. O banho era tomada em uma bacia de alumínio, com sabão de soda, à noitinha as lamparinas à querosene eram acesas e íamos ao quintal contar alguns “causos.” Os bóias frias são realmente uns heróis dos campos, pois mesmo enfrentando esta árdua vida, nas colheitas de algodão são felizes e ainda sobra tempo a noitinha para irem à praça da matriz para conversarem e gargalhar dos seus problemas e desgraças dos outros. Sim são felizes porque estão ajudando a construir este próspero país. 6
  • 7. Capítulo 2. Bruxos em plena selva amazônica Hortolândia, uma maravilhosa cidade da região metropolitana de Campinas, clima seco, ar puro e isento das muitas poluições que afetam cidades grandes, Amanda II um bairro tranquilo que abriga quase cinquenta mil habitantes. Três amigos de escola que tinham muitas coisas em comum: Alberto, um jovem ávido pelo conhecimento, cursava o 1º ano do ensino médio, seus óculos (estilo intelectual) destacava dos demais alunos, passava maior parte do tempo na biblioteca pesquisando livros sobre lugares exóticos. Bernardo, cursava o 3º ano do ensino médio, era assinante de uma das melhores revistas de circulação periódica a revista “reader digest” na escola vivia sonhado com passeio pelas regiões pitorescas do Brasil, afinal ele dizia sempre: — Nós brasileiros devemos conhecer primeiro nosso país que é rico em lugares bonitos, prá que se preocupar em conhecer outros lugares se aqui temos tudo de bom e bonito? Na sala de aula adorava as aulas de geografia e se deleitava com as informações passadas pela professora Mary! Nos intervalos, seu amigo preferido era o Alberto, e sempre trocava palavras amigas e discutiam seus sonhos em conhecer outros lugares. Carla colega de classe do Bernardo possuía o dom de fazer novas amizades, dizia que quando terminasse o ensino médio, faria uma faculdade voltada para a área de astronomia, queria ser cientista! A noite sempre olhava para o céu estrelado de Hortolândia, admirava a constelação do cruzeiro do sul! Tarde de uma sexta-feira, Bernardo abre sua caixinha de coleta dos correios, em meio a várias contas para pagar, encontrou uma, vinda de sua revista preferida, dentro, um aviso do diretor da revista informando que ele havia sido sorteado com três passagens de ida e volta, para uma viagem para Manaus! Alegria tomou conta do seu ser, e espalhou as boas novas entre seus amigos, a euforia tomou conta deles, na cantina da escola combinaram que distribuiriam as passagens somente para seus amigos íntimos. Como se aproximavam as férias de dezembro, os jovens se prepararam para a viagem, fizeram suas malas e incluíram nelas: repelentes para mosquitos, varas e apetrechos para pesca, espingarda para caça, lanternas, roupas camufladas, carnes em conserva, bonés e muitas coisas que poderiam ser úteis, como a 7
  • 8. viagem de ida e volta poderia ser longa, encheram suas malas com vários livros e entre eles um almanaque do pensamento que registrava alguns fenômenos e algumas coisas úteis. Dia tão esperado chegou! No aeroporto de Viracopos os três despediram de suas famílias no saguão do aeroporto, e o avião tomou as alturas com os jovens aventureiros. Suas mãos suavam, e tentavam se tranquilizar falando de coisas banais. Carla puxou conversa com o Alberto: — Sabe Alberto, eu li no almanaque que está previsto um eclipse total do sol, e você não imagina que só será visto na região norte! —Duvido! — disse o incrédulo Alberto! —Último eclipse que se tem notícias foi a vinte anos atrás e eu era apenas um menino.- disse o jovem aproximando suas mão da mão da moça,e sentindo seu perfume adocicado da boticário, seu coração batia forte sempre que se aproximava de Carla. — Pois é, teremos um privilégio, que ninguém de Hortolândia terá! — Ver este fenômeno de um único lugar! — Minhas amigas ficarão com muita inveja. Suas mãos se tocaram mais uma vez e aproveitaram para trocar um “selinho” deixando Bernardo de olhos arregalados.- Bernardo também tinha uma forte atração por Carla! Numa manhã ensolarada de sábado, o avião taxia na pista do aeroporto de Manaus e os três amigos descem e se dirigem para um hotel da cidade. Antes de chegar ao hotel foram pegos de surpresas por uma forte chuva, porque o tempo da Amazonas é muito instável! Chegam em um pequeno hotel da grande capital Manaus, pedem dois quartos um para a Carla e outro para os dois amigos. Tomam um delicioso banho e se reúnem na sala de descanso do hotel, enquanto uma forte chuva cai. Conversam até tarde quando todos bocejando vão para seus quartos descansarem. Quase duas da manhã, enquanto Alberto já dormia um pesado sono, Bernardo sai devagarzinho e se dirige ao quarto de Carla, a porta não estava trancada, sobre o fino lençol Carla deixava aparecer suas belas pernas, sua pequena calcinha estava a mostra, Bernardo 8
  • 9. chegou, e deu um pequeno beijo nas rosadas faces dela, se remexeu e fingiu dormir, as mãos de Bernardo tocaram suavemente em suas pernas, e logo se abraçaram arduamente. Ambos sedentos de paixão se entregaram um ao outro até as cinco da manhã quando ele voltou para seu quarto. Alberto ainda dormia exausto em sua cama de solteiro. Amanhece o dia e os três saem do hotel e vão conhecer a grande Manaus, um anúncio publicava um telefone de um guia para viagens à selva, 4 9
  • 10. prometia ser um exímio conhecedor do lugar. Ligam para ele e atende o Zé do Brejo como era chamado: - Alô – disse Carla ao telefone.- Precisamos de seu serviço para um passeio em plena selva, queremos conhecer tudo que for belo e exótico que exista nesse lugar. Concordaram o preço e marcaram para o dia seguinte, o embarque no seu belo barco. Iriam por água porque por terra era bem difícil o transporte. Malas, mochilas e apetrechos de turistas estavam prontos e embarcaram no barco do Zé do Brejo. O barco era de tamanho mediano com dois compartimentos em um dos lugares havia redes para os turistas descansarem enquanto o barco singrava as belas águas do rio Amazônia, águas profundas, turvas. Em uma pequena curva do rio, os três amigos acham que é o melhor local para permanecerem algum tempo e armarem suas barracas. O barco pára enquanto os três descem e começam seu passeio, árvores são fotografadas, pássaros de diferentes espécies, dão um verdadeiro show com seus cantos, doce cheiro de flores, é como um alucinógeno às narinas dos jovens hortolandenses. Armam as barracas e curtem os bons momentos enquanto o barqueiro fica na beira do rio à esperar o chamado para prosseguir e guia-los à selva mais densa. Carla e Bernardo não puderam nem se tocar, um pouco de medo os dominava nesse ambiente exótico e hostil as visitas indesejáveis, rugido de feras ecoavam na noite, cantos de pássaros noctívagos davam um ar tétrico. Barulhos de chocalho indicavam que havia algumas cobras venenosas nesse lugar. Atiçaram a fogueira e conseguiram passar suas primeiras noites. Amanhece, e ao som dos pássaros matinais, chamam o guia e se embrenham pela selva adentro, o guia vai à frente com seu facão cortando os obstáculos que dificultam a passagem. Um grito de dor:- Ai... Sangue mancha a camisa do Zé do Brejo, sobre seu pescoço um forte jato de sangue corre violentamente enquanto ele cai. Os três desesperados não sabem o que aconteceu e correm desnorteados pela mata adentro, Carla tropeça em um cipó e cai. Sobre ela um ser estranho agarra suas costas e sua boca é fechada por uma mão toda manchada de barro, Carla vê que Bernardo e Alberto estão vindo próximo dela, as mão dos jovens estão 10
  • 11. amarradas e atrás deles um grupo de índios da raça dos Amambiquaras. Os Amambiquaras é uma raça de índios quase extinta na região norte do Brasil, os pesquisadores dizem que deveriam haver poucos índios dessa raça. Eram antropófagos, andavam praticamente nus, usavam um pequeno enduape que cobriam as regiões glúteas, suas extensas cabeleiras eram 5 11
  • 12. presas por penas de aves principalmente de faisão, era um povo ignoto para os pesquisadores, mas exerciam extrema violência para com os intrusos. Nossos amigos foram levados até a taba na presença do cacique, seus gritos de guerra e seus falares eram totalmente incompreendidos por Carla, Bernardo e Alberto. O cacique era um velho de feição austera, tinha um pouco de conhecimento das línguas dos brancos e disse numa mistura de sua língua e a nossa: - O que os brancos querem aqui?- Carla foi a primeira a falar tremendo de medo: - Não queremos nada, apenas ir embora. Sem ser atendida, todos foram amarrados com cipó embira em um tronco de árvore que estava defronte da taba. Começaram as danças, em sua volta via passar alguns índios a dançar ao som de uns batuques de tambores. Havia algumas meninas índias, com seus seios à mostra, pequenas tangas cobriam seus sexos, os índios quase nus gritavam uma cantiga estranha, causando terror aos olhos dos hortolandenses. Mais ou menos duas horas durou a dança, quando apareceram algumas índias, tiraram totalmente as roupas de Carla, Bernardo e do Alberto, usaram urucum, pintaram seus corpos, com uma ferramenta rústica, cortaram os seus cabelos. Alguns índios trouxeram folhas de coqueiros e alguns gravetos e cercaram os jovens! Terror estava estampado aos seus olhos, sabiam que seriam devorados vivos após serem totalmente queimados. Nessa hora, Carla lembrou das aulas de literatura que tivera com seu professor Ferreira, principalmente o texto que havia lido sobre o índio tupi sendo prisioneiro das tribos dos Aimorés! Agora vivenciava essa história real sendo a própria personagem. Carla não havia perdido o senso de data, teve uma lembrança de seu livro, lembrou que nesse dia haveria um eclipse solar, visto totalmente na região norte, acreditava que seria em torno de 12h45min, lembrando que havia a diferença de fuso horário. Quando tudo parecia perdido, Carla ficou histérica e começou a gritar, causando horror aos jovens prisioneiros. Gritava, enrolava a língua e olhava para o sol, os índios não compreendiam nada. De 12
  • 13. repente uma pequena mancha no Sol apareceu, a mancha crescia mais e mais até que começou a escurecer em pleno meio dia. Índios gritavam, olhavam para o Sol, alguns caiam com as mãos ao sol, logo toda a aldeia estava em prantos. 6 13
  • 14. O cacique supondo que os prisioneiros eram bruxos mandou que os soltassem e disse: - Fujam daqui vocês são protegidos pelo deus Sol. Carla, Bernardo e Alberto receberam suas roupas e suas sacolas. Vestiram-se e ganharam algumas oferendas e um prato de uma comida que não sabiam o que eram, devido a fome, comeram avidamente, comeram algumas frutas. Ao saírem da aldeia, Alberto lembrou que tinha um litro de álcool, alguns índios os escoltaram guiando pela selva. Ao passarem por um pequeno riacho Alberto despejou o álcool no leito do riacho e riscou fósforo, houve uma combustão e a água pegou fogo. Os índios desesperados voltaram em fuga gritando para suas aldeias. Rindo e chorando os três perguntam a Carla se ela sabia do eclipse:- Acho que fomos salvos pelas leituras e nossos conhecimentos adquiridos na escola. É verdade sua bruxa, disse rindo o Alberto. Acho que eu também sou um bruxo. Andando, chorando de alegria, tropeçando nos cipós, conseguem chegar até o rio de onde avistam algumas aves voando em círculo, olhando com mais atenção descobrem o corpo do barqueiro em estado de decomposição, pois havia sido devorado pelas aves. Avistam o barco e não foi difícil por em funcionamento, motores são ligados, e sobem o rio e após três horas de viagem chegam a um ancoradouro em Manaus. Dirigem-se ao hotel e caem exaustos no chão do quarto. Amanhece o dia e verificam que suas passagens ainda eram validadas, na hora marcada vão até o aeroporto e tomam o avião rumo à Campinas. Seus nomes ficarão para sempre na história, pois aprenderam que muitas vezes a astúcia é melhor do que a força. Brasil um lugar belo, porém todo passeio deve ser antes de tudo bem planejado para não sofrer consequências desastrosas. 14
  • 15. Capítulo 3. 15 Coração de sertanejo O forte cheiro de capim gordura, o frufru das revoadas vespertinas dos pássaros em busca de um lugar para repouso, o último brilho do sol, invade este ambiente bucólico com as tribos rubras da tarde. Bem distante visível apenas uma silhueta, está um caboclo dando as suas últimas enxadadas limpando as ervas dadinhas da plantação de arroz, ergue as mãos e retira o chapéu, dando um gostosa coçada na cabeça, olha para os raios do Sol que já se foram. Apanha no bolso roto de sua camisa um restinho de cigarro de palha, tira do bolso sua “binga” e acende o cigarro de palha tirando uma baforada, espantando os mosquitos borrachudos que teimavam rodear sua vasta cabeleira. Nesta serra conhecida como “Serra do rola moça” vive este sertanejo, dedicando todos os dias no trabalho da terra para retirar seu sustento. Vivem com ele seus pais. Sua mãe todos os dias prepara sua marmitinha de alimentos. Seu pai devido a idade permanece em casa. Ao vê-lo chegar próximo de casa com sua enxada nos ombros sua mamãe corre ao encontro dando-lhe um maravilhoso beijo em suas faces poentas e disse: -José, tudo bem? Como foi seu dia? Não teve nenhum problema com cobras? – Era assim com essas perguntas e outras que dona Maria Terra conversava com seu filho querido. O pai um pouco mais macambúzio, devido suas doenças apenas dizia um “Deus te abençoes filho”. Eram felizes apesar da distância e dos barulhos das cidades grandes. Uns dois quilômetros dali vivia num sítio vizinho, sua namoradinha que era o motivo de sua vida, a Tereza. Moça linda com sua tez bronzeada devido os raios do Sol, cabelos negros comprido escorriam pelos ombros. José amava profundamente Tereza e sempre tinha seus sonhos em ter uma boa colheita e tirar sua amada deste antro de abandono. Cada vez que seu rádio de ondas curtas anunciava a “voz do Brasil” às dezenove horas, com a famosa música do guarani, José colado os ouvidos no rádio ouvia embevecido as notícias de Brasília e as principais cidades como Rio e de São Paulo. José tinha um sonho: - Ainda vou morar no Sul, ganhar muito dinheiro e voltar para casar
  • 16. com Tereza. Partia o coração de sua velha mamãe, filho único ele era o arrimo da casa. Porém como diziam os antigos: - Criamos filhos e eles criam asas e desaparecem de nossos olhos. Nos programas sertanejos da rádio nacional José ouvia muitas músicas sobre pessoas que foram para o sul em busca de uma vida melhor. 8 16
  • 17. Numa fazendinha poucos quilômetros dali, havia muitos bailinhos com sanfoneiros da região, muitas vezes bois eram abatidos, e churrasquinhos eram servidos aos vizinhos. José e sua amada iam sempre e dançavam felizes da vida, beijos eram trocados, promessas eram feitas, juras de amor não faltavam para estes jovens. -- Tereza, você me ama? Dizia apaixonadamente com seu rosto colado ao da Tereza, seu calor a incendiava, com seu rosto colado ao dele dizia: -Claro José! Meu sonho e é ser sua esposa e juntos cuidarmos de seus pais, e manter nossa rocinha, criar galinhas, porcos, vacas, te farei muito feliz. José vivia nesse conflito, entre o amor e a busca de seu sonho no sul. Aproxima o final de ano e José toma uma decisão: Vou viajar para o Sul em busca de uma vida melhor e voltar para buscar Tereza. Avisa sua namorada, que partiria no próximo Domingo, e umas nuvens escuras pairam sobre seus velhos pais que choram amargamente já prevendo perder seu filho para a cidade grande. No Domingo, numa tarde ensolarada, ao seu lado estão suas poucas roupas dentro de uma mala de couro. Tereza estava ao seu lado chorosa, com suas faces coradas. Ele feliz, impassível, mas feliz porque ia em busca de seu sonho. Num beijo apaixonado despede de seu amor e embarca no ônibus que o levaria ao sul de onde ele dizia que voltaria logo para casar com seu amor. Nos céus um bando de patos passam em grande alvoroço, um bem te vi solta um canto, um casal de João de Barros traz seus cantos. José dentro do ônibus dava um adeus a sua amada. Num forte barulho de motor traz a realidade o José, estava deixando a Tereza, que sonhava que seria sua. O ônibus sai, e em cada parada, um forte suspiro saia da boca de José, a saudade já começava a apertar. Como machuca a saudade, se estamos juntos com a pessoa amada, às vezes poucas coisas é motivo para brigas, mas se estamos nos separando, queremos com urgência voltar ao lado da pessoa querida. O homem não foi feito para ficar só, precisa de alguém para sentir seguro, parece uma criancinha que sente falta de sua mamãe querida, de sua caminha, das cantigas de ninar. Mesmo já adulto encontramos no amor a figura da mulher que traz 17
  • 18. um conforto além de seus beijos e afagos. Em uma curvinha, lança o olhar perdido em direção à sua cidadezinha que fica para traz, sua amada também passou a ser apenas uma vago pensamento. Após três dias de longa viagem, sente um cheiro estranho, do rio mais poluído da cidade de São Paulo, sente uma friozinho da grande 9 18
  • 19. cidade, edifícios tomam sua visão, já estava chegando no “Sul” como sempre dizia! Desce no terminal Tietê, meio tonto ainda da viagem, tudo era estranho, cheiro, edifícios que suntuosamente estava em seu caminho, agitação dos ambulantes a anunciar seus produtos, cheiro forte de carne assada dos churrasquinhos, forte cheiro de urina dos mendigos que infestam as pracinhas. José não se preocupa com isso e com seu olhar devora a cidade sem perder nenhum detalhe. Procura algum amigo para dar algumas informações. Que amigo? Todos eram estranhos! Bem diferente de seu velho sertão onde todos eram queridos e tratados com dignidade, todos tinhas seus nomes, todos eram conhecidos. Um terror toma conta dele, não conhece ninguém, não tem amigos, é mais um que foi lançado nos antros desta velha metrópole, mais um que se não lutar irá moram debaixo dos viadutos, mais um que irá infectar as praças com cheiro forte de urina e fezes. José para e pensa: - Aqui tem um filho do sertão! Sou bravo sou forte, sou filho do norte! Avista um “ser humano” de cócoras na calçada e em seu jeito simples pede um favor: - Moço me ajuda, preciso de um emprego. O moço olha com um olhar de desprezo e aponta para uma placas de uma construtora que pedia servente de pedreiro. Pela primeira vez na vida, sente ser um ninguém, uma escória da sociedade. Pessoas da cidade não conhecem nem um pé de arroz, não dão valor ao homem do sertão que com suas mãos calejadas, puxando o cabo do guatambu limpam os arrozais, colhem e mandam para as grandes cidades para matar a fome das pessoas. Frutas que encontramos por aqui com fartura, no Ceasa, muitas são desperdiçadas jogadas fora, na roça elas são tratadas com carinhos. Pessoas da cidade dão pouco valor às frutas e todos os alimentos. Ao pedir um emprego encontra seus primeiros problemas, precisa tirar a “carteira de trabalho” e tirar a chapa dos pulmões. Com sua barriga a roncar parte em busca dos documentos. Seu local de dormir era junto com várias pessoas como ele. Cada um precisava lutar por si só. Esta força de vontade José tinha! Ah se tinha! Era bravo era 19
  • 20. forte era filho do norte este grande sertanejo. A vida no canteiro de obra não era fácil! Aliás, onde que a vida é fácil? Conseguiu emprego de servente de pedreiro, uma salário bem irrisório, mas já era um começo. Dormia em colchonetes junto com mais pessoas como ele, ao lado do canteiro podia-se ouvir da vida da cidade e uma cantiga de crianças vinha ao seus ouvidos. : “ Ciranda cirandinha vamos todos 10 20
  • 21. cirandar..” havia várias famílias que moravam perto da obra e as crianças ao lado do tapume cantavam suas músicas.” Sete, sete são quatorze três vezes sete vinte e um..” Trabalha todos os dias inclusive feriados, não tem tempo para passear, chega ao dormitório tarde e sem forças para sair e passear. Descobre um curso por correspondência conhecido por “Madureza” Escreve, faz sua matrícula e começa o curso ginasial, sempre desejoso de prosseguir os estudos e ganhar uma nova profissão! “Escravos de Jó jogavam, cachangá, tira põe...” As cantigas vinham até a noitinha. Crianças que em brinquedo de roda passavam estes momentos infantis felizes. Ao término do curso de madureza, é orientado pelos seus chefes que havia universidade que davam a tal da bolsa de estudos. Estuda com afinco e se prepara para o vestibular, desejava cursar engenharia. Manda suas cartinhas para a Tereza dando as boas novas. As respostas de sua amada começam a ser escassas. A vida começa a melhorar, consegue o tão sonhado curso de engenharia, forma-se e abandona seu emprego e consegue alguns trabalhadores e se torna empreiteiro construindo casas e fazendo reformas. É feliz, ganha muito dinheiro, mas um vazio ainda permanece em si, sente saudades da pessoa amada da sua Tereza. Manda várias cartas e sem resposta. Resolve viajar de volta ao seu lar no sertão. Prepara de surpresa sua viagem. Antes de chegar à rodoviária, passa perto de um grupo de crianças, e tinha certeza que elas cantavam uma música que falava de uma tal de Terezinha. Não entendeu muito bem a melodia e a letra. Ao findar sua longa viagem, chegando próximo da casa de sua amada, avista de longe e tem uma triste surpresa: 21 “Tereza é de Jesus” Somente agora recorda as cantigas das crianças quando chegava próximo da rodoviária. “Terezinha de Jesus, deu uma queda foi ao chão, acudiram três cavaleiros, todos os três chapéus nas mãos..” A cantiga trouxe uma triste verdade ao coração do José o Sertanejo. Agradecimentos: Agradeço ao Professor Ananias de Albuquerque, pelo seu poema: "O Sertanejo", através dele pude fazer este conto com algumas
  • 22. adaptações, sem, contudo deixar de seguir sua originalidade. 22
  • 23. Capítulo 4. Dá um chazinho para ele que resolve Como é mesmo o nome daquele chazinho que a gente toma para ficar calminho, calminho? -Chá de calmomila. Peraí, não seria camomila? - Dá na mesma! O chá é fantástico! Feito à base de flores que tem o poder de deixar o sujeito anestesiado de todas as mazelas que perturbam seu ser. Raiva porque não pode pagar sua fatura do cartão de crédito, Raiva porque foi terrivelmente ofendido em sua moral, raiva por ter sido humilhado diante de todos, raiva porque seu pagamento veio a menos e deixou uma boa parte no banco do Brasil e toda sorte de motivos para deixar com ojeriza de tudo e de todos. Às vezes estamos suportando uma dor e não temos humor para responder bem para as pessoas e somos um pouco grosseiro. Lá vem a receitinha milagrosa: - Toma um chazinho de camomila! Sexta – feira estava cruzando um corredor da escola e tive que passar diante de várias crianças que vinham como sempre agitadas do intervalo, parece que tomam alguma substância energética e voltam à mil, passei por eles e na minha frente meus colegas de docência não gostamos nada nada da gritaria infernal . Ouvimos uma piadinha de um “pestinha”: -Toma chá de calmomila professora! _ Quase infartei! 23
  • 24. Capítulo 5. Impossível impedir o motorista de falar contigo Logo pela manhã, tomei um coletivo em direção à uma escola na região da mooca. Sentei-me nos primeiros bancos e passo a observar a rotina diária dos passageiros, cobrador e motorista. Sonolento, desejoso de tirar uma cochiladinha para reaproveitar o tempo ocioso e recuperar um pouco do sono que ainda teimava em fechar meus olhos num halo de paz e tranquilidade. A motorista do coletivo, toda feliz atrás da direção do grande veículo, conversava com todos que adentravam ao ônibus, reclamava dos passageiros que eram “folgados” pois queriam que houvesse mais paciência, entre um crítica e outra, olhava para mim, gesticulando muito e deixando muitas vezes de prestar atenção à frente. Nos tempo idos! (Lá pelos anos 70) havia nos coletivos alguns avisos como: Não fume! Proibido aparelhos sonoros, Não fale com o motorista e outros recados. Me lembrei de uma piada sobre essa frase A frase: não fale com o motorista Vaticano : É pecado falar com o motorista Israel : O que você ganha falando com o motorista ? Itália : Se você falar com o motorista, com que mãos ele vai dirigir ? Alemanha : Não fale com o motorista, nem no ônibus, nem na casa dele, em nenhum lugar Antiga URSS: Cuidado com o que fala ao motorista USA: Cale a boca Japão: Falar com motorista, só com hora marcada Brasil: Não deixe o motorista falar com você 24 Muito engraçado!
  • 25. Capítulo 6. 25 Seu Marcos a lenda Alguns o odeiam, outros ignoram, e ainda outros colocam vários alcunhas como: O patrono do Astrogildo, A lenda, Smeágol, Seu Madruga, algumas boas línguas acham que nossa colega de Artes deveria fazer um quadro dele e colocar ao lado do patrono! Difícil imaginar a escola sem a presença de nosso ilustre colega na portaria e nos corredores sempre arguindo com os pupilos em uma troca de aula e outra. Já tive informações que em sua casa ele tem o “Chico doce” que é um facão para enfrentar seus desafetos. Mesmo assim a maioria de nós professores, funcionários e alunos gostamos demais dele por sua simpatia, bom humor (às vezes) e sua atenção quando solicitamos algum tipo de material, pode dizer que não, mas logo ele vem em nosso socorro. “Seu Marcos” como é conhecido, sobrenome, não sabemos, família menos ainda, mas o que vale é sua presença conosco nos dias letivos. Não dá para imaginar nossa escola sem ele pelos corredores, portarias e secretarias. Parabéns “Seus Marcos” o Senhor integra essa grande empresa do “SABER” que é a escola, somos partes dessa engrenagem, na sala de aula, secretaria, diretoria, corredores etc. cada um parte hiperimportante. Escola é assim, se cada um fizer apenas sua parte, sucesso virá com seus frutos. A Lide é dura, muitos de nós professores estamos em linha de frente que é sala de aula, lutando contra a desmotivação, mas um ou outro tem nos trazido os louros desta peleja, como por exemplo algumas do 8º ano A e outros que nosso queridos docentes poderiam nomear nessa crônica assertivamente. Seu Marcos, o senhor merece nossa homenagem, juntamente com nosso patrono Professor Astrogildo. Ele já passou por aqui, cumpriu sua missão e o senhor já nos ajudou muito com sua presteza, gentileza, e ainda tem muito a compartilhar conosco. Quiçá, cada um de nós possamos deixar nossas evidências no labor do dia a dia nessa escola!
  • 26. Capítulo 7. 26 Bem ou mal só o tempo dirá Tarde de Domingo, enquanto aguardava o jogo do Brasil e Equador, procurei em casa algo que me fizesse ocupar o tempo, (quão triste é o ócio, viver sozinho, não ter ninguém para conversar, reclamar da vida e simplesmente jogar conversa fora) Encontrei meus livros literários que eu ganhei do Sergio nosso bibliotecário da escola, todos os alunos ganharam da secretaria da educação vários exemplares maravilhosos de livros literários, não sei se nossos alunos estão lendo, mas eu confesso, em todos os meus momentos de ócio, estou devorando as páginas de nossos escritores brasileiros. Hoje estava lendo, as crônicas de Rubem Alves, fiquei encantado quando li um relato, e eu refleti muito, parece que o autor estava ao meu lado dando conselhos. Veja o que eu li: Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: “ Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: Mas o charco do irmão mais novo se transformou em um oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: “ Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. No dia seguinte seu cavalo de raça fugiu e foi grande tristeza. Seus amigos vieram e lamentaram o acontecido. Mas o que o homem lhes disse foi: “ Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. Passado sete dias o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos cavalos selvagens. Vieram os amigos celebrar essa nova riqueza, mas o que ouviram foram as palavras de sempre: “ Se é bom ou se
  • 27. 27 é mal, só o futuro dirá”. No dia seguinte seu filho sem juízo montou um cavalo selvagem. O cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou uma perna. Voltaram os amigos para lamentar as desgraças: “Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”, o pai o repetiu. Passado poucos dias, vieram os soldados o rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços tiveram de partir, menos o seu filho de perna quebrada, os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: “Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”. Assim termina a história, sem fim e com reticências (...) Ela poderá ser continuada, indefinidamente. Somos personagens dessa história também, aquilo de bom ou ruim que acontece conosco, devemos ser sábios para aceitar com resignação. Lembre-se: “Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá”.
  • 28. Capítulo 8. Os pássaros que sobrevoam nossas selvas edênicas Há milhares de espécies de pássaros que são catalogados pelos nossos ornitólogos, todos são belos em sua natureza! Quero destacar apenas dois para dar início a essa crônica. Objetivo? Bem algumas linhas abaixo deixarei o leitor ciente do que se trata. Os falconiformes ou comumente conhecidas como o nome vulgar de “Abutres” Os mesmos têm hábitos necrófagos, tem sido os lixeiros do mundo pois fazem limpeza retirando dos campos animais mortos, e seus cheiros terríveis. Segundo a ciência, esses pássaros em cativeiros chegam a viver até 30 anos. Outros pássaros bem diferente são os colibris, os nossos beija-flores, com nomes até então desconhecidos como: cuitelo, chupa-flor, pica-flor,chupa-mel, binga, guanambi. Existem mais de 300 espécies. Com seus bicos alongados sua alimentação é a base de néctar. “Pois é” como dizem nossos amigos do interior de São Paulo, Os abutres sobrevoam nossas matas com belas flores, cheiros exuberantes, uma vista maravilhosa, águas cristalinas, não percebem as belezas, pois está focado em encontrar apenas sua refeição “animais mortos” “carniça” Seu foco é apenas isso, não quer beleza, pois a beleza não importa, o que para nós é agradável para eles, desagradável. Beija-flores são diferentes! Sobrevoam as matas e não se importa com as feiuras pois está focado nas flores para retirar os néctares. Mesmo usufruindo do seu alimento, nos deixam sua beleza, com seus voos lindos. Deveríamos ser com os beija-flores, não focar nossa atenção na feiura e sim no que é belo, após sermos nutridos deixar nossa beleza, nossa gratidão, isso é muito importante Sei que abutres cumprem seus papeis na natureza, mas essa comparação serve apenas de exemplo. Tenho visto meu blog, muitos internautas acessam para suas pesquisas e conhecimentos, poucos deixam uma mensagem de gratidão ou mesmo apenas seu nome. Para quem agradece, pode parecer simples, mas para mim é de grande valor. Sejamos todos como beija-flores deixando nossa beleza onde “voarmos” 28
  • 29. Capítulo 9. Impossível não viver do passado! Muitos estufam o peito e dizem: - Quem gosta de passado é museu! Os mais poéticos citam frases que tem um forte impacto nas pessoas “ Ontem é passado, hoje é presente e é por isso que tem esse nome presente” É gratificante mesmo nos cinquentas e alguns anos trazer à baila os momentos que marcaram profundamente minha profícua existência, quero e desejo mais anos de vida porém nosso criador sabe melhor de nós! As boas lembranças são como combustível para inflamar o ego e deixar a mente viajar um pouco. Na pequenina cidade de Indiaporã Estado de São Paulo, décadas de 60 e 70, pobre de marre de si, mas havia uma alegria em viver, No pátio escolar as deliciosas sopas de trigo, bolachas e leite com chocolate preparados pelas merendeiras, hinos escolares cantados pelos coleguinhas” De manhã já bem cedinho pego o lápis vou escrever...” broncas dos diretores, as professoras severas, reguadas na cabeça, final das aulas era aquela correria para jogar “biroca” jogo de mata-mata e banca era os melhores. Cada época tínhamos um brinquedo diferente. Papagaio, pião, arquinho, pega-pega. Nas tardes finais de semanas íamos aos “córregos” refrescar quando a fome apertava o estômago passávamos nos pastos e recolhíamos cocos que os animais regurgitavam e quebrávamos nas pedras e saciávamos a fome. Em todas as épocas tínhamos frutas: Angá, gabiroba, mangas, jenipapos etc. A cidade nessa época era poeirenta, caminhões pipas molhavam as ruas e nós os moleque corríamos atrás cheirando o forte cheiro de terra molhada e aproveitávamos para refrescar. Hoje ao lembrar como conseguíamos mistura sinto um aperto no coração! Íamos aos córregos e amassávamos saibro um barro branco, fazíamos bolinhas e colocava para secar. Quando secas caçávamos passarinhos nos matos. Inhambus e codornas eram os preferidos, também armávamos arapucas para prender os pássaros maiores como pombos do mato. Eram carnes deliciosas. A velha caixa de engraxar, os pedidos aos fregueses: - Quer engraxar? Os trocados recebidos, os picolés de abacaxi, limão, creme, e os maços de cigarros que muitos males já me trouxeram. Já aos oito anos ia as roças de algodão, debaixo de um sol escaldante e sofria com os mosquitos que chupavam o sangue sem parar. Como não viver de passado se os capítulos da história registram momentos magníficos? As privações não macularam o viver feliz, foram partes de aprendizagem, nosso velho e bom mestre o tempo muito nos ensina, erros cometidos no passado, hoje são cobrados com juros e dividendos. Não podemos voltar ao passado, porém podemos fazer dele um aliado para nutrir nossas mentes de boas lembranças. 29
  • 30. “Viva” Machado de Assis com suas citações: - Os adjetivos passam, os substantivos ficam! Capítulo 10 30 Um bêbado no coletivo Tarde de Sábado do dia 19 de janeiro de 2001, como muitos brasileiros, saio do trabalho apressado com a sacola a pender sobre os meus ombros e dirijo-me ao ponto de ônibus para aguardar o transporte que me conduzirá ao "lar doce lar". Na viagem de ônibus, fico a observar o motorista, o cobrador e demais passageiros, cada um absorto em seus pensamentos. Também me acho concentrado e monologando, a respeito das pressões externas que de tão perto me sufocam. De repente muda a atenção de todos para um bêbado que entra no coletivo, falando alto e xingando uma pessoa que ele havia encontrado alguns minutos atrás, ele paga sua passagem com uma nota de um real e algumas moedas, continua a praguejar sem parar!. Passageiros se mexem em seus assentos, outro passageiro toma as dores e parte para cima do "bêbado" e começa a xingá-lo também, agora são dois, e mais vozes, tumulto no coletivo, alguém esbraveja:-- Motorista, quando ver uma viatura, pare-a para que este sujeito desça!. Outros passageiros se revoltam contra o bêbado e contra o agressor do bêbado. – Jogue os dois do coletivo gritou alguém! Enfim, desce o bêbado e alguns pontos depois o agressor, a calma volta a reinar no coletivo. Começo a refletir: " será que também não somos como este bêbado?" o que nos diferencia desta pessoa é que ele ingeriu bebidas e nós podemos estar sóbrios, nós não externamos o que está no íntimo por causa da vergonha e o caráter. No alcoolizado é diferente a bebida o torna valente e "sem vergonha". Há uma “poderosa força que nos inibe a agirmos como o bêbado é o autocontrole” Também queremos externar nossa raiva, mas engolimos "à seco", mas o mal cria raízes no nosso âmago, raiva dos políticos, baixos salários que foram retidos pelos patrões, familiares ou alguém que feriu nosso ego. Nosso hálito não fede como o do bêbado, mas muitas vezes as mazelas que estão no nosso íntimo exala algum odor
  • 31. fétido!. Estamos no coletivo da vida, e os que estão em contatos conosco, muitas vezes descem em pontos que nunca mais os veremos, outro ficam conosco mais alguns instantes no coletivo da vida, às vezes quem nós pensávamos que iria até o fim nesta viagem, desembarcam e nos deixam só!. Onde estará o bêbado do coletivo? Meu companheiro de viagem que tanto transtorno trouxe aos passageiros. Talvez nunca mais o veja, mas deixou uma lição que me fez reconsiderar muito. Será que às vezes não estou a incomodar os passageiros neste coletivo da vida?. Amanhã ele será apenas um "ex-bêbado" e os meus atos que perturbam meus semelhantes poderão causar sérios danos! E a viagem continua... São Paulo Setembro de 2014
  • 32. [Título do livro], por [Nome do autor] [ 32 ]
  • 33. [Título do livro], por [Nome do autor] [ 33 ]