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Caderno de prova
Este caderno, com dezesseis páginas numeradas seqüencialmente, contém dez questões de Língua Portuguesa/
Literatura Brasileira.
Não abra o caderno antes de receber autorização.
Instruções
1.	Verifique se você recebeu mais dois cadernos de prova.
2.	Verifique se seu nome, seu número de inscrição e seu número do documento de identidade estão corretos nas
	 sobrecapas dos três cadernos.
	 Se houver algum erro, notifique o fiscal.
3.	Destaque, das sobrecapas, os comprovantes que têm seu nome e leve-os com você.
4.	Ao receber autorização para abrir os cadernos, verifique se a impressão, a paginação e a numeração das questões
	 estão corretas.
	 Se houver algum erro, notifique o fiscal.
5.	Todas as respostas deverão ser apresentadas nos espaços apropriados, com caneta azul ou preta.
	 Não serão consideradas as questões respondidas fora desses locais.
Informações gerais
O tempo disponível para fazer as provas é de cinco horas. Nada mais poderá ser registrado após o término desse prazo.
Ao terminar, entregue os três cadernos ao fiscal.
Será eliminado do Vestibular Estadual 2009 o candidato que, durante as provas, utilizar máquinas de calcular,
relógios digitais, aparelhos de reprodução de som ou imagem com ou sem fones de ouvido, telefones celulares ou
fontes de consulta de qualquer espécie.
Será também eliminado o candidato que se ausentar da sala levando consigo qualquer material de prova.
Boa prova!
Língua Portuguesa / Literatura Brasleira
Exame Discursivo 07 / 12 / 2008
2ª Fase
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
2
5
10
15
20
30
40
45
25
35
50
Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai
e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da
Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem
nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no
Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num
covoão1
em trecho de matas, terra preta, pé de serra.
Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete,
havia saído dali, pela primeira vez: o Tio Terêz
levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado
no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem,
que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças,
embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca
pôde se esquecer: alguém, que já estivera no
Mutum, tinha dito: – “É um lugar bonito, entre morro
e morro, com muita pedreira e muito mato, distante
de qualquer parte; e lá chove sempre...”
Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos
e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali.
Queixava-se, principalmente nos demorados meses
chuvosos, quando carregava o tempo, tudo tão
sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou,
mesmo na estiagem, qualquer dia, de tardinha, na
hora do sol entrar. – “Oê, ah, o triste recanto...” – ela
exclamava. Mesmo assim, enquanto esteve fora, só
com o Tio Terêz, Miguilim padeceu tanta saudade,
de todos e de tudo, que às vezes nem conseguia
chorar, e ficava sufocado. E foi descobrir, por si,
que, umedecendo as ventas com um tico de cuspe,
aquela aflição um pouco aliviava. Daí, pedia ao Tio
Terêz que molhasse para ele o lenço; e Tio Terêz,
quando davam com um riacho, um minadouro2
ou
um poço de grota, sem se apear do cavalo abaixava o
copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia
um punhado d’água. Mas quase sempre eram secos os
caminhos, nas chapadas, então Tio Terêz tinha uma
cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro
sedes; uma cabacinha entrelaçada com cipós, que era
tão formosa. – “É para beber, Miguilim...” – Tio Terêz
dizia, caçoando. Mas Miguilim ria também e preferia
não beber a sua parte, deixava-a para empapar o
lenço e refrescar o nariz, na hora do arrocho. Gostava
do Tio Terêz, irmão de seu pai.
Quando voltou para casa, seu maior pensamento
era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que
o homem tinha falado – que o Mutum era lugar
bonito... A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia
de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a
idéia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma
salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave,
grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos
outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que
pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e
contou-lhe, estremecido, aquela revelação.
GUIMARÃES ROSA
Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Campo geral
Nestas páginas, estão presentes escritores de tempos e estilos diversos, com textos que nos convidam a desentranhar
as “mil riquezas” e as formas apuradas da linguagem que neles se encontram. Cada um representa, a seu modo, a
língua e a literatura brasileiras.
Vocabulário:
1
covoão – baixada estreita e profunda
2
minadouro – olho d’água, quase sempre nascente de um
córrego ou de um ribeirão
TEXTO I
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
3Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
Guimarães Rosa se caracteriza pela linguagem instigante que encanta e desconcerta, permitindo ao
leitor familiarizar-se com o potencial criativo da Língua Portuguesa.
Observe o fragmento do texto:
Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter
de esperar; (l. 49-51)
Aponte o significado do prefixo da palavra sublinhada e explicite, em uma frase completa, o sentido
dessa palavra.
01
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
4
e Tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro ou um poço de grota, sem se
apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um punhado
d’água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então Tio Terêz tinha uma
cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha entrelaçada com
cipós, que era tão formosa. (l. 30-38)
Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o
que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito... (l. 43-46)
Identifique o foco narrativo do texto de Guimarães Rosa. Em seguida, indique três recursos lingüísticos
empregados pelo narrador, nos fragmentos acima, para aproximar-se do universo infantil.
02
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
5Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
A repetição pode expressar diferentes intenções estilísticas, conforme se observa nos fragmentos abaixo.
Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito
depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome (l. 1-4)
É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, (l. 14-15)
Explicite o sentido de cada um dos pares sublinhados.
03
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
6
A noite, límpida e calma, tinha sucedido a uma tarde
de pavorosa tormenta, nas profundas e vastas florestas
que bordam as margens do Paranaíba, nos limites
entre as províncias de Minas e de Goiás.
Eu viajava por esses lugares, e acabava de chegar
ao porto, ou recebedoria, que há entre as duas
províncias. Antes de entrar na mata, a tempestade
tinha me surpreendido nas vastas e risonhas campinas
que se estendem até a pequena cidade de Catalão,
donde eu havia partido.
Seriamnoveadezhorasdanoite;juntoaumfogoaceso
defronte da porta da pequena casa da recebedoria,
estava eu, com mais algumas pessoas, aquecendo os
membros resfriados pelo terrível banho que a meu
pesar tomara. A alguns passos de nós se desdobrava o
largo veio do rio, refletindo em uma chispa retorcida,
como uma serpente de fogo, o clarão avermelhado
da fogueira. Por trás de nós estavam os cercados e as
casinhas dos poucos habitantes desse lugar, e, por trás
dessas casinhas, estendiam-se as florestas sem fim.
No meio do silêncio geral e profundo sobressaía o
rugido monótono de uma cachoeira próxima, que
ora estrugia1
como se estivesse a alguns passos
de distância, ora quase se esvaecia2
em abafados
murmúrios, conforme o correr da viração.
No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir,
como os passarinhos. As trevas e o silêncio são
sagrados ao sono, que é o silêncio da alma.
Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas,
o mocho3
nas ruínas, as estrelas no céu e o gênio na
solidão do gabinete costumam velar nessas horas que
a natureza consagra ao repouso.
Entretanto, eu e meus companheiros, sem pertencer
a nenhuma dessas classes, por uma exceção de regra
estávamos acordados a essas horas.
Meus companheiros eram bons e robustos caboclos,
dessa raça semi-selvática e nômade, de origem dúbia
entreoindígenaeoafricano,quevagueiapelasinfindas
florestas que correm ao longo do Paranaíba, e cujos
nomes, decerto, não se acham inscritos nos assentos
das freguesias, e nem figuram nas estatísticas que dão
ao império... não sei quantos milhões de habitantes.
5
10
15
20
25
BERNARDO GUIMARÃES
TUFANO, Douglas (org.) Antologia do conto brasileiro. Do Romantismo ao
Modernismo. São Paulo: Moderna, 2005.
A dança dos ossos
Vocabulário:
1
estrugia – vibrava fortemente
2
esvaecia – desfalecia
3
mocho – coruja
TEXTO II
30
35
40
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
7Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
No texto II, Bernardo Guimarães emprega diferentes figuras de linguagem.
Observe o fragmento:
No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os passarinhos. As trevas e o
silêncio são sagrados ao sono, que é o silêncio da alma. (l. 26-28)
Retire desse fragmento uma figura de linguagem, nomeando-a. Explique também a relação entre o
emprego dessa figura e a estética romântica.
04
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
8
Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o mocho nas ruínas, as estrelas no
céu e o gênio na solidão do gabinete costumam velar nessas horas que a natureza consagra
ao repouso. (l. 29-32)
Classifique sintaticamente a segunda oração do período acima. Em seguida, substitua essa oração
por outra de sentido correspondente, sem conectivo, preservando sua estrutura inicial.
05
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
9Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
Infância
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
5
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15
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TEXTO III
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
10
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom. (v. 7-12)
Identifique, na estrofe acima, dois traços característicos da estética modernista, um relacionado à
linguagem e outro à forma do poema. Cite também um exemplo para cada um desses traços.
06
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
11Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu (v. 7-8)
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda. (v. 18-19)
Classifique gramaticalmente as palavras sublinhadas e aponte a diferença de sentido entre elas.
07
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
12
No poema, Drummond emprega o pretérito imperfeito para lembrar fatos de sua infância.
Aponte a característica semântica desse tempo verbal que o torna adequado para recordar fatos. Em
seguida, explique o valor semântico do presente do indicativo no sexto verso.08
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
13Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
O dia abriu seu pára-sol bordado
O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...
Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude..
MARIO QUINTANA
Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978.
5
10
TEXTO IV
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
14
Há no poema de Mario Quintana um mesmo sinal de pontuação – o ponto de exclamação – que
aparece em versos diferentes e com sentidos distintos.
Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em cada um dos versos.09
Questão
Rascunho
Língua Portuguesa / Literatura Brasileira
15Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo
O autor utilizou nesse poema recursos formais da poesia tradicional e a eles incorporou traços
característicos da linguagem modernista.
Considerando a estrutura do poema, identifique dois aspectos formais da poesia tradicional e aponte
uma característica da linguagem modernista e seu respectivo exemplo.
10
Questão
Rascunho
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Lp e literatura brasileira

  • 1. Caderno de prova Este caderno, com dezesseis páginas numeradas seqüencialmente, contém dez questões de Língua Portuguesa/ Literatura Brasileira. Não abra o caderno antes de receber autorização. Instruções 1. Verifique se você recebeu mais dois cadernos de prova. 2. Verifique se seu nome, seu número de inscrição e seu número do documento de identidade estão corretos nas sobrecapas dos três cadernos. Se houver algum erro, notifique o fiscal. 3. Destaque, das sobrecapas, os comprovantes que têm seu nome e leve-os com você. 4. Ao receber autorização para abrir os cadernos, verifique se a impressão, a paginação e a numeração das questões estão corretas. Se houver algum erro, notifique o fiscal. 5. Todas as respostas deverão ser apresentadas nos espaços apropriados, com caneta azul ou preta. Não serão consideradas as questões respondidas fora desses locais. Informações gerais O tempo disponível para fazer as provas é de cinco horas. Nada mais poderá ser registrado após o término desse prazo. Ao terminar, entregue os três cadernos ao fiscal. Será eliminado do Vestibular Estadual 2009 o candidato que, durante as provas, utilizar máquinas de calcular, relógios digitais, aparelhos de reprodução de som ou imagem com ou sem fones de ouvido, telefones celulares ou fontes de consulta de qualquer espécie. Será também eliminado o candidato que se ausentar da sala levando consigo qualquer material de prova. Boa prova! Língua Portuguesa / Literatura Brasleira Exame Discursivo 07 / 12 / 2008 2ª Fase
  • 2. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 2 5 10 15 20 30 40 45 25 35 50 Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num covoão1 em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o Tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca pôde se esquecer: alguém, que já estivera no Mutum, tinha dito: – “É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre...” Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali. Queixava-se, principalmente nos demorados meses chuvosos, quando carregava o tempo, tudo tão sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou, mesmo na estiagem, qualquer dia, de tardinha, na hora do sol entrar. – “Oê, ah, o triste recanto...” – ela exclamava. Mesmo assim, enquanto esteve fora, só com o Tio Terêz, Miguilim padeceu tanta saudade, de todos e de tudo, que às vezes nem conseguia chorar, e ficava sufocado. E foi descobrir, por si, que, umedecendo as ventas com um tico de cuspe, aquela aflição um pouco aliviava. Daí, pedia ao Tio Terêz que molhasse para ele o lenço; e Tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro2 ou um poço de grota, sem se apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um punhado d’água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então Tio Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha entrelaçada com cipós, que era tão formosa. – “É para beber, Miguilim...” – Tio Terêz dizia, caçoando. Mas Miguilim ria também e preferia não beber a sua parte, deixava-a para empapar o lenço e refrescar o nariz, na hora do arrocho. Gostava do Tio Terêz, irmão de seu pai. Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito... A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a idéia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação. GUIMARÃES ROSA Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Campo geral Nestas páginas, estão presentes escritores de tempos e estilos diversos, com textos que nos convidam a desentranhar as “mil riquezas” e as formas apuradas da linguagem que neles se encontram. Cada um representa, a seu modo, a língua e a literatura brasileiras. Vocabulário: 1 covoão – baixada estreita e profunda 2 minadouro – olho d’água, quase sempre nascente de um córrego ou de um ribeirão TEXTO I
  • 3. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 3Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo Guimarães Rosa se caracteriza pela linguagem instigante que encanta e desconcerta, permitindo ao leitor familiarizar-se com o potencial criativo da Língua Portuguesa. Observe o fragmento do texto: Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; (l. 49-51) Aponte o significado do prefixo da palavra sublinhada e explicite, em uma frase completa, o sentido dessa palavra. 01 Questão Rascunho
  • 4. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 4 e Tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro ou um poço de grota, sem se apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um punhado d’água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então Tio Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha entrelaçada com cipós, que era tão formosa. (l. 30-38) Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito... (l. 43-46) Identifique o foco narrativo do texto de Guimarães Rosa. Em seguida, indique três recursos lingüísticos empregados pelo narrador, nos fragmentos acima, para aproximar-se do universo infantil. 02 Questão Rascunho
  • 5. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 5Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo A repetição pode expressar diferentes intenções estilísticas, conforme se observa nos fragmentos abaixo. Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome (l. 1-4) É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, (l. 14-15) Explicite o sentido de cada um dos pares sublinhados. 03 Questão Rascunho
  • 6. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 6 A noite, límpida e calma, tinha sucedido a uma tarde de pavorosa tormenta, nas profundas e vastas florestas que bordam as margens do Paranaíba, nos limites entre as províncias de Minas e de Goiás. Eu viajava por esses lugares, e acabava de chegar ao porto, ou recebedoria, que há entre as duas províncias. Antes de entrar na mata, a tempestade tinha me surpreendido nas vastas e risonhas campinas que se estendem até a pequena cidade de Catalão, donde eu havia partido. Seriamnoveadezhorasdanoite;juntoaumfogoaceso defronte da porta da pequena casa da recebedoria, estava eu, com mais algumas pessoas, aquecendo os membros resfriados pelo terrível banho que a meu pesar tomara. A alguns passos de nós se desdobrava o largo veio do rio, refletindo em uma chispa retorcida, como uma serpente de fogo, o clarão avermelhado da fogueira. Por trás de nós estavam os cercados e as casinhas dos poucos habitantes desse lugar, e, por trás dessas casinhas, estendiam-se as florestas sem fim. No meio do silêncio geral e profundo sobressaía o rugido monótono de uma cachoeira próxima, que ora estrugia1 como se estivesse a alguns passos de distância, ora quase se esvaecia2 em abafados murmúrios, conforme o correr da viração. No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os passarinhos. As trevas e o silêncio são sagrados ao sono, que é o silêncio da alma. Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o mocho3 nas ruínas, as estrelas no céu e o gênio na solidão do gabinete costumam velar nessas horas que a natureza consagra ao repouso. Entretanto, eu e meus companheiros, sem pertencer a nenhuma dessas classes, por uma exceção de regra estávamos acordados a essas horas. Meus companheiros eram bons e robustos caboclos, dessa raça semi-selvática e nômade, de origem dúbia entreoindígenaeoafricano,quevagueiapelasinfindas florestas que correm ao longo do Paranaíba, e cujos nomes, decerto, não se acham inscritos nos assentos das freguesias, e nem figuram nas estatísticas que dão ao império... não sei quantos milhões de habitantes. 5 10 15 20 25 BERNARDO GUIMARÃES TUFANO, Douglas (org.) Antologia do conto brasileiro. Do Romantismo ao Modernismo. São Paulo: Moderna, 2005. A dança dos ossos Vocabulário: 1 estrugia – vibrava fortemente 2 esvaecia – desfalecia 3 mocho – coruja TEXTO II 30 35 40
  • 7. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 7Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo No texto II, Bernardo Guimarães emprega diferentes figuras de linguagem. Observe o fragmento: No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os passarinhos. As trevas e o silêncio são sagrados ao sono, que é o silêncio da alma. (l. 26-28) Retire desse fragmento uma figura de linguagem, nomeando-a. Explique também a relação entre o emprego dessa figura e a estética romântica. 04 Questão Rascunho
  • 8. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 8 Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o mocho nas ruínas, as estrelas no céu e o gênio na solidão do gabinete costumam velar nessas horas que a natureza consagra ao repouso. (l. 29-32) Classifique sintaticamente a segunda oração do período acima. Em seguida, substitua essa oração por outra de sentido correspondente, sem conectivo, preservando sua estrutura inicial. 05 Questão Rascunho
  • 9. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 9Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo Infância Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: – Psiu... Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro... que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. 5 10 15 20 TEXTO III
  • 10. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 10 No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. (v. 7-12) Identifique, na estrofe acima, dois traços característicos da estética modernista, um relacionado à linguagem e outro à forma do poema. Cite também um exemplo para cada um desses traços. 06 Questão Rascunho
  • 11. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 11Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu (v. 7-8) Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. (v. 18-19) Classifique gramaticalmente as palavras sublinhadas e aponte a diferença de sentido entre elas. 07 Questão Rascunho
  • 12. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 12 No poema, Drummond emprega o pretérito imperfeito para lembrar fatos de sua infância. Aponte a característica semântica desse tempo verbal que o torna adequado para recordar fatos. Em seguida, explique o valor semântico do presente do indicativo no sexto verso.08 Questão Rascunho
  • 13. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 13Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo O dia abriu seu pára-sol bordado O dia abriu seu pára-sol bordado De nuvens e de verde ramaria. E estava até um fumo, que subia, Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado. Depois surgiu, no céu azul arqueado, A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia. Na rua, um menininho que seguia Parou, ficou a olhá-la admirado... Pus meus sapatos na janela alta, Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta Pra suportarem a existência rude! E eles sonham, imóveis, deslumbrados, Que são dois velhos barcos, encalhados Sobre a margem tranqüila de um açude.. MARIO QUINTANA Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978. 5 10 TEXTO IV
  • 14. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 14 Há no poema de Mario Quintana um mesmo sinal de pontuação – o ponto de exclamação – que aparece em versos diferentes e com sentidos distintos. Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em cada um dos versos.09 Questão Rascunho
  • 15. Língua Portuguesa / Literatura Brasileira 15Vestibular Estadual 2009 Exame Discursivo O autor utilizou nesse poema recursos formais da poesia tradicional e a eles incorporou traços característicos da linguagem modernista. Considerando a estrutura do poema, identifique dois aspectos formais da poesia tradicional e aponte uma característica da linguagem modernista e seu respectivo exemplo. 10 Questão Rascunho