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ESPECIAL
                             REGIÃO CARBONÍFERA, TERÇA-FEIRA, 1º DE MARÇO DE 2011
                                           portaldenoticias@terra.com.br - (51) 3651.4041           5
                                                   Rodrigo
                                                   Ramazzini
                                                   rodrigoramazzini@terra.com.br




                                                   Adeus, Scliar!
                                                   Os bastidores de um encontro.
                                                      Conheci pessoalmente o escritor Moacyr Scliar
                                                   no ano de 2006. À época, eu era presidente da As-
                                                   sociação de Literatura de Charqueadas e o traría-
                                                   mos ao município para realizar uma palestra duran-
                                                   te as atividades do Sarau Literário daquele ano.
                                                   Como ocupante do cargo, coube-me acompanhar o
                                                   carro que buscaria o escritor na capital para fazer-
                                                   lhes as honras da casa. Antes da curta viagem, li-
                                                   guei para o meu amigo João Soares para contar-lhe
                                                   sobre a realização do evento, bem como do futuro
                                                   encontro com o Scliar. Lembro até hoje das pala-
                                                   vras do “Joãozinho”: “cola nele e “chupa” todo o
                                                   conhecimento que conseguires dele. O Scliar é uma
                                                   pessoa sensacional!”. Depois descobri que o João
                                                   tinha toda a razão.
                                                      Nervosismo à parte, o primeiro contato com o
                                                   escritor aconteceu na entrada do seu prédio, em
                                                   Porto Alegre. Com um sorriso no rosto, ao ver-me
                                                   gritou “fala, mestre” e cumprimentou-me com sua
                                                   singular simpatia. A partir daí, comecei o que pos-
                                                   so classificar como uma verdadeira “guerra”, pois
                                                   iniciei um bombardeio de questões sobre todos os
                                                   assuntos até retornarmos para Charqueadas.
                                                      Durante o trajeto de volta descobri porque o es-
                                                   critor era admirado não só por sua obra, mas, tam-
                                                   bém, como ser humano. Com simplicidade, paciên-
                                                   cia e bom humor, Scliar ia sanando todas as minhas
                                                   dúvidas e orientando-me como um bom professor.
                                                   Um dos ensinamentos carrego vivo até hoje: a va-
                                                   lorização dos leitores. Parece óbvio isso para quem
                                                   escreve. Porém, não é. Tratar cada leitor como um
                                                   ser único e mostrar-lhe gratidão por ele “gastar” seu
                                                   tempo lendo os textos deve ser algo sempre que
                                                   possível demonstrado. É o que eu tento fazer quan-
                                                   do há qualquer tipo de manifestação nesse sentido.
                                                      Logicamente, sou mais um dos admiradores do
                                                   trabalho do Moacyr Scliar. Possuo vários livros do
                                                   autor, mas tenho um apreço pela obra “O exército
                                                   de um homem só”. A qualidade e a quantidade da
                                                   sua produção literária são impressionantes. Dizia
                                                   ele que escrevia uma coluna de jornal em 20 minu-
                                                   tos. Sinceramente, não consigo imaginar como isso
                                                   é possível, tendo como base que, às vezes, demoro
                                                   horas para escrever meia dúzia de linhas.
                                                      Voltando a palestra, em Charqueadas. Já durante
                                                   o evento, nos sentamos ao lado um do outro. Com
                                                   um Solar Shopping lotado, ele começou a falar e a
                                                   encantar quem estava lá assistindo. Poucas vezes vi
                                                   uma plateia prestar tanta atenção no que uma pes-
                                                   soa falava. Era um silêncio só. Depois de mais de
                                                   uma hora de conversa, o Scliar agradeceu a presen-
                                                   ça de todos e me passou o microfone, questionan-
                                                   do-me baixinho “E aí, o que achou?”. Embevecido
                                                   com tudo e surpreendido pela pergunta em um tom
                                                   de impressionante humildade, apenas tive a reação
                                                   de convocar uma salva de palmas, o que foi realiza-
                                                   da por todos em pé.
                                                      Após atender os leitores, autografar vários livros
                                                   e uma breve paradinha na praça de alimentação, era
                                                   hora de fazer o caminho de volta para Porto Alegre.
                                                   Foi o momento da vingança do Scliar contra mim.
                                                   Com os papeis trocados, ele que começou a me en-
                                                   cher de perguntas. Fez isso, na maior parte do traje-
                                                   to, com uma incomum curiosidade.
                                                      Já na capital, com cordiais palavras escreveu
                                                   uma dedicatória e deu-me um autógrafo. Despedi-
                                                   mos-nos. Dois dias depois me enviou um email co-
                                                   mentando um dos meus textos que acabara de ler.
                                                   Novamente, utilizando afetuosas e generosas pala-
                                                   vras.
                                                      Essa afabilidade era a marca de um homem inte-
                                                   ressado e maravilhado com o cotidiano de pessoas
                                                   comuns, como eu. Foi uma experiência e um conta-
                                                   to que durou pouco tempo, mas que deixará os ras-
                                                   tros e os ensinamentos para o resto da vida.
                                                      Obrigado por tudo e adeus, Scliar!




pdn_368.p65   5                 28/2/2011, 20:19

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  • 1. ESPECIAL REGIÃO CARBONÍFERA, TERÇA-FEIRA, 1º DE MARÇO DE 2011 portaldenoticias@terra.com.br - (51) 3651.4041 5 Rodrigo Ramazzini rodrigoramazzini@terra.com.br Adeus, Scliar! Os bastidores de um encontro. Conheci pessoalmente o escritor Moacyr Scliar no ano de 2006. À época, eu era presidente da As- sociação de Literatura de Charqueadas e o traría- mos ao município para realizar uma palestra duran- te as atividades do Sarau Literário daquele ano. Como ocupante do cargo, coube-me acompanhar o carro que buscaria o escritor na capital para fazer- lhes as honras da casa. Antes da curta viagem, li- guei para o meu amigo João Soares para contar-lhe sobre a realização do evento, bem como do futuro encontro com o Scliar. Lembro até hoje das pala- vras do “Joãozinho”: “cola nele e “chupa” todo o conhecimento que conseguires dele. O Scliar é uma pessoa sensacional!”. Depois descobri que o João tinha toda a razão. Nervosismo à parte, o primeiro contato com o escritor aconteceu na entrada do seu prédio, em Porto Alegre. Com um sorriso no rosto, ao ver-me gritou “fala, mestre” e cumprimentou-me com sua singular simpatia. A partir daí, comecei o que pos- so classificar como uma verdadeira “guerra”, pois iniciei um bombardeio de questões sobre todos os assuntos até retornarmos para Charqueadas. Durante o trajeto de volta descobri porque o es- critor era admirado não só por sua obra, mas, tam- bém, como ser humano. Com simplicidade, paciên- cia e bom humor, Scliar ia sanando todas as minhas dúvidas e orientando-me como um bom professor. Um dos ensinamentos carrego vivo até hoje: a va- lorização dos leitores. Parece óbvio isso para quem escreve. Porém, não é. Tratar cada leitor como um ser único e mostrar-lhe gratidão por ele “gastar” seu tempo lendo os textos deve ser algo sempre que possível demonstrado. É o que eu tento fazer quan- do há qualquer tipo de manifestação nesse sentido. Logicamente, sou mais um dos admiradores do trabalho do Moacyr Scliar. Possuo vários livros do autor, mas tenho um apreço pela obra “O exército de um homem só”. A qualidade e a quantidade da sua produção literária são impressionantes. Dizia ele que escrevia uma coluna de jornal em 20 minu- tos. Sinceramente, não consigo imaginar como isso é possível, tendo como base que, às vezes, demoro horas para escrever meia dúzia de linhas. Voltando a palestra, em Charqueadas. Já durante o evento, nos sentamos ao lado um do outro. Com um Solar Shopping lotado, ele começou a falar e a encantar quem estava lá assistindo. Poucas vezes vi uma plateia prestar tanta atenção no que uma pes- soa falava. Era um silêncio só. Depois de mais de uma hora de conversa, o Scliar agradeceu a presen- ça de todos e me passou o microfone, questionan- do-me baixinho “E aí, o que achou?”. Embevecido com tudo e surpreendido pela pergunta em um tom de impressionante humildade, apenas tive a reação de convocar uma salva de palmas, o que foi realiza- da por todos em pé. Após atender os leitores, autografar vários livros e uma breve paradinha na praça de alimentação, era hora de fazer o caminho de volta para Porto Alegre. Foi o momento da vingança do Scliar contra mim. Com os papeis trocados, ele que começou a me en- cher de perguntas. Fez isso, na maior parte do traje- to, com uma incomum curiosidade. Já na capital, com cordiais palavras escreveu uma dedicatória e deu-me um autógrafo. Despedi- mos-nos. Dois dias depois me enviou um email co- mentando um dos meus textos que acabara de ler. Novamente, utilizando afetuosas e generosas pala- vras. Essa afabilidade era a marca de um homem inte- ressado e maravilhado com o cotidiano de pessoas comuns, como eu. Foi uma experiência e um conta- to que durou pouco tempo, mas que deixará os ras- tros e os ensinamentos para o resto da vida. Obrigado por tudo e adeus, Scliar! pdn_368.p65 5 28/2/2011, 20:19