1) Bourdieu analisa a dominação masculina utilizando conceitos desenvolvidos em estudos sobre a sociedade Cabila, porém aplica esses conceitos de forma universal às sociedades capitalistas ocidentais.
2) Isso gera um paradoxo, uma vez que conceitos culturais particulares são tratados como universais. Além disso, Bourdieu ignora as críticas feministas a essa abordagem.
3) Há também questionamentos sobre transpor pares de oposição culturais específicos da sociedade Cabila para analisar dom
Este documento apresenta os conceitos-chave da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, incluindo espaço social, campo social, habitus e capital. Discute como Bourdieu desenvolveu essas ideias a partir das teorias de Marx e Weber, unindo enfoques nas relações econômicas e simbólicas para entender a complexidade da estrutura social moderna.
Este documento resume a segunda aula de um curso sobre o sociólogo Pierre Bourdieu. Apresenta três conceitos teóricos fundamentais para entender o conceito de "capital" em Bourdieu: 1) percepção ontológica, que sugere que não há diferença entre os elementos da realidade além da relação; 2) conflito social, que para Bourdieu não se resume à propriedade dos meios de produção; 3) ideologia, que Bourdieu substitui pelo termo "illusio" para captar a naturalização das relações sociais. Em seguida,
Pierre Bourdieu propõe três modos de conhecimento teórico para analisar a relação indivíduo-sociedade: superar o objetivismo e subjetivismo, fugir da dicotomia subjetivo-objetivo, e estabelecer uma relação dialética entre estruturas objetivas e construção social. Ele também introduz o conceito de habitus para entender como estruturas sociais são incorporadas pelos indivíduos.
Este documento apresenta um plano de curso sobre a teoria do espaço social e classes sociais de Pierre Bourdieu. O curso é dividido em três módulos que abordam: 1) Perspectivas sobre o mundo social e a ação humana; 2) A teoria de Bourdieu que transcende o objetivismo e o subjetivismo; 3) O espaço social e simbólico e a questão das classes sociais. O objetivo é apresentar os principais conceitos de Bourdieu como habitus, estratégia e poder simbólico.
1. O documento discute a contribuição do sociólogo Pierre Bourdieu para os estudos organizacionais, especialmente no que se refere aos conceitos de campo, capital e hábito.
2. Analisa como esses conceitos vêm sendo aplicados pelos pesquisadores, de forma fragmentada, negligenciando outros aspectos importantes da obra de Bourdieu.
3. Defende que a teoria de Bourdieu pode fornecer novas perspectivas para teorias como a Nova Teoria Institucional, além de contribuir para uma reflexão sobre as próprias práticas acad
Este documento apresenta o plano de um curso introdutório sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. O curso é dividido em 5 módulos que abordam os principais conceitos de Bourdieu como habitus, campo, capital cultural e poder simbólico. Cada módulo contém de 3 a 6 seções com leituras recomendadas para discutir os tópicos apresentados.
1. O documento discute a importância do uso rigoroso dos referenciais teóricos nas ciências humanas.
2. Apresenta os conceitos de pressupostos teóricos e paradigmas que devem ser considerados para escolher referenciais compatíveis.
3. Discutem-se equívocos como combinar referenciais incompatíveis de diferentes tradições teóricas.
Este documento apresenta os conceitos-chave da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, incluindo espaço social, campo social, habitus e capital. Discute como Bourdieu desenvolveu essas ideias a partir das teorias de Marx e Weber, unindo enfoques nas relações econômicas e simbólicas para entender a complexidade da estrutura social moderna.
Este documento resume a segunda aula de um curso sobre o sociólogo Pierre Bourdieu. Apresenta três conceitos teóricos fundamentais para entender o conceito de "capital" em Bourdieu: 1) percepção ontológica, que sugere que não há diferença entre os elementos da realidade além da relação; 2) conflito social, que para Bourdieu não se resume à propriedade dos meios de produção; 3) ideologia, que Bourdieu substitui pelo termo "illusio" para captar a naturalização das relações sociais. Em seguida,
Pierre Bourdieu propõe três modos de conhecimento teórico para analisar a relação indivíduo-sociedade: superar o objetivismo e subjetivismo, fugir da dicotomia subjetivo-objetivo, e estabelecer uma relação dialética entre estruturas objetivas e construção social. Ele também introduz o conceito de habitus para entender como estruturas sociais são incorporadas pelos indivíduos.
Este documento apresenta um plano de curso sobre a teoria do espaço social e classes sociais de Pierre Bourdieu. O curso é dividido em três módulos que abordam: 1) Perspectivas sobre o mundo social e a ação humana; 2) A teoria de Bourdieu que transcende o objetivismo e o subjetivismo; 3) O espaço social e simbólico e a questão das classes sociais. O objetivo é apresentar os principais conceitos de Bourdieu como habitus, estratégia e poder simbólico.
1. O documento discute a contribuição do sociólogo Pierre Bourdieu para os estudos organizacionais, especialmente no que se refere aos conceitos de campo, capital e hábito.
2. Analisa como esses conceitos vêm sendo aplicados pelos pesquisadores, de forma fragmentada, negligenciando outros aspectos importantes da obra de Bourdieu.
3. Defende que a teoria de Bourdieu pode fornecer novas perspectivas para teorias como a Nova Teoria Institucional, além de contribuir para uma reflexão sobre as próprias práticas acad
Este documento apresenta o plano de um curso introdutório sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. O curso é dividido em 5 módulos que abordam os principais conceitos de Bourdieu como habitus, campo, capital cultural e poder simbólico. Cada módulo contém de 3 a 6 seções com leituras recomendadas para discutir os tópicos apresentados.
1. O documento discute a importância do uso rigoroso dos referenciais teóricos nas ciências humanas.
2. Apresenta os conceitos de pressupostos teóricos e paradigmas que devem ser considerados para escolher referenciais compatíveis.
3. Discutem-se equívocos como combinar referenciais incompatíveis de diferentes tradições teóricas.
A ideia para este curso partiu da observação de diversos infográficos elaborados por grupos de pesquisa e de monitoramento do comportamento nas redes sociais.
Dentre estes, chamou-me a atenção o recente e interessante infográfico elaborado pelo grupo norte americano Psychology Degree intitulado “A psicologia das redes sociais”.
Para iluminar algumas dinâmicas próprias da psicologia nas redes sociais, proponho partir de duas observações acerca da natureza humana feitas pelo filósofo grego Aristóteles:
a) A primeira é de que o ser humano é essencialmente um animal social;
b) A segunda é a de que a vontade de conhecer é natural e determinante na constituição dos seres humanos.
Rupturas?
A partir destas duas constatações, defendo que as redes sociais e a era digital nada mais fazem do que fornecer meios em que a dimensão social e conhecedora (curiosa) dos seres humanos é potencializada e amplificada a níveis jamais experimentados na história.
Assim, argumento que a era digital não implica uma ruptura com dinâmicas e comportamentos anteriores, mas que, antes de tudo, potencializa e amplifica a característica social e curiosa dos seres humanos.
O ser humano sempre foi social. Desde o tempo das cavernas. A busca por conhecimento, um móvel onipresente na história da humanidade.
E se não no mesmo nível de profundidade e abrangência, sempre existiram redes sociais e compartilhamento de experiências. A vida em comunidade, central nas relações humanas.
O papel do olhar na relação com o mundo:
Abro um parêntese aqui para lembrar que Aristóteles foi um filósofo que postulava que o conhecimento tinha como ponto de partida os sentidos humanos.
Donde, a relação entre prazer físico das sensações e a busca pelo conhecimento.
Dos cinco sentidos, somente a audição (referida à linguagem) rivaliza com a visão no léxico do conhecimento. Os demais, ou estão ausentes ou operam como metáforas da visão. Falamos em captar uma idéia ou em agarrá-la. Dizemos que um conceito contém ou envolve certas determinações e que as compreendemos (as seguramos juntas) ou as explicamos (as desdobramos uma a uma).
Destaca-se aqui a sensação visual como sentido privilegiado no processo de busca do conhecimento:
Como informa Marilena Chaui (39), lemos nos livros de Aristóteles Sobre a Alma e Sobre a Sensação, que a despeito de o tato estar espalhado pelo corpo e assim estar mais apto para a investigação, a vista é o sentido que mais nos causa prazer.
Para reforçar esta abordagem recorro também ao filósofo francês Maurice Merleau- Ponty. Em obras seminais da filosofia contemporânea como “A fenomenologia da Percepção” e “O visível e o invisível”, o filósofo afirma que a prevalência do olhar sobre os demais sentidos se dá justamente porque ver é ter à distância. Por suas características o olhar permite tocar, apalpar, viajar no meio das coisas sem precisar se apropriar delas. Ter e co
Pierre Bourdieu foi um importante sociólogo francês do século XX. Ele estudou como as desigualdades sociais são perpetuadas através da educação e do gosto cultural, mostrando que o capital cultural adquirido na família influencia o desempenho e as oportunidades dos alunos. Bourdieu também criticou a reprodução das elites dominantes e a violência simbólica exercida pelo sistema escolar.
1. O documento discute a sociologia reflexiva e como os sociólogos precisam refletir sobre seu próprio pensamento para não se tornarem meros instrumentos do que querem pensar.
2. Aborda como o espaço social pode ser visto como um campo de forças e como as categorias de percepção do mundo social são produto da incorporação das estruturas objetivas desse espaço.
3. Discutem conceitos como habitus, estratégias, campo e como sistemas simbólicos exercem poder estruturante e função política de legitimação da dom
Pierre Bourdieu foi um sociólogo francês que desenvolveu teorias sobre habitus, capital cultural, violência simbólica e campos sociais. Sua obra analisou como as estruturas sociais se inscrevem nos corpos e influenciam as práticas sociais. Ele propôs que a sociologia deve desvendar as estratégias de dominação nas relações de poder.
O documento discute a teoria da estruturação de Anthony Giddens, na qual o agente social é visto como capaz de influenciar ativamente a sociedade através de suas ações, mesmo que de forma inconsciente. Giddens argumenta que os indivíduos usam a consciência discursiva e prática para agir na sociedade e produzir efeitos, ao contrário das teorias clássicas que viam o homem como mero espectador. A análise conclui que a teoria de Giddens
Sociologia, os 4 principais idealizadoresRoger Jose
O documento discute as principais ideias de quatro teóricos fundamentais da sociologia: Auguste Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Auguste Comte é considerado o fundador da sociologia e desenvolveu a teoria do positivismo. Durkheim definiu o objeto da sociologia como "fatos sociais" e estudou a solidariedade social. Weber desenvolveu um método compreensivo e estudou a ação social. Marx analisou a alienação do homem no capitalismo e a luta de classes.
O documento discute os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes e estruturadas e como instrumentos de dominação. Apresenta uma síntese sobre como os símbolos exercem poder simbólico ao mesmo tempo em que são estruturados por relações sociais, podendo ser usados para legitimar a dominação.
Tido como o intelectual de maior influência sobre o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, Anthony Giddens já escreveu mais de 30 livros. Ele estuda o impacto do desenvolvimento econômico, científico e tecnológico sobre a vida humana no século XX e também as incertezas que cercam a humanidade nessa virada de século, onde a previsão do futuro se perde no terreno das hipóteses.
Karl Marx contribuiu principalmente com a teoria do conflito, na qual a organização social e mudança se baseiam nos conflitos intrínsecos à sociedade. Max Weber estudou as primeiras disputas sobre metodologia das ciências sociais na Europa. Emile Durkheim procurou demonstrar que fenômenos religiosos tinham origem em eventos sociais.
O documento discute as teorias de Norbert Elias e Pierre Bourdieu sobre a relação entre indivíduo e sociedade. Elias propõe o conceito de configuração para entender a interdependência entre as pessoas em grupos sociais. Bourdieu desenvolve o conceito de habitus para mostrar como as estruturas sociais são incorporadas pelos indivíduos, integrando ações e estruturas sociais.
O objeto da sociologia e a objetividade doDavi Islabao
O documento discute diferentes abordagens sociológicas sobre o objeto e a objetividade da sociologia. A visão funcionalista de Durkheim define o objeto como o fato social, enquanto Weber propõe a ação social. Marx critica a noção de ciência objetiva e defende que as condições materiais determinam as relações sociais.
O documento apresenta os principais conceitos e teóricos da Sociologia, como Durkheim, Marx e Weber. Durkheim via a sociedade como estrutura pré-existente que regula os indivíduos através de normas. Marx enxergava as relações de produção como fundamento da vida social. Weber defendia interpretar a ação individual para entender a transformação social.
Max Weber contribuiu para a sociologia alemã enfatizando a importância da perspectiva histórica e da compreensão dos contextos sociais específicos. Ele defendia que as ações sociais só fazem sentido quando compreendidas à luz dos motivos e valores dos indivíduos. A racionalização da vida social é um processo central da modernidade.
O documento discute conceitos fundamentais da sociologia, como o estudo das relações sociais e dos padrões sociais. Apresenta os principais autores clássicos da sociologia - Auguste Comte, Karl Marx e Émile Durkheim - e suas contribuições para o estabelecimento da sociologia como ciência, como a análise das classes sociais e das instituições. Aborda também conceitos como ação social desenvolvidos por Max Weber.
O documento discute o conceito de sociologia desde sua origem com Auguste Comte. A sociologia nasceu com o objetivo de estudar a sociedade de forma objetiva e empírica, como as ciências naturais. No entanto, desde o início o positivismo sociológico apresentava limitações como a renúncia à possibilidade de transformação social e a separação entre teoria e prática. Ao longo do tempo, surgiram críticas a essa abordagem como a perda da função crítica e a busca por purismo metodológico em detrimento
O documento discute os principais conceitos da sociologia clássica de três pensadores: Marx, Durkheim e Weber. Apresenta brevemente suas biografias e áreas de estudo, como classes sociais, fato social e ação social. Também resume os principais conceitos de Durkheim como fato social, consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica.
O documento descreve os três principais pensadores clássicos da sociologia: Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber. Resume suas principais ideias e contribuições, destacando que Marx analisou as classes sociais, Durkheim se preocupou em estabelecer o objeto e método da sociologia e explicar fatos sociais, e Weber se concentrou na compreensão da ação social.
Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim foram três importantes pensadores da sociologia. Marx foi um filósofo e economista alemão que desenvolveu a teoria do conflito de classes. Weber foi um sociólogo alemão que estudou a ação social e como valores influenciam a sociedade. Durkheim foi um sociólogo francês que estabeleceu a sociologia como ciência e estudou como fatos sociais influenciam indivíduos.
O documento apresenta um quadro comparativo dos principais pensadores da sociologia clássica: Durkheim, Marx e Weber. Ele destaca as visões de cada um sobre história, indivíduo, sociedade moderna e objeto de estudo nas ciências sociais.
Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um importante sociólogo francês. Estudou Filosofia e lecionou em diversas universidades. Destacou-se por propor uma "Sociologia da Sociologia" e conceitos como campo, hábitos e diferentes tipos de capital social. Sua obra influenciou a Antropologia e Sociologia ao analisar como indivíduos incorporam e reproduzem estruturas sociais.
O documento discute as visões de Norbert Elias e Pierre Bourdieu sobre a relação entre indivíduo e sociedade. Elias argumenta que indivíduos só podem se desenvolver dentro de uma sociedade com história e cultura. Bourdieu destaca como as condições sociais influenciam as ações e percepções dos indivíduos. Ambos usam o conceito de "habitus" para descrever como normas sociais são incorporadas pelos indivíduos.
A ideia para este curso partiu da observação de diversos infográficos elaborados por grupos de pesquisa e de monitoramento do comportamento nas redes sociais.
Dentre estes, chamou-me a atenção o recente e interessante infográfico elaborado pelo grupo norte americano Psychology Degree intitulado “A psicologia das redes sociais”.
Para iluminar algumas dinâmicas próprias da psicologia nas redes sociais, proponho partir de duas observações acerca da natureza humana feitas pelo filósofo grego Aristóteles:
a) A primeira é de que o ser humano é essencialmente um animal social;
b) A segunda é a de que a vontade de conhecer é natural e determinante na constituição dos seres humanos.
Rupturas?
A partir destas duas constatações, defendo que as redes sociais e a era digital nada mais fazem do que fornecer meios em que a dimensão social e conhecedora (curiosa) dos seres humanos é potencializada e amplificada a níveis jamais experimentados na história.
Assim, argumento que a era digital não implica uma ruptura com dinâmicas e comportamentos anteriores, mas que, antes de tudo, potencializa e amplifica a característica social e curiosa dos seres humanos.
O ser humano sempre foi social. Desde o tempo das cavernas. A busca por conhecimento, um móvel onipresente na história da humanidade.
E se não no mesmo nível de profundidade e abrangência, sempre existiram redes sociais e compartilhamento de experiências. A vida em comunidade, central nas relações humanas.
O papel do olhar na relação com o mundo:
Abro um parêntese aqui para lembrar que Aristóteles foi um filósofo que postulava que o conhecimento tinha como ponto de partida os sentidos humanos.
Donde, a relação entre prazer físico das sensações e a busca pelo conhecimento.
Dos cinco sentidos, somente a audição (referida à linguagem) rivaliza com a visão no léxico do conhecimento. Os demais, ou estão ausentes ou operam como metáforas da visão. Falamos em captar uma idéia ou em agarrá-la. Dizemos que um conceito contém ou envolve certas determinações e que as compreendemos (as seguramos juntas) ou as explicamos (as desdobramos uma a uma).
Destaca-se aqui a sensação visual como sentido privilegiado no processo de busca do conhecimento:
Como informa Marilena Chaui (39), lemos nos livros de Aristóteles Sobre a Alma e Sobre a Sensação, que a despeito de o tato estar espalhado pelo corpo e assim estar mais apto para a investigação, a vista é o sentido que mais nos causa prazer.
Para reforçar esta abordagem recorro também ao filósofo francês Maurice Merleau- Ponty. Em obras seminais da filosofia contemporânea como “A fenomenologia da Percepção” e “O visível e o invisível”, o filósofo afirma que a prevalência do olhar sobre os demais sentidos se dá justamente porque ver é ter à distância. Por suas características o olhar permite tocar, apalpar, viajar no meio das coisas sem precisar se apropriar delas. Ter e co
Pierre Bourdieu foi um importante sociólogo francês do século XX. Ele estudou como as desigualdades sociais são perpetuadas através da educação e do gosto cultural, mostrando que o capital cultural adquirido na família influencia o desempenho e as oportunidades dos alunos. Bourdieu também criticou a reprodução das elites dominantes e a violência simbólica exercida pelo sistema escolar.
1. O documento discute a sociologia reflexiva e como os sociólogos precisam refletir sobre seu próprio pensamento para não se tornarem meros instrumentos do que querem pensar.
2. Aborda como o espaço social pode ser visto como um campo de forças e como as categorias de percepção do mundo social são produto da incorporação das estruturas objetivas desse espaço.
3. Discutem conceitos como habitus, estratégias, campo e como sistemas simbólicos exercem poder estruturante e função política de legitimação da dom
Pierre Bourdieu foi um sociólogo francês que desenvolveu teorias sobre habitus, capital cultural, violência simbólica e campos sociais. Sua obra analisou como as estruturas sociais se inscrevem nos corpos e influenciam as práticas sociais. Ele propôs que a sociologia deve desvendar as estratégias de dominação nas relações de poder.
O documento discute a teoria da estruturação de Anthony Giddens, na qual o agente social é visto como capaz de influenciar ativamente a sociedade através de suas ações, mesmo que de forma inconsciente. Giddens argumenta que os indivíduos usam a consciência discursiva e prática para agir na sociedade e produzir efeitos, ao contrário das teorias clássicas que viam o homem como mero espectador. A análise conclui que a teoria de Giddens
Sociologia, os 4 principais idealizadoresRoger Jose
O documento discute as principais ideias de quatro teóricos fundamentais da sociologia: Auguste Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Auguste Comte é considerado o fundador da sociologia e desenvolveu a teoria do positivismo. Durkheim definiu o objeto da sociologia como "fatos sociais" e estudou a solidariedade social. Weber desenvolveu um método compreensivo e estudou a ação social. Marx analisou a alienação do homem no capitalismo e a luta de classes.
O documento discute os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes e estruturadas e como instrumentos de dominação. Apresenta uma síntese sobre como os símbolos exercem poder simbólico ao mesmo tempo em que são estruturados por relações sociais, podendo ser usados para legitimar a dominação.
Tido como o intelectual de maior influência sobre o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, Anthony Giddens já escreveu mais de 30 livros. Ele estuda o impacto do desenvolvimento econômico, científico e tecnológico sobre a vida humana no século XX e também as incertezas que cercam a humanidade nessa virada de século, onde a previsão do futuro se perde no terreno das hipóteses.
Karl Marx contribuiu principalmente com a teoria do conflito, na qual a organização social e mudança se baseiam nos conflitos intrínsecos à sociedade. Max Weber estudou as primeiras disputas sobre metodologia das ciências sociais na Europa. Emile Durkheim procurou demonstrar que fenômenos religiosos tinham origem em eventos sociais.
O documento discute as teorias de Norbert Elias e Pierre Bourdieu sobre a relação entre indivíduo e sociedade. Elias propõe o conceito de configuração para entender a interdependência entre as pessoas em grupos sociais. Bourdieu desenvolve o conceito de habitus para mostrar como as estruturas sociais são incorporadas pelos indivíduos, integrando ações e estruturas sociais.
O objeto da sociologia e a objetividade doDavi Islabao
O documento discute diferentes abordagens sociológicas sobre o objeto e a objetividade da sociologia. A visão funcionalista de Durkheim define o objeto como o fato social, enquanto Weber propõe a ação social. Marx critica a noção de ciência objetiva e defende que as condições materiais determinam as relações sociais.
O documento apresenta os principais conceitos e teóricos da Sociologia, como Durkheim, Marx e Weber. Durkheim via a sociedade como estrutura pré-existente que regula os indivíduos através de normas. Marx enxergava as relações de produção como fundamento da vida social. Weber defendia interpretar a ação individual para entender a transformação social.
Max Weber contribuiu para a sociologia alemã enfatizando a importância da perspectiva histórica e da compreensão dos contextos sociais específicos. Ele defendia que as ações sociais só fazem sentido quando compreendidas à luz dos motivos e valores dos indivíduos. A racionalização da vida social é um processo central da modernidade.
O documento discute conceitos fundamentais da sociologia, como o estudo das relações sociais e dos padrões sociais. Apresenta os principais autores clássicos da sociologia - Auguste Comte, Karl Marx e Émile Durkheim - e suas contribuições para o estabelecimento da sociologia como ciência, como a análise das classes sociais e das instituições. Aborda também conceitos como ação social desenvolvidos por Max Weber.
O documento discute o conceito de sociologia desde sua origem com Auguste Comte. A sociologia nasceu com o objetivo de estudar a sociedade de forma objetiva e empírica, como as ciências naturais. No entanto, desde o início o positivismo sociológico apresentava limitações como a renúncia à possibilidade de transformação social e a separação entre teoria e prática. Ao longo do tempo, surgiram críticas a essa abordagem como a perda da função crítica e a busca por purismo metodológico em detrimento
O documento discute os principais conceitos da sociologia clássica de três pensadores: Marx, Durkheim e Weber. Apresenta brevemente suas biografias e áreas de estudo, como classes sociais, fato social e ação social. Também resume os principais conceitos de Durkheim como fato social, consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica.
O documento descreve os três principais pensadores clássicos da sociologia: Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber. Resume suas principais ideias e contribuições, destacando que Marx analisou as classes sociais, Durkheim se preocupou em estabelecer o objeto e método da sociologia e explicar fatos sociais, e Weber se concentrou na compreensão da ação social.
Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim foram três importantes pensadores da sociologia. Marx foi um filósofo e economista alemão que desenvolveu a teoria do conflito de classes. Weber foi um sociólogo alemão que estudou a ação social e como valores influenciam a sociedade. Durkheim foi um sociólogo francês que estabeleceu a sociologia como ciência e estudou como fatos sociais influenciam indivíduos.
O documento apresenta um quadro comparativo dos principais pensadores da sociologia clássica: Durkheim, Marx e Weber. Ele destaca as visões de cada um sobre história, indivíduo, sociedade moderna e objeto de estudo nas ciências sociais.
Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um importante sociólogo francês. Estudou Filosofia e lecionou em diversas universidades. Destacou-se por propor uma "Sociologia da Sociologia" e conceitos como campo, hábitos e diferentes tipos de capital social. Sua obra influenciou a Antropologia e Sociologia ao analisar como indivíduos incorporam e reproduzem estruturas sociais.
O documento discute as visões de Norbert Elias e Pierre Bourdieu sobre a relação entre indivíduo e sociedade. Elias argumenta que indivíduos só podem se desenvolver dentro de uma sociedade com história e cultura. Bourdieu destaca como as condições sociais influenciam as ações e percepções dos indivíduos. Ambos usam o conceito de "habitus" para descrever como normas sociais são incorporadas pelos indivíduos.
O documento discute os conceitos de configuração e habitus desenvolvidos por Norbert Elias e Pierre Bourdieu para analisar a relação dinâmica entre indivíduo e sociedade. A configuração enfatiza a interdependência entre as pessoas em grupos sociais, enquanto o habitus representa as disposições incorporadas social e individualmente que estruturam as práticas e percepções dos indivíduos.
O documento discute o conceito de "habitus" desenvolvido por Pierre Bourdieu. Segundo Bourdieu, o habitus representa a socialização duradoura de um indivíduo que determina suas atitudes e ações. Isso permite classificar as pessoas de acordo com sua classe social, já que os membros de cada classe compartilham um mesmo habitus.
A Sociologia estuda as sociedades humanas e as interações entre indivíduos em grupos e instituições. Surgiu no século XIX para entender os problemas decorrentes da Revolução Industrial e da organização da sociedade em classes. Três abordagens principais influenciaram seu desenvolvimento: a positivista de Comte, a dialética de Marx e a compreensiva de Weber.
A sociologia da educação de pierre bourdieuLilianeBA
O documento discute a sociologia da educação de Pierre Bourdieu, destacando suas principais contribuições e limites. Na primeira parte, analisa como Bourdieu viu a relação entre herança familiar e desempenho escolar. Na segunda parte, discute as teses de Bourdieu sobre o papel da escola na reprodução e legitimação das desigualdades sociais.
Sociologia introdução - o que é, principais pensamentos e pensadoresDaniele Rubim
O documento apresenta uma introdução à sociologia, definindo o que é sociologia e seu objeto de estudo, a sociedade e suas organizações sociais. Apresenta também os principais pensadores da sociologia como Comte, Durkheim, Marx e Weber e suas contribuições para o desenvolvimento da sociologia como ciência. Por fim, discute os diferentes modos de produção ao longo da história e como isso influenciou o surgimento da sociedade moderna.
Sociologia - Principais teoricos da sociologiaCarson Souza
Este documento fornece um resumo histórico da sociologia, desde suas origens com Auguste Comte até autores contemporâneos como Marx e Weber. Aborda conceitos-chave como solidariedade mecânica e orgânica de Durkheim e tipologias da ação social e dominação legítima de Weber.
O documento descreve a história da inserção da mulher no mercado de trabalho no Brasil. Apresenta como o papel da mulher evoluiu de cuidar do lar para participar ativamente no mercado de trabalho. Detalha as lutas feministas que conquistaram mais direitos e igualdade, como o direito ao voto. No entanto, ainda há desigualdades salariais e preconceitos que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho.
O documento apresenta um resumo da introdução à sociologia, descrevendo a ciência como o estudo do comportamento humano em sociedade. Detalha os principais marcos históricos do surgimento da sociologia como disciplina, incluindo as revoluções francesa e industrial, e apresenta pensadores fundamentais como Comte, Durkheim e Weber, além das principais correntes sociológicas.
A empresa de tecnologia anunciou um novo smartphone com câmera aprimorada, tela maior e bateria de longa duração por um preço acessível. O dispositivo tem como objetivo atrair mais consumidores em mercados emergentes com suas especificações equilibradas e preço baixo. Analistas esperam que as melhorias e o preço baixo impulsionem as vendas do novo aparelho.
O documento discute os desafios da inteligência artificial em fornecer resumos concisos de longos textos mantendo a precisão das informações. Ele argumenta que embora os sistemas de IA tenham melhorado na geração automática de resumos, ainda há trabalho a ser feito para resumir documentos de forma consistente e informativa em poucas frases ou menos.
Ppt por isabel p. santos tr42 - o processo de socialização contemporâneo im...Isabel Santos
O documento discute o processo de socialização contemporâneo e suas implicações para a educação. Aborda como a cultura centralizou a construção das subjetividades e potencializou instituições como mídia e religião. Também analisa como os indivíduos ganharam maior capacidade reflexiva e como a desinstitucionalização afetou a educação. Finalmente, reflete sobre como a escola pode lidar com os novos desafios da socialização contemporânea.
Estereótipos femininos fomentados pelos meios de comunicaçãoCassia Barbosa
1) O documento discute os estereótipos femininos perpetuados pelos meios de comunicação de massa. 2) Ele argumenta que esses meios promovem visões estereotipadas das mulheres que reforçam desigualdades de gênero. 3) A autora defende que é necessário questionar essas representações limitadas para avançar em direção a maior igualdade.
Este documento discute la violencia simbólica contra las mujeres y cómo erradicar la violencia en general. Argumenta que para eliminar la violencia contra las mujeres se debe eliminar primero la violencia general, ya que las mujeres son las primeras víctimas cuando domina la ley del más fuerte. También explica cómo la dominación masculina coloca a las mujeres en un estado permanente de inseguridad a través de la violencia simbólica y afectiva. Finalmente, propone que se debe promover una ética de la libertad personal, la autoestima y el cuidado de
Este documento discute a produção simbólica e diversidade cultural em três pontos: 1) Como a arte circula entre diferentes espaços ao longo da história; 2) A emergência de campos autônomos de produção, circulação e consumo de bens culturais; 3) A importância de reconhecer e promover a diversidade cultural por meio do diálogo e intercâmbio entre diferentes expressões culturais.
O documento discute o conceito de ética, definindo-a como o estudo do comportamento moral dos indivíduos na sociedade. Também aborda os conceitos de moral e ética profissional, e lista exemplos de comportamentos éticos esperados de profissionais de enfermagem no trabalho. Por fim, destaca os direitos fundamentais dos pacientes.
O documento discute a ética segundo diferentes filósofos. Aristóteles define ética como uma atividade da alma de acordo com virtudes que levam à felicidade. Para Epicuro, ética está ligada ao prazer, que é a fonte da felicidade. Platão vê a ética como acesso às ideias inteligíveis para pensar antes de agir.
Este documento apresenta uma introdução à ética filosófica discutindo seus principais conceitos e temas. A ética é definida como a reflexão sobre valores e princípios para guiar a ação humana visando o bem, a virtude e a justiça. Normas morais podem ser individuais ou sociais, tendo como base valores morais assumidos por pessoas ou grupos, ou podem ser jurídicas quando baseadas no poder do Estado. A consciência reflexiva do homem permite escolher entre opções e julgar ações como boas ou más.
1) O documento resume um artigo sobre a obra do filósofo Alasdair MacIntyre e sua análise da situação atual da moralidade.
2) MacIntyre argumenta que a linguagem moral contemporânea está em desordem e que as filosofias dominantes não reconhecem esse problema.
3) Seu livro After Virtue busca mostrar como o projeto iluminista de justificar a moral racionalmente levou ao fracasso e ao emotivismo na cultura moderna.
1) O documento discute reflexões sobre o "Homo Sociologicus", ou seja, como a sociologia representa o ser humano típico.
2) Existem dois modelos principais: o homem durkheimiano, que vê a sociedade como precedente ao indivíduo, e o homem weberiano, que enfatiza mais a agência individual.
3) Há uma tensão entre essas visões na sociologia, refletindo o dilema entre solidariedade social versus emancipação individual.
1) O documento discute reflexões sobre o "Homo Sociologicus", ou seja, sobre como a sociologia representa o ser humano em suas abstrações típicas.
2) Duas representações são destacadas: o "homem durkheimiano", para quem a sociedade tem precedência sobre o indivíduo, e o "homem weberiano", que enfatiza mais a agência individual.
3) Essas duas imagens convivem de forma tensa na teoria social, refletindo a duplicidade entre solidarismo e individualização presente desde os primórdios da
CLASTRES, Pierre. Arqueologia da Violência.pdfVIEIRA RESENDE
Este documento é um prefácio para o livro "Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política" de Pierre Clastres. O prefácio descreve o itinerário intelectual de Clastres, começando com sua formação em filosofia e entrada na etnologia influenciado por Lévi-Strauss. Clastres questionou visões dominantes da época sobre sociedades primitivas e poder, abrindo caminho para novas reflexões sobre tempo, história e política. Seu trabalho evoluiu da etnografia para uma crítica da antropologia
1) O documento é um livro escrito por Pierre Clastres que estuda a violência nas sociedades primitivas através de uma perspectiva antropológica e política.
2) O livro contém 11 capítulos que discutem tópicos como mitos, ritos, poder, economia e guerra em sociedades indígenas da América do Sul.
3) O autor argumenta que essas sociedades desenvolveram mecanismos para impedir a emergência de uma figura de poder centralizada e manter a liberdade coletiva
1) O documento discute a "ilusão biográfica", ou a ideia de que uma vida pode ser resumida como uma história coerente e linear.
2) Ele argumenta que as vidas humanas são na verdade descontínuas e fragmentadas, sem um sentido ou direção unificadora.
3) A noção de uma "história de vida" é uma ficção retórica que é reforçada pela tradição literária, mas que não reflete a realidade caótica e aleatória da existência humana.
Este diálogo entre Pierre Bourdieu e Roger Chartier discute as tensões entre abordagens objetivistas e subjetivistas nas ciências sociais. Bourdieu argumenta que essa é uma falsa oposição enraizada em problemas políticos reais. Ele defende uma abordagem que engloba tanto a objetividade quanto o ponto de vista subjetivo dos agentes sociais.
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Este documento discute a abordagem do corpo na teoria antropológica. Aponta que autores como Michael Jackson argumentam que a subjectividade está localizada no corpo, contrariando a ideia de cultura como algo superorgânico. Também discute como Mauss e Douglas viam o corpo como inscrito pela sociedade, enquanto outras perspectivas enfatizam a agência do corpo. Por fim, mapeia as principais áreas de estudo do corpo na antropologia contemporânea, incluindo incorporação, construção do self, corpos d
Lallement, Michel - Historia das Ideias Sociologicas v1.pdfCarinaSilva626903
Este livro oferece aos estudantes e professores de sociologia uma visão panorâmica da evolução do pensamento sociológico desde a Antiguidade até Max Weber. O livro apresenta os principais marcos teóricos e textos que moldaram o desenvolvimento da sociologia ao longo da história.
O documento discute dois ensaios de Lévi-Strauss sobre a relação entre História e Etnologia. No primeiro ensaio de 1949, Lévi-Strauss argumenta que a Etnologia deve se diferenciar da História focando no presente em vez do passado. No segundo ensaio de 1983, Lévi-Strauss adota uma abordagem mais conciliatória entre as disciplinas.
Para ler michel foucault crisoston terto livroMarcos Silvabh
Este documento é um resumo de três capítulos de um livro sobre as idéias de Michel Foucault. O autor apresenta brevemente a vida e obra de Foucault, dividindo seu pensamento em dois momentos: a arqueologia e a genealogia. O resumo também fornece um panorama geral sobre como Foucault analisou a relação entre discurso, poder e verdade.
O documento discute as diferentes formulações utilizadas por Foucault para se referir à estética da existência, como "forma", "estilo", "estética", "arte" e "beleza". Embora esses termos sejam usados quase como sinônimos, eles possuem implicações diversas. O artigo sugere que a proposta de "construir a própria vida como uma obra de arte" faz mais sentido hoje do que a de "construir uma vida bela", devido às transformações desses termos ao longo da história.
O texto resume o livro "Questões fundamentais da sociologia: indivíduo e sociedade", de Georg Simmel. A obra é apresentada como um resumo conciso da grande obra de Simmel "Sociologia", buscando apresentar de forma sintética os principais conceitos da sociologia de Simmel. O autor argumenta que a obra de Simmel pode ser entendida como uma "sociologia menor", no sentido de desterritorializar fronteiras disciplinares e abordar temas de forma não ortodoxa, contribuindo para uma reflexão sociológica original sobre a modernidade.
Sociologia auguste comte e o positivismo-2019-e6bc2d32e51a3c42b46ec0afb1a959d7ssuser0fbd94
O documento descreve as ideias fundamentais de Auguste Comte, considerado um dos fundadores da Sociologia. Comte defendia a aplicação de métodos científicos para estudar a sociedade e delimitou o campo de estudo da Sociologia. Ele também propôs que o pensamento humano passa por três estágios: teológico, metafísico e positivo, neste último baseado na observação e experimentação.
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Este documento apresenta um conjunto de questões sobre sociologia clássica, abordando os principais conceitos e autores desta corrente, como Marx, Durkheim e Weber. As questões tratam de tópicos como o surgimento da sociologia, os objetos de estudo dos principais sociólogos e suas teorias sobre fatos sociais, ação social e ideologia.
Errico Malatesta, Revolta e Ética anarquista - Nildo AvelinoBlackBlocRJ
Este documento discute a trajetória do anarquismo e as contribuições de suas principais figuras históricas como Proudhon, Bakunin, Kropotkin e Malatesta. O autor argumenta que o anarquismo evoluiu de um sentimento intuitivo da vida com Proudhon para uma sistematização com Kropotkin, perdendo seu elemento ético original, que foi recuperado por Malatesta ao fundamentar o anarquismo em bases éticas e políticas.
1) O documento discute diferentes abordagens antropológicas como estruturalismo, antropologia cultural e comunicação.
2) Ele explora os conceitos-chave de Lévi-Strauss sobre estruturas que preexistem às culturas e sobre invariantes culturais.
3) O documento também discute a rejeição do estruturalismo a abordagens históricas e empiristas e sua ênfase na compreensão das estruturas subjacentes às culturas.
Luís Bernardo Honwana foi um escritor moçambicano que publicou o conto "As Mãos dos Pretos" em 1964. O conto explora as diferentes explicações dadas para a cor mais clara das mãos de pessoas negras, criticando as visões racistas. No final, a mãe do narrador sugere que Deus fez as mãos de todos iguais para mostrar a igualdade essencial entre os homens.
Um amor conquistado o mito do amor materno (pdf) (rev)Fernanda Câmara
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Cassandra rios e o tesão de mulher por mulherFernanda Câmara
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A União Europeia está considerando novas regras para veículos autônomos. As propostas incluem exigir que os fabricantes assumam responsabilidade total por acidentes e monitorar os sistemas para garantir a segurança. Os regulamentos propostos visam equilibrar o progresso tecnológico com a proteção dos passageiros e pedestres.
La Unión Europea ha acordado un embargo petrolero contra Rusia en respuesta a la invasión de Ucrania. El embargo forma parte de un sexto paquete de sanciones y prohibirá la mayoría de las importaciones de petróleo ruso en la UE a finales de este año. Algunos estados miembros aún dependen en gran medida del petróleo ruso y se les ha concedido una exención, pero se espera que todo el petróleo ruso quede prohibido para fines de 2023.
1) O estudo analisou como professores do ensino fundamental utilizam a avaliação dos alunos para escolher conteúdos e metodologias em sequências didáticas.
2) Os resultados mostraram que a professora observada não planejava suas aulas com base nas dificuldades dos alunos, não fazendo da avaliação um processo de orientação da prática pedagógica e promoção da aprendizagem.
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DIAGNÓSTICO DAS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E DE GRAMÁTICA NAS AULAS DE LÍNGUA PO...Fernanda Câmara
Este documento discute as concepções de linguagem e gramática predominantes no ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Analisa três concepções de linguagem - como expressão do pensamento, instrumento de comunicação e forma de interação - e três concepções de gramática - normativa, descritiva e internalizada. Relata uma pesquisa aplicando questionários a alunos e professores para diagnosticar quais concepções predominam em suas aulas de Português.
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1) A gramática tradicional tem uma visão normativa e não consegue explicar completamente a natureza da linguagem;
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3) A gramática estrutural vê a língua como um sistema autônomo regido por leis internas, porém exclui aspectos
O documento apresenta uma lista de termos em LIBRAS relacionados à família, meios de transporte, sentimentos e características pessoais, com imagens ilustrativas tiradas de um dicionário trilíngue.
O documento discute os tipos de frase em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), incluindo afirmativa, interrogativa, exclamativa e negativa. As expressões faciais e corporais são usadas para distinguir entre os tipos de frase, assim como a entonação é usada em português. Adjetivos em LIBRAS também são discutidos, com muitos sendo iconicos e descritivos.
O documento discute como os números são representados em LIBRAS, incluindo cardinais, ordinais e quantidades. É incorreto usar a mesma configuração de mãos para cardinais em contextos de ordinais ou quantidades. Cardinais são usados para códigos como números de telefone. Ordinais são sinalizados com movimento.
A LIBRAS é reconhecida como língua oficial dos surdos no Brasil desde 2002. Apresenta uma estrutura gramatical própria com parâmetros como configuração manual, ponto de articulação e movimento. Surgiu a partir da mistura da língua francesa de sinais com a língua brasileira de sinais antiga e é usada por uma grande comunidade surda no país.
Este plano de ensino descreve um curso de Teoria Literária II, focado na poesia. O curso explorará operadores de leitura da poesia da tradição à modernidade, abordagens críticas como formalismo russo e pós-colonialismo, e objetivos de reconhecer conceitos fundamentais da teoria da poesia.
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O documento apresenta informações sobre a poeta lírica Safo de Lesbos, que viveu entre os séculos VII e VI a.C. Ela foi a primeira grande poeta da literatura ocidental e fundou uma escola para meninas em Lesbos, onde ensinava música, poesia e dança. Sua paixão por uma de suas alunas, chamada Átis, inspirou muitos de seus poemas. Safo se suicidou atirando-se ao mar após ser rejeitada por Átis.
O documento discute a perda da "aura" nas obras de arte devido à reprodução em massa facilitada pela fotografia, cinema e televisão. A aura refere-se à singularidade e presença única das obras de arte. Sua reprodução em larga escala as torna familiares e banais, desgastando sua autenticidade. Isso também mudou a atitude do público de uma contemplativa para uma mais participativa, influenciada pelos meios audiovisuais.
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Biblioteca UCS
A biblioteca abriga, em seu acervo de coleções especiais o terceiro volume da obra editada em Lisboa, em 1843. Sua exibe
detalhes dourados e vermelhos. A obra narra um romance de cavalaria, relatando a
vida e façanhas do cavaleiro Clarimundo,
que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
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proposta curricular para educação de jovens e adultos- Língua portuguesa- anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Planejamento de unidades letivas para professores da EJA da disciplina língua portuguesa- pode ser trabalhado nos dois segmentos - proposta para trabalhar com alunos da EJA com a disciplina língua portuguesa.Sugestão de proposta curricular da disciplina português para turmas de educação de jovens e adultos - ensino fundamental. A proposta curricular da EJa lingua portuguesa traz sugestões para professores dos anos finais (6º ao 9º ano), sabendo que essa modalidade deve ser trabalhada com metodologias diversificadas para que o aluno não desista de estudar.
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfenpfilosofiaufu
Caderno de Resumos XVIII Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFU, IX Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e VII Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio
livro para professor da educação de jovens e adultos analisarem- do 4º ao 5º ano.
Livro integrado para professores da eja analisarem, como sugestão para ser adotado nas escolas que oferecem a educação de jovens e adultos.
livro da EJA - 2a ETAPA - 4o e 5o ano. para análise do professorpdf
Bourdieu
1. 1
O sexo da dominação
Mariza Corrêa
“É também no jogo de palavras, e em particular através
dos duplos sentidos carregados de subentendidos,
que os fantasmas sociais do filósofo encontra[ra]m ocasião
de se manifestar sem ter de se declarar(..).” P. Bourdieu, 1995 (1990)
Há quase uma década Pierre Bourdieu vem se dedicando a tentar entender a
dominação masculina, ou a sujeição feminina, no âmbito de sua reflexão a respeito da
economia dos bens simbólicos: o livro publicado agora incorpora quase todas as
tentativas anteriores, retomando, mais uma vez, as pesquisas a respeito da sociedade
Cabila, com ênfase na lógica do dom como substrato de sua compreensão da reprodução
do capital social e do capital simbólico.1
É justamente o uso que Bourdieu faz dessa lógica, quando aplicada à nossa
sociedade, que faz pensar no que Anne-Christine Taylor chamou de paradoxo2: mas, se
1
Pela ordem, os textos são: “La domination masculine”, Actes de la recherche en sciences sociales (84),
1990 [ “A dominação masculina”, tradução de Guacira Lopes Louro, Educação e realidade, 20 (2), 1995];
“Nouvelles réflexions sur la domination masculine”, Les Cahiers du GEDISST/Seminaire 1993-1994,
Paris, IRESCO, 1994 [“Novas reflexões sobre a dominação masculina”, tradução de Marta Julia Marques
Lopes, em M.J.M.Lopes, org., Gênero e saúde, Pôrto Alegre, Artes Médicas, 1996]; “Conferência do
Prêmio Goffman: a dominação masculina revisitada”, proferida em 1996, traduzida por Roberto Leal
Ferreira, em Daniel Lins, org., A dominação masculina revisitada, Campinas, Papirus, 1998 e La
domination masculine, Paris, Éditions du Seuil, 1998.
2
“É legítimo, e em que condições, isolar um objeto como o ‘americanismo tropical’? Este tipo de questão
possibilita, de saída, explicitar um paradoxo. Todos os pesquisadores de campo sabem que o critério
geográfico é determinante da maneira pela qual eles abordam ou constroem uma problemática. Entretanto,
se reconhecemos - no meio profissional e em tom de brincadeira - um ‘estilo’ particular do trabalho e da
personalidade dos etnólogos em função do lugar no qual eles realizam suas pesquisas, os possíveis efeitos
dessas diferenças de abordagens, num nivel propriamente científico, são em geral negligenciados ou
ocultados e não afetam o postulado, sob muitos aspectos fictício, da homogeneidade teórica e conceitual da
etnologia.”A-C.Taylor, “L’americanisme tropical, une frontière fossile de l’ethnologie?”, em Britta RuppEisenreich, Histoires de l’Anthropologie (XVI- XIX siècles), Paris, Klincksieck, 1984.
Deixo de lado aqui toda uma interessante discussão derivada dessa questão e expressa nas crescentes
dúvidas dos antropólogos a respeito de tradições “locais” - ver, por exemplo, A.Appadurai, “Putting
hierarchy in its place”, Cultural Anthropology 3 (1), 1988. Se em seus textos sobre a dominação
masculina Bourdieu aloca a Cabília à tradição mediterrânea, seus trabalhos sobre a região tem sido
também, com frequência, alocados à “tradição” islâmica - ver, por exemplo, Lila Abu-Lughod, “Zones of
theory in the Anthropology of the Arab world”, Annual Review of Anthropology (18), 1989.
O próprio Bourdieu já observara: “Assim, o laço entre a sociedade argelina e a religião muçulmana não é o
de causa e efeito mas, antes, o do implícito e do explícito, do vivido e do formulado. A religião muçulmana
oferece a língua por excelência na qual se enunciam as regras tácitas de conduta. A sociedade argelina se
2. 2
os antropólogos trazem para a sua cultura nativa ecos da cultura dos nativos que
estudaram, modificando o léxico da sua disciplina, será mesmo um paradoxo que levem
esses ecos para suas análises de outras culturas? Quando o particular se torna universal,
deve ser recolocado em seu lugar para deixar de ser visto como tal?
As análises de Pierre Bourdieu a respeito da universalidade da dominação
masculina, evocando seus estudos das décadas de cinquenta e sessenta sobre a sociedade
Cabila parecem, no entanto, à primeira vista, dedicadas antes a exibir todos os
estereótipos da “lógica ocidental” que textos recentes de teóricas ou antrópologas
feministas tem se empenhado em exorcizar: uma lógica que utiliza como suporte pares de
oposição como cultura/natureza; sujeito/objeto; público/privado; nós/outros e, por fim,
masculino/feminina e que poderia ser lida, assim, como produto exemplar dessa lógica,
por oposição à “lógica do dom”.3 Mas o que faz com que a descrição de Bourdieu pareça
uma caricatura dessa lógica, quando aplicada às nossas sociedades - e não porque os
Cabila, tratados como um “caso-limite”, um “conservatório” do nosso “inconsciente
cultural”, possam ser vistos como uma caricatura do Ocidente - é que coexistem mal nos
textos a observação, quase de passagem, sobre a crítica feminista a respeito da
“monopolização gramatical do universal” e sua insistência na universalidade da
supremacia masculina, isto é, o reconhecimento da existência de uma postura crítica
dessa supremacia, só possível nas sociedades ‘modernas’, e a insistência na permanência
de valores ‘arcaicos’, não em certos interstícios dessas sociedades, mas como princípio
determinante e estruturador delas.4 Bourdieu se penitencia de ter adotado em outro texto
quer e se proclama muçulmana e o próprio desse querer é fazer ser o que se quer apenas pelo fato de
formulá-lo.” Sociologie de l’Algérie, Paris, Presses Universitaires de France, 1985 (1958):100.
3
A principal referência teórica aqui é Marilyn Strathern que em The gender of the gift - problems with
women and problems with society in Melanesia (Berkeley, University of California Press, 1988) oferece
uma cerrada argumentação contra a utilização desses pares de oposição derivados de ‘nossa’ lógica para
analisar outras sociedades e, particularmente, as sociedades da Melanésia às quais a lógica do dom é
tradicionalmente associada. Ver também C.MacCormack e M.Strathern, eds., Nature, culture and gender
(Cambridge, Cambridge University Press, 1980).
4
1995:nota 10: “E a força da evidência dóxica vê-se no fato de que esta monopolização gramatical do
universal, atualmente reconhecida, não aparece na sua verdade senão a partir da crítica feminista.”
Há algo de derrisão no tom geral desse primeiro artigo de Bourdieu que é difícil de apanhar e que parece
quase explicitar-se nos comentários maldosos sobre Simone de Beauvoir, Luce Irigaray e Julia Kristeva,
algo como o que se chama, em inglês, de patronizing , e também no tom que ele empresta à sua magistral
(de mestre) demonstração da lógica da dominação masculina. A desqualificação sistemática do que os
linguistas chamariam de contradiscurso - e que Bourdieu chamaria de campo de estudos feministas, se o
reconhecesse como tal - talvez explique o mal-estar da leitora que vê toda a ênfase ser colocada no
3. 3
“uma definição etnocêntrica de trabalho” para analisar a divisão de trabalho entre os
sexos, levando em conta “apenas as atividades produtivas”(ênfase original), já que nas
sociedades pré-capitalistas trata-se do “exercício de uma função social que poderíamos
denominar ‘total’ ou indiferenciada”: “é o caso, na sociedade Cabila e na maioria das
sociedades pré-capitalistas, mas também na nobreza do Ancien Régime e nas classes
privilegiadas das sociedades capitalistas, de todas as práticas direta ou indiretamente
orientadas para a reprodução do capital social e do capital simbólico”. “Ora, aceitar tal
definição mutilada é impedir-se de apreender inteiramente a estrutura objetiva da
divisão sexual (ênfase adicional), das ‘tarefas’ ou dos encargos (ênfase original), que se
estende a todos os domínios da prática”(ênfase adicional).[1998:53]O parágrafo se
refere à sociedade Cabila mas, como veremos, Bourdieu vai utilizar livremente essa
definição ampliada de trabalho para analisar a lógica da dominação simbólica vigente nas
sociedades capitalistas. Isto é, de uma visão etnocêntrica, que aplicava aos Cabila a noção
ocidental de trabalho, passa-se a utilizar uma noção definida como pré-capitalista para
explicar a divisão sexual, do trabalho e todas as outras, nas sociedades capitalistas.
Universalidade e atemporalidade. Ao empurrar a dominação masculina para um ponto
remoto de nossa história - e para um “estado arcaico” - fazendo-a enraizar-se num difuso
inconsciente cultural que é o nosso, ainda que não o seja mais 5, Bourdieu se coloca
também numa perspectiva exterior a ela, isto é, na de um analista isento da lógica que
Discurso da Ordem, no Discurso Dominante . E, no entanto, nada mais parecido com a sua demonstração
do que a análise empreendida por Simone de Beauvoir em O segundo sexo, cujo cinquentenário acaba de
ser comemorado: texto que se pode ser considerado como marco simbólico da instauração legítima,
institucional, do contradiscurso feminista ao discurso da filosofia ocidental, pode ser visto, também, como
uma diatribe contra as mulheres, em tudo semelhante à análise empreendida por Bourdieu. Compare-se este
texto com a Conclusão do Volume II, “A experiência vivida”, de O Segundo Sexo, São Paulo, Difusão
Européia do Livro, 1960, tradução de Sergio Milliet.
5
“Mas este inconsciente cultural, que é ainda o nosso, não encontra jamais expressão direta e aberta na
tradição letrada do Ocidente (..).” (1995:136) É à tradição letrada do Ocidente, justamente, que se dirigem
críticas como as de Simone de Beauvoir e de Judith Butler - para só citar uma precursora e uma
representante contemporânea da linhagem filosófica do feminismo. Ver a radical mudança de posição do
autor a este respeito à p.94 de seu livro (na qual “toda a cultura letrada” é cúmplice de um “discurso oficial
sobre o segundo sexo”), ao qual incorpora também uma boa amostra da literatura feminista contemporânea,
sem no entanto reconhecer a contribuição dessa análise ao problema que ataca: a “história das mulheres”
(aspas do autor) “não pode se limitar a registrar, por exemplo, a exclusão das mulheres de tal ou qual
profissão, de tal ou qual experiência, de tal ou qual disciplina; deve também perceber e dar conta da
reprodução e das hierarquias (profissionais, disciplinares, etc.) e das disposições hierárquicas que elas
possibilitam e que levam as mulheres a contribuir para sua exclusão dos lugares dos quais elas são de
qualquer modo excluídas.” (ênfase adicional)
4. 4
analisa, não contaminado nem pela “visão masculina”, que denuncia, nem pelo
“inconsciente masculino” que é, não obstante, o nosso inconsciente cultural.6 Parte
daquela tradição letrada do ocidente, pode também olhar para essas cenas que expressam
a “mitologia coletiva” - “[e]ste universo de discursos e de atos rituais inteiramente
orientados para a reprodução de uma ordem social e cósmica baseada na afirmação
ultraconsequente do primado da masculinidade” - como integrante de uma sociedade que
só permite que este inconsciente aflore “seja através da licença poética, seja na
experiência semi-particular da cura analítica.” (1995: 135, ênfase adicional)
Em segundo lugar, é difícil conciliar os fundamentos da ‘lógica ocidental’ com o
da lógica Cabila: ainda que se aceitasse sua pertinência ao mundo mediterrâneo e, por
extensão, se aceitasse um substrato comum às diversas culturas que aí existem7, é difícil
aceitar a transposição daqueles pares de oposição, como traços isolados do contexto
social, de uma sociedade para a outra e vice-versa: como se Bourdieu tivesse sido vítima
do mesmo “efeito Montesquieu” que ele utiliza para criticar Lacan
8
e, parafraseando,
tivesse lançado mão de instrumentos do pensamento pelos quais a sociedade Cabila se
pensa(va) para pensar a dominação masculina na nossa sociedade e, vice-versa, dos
instrumentos pelos quais a nossa sociedade se pensa, para pensar a dominação masculina
na sociedade Cabila.
Ignorando todos os trabalhos de pesquisa empírica ou de reflexão teórica feitos
pelas feministas contra a hegemonia e a homogeneidade da dominação masculina - e
aparentemente esquecendo seu próprio trabalho de desmistificação da relação entre
homens na sociedade Cabila, no que diz respeito aos arranjos de parcerias conjugais, que
6
Num de seus textos (a conferência do Prêmio Goffman), ele afirma, entre parenteses, a respeito das
pesquisas sobre gênero:“(trabalhos que li, em sua maioria, apenas ex post, depois de ter realizado a minha
própria investigação, por medo de ser desviado para direções estipuladas pelo inconsciente masculino, que
todos eles partilhavam.)”1998:16
7
Sarah Pink dedica um capítulo de sua interessante monografia sobre as toureiras em Andaluzia à
discussão das críticas que o complexo honra e vergonha, considerado típico das relações entre homens e
mulheres no Mediterrâneo, vem recebendo (Women and bullfighting - gender, sex and the consumption
of tradition, Oxford, New York: Berg, 1997). Ver especialmente A. Cornwall e N.Lindisfarme, eds.,
Dislocating masculinity:comparative ethnografies, London:Routledge, 1994.
8
“Pode-se, assim, questionar se o discurso do psicanalista não está atravessado, até em seus conceitos e em
sua problemática, por um inconsciente não analisado que, exatamente como entre os analisandos, o
ludibria, graças principalmente a seus jogos de palavras teóricos; e se, em consequência, não extrai, sem
5. 5
aparecem, de fato, na sua análise, como uma relação entre mulheres que aparecia como se
fosse feita entre homens
9
- Bourdieu passa quase sem transição da análise de uma
dominação que é social, para uma dominação que é masculina e, dessa, para um modo de
dominação no qual o sexo do dominante é determinante: homens e mulheres voltam à
cena textual esquecidos de sua origem Cabila ou ocidental, das distinções de classe, ou
outras, como homens e mulheres.10 Sua prezada noção de habitus, quando aplicada à
categorias sociais históricas, parece não ter marcação de gênero [“Dizer que ‘noblesse
oblige’ é o mesmo que dizer que a nobreza que está inscrita no corpo do nobre - sob a
forma de um conjunto de disposições de aparência natural (o meneio de cabeça, o porte, a
maneira de andar, o ethos tido como aristocrático, etc.) - governa o nobre, acima de
qualquer constrangimento externo.” ] mas, quando marcada pelo sexo, parece atemporal “maneiras de ser permanentes” (1995:146/148).11
No livro, esta posição é bem explicitada e apresentada como a sua questão
central:
sabê-lo - das regiões impensadas de seu inconsciente os instrumentos de pensamento que emprega para
pensar o inconsciente.” (1995:134, ênfase original.)
9
Esquisse d’une théorie de la pratique, Droz, Genebra, 1972. Em Le Sens pratique, reafirma que “a
teoria etnológica retoma por sua conta a teoria oficial (isto é, conforme os interesses masculinos)”
(1980:310).
10
Só isso explica sua longa inserção de uma análise sobre um romance de Virginia Woolf - com direito a
outro comentário maldoso sobre suas leitoras feministas - como um capítulo de seu livro.
11
Compare-se suas descrições dessas maneiras de ser permanentes com a descrição de Fanon sobre a
atuação das mulheres argelinas na revolução. Bourdieu: “E a exclusão do espaço público que, quando se
afirma explicitamente, como entre os Cabila, condena as mulheres a espaços separados e a uma censura
implacável de todas as formas de expressão pública, verbal ou mesmo corporal - fazendo da travessia de
um espaço masculino, como os acessos ao lugar da assembléia (thajmaâth) uma prova terrível - pode se
realizar em qualquer outra parte de modo tão eficaz. Ela toma a forma dessa espécie de agorafobia
socialmente imposta que pode sobreviver muito tempo à abolição das proibições mais visíveis e que leva as
mulheres a se excluirem a si mesmas da ágora.” (1995:147;1998:45, ênfase adicional; ver também 1998:
33,34,45.) F.Fanon: “ É preciso voltar a esta jovem, que ontem tirou o véu, avançando na cidade européia
coberta de policiais, de para-quedistas, de milicianos. Ela não caminha mais junto aos muros, como tendia
a fazer antes da revolução. Constantemente chamada a se apagar diante de um membro da sociedade
dominante, a argelina evitava o centro da calçada que, em todos os países do mundo, pertence de direito
aos que mandam. As espáduas da argelina que tirou o véu se endireitam. O passo é solto e planejado, nem
muito rápido, nem muito lento. As pernas estão nuas, não presas num véu, deixadas a seu bel-prazer, e as
ancas estão ‘liberadas’. (..) Quando a argelina precisa atravessar uma rua, durante muito tempo ela erra no
julgamento da distância exata a percorrer. O corpo desvelado parece escapar, ir-se aos pedaços. (..) Ela
precisa inventar rapidamente novas dimensões para seu corpo, novas formas de controle muscular. Ela
precisa criar para si um um passo de mulher-desvelada-fora. (..)A argelina que entra completamente nua na
cidade européia reaprende seu corpo ..” F.Fanon, “L’Algérie se dévoile”, Sociologie d’ne révolution,
Paris:Maspero, 1972. Ver a tradução visual dessa análise do re-aprendizado do corpo feminino no filme A
batalha da Argélia, de G. Pontecorvo.
6. 6
“ De fato é surpreendente constatar a extraordinária autonomia das estruturas
sexuais em relação às estruturas econômicas, dos modos de reprodução em
relação aos modos de produção: reencontramos, no essencial, o mesmo
sistema de esquemas classificatórios não importa o século ou as diferenças
econômicas e sociais, nos dois extremos do espaço das possibilidades
antropológicas, entre os camponeses montanheses da Cabília e entre os
grandes burgueses ingleses de Bloomsbury; e os pesquisadores, quase sempre
vindos da psicanálise, descobrem, na experiência psíquica de homens e
mulheres de hoje, processos em sua maioria profundamente recalcados os
quais, como o trabalho necessário de separação do menino de sua mãe ou os
efeitos simbólicos da divisão sexual de tarefas e do tempo na produção e na
reprodução, podem ser observados claramente nas práticas rituais, realizadas
pública e coletivamente e integradas no sistema simbólico de uma sociedade
toda ela organizada segundo o princípio do primado da masculinidade. Como
explicar que a visão androcêntrica sem atenuantes nem concessões de um
mundo no qual as disposições ultra-masculinas encontram as condições mais
favoráveis a sua atualização nas estruturas da atividade agrária - ordenada de
acordo com a oposição entre o tempo do trabalho, masculino, e o tempo da
produção, feminino -, e também na lógica de uma economia de bens
simbólicos plenamente concretizada, possa ter sobrevivido às profundas
mudanças que afetaram as atividades produtivas e a divisão do trabalho,
relegando a economia dos bens simbólicos a um pequeno número de ilhas,
cercadas pelas águas geladas do interesse e do cálculo? ”(1998:89, ênfase
adicional.) Ou: “ é preciso reconstruir a história do trabalho histórico de
deshistoricização ou, se se prefere, a história da (re)criação continuada das
estruturas objetivas e subjetivas da dominação masculina que se realizam
permanentemente, desde que homens e mulheres existem, e através da qual a
ordem masculina foi continuamente reproduzida em todos os séculos.”
(1998:90, ênfase adicional.)
A afirmação mais taxativa de Bourdieu nesse textos - “ a universalidade de fato
da dominação masculina” (1995:137), ou a “oposição matricial masculino/feminino”
(1998:112)- sugere tanto que o etnólogo cedeu lugar ao magister quanto que a tradição
da contestação dessa dominação ou, como ele diz, da “luta cognitiva”, ainda que tão
antiga, ou tão presente, no nosso “inconsciente cultural” quanto a tradição grega por ele
evocada (Aristófanes)12 foi cuidadosamente apagada desses textos em nome do primado
12
Aristófanes é citado por ele duas vêzes: primeiro para criticar sua ausência na análise feita por Michel
Foucault, que teria ignorado, em sua História da sexualidade, autores nos quais “o velho pedestal
mediterrâneo aflora mais claramente” (1995:136) e, depois, para se antecipar ao possível argumento de que
Lisístrata seria um bom exemplo daquela contestação: trata-se de “um programa tão manifestamente
7. 7
da estrutura da dominação sexual. Bourdieu costuma dizer que se há interesse, universal,
na universalização, esta precisa, para manter-se como tal, estar sempre em guarda contra
seu desmascaramento - isto é, contra o fato de que, na prática, os universais aceitos como
norma, não são tão “universais” (nem tão normativos) assim...13
Parenteses caseiro: a minha aldeia, os garçons franceses e os pederastas
Pierre Bourdieu escreveu várias versões de seu texto final sobre a dominação
masculina; recorri a todos eles nesta análise porque acredito que o conjunto é revelador
de uma trajetória que, tendo começado pela utilização de um modo peremptório, passou
ao uso de um modo matizado de exposição sem, no entanto, ter renunciado seja ao
recurso à determinação última - a do habitus masculino e feminino inculcado no corpo de
homens e mulheres, numa operação transcultural e a-histórica, sempre a mesma - seja à
crítica, ora paternalista, ou condescendente, ora acrimoniosa, contra um campo de
estudos que desqualificou de antemão. De fato, o campo de estudos feministas só merece
esses dois tipos de menção de Pierre Bourdieu: ou as feministas não sabem o que fazem e este livro foi escrito para mostrar-lhes o caminho da verdade, ou estão tão
utópico que foi destinado a servir de tema de comédia.” (p.175) Parece que o lema ridendo castigat mores
foi inteiramente ignorado como parte de “nossa” tradição cultural...
13
Conforme P.Bourdieu, Razões práticas - sobre a teoria da ação, Campinas, Papirus Editora, 1996, pp.
153 a 156 e 223 a 228. Ver também P.Bourdieu e L. Wacquant, “Sur les ruses de la raison impérialiste”,
Actes de la recherche en sciences sociales 121/122, 1998: “Nada é mais universal que a pretensão ao
universal ou, mais precisamente, à universalização de uma visão de mundo específica (..).” Este texto é um
contraponto interessante à análise de Bourdieu sobre a dominação masculina: analisando o caso brasileiro,
os autores se insurgem contra a dominação americana no campo de estudos das relações raciais, que estaria
promovendo a universalização de lugares comuns cuja “origem está nas realidades complexas e
controversas de uma sociedade histórica específica, tacitamente constituída como modelo e medida de
todas as coisas.” Contrastando a situação americana com a brasileira, os autores criticam o ‘dualismo
rígido’ entre Brancos e Negros vigente nos Estados Unidos: “Ora, as formas pelas quais os indivíduos
procuram o reconhecimento de sua existência e de sua pertinência pelo Estado variam conforme os lugares
e os momentos em função de tradições históricas e constituem sempre uma ocasião de lutas na história.
Assim, uma análise comparativa aparentemente rigorosa e generosa pode, até sem que seus autores disso
tenham consciência, contribuir para exibir como universal uma problemática feita pelos e para os
americanos.” (110/117) Agradeço a Héctor Segura ter chamado minha atenção para este texto.
8. 8
contaminadas pela lógica da dominação masculina que suas análises são simples réplicas
do mesmo esquema classificatório de sempre.14
Parece irônico que o teórico da noção de campo seja tão insensível à sua própria
entrada intempestiva num campo (o dos estudos feministas) do qual ele tem escasso
conhecimento e cuja existência desqualifica ao longo de toda sua escrita desses textos:
talvez isso explique também a nota envergonhada de agradecimento do livro que é, até
agora, o texto final sobre o assunto, e na qual se abstém de mencionar as feministas que
colaboraram para matizar suas idéias iniciais, dizendo não saber se isso seria bom ou mau
para elas... O autor invoca, na conclusão, o argumento, que tantas vêzes combateu, o da
‘autoridade científica’ - em quatro páginas e meia, a palavra ‘científico’, ou algum
sucedâneo, aparece dez vêzes. E retoma também seu modo de argumentar ao longo
desses textos todos; trata-se de um mundo no qual os agentes, ou autores, são homens ou
mulheres e nada mais. Defendendo-se de um esperado ataque por parte das mulheres que
teriam o ‘monopólio’ desse campo, diz ele: “Reivindicar o monopólio de um objeto, seja
ele qual for (seja através do simples uso‘nós’ que é utilizado em certos escritos
feministas), em nome do privilégio cognitivo apenas assegurado pelo fato de ser, ao
mesmo tempo, sujeito e objeto, e, mais precisamente, de ter experimentado na primeira
pessoa a forma singular da condição humana que se trata de analisar cientificamente, é
importar para o campo científico a defesa política dos particularismos que autorizam a
suspeição a priori, e por em questão o universalismo que, especialmente através do
direito de acesso de todos a todos os objetos, é um dos fundamentos da República das
ciências.”(p.123)
14
Não se trata de exagero: na conclusão de seu livro, P.Bourdieu afirma que se se aventurou num terreno
(não se fala de campo do conhecimento) “quase inteiramente monopolizado pelas mulheres” foi por ter
acreditado poder produzir uma análise “capaz de orientar de outro modo tanto a pesquisa sobre a condição
feminina, ou, de um modo mais relacional, sobre as relações de gênero, como a ação destinada a
transformá-las.”(124)
E em várias notas, ao longo de seus vários textos, vai registrando suas críticas ao empreendimento
feminista - no livro, nas pp.47 (Favret-Saada); 50 (Rosaldo, Ortner, Rubin); 51 ( nota interessante sobre ‘o
que deveria ter feito’ para mostrar a diferença entre suas análises e as das feministas); 93 (Simone de
Beauvoir); 105 (teóricas em geral)- notas nas quais aponta a visão restrita das pesquisadoras, quando
comparada com seu próprio trabalho. Seria ocioso listar as notas semelhantes nos outros textos, já que
todas seguem o mesmo padrão.
9. 9
Em vários momentos de seu texto - evocando a análise que faz do filósofo,
citada na epígrafe deste texto - Bourdieu se permite entrelinhas ou parenteses sobre sua
experiência particular para validar sua análise geral.15 O uso do parenteses é interessante,
é como um comentário ao lado do texto, que lhe acrescenta um valor pessoal. Seja uma
reminiscência de infância, comparada à experiência dos Cabila [ (“Também me lembro
que, na minha infância, os homens, vizinhos e amigos, que haviam matado o porco pela
manhã, numa breve demonstração, sempre um pouco exibicionista, de violência - gritos
do animal que foge, facas enormes, sangue derramado, etc. - ficavam a tarde toda, e às
vêzes até o dia seguinte, tranquilamente jogando cartas, interrompendo-se apenas para
levantar um caldeirão muito pesado, enquanto as mulheres da casa estavam atarefadas
preparando os chouriços, as salsichas, os salsichões e os patés.”)], ou [( “Quando eu era
criança, o povo de minha aldeia costumava dizer que sempre chovia na Sexta-feira Santa
e via nessa coincidência uma prova natural de sua crença religiosa.”)]; seja uma
observação a respeito da relação entre os sexos na ‘nossa’ sociedade [ (“Eis aqui um
pequeno experimento goffmaniano que vocês podem fazer para verificar isso [ o esquema
classificatório de sempre]: peçam a um garçom, num restaurante, para trazer queijo e
sobremesa. Verão que em quase todos os casos ele vai espontaneanente passar os pratos
salgados para os homens e os pratos doces para as mulheres).”].16
Os homens e as mulheres da aldeia de sua infância, as mulheres e os homens
urbanos com os quais conviveu depois de adulto, são todos corporificações de um mesmo
princípio - o da dominação masculina - que ele estende a todas as sociedades e em cada
sociedade a todos os seus segmentos. No entanto, e como ele próprio mostra em seus
15
Num texto já antigo, ainda que muito citado, C.Geertz concluía sua análise das críticas ao relativismo
cultural com a frase : “quem queria verdades caseiras deveria ter ficado em casa”. (“Anti anti-relativismo”
Revista Brasileira de Ciências Sociais ( 8 ), 1988.
16
Primeira citação em 1998:36; as duas outras em: “Conferência do Prêmio Goffman: a dominação
masculina revisitada”, p. 17. Ou ainda: “Por exemplo, nas enquetes feitas nas entradas dos museus,
numerosas mulheres interpeladas, sobretudo entre as mais desprovidas culturalmente, exprimiam seu
desejo de ceder a seu companheiro de visita o encargo de responder em seu lugar; renúncia que não se dá
sem ansiedade, como testemunham os olhares que as esposas dóceis lançam alternadamente ao marido e ao
pesquisador durante todo o tempo da entrevista. Mas mais geralmente, seria necessário recensear todas as
condutas que atestam as dificuldades quase físicas que as mulheres tem para participar das ações públicas e
para se livrar da submissão ao homem como protetor, decisor e juiz (eu lembraria aqui, para raciocinar a
fortiori, a relação entre Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre tal como a analisa Toril Moi num texto
inédito.)” 1995:147, ênfase adicional. Já os indicadores de masculinidade dos clubes ingleses seriam “os
móveis de couro, pesados, angulosos e de cor sombria.” (1998:64)
10. 10
exemplos etnográficos, trata-se, sim, de um princípio de dominação que, se
dessexualizado, rouba todo o sentido da expressão ‘dominação masculina’: seria preciso
buscar, em cada contexto, quais são os princípios básicos da dominação, antes de atribuíla, de antemão, aos homens. Isto é, o princípio da dominação, em qualquer sociedade, é
acessível, em princípio, a ‘homens’ e ‘mulheres’ - se for socialmente necessário,
politicamente desejável e economicamente ‘rentável’, ‘homens’ ou ‘mulheres’ podem, e
sempre o fizeram, ocupar o lugar da dominação. Bourdieu mesmo cita dois casos - o de
mulheres “praticamente dominantes” na sociedade cabila e o de homens que ocupam o
lugar (estrutural) de mulheres na rede de parentesco.17 Isto é, que “a masculinização do
corpo masculino e a feminização do corpo feminino” (1998:62) é socialmente tão
arbitrária quanto a “circulação de mulheres” (1998:48) - na nossa e em outras sociedades
homens e mulheres podem circular como “objetos” e mulheres e homens podem ocupar o
lugar da dominação.18
O vaivém constante em seus textos entre a análise do princípio da dominação e
sua corporificação em seres sexuados - homens - fica mais evidente nas observações de
Bourdieu a respeito dos homossexuais: “tendo sido necessariamente criados como
heterossexuais, interiorizaram o ponto de vista dominante e podem usar este ponto de
vista sobre si mesmos (o que os destina a uma espécie de discordância cognitiva e
avaliativa que contribui para sua clarividência particular) e eles compreendem melhor o
ponto de vista dos dominantes do que esses compreendem o deles.” (1998:37) Isto é, os
homossexuais, ao abandonarem a heterossexualidade, abandonam também o gênero
17
1998: 42, 49. Mais adiante ele faz também referência a um estudo de V.Karady sobre os judeus dos
países da Europa central e sua socialização no século XIX, “uma inversão perfeita do processo de
constituição do habitus masculino tal como descrito aqui”, o que “favorecia o desenvolvimento de
disposições doces e ‘pacíficas’ (atestadas pela raridade de violações e de crimes de sangue) na comunidade
judia”.(P.57, ênfase original.) Esse é o único caso citado como contra-exemplo ao longo de suas análises e,
certamente não por acaso, trata-se de um exemplo que evoca ‘disposições’ que tornavam os seres assim
socializados em vítimas potenciais... Ver adiante suas observações de 1977 sobre a pederastia (sic).
18
O que, aliás, pareceria mais compatível com a visão de Bourdieu ao longo de sua obra, ao insistir na
crítica ao “modo de pensar substancialista, que é o do senso comum - e do racismo - e que leva a tratar as
atividades ou preferências próprias a certos indivíduos ou a certos grupos de uma certa sociedade, em um
determinado momento, como propriedades substanciais, inscritas de uma vez por todas em uma espécie de
essência biológica ou - o que não é melhor - cultural” , contrastando-o com a sua construção do espaço
social, aquele no qual se inscrevem as “classes teóricas”, predispostas, “mais do que qualquer outro recorte
teórico, mais, por exemplo, do que o recorte conforme sexo, etnia, etc, a se tornarem classes no sentido
marxista do termo.” (P.Bourdieu, Razões práticas - sobre a teoria da ação, Campinas, Papirus, 1996,
p.25.)
11. 11
masculino e deixam de lado todo aquele lento trabalho “dos esquemas que estruturam a
percepção dos órgãos sexuais e mais ainda, da atividade sexual”?
19
Ao mudarem a
orientação de sua sexualidade, passam de dominantes a dominados, e adquirem - mas expost facto, uma vez já feito o lento trabalho de inculcação do habitus - como as mulheres,
que foram socializadas no habitus feminino, aquela “lucidez especial dos dominados”, e
mudam também seu sexo/gênero? Ou seja, os homossexuais são homens transformados
em mulheres?
Nenhum esclarecimento sobre como aquelas “maneiras de ser
permanentes” foram alteradas: é como se, sendo o sexo a origem de toda a dominação, os
“invertidos” sexuais também a invertessem. Apesar de sua clarividência, “os próprios
homossexuais .. frequentemente aplicam a si mesmos os princípios dominantes: como as
lésbicas, eles frequentemente reproduzem, nos casais que constituem, uma divisão de
papéis masculinos e femininos, pouco afeita a aproximá-los das feministas (sempre
prontas a suspeitar de sua cumplicidade com o gênero masculino ao qual eles pertencem,
ainda que ele os oprima), e por vezes levam ao extremo a afirmação de virilidade na sua
forma mais comum, sem dúvida como reação ao estilo ‘efeminado’ dominante outrora.”
(1998:130)
Reproduz-se aqui a mesma lógica da crítica dirigida às teóricas feministas - se os
homossexuais são ‘viris’ é porque incorporaram ‘disposições’ do habitus dominante,
quando foram socializados como heterossexuais, distinguindo-se, assim, das categorias
dominadas - efeminadas ; se são ‘efeminados’ é porque, além de incorporarem essas
disposições, as aplicam a um corpo que lhes apareceria, de repente, como alheio (o seu) e
agora parte da categoria dominada na relação M/f. Não há como escapar das armadilhas
do habitus dominante - tautologicamente, ele domina sempre.
19
1998:21.É interessante que aos homossexuais masculinos - mas apenas aqueles que adotam o ‘papel’
feminino? - é permitido o acesso a uma linguagem cultural inacessível a todos os outros seres, homens e
mulheres, assim socializados nos ‘papéis’ masculino e feminino.
A literatura sobre o tema da ‘reversão de papéis’ é vasta: excluindo os exemplos etnológicos, sempre vistos
como ‘exotismos primitivos’, ou a literatura psicológica sobre transsexuais, basta lembrar as análises
históricas de Natalie Davis (Culturas do povo - sociedade e cultura no início da França moderna, São
Paulo, Paz e Terra, 1990) e as análises de dois exemplos de mudança de habitus na idade adulta que se
tornaram famosos: Catalina de Erauso, Lieutenant nun - memoir of a Basque travestite in the New
World, Boston, Beacon Press, 1996 e Gary Kates, Monsieur d’Eon é mulher - um caso de intriga
política e embuste sexual, São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
12. 12
A ênfase que Bourdieu atribui ao corpo, à incorporação, ou corporificação, de
sinais de distinção social é antiga e justificaria - se explicitada - sua irritação com as
feministas que ignoram sua análise, ou a evitam, e fazem sua própria teorização sobre o
tema. O que justificaria também uma afirmação sua, que parece ter, no entanto, outro
objetivo, o de assegurar sua primazia no trato da questão da violência simbólica. 20
O que é interessante é que se em seus textos sobre a dominação masculina é o
controle do corpo por parte das mulheres que merece atenção - ver, por exemplo, sua
citação sobre uma análise a respeito do corpo da esportista
21
- em análises anteriores
dava-se atenção à feminização do corpo masculino como forma de ascensão social. Num
texto de 1977, Bourdieu observava: “Tudo sugere que, nas classes populares, o processo
que leva às disposições femininas ( de que a pederastia nada mais é do que uma das
manifestações), isto é, intelectuais e burguesas, é um fator de ascensão social (o fato de
sair das classes populares podendo ser acompanhado de uma mudança de consciência
social).”22 Aqui, é o “abandono dos valores masculinos (que) é, ao mesmo tempo, o preço
da ascensão social e o que favorece a mobilidade” (p.180). Bourdieu vê expressar-se na
oposição entre a boca (bouche) e a goela (gueule) tanto a oposição entre o feminino e o
masculino, quanto a oposição entre os valores (viris) da classe trabalhadora e os valores
(efeminados) dos burgueses: “As qualidades dominantes colocam duplamente em questão
a virilidade, pelo fato de que sua aquisição demanda docilidade, disposição imposta às
mulheres pela divisão sexual do trabalho ( e a divisão do trabalho sexual) e de que essa
docilidade visa disposições em si mesmas femininas.” (p. 181)
20
Bourdieu afirma na Introdução: “Apenas para atestar que meu propósito atual não é o produto de uma
conversão recente, remeto às páginas de um livro já antigo no qual insistia no fato de que, quando aplicada
à divisão sexual do mundo, a etnologia pode ‘tornar-se uma forma particularmente potente de socioanálise’
(P.Bourdieu, Le Sens pratique, Paris, Éditions de Minuit, 1980, p. 246-7).” [ 1998:9]
Uma das teóricas mais importantes sobre a questão do ‘embodiment’, Donna Haraway , por exemplo, não é
citada por Bourdieu; mas ela também não o cita ao longo de seus textos sobre o tema.(Ver, entre outros,
Simians, Ciborgs, and Women - the reinvention of nature, New York, Routledge, 1991).
21
Sem citar a fonte, Pierre Bourdieu resume “um belo artigo” que leu e que mostra como as mulheres que
“praticam intensamente o esporte veem sua relação com seu corpo se transformar, como elas chegam a uma
relação com seu corpo que se poderia dizer masculina, ou seja, a um corpo em si, no lugar de um corpo
para o outro, um corpo que é por si mesmo seu fim.”(1996: 39, ênfase adicional.) Cabe lembrar que as
noções filosóficas postas em relevo aqui também são devedoras da análise de Simone de Beauvoir, que as
pôs em circulação no campo feminista.
22
“A economia das trocas linguísticas”, em R. Ortiz, org., Pierre Bourdieu, São Paulo: Editora Ática,
1983:181). Agradeço a Ana Lucia Modesto por ter chamado minha atenção para este texto.
13. 13
Parece que, quando as mulheres se tornam esportistas, aderindo a um ethos das
classes populares (quem sabe “descendo” na escala social), também se ‘masculinizam’23
e, vice- versa, quando os homens sofrem um processo de aburguesamento (“subindo” na
escala social), se ‘feminizam’: em verdade os valores masculinos estão nas classes
populares e os femininos habitam entre os burgueses?24
Parece, afinal, que a dominação masculina não é tão homogênea, ou
hegemônica, quanto o pretendido, e tampouco se trata de homens exercendo essa
dominação sobre mulheres: assim como encontramos “mulheres dominantes “ na
sociedade Cabila, também encontramos “homens efeminados” na sociedade ocidental.
Mas, se as mulheres ganham o controle de seus corpos através do esporte, os homens
parecem perder o seu ao ingressarem num mundo ao qual originalmente não pertenciam.
O belo quadro sobre “o espaço das posições sociais e espaço dos estilos de vida” (Razões
práticas, 1996:20) adquire assim uma coloração de gênero - para ‘subir’ há que
feminizar-se e para descer, basta ‘masculinizar-se’? Ou vice-versa: o ‘masculino’ (classes
trabalhadoras) está aqui submetido ao ‘feminino’ (os burgueses)? E o que fazer com as
‘mulheres’ que ocupam posição dominante nesse quadro ( estando na parte de cima dele)
e com os ‘homens’, que estão na parte de baixo?
Mas essas são perguntas retóricas à retórica de um texto que não hesita em
atribuir um sexo à dominação social, seja lá como for que ela tenha sido definida e seja lá
onde e quando se manifeste ou tenha se manifestado - enredando-se, assim, numa procura
infinita de comprovações impossíveis.25
23
Mas Bourdieu prefere dizer que elas se tornam lésbicas aos olhos dos outros... (p. 74)
“.. e se, na França moderna, as disposições do ponto de honra masculino continuaram a regulamentar as
atividades públicas dos homens, desde o duelo até a polidez ou ao esporte, é que, como na sociedade
Cabila, elas apenas tornam manifesta e realizada a tendência da família (burguesa) a se perpetuar através de
estratégias de reprodução impostas pela lógica da economia de bens simbólicos a qual, particularmente no
universo da economia doméstica, manteve suas exigências específicas, diferentes daquelas que regem a
economia abertamente econômica do mundo dos negócios.” (1998: 104)
25
“O verdadeiro rigor não está do lado de uma análise que forçasse o sistema além de seus limites,
abusando dos poderes do discurso que faz falar os silêncios da prática, desfrutando da magia da escrita que
arranca a prática e o discurso ao tempo e sobretudo colocando à prática mais típica das práticas questões,
mais apropriadas a mandarins, de coerência ou de correspondência lógica”.(Le Sens pratique, p. 425).
24
14. 14
O vaivém constante entre a análise da sociedade Cabila e da sociedade ocidental
26
é acompanhada de um constante vaivém entre o indivíduo e a sociedade ( relação lá e
aqui constituída da mesma maneira) - mas não para opô-los, como Marilyn Strathern
supõe que a oposição opera na lógica ‘ocidental’, e sim para reforçar o efeito de
sociabilização, se se pode dizer assim, sofrido pelos agentes mesmo antes de nascer. Eles
nascem num campo determinado e isso determinará, aparentemente para sempre, seu
comportamento subjetivo- mas não como ‘indivíduos’, o que os dotaria de certa
autonomia em relação à ‘sociedade’ - e sim como objetivação das distinções sociais: “.. a
virtude da incorporação, que explora a capacidade do corpo de levar a sério a magia
performática do social, é o que faz com que o rei, o banqueiro, o padre, sejam a
monarquia hereditária, o capitalismo financeiro ou a Igreja feitos homens.” (1980: 96) De
fato, toda a obra de P.Bourdieu parece dedicada à demonstração dessa “lógica que
transcende os agentes particulares” (1980:97) e que neles se incorpora e os corporificam,
como se fosse - lógica, agora, finalmente definida como sexuada.
O que acrescentar a isso, senão recolocando uma das perguntas de Michelle
Perrot ao filósofo: “Quelle découverte peut-on attendre de cette recherche systematique
du même?”
Epílogo
Ler e reler Bourdieu, no entanto, tem lá suas vantagens: tantas vêzes o autor de
A dominação masculina nos remete, em notas, ao seu relato etnográfico, ou etnológico,
como ele preferiria, sobre a Cabília que nos faz duvidar sobre o que lemos antes.
26
Também notável em Le Sens pratique: ver, por exemplo, o capítulo 4, no qual se passa quase sem
transição da discussão sobre a oposição entre o nif e o h’aram (sagrado direito e sagrado esquerdo masculino e feminino) à discussão sobre a formação da identidade sexual da criança, apoiada basicamente
por uma bibliografia americana de psicologia e de psicologia social dos anos 50 e 60. O mesmo ocorre
aqui, quando se passa, por exemplo, quase sem transição, da discussão sobre uma análise sociológica a
respeito do exame vaginal nos Estados Unidos a um mito Cabila sobre as posições de homens e mulheres
na relação sexual. (1998: 22/24) O mito, aliás, atribui o conhecimento original sobre as ‘verdades do sexo’
às mulheres...
15. 15
Bourdieu é reconhecidamente um autor ‘difícil’ - quem sabe não lemos com a devida
atenção seus livros anteriores e todo o seu método esteja, afinal, aqui revelado?
Mas não, voltando a Le sens pratique, particularmente ao último capítulo (“O
demônio da analogia”), a tentação é recomeçar esta análise lá onde ele se interrompeu e
perseguir um diálogo, ainda que imaginário, da sua etnografia com a etnografia de
Marilyn Strathern sobre a Melanésia já que é possível perceber ecos de cada uma das
análises no texto da outra - tarefa, evidentemente, para alguém melhor equipado com
conhecimentos teóricos sobre as sociedades do dom.
Nas páginas finais desse capítulo, Bourdieu escreve um breve epílogo (“Do bom
uso da indeterminação”) no qual defende a lógica prática contra a lógica lógica,
apontando para sua necessária ‘incoerência’: os exemplos dados são todos a respeito das
ambiguidades e qualidades polissêmicas de elementos, aparentemente, tão nitidamente
masculinos ou femininos contidos na narrativa do início do livro - e em seu novo livro.27
A chuva pode ser vista como um elemento masculino ou feminino, segundo seja definida
por sua origem celeste ou participe da feminilidade úmida e terrestre - e conforme os
rituais que cercam o desejo dela -, bem assim como o tear, a casa, a brasa, o luar, o ovo e
vários tipos de alimentos: “O erro, neste caso, consistiria em determinar o
indeterminado.” (p.430) A própria apresentação em curva escolhida por ele para por em
relevo os limiares do calendário dos Cabila sugere também a possibilidade de passagens
de um estado, uma posição, um elemento, a outro. Bem como as descrições do
feminino/masculino e do masculino feminilizado em certas situações ( o ferreiro não tem
assento na assembléia dos homens; aquele que foge ao combate vale menos que uma
mulher...).
Ainda é do masculino e do feminino, como princípios estruturais estruturantes,
do que se trata, mas tais princípios não estão mais (ou não estão ainda) inteiramente
27
Nas primeiras páginas do livro Bourdieu faz uma alusão passageira a esse fio destoante de sua trama,
observando que: “A ambiguidade estrutural, manifesta pela existência de um laço morfológico (por
exemplo, entre abbuch, o pênis, e thabbucht, feminino de abbuch, o seio), de um certo número de
símbolos ligados à fecundidade, pode se explicar pelo fato de que eles representam diferentes
manifestações da plenitude vital, do vivo que dá vida (através do leite e do esperma assimilado ao leite)...”
E que: “A indeterminação parcial de certos objetos de fato autoriza interpretações antagônicas, oferecendo
16. 16
corporificados em homens e mulheres: eles circulam, como se fosse, pela sociedade
Cabila, assim como M.Strathern sugere que tais princípios circulam na sociedade
melanésia e, desconfio eu, em muitas outras sociedades, inclusive a nossa...
“De fato, a união dos contrários não abole a oposição, e os contrários, tão logo
reunidos, ainda que opostos, manifestam, de outro modo, a verdade dupla da relação que
os une, ao mesmo tempo antagonismo e complementaridade, neikos e philia, e que
poderia aparecer como sua natureza ‘dupla’ se os pensássemos fora desta relação.” (p.
353) A ênfase aí, como para a analista dos sistemas melanésios, é na relação, permitindo,
ainda, uma leitura dos agentes como duplamente marcados pelo gênero. Mas é também,
ao longo da escrita, e como nas belas análises de Mary Douglas, uma ênfase no limiar,
nas fronteiras.
“A reunião do masculino e do feminino, do seco e do úmido, pelo trabalho ou
pelo casamento, é invocada por todo o simbolismo performático do ritual que lá está para
significar, no sentido de dizer com autoridade, a reunião de princípios votados à
esterilidade enquanto permaneçam em estado separado, ímpar, imperfeito.”(p.398)
Talvez por resumir essa ambiguidade, essa polissemia, a análise sobre a casa
Cabila (“A casa ou o mundo às avessas”) é, meio a contragosto do autor, re-editada como
anexo; apesar de estar ainda,como ele observa, “inscrita nos limites do modo de
pensamento estruturalista”, serve como “introdução às análises mais completas e mais
complexas apresentadas antes”. Mas é justamente na análise desse “microscosmo” que o
Bourdieu que os antropólogos amam exemplifica toda a complexidade, ambiguidade e
fluidez de princípios valorizados em todas as sociedades humanas - e, por isso mesmo, de
modo inteiramente diferente em cada uma delas. Relendo essa apresentação
envergonhada de um trabalho tão importante, A dominação masculina soa como uma
espécie de denegação feroz de seu passado ‘estruturalista’ - menos estruturalista no
aos dominados uma possibilidade de resistência contra o efeito de imposição simbólica.”(1998:18;19). Mas
não retorna ao tema.
17. 17
entanto do que a elevação da ‘petite différence’ ao estatuto de ‘grand partage’ da
humanidade sugere...28
28
Gostaria de agradecer aos participantes do Seminário Questões de Gênero, realizado no segundo
semestre de 1998 - e no âmbito do qual essas idéias foram primeiro discutidas - a viva interlocução que me
proporcionaram e, particularmente, as conversas com Erica R. de Souza, Marko Monteiro, Gustavo A.
Santos, Paula Camboim de Almeida, Anna Paula Uziel, Elisiane Pasini, Adriana Piscitelli e Miguel Vale de
Almeida. Agradeço também a Vavy Pacheco Borges a gentileza de fazer o livro de Bourdieu chegar tão
rápido ao Seminário, através de Maria Claudia Bonadio, e a leitura cuidadosa de Martha Ramirez.