É uma doença degenerativa, de herança autossômica recessiva, muito raramente de herança autossômica dominante e recessiva ligada ao sexo, que acomete os motoneurônios dos cornos anteriores da medula espinal.
Abordagens fisioterapêuticas nas atrofias musculares espinhais
1.
2. Uma revisão das principais abordagens fisioterapêuticas
nas atrofias musculares espinhais
Marco Orsini1 , Marcos RG de Freitas2 , Miriam Ribeiro Calheiros de Sá3 , Mariana Pimentel de Mello4 , Jhon Petter
Botelho4 , Reny de Souza Antonioli4 , Viviane Vieira dos Santos5 , Gabriel R de Freitas6
Revista neurociência : 2008
3. Metodologia
Revisão de literatura na Bireme e Medline (1995–2005),
4 casos de amiotrofia espinhal, pacientes foram
submetidos à avaliação da função motora, com
duração aproximada de 30 minutos. aplicação do teste
manual de força.
Outras informações por prontuários e exames
complementares.
4. Caso 1 – AME tipo I –
doença de Werdnig-Hoffmann
Sexo masculino, 14 meses.
Início da doença desde a fase intra-uterina, com pouca
movimentação fetal.
Recém-nascido, fraqueza acentuada dos músculos proximais dos
membros e intercostais. Membros inferiores permaneciam
estendidos, em abdução e rotação externa, e os superiores
praticamente inertes.
Dificuldade em deglutir e sugar associada a grave
comprometimento respiratório.
Exame físico revelou tetraplegia, amiotrofia, arreflexia profunda
e fasciculações na língua.
Infecções respiratórias freqüentes.
Deformidades músculo-esqueléticas secundárias, ocasionando
uma diminuição na amplitude dos movimentos.
5. Caso 2 – AME tipo II- forma tardia
da doença de Werdnig-Hoffmann
Sexo feminino, 6 anos.
4 meses, dificuldade para movimentar os membros, flacidez
generalizada e dificuldade em sustentar a cabeça.
6 meses, era capaz de sentar sem apoio, executava movimentos
com extrema dificuldade por não apresentar controle de tronco e
cabeça satisfatórios. Nunca conseguiu deambular.
6 anos, paresia generalizada associada à arreflexia profunda e
hipotonia. Senta com dificuldade e possui as reações de
equilíbrio e proteção deficitárias.
Escoliose e as complicações respiratórias iniciaram-se após o
comprometimento da musculatura paravertebral e abdominal.
Necessita de auxílio para as atividades de vida diária.
Exame físico, tetraparesia proximal e distal assimétrica com
reflexos profundos abolidos.
6. Caso 3- AME tipo III- Doença de
KugelbergWelander
Sexo masculino, 17 anos, estudante,
Há 4 anos, início fraqueza muscular mais nos braços e coxas,
dificuldades na deambulação e execução de tarefas que exigiam a
elevação dos membros superiores.
Limitações funcionais que o incapacitam para atividades de vida diária
Cãibras, fadiga e o esforço respiratório são mais freqüentes com a
evolução da doença.
A força e as funções relativas ao terço distal dos membros ainda
preservadas, déficit controle de tronco e musculatura proximal.
Eletroneuromiografia mostrou fibrilações nos músculos dos membros
superiores e inferiores, com recrutamento de unidades motoras
diminuído. Comprometimento generalizado da ponta anterior da
medula.
Exame físico, paresia proximal nos membros superiores e inferiores
sem reflexos profundos, com exceção do flexor dos dedos e aquileus.
7. Caso 4- AME tipo IV - adulto
Sexo masculino, 48 anos, aposentado por invalidez, há 10
anos apresenta fraqueza, localizado principalmente no
terço distal dos membros superiores e inferiores.
Com o passar dos anos, progressivamente perdendo a força
em todos os grupamentos musculares, impossibilitando de
fazer as AVD’s e deambula somente com auxílio
utiliza cadeira de rodas e apresenta complicações
respiratórias.
exame físico, tetraparesia generalizada, amiotrofia e
arreflexia profunda. Fasciculações evidentes,
principalmente no terço proximal dos membros.
Cãibras com frequência principalmente à noite.
8. Discussão
Conforme a idade de início, a gravidade dos sintomas e o
nível de comprometimento motor.
AME do tipo I - mais grave, início antes dos 6 meses de vida
e grave comprometimento motor e respiratório. Todos os
músculos são acometidos pela atrofia neurogênica ou
secundária, sendo poupados somente o diafragma, e os
músculos das extremidades e oculares. Fasciculações
evidentes. Fraqueza muscular é de predomínio proximal e
há rápida instalação de deformidades torácicas e
contraturas musculares. As crianças não chegam a sentar
sem apoio e em geral não sobrevivem após os 2 anos de
idade.
9. AME tipo II: antes dos 18 meses de vida. São capazes de
sentar sem apoio e sobrevivem até os 10 anos depende do
comprometimento da musculatura respiratória.
Comprometimento inicial é moderado dos membros
superiores e dos músculos intercostais e piora lentamente,
as contraturas musculares e as deformidades esqueléticas
aparecem tardiamente, perto da adolescência. Pode ocorrer
atrofia e fasciculações de língua.
Tipo II e tipo III, é comum o tremor irregular
(minipolimioclonias), mais evidenciado na hiperextensão
das mãos e dedos. Na segunda década, a progressão se
acelera e torna-se altamente limitante.
10. AME tipo III : início mais brando. São capazes de
deambular sem assistência durante um período de
tempo significativo e com expectativa de vida próxima
do normal. Acometimento é predominantemente
proximal, com envolvimento da cintura pélvica, depois
escapular, confundindo-se com outras distrofia
muscular progressiva, com menor gravidade e eventual
presença de pseudohipertrofia muscular e
creatinofosfoquinase (CPK) levemente aumentada.
Atrofia generalizada. Pode progredir rapidamente
durante a adolescência, levando à invalidez na segunda
década, outras se limita a um discreto
comprometimento da musculatura proximal dos
membros.
11. AME tipo IV: início após os 30 anos, que pode ser
autossômico dominante ou recessivo.
Fraqueza lenta e progressiva na cintura pélvica.
Dificuldades na marcha e em subir escadas são
sintomas mais precoces.
Pequena proporção de pacientes necessita de cadeiras
de rodas em até 20 anos após o início da doença. Raros
casos, a doença progride rapidamente com morte
devido a falência respiratória em até 2 anos.
12. Exercícios terapêuticos considerar o curso natural da
doença, efeitos no sistema orgânico e adaptações
moleculares observadas em experimentos de curta e
longa duração.
Treinamento deve mensurar intensidade, duração,
frequência e tipo.
Atividades físicas para uma melhora no desempenho
de atividades profissional e pessoal. Intensidades leve
e moderada podem melhorar o desempenho motor, se
o quadro de fraqueza e fadiga não for grave.
Alta intensidade não se mostrou eficaz, podendo
contribuir para a redução da força e aumento da fadiga.
13. Órteses e equipamentos de assistência e suporte
podem ser utilizados no gerenciamento da fraqueza,
nas dificuldades de equilíbrio, dores e deformidades
articulares.
É importante considerar a prevenção da atrofia por
desuso ou fadiga por utilização excessiva dos
neurônios motores remanescentes.
14. Reabilitação motora, com 2 atendimentos semanais
com duração de 60 minutos.
Tratamento e atividades recomendadas foram
baseados nos objetivos pessoais dos pacientes.
Objetivos de intervenção são para manter por um
máximo de tempo possível a força e função.
Fisioterapia na AME tipo I é de suporte, existem ações
que facilitam a permanência da função muscular
residual com melhor qualidade dos movimentos, com
a participação mais ativa nas AVD’s.
15. Exercícios passivos para a manutenção do arco de
movimento, flexibilidade e prevenir, retardar
contraturas e deformidades. Uso de calhas de repouso
confeccionadas com materiais leves e aerados.
Fase mais tardia da doença, onde força muscular
respiratória e capacidade vital estão diminuídas, é
importante manobras de desobstrução e higiene
brônquica. Nesse período, pneumonias seguidas de
falência respiratória costumam ser a causa do óbito.
Auxílio de uma prótese noturna que forneça ventilação
não invasiva.
16. AME tipo II, alongamentos nos tecidos articulares,
prevenir contraturas e deformidades secundárias à
imobilidade e posturas anormais. Alinhamento
postural com rolos, assentos adaptados sob medida e
cadeiras. Uso de incentivadores respiratórios de fluxo
linear para a manutenção da capacidade vital,
eliminação de secreções brônquicas e a melhor eficácia
do mecanismo de tosse.
17. AME tipo III - preservar função muscular com
treinamento do controle motor com tarefas funcionais.
Comprometimento motor proximal é mais acentuado,
realizar tarefas funcionais para as extremidades. Incentivar
capacidade aeróbica cuidando sobrecarga, pois podem ter
dispnéia e fadiga durante algumas tarefas. Uso de órteses
para funções específicas, sem sobrecarregar ou
compensações musculares e articulares que possa trazer
contraturas e deformidades.
Fisioterapia respiratória vai prevenir o acúmulo de
secreções e estabilizar volume corrente, condutas de
expansão pulmonar, auxílio de inspirometria de incentivo,
alongamento da musculatura acessória da respiração e
torácica, dando um maior alinhamento do tórax.
18. Principal fator da morbidade e mortalidade é a fraqueza
dos músculos respiratórios.
AME tem um padrão restritivo, diminuição progressiva e
regular da Capacidade Vital Forçada e alteração da relação
ventilação-perfusão.
Fisioterapia respiratória vai limita a congestão pulmonar,
atelectasia e risco de falência respiratória, que leva à
ventilação mecânica e a traqueostomia.
Broncoaspiração e dificuldade em eliminar secreções
através da tosse contribuem para as infecções
broncopulmonares de repetições, que gera falência
respiratória.
Treino dos músculos respiratórios melhora a função
pulmonar, ameniza o declínio do volume corrente e retarda
o início da falência respiratória. Deve ser gradual e
cautelosa para não acelerar a fadiga dos músculos
respiratórios pelo aumento da sobrecarga.
19. Considerações finais
Orientação específica sobre o tipo de atividade e
exercícios que pode realizar.
Médico sugeri aumentar os níveis de atividades, mas
não específica.
Fisioterapia deve ser para melhorar a qualidade de
vida, e não um treinamento exaustivo que aumente a
demanda metabólica sobre as unidades motoras
remanescentes, contribuindo para o aumento da
fraqueza muscular.