O documento discute a importância da cidadania e dos espaços públicos para a democracia. A Semana da Cidadania promove atividades relacionadas ao exercício da cidadania. Cidadania e democracia são conceitos interdependentes e democracia requer indivíduos livres, sadios e bem informados com capacidade de debate. Espaços públicos devem ser lugares para discussão da população, livres de interesses e vaidades particulares.
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A cidadania floresce nos espaços públicos
1. A CIDADANIA FLORESCE EM ESPAÇOS PÚBLICOS
80 Observatórios Sociais pelo Brasil afora realizam durante esta semana (de 19 a 23 de maio) a
Semana da Cidadania. Trata-se da promoção em conjunto de atividades relacionadas ao
importante exercício da cidadania.
Muito se fala hoje em dia sobre cidadania, a ponto de esta preciosa palavrinha ter já perdido
algum sentido. Cidadania pra cá, cidadania pra lá, e aos poucos o seu significado passa
despercebido, em meio a tantos outros conceitos menos importantes.
Cidadania vem sempre acoplada à ideia de democracia, tornando-se realidades
interdependentes, ficando impossível a vida de uma sem a existência da outra.
A democracia é muito mais do que simples forma de governo, é, sim, uma forma de exercício
do poder, na busca constante de vencer os desafios da conflitividade própria das sociedades
humanas. É por este motivo que a democracia é, antes de tudo, um modo de vida, que supõe,
é claro, a conjunção de muitos valores, necessários à convivência humana. São essas virtudes e
esses valores que dão sentido à democracia.
A vida sem dignidade, sem liberdade, sem os benefícios da saúde ou da educação, ou sem
segurança, torna-se sofrida e distante das grandes aspirações da humanidade. Quem vive
dessa forma, tem mais características de objeto do que de ser humano. A sadia democracia é a
possibilidade que temos de ter uma vida digna, uma vez que não existe democracia sem
indivíduos livres, sadios, bem informados e, melhor, sem capacidade de se informar e de
crescer. Em outras palavras, a democracia supõe um conjunto de seres humanos dignos e
livres, que tenham condições de criar espaços públicos de debate e de se entenderem de
forma razoável e inteligente. Ora, gerar espaço público entre iguais é coisa bastante
complicada, pois, da mesma forma que se avança, é necessário, muitas vezes, retroceder. É
claro, pois que a democracia é uma obra de arte, que se aperfeiçoa no dia-a-dia, será sempre
um trabalho coletivo.
Cidadania e democracia são realidades sempre inacabadas, sempre em constante
transformação; é por isso que a capacidade de reinvenção dessas realidades é o que lhes dá o
mais autêntico valor.
As velhas lições da história e da filosofia sempre têm seu valor. No centro da cidade de Atenas,
na Grécia, havia uma grande praça, totalmente vazia, isto é, sem estátuas, sem bancos, sem
templos. Ali se reunia o povo, quando chamado para decidir. Sócrates fazia muitas críticas ao
mau uso daquele espaço, pois muitos políticos e cidadãos atenienses invadiam aquela praça,
levando para lá problemas pessoais e discussões que não eram do interesse comum. Foi
condenado à morte por causa disso. Alguma semelhança com o que ocorre nos dias de hoje?
Os espaços públicos devem ser espaços vazios, sem personalizações, sem vaidades, sem
marcas, sem intromissões particulares. São espaços vazios, que podem ser visitados por
quaisquer pessoas. Ninguém pode se adonar de espaços públicos. Nossos espaços públicos
estão sempre demasiadamente cheios de interesses privados. É preciso limpar esses espaços,
esvazia-los, demolir os tronos, os monumentos e os palácios neles construídos pela má fé e
pela vaidade de quem não sabe o que seja a verdadeira política.
Espaços públicos são espaços da democracia, da participação, da cidadania. É preciso respeita-
los e reconstruí-los.
Jonas Tadeu Nunes
Observatório Social de Itajaí