Tratamento da cárie dentária de forma individualizada
1. O que fazer?O que fazer?
Como fazer?Como fazer?
Por onde começar?Por onde começar?
2. Segundo a dentística restauradoraSegundo a dentística restauradora
tradicional, o tratamento das lesõestradicional, o tratamento das lesões
de cárie consistiria na remoção dode cárie consistiria na remoção do
tecido cariado, seguida de umtecido cariado, seguida de um
preparo clássico da cavidade – compreparo clássico da cavidade – com
obtenção de forma de retenção,obtenção de forma de retenção,
resistência e “extensão pararesistência e “extensão para
prevenção” – e restauração doprevenção” – e restauração do
dente.dente.
Basting, 2003
3. Protocolo de tratamento não-Protocolo de tratamento não-
individualizado e totalmenteindividualizado e totalmente
mecanizado.mecanizado.
Novas lesões cariosas surgiam eNovas lesões cariosas surgiam e
mais estrutura dental era perdida.mais estrutura dental era perdida.
Fracasso do modelo cirúrgico-Fracasso do modelo cirúrgico-
restaurador.restaurador. Basting, 2003
5. Erroneamente, acreditava-se que aErroneamente, acreditava-se que a
cárie pudesse ser tratada por meiocárie pudesse ser tratada por meio
de procedimentos restauradores que,de procedimentos restauradores que,
Basting, 2003
simultaneamente, resultariam emsimultaneamente, resultariam em
saúde bucal.saúde bucal.
6. Tais condutas cuidam apenas deTais condutas cuidam apenas de
seqüelas, acreditando que técnicasseqüelas, acreditando que técnicas
operatórias seriam capazes de trataroperatórias seriam capazes de tratar
a doença cárie.a doença cárie.
Entretanto, esta filosofia deEntretanto, esta filosofia de
“tratamento” leva, muitas vezes, à“tratamento” leva, muitas vezes, à
mutilação progressiva das estruturasmutilação progressiva das estruturas
dentais.dentais.
Serra et al., 1999;
Basting, 2003
9. AsAs mudanças conceituaismudanças conceituais, associadas ao, associadas ao
desenvolvimento tecnológico edesenvolvimento tecnológico e
científicocientífico, influenciaram diretamente os, influenciaram diretamente os
procedimentos clínicos.procedimentos clínicos.
Deve-se considerar queDeve-se considerar que tratar a doençatratar a doença
cárie é tão ou mais importante quecárie é tão ou mais importante que
tratar a lesão cariosatratar a lesão cariosa e que, para isso,e que, para isso,
sejam implantadas medidas que evitem asejam implantadas medidas que evitem a
recorrência da doença.recorrência da doença.
Serra et al., 1999
Basting, 2003
10. Tais medidas devem ser baseadas naTais medidas devem ser baseadas na
atividade e no risco de cárieatividade e no risco de cárie de cadade cada
pacientepaciente, preparando a cavidade, preparando a cavidade
bucal para a posterior realização dobucal para a posterior realização do
tratamento restaurador ou protético.tratamento restaurador ou protético.
Basting, 2003
11. Os tratamentos curativos devemOs tratamentos curativos devem
estar estreitamente relacionadosestar estreitamente relacionados
com a prevenção e apresentar ascom a prevenção e apresentar as
seguintes características:seguintes características:
– Fazer parte de programas preventivos;Fazer parte de programas preventivos;
– Visar maior preservação da estruturaVisar maior preservação da estrutura
dentária (materiais modernos);dentária (materiais modernos);
– Evitar tratamentos excessivos comEvitar tratamentos excessivos com
perda de estruturas desnecessárias.perda de estruturas desnecessárias.
Walter et al., 1997
12. Estas características mostram que aEstas características mostram que a
dentística restauradora nadentística restauradora na
Odontopediatria moderna é naOdontopediatria moderna é na
realidade uma seqüência lógica norealidade uma seqüência lógica no
programa de atenção precoce, ondeprograma de atenção precoce, onde
novos métodos e técnicas sãonovos métodos e técnicas são
usados.usados.
Walter et al., 1997
13. Cada paciente deve ter um plano deCada paciente deve ter um plano de
conduta (tratamento)individualizado.conduta (tratamento)individualizado.
3.3. Tratar a doençaTratar a doença
• Preparar a cavidade bucalPreparar a cavidade bucal
4.4. Tratar as lesõesTratar as lesões
• Reabilitação funcional e estéticaReabilitação funcional e estética
15. A anamnese deve ser objetiva,A anamnese deve ser objetiva,
incluindo perguntas de relevânciaincluindo perguntas de relevância
quanto ao risco ou atividade dequanto ao risco ou atividade de
cárie.cárie.
– Idade do pacienteIdade do paciente
Motricidade, estágio e tempo de erupçãoMotricidade, estágio e tempo de erupção
dentaldental
– Doenças e medicamentosDoenças e medicamentos
Alterações salivaresAlterações salivares
– Exposição ao flúorExposição ao flúor
– DietaDieta
Serra et al., 1999
16. Essa preparação é chamada deEssa preparação é chamada de
adequação do meio bucaladequação do meio bucal dodo
paciente, visando à conscientizaçãopaciente, visando à conscientização
sobre o que é doença cárie, assobre o que é doença cárie, as
técnicas para controlar os fatorestécnicas para controlar os fatores
etiológicos causadores, o ensino doetiológicos causadores, o ensino do
controle de placa e dieta, acontrole de placa e dieta, a
eliminação de nichos retentivos deeliminação de nichos retentivos de
placa e o uso de fluoretos ou deplaca e o uso de fluoretos ou de
outros agentesoutros agentes
terapêuticos/preventivos.terapêuticos/preventivos.
Basting, 2003
17. A adequação do meio bucal faz parteA adequação do meio bucal faz parte
da filosofia atual de promoção dada filosofia atual de promoção da
saúde que visa não só a vedação desaúde que visa não só a vedação de
cavidades cariosas, reintegrando oscavidades cariosas, reintegrando os
dentes afetados na sua função, comodentes afetados na sua função, como
também ao controle da atividadetambém ao controle da atividade
cariogênica.cariogênica.
Oliveira et al., 1998
18. Apresenta as seguintes etapas:Apresenta as seguintes etapas:
2.2. Identificar, remover e/ou controlarIdentificar, remover e/ou controlar
os fatores da doença;os fatores da doença;
3.3. Fazer o controle da placa bacterianaFazer o controle da placa bacteriana
através de higiene da cavidadeatravés de higiene da cavidade
bucal e profilaxia profissional;bucal e profilaxia profissional;
4.4. Remover parcialmente o tecidoRemover parcialmente o tecido
cariado e promover imediatocariado e promover imediato
preenchimento da cavidade compreenchimento da cavidade com
cimento de óxido de zincocimento de óxido de zinco
reforçado, CIV ou soluçõesreforçado, CIV ou soluções
cariostáticas.cariostáticas.
Walter et al., 1997;
Oliveira et al. 1998
19. A adequação é uma fase intermediáriaA adequação é uma fase intermediária
entre o estado da cavidade bucal como seentre o estado da cavidade bucal como se
apresenta no ato da consulta e o estadoapresenta no ato da consulta e o estado
final do controle da doença cárie.final do controle da doença cárie.
É a fase preparatória de completaÉ a fase preparatória de completa
reintegração da cavidade bucal àsreintegração da cavidade bucal às
condições normais de estética e função.condições normais de estética e função.
Oliveira et al., 1998
20. Por isso, o profissional conscientePor isso, o profissional consciente
não deve se restringir a atosnão deve se restringir a atos
meramente curativos, através demeramente curativos, através de
restaurações, ou mesmo darestaurações, ou mesmo da
remineralização das lesões.remineralização das lesões.
É importante salientar queÉ importante salientar que
Serra et al., 1999
APENAS APÓS A DOENÇA CÁRIEAPENAS APÓS A DOENÇA CÁRIE
ESTAR CONTROLADA QUE OESTAR CONTROLADA QUE O
TRATAMENTO RESTAURADORTRATAMENTO RESTAURADOR
DEVERÁ TER INÍCIO.DEVERÁ TER INÍCIO.
21. Tratando a doença cárie:Tratando a doença cárie:
““Educar prevenindoEducar prevenindo
e prevenir educando”e prevenir educando”
Walter et al., 1997Walter et al., 1997
22. É de responsabilidade dosÉ de responsabilidade dos
profissionais da área odontológicaprofissionais da área odontológica
transmitir conhecimentos básicos detransmitir conhecimentos básicos de
educação para a saúde, de acordoeducação para a saúde, de acordo
com o nível sócio-cultural doscom o nível sócio-cultural dos
pacientes, conscientizando-os dapacientes, conscientizando-os da
importância de sua colaboração paraimportância de sua colaboração para
o sucesso do tratamento.o sucesso do tratamento.
Serra et al., 1999
23. Porém, antes de exigir do indivíduoPorém, antes de exigir do indivíduo
um controle efetivo de placa, éum controle efetivo de placa, é
preciso remover os fatores ou nichospreciso remover os fatores ou nichos
que favoreçam sua retenção, taisque favoreçam sua retenção, tais
como cavidades abertas ecomo cavidades abertas e
restaurações deficientes.restaurações deficientes.
Serra et al., 1999
24. As lesões cariosas devem ser fechadasAs lesões cariosas devem ser fechadas
com materiais provisórios, evitando acom materiais provisórios, evitando a
progressão da lesão e a sensibilidadeprogressão da lesão e a sensibilidade
dolorosa até o momento de confeccionar adolorosa até o momento de confeccionar a
restauração.restauração.
As lesões de mancha branca – indicativasAs lesões de mancha branca – indicativas
de alta atividade de cárie – devem serde alta atividade de cárie – devem ser
paralisadas com a utilização de fluoretos,paralisadas com a utilização de fluoretos,
de vernizes ou de selantes oclusais,de vernizes ou de selantes oclusais,
evitando a sua progressão para umevitando a sua progressão para um
estágio de cavidade.estágio de cavidade.
Basting, 2003
25. As restaurações provisórias deAs restaurações provisórias de
cavidades ou de restauraçõescavidades ou de restaurações
fraturadas devem ser realizadas logofraturadas devem ser realizadas logo
no início do tratamento, parano início do tratamento, para
proteger o órgão pulpar, paralisar aproteger o órgão pulpar, paralisar a
progressão da lesão e diminuir osprogressão da lesão e diminuir os
focos de infecção.focos de infecção.
Serra et al., 1999
26. Materiais utilizados:Materiais utilizados:
– Espelho bucal, explorador, curetas ouEspelho bucal, explorador, curetas ou
cinzéis, escavadores pequenos ecinzéis, escavadores pequenos e
médios, placa de vidro, espátulas,médios, placa de vidro, espátulas,
aplicadores de cimento, rolos deaplicadores de cimento, rolos de
algodão, ZOE ou CIV, papel carbono.algodão, ZOE ou CIV, papel carbono.
Normalmente não se usa a anestesiaNormalmente não se usa a anestesia
pois deve ser removida apenas apois deve ser removida apenas a
dentina totalmente desorganizadadentina totalmente desorganizada
27. Os dentes devem ser limpos;Os dentes devem ser limpos;
Os elementos de um mesmo arcoOs elementos de um mesmo arco
com lesões cariosas são isolados comcom lesões cariosas são isolados com
rolos de algodão;rolos de algodão;
O preparo da cavidade – que seO preparo da cavidade – que se
restringe à remoção do tecidorestringe à remoção do tecido
cariado – é realizado comcariado – é realizado com
instrumentos manuais, tais comoinstrumentos manuais, tais como
curetas e escavadores afiados quecuretas e escavadores afiados que
apresentem menor tamanho que aapresentem menor tamanho que a
cavidade.cavidade.
28. Movimentos circulares ou pendularesMovimentos circulares ou pendulares
devem ser realizados cuidadosamente,devem ser realizados cuidadosamente,
evitando-se a fratura do esmalte semevitando-se a fratura do esmalte sem
suporte dentinário. A remoção da lesãosuporte dentinário. A remoção da lesão
cariosa deve ser iniciada pela dentinacariosa deve ser iniciada pela dentina
amolecida presente na junção amelo-amolecida presente na junção amelo-
dentinária, após as paredes circundantesdentinária, após as paredes circundantes
e, depois, o fundo da cavidade. Isso faze, depois, o fundo da cavidade. Isso faz
com que uma eventual sensibilidade sejacom que uma eventual sensibilidade seja
mínima e ocorra no final do procedimento.mínima e ocorra no final do procedimento.
Em cavidades muito profundas, umaEm cavidades muito profundas, uma
proteção pulpar com cimento de hid. deproteção pulpar com cimento de hid. de
cálcio faz-se necessária apenas na regiãocálcio faz-se necessária apenas na região
mais próxima da polpa.mais próxima da polpa.
29. Procede-se então a inserção doProcede-se então a inserção do
material.material.
O material é manipulado e levado àO material é manipulado e levado à
cavidade com um aplicador oucavidade com um aplicador ou
espátula de inserção.espátula de inserção.
30. Todos esses passos devem serTodos esses passos devem ser
realizados de maneira intensiva, norealizados de maneira intensiva, no
período máximo de um mês, quando,período máximo de um mês, quando,
verificando-se uma queda no riscoverificando-se uma queda no risco
e/ou na atividade de cárie, podem-see/ou na atividade de cárie, podem-se
remover as coberturas temporárias eremover as coberturas temporárias e
realizar-se a restauração definitiva,realizar-se a restauração definitiva,
dentro da devida técnica.dentro da devida técnica.
Walter et al., 1997;
Oliveira et al. 1998
31. A. R. T.A. R. T.
A
T
R
A
U
M
A
T
I
C
R
E
S
T
O
R
A
T
I
V
E
T
R
E
A
T
M
E
N
T
32. É uma técnica elementar queÉ uma técnica elementar que
consiste na remoção de tecidoconsiste na remoção de tecido
dentário descalcificado, por meio dedentário descalcificado, por meio de
instrumentos exclusivamenteinstrumentos exclusivamente
manuais em dentes semmanuais em dentes sem
sintomatologia pulpar, combinada aosintomatologia pulpar, combinada ao
pronto preenchimento da cavidadepronto preenchimento da cavidade
com cimento de ionômero de vidro.com cimento de ionômero de vidro.
Oliveira et al, 1998
33. Foi desenvolvida para atender asFoi desenvolvida para atender as
necessidades de comunidadesnecessidades de comunidades
economicamente desfavorecidas oueconomicamente desfavorecidas ou
marginalizadas.marginalizadas.
Não é uma etapa de transição, e simNão é uma etapa de transição, e sim
um tratamento curativo definitivo, e,um tratamento curativo definitivo, e,
sob este aspecto, se distingue dasob este aspecto, se distingue da
adequação do meio bucal.adequação do meio bucal.
Oliveira et al, 1998
34. A aplicação da técnica teve início noA aplicação da técnica teve início no
oeste da África e alia a eficácia aooeste da África e alia a eficácia ao
baixo custo.baixo custo.
O surgimento desta técnica veio darO surgimento desta técnica veio dar
esperança de uma opção deesperança de uma opção de
tratamento para centenas detratamento para centenas de
comunidades em todo o mundo.comunidades em todo o mundo.
Oliveira et al, 1998
35. IndicaçõesIndicações
– Pessoas em áreas rurais e suburbanasPessoas em áreas rurais e suburbanas
em cidades industrializadas ou não;em cidades industrializadas ou não;
– Grupos minoritários e pessoas queGrupos minoritários e pessoas que
vivam em comunidades carentes, menosvivam em comunidades carentes, menos
privilegiadas, que não contem comprivilegiadas, que não contem com
serviço básico de atenção dentária nemserviço básico de atenção dentária nem
possam arcar com os custos dopossam arcar com os custos do
tratamento convencional;tratamento convencional;
– Grupos especiais, como comunidades deGrupos especiais, como comunidades de
refugiados;refugiados;
– Pacientes institucionalizados.Pacientes institucionalizados.Oliveira et al, 1998
36. Referências BibliográficasReferências Bibliográficas
Basting RT. Promoção de saúde emBasting RT. Promoção de saúde em
dentística. In: Pereira AC (org.)dentística. In: Pereira AC (org.)
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Bussadori SK, Imparato JCP,Bussadori SK, Imparato JCP,
Guedes-Pinto AC. DentísticaGuedes-Pinto AC. Dentística
odontopediátrica- técnicas deodontopediátrica- técnicas de
trabalho e uso de materiaistrabalho e uso de materiais
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1999: 201-254.1999: 201-254.
Oliveira LMC, Neves AA, Neves MLA,Oliveira LMC, Neves AA, Neves MLA,
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atraumático e adequação do meioatraumático e adequação do meio
bucal. RBO 55(2) 1998: 94-99.bucal. RBO 55(2) 1998: 94-99.
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JP. Técnica de TratamentoJP. Técnica de Tratamento
Restaurador Atraumático ART- umaRestaurador Atraumático ART- uma
atualização. In: Cardoso RJA,atualização. In: Cardoso RJA,
Gonçalves EAN. Odontopediatria:Gonçalves EAN. Odontopediatria:
prevenção. São Paulo: Artesprevenção. São Paulo: Artes
Médicas, 2002: 23-42.Médicas, 2002: 23-42.
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39. Todescan LA, Todescan CDR.Todescan LA, Todescan CDR.
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programa prático para ser executadoprograma prático para ser executado
em consultórios odontológicos. In:em consultórios odontológicos. In:
Todescan FF, Bottino MA. AtualizaçãoTodescan FF, Bottino MA. Atualização
na clínica odontológica. Sâo Paulo:na clínica odontológica. Sâo Paulo:
Artes Médicas, 1996: 441-196.Artes Médicas, 1996: 441-196.
Walter LRF, Ferelle A, Issao M.Walter LRF, Ferelle A, Issao M.
Tratamento curativo. In:_____.Tratamento curativo. In:_____.
Odontologia para o bebê. São Paulo:Odontologia para o bebê. São Paulo:
Artes Médicas, 1997: 197-206.Artes Médicas, 1997: 197-206.