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A FÉ NÃO CONHECE FRONTEIRAS
Pe. José Bortolini – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: C – TEMPO LITÚRGICO: 9° DOMINGO TEMPO COMUM – COR: VERDE
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. "Creio em Deus Pai todo-poderoso..." A fé é o ele-
mento comum que une a comunidade celebrante. Ela
desconhece fronteiras (cf. 1ª leitura 1Rs 8,41-43 e
Evangelho Lc 7,1-10) e faz de muitos povos e raças um
só povo sacerdotal. Na fé comum celebramos a morte e
ressurreição do Senhor Jesus, Evangelho único pelo qual
Paulo empenhou todas as suas energias (cf. 2ª leitura Gl
1,1-2.6-10). Trazemos para a celebração todos os que
não crêem ou professam uma fé diferente da nossa, edu-
cando-nos ao respeito pela opção religiosa dos outros.
Como o oficial romano, proclamamos que não somos
dignos de receber o Senhor em nossa casa, mas ao mes-
mo tempo confiamos no poder de sua Palavra salvadora
(evangelho).
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (1Rs 8,41-43): "Escuta... e atende a
todos os pedidos do estrangeiro"
2. Estes versículos pertencem atualmente à oração que
Salomão fez por ocasião da dedicação do Templo por ele
construído. Todavia, é consenso entre os estudiosos que
os vv. 41-43 foram acrescentados mais tarde, na época
do cativeiro na Babilônia ou depois, quando Israel já
integrou nos conteúdos de sua fé a convicção de que o
seu Deus é o Deus de todos os povos, capaz de atender
igualmente os pedidos dos estrangeiros. Essa mentalida-
de era impossível no século 10, tempo de Salomão.
3. Na perspectiva do pós-exílio, o Templo é a casa de
oração para todos os povos, tema muito caro a vários
profetas (cf. Is 56,7; Zc 8,23 etc.). Além disso, nota-se
aqui um aspecto interessante no que se refere à revelação
divina. Deus desde sempre foi o Deus de todos os povos,
mas sua revelação respeitou os limites das passadas hu-
manas. Não é porque Israel descobriu que o Senhor é o
Deus de todos que Deus começa agora a sê-lo. É a mente
de Israel que vai clareando sempre mais, descobrindo
aspectos novos daquilo que Deus sempre foi.
4. Os versículos que compõem a 1ª leitura contemplam
o caso dos estrangeiros (não-judeus) que ouvem falar do
Nome grandioso, da mão forte e do braço estendido do
Senhor (vv. 41-42). O Nome é, sem dúvida, Javé, ligado
à revelação feita a Moisés (Ex 3,14) num contexto de
libertação. "Mão forte" e "braço estendido" são expres-
sões ligadas à epopéia da libertação do Egito, quando
Javé combateu contra o Faraó e seus ídolos, e saiu ven-
cedor, libertando os hebreus. O estrangeiro, portanto,
ouve uma catequese sobre o acontecimento fundante da
fé de Israel e de sua constituição como povo liberto. E
adere a esse Deus, invocando seu Nome e suas maravi-
lhas no Templo. A oração de Salomão pede que Deus
escute e atenda todos os pedidos dos estrangeiros, pois
os horizontes da fé são desconfinados. Superam-se as
barreiras da religião dependente da raça e abrem-se as
portas da universalidade: "Assim, todos os povos da terra
reconhecerão o teu Nome e temerão a ti, como faz o teu
povo Israel" (v. 43).
Evangelho (Lc 7,1-10): A fé desconhece frontei-
ras
5. O episódio é narrado também por Mateus (8,5-13)
e João (4,46-54), ambos com diferenças significativas
que ressaltam o enfoque de cada evangelista (em João
trata-se do filho do oficial romano). O fato lembra
vagamente uma das façanhas do profeta Eliseu (cf.
2Rs 5,1-19a), mas para Lucas, a cena se une a At 10,
onde temos outro oficial romano que crê.
a. Algumas peculiaridades de Lucas
6. Cada evangelista trabalhou a seu modo a cena, dan-
do-lhe tonalidades próprias. Mateus (e João) põe frente a
frente Jesus e o oficial, ao passo que Lucas fala de duas
comitivas que vão a Jesus em nome do estrangeiro: uma
composta de alguns anciãos judeus e outra formada por
amigos do oficial. Detalhe próprio de Lucas é a menção
do afeto que o chefe nutre por seu empregado ("estimava
muito" – em grego se diz éntimos), sinal de que nem tudo
era tão desumano na sociedade escravista daquele tempo.
Não convém aqui especular sobre os possíveis desdo-
bramentos desse termo. Constata-se simplesmente ser
possível superar o frio relacionamento patrão x servo. O
fato se torna mais interessante ainda se o empregado
fosse judeu, o que é possível.
7. O caráter filantrópico do oficial é revelado pela co-
mitiva de anciãos judeus de Cafarnaum. Eles pedem com
insistência: "O oficial merece que lhe faças esse favor,
porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu
uma sinagoga" (vv. 4b-5). O oficial é certamente o co-
mandante do quartel romano que ocupa a região de Ca-
farnaum. Todavia, mostra-se um pai para o povo que o
império romano mantém dominado sob forte repressão.
Não esqueçamos de estar Jesus na Galiléia, barril de
pólvora dos movimentos messiânicos revoltosos. O ofi-
cial ama (em grego usa-se o verbo agapao) e até constru-
iu a sinagoga para o povo se reunir e orar. Também esse
detalhe é importante para Lucas (e para nós). Sendo pa-
gão, o oficial não só respeita a religião dos outros, mas
incentiva-a e proporciona-lhe um espaço celebrativo.
8. O respeito pela religião do outro é ressaltado também
pela segunda comitiva (de amigos) que o oficial envia ao
encontro de Jesus. Vendo que Jesus se dirige à sua casa
para curar o empregado, e sabendo que se um judeu en-
tra na casa de um pagão se torna ritualmente impuro, o
oficial envia a segunda comitiva, dizendo que não se
considera digno de recebê-lo e que basta uma palavra de
Jesus para curar o empregado à distância. Pensando ser
Jesus um judeu tradicional, o oficial quer poupar-lhe o
vexame da contaminação ritual. Reconhecendo em Jesus
alguém que tem poderes especiais, apela para o critério
da autoridade, baseado na própria experiência militar (v.
8).
b. Na Galiléia, a fé não conhece fronteiras
9. De 4,14 a 9,50 Jesus atua na Galiléia, região de gente
empobrecida. É aí que Lucas registra 14 dos 18 milagres
narrados em seu evangelho. A cura do empregado do
oficial romano se reveste de sentido especial por tratar-se
de um não-judeu (a fé não conhece fronteiras) e por ter
sido realizado à distância, elementos que qualificam a fé
e fazem Jesus dizer: "Eu declaro a vocês que nem mes-
mo em Israel encontrei tamanha fé" (v. 9b). Essa decla-
ração vem acompanhada de um detalhe. Antes de falar,
Jesus se volta para a multidão. Em Lucas, quando o Mes-
tre se volta para falar é porque a declaração é solene e
revestida de grande importância.
10. O trecho termina constatando a cura: "Os mensagei-
ros voltaram para a casa do oficial e encontraram o em-
pregado em perfeita saúde" (v. 10). Nada mais se fala a
respeito desse oficial ou de seu empregado. Jesus não
pediu nem recomendou coisa alguma. Ligado à 1ª leitu-
ra, esse episódio transfere a Jesus aquilo que se pedia a
Javé. E Jesus atende o pedido do estrangeiro porque a fé
não conhece fronteiras.
2ª leitura (Gl,1-2.6-10):O Evangelho de Paulo
11. De hoje até o 14° Domingo Comum iremos percorrer
os trechos mais significativos da carta aos Gálatas. Não
se sabe exatamente quando Paulo fundou essas comuni-
dades nem se elas se situavam na Galácia Superior ou
Inferior. A data da carta também é incerta. Costuma-se
situá-la por volta dos anos 54/55, escrita em Éfeso. Sabe-
se que as populações gálatas eram compostas de migran-
tes e, no tempo de Paulo, povos dominados pelo império
romano. Eram quase todos pagãos. Os escravos gálatas
eram muito apreciados nos mercados de escravos do
império.
12. Paulo se deteve na Galácia por causa de uma doença
(4,13). Foi seu primeiro contato com esses povos, dos
quais nasceram comunidades cristãs. Sendo não-judeus e
escravos, receberam com grande entusiasmo o anúncio
de Jesus Cristo, que Paulo chamará na carta de "Evange-
lho". Sentiram-se livres e libertados pelo Senhor Jesus
(5,1), formando comunidades de iguais (3,28). Para Pau-
lo, a fundação dessas comunidades foi um parto difícil
(4,19), mas bem-sucedido, pois os gálatas aderiram com
alegria, recebendo o Espírito (3,3), fazendo experiências
profundas (3,4).
13. Depois que Paulo partiu, chegaram a essas comuni-
dades cristãos de origem judaica – tradicionalmente
chamados de judaizantes – que enfeitiçaram os gálatas
(3,1). O que diziam? Diziam que os cristãos gálatas –
que eram não-judeus – deviam se submeter à circuncisão
para serem de fato cristãos. Com isso, todo o "Evange-
lho" de Paulo ia água abaixo, pois a circuncisão era a
porta de entrada para a prática da Lei de Moisés como
condição para ser salvo. Era a anulação total de Jesus
Cristo e de sua ação salvadora.
14. Paulo é informado disso, sente novamente as dores
do parto (4,19), fica furioso e escreve uma carta severa,
sem a costumeira ação de graças, chamando os gálatas
de insensatos enfeitiçados (3,1), que começaram com o
Espírito, caíram fora dos trilhos (5,4) e acabaram nova-
mente na carne (3,3). Em pouco tempo, abandonaram
Jesus Cristo, que gratuitamente os chamou (1,6). Roga
pragas contra os que defendem a circuncisão (5,12),
desmascarando-os em suas intenções (6,12-13). Os ver-
sículos de hoje são o começo da carta, com apresentação
solene de Paulo (v. l), os destinatários (v. 2), sem ação
de graças (fato único nas cartas de Paulo). Os vv. 6-10
irrompem no tema central: não existe outro Evangelho.
15. Paulo se apresenta com o título de "apóstolo" e se
mostra logo polêmico. Sabe-se que, em Jerusalém, um
grupo de cristãos conservadores considerava apóstolos
somente os que haviam estado com Jesus de Nazaré.
Paulo não estava entre os Doze, mas se considera plena-
mente apóstolo, e explica: "não por iniciativa humana,
nem por intermédio de nenhum homem, mas por Jesus
Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos" (v.
1). O grupo conservador defendia a idéia que somente os
Doze podiam fundar comunidades e ser por elas susten-
tados (cf. l Cor 9). Paulo tem tanto apreço por esse título
que quase ignora os irmãos que estão com ele (v. 2). Ele
usa esse título nas cartas em que há polêmica em torno
desse tema (Gálatas e 1/2 Coríntios), ou quando pretende
dar ênfase à sua mensagem (Rm).
16. E vai logo ao assunto, demonstrando perplexidade
pelo fato de as comunidades gálatas terem abandonado o
Evangelho pregado por Paulo e aderido à pregação dos
judaizantes, aceitando a circuncisão e a conseqüente
prática da Lei de Moisés como condição para serem sal-
vas. E lança maldições (excomunhão) aquém anunciar
outro evangelho, que não existe, mesmo que seu anunci-
ador seja um anjo (vv. 6-9).
17. Se Paulo tivesse defendido a circuncisão não passaria
pelas tribulações que sofreu e está sofrendo, pois estaria
agradando às pessoas e furtando-se ao enfrentamento
com os judeu-cristãos. Estaria a serviço da circuncisão,
mas deixaria de ser servo de Cristo (v. 10)
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
18. O tema central deste domingo é a fé que não conhece fronteiras nem raças (cf. 1ª leitura 1Rs
8,41-43 e evangelho: Lc 7,1-10). Jesus Cristo e o Pai que ele veio revelar são os mesmos em qualquer
parte do mundo. Pode acontecer que, como aconteceu com Jesus, encontremos mais fé fora que dentro
de ambientes religiosos. Isso nos deve manter em atitude humilde e respeitosa. O respeito é devido tam-
bém a quem não crê ou professa fé diferente da nossa.
19. Temos em comum a mesma fé no Senhor morto e ressuscitado por nós, mas cada povo deve poder
expressar a própria fé a partir de sua cultura e realidade (cf. 2ª leitura Gl,1-2.6-10).

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A fé que une e liberta

  • 1. A FÉ NÃO CONHECE FRONTEIRAS Pe. José Bortolini – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: C – TEMPO LITÚRGICO: 9° DOMINGO TEMPO COMUM – COR: VERDE I. INTRODUÇÃO GERAL 1. "Creio em Deus Pai todo-poderoso..." A fé é o ele- mento comum que une a comunidade celebrante. Ela desconhece fronteiras (cf. 1ª leitura 1Rs 8,41-43 e Evangelho Lc 7,1-10) e faz de muitos povos e raças um só povo sacerdotal. Na fé comum celebramos a morte e ressurreição do Senhor Jesus, Evangelho único pelo qual Paulo empenhou todas as suas energias (cf. 2ª leitura Gl 1,1-2.6-10). Trazemos para a celebração todos os que não crêem ou professam uma fé diferente da nossa, edu- cando-nos ao respeito pela opção religiosa dos outros. Como o oficial romano, proclamamos que não somos dignos de receber o Senhor em nossa casa, mas ao mes- mo tempo confiamos no poder de sua Palavra salvadora (evangelho). II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (1Rs 8,41-43): "Escuta... e atende a todos os pedidos do estrangeiro" 2. Estes versículos pertencem atualmente à oração que Salomão fez por ocasião da dedicação do Templo por ele construído. Todavia, é consenso entre os estudiosos que os vv. 41-43 foram acrescentados mais tarde, na época do cativeiro na Babilônia ou depois, quando Israel já integrou nos conteúdos de sua fé a convicção de que o seu Deus é o Deus de todos os povos, capaz de atender igualmente os pedidos dos estrangeiros. Essa mentalida- de era impossível no século 10, tempo de Salomão. 3. Na perspectiva do pós-exílio, o Templo é a casa de oração para todos os povos, tema muito caro a vários profetas (cf. Is 56,7; Zc 8,23 etc.). Além disso, nota-se aqui um aspecto interessante no que se refere à revelação divina. Deus desde sempre foi o Deus de todos os povos, mas sua revelação respeitou os limites das passadas hu- manas. Não é porque Israel descobriu que o Senhor é o Deus de todos que Deus começa agora a sê-lo. É a mente de Israel que vai clareando sempre mais, descobrindo aspectos novos daquilo que Deus sempre foi. 4. Os versículos que compõem a 1ª leitura contemplam o caso dos estrangeiros (não-judeus) que ouvem falar do Nome grandioso, da mão forte e do braço estendido do Senhor (vv. 41-42). O Nome é, sem dúvida, Javé, ligado à revelação feita a Moisés (Ex 3,14) num contexto de libertação. "Mão forte" e "braço estendido" são expres- sões ligadas à epopéia da libertação do Egito, quando Javé combateu contra o Faraó e seus ídolos, e saiu ven- cedor, libertando os hebreus. O estrangeiro, portanto, ouve uma catequese sobre o acontecimento fundante da fé de Israel e de sua constituição como povo liberto. E adere a esse Deus, invocando seu Nome e suas maravi- lhas no Templo. A oração de Salomão pede que Deus escute e atenda todos os pedidos dos estrangeiros, pois os horizontes da fé são desconfinados. Superam-se as barreiras da religião dependente da raça e abrem-se as portas da universalidade: "Assim, todos os povos da terra reconhecerão o teu Nome e temerão a ti, como faz o teu povo Israel" (v. 43). Evangelho (Lc 7,1-10): A fé desconhece frontei- ras 5. O episódio é narrado também por Mateus (8,5-13) e João (4,46-54), ambos com diferenças significativas que ressaltam o enfoque de cada evangelista (em João trata-se do filho do oficial romano). O fato lembra vagamente uma das façanhas do profeta Eliseu (cf. 2Rs 5,1-19a), mas para Lucas, a cena se une a At 10, onde temos outro oficial romano que crê. a. Algumas peculiaridades de Lucas 6. Cada evangelista trabalhou a seu modo a cena, dan- do-lhe tonalidades próprias. Mateus (e João) põe frente a frente Jesus e o oficial, ao passo que Lucas fala de duas comitivas que vão a Jesus em nome do estrangeiro: uma composta de alguns anciãos judeus e outra formada por amigos do oficial. Detalhe próprio de Lucas é a menção do afeto que o chefe nutre por seu empregado ("estimava muito" – em grego se diz éntimos), sinal de que nem tudo era tão desumano na sociedade escravista daquele tempo. Não convém aqui especular sobre os possíveis desdo- bramentos desse termo. Constata-se simplesmente ser possível superar o frio relacionamento patrão x servo. O fato se torna mais interessante ainda se o empregado fosse judeu, o que é possível. 7. O caráter filantrópico do oficial é revelado pela co- mitiva de anciãos judeus de Cafarnaum. Eles pedem com insistência: "O oficial merece que lhe faças esse favor, porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga" (vv. 4b-5). O oficial é certamente o co- mandante do quartel romano que ocupa a região de Ca- farnaum. Todavia, mostra-se um pai para o povo que o império romano mantém dominado sob forte repressão. Não esqueçamos de estar Jesus na Galiléia, barril de pólvora dos movimentos messiânicos revoltosos. O ofi- cial ama (em grego usa-se o verbo agapao) e até constru- iu a sinagoga para o povo se reunir e orar. Também esse detalhe é importante para Lucas (e para nós). Sendo pa- gão, o oficial não só respeita a religião dos outros, mas incentiva-a e proporciona-lhe um espaço celebrativo. 8. O respeito pela religião do outro é ressaltado também pela segunda comitiva (de amigos) que o oficial envia ao encontro de Jesus. Vendo que Jesus se dirige à sua casa para curar o empregado, e sabendo que se um judeu en- tra na casa de um pagão se torna ritualmente impuro, o oficial envia a segunda comitiva, dizendo que não se considera digno de recebê-lo e que basta uma palavra de Jesus para curar o empregado à distância. Pensando ser Jesus um judeu tradicional, o oficial quer poupar-lhe o vexame da contaminação ritual. Reconhecendo em Jesus alguém que tem poderes especiais, apela para o critério da autoridade, baseado na própria experiência militar (v. 8).
  • 2. b. Na Galiléia, a fé não conhece fronteiras 9. De 4,14 a 9,50 Jesus atua na Galiléia, região de gente empobrecida. É aí que Lucas registra 14 dos 18 milagres narrados em seu evangelho. A cura do empregado do oficial romano se reveste de sentido especial por tratar-se de um não-judeu (a fé não conhece fronteiras) e por ter sido realizado à distância, elementos que qualificam a fé e fazem Jesus dizer: "Eu declaro a vocês que nem mes- mo em Israel encontrei tamanha fé" (v. 9b). Essa decla- ração vem acompanhada de um detalhe. Antes de falar, Jesus se volta para a multidão. Em Lucas, quando o Mes- tre se volta para falar é porque a declaração é solene e revestida de grande importância. 10. O trecho termina constatando a cura: "Os mensagei- ros voltaram para a casa do oficial e encontraram o em- pregado em perfeita saúde" (v. 10). Nada mais se fala a respeito desse oficial ou de seu empregado. Jesus não pediu nem recomendou coisa alguma. Ligado à 1ª leitu- ra, esse episódio transfere a Jesus aquilo que se pedia a Javé. E Jesus atende o pedido do estrangeiro porque a fé não conhece fronteiras. 2ª leitura (Gl,1-2.6-10):O Evangelho de Paulo 11. De hoje até o 14° Domingo Comum iremos percorrer os trechos mais significativos da carta aos Gálatas. Não se sabe exatamente quando Paulo fundou essas comuni- dades nem se elas se situavam na Galácia Superior ou Inferior. A data da carta também é incerta. Costuma-se situá-la por volta dos anos 54/55, escrita em Éfeso. Sabe- se que as populações gálatas eram compostas de migran- tes e, no tempo de Paulo, povos dominados pelo império romano. Eram quase todos pagãos. Os escravos gálatas eram muito apreciados nos mercados de escravos do império. 12. Paulo se deteve na Galácia por causa de uma doença (4,13). Foi seu primeiro contato com esses povos, dos quais nasceram comunidades cristãs. Sendo não-judeus e escravos, receberam com grande entusiasmo o anúncio de Jesus Cristo, que Paulo chamará na carta de "Evange- lho". Sentiram-se livres e libertados pelo Senhor Jesus (5,1), formando comunidades de iguais (3,28). Para Pau- lo, a fundação dessas comunidades foi um parto difícil (4,19), mas bem-sucedido, pois os gálatas aderiram com alegria, recebendo o Espírito (3,3), fazendo experiências profundas (3,4). 13. Depois que Paulo partiu, chegaram a essas comuni- dades cristãos de origem judaica – tradicionalmente chamados de judaizantes – que enfeitiçaram os gálatas (3,1). O que diziam? Diziam que os cristãos gálatas – que eram não-judeus – deviam se submeter à circuncisão para serem de fato cristãos. Com isso, todo o "Evange- lho" de Paulo ia água abaixo, pois a circuncisão era a porta de entrada para a prática da Lei de Moisés como condição para ser salvo. Era a anulação total de Jesus Cristo e de sua ação salvadora. 14. Paulo é informado disso, sente novamente as dores do parto (4,19), fica furioso e escreve uma carta severa, sem a costumeira ação de graças, chamando os gálatas de insensatos enfeitiçados (3,1), que começaram com o Espírito, caíram fora dos trilhos (5,4) e acabaram nova- mente na carne (3,3). Em pouco tempo, abandonaram Jesus Cristo, que gratuitamente os chamou (1,6). Roga pragas contra os que defendem a circuncisão (5,12), desmascarando-os em suas intenções (6,12-13). Os ver- sículos de hoje são o começo da carta, com apresentação solene de Paulo (v. l), os destinatários (v. 2), sem ação de graças (fato único nas cartas de Paulo). Os vv. 6-10 irrompem no tema central: não existe outro Evangelho. 15. Paulo se apresenta com o título de "apóstolo" e se mostra logo polêmico. Sabe-se que, em Jerusalém, um grupo de cristãos conservadores considerava apóstolos somente os que haviam estado com Jesus de Nazaré. Paulo não estava entre os Doze, mas se considera plena- mente apóstolo, e explica: "não por iniciativa humana, nem por intermédio de nenhum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos" (v. 1). O grupo conservador defendia a idéia que somente os Doze podiam fundar comunidades e ser por elas susten- tados (cf. l Cor 9). Paulo tem tanto apreço por esse título que quase ignora os irmãos que estão com ele (v. 2). Ele usa esse título nas cartas em que há polêmica em torno desse tema (Gálatas e 1/2 Coríntios), ou quando pretende dar ênfase à sua mensagem (Rm). 16. E vai logo ao assunto, demonstrando perplexidade pelo fato de as comunidades gálatas terem abandonado o Evangelho pregado por Paulo e aderido à pregação dos judaizantes, aceitando a circuncisão e a conseqüente prática da Lei de Moisés como condição para serem sal- vas. E lança maldições (excomunhão) aquém anunciar outro evangelho, que não existe, mesmo que seu anunci- ador seja um anjo (vv. 6-9). 17. Se Paulo tivesse defendido a circuncisão não passaria pelas tribulações que sofreu e está sofrendo, pois estaria agradando às pessoas e furtando-se ao enfrentamento com os judeu-cristãos. Estaria a serviço da circuncisão, mas deixaria de ser servo de Cristo (v. 10) III. PISTAS PARA REFLEXÃO 18. O tema central deste domingo é a fé que não conhece fronteiras nem raças (cf. 1ª leitura 1Rs 8,41-43 e evangelho: Lc 7,1-10). Jesus Cristo e o Pai que ele veio revelar são os mesmos em qualquer parte do mundo. Pode acontecer que, como aconteceu com Jesus, encontremos mais fé fora que dentro de ambientes religiosos. Isso nos deve manter em atitude humilde e respeitosa. O respeito é devido tam- bém a quem não crê ou professa fé diferente da nossa. 19. Temos em comum a mesma fé no Senhor morto e ressuscitado por nós, mas cada povo deve poder expressar a própria fé a partir de sua cultura e realidade (cf. 2ª leitura Gl,1-2.6-10).