SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Até que ponto a utilização de animais em experimentos 
1 
científicos é eticamente aceita? 
Marco Aurelio Guimarães* 
Por mais elevado que seja o nosso padrão intelectual, nós, como seres humanos, 
temos a tendência a defender nossos próprios pontos de vistas e opiniões. Dilemas 
podem suscitar defesas passionais de opiniões. A intelectualidade pressupõe 
racionalidade nas opiniões. O conflito entre estas posições divergentes pode 
resultar em problemas das mais variadas dimensões. A busca de uma solução 
coerente para a disputa entre a emoção e a razão constitui a base de um 
posicionamento ético. 
Eutanásia. Aborto. Barriga de aluguel. Células-tronco embrionárias. Direito de 
recusar tratamentos. Todos são assuntos que podem gerar respostas como “sou a 
favor” ou “sou contra” com imensa facilidade. Mas quando situações particulares e 
casos individuais para cada um desses dilemas surgem, as respostas podem mudar 
para uma sentença que geralmente se inicia com “Bem, nesta situação 
específica...”. Assim, as exceções se mostram. 
Não poderia ser diferente quando falamos do uso de animais por nós, seres 
humanos. Interessante notar que para discutir este assunto, imediatamente nos 
excluímos da categoria de ser “animal”. Carregamos a visão cartesiana de que os 
animais não são dotados de algo que nós, humanos, somos. Podemos chamar este 
algo de racionalidade, ou até mesmo de alma. Não importa o que seja, nós 
precisamos é nos diferenciar dos animais, para nos defender dos resultados de 
nossas decisões. Ou seja, somos a priori, numa analogia à palavra racista, 
especiecistas, pois discriminamos seres vivos por sua espécie. Somos 
antropocêntricos. 
Tendo consciência disso, para pensarmos em um posicionamento ético com relação 
ao uso de animais, precisamos fazer uma nova pergunta: Que tipo de “uso” de 
animais exatamente estamos falando? 
Podemos separar o uso de animais aqui, para simplificar o entendimento das 
diferentes situações, em cinco tipos: Alimentação e vestuário, testes cosméticos, 
produção de soros e vacinas, ensino de ciências biológicas e pesquisa científica. 
Assim, fica mais fácil perceber que respostas simples como “contra” ou “a favor” 
não são cabíveis a um assunto tão complexo quanto o uso de animais. Dentro desta 
idéia, não consideraremos o uso de animais para diversão, devido à complexidade 
particular de situações que poderiam ser abordadas. 
Para avaliar nosso posicionamento ético frente a cada uma desses possíveis 
dilemas e verificar o quanto nos valemos de nossa emoção ou de nossa razão nesta 
avaliação, podemos perguntar o quanto estamos dispostos a abrir mão de nosso 
conforto, dos nossos prazeres ou das nossas necessidades. 
Estamos dispostos a não nos alimentarmos ou vestirmos com produtos de origem 
animal? Algumas pessoas optam, pelas mais variadas razões, a esta situação. Os 
vegetarianos (e “veganos”) são o exemplo. Trata-se de um posicionamento ético 
dessas pessoas. Mas em termos sociais, é moralmente aceito (pode-se dizer até 
estimulado) o ato de comer carne ou usar um par de sapatos de couro. Não se vê 
até o momento grupos que se mobilizem para proibir amplamente o consumo de 
carne ou o uso de couro recorrendo à justiça. Ou ainda, movimentos para extinguir 
o vegetarianismo. Vegetarianos e não-vegetarianos convivem harmonicamente em 
sociedade desde que respeitem mutuamente suas opções. A eticidade do comer
2 
carne ou vestir couro é uma opção individual, não passível de regulamentação por 
lei neste momento histórico. 
Estamos dispostos a usar cosméticos que não sejam testados em animais? Nas 
últimas décadas, as sociedades de diferentes países passaram a não aceitar este 
tipo de procedimento. Grandes empresas de cosméticos foram incluídas num tipo 
de “lista negra” e tiveram seus produtos boicotados. Embalagens com o aviso 
“produto não testado em animais” ganharam valor comercial positivo. O 
conhecimento de como eram (e ainda são, em algumas empresas) realizados os 
testes cosméticos causaram o sentimento de pena pelos animais utilizados, além da 
culpa implícita pelo consumo dos produtos. O que, antes, era moralmente aceito 
passou a ser eticamente questionável. Não houve a necessidade formal de leis para 
regulamentar isto. As pessoas mudaram, as sociedades mudaram. 
Estamos dispostos a não usar animais para a produção de soros e vacinas? Mesmo 
com a rápida progressão da ciência e a evolução das técnicas de biologia molecular, 
certos produtos ainda dependem do uso de animais para sua produção. Seria 
tolerável para nós uma pessoa morrer por uma picada de cobra ou escorpião para 
não ter cavalos usados na produção de soros? Podemos aceitar a propagação de 
epidemias como de febre amarela para não utilizarmos ovos na produção de 
vacinas? Até que haja alternativas viáveis cientifica e economicamente falando, as 
pessoas não parecem questionar este uso dos animais. Lembrando: somos 
antropocêntricos e atribuímos maior valor à vida humana que à vida de animais. 
Não se fala, neste caso, sobre a proibição da produção de soros e vacinas para não 
usar animais. Em termos de moralidade do fato, não há, senso geral, 
questionamento por parte das sociedades. 
Estamos dispostos a não usar animais para o ensino das ciências biológicas? Alguns 
grupos defendem o uso didático dos animais, outros o questionam. 
Tradicionalmente, a repetição de experimentos científicos clássicos como forma de 
aprendizado se estabeleceu nas universidades. Hoje, com a possibilidade de 
métodos alternativos como filmagem de um único procedimento ou o uso de 
programas de computador que simulam estes experimentos, passou a ocorrer o 
questionamento da real necessidade de animais para fins didáticos. 
Diferentemente da polêmica que ainda ocorre no Brasil, há um grade número de 
grandes universidades no mundo que não utilizam mais animais para o ensino, 
entre elas as conceituadas Harvard Medical School , nos Estados Unidos 
(http://www.internichebrasil.org/literatura/listamed.htm) e a Universidade de 
Milão, na Itália (http://www.internichebrasil.org/noticias.htm#eua). A tendência 
aparente é pela abolição do uso de animais no ensino superior, quer seja por 
razões morais e éticas, quer por razões econômicas, que não podem ser 
esquecidas, apesar de não ser cabível discuti-las aqui. 
Vale lembrar que neste caso já existem tentativas de proibir o uso de animais para 
fins didáticos. Há também decisões judiciais no Brasil favoráveis à objeção de 
consciência por parte de alunos que não quiseram participar de atividades didáticas 
com uso de animais, obrigando as universidades a oferecerem alternativas que não 
prejudicassem a avaliação acadêmica desses alunos. Contudo, a tendência em 
abolir o uso de animais em aulas práticas leva a crer que não será necessária uma 
legislação para este fim. A eticidade e a moralidade do uso no ensino foram 
questionadas e o conhecimento de alternativas deve gradativamente viabilizar a 
mudança à semelhança do que ocorreu na questão dos testes cosméticos. 
Resta a última, e provavelmente mais polêmica questão: estamos dispostos a não 
usar animais para pesquisa científica? Precisamos lembrar alguns fatos históricos 
para entender a situação atual.
No século XIX o francês Claude Bernard (1813-1878) enfrentou resistência da 
comunidade científica ao propor a pesquisa de fenômenos biológicos utilizando a 
vivissecção de animais. Com o sucesso de suas pesquisas, a utilização de animais 
em pesquisa passou a ser rotineira e o pesquisador passou a ser considerado o “pai 
da medicina experimental”. Diversos textos de sua autoria mostraram a sua 
preocupação ética com relação aos pacientes humanos, mas apregoavam a 
indiferença ao sofrimento dos animais. Tal indiferença levou-o a utilizar o cachorro 
de estimação de sua filha em uma aula, fato este que levou sua esposa a fundar a 
primeira associação para proteção dos animais de laboratório. 
Mas Claude Bernard não foi o único grande cientista a colaborar no estabelecimento 
da pesquisa com animais na ciência. François Magendie (1783-1855) e Louis 
Pasteur (1822-1895) também foram fundamentais para sua consolidação. Enquanto 
na França a vivissecção avançava, na Grã-bretanha leis eram criadas para a 
proteção aos animais (British Anti-cruelty Act 1822; 1876). As idéias de proteção 
aos animais foram se espalhando enquanto o uso de animais em pesquisas 
aumentava. Em 1909 a Associação Médica Americana publicava aspectos éticos da 
utilização de animais em pesquisas. 
Há controvérsias sobre a proibição do uso de animais em pesquisas no mundo. 
Liechtenstein e a república de San Marino aparentemente são os únicos lugares do 
mundo onde que a pesquisa com animais é totalmente proibida. Em vários outros 
países a regulamentação e o controle desta atividade são muito rígidos. Em outros, 
como o Brasil, tanto a regulamentação como a fiscalização do uso de animais em 
pesquisa são muito limitados. 
3 
No debate entre proibir ou não a pesquisa com animais, há argumentos plausíveis 
para defesa das duas posições. 
Em defesa do uso de animais, é inegável o avanço científico ocorrido, que vai desde 
o entendimento de fenômenos fisiológicos e patológicos até o desenvolvimento de 
novos fármacos, soros, vacinas e procedimentos cirúrgicos tanto para seres 
humanos quanto para diferentes espécies animais. Isto é inegável e inquestionável, 
considerando-se o número de publicações científicas e de conhecimento útil gerado. 
Contra o seu uso, os argumentos de que é possível estudar processos patológicos 
sem animais, como ocorreu no caso da pesquisa sobre HIV/AIDS. Modelos animais 
não se mostraram adequados para a pesquisa e mesmo assim o avanço do 
conhecimento ocorreu com a investigação unicamente em seres humanos. 
Outros argumentos baseiam-se no fato de que testes em animais não garantem 
segurança ao ser humano, pois drogas que foram testadas em animais acabaram 
por se mostrar danosas às pessoas, como no caso da talidomida e da fialuridina. As 
recentes retiradas do mercado de antiinflamatórios que foram testados em animais 
reforçam esta idéia. Inversamente, drogas potencialmente úteis ao ser humano 
podem ter sido barradas em testes com animais, por causarem efeitos adversos 
nas espécies testadas que não surgem, ou surgem em intensidade não deletéria, 
nos seres humanos. 
Denúncias com imagens de atos de crueldade conta animais em laboratórios 
acabam por acentuar ainda mais a repulsa pela idéia da utilização dos mesmos em 
pesquisa científica. 
O problema central deste confronto de posições é que ambos os lados tem alguma 
razão. A ciência progride sim com o uso de animais. Mas o direito ao uso não pode 
ser confundido com o direito ao abuso.
A simples e direta proibição do uso de animais também não soluciona o problema. 
Ou todos o que desejam esta proibição estão absolutamente dispostos a não 
utilizar, devido à sua objeção ética ao uso de animais, de todos os tratamentos e 
benefícios gerados pelas pesquisas até hoje? Pessoas que são contra a utilização de 
animais em pesquisas usarem os resultados dessas pesquisas em benefício próprio 
assemelha-se, fundamentalmente, a utilizar benefícios resultantes de pesquisas em 
campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial. 
4 
Devemos considerar também que os países com legislações mais restritivas à 
pesquisa em animais têm, geralmente, padrão sócio-econômico elevado. Locais 
onde a pesquisa em animais é mais limitada têm como conseqüência mais 
pesquisas em seres humanos. Isto não é problema onde as pessoas têm amplo 
acesso a atendimento de saúde de qualidade. Elas têm a autonomia real de 
optarem por participar ou não das pesquisas. 
Mas em países onde o padrão sócio-econômico é baixo e o acesso à saúde é 
limitado, a restrição à pesquisa em animais pode ter efeitos sérios. Um aumento 
não corretamente estruturado da pesquisa em seres humanos pode levar 
populações economicamente vulneráveis a participarem de pesquisas para garantir 
alguma forma de tratamento de saúde, reduzindo sua autonomia, seu direito de 
escolha, violando seus direitos humanos. 
Num debate televisivo sobre a proibição do uso de animais em pesquisa, uma 
mulher, dependente do sistema público de saúde brasileiro, fez o seguinte 
questionamento: “Se não testarem em animais, vão testar em quem? Nos nossos 
filhos?”. Nota-se preocupação com a possibilidade de que os menos favorecidos 
economicamente venham a ser as novas “cobaias”. 
Não creio que a sociedade brasileira venha aceitar moralmente a proibição do uso 
de animais em pesquisas principalmente por esta razão. A defesa passional da 
proibição do uso de animais em pesquisa pode gerar até o efeito oposto ao 
desejado. Que a sociedade composta por uma maioria de desfavorecidos venha a 
se posicionar veementemente contra tal possibilidade, tendo como objetivo sua 
auto-proteção. As recentes propostas de leis estaduais no Rio de Janeiro e em São 
Paulo de proibir o uso de animais em pesquisas têm grande potencial de gerar este 
efeito. 
Acredito que enquanto não houver melhorias na qualidade da saúde da população 
brasileira, a rejeição à proibição do uso de animais em pesquisa continuará. Assim 
como enquanto não houver melhorias na educação. Não há como consolidar valores 
que dependam de conhecimentos e posicionamentos filosóficos inalcançáveis à 
maioria dessa população. 
Uma comparação pode ser feita com o que ocorreu no referendo sobre a proibição 
armas de fogo no Brasil. A população que não confia na segurança pública de seu 
país, não é convencida a rejeitar armas. A população que não confia na saúde, não 
será convencida a rejeitar a pesquisa com animais. 
Enquanto isso, cabe a todos, frente ao momento moral e ético, lutar para que os 
animais sejam protegidos na pesquisa científica dentro da realidade que a nossa 
sociedade vivencia . Os 3 “R” propostos por Russel e Burch em 1959 talvez 
continuem sendo a base para guiar nossas ações por algum tempo. Redução 
(reduction) do número de animais ao estritamente necessário; Refinamento 
(refinement) das técnicas utilizadas nas pesquisa para minimizar o sofrimento e; 
Substituição (replacement) de animais por métodos alternativos sempre que 
possível.
Comitês de revisão de protocolos científicos realmente atuantes e eficientes. Leis e 
regulamentações coerentes e executáveis para evitar abusos aos animais, mas que 
não paralisem a ciência que beneficia a todos. Formação acadêmica adequada para 
discussão do assunto. Melhoria da saúde e educação. A mudança virá a longo 
prazo. 
5 
Proibição não. Conscientização sim. Assim se estabelece a ética. 
*Marco Aureliio Guimarães é professor doutor da Faculdade de Medicina de 
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. É graduado em medicina pela FMRP-USP, 
possui mestrado e doutorado em fisiologia pela mesma universidade e pós-doutorado 
em identificação humana pela University of Sheffield, na Inglaterra. Uma 
de suas linhas de pesquisa tem como especialidade a Bioética, visando a promoção 
de debates em torno da utilização ou não de animais na medicina. (Fonte: lattes 
CNPq)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalRicardo Portela
 
Aula 01 - Conhecimento Científico
Aula 01 - Conhecimento CientíficoAula 01 - Conhecimento Científico
Aula 01 - Conhecimento CientíficoGhiordanno Bruno
 
A ética no uso de animais em pesquisas
A ética no uso de animais em pesquisas A ética no uso de animais em pesquisas
A ética no uso de animais em pesquisas MariaManzoki
 
Aula 1 O corpo humano
Aula 1 O corpo humanoAula 1 O corpo humano
Aula 1 O corpo humanoAna Filadelfi
 
Animais de laboratorio
Animais de laboratorioAnimais de laboratorio
Animais de laboratorioClick Farma
 
Manejo e normas a serem seguidas relacionada a biossegurança em experimentaç...
Manejo e normas a serem seguidas  relacionada a biossegurança em experimentaç...Manejo e normas a serem seguidas  relacionada a biossegurança em experimentaç...
Manejo e normas a serem seguidas relacionada a biossegurança em experimentaç...JULIO BUSIGNANI, MÉDICO VETERINÁRIO
 
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino Monera
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino MoneraAula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino Monera
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino MoneraLeonardo Kaplan
 
Aula método cientifico
Aula método cientificoAula método cientifico
Aula método cientificoAln2
 
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptx
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptxO Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptx
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptxCristianaLealSabel
 
Conceito de ética
Conceito de éticaConceito de ética
Conceito de éticaemersonx2
 
Experimentos científicos com animais
Experimentos científicos com animaisExperimentos científicos com animais
Experimentos científicos com animaisRita Almeida
 
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos.
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos. Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos.
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos. Silvana Sanches
 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICOCONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICONet Viva
 
Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
Pesquisa Qualitativa e QuantitativaPesquisa Qualitativa e Quantitativa
Pesquisa Qualitativa e Quantitativajlpaesjr
 

Mais procurados (20)

ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
 
Aula 01 - Conhecimento Científico
Aula 01 - Conhecimento CientíficoAula 01 - Conhecimento Científico
Aula 01 - Conhecimento Científico
 
A ética no uso de animais em pesquisas
A ética no uso de animais em pesquisas A ética no uso de animais em pesquisas
A ética no uso de animais em pesquisas
 
1 introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
1   introdução ao Estudo da Biologia 1º ano1   introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
1 introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
 
Edidemiologia: definição e história
Edidemiologia: definição e históriaEdidemiologia: definição e história
Edidemiologia: definição e história
 
Introdução a-semiologia-i
Introdução a-semiologia-iIntrodução a-semiologia-i
Introdução a-semiologia-i
 
éTica em pesquisa
éTica em pesquisaéTica em pesquisa
éTica em pesquisa
 
Bem-estar animal 1
Bem-estar animal 1Bem-estar animal 1
Bem-estar animal 1
 
Aula 1 O corpo humano
Aula 1 O corpo humanoAula 1 O corpo humano
Aula 1 O corpo humano
 
Animais de laboratorio
Animais de laboratorioAnimais de laboratorio
Animais de laboratorio
 
Manejo e normas a serem seguidas relacionada a biossegurança em experimentaç...
Manejo e normas a serem seguidas  relacionada a biossegurança em experimentaç...Manejo e normas a serem seguidas  relacionada a biossegurança em experimentaç...
Manejo e normas a serem seguidas relacionada a biossegurança em experimentaç...
 
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino Monera
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino MoneraAula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino Monera
Aula 7º ano - Os cinco reinos dos seres vivos/ Reino Monera
 
Tipos de-pesquisa
Tipos de-pesquisaTipos de-pesquisa
Tipos de-pesquisa
 
Aula método cientifico
Aula método cientificoAula método cientifico
Aula método cientifico
 
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptx
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptxO Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptx
O Conhecimento científico e a Ciências da Natureza.pptx
 
Conceito de ética
Conceito de éticaConceito de ética
Conceito de ética
 
Experimentos científicos com animais
Experimentos científicos com animaisExperimentos científicos com animais
Experimentos científicos com animais
 
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos.
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos. Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos.
Os cinco Grandes Reinos- classificação dos seres vivos.
 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICOCONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
 
Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
Pesquisa Qualitativa e QuantitativaPesquisa Qualitativa e Quantitativa
Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
 

Destaque

Regina Rodrigues - Testes em Animais
Regina Rodrigues - Testes em AnimaisRegina Rodrigues - Testes em Animais
Regina Rodrigues - Testes em Animaisefaparaiso
 
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia.
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia. Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia.
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia. Wilia Diederichsen
 
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)Ana Isabel Nascimento
 
Objetivos na experimentação com animais
Objetivos na experimentação com animaisObjetivos na experimentação com animais
Objetivos na experimentação com animaisVitoria Silveira
 
O animal como modelo exprimental
O animal como modelo exprimentalO animal como modelo exprimental
O animal como modelo exprimentalInês Gaspar
 
Pesquisas em seres humanos
Pesquisas em seres humanosPesquisas em seres humanos
Pesquisas em seres humanosRicardo Brandão
 
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitário
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitárioICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitário
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitárioRicardo Portela
 
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio Bento
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio BentoBioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio Bento
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio BentoFamília Cristã
 
Пример проекта дома Z500
Пример проекта дома Z500Пример проекта дома Z500
Пример проекта дома Z500Z500projects
 

Destaque (14)

animais
animaisanimais
animais
 
Regina Rodrigues - Testes em Animais
Regina Rodrigues - Testes em AnimaisRegina Rodrigues - Testes em Animais
Regina Rodrigues - Testes em Animais
 
Testes
TestesTestes
Testes
 
Uso de animais
Uso de animaisUso de animais
Uso de animais
 
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia.
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia. Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia.
Modelos animais como modelos pré-clínicos - ênfase em Virologia.
 
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
 
Sidmanv2
Sidmanv2Sidmanv2
Sidmanv2
 
Objetivos na experimentação com animais
Objetivos na experimentação com animaisObjetivos na experimentação com animais
Objetivos na experimentação com animais
 
Testes em Animais
Testes em AnimaisTestes em Animais
Testes em Animais
 
O animal como modelo exprimental
O animal como modelo exprimentalO animal como modelo exprimental
O animal como modelo exprimental
 
Pesquisas em seres humanos
Pesquisas em seres humanosPesquisas em seres humanos
Pesquisas em seres humanos
 
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitário
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitárioICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitário
ICSC48 - Classificação dos animais de laboratório quanto ao status sanitário
 
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio Bento
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio BentoBioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio Bento
Bioética e pesquisa em seres humanos - Luiz Antonio Bento
 
Пример проекта дома Z500
Пример проекта дома Z500Пример проекта дома Z500
Пример проекта дома Z500
 

Semelhante a Bioetica uso de animais em experiências

Apostila curso ética animal jorneb
Apostila curso ética animal jornebApostila curso ética animal jorneb
Apostila curso ética animal jornebMarta Fischer
 
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animal
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animalRelease ii manifestação anti vivissecção e experimentação animal
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animalProjeto Golfinho Rotador
 
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdf
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdfoi deus me tira do ensino médio por favor.pdf
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdfAnju500646
 
Uso de Animais no ensino da Medicina Humana
Uso de Animais no ensino da Medicina HumanaUso de Animais no ensino da Medicina Humana
Uso de Animais no ensino da Medicina HumanaUrovideo.org
 
A legitimidade da experimentação animal
A legitimidade da experimentação animalA legitimidade da experimentação animal
A legitimidade da experimentação animaltecnico default
 
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPR
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPRParticipação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPR
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPRMarta Fischer
 
Ser cobaia_ Ciência e Tecnologia
Ser cobaia_ Ciência e TecnologiaSer cobaia_ Ciência e Tecnologia
Ser cobaia_ Ciência e TecnologiaSandra Figueiredo
 
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptx
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptxVEGANISMO- SLIDES apresentação.pptx
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptxAnajuliadelimaCarval
 
Dois exemplos de redações sobre Bioética
Dois exemplos de redações sobre BioéticaDois exemplos de redações sobre Bioética
Dois exemplos de redações sobre BioéticaProfFernandaBraga
 
Implicações da manipulação de fertilidade
Implicações da manipulação de fertilidadeImplicações da manipulação de fertilidade
Implicações da manipulação de fertilidadeMaria Carolina Esteves
 
ENSAIO FILOSÓFICO - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...
 ENSAIO FILOSÓFICO  - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA... ENSAIO FILOSÓFICO  - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...
ENSAIO FILOSÓFICO - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...AMLDRP
 
Artigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaArtigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaachanvca
 
Artigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaArtigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaachanvca
 
Transgenicos - Monopolio de Sementes
Transgenicos - Monopolio de SementesTransgenicos - Monopolio de Sementes
Transgenicos - Monopolio de SementesEiderson Silva Cabral
 

Semelhante a Bioetica uso de animais em experiências (20)

Apostila curso ética animal jorneb
Apostila curso ética animal jornebApostila curso ética animal jorneb
Apostila curso ética animal jorneb
 
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animal
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animalRelease ii manifestação anti vivissecção e experimentação animal
Release ii manifestação anti vivissecção e experimentação animal
 
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdf
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdfoi deus me tira do ensino médio por favor.pdf
oi deus me tira do ensino médio por favor.pdf
 
Uso de Animais no ensino da Medicina Humana
Uso de Animais no ensino da Medicina HumanaUso de Animais no ensino da Medicina Humana
Uso de Animais no ensino da Medicina Humana
 
A legitimidade da experimentação animal
A legitimidade da experimentação animalA legitimidade da experimentação animal
A legitimidade da experimentação animal
 
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPR
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPRParticipação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPR
Participação do Grupo de Pesquisa Bioética Ambiental no XXV SEMIC - PUCPR
 
Ser cobaia_ Ciência e Tecnologia
Ser cobaia_ Ciência e TecnologiaSer cobaia_ Ciência e Tecnologia
Ser cobaia_ Ciência e Tecnologia
 
Crio
CrioCrio
Crio
 
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptx
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptxVEGANISMO- SLIDES apresentação.pptx
VEGANISMO- SLIDES apresentação.pptx
 
Consciência animal
Consciência animal Consciência animal
Consciência animal
 
Dois exemplos de redações sobre Bioética
Dois exemplos de redações sobre BioéticaDois exemplos de redações sobre Bioética
Dois exemplos de redações sobre Bioética
 
Implicações da manipulação de fertilidade
Implicações da manipulação de fertilidadeImplicações da manipulação de fertilidade
Implicações da manipulação de fertilidade
 
ENSAIO FILOSÓFICO - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...
 ENSAIO FILOSÓFICO  - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA... ENSAIO FILOSÓFICO  - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...
ENSAIO FILOSÓFICO - SERÁ QUE OS ANIMAIS NÃO HUMANOS SÃO DIGNOS DE CONSIDERA...
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Artigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaArtigo roland bioetica
Artigo roland bioetica
 
Artigo roland bioetica
Artigo roland bioeticaArtigo roland bioetica
Artigo roland bioetica
 
Jornal animalia
Jornal animaliaJornal animalia
Jornal animalia
 
A Vivissecção
A VivissecçãoA Vivissecção
A Vivissecção
 
RELAÇÃO TESE - ARGUMENTO
RELAÇÃO TESE - ARGUMENTORELAÇÃO TESE - ARGUMENTO
RELAÇÃO TESE - ARGUMENTO
 
Transgenicos - Monopolio de Sementes
Transgenicos - Monopolio de SementesTransgenicos - Monopolio de Sementes
Transgenicos - Monopolio de Sementes
 

Último

GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxFranciely Carvalho
 
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...EvandroAlvesAlves1
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Vitor Mineiro
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptxCompartilhadoFACSUFA
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1Michycau1
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 

Último (20)

GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
 
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 

Bioetica uso de animais em experiências

  • 1. Até que ponto a utilização de animais em experimentos 1 científicos é eticamente aceita? Marco Aurelio Guimarães* Por mais elevado que seja o nosso padrão intelectual, nós, como seres humanos, temos a tendência a defender nossos próprios pontos de vistas e opiniões. Dilemas podem suscitar defesas passionais de opiniões. A intelectualidade pressupõe racionalidade nas opiniões. O conflito entre estas posições divergentes pode resultar em problemas das mais variadas dimensões. A busca de uma solução coerente para a disputa entre a emoção e a razão constitui a base de um posicionamento ético. Eutanásia. Aborto. Barriga de aluguel. Células-tronco embrionárias. Direito de recusar tratamentos. Todos são assuntos que podem gerar respostas como “sou a favor” ou “sou contra” com imensa facilidade. Mas quando situações particulares e casos individuais para cada um desses dilemas surgem, as respostas podem mudar para uma sentença que geralmente se inicia com “Bem, nesta situação específica...”. Assim, as exceções se mostram. Não poderia ser diferente quando falamos do uso de animais por nós, seres humanos. Interessante notar que para discutir este assunto, imediatamente nos excluímos da categoria de ser “animal”. Carregamos a visão cartesiana de que os animais não são dotados de algo que nós, humanos, somos. Podemos chamar este algo de racionalidade, ou até mesmo de alma. Não importa o que seja, nós precisamos é nos diferenciar dos animais, para nos defender dos resultados de nossas decisões. Ou seja, somos a priori, numa analogia à palavra racista, especiecistas, pois discriminamos seres vivos por sua espécie. Somos antropocêntricos. Tendo consciência disso, para pensarmos em um posicionamento ético com relação ao uso de animais, precisamos fazer uma nova pergunta: Que tipo de “uso” de animais exatamente estamos falando? Podemos separar o uso de animais aqui, para simplificar o entendimento das diferentes situações, em cinco tipos: Alimentação e vestuário, testes cosméticos, produção de soros e vacinas, ensino de ciências biológicas e pesquisa científica. Assim, fica mais fácil perceber que respostas simples como “contra” ou “a favor” não são cabíveis a um assunto tão complexo quanto o uso de animais. Dentro desta idéia, não consideraremos o uso de animais para diversão, devido à complexidade particular de situações que poderiam ser abordadas. Para avaliar nosso posicionamento ético frente a cada uma desses possíveis dilemas e verificar o quanto nos valemos de nossa emoção ou de nossa razão nesta avaliação, podemos perguntar o quanto estamos dispostos a abrir mão de nosso conforto, dos nossos prazeres ou das nossas necessidades. Estamos dispostos a não nos alimentarmos ou vestirmos com produtos de origem animal? Algumas pessoas optam, pelas mais variadas razões, a esta situação. Os vegetarianos (e “veganos”) são o exemplo. Trata-se de um posicionamento ético dessas pessoas. Mas em termos sociais, é moralmente aceito (pode-se dizer até estimulado) o ato de comer carne ou usar um par de sapatos de couro. Não se vê até o momento grupos que se mobilizem para proibir amplamente o consumo de carne ou o uso de couro recorrendo à justiça. Ou ainda, movimentos para extinguir o vegetarianismo. Vegetarianos e não-vegetarianos convivem harmonicamente em sociedade desde que respeitem mutuamente suas opções. A eticidade do comer
  • 2. 2 carne ou vestir couro é uma opção individual, não passível de regulamentação por lei neste momento histórico. Estamos dispostos a usar cosméticos que não sejam testados em animais? Nas últimas décadas, as sociedades de diferentes países passaram a não aceitar este tipo de procedimento. Grandes empresas de cosméticos foram incluídas num tipo de “lista negra” e tiveram seus produtos boicotados. Embalagens com o aviso “produto não testado em animais” ganharam valor comercial positivo. O conhecimento de como eram (e ainda são, em algumas empresas) realizados os testes cosméticos causaram o sentimento de pena pelos animais utilizados, além da culpa implícita pelo consumo dos produtos. O que, antes, era moralmente aceito passou a ser eticamente questionável. Não houve a necessidade formal de leis para regulamentar isto. As pessoas mudaram, as sociedades mudaram. Estamos dispostos a não usar animais para a produção de soros e vacinas? Mesmo com a rápida progressão da ciência e a evolução das técnicas de biologia molecular, certos produtos ainda dependem do uso de animais para sua produção. Seria tolerável para nós uma pessoa morrer por uma picada de cobra ou escorpião para não ter cavalos usados na produção de soros? Podemos aceitar a propagação de epidemias como de febre amarela para não utilizarmos ovos na produção de vacinas? Até que haja alternativas viáveis cientifica e economicamente falando, as pessoas não parecem questionar este uso dos animais. Lembrando: somos antropocêntricos e atribuímos maior valor à vida humana que à vida de animais. Não se fala, neste caso, sobre a proibição da produção de soros e vacinas para não usar animais. Em termos de moralidade do fato, não há, senso geral, questionamento por parte das sociedades. Estamos dispostos a não usar animais para o ensino das ciências biológicas? Alguns grupos defendem o uso didático dos animais, outros o questionam. Tradicionalmente, a repetição de experimentos científicos clássicos como forma de aprendizado se estabeleceu nas universidades. Hoje, com a possibilidade de métodos alternativos como filmagem de um único procedimento ou o uso de programas de computador que simulam estes experimentos, passou a ocorrer o questionamento da real necessidade de animais para fins didáticos. Diferentemente da polêmica que ainda ocorre no Brasil, há um grade número de grandes universidades no mundo que não utilizam mais animais para o ensino, entre elas as conceituadas Harvard Medical School , nos Estados Unidos (http://www.internichebrasil.org/literatura/listamed.htm) e a Universidade de Milão, na Itália (http://www.internichebrasil.org/noticias.htm#eua). A tendência aparente é pela abolição do uso de animais no ensino superior, quer seja por razões morais e éticas, quer por razões econômicas, que não podem ser esquecidas, apesar de não ser cabível discuti-las aqui. Vale lembrar que neste caso já existem tentativas de proibir o uso de animais para fins didáticos. Há também decisões judiciais no Brasil favoráveis à objeção de consciência por parte de alunos que não quiseram participar de atividades didáticas com uso de animais, obrigando as universidades a oferecerem alternativas que não prejudicassem a avaliação acadêmica desses alunos. Contudo, a tendência em abolir o uso de animais em aulas práticas leva a crer que não será necessária uma legislação para este fim. A eticidade e a moralidade do uso no ensino foram questionadas e o conhecimento de alternativas deve gradativamente viabilizar a mudança à semelhança do que ocorreu na questão dos testes cosméticos. Resta a última, e provavelmente mais polêmica questão: estamos dispostos a não usar animais para pesquisa científica? Precisamos lembrar alguns fatos históricos para entender a situação atual.
  • 3. No século XIX o francês Claude Bernard (1813-1878) enfrentou resistência da comunidade científica ao propor a pesquisa de fenômenos biológicos utilizando a vivissecção de animais. Com o sucesso de suas pesquisas, a utilização de animais em pesquisa passou a ser rotineira e o pesquisador passou a ser considerado o “pai da medicina experimental”. Diversos textos de sua autoria mostraram a sua preocupação ética com relação aos pacientes humanos, mas apregoavam a indiferença ao sofrimento dos animais. Tal indiferença levou-o a utilizar o cachorro de estimação de sua filha em uma aula, fato este que levou sua esposa a fundar a primeira associação para proteção dos animais de laboratório. Mas Claude Bernard não foi o único grande cientista a colaborar no estabelecimento da pesquisa com animais na ciência. François Magendie (1783-1855) e Louis Pasteur (1822-1895) também foram fundamentais para sua consolidação. Enquanto na França a vivissecção avançava, na Grã-bretanha leis eram criadas para a proteção aos animais (British Anti-cruelty Act 1822; 1876). As idéias de proteção aos animais foram se espalhando enquanto o uso de animais em pesquisas aumentava. Em 1909 a Associação Médica Americana publicava aspectos éticos da utilização de animais em pesquisas. Há controvérsias sobre a proibição do uso de animais em pesquisas no mundo. Liechtenstein e a república de San Marino aparentemente são os únicos lugares do mundo onde que a pesquisa com animais é totalmente proibida. Em vários outros países a regulamentação e o controle desta atividade são muito rígidos. Em outros, como o Brasil, tanto a regulamentação como a fiscalização do uso de animais em pesquisa são muito limitados. 3 No debate entre proibir ou não a pesquisa com animais, há argumentos plausíveis para defesa das duas posições. Em defesa do uso de animais, é inegável o avanço científico ocorrido, que vai desde o entendimento de fenômenos fisiológicos e patológicos até o desenvolvimento de novos fármacos, soros, vacinas e procedimentos cirúrgicos tanto para seres humanos quanto para diferentes espécies animais. Isto é inegável e inquestionável, considerando-se o número de publicações científicas e de conhecimento útil gerado. Contra o seu uso, os argumentos de que é possível estudar processos patológicos sem animais, como ocorreu no caso da pesquisa sobre HIV/AIDS. Modelos animais não se mostraram adequados para a pesquisa e mesmo assim o avanço do conhecimento ocorreu com a investigação unicamente em seres humanos. Outros argumentos baseiam-se no fato de que testes em animais não garantem segurança ao ser humano, pois drogas que foram testadas em animais acabaram por se mostrar danosas às pessoas, como no caso da talidomida e da fialuridina. As recentes retiradas do mercado de antiinflamatórios que foram testados em animais reforçam esta idéia. Inversamente, drogas potencialmente úteis ao ser humano podem ter sido barradas em testes com animais, por causarem efeitos adversos nas espécies testadas que não surgem, ou surgem em intensidade não deletéria, nos seres humanos. Denúncias com imagens de atos de crueldade conta animais em laboratórios acabam por acentuar ainda mais a repulsa pela idéia da utilização dos mesmos em pesquisa científica. O problema central deste confronto de posições é que ambos os lados tem alguma razão. A ciência progride sim com o uso de animais. Mas o direito ao uso não pode ser confundido com o direito ao abuso.
  • 4. A simples e direta proibição do uso de animais também não soluciona o problema. Ou todos o que desejam esta proibição estão absolutamente dispostos a não utilizar, devido à sua objeção ética ao uso de animais, de todos os tratamentos e benefícios gerados pelas pesquisas até hoje? Pessoas que são contra a utilização de animais em pesquisas usarem os resultados dessas pesquisas em benefício próprio assemelha-se, fundamentalmente, a utilizar benefícios resultantes de pesquisas em campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial. 4 Devemos considerar também que os países com legislações mais restritivas à pesquisa em animais têm, geralmente, padrão sócio-econômico elevado. Locais onde a pesquisa em animais é mais limitada têm como conseqüência mais pesquisas em seres humanos. Isto não é problema onde as pessoas têm amplo acesso a atendimento de saúde de qualidade. Elas têm a autonomia real de optarem por participar ou não das pesquisas. Mas em países onde o padrão sócio-econômico é baixo e o acesso à saúde é limitado, a restrição à pesquisa em animais pode ter efeitos sérios. Um aumento não corretamente estruturado da pesquisa em seres humanos pode levar populações economicamente vulneráveis a participarem de pesquisas para garantir alguma forma de tratamento de saúde, reduzindo sua autonomia, seu direito de escolha, violando seus direitos humanos. Num debate televisivo sobre a proibição do uso de animais em pesquisa, uma mulher, dependente do sistema público de saúde brasileiro, fez o seguinte questionamento: “Se não testarem em animais, vão testar em quem? Nos nossos filhos?”. Nota-se preocupação com a possibilidade de que os menos favorecidos economicamente venham a ser as novas “cobaias”. Não creio que a sociedade brasileira venha aceitar moralmente a proibição do uso de animais em pesquisas principalmente por esta razão. A defesa passional da proibição do uso de animais em pesquisa pode gerar até o efeito oposto ao desejado. Que a sociedade composta por uma maioria de desfavorecidos venha a se posicionar veementemente contra tal possibilidade, tendo como objetivo sua auto-proteção. As recentes propostas de leis estaduais no Rio de Janeiro e em São Paulo de proibir o uso de animais em pesquisas têm grande potencial de gerar este efeito. Acredito que enquanto não houver melhorias na qualidade da saúde da população brasileira, a rejeição à proibição do uso de animais em pesquisa continuará. Assim como enquanto não houver melhorias na educação. Não há como consolidar valores que dependam de conhecimentos e posicionamentos filosóficos inalcançáveis à maioria dessa população. Uma comparação pode ser feita com o que ocorreu no referendo sobre a proibição armas de fogo no Brasil. A população que não confia na segurança pública de seu país, não é convencida a rejeitar armas. A população que não confia na saúde, não será convencida a rejeitar a pesquisa com animais. Enquanto isso, cabe a todos, frente ao momento moral e ético, lutar para que os animais sejam protegidos na pesquisa científica dentro da realidade que a nossa sociedade vivencia . Os 3 “R” propostos por Russel e Burch em 1959 talvez continuem sendo a base para guiar nossas ações por algum tempo. Redução (reduction) do número de animais ao estritamente necessário; Refinamento (refinement) das técnicas utilizadas nas pesquisa para minimizar o sofrimento e; Substituição (replacement) de animais por métodos alternativos sempre que possível.
  • 5. Comitês de revisão de protocolos científicos realmente atuantes e eficientes. Leis e regulamentações coerentes e executáveis para evitar abusos aos animais, mas que não paralisem a ciência que beneficia a todos. Formação acadêmica adequada para discussão do assunto. Melhoria da saúde e educação. A mudança virá a longo prazo. 5 Proibição não. Conscientização sim. Assim se estabelece a ética. *Marco Aureliio Guimarães é professor doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. É graduado em medicina pela FMRP-USP, possui mestrado e doutorado em fisiologia pela mesma universidade e pós-doutorado em identificação humana pela University of Sheffield, na Inglaterra. Uma de suas linhas de pesquisa tem como especialidade a Bioética, visando a promoção de debates em torno da utilização ou não de animais na medicina. (Fonte: lattes CNPq)