SlideShare uma empresa Scribd logo
Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho
da Construção Civil
Noções de ergonomia
Noções de ergonomia
Antropometria
Biomecância ocupacional
Estudo do posto de trabalho
Referências bibliográficas
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
SHSTCC – Noções de ergonomia
Índice
Noções de ergonomia
1. Noções de ergonomia...........................................................................................................3
1.1. O que é a ergonomia......................................................................................................3
1.2. Definição de ergonomia..................................................................................................3
1.3. Nascimento e evolução da ergonomia...........................................................................5
1.4. O Taylorismo e a Ergonomia..........................................................................................6
1.5. As abordagens em ergonomia........................................................................................7
1.6. Aplicações da ergonomia.............................................................................................10
2. Antropometria......................................................................................................................13
2.1. Diferenças individuais...................................................................................................13
2.2. Realização de medições antropométricas....................................................................14
2.3. Antropometria estática..................................................................................................15
2.4. Antropometria dinâmica e funcional.............................................................................17
2.5. Aplicação dos dados antropométricos..........................................................................19
3. Biomecânica ocupacional....................................................................................................23
3.1. Trabalho estático e dinâmico........................................................................................23
3.2. Posturas do corpo humano...........................................................................................24
3.3. Análise da postura........................................................................................................26
4. Estudo do posto de trabalho...............................................................................................27
4.1. Abordagem tradicional do posto de trabalho................................................................27
4.2. Abordagem ergonómica do posto de trabalho..............................................................28
4.3. Análise da tarefa...........................................................................................................29
4.4. Arranjo físico do posto de trabalho...............................................................................32
4.5. Dimensionamento do posto de trabalho.......................................................................33
4.6. Posto de trabalho com computadores..........................................................................35
Referências bibliográficas.......................................................................................................39
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
2
SHSTCC – Noções de ergonomia
Capítulo 12
1. Noções de ergonomia
1.1. O que é a ergonomia
Ergonomia pode ser definida como o estudo da relação entre o homem e a sua
ocupação, o equipamento e o ambiente em que decorre a sua actividade
profissional, através da aplicação de conhecimentos no domínio das Ciências
Humanas, de modo a efectuar a humanização do trabalho, em todas as suas vertentes e
sectores de actividade.
A
A Ergonomia surge, pela primeira vez, logo após a II Guerra Mundial, como consequência do
trabalho interdisciplinar de diversos profissionais, como engenheiros, fisiologistas e
psicólogos, que foram mobilizados durante a guerra.
Inicialmente, a aplicação da Ergonomia só se fazia sentir, exclusivamente, no Sector da
Indústria, no qual se concentrava no binómio homem-máquina. Hoje em dia, a aplicação da
Ergonomia é mais abrangente, estudando sistemas complexos em todos os sectores de
actividade, onde dezenas ou até centenas de elementos interagem entre si.
A Ergonomia também se expandiu horizontalmente, abrangendo quase todos os tipos de
tarefas e actividades humanas. Actualmente, essa expansão processa-se principalmente no
Sector dos Serviços (saúde, educação, transportes, lazer e outros) e até no estudo de
trabalhos domésticos.
1.2. Definição de ergonomia
Tal como vimos anteriormente, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem.
O trabalho aqui tem uma definição bastante ampla, abrangendo, além de máquinas e
equipamentos utilizados para transformar os materiais, também o ambiente de trabalho e os
aspectos organizacionais que envolvam a programação do mesmo.
Tradicionalmente, esta adaptação ocorre sempre do trabalho para o homem, e a recíproca
nem sempre é verdadeira. Por outras palavras, é muito mais difícil efectuar a adaptação do
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
3
SHSTCC – Noções de ergonomia
homem ao trabalho. Isto significa que a Ergonomia parte do conhecimento do homem para
efectuar o projecto de trabalho, ajustando-o às capacidades e limitações humanas.
Uma definição concisa da Ergonomia é a seguinte:
“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e
ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
psicologia na solução dos problemas surgidos desses relacionamentos”. (Ergonomics
Research Society)
Para levar a cabo o seu objectivo, a Ergonomia estuda diversos aspectos referentes ao
comportamento humano no trabalho, bem como outros factores considerados importantes
para a concepção de sistemas do trabalho, que são:
• Homem – características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais do trabalhador;
influência do sexo, idade, formação e motivação;
• Máquina – entende-se por máquina qualquer ajuda material que o homem utiliza
durante a execução do seu trabalho, englobando assim os equipamentos, as
ferramentas, o mobiliário e as instalações da empresa;
• Ambiente – estuda as características do ambiente físico que envolve o homem
durante o trabalho, como a temperatura, o ruído, as vibrações, a iluminação, as
cores, os gases e outros;
• Informação – refere-se às comunicações existentes entre os elementos de um
sistema, as transmissões de informação, o processamento e a tomada de decisões;
• Organização – é a conjugação dos elementos acima citados no sistema produtivo,
estudando aspectos como os horários, os turnos de trabalho e a formação dos
trabalhadores;
• Consequências do Trabalho – aqui entram todas as questões relacionadas com
controlo de tarefas, tais como inspecções, estudos de acidentes e de erros
cometidos, além de estudos sobre a fadiga, stresse e gastos energéticos.
Assim, podemos dizer que os objectivos práticos da Ergonomia são a eficiência e a
segurança dos sistemas homem-máquina e homem-ambiente, conjugadas com o bem-estar
e a satisfação individuais. Estes objectivos são alcançados através da harmonização das
ferramentas, dos equipamentos e dos sistemas com as características humanas.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
4
SHSTCC – Noções de ergonomia
1.3. Nascimento e evolução da ergonomia
Ao contrário de muitas outras ciências cujas origens se perdem no tempo e no espaço, a
Ergonomia tem uma "data oficial" de nascimento: 12 de Julho de 1949. Nesse dia, reuniram-
se pela primeira vez, em Inglaterra, um grupo de cientistas e investigadores interessados em
discutir e em formalizar a existência deste novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.
Na segunda reunião desse mesmo grupo, ocorrida a 16 de Fevereiro de 1950, foi proposto o
neologismo Ergonomia, formado dos termos gregos Ergo, que significa trabalho e Nomos,
que significa regras, Ieis naturais.
Este termo já tinha sido anteriormente usado pelo polaco Woitej Yastembowsky (1857) que
publicou um artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis
objectivas da ciência sobre a natureza” mas foi só a partir da fundação, no início da década
de 50, da Ergonomics Research Society, em Inglaterra, que a Ergonomia se expandiu no
mundo industrializado.
O termo Ergonomia foi adoptado nos principais países europeus, onde se veio a formar a
Associação Internacional da Ergonomia, que realizou o seu primeiro congresso em 1961, na
cidade de Estocolmo. Nos Estados Unidos foi criada a Human Factors Society, em 1957,
sendo ainda hoje usual neste país a aplicação do termo human factors (factores humanos),
embora ergonomia seja aceite como sinónimo.
1.3.1. Os Precursores da ergonomia
Se o nascimento oficial da Ergonomia pode ser definido com precisão, o período da sua
gestação foi muito longo. Começou, provavelmente, por intermédio do primeiro homem pré-
histórico que escolheu uma pedra do formato que melhor se adaptava à forma e movimentos
do sua mão, para usá-la como arma. A preocupação de adaptar os objectos artificiais e o
ambiente natural ao homem sempre esteve presente, desde os tempos da produção
artesanal não mecanizada.
Entretanto, a revolução industrial, ocorrida a partir do Século XVIII, tornou mais dramático
esse problema. As primeiras fábricas que surgiram não tinham qualquer semelhança com
uma fábrica moderna. Eram sujas, barulhentas, perigosas e escuras, com os períodos de
trabalho a atingir as 16 horas diárias, sem férias, em regime de semi-escravidão, imposto por
empresários autoritários.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
5
SHSTCC – Noções de ergonomia
Os estudos mais sistemáticos do trabalho começaram a ser efectuados a partir do final do
século passado. Nessa época, surge nos Estados Unidos o movimento da administração
científica, que ficou conhecido como taylorismo (ver secção 1.4).
Com a eclosão da II Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados os conhecimentos
científicos e tecnológicos disponíveis para construir instrumentos bélicos relativamente
complexos como submarinos, tanques, radares, sistemas contra incêndio e aviões. Estes
exigiam muitas habilidades do operador no campo de batalha, em condições ambientais
bastante desfavoráveis e tensas. Os erros e acidentes, muitos com consequências fatais,
eram frequentes. Tudo isso fez redobrar o esforço da pesquisa para adaptar estes
instrumentos bélicos às características, capacidades e limitações do operador, melhorando o
desempenho e reduzindo a fadiga e, consequentemente, os acidentes.
Como “subproduto” deste esforço da guerra surgiram as reuniões em Inglaterra, já
mencionadas anteriormente, que marcaram o início da Ergonomia, agora em tempo de paz,
na aplicação dos seus conhecimentos à produção "civil”, que melhoraram a produtividade e
as condições de vida da população, em geral, e dos trabalhadores, em particular.
Hoje, a Ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo. Existem muitas
instituições de ensino e de investigação que actuam nesta área e anualmente realizam-se
muitos eventos de carácter nacional e internacional para a apresentação e discussão de
resultados.
1.4. O Taylorismo e a Ergonomia
Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um engenheiro
americano que iniciou, no final do século passado, o movimento “administração científica” do
trabalho e que se notabilizou pela sua obra Princípios de Administração Científica, publicada
originalmente em 1912.
Taylor defendia que o trabalho deveria ser cientificamente observado, de modo que, para
cada tarefa, fosse estabelecido o método mais correcto para executá-la, com um tempo
determinado, usando as ferramentas correctas. Deste modo, haveria uma divisão de
responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica, cabendo a esta última
determinar os métodos e os tempos mais correctos, de modo a que o trabalhador pudesse
concentrar-se unicamente na sua tarefa produtiva. Os trabalhadores eram controlados,
através de indicadores de produtividade, e os mais produtivos eram recompensados com
incentivos salariais.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
6
SHSTCC – Noções de ergonomia
Os trabalhadores tiveram, desde o início do taylorismo, uma certa resistência à aceitação da
cronometragem e dos métodos definidos pela gerência, pois achavam que isso os oprimia e
normalmente reagiam não cumprindo as regras estabelecidas, desregulando máquinas e
prejudicando intencionalmente a qualidade dos produtos. Da resistência individual, chegou-
se rapidamente aos movimentos colectivos e sindicais que questionavam o poder da
gerência dentro das fábricas.
Estas duas vertentes – de um lado, a resistência dos próprios trabalhadores, e, do outro, o
enriquecimento dos conhecimentos científicos sobre a natureza do trabalho – influenciaram a
gerência empresarial a rever as suas posições.
Hoje em dia existe um maior respeito pelas necessidades do trabalhador e as normas de
grupo e, na medida do possível, procura-se envolver os próprios trabalhadores nas decisões
acerca do seu trabalho. Uma das consequências desta nova postura adoptada foi a
eliminação gradual das linhas de montagem, onde cada trabalhador deveria realizar tarefas
simples e altamente repetitivas, definidas pela gerência. Estas linhas, consideradas até há
pouco tempo como o supra-sumo do taylorismo, parecem estar condenadas a substituição
por equipas menores, mais flexíveis, designadas células de produção. Cada célula
encarrega-se de efectuar um produto completo, do início até ao fim, ficando a distribuição
das tarefas de cada trabalhador a cargo dos próprios elementos da equipa.
1.5. As abordagens em ergonomia
A abordagem ergonómica consiste essencialmente em considerar cada sistema de trabalho
centrado no próprio operador humano. As contribuições da Ergonomia para introduzir
melhorias em situações de trabalho nas empresas pode variar, consoante a fase em que
estas ocorram e a abrangência com que estas são efectuadas.
A abrangência é classificada em análise de sistemas e análise dos postos de trabalho.
Análise de sistemas – A análise de sistemas preocupa-se com o funcionamento global de
uma equipa de trabalho que usa uma ou mais máquinas, partindo dos aspectos gerais, como
a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, mecanização das tarefas e assim por
diante. Ao considerar-se uma tarefa a atribuir ao homem ou à máquina, devem ser
adoptados critérios como o custo, a fiabilidade, a segurança, entre outros. A análise de
sistemas pode ser aprofundada gradualmente, até chegar ao nível de cada um dos postos de
trabalho que os compõem.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
7
SHSTCC – Noções de ergonomia
Análise dos postos de trabalho – A análise dos postos de trabalho é o estudo de uma parte
do sistema onde actua um trabalhador. A abordagem ergonómica ao nível do posto de
trabalho efectua a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador, bem como
das suas exigências físicas e psicológicas. Considerando um posto simples, onde o homem
opera apenas uma máquina, a análise deve partir do estudo da interface homem-máquina,
ou seja, das interacções que ocorrem entre o homem, a máquina e o ambiente de trabalho,
as quais devem formar um conjunto harmónico (ver Figura abaixo).
Para o funcionamento do sistema homem-máquia.
O homem recebe informações da máquina e do ambiente, toma decisões e
actua sobre a máquina por meio dos dispositivos de controlo
1.5.1. Ocasião da contribuição ergonómica
A contribuição ergonómica, de acordo com a ocasião em que esta é efectuada, classifica-se
em ergonomia de concepção, ergonomia de correcção e ergonomia de consciencialização
(segundo Wisner, 1987).
Ergonomia de Concepção
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
8
SHSTCC – Noções de ergonomia
A ergonomia de concepção ocorre quando a contribuição ergonómica é efectuada durante a
fase inicial do projecto do produto, da máquina ou do ambiente. Esta é considerada a melhor
situação, pois as alternativas podem ser amplamente analisadas, mas também se exige
maior conhecimento e experiência, porque as decisões são tomadas com base em situações
hipotéticas. A qualidade destas decisões pode ser melhorada, através de dados já existentes
relativos a situações semelhantes ou através de modelos tridimensionais (maquetas) em
madeira ou papelão, onde as situações de trabalho podem ser simuladas a custos
relativamente baixos.
Ergonomia de Correcção
A ergonomia de correcção aplica-se em situações reais, já existentes, quer para resolver
problemas que se reflectem na segurança, na fadiga excessiva ou em doenças do
trabalhador, quer na produtividade e na qualidade do Produto.
Muitas vezes, a solução adoptada não é totalmente satisfatória, porque a solução ideal
exigiria custos excessivamente elevados, como, por exemplo, na substituição de máquinas
inadequadas. Em alguns casos, as melhorias, como mudanças de posturas, colocação de
dispositivos de segurança e aumento da iluminação, podem ser efectuadas com relativa
facilidade, enquanto em outros casos, como a redução da carga mental ou de ruídos, estas
alterações são de execução mais difícil.
Ergonomia de Consciencialização
Muitas vezes, os problemas ergonómicos não são completamente solucionados, nem na fase
de concepção nem na fase de correcção. Além do mais, novos problemas poderão surgir a
qualquer momento, devido ao desgaste natural das máquinas e equipamentos, a
modificações introduzidas pelos serviços de manutenção, à alteração dos produtos e da
programação da produção, à introdução de novos equipamentos de transporte, entre outros
factores. Assim, podemos afirmar que o sistema e os postos de trabalho assemelham-se a
organismos vivos em constante transformação e adaptação ao seu meio. É importante,
portanto, consciencializar o operador, através de cursos de formação e de reciclagens
frequentes, ensinando-o a trabalhar de modo seguro, reconhecendo os factores de risco que
podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. Nesse caso, ele deve saber
exactamente qual a acção a ser tomada (por exemplo, desligar a máquina e chamar a equipa
de manutenção).
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
9
SHSTCC – Noções de ergonomia
1.6. Aplicações da ergonomia
O problema da adaptação do trabalho ao homem nem sempre tem uma solução simples, que
possa ser resolvida numa primeira tentativa. Geralmente, é um problema complexo, para o
qual não existe uma resposta imediata.
Numa situação ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projecto de
uma máquina, ambiente ou local de trabalho, as quais devem sempre incluir o ser humano
como um dos seus componentes. Assim, as características desse operador humano devem
ser consideradas conjuntamente com as características ou restrições das partes mecânicas
ou ambientais, para se ajustarem mutuamente uns aos outros.
Às vezes, é necessário adoptar certas soluções de compromisso, mesmo que elas não
sejam as ideais, por uma série de motivos, como o aproveitamento e a adaptação de uma
máquina existente, por razões económicas. No entanto, o requisito mais importante, em
relação ao qual não se deve fazer nenhuma concessão, é o da segurança do operador.
Inicialmente, as aplicações da Ergonomia restringiam-se ao Sector da Indústria e ao Sector
das Forças Armadas e Espacial. Recentemente, a aplicação da Ergonomia expandiu-se para
o Sector dos Serviços e para a vida diária do cidadão comum.
1.6.1. Ergonomia na Indústria
Na Indústria, a ergonomia contribui para melhorar a eficiência, a fiabilidade e a qualidade das
operações industriais, podendo estas ser efectuadas através do aperfeiçoamento do sistema
homem-máquina, da organização do trabalho e da melhoria das condições de trabalho.
O aperfeiçoamento do sistema homem-máquina pode ocorrer tanto na fase de projecto de
máquinas, equipamentos e postos de trabalho, como na introdução de modificações em
sistemas já existentes, adaptando-os às capacidades e limitações do organismo humano.
Uma segunda categoria de actuação da ergonomia está relacionada com os aspectos
organizacionais do trabalho, procurando reduzir a fadiga e a monotonia, principalmente pela
eliminação do trabalho altamente repetitivo, dos ritmos mecânicos impostos ao trabalhador e
da falta de motivação provocada pela pouca participação do mesmo nas decisões sobre o
seu próprio trabalho.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
10
SHSTCC – Noções de ergonomia
Em terceiro lugar, a melhoria das condições de trabalho é feita pela análise das condições
físicas do trabalho, como temperatura, ruídos, vibrações, gases tóxicos e iluminação. Por
exemplo, uma iluminação deficiente sobre uma tarefa que exige precisão pode ser muito
fatigante. Por outro lado, focos do luz brilhantes colocados dentro do campo visual podem
provocar encandeamentos extremamente desconfortáveis.
A aplicação sistemática da ergonomia na Indústria é feita através da identificação dos locais
onde ocorrem maiores problemas ergonómicos. Estes podem ser reconhecidos por certos
sintomas como alto índice de erros, acidentes, doenças, absentismo e rotatividade dos
trabalhadores. Estes sintomas estão normalmente associados à inadaptação das máquinas,
falhas na organização do trabalho ou deficiências ambientais que podem provocar tensões
musculares e psíquicas nos trabalhadores.
1.6.2. Ergonomia no Sector dos Serviços
O Sector dos Serviços é o que mais se expande com a modernização da sociedade.
Com a mecanização crescente da agricultura e a automação da indústria, a mão-de-obra
excedente desses sectores vai sendo absorvida pelo sector dos serviços: comércio, saúde,
educação, escritórios, bancos, lazer e prestações de serviços em geral.
O Sector de Serviços tende a crescer, criando sempre novas necessidades na sociedade
civil. Por exemplo, a expansão da TV, a partir da década de 50, criou uma série de profissões
que não existiam. Evolução semelhante está a ocorrer nos nossos dias com a introdução do
computador pessoal como equipamento de trabalho diário.
1.6.3. Ergonomia na Vida Diária
A ergonomia tem contribuído para melhorar a vida quotidiana, tornando os meios de
transporte mais cómodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável e os aparelhos
electrodomésticos mais eficientes e seguros.
Hoje em dia, são já realizados estudos ergonómicos para melhorar as residências e a
circulação de pedestres em locais públicos, para ajudar pessoas com deficiências físicas,
entre outras situações.
Para efectuar um estudo ergonómico a um dado posto/local de trabalho, a Ergonomia recorre
a outras áreas de estudo, nomeadamente a antropometria, a biomecânica, a fisiologia do
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
11
SHSTCC – Noções de ergonomia
trabalho muscular, a psicossociologia do trabalho, entre outras, às quais se fará referência
nos pontos seguintes.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
12
SHSTCC – Noções de ergonomia
2. Antropometria
antropometria estuda as medidas físicas do corpo humano. Aparentemente, medir
as pessoas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua e uma
balança. No entanto, este estudo não é tão simples como aparenta, quando se
deseja obter medições fiáveis sobre uma população que contém indivíduos dos mais
variados tipos. Além disso, as condições em que essas medições são realizadas (com roupa
ou sem roupa, com ou sem calçado, postura relaxada ou não) influem consideravelmente
nos resultados.
A
Talvez a característica física humana mais comum numa população seja a enorme variedade
de dimensões, de tipos de físicos e mesmo de proporções do corpo humano. Estamos tão
habituados a essa variabilidade que, a não ser que nos deparemos com alguém
extremamente alto ou baixo ou de volume extremo, não damos conta da amplitude dessa
variabilidade.
A utilização dos dados antropométricos de uma dada população surge da necessidade de
produzir em massa. Na concepção de um carro, o dimensionamento de alguns centímetros a
mais, sem necessidade, pode provocar um aumento considerável nos custos de produção,
se considerarmos uma série de centenas de milhares de carros produzidos.
2.1. Diferenças individuais
Todas as populações são compostas por indivíduos de diferentes tipos físicos, quer sejam as
dimensões ou as proporções do corpo humano. Existem pequenas diferenças nas
proporções de cada segmento do corpo humano de cada indivíduo, que existem desde o seu
nascimento e que tendem a acentuar-se durante o seu crescimento, até à idade adulta.
Existem por isso, diferenças físicas entre cada indivíduo, bem como diferenças
comportamentais, que têm influência, nomeadamente , na escolha da profissão do indivíduo.
Influência do sexo
Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não apenas em
dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos segmentos corporais.
Tradicionalmente, os homens tendem a ser mais altos e as mulheres com a mesma estatura
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
13
SHSTCC – Noções de ergonomia
do homem costumam ser mais obesas. Os homens têm braços mais compridos, devido
essencialmente ao maior comprimento do antebraço. As mulheres possuem tecido gorduroso
em todas as idades, enquanto que os homens possuem mais músculos esqueléticos. Muitas
das medidas antropométricas referentes a mulheres foram obtidas durante o estudo de
trabalhos domésticos e podem ser inadequadas para o trabalho industrial.
Influência da idade
Durante as diversas fases da vida, o corpo das pessoas sofre mudanças de forma e
proporções. Essas mudanças são mais visíveis durante o crescimento, na infância e na
adolescência. Estas resultam dos três seguintes aspectos: (a) cada parte do corpo tem uma
velocidade diferente de crescimento, embora as extremidades cresçam mais rapidamente;
(b) estas velocidades de crescimento diferentes fazem com que as proporções entre as
diversas partes do corpo sejam diferentes em cada idade. Por exemplo, ao nascer o
comprimento dos braços é quase igual ao comprimento do tronco, mas cresce relativamente
mais que o tronco na idade adulta; (c) há diferenças individuais pronunciadas nas taxas
anuais de crescimento, o que equivale a dizer que algumas pessoas crescem mais
rapidamente que as outras. Nem sempre as pessoas que crescem mais rapidamente
atingem uma estatura final maior, em relação àquelas de crescimento mais lento.
Variações extremas
Dentro de uma mesma população de adultos, as diferenças de estaturas entre os homens
mais altos (97,5% da população) e as mulheres mais baixas (2,5% da população) oscilam,
respectivamente, entre 188,0 e 149,1 cm, ou seja, estatisticamente, o homem é 25% mais
alto que a mulher. Evidentemente, isso não representa diferença entre o homem mais alto,
individualmente, e a mulher mais baixa, mesmo porque essas pessoas extremas seriam
excluídas estatisticamente dentro da margem de 2,5% que foi considerada.
2.2. Realização de medições antropométricas
Sempre que for possível e economicamente justificável, as medições antropométricas devem
ser realizadas directamente, seleccionando-se uma amostra significativa de indivíduos que
serão eventuais utilizadores ou consumidores do produto a ser concebido. Por exemplo, para
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
14
SHSTCC – Noções de ergonomia
se dimensionar cabinas de autocarros, deve-se efectuar medições aos motoristas, que serão
os seus futuros utilizadores.
A execução destas medições antropométricas compreende as seguintes etapas:
1) Definição de objectivos – compreende as questões onde ou para quê serão utilizadas
as medições antropométricas;
2) Definição das medidas – envolve a descrição dos dois pontos entre os quais serão
efectuadas as medições;
3) Escolha do método – os métodos antropométricos dividem-se em directos, através
da leitura dos instrumentos que entram em contacto físico com o organismo (por exemplo,
réguas, balanças), ou indirectos, através do recurso a meios auxiliares (por exemplo, câmara
de vídeo);
4) Selecção da amostra – a amostra dos indivíduos a serem medidos deverá ser
representativa do universo/meio onde serão aplicados os resultados obtidos;
5) Medições – realização de medições aos indivíduos seleccionados para amostra;
6) Análise dos resultados – análise estatística dos resultados obtidos.
2.3. Antropometria estática
Os dados antropométricos estáticos dizem respeito às dimensões estruturais do corpo
humano, medidas habitualmente entre pontos anatómicos fixos em posturas estereotipadas,
também designadas por posturas antropométricas normalizadas. São exemplos destas
posturas a altura de pé, a altura dos olhos e dos cotovelos de pé ou sentado, os
comprimentos dos membros, as larguras dos ombros ou das ancas e as espessuras do
corpo a diversos níveis. Também se enquadram nesta categoria os perímetros dos membros,
da cabeça, do pescoço e do tronco, bem como o peso do indivíduo.
Como nem sempre é possível efectuar medições antropométricas a uma amostra da
população utilizadora do sistema ou do produto a ser concebido, podemos sempre recorrer a
tabelas antropométricas internacionalmente reconhecidas, nas quais se encontram tabelados
os percentis das dimensões antropométricas habitualmente mais utilizadas e o respectivo
desvio-padrão.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
15
SHSTCC – Noções de ergonomia
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
16
SHSTCC – Noções de ergonomia
Principais variáveis usadas em medições antropométricas estáticas do corpo
2.4. Antropometria dinâmica e funcional
Os dados antropométricos dinâmicos incluem medições de alcances ou amplitudes
efectuadas em condições “funcionais”, permitindo assim ao indivíduo um certo grau de
liberdade, de modo a poder adoptar posturas “naturais” para o desempenho de uma dada
tarefa. Também podem ser incluídas nesta categoria as amplitudes de movimento das
articulações e dos membros e a força exercida em várias acções.
Estes dados antropométricos servem, numa primeira fase, como uma aproximação inicial
para o dimensionamento de produtos e de locais de trabalho, ou para os casos em que os
movimentos corporais são pequenos. Porém, na maioria dos casos, as pessoas nunca ficam
completamente paradas, tendo sempre que continuar manipulando, operando ou
transportando algum objecto.
Se o produto ou o local de trabalho for dimensionado com dados da antropometria estática,
será necessário, à posteriori, efectuar algum ajuste para acomodar os principais movimentos
corporais. Quando os movimentos já estão previamente definidos, pode-se usar os dados da
antropometria dinâmica, fazendo com que o projecto se aproxime mais das suas condições
reais de operação.
2.4.1. Alcance dos movimentos
A Fisiologia usa alguns termos próprios para designar os movimentos musculares. Um
movimento de um membro que tende a afastar-se do corpo ou da sua posição normal de
descanso chama-se abdução e um movimento oposto adução. Um movimento do braço
acima da horizontal é elevação, um movimento do braço para a frente é extensão e o
movimento inverso, trazendo o braço de volta para perto do tronco, é flexão. No movimento
de rotação da mão, chama-se pronação quando o polegar gira para dentro do corpo e
supinação quando gira para fora.
A Figura a seguir apresenta valores médios dos movimentos de rotação voluntária do corpo
humano, ou seja, aqueles que podem ser facilmente efectuados pelo indivíduo. Existem
ainda os valores para os movimentos passivos, que correspondem aos valores dos
movimentos efectuados com recurso à ajuda de uma outra pessoa.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
17
SHSTCC – Noções de ergonomia
Valores médios (graus) de rotações voluntárias do corpo, na antropometria dinâmica.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
18
SHSTCC – Noções de ergonomia
2.5. Aplicação dos dados antropométricos
Os dados antropométricos estáticos e dinâmicos disponíveis nas tabelas internacionais
devem ser adaptados às características funcionais de cada posto de trabalho, em particular
nos casos em que há diversos movimentos exercidos em simultâneo pelo corpo humano.
Os dados antropométricos são geralmente representados pela sua média e desvio-padrão. A
média corresponde simplesmente à média aritmética das medidas encontradas numa dada
amostra da população. Por seu lado, o desvio-padrão representa a variabilidade da medida
dentro da amostra escolhida.
A aplicação dos dados antropométricos é particularmente importante nas áreas descritas nas
secções seguintes.
2.5.1. Dimensionamento do espaço de trabalho
O Espaço de Trabalho é um espaço imaginário, necessário para o organismo realizar os
movimentos requeridos para a execução de um dado trabalho.
Embora existam certos trabalhos que exigem muitos deslocamentos de todo o corpo, a
grande maioria das ocupações da vida moderna é normalmente desempenhada em espaços
relativamente pequenos, com o trabalhador de pé ou sentado, efectuando maiores
movimentos com os membros do que com o corpo.
De um modo geral, os factores que devem ser considerados durante o dimensionamento do
espaço de trabalho são os seguintes:
a) Postura – o factor que mais influencia o dimensionamento do espaço de trabalho
é a postura; como já vimos anteriormente, existem três posturas básicas para o
corpo: deitado, sentado e de pé.
b) Tipo de actividade manual – a natureza da actividade manual a ser executada
influencia os limites do espaço de trabalho; os trabalhos que exigem acções de pega
de objectos com o centro das mãos, como no caso das alavancas, devem ficar pelo
menos 5 a 6 cm mais próximos do operador do que as tarefas que exigem apenas a
actuação das pontas dos dedos, como pressionar um botão.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
19
SHSTCC – Noções de ergonomia
c) Vestuário – o vestuário tanto pode aumentar o volume ocupado pelos operadores,
ou limitar os seus movimentos; o vestuário de Inverno influencia, por exemplo, no
dimensionamento de volumes para caixas de elevadores ou de veículos de
transporte colectivo.
2.5.2. Superfícies horizontais
As superfícies horizontais de trabalho têm especial interesse em Ergonomia, pois é sobre
estas que se realiza grande parte dos trabalhos de montagens, inspecções, trabalhos
administrativos, entre outros.
1) Alcances sobre a Mesa de Trabalho
A área de alcance óptima sobre a mesa pode ser traçada, girando-se os antebraços em torno
dos cotovelos com os braços caídos normalmente, os quais descreverão um arco com um
raio de 35 a 45 cm. A zona central, situada em frente ao corpo, fazendo intersecção com os
dois arcos, será a área óptima para o operador utilizar ambas as mãos.
Áreas de alcance óptimo e máximo na mesa, para um trabalhador sentado
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
20
SHSTCC – Noções de ergonomia
A faixa situada entre a área óptima e aquela de alcance máximo deve ser usada para
colocação de peças a serem usadas durante a montagem, ou tarefas menos frequentes e
que exijam menor precisão. As tarefas de maior frequência e de maior exigência/precisão
devem ser executadas dentro da área óptima.
2) Altura da Mesa para Trabalho Sentado
Quanto à altura da mesa para a execução de trabalho sentado, as duas variáveis que
influenciam a medida da mesa são a altura do cotovelo e o tipo de trabalho a ser executado.
Quando o trabalhador está sentado, a altura do cotovelo depende do assento e, por esta
razão, deve-se inicialmente dimensionar a altura do assento usando-se a altura do poplíteo
(parte inferior da coxa), até porque se torna mais fácil ajustar a altura da cadeira do que a
altura da mesa fixa.
Dimensões recomendadas para a altura da mesa conjugada com alturas de cadeiras
e apoio para os pés.
3) Altura da Bancada para Trabalho de Pé
A altura ideal da bancada depende da altura do cotovelo, com a pessoa em pé, e do tipo de
trabalho que esta executa. Normalmente, a superfície da bancada deve ficar 5 a 10 cm
abaixo da altura dos cotovelos.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
21
SHSTCC – Noções de ergonomia
Alturas recomendadas para as superfícies horizontais de trabalho,
na posição de pé, de acordo com o tipo de tarefa.
No entanto, para trabalhos de maior precisão é conveniente uma superfície ligeiramente mais
alta (até 5 cm acima do cotovelo) do que a adoptada durante a execução de trabalhos mais
grosseiros.
No caso da bancada fixa, é melhor dimensionar pelo homem mais alto e providenciar um
estrado, que pode ter uma altura até 20 cm, para o homem mais baixo.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
22
SHSTCC – Noções de ergonomia
3. Biomecânica ocupacional
Biomecânica Ocupacional estuda os factores que influenciam e controlam o
movimento humano sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueléticos
envolvidos, e as suas consequências para o organismo humano.A
A Biomecânica desempenha um papel importante no estudo e na optimização do
desempenho humano no trabalho, em particular nas tarefas de manipulação de cargas, nas
posturas corporais no trabalho e na aplicação de forças.
A utilização excessiva dos músculos, tendões, articulações e tecidos moles associados
podem provocar tensões musculares, dores, fadiga e situações incapacitantes que, muitas
vezes, podem ser solucionadas com a aplicação de medidas simples, como o aumento ou a
redução da altura da mesa ou da cadeira.
Em outros casos, essa solução não é assim tão simples, dado envolver um conflito
fundamental entre as necessidades humanas e as implícitas à execução do trabalho/tarefa.
Em alguns casos, são possíveis soluções de compromisso, que, ainda que não permitam
uma situação ideal de trabalho, permitem reduzir sensivelmente para o nível do tolerável as
exigências humanas para a execução do trabalho.
Os postos de trabalho mal dimensionados e as tarefas demasiado exigentes para os
trabalhadores são normalmente os responsáveis pelas dores nas regiões lombar e cervical e
nos ombros e as lesões resultantes de esforços repetitivos do pulso e do antebraço.
3.1. Trabalho estático e dinâmico
O Trabalho Estático é aquele que exige a contracção contínua de alguns músculos, para
manter uma determinada posição/postura. Isto ocorre, por exemplo, com os músculos
dorsais e das pernas para manter a posição de pé, com os músculos dos ombros e do
pescoço para manter a cabeça inclinada para frente, com os músculos da mão esquerda
segurando a peça para se martelar com a outra mão, para citar apenas alguns exemplos.
O Trabalho Dinâmico é aquele que permite contracções e relaxamentos alternados dos
músculos, como, por exemplo, nas tarefas de martelar, de serrar, de girar um volante ou de
caminhar.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
23
SHSTCC – Noções de ergonomia
O trabalho estático é altamente fatigante para o corpo humano e, sempre que possível,
deverá ser evitado. Quando tal não for possível, o trabalho deverá permitir a mudança de
posturas, a melhoria do posicionamento de peças e ferramentas ou possuir apoios para
partes do corpo humano, com o intuito de reduzir as contracções estáticas dos músculos.
Devem ainda ser concedidas pausas de pequena duração, mas com elevada frequência,
para permitir o relaxamento muscular e o alívio da fadiga.
3.2. Posturas do corpo humano
Trabalhando ou repousando, o corpo humano assume três posturas básicas: as posições
deitado, sentado ou de pé. Em cada uma destas posturas estão envolvidos esforços
musculares para manter a posição relativa de partes do corpo, tal como se demonstra de
seguida:
Posição Deitado
Na posição deitado não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo humano. O
sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os resíduos
do metabolismo e as toxinas dos músculos, causadoras da fadiga. O consumo energético
assume também um valor mínimo, aproximando-se do metabolismo basal.
Será por isso a postura mais recomendada para repouso e para recuperação da fadiga. No
entanto, em alguns casos específicos a posição horizontal é adoptada para realizar um
trabalho, como o de manutenção de automóveis. Nesse caso, como a cabeça (4 a 5 kg)
geralmente fica sem apoio, a posição pode tornar-se extremamente fatigante, sobretudo para
a musculatura do pescoço.
Posição Sentado
A posição sentado exige actividade muscular do dorso e do ventre para manter a posição
constante. Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso isquio,
nas nádegas. O consumo energético é cerca de 3 a 10% superior ao da posição horizontal. A
postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fatigante que a erecta. O
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
24
SHSTCC – Noções de ergonomia
assento deve permitir mudanças frequentes de postura, para retardar o aparecimento da
fadiga.
Posição de Pé
A posição parado em pé é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da
musculatura envolvida para manter essa posição. O coração encontra maiores resistências
para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhos
dinâmicos em pé geralmente apresentam menos fadiga do que aquelas que permanecem
estáticas ou com pouca movimentação.
A posição sentada, em relação à posição de pé, apresenta ainda a vantagem de libertar os
braços e os pés para tarefas produtivas, permitindo grande mobilidade desses membros e,
além disso, tem um ponto de referência relativamente fixo no assento. Na posição de pé,
além da dificuldade de usar os próprios pés para o trabalho, frequentemente necessita-se
também do apoio das mãos e braços para manter esta postura e torna-se mais difícil manter
assim um ponto de referência.
Muitas vezes, projectos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho
obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas por um
período de tempo longo, podem provocar dores fortes localizadas no conjunto de músculos
envolvidos na manutenção da postura (ver Tabela 3.1).
Postura Risco de dores
Em pé Pés e pernas (varizes)
Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo Dorso e pescoço
Braços esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas Antebraços
Tabela 3.1. - Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas.
Inclinação da cabeça para frente - Muitas vezes é necessário inclinar a cabeça para a frente
para se ter uma visão melhor, como no caso de montagem de pequenos componentes,
inspecção de peças com pequenos defeitos ou leitura difícil. Essas necessidades geralmente
ocorrem quando: (1) o assento é muito alto; (2) a mesa é muito baixa; (3) a cadeira está
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
25
SHSTCC – Noções de ergonomia
longe do trabalho que deve ser fixado visualmente ou (4) há uma necessidade específica,
como no caso do microscópio. Esta postura provoca uma rápida fadiga nos músculos do
pescoço e do ombro, devido, principalmente, à força provocada pela cabeça, que tem um
peso entre 4 e 5 kg.
3.3. Análise da postura
Na prática, durante um dia de trabalho o trabalhador pode adoptar dezenas de posturas
diferentes. Por cada tipo de postura é accionado um conjunto diferente de musculatura.
Muitas vezes, no comando de uma máquina, por exemplo, pode haver mudanças rápidas de
uma postura para outra.
Uma das maiores dificuldades em analisar e corrigir más posturas no posto de trabalho está
na identificação e registo das mesmas. A descrição verbal não é prática, porque torna-se
muito falaciosa e de análise difícil. Como tal, têm vindo a ser desenvolvido por diversos
autores métodos práticos de registo e análise de postura, como é o caso do Guia NIOSH, o
Método EWA e do Registo Electro-miográfico (EMG).
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
26
SHSTCC – Noções de ergonomia
4. Estudo do posto de trabalho
ara efectuar o estudo de um dado posto de trabalho, existem basicamente dois tipos de
abordagens: a tradicional e a ergonómica.P
A abordagem tradicional tem por base os princípios de economia dos movimentos, sendo
esta abordagem de orientação nitidamente taylorista, enquanto a abordagem ergonómica
tem por base, principalmente, a análise biomecânica da postura do operador.
4.1. Abordagem tradicional do posto de trabalho
A abordagem tradicional do posto de trabalho baseia-se no estudo dos movimentos corporais
necessários para executar um dado trabalho e na medição do tempo gasto em cada um
desses movimentos. Esta abordagem é também designada por Estudo de Tempos e
Métodos.
O Estudo de Tempos e Métodos baseia-se numa série de conhecimentos empíricos,
acumulados desde a época de Taylor (1856-1915). A sequência de movimentos necessários
para executar uma dada tarefa é baseada numa série de princípios de economia de
movimentos, em que o melhor método é seleccionado em função do menor tempo gasto na
execução da tarefa.
A selecção do melhor método é normalmente efectuada em laboratório, onde os diversos
dispositivos, materiais e ferramentas são colocados nas posições mais convenientes,
baseado em critérios empíricos e experiências pessoais do analista de métodos. Esse
processo abrange as seguintes etapas:
1. Desenvolvimento do método preferido
Para desenvolver o método preferido, o analista deve: (1) definir o objectivo da operação; (2)
descrever as diversas alternativas de métodos para se alcançar o objectivo; (3) testar essas
alternativas; e (4) seleccionar o melhor método para alcançar o objectivo pretendido.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
27
SHSTCC – Noções de ergonomia
2. Preparação do método-padrão
O método preferido deve ser registado para se converter em padrão, de modo a ser
implantado em toda a fábrica. Para tal, deve-se: (1) realizar uma descrição detalhada do
método, especificando os movimentos necessários e a sequência dos mesmos; (2) fazer um
desenho esquemático do posto de trabalho, mostrando o posicionamento das peças,
ferramentas e máquinas, com as respectivas dimensões; (3) listar as condições ambientais
ou outros factores que podem afectar o desempenho (iluminação, temperatura, gases, ruído).
3. Determinação do tempo-padrão
O tempo-padrão é o tempo necessário para um operário experiente executar o trabalho
usando o método-padrão estabelecido, no qual se incluem as pausas provocadas pelas
ineficiências do processo produtivo, e as pausas para repouso do operador (dependem da
carga de trabalho e das condições ambientais).
Um dos aspectos que tem vindo a ser muito questionado refere-se à produção de métodos
cada vez mais simples e repetitivos. Esta situação pode ser eficiente no curto prazo,
principalmente enquanto o operador for inexperiente, mas tem também o inconveniente de
concentrar a carga de trabalho sobre determinados movimentos musculares repetitivos, que
provocam fadiga excessiva localizada e a monotonia do operador. No médio prazo, contribui
para a redução da motivação dos operadores, o que irá aumentar o absentismo e a
rotatividade dos operadores e até levar ao aparecimento de doenças profissionais.
4.2. Abordagem ergonómica do posto de trabalho
A abordagem ergonómica pretende desenvolver postos de trabalho que reduzam as
exigências biomecânicas, procurando colocar o operador numa boa postura de trabalho, os
objectos dentro do alcance dos seus movimentos corporais e facilitar a percepção de
informações. Por outras palavras, o posto de trabalho deve incluir o operador como parte
integrante do mesmo, no qual o operador possa realizar o trabalho com conforto, eficiência e
segurança.
Diversos critérios podem ser adoptados para avaliar se um posto de trabalho é o mais
adequado, tais como o tempo gasto na execução da operação e o índice de frequência dos
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
28
SHSTCC – Noções de ergonomia
acidentes. Do ponto de vista ergonómico, o melhor critério é a postura e o esforço físico
exigido aos trabalhadores, determinando-se os principais pontos de concentração de
tensões, que tendem a provocar dores nos músculos e tendões.
Normalmente, o primeiro alerta de que algo está errado no posto é a dor aguda localizada
em alguns dos músculos do operador. Em alguns casos, com o passar dos dias há uma
adaptação do corpo: os músculos alongam-se e fortalecem-se, provocando a redução
gradual das dores. No entanto, se a dor se mantiver, ou aumentar, isso indica que essa
adaptação não se efectuou, e pode provocar inflamação dos músculos ou dos tendões. Caso
o problema não seja tratado adequadamente, pode resultar em lesões permanentes.
Estudos de biomecânica demonstram que o tempo máximo para se manter certas posturas
inadequadas, como o dorso muito inclinado para frente, podem durar, no máximo, de 1 a 5
minutos, até que comecem a aparecer as primeiras dores.
Para equilibrar o corpo na posição inclinada, de pé, existe um esforço adicional dos músculos
em torno das articulações do dorso, quadris, joelhos e tornozelos, devido ao deslocamento
do centro de gravidade para além do ponto de apoio dos pés no chão.
A postura com o dorso inclinado para a frente também é bastante comum na posição
sentada, quando é necessário ver certos detalhes do produto ou processo. Se o trabalho
exigir inclinações frequentes da cabeça, superiores a 20º ou a 30º, é necessário
redimensionar o posto de trabalho, modificando a altura da cadeira ou da bancada, ou a
posição da peça, para corrigir a postura. Caso contrário, ao fim de algumas horas poderão
surgir fortes dores no pescoço e ombros provocadas pela fadiga, concentrada nos músculos
dessas partes do corpo.
4.3. Análise da tarefa
A primeira fase de um projecto de dimensionamento de um posto de trabalho consiste em
efectuar a análise detalhada da tarefa. Uma dada tarefa pode ser definida como um conjunto
de acções humanas que tornam possível um sistema atingir o(s) objectivo(s), por outras
palavras, é o que faz funcionar todo o sistema, para se atingir o objectivo pretendido.
A análise da tarefa deve ser iniciada o mais cedo possível, antes que alguns dos parâmetros
do sistema sejam definidos, tornando difícil ou dispendioso introduzir modificações no posto.
A título de exemplo, refira-se as máquinas, acessórios, mesas e cadeiras, elementos que
dificilmente podem ser modificados após a compra, o que restringe o projecto às limitações
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
29
SHSTCC – Noções de ergonomia
destes elementos. Caso a análise tivesse sido iniciada antes da compra, provavelmente
contribuiria para uma selecção mais adequada dos elementos, adaptados às necessidades
da tarefa e do operador, produzindo um sistema homem-máquina mais integrado.
A análise da tarefa efectua-se a dois níveis. O primeiro, designado por descrição da tarefa,
acontece a um nível mais global, enquanto o segundo, designado por descrição das acções,
surge a um nível mais detalhado.
4.3.1. Descrição da tarefa
A descrição da tarefa abrange os aspectos gerais da tarefa, que envolvem os seguintes
tópicos:
Objectivo
Para que serve a tarefa; o que será executado ou produzido; em que quantidades e com que
qualidade;
Operador
Que tipo de pessoa irá trabalhar no posto; se haverá predominância de homens ou de
mulheres; grau de instrução, formação e experiência anterior da pessoa; faixa etária;
dimensões antropométricas; habilidades especiais;
Características Técnicas
Quais serão as máquinas e materiais envolvidos; o que será comprado a fornecedores
externos e o que será produzido internamente; flexibilidade e graus de adaptação das
máquinas, equipamentos e materiais;
Aplicações
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
30
SHSTCC – Noções de ergonomia
Onde será utilizado o posto de trabalho; localização do posto dentro do sistema produtivo;
uso isolado ou integrado numa linha de produção; sistemas de transporte de materiais e de
manutenção; quantos postos idênticos serão produzidos; qual a duração prevista da tarefa
(meses, anos ou unidades de peças a produzir);
Condições Operacionais
Como vai trabalhar o operador; tipos de postura (sentado ou em pé); esforços físicos e
condições desconfortáveis; riscos de acidentes; uso de equipamentos de protecção
individual;
Condições Ambientais
Como será o ambiente físico em torno do posto de trabalho (temperatura, ruído, vibração,
libertação de gases, humidade, ventilação, iluminação);
Condições Organizacionais
Como será a organização do trabalho e as condições sociais (horários, turnos, trabalho em
grupo, chefia, alimentação, remuneração, carreira);
Naturalmente, dependendo do tipo de tarefa, a descrição não precisará de abranger todos
estes itens, pois certas características podem ser bem conhecidas.
4.3.2. Descrição das acções
As acções devem ser descritas a um nível mais detalhado do que o da tarefa. Estas
concentram-se mais nas características que influenciam o projecto de interface homem-
máquina e classificam-se em informações e controlos.
As informações referem-se às interacções ao nível sensorial do homem e os controlos ao
nível motor ou das actividades musculares.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
31
SHSTCC – Noções de ergonomia
Informações – canal sensorial envolvido (auditivo, visual); tipos de sinais; características do
sinal (intensidade, forma, frequência, duração); tipos e características dos dispositivos de
informação (luzes, som, “displays” visuais, mostradores digitais e/ou analógicos);
Controlos – tipo de movimento corporal exigido; membros envolvidos no movimento;
alcances manuais; características dos movimentos (velocidade, força, precisão, duração);
tipos e características dos instrumentos de controlo (botões, alavancas, volantes, pedais).
4.4. Arranjo físico do posto de trabalho
O arranjo físico (layout) é o estudo da distribuição espacial ou do posicionamento dos
diversos elementos que compõem o posto de trabalho, ou seja, o estudo de como serão
distribuídos os diversos instrumentos de informação e de controlo existentes no posto de
trabalho. Este estudo é normalmente baseado nos seguintes critérios:
Importância
Colocação do componente mais importante em posição de destaque no posto de trabalho, de
modo a que este possa ser continuamente observado ou facilmente manuseado. Por
exemplo, nos automóveis o velocímetro e o volante ocupam posições de destaque.
Frequência de uso
Os componentes usados com maior frequência são colocados em posição de destaque ou
de fácil alcance e manipulação. Por exemplo, no dimensionamento de uma bancada para
montagem de peças, as peças utilizadas com maior frequência devem ser colocadas logo à
frente do operador, de modo a serem facilmente visualizadas e alcançadas com as mãos.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
32
SHSTCC – Noções de ergonomia
Agrupamento funcional
Os elementos com funções semelhantes devem formar subgrupos e ser mantidos em blocos.
A escolha dos critérios mais relevantes vai depender naturalmente de cada caso, da
variedade dos elementos envolvidos e do tipo de ligações ou fluxos existentes entre estes.
Quando os elementos forem numerosos (acima de dez), pode efectuar-se uma análise inicial
pelas ligações preferenciais ou pela intensidade de fluxo, de modo a obter-se uma ideia
inicial do arranjo, e, à posteriori, melhorar esse arranjo através do uso de outros critérios.
4.5. Dimensionamento do posto de trabalho
O dimensionamento do posto de trabalho é uma etapa fundamental para o bom desempenho
da tarefa pela pessoa que ocupará o posto. Isto porque é provável que o operador passe
várias horas por dia, durante anos a fio, sentado ou de pé nesse mesmo posto.
Um erro cometido durante a fase de dimensionamento do posto pode submeter o operador a
sofrimentos por longos anos. Em alguns casos, quando o arranjo é de mobiliário ou de
bancadas, a correcção pode ser efectuada de forma relativamente simples e económica.
Noutros casos, como no caso da cabina de comando da locomotiva de um comboio ou o
painel de controlo operacional de um sistema complexo, torna-se praticamente impossível
introduzir correcções.
4.5.1. Dimensionamentos recomendados
Diversos factores devem ser considerados na fase de dimensionamento do posto de
trabalho, tais como a postura adequada do corpo, os movimentos corporais necessários, o
alcance dos movimentos, a antropometria dos ocupantes do cargo, as necessidades de
iluminação, a ventilação, as dimensões das máquinas, equipamentos e ferramentas, a
interacção com outros postos de trabalho e o ambiente externo.
Em alguns países europeus, as medidas antropométricas são já adoptadas como normas e,
além disso, existem normas específicas que devem ser cumpridas para o dimensionamento
de certos produtos.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
33
SHSTCC – Noções de ergonomia
Recomendações para dimensionamento antropométrico de alguns postos de trabalho
(Norma Francesa NF X-35-104).
Solução de Compromisso – existem casos em que não é possível usar as medidas
recomendadas, por diversas razões como a falta de espaço ou equipamentos que saem do
espaço de trabalho. Nestes casos, é necessário adoptar uma solução de compromisso, ou
seja, colocar algumas dimensões dentro das faixas recomendadas e sacrificar as restantes.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
34
SHSTCC – Noções de ergonomia
Também se pode adoptar um critério de ponderação ao estabelecer a importância relativa de
cada elemento, de modo a que sejam sacrificados os menos importantes ou aqueles cujo
uso seja menos frequente. Este critério é adoptado, por exemplo, para o dimensionamento
de cabinas de aviões, isto porque a quantidade de instrumentos necessários para a aviação
é tão grande, que alguns se situam até no tecto, enquanto os mais importantes são mantidos
dentro das áreas recomendadas.
Em resumo, não existe uma regra fixa para esta solução de compromisso, estando esta mais
dependente da sensibilidade e do bom senso do projectista. Em casos de dúvida, o
projectista pode recorrer aos futuros utilizadores, consultando-os sobre os aspectos que eles
acham mais importantes, em relação aos quais não devam ser prejudicados. Se, mesmo
assim, as dúvidas persistirem, podem ser elaboradas duas ou mais alternativas de solução,
para que a escolha final seja efectuada durante a fase de testes com os modelos, baseando-
se deste modo em avaliações mais objectivas.
No dimensionamento de postos de trabalho, o subdimensionamento de espaços, restringindo
os movimentos dos operadores, é prejudicial, tal como acontece com o
sobredimensionamento, que provoca posturas inadequadas.
4.6. Posto de trabalho com computadores
Com a difusão do uso de computadores, os postos de trabalho com terminais de
computadores estão a tornar-se cada vez mais usuais e frequentes na Indústria e, em
particular, em escritórios.
Hoje em dia, os terminais de computadores, enquanto instrumentos de trabalho, fazem parte
da vida quotidiana de muita gente, de tal forma que existem numerosas actividades
profissionais que já não são concebíveis sem a utilização destes equipamentos.
Este tipo de postos apresentam várias diferenças em relação ao trabalho de escritório
tradicional. Neste último, o empregado executa tarefas variadas em simultâneo, tais como
dactilografar, falar ao telefone, redigir notas, organizar o arquivo, atender clientes e conversar
com colegas, as quais lhe permitem efectuar mudanças de postura constantes durante o seu
dia de trabalho.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
35
SHSTCC – Noções de ergonomia
Quanto ao posto de trabalho com computador, o operador tem de permanecer com o corpo
quase estático durante horas, com a sua atenção fixa no ecrã do monitor e as mãos sobre o
teclado, realizando operações de digitalização, altamente repetitivas.
Posto de trabalho com computador.
Pelas razões apontadas, considera-se que as condições de trabalho no terminal de
computador, em comparação com o trabalho tradicional de escritório, são mais severas e as
inadaptações ergonómicas do posto de trabalho provocam consequências bastante
incómodas para os operadores.
As principais consequências centram-se na fadiga visual, nas dores musculares do pescoço
e ombros e nas dores nos tendões dos dedos, as quais, em casos mais graves, podem
originar uma doença ocupacional que pode incapacitar definitivamente o trabalhador para a
tarefa de digitação.
4.6.1. Dimensionamento do posto de trabalho com computadores
Os resultados de diversas pesquisas que se têm vindo a efectuar à postura dos operadores
de postos de trabalho com computadores revelam que cerca de 30 a 40% dos indivíduos da
amostra queixam-se de dores musculares no pescoço, ombros e braços. Estas dores
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
36
SHSTCC – Noções de ergonomia
musculares estão, naturalmente, relacionadas com as características do posto de trabalho,
tendo como principais causas de desconforto:
• a altura do teclado muito baixa em relação ao piso;
• a altura do teclado muito alta em relação à mesa;
• a falta de apoios adequados para os antebraços e punhos;
• a cabeça muito inclinada para a frente;
• o pouco espaço lateral para as pernas (o operador desliza para a frente, esticando as
pernas sob a mesa);
• o posicionamento inadequado do teclado (a mão tem uma inclinação lateral superior
ao antebraço);
As dimensões apropriadas devem ser determinadas, evidentemente, tendo em conta as
medidas antropométricas do operador, bem como as características do próprio teclado e
ecrã. O teclado e o monitor são normalmente unidades distintas, de modo a permitir o ajuste
de cada um deles na melhor posição, independentemente um do outro.
Até há poucos anos, era aceite a ideia de que quanto maior o número de variáveis
ajustáveis, maior conforto seria proporcionado ao operador deste posto. No entanto,
verificou-se que esta ideia não era a mais correcta pois, além de aumentar os custos, nem
sempre funcionava na prática.
Hoje em dia, é preferível adoptar apenas algumas dimensões ajustáveis no posto de
trabalho, estando estas combinadas com a mobilidade do monitor. Deste modo, é possível
adaptar o posto de trabalho facilmente às diferenças antropométricas dos diferentes
operadores.
A Legislação Portuguesa, através do Decreto-lei n.º 349/93, transpõe para a ordem jurídica
interna a Directiva n.º 90/270/CEE, do Conselho de 29 de Maio, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde respeitantes ao trabalho com equipamentos dotados de
visor. A Portaria n.º 989/93, de 6 de Setembro, estabelece as normas técnicas de execução
deste Decreto.
Estes diplomas destinam-se a fornecer orientações para a concepção ou adaptação de
postos de trabalho com equipamentos dotados de visor.
4.6.2. Visão do monitor
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
37
SHSTCC – Noções de ergonomia
Os caracteres brilhantes visualizados no ecrã do monitor apresentam um contraste com o
fundo escuro e criam uma situação incómoda para o operador, chamada de brilho relativo: as
áreas mais brilhantes tendem a diminuir a sensibilidade da retina, enquanto as partes
escuras a aumentam. Como consequência, existe uma redução da capacidade visual: a
acuidade e a sensibilidade visual aos contrastes diminuem. O brilho relativo pode ser
reduzido se a diferença do brilho entre a figura e o fundo no centro do campo visual for
inferior a 3:1 e se a diferença do brilho entre o centro e a periferia do campo visual não
exceder a proporção de 10:1.
Existem basicamente dois tipos de monitores: os que têm caracteres claros sobre um fundo
escuro e os que têm caracteres escuros sobre um fundo claro. Estes últimos, mais recentes,
assemelham-se à página de um livro impresso, porque reduzem o contraste visual com os
outros objectos que exigem fixação visual do operador durante o trabalho.
4.6.3. Iluminação do posto de trabalho
Os níveis de iluminação normalmente recomendados para trabalhos normais de escritório
variam entre os valores de 500 e 700 lux. No entanto, existem autores que recomendam que
o nível geral de iluminação nos postos de trabalho com computadores seja de 300 lux,
quando os documentos a serem transcritos apresentarem boa legibilidade, ou de 500 lux,
quando a legibilidade for menor.
Outro problema com a iluminação de um posto de trabalho é o encandeamento, causado
pela presença de uma fonte com muito brilho no campo visual, ou reflexos na superfície de
vidro do monitor. O encandeamento e os reflexos podem ser reduzidos, utilizando-se fontes
de luz difusa ou indirecta, eliminando-se superfícies reflectoras e colocando as luminárias de
modo a que a luz incidente no posto de trabalho tenha ângulos menores que 45º em relação
à vertical.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
38
SHSTCC – Noções de ergonomia
Referências bibliográficas
Costa, L.F.T.G. , Textos de Ergonomia – Introdução à Ergonomia, Grupo Engenharia
Humana, Universidade do Minho, 1989.
Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995.
Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Antropometria Aplicada, Grupo Engenharia Humana,
Universidade do Minho, 1993.
Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Aspectos Ergonómicos do Assento, Grupo
Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1992.
Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Biomecânica Aplicada, Grupo Engenharia Humana,
Universidade do Minho, 1994.
Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995.
NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health), Work Practices Guide for
Manual Lifting, NIOSH, 1991.
Costa, L.F.T.G. , Textos de Ergonomia – Interface Homem-Máquina, Grupo de Engenharia
Humana, Universidade do Minho, 1989.
Decreto-lei n.º 349/93, de 1 de Outubro, relativo às prescrições mínimas de segurança e
saúde respeitantes ao trabalho com equipamentos dotados de visor.
Portaria n.º 989/93, de 6 de Outubro, estabelece as normas técnicas de execução do
Decreto-lei n.º 349/93.
IDICT (Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho), O Trabalho
com Ecrãs de Visualização, IDICT, 1991.
Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995.
Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
39

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Trabalho de ergonomia apresentação 2
Trabalho de ergonomia   apresentação 2Trabalho de ergonomia   apresentação 2
Trabalho de ergonomia apresentação 2
Célia Brandão
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
morais mariajoao
 
Ergonomia Para Eletricistas
Ergonomia Para EletricistasErgonomia Para Eletricistas
Ergonomia Para Eletricistas
Leandro Sales
 
Ergonomia 2018
Ergonomia   2018Ergonomia   2018
Ergonomia 2018
Aguinaldo Aguinaldofaria
 
Curso ergonomia
Curso ergonomiaCurso ergonomia
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
EMS Indústria Farmacêutica
 
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIATREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
Ane Costa
 
Nr – 17
Nr – 17Nr – 17
Aula ergonomia
Aula ergonomia Aula ergonomia
Aula ergonomia
Marília Lima
 
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPAIdentificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
Leandro Sales
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
Lauro Volaco
 
NR 17
NR 17NR 17
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
Esdras Marcelino
 
Integração de Ergonomia
Integração de Ergonomia Integração de Ergonomia
Integração de Ergonomia
EMS Indústria Farmacêutica
 
ERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHOERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHO
Aline Brandao Lou
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
alessandra_775
 
Ergonomia postura slides
Ergonomia postura slidesErgonomia postura slides
Ergonomia postura slides
Mercia Lourencon
 
Modulo4 ergonomia
Modulo4 ergonomiaModulo4 ergonomia
Modulo4 ergonomia
Lucy Jesus
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia do Trabalho
Ergonomia do TrabalhoErgonomia do Trabalho
Ergonomia do Trabalho
Régis Pinheiro Martins Bezerra
 

Mais procurados (20)

Trabalho de ergonomia apresentação 2
Trabalho de ergonomia   apresentação 2Trabalho de ergonomia   apresentação 2
Trabalho de ergonomia apresentação 2
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Ergonomia Para Eletricistas
Ergonomia Para EletricistasErgonomia Para Eletricistas
Ergonomia Para Eletricistas
 
Ergonomia 2018
Ergonomia   2018Ergonomia   2018
Ergonomia 2018
 
Curso ergonomia
Curso ergonomiaCurso ergonomia
Curso ergonomia
 
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
Ergonomia no Trabalho, em Casa e na Vida!
 
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIATREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
 
Nr – 17
Nr – 17Nr – 17
Nr – 17
 
Aula ergonomia
Aula ergonomia Aula ergonomia
Aula ergonomia
 
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPAIdentificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
Identificando os Riscos Ergonômicos Na CIPA
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
NR 17
NR 17NR 17
NR 17
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Integração de Ergonomia
Integração de Ergonomia Integração de Ergonomia
Integração de Ergonomia
 
ERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHOERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHO
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Ergonomia postura slides
Ergonomia postura slidesErgonomia postura slides
Ergonomia postura slides
 
Modulo4 ergonomia
Modulo4 ergonomiaModulo4 ergonomia
Modulo4 ergonomia
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Ergonomia do Trabalho
Ergonomia do TrabalhoErgonomia do Trabalho
Ergonomia do Trabalho
 

Semelhante a 12 Nocoes ergonomia Construção Civil

1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
Janaina Leitinho
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
fabiana vitoria souto
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
Michel Silva
 
Ergonomia Cefet
Ergonomia CefetErgonomia Cefet
Ergonomia Cefet
guest5b3078
 
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalhoAULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
GabrielCarbona
 
Aula 01_0205_Completa.pptx
Aula 01_0205_Completa.pptxAula 01_0205_Completa.pptx
Aula 01_0205_Completa.pptx
GiseleFreixo
 
16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia
Pelo Siro
 
16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia
Pelo Siro
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
Jadiel Mendes
 
Ergonomia e Fisiologia do Trabalho
Ergonomia e Fisiologia do TrabalhoErgonomia e Fisiologia do Trabalho
Ergonomia e Fisiologia do Trabalho
Instituto Consciência GO
 
ERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdfERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdf
MarciaDelaneSilva
 
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho márcia gor...
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho  márcia gor...Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho  márcia gor...
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho márcia gor...
A. Rui Teixeira Santos
 
Manual de ergonomia
Manual de ergonomiaManual de ergonomia
Manual de ergonomia
Hospital da Restauração
 
Storyboard academico
Storyboard academicoStoryboard academico
Storyboard academico
Flávia Abreu
 
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
Francisco Goncalves
 
Saude do trabalhador - Ergonomia
Saude do trabalhador - ErgonomiaSaude do trabalhador - Ergonomia
Saude do trabalhador - Ergonomia
Maria Do Carmo Cerqueira
 
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.pptFundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
ricaMartinez10
 
Conceito de ergonomia
Conceito de ergonomiaConceito de ergonomia
Conceito de ergonomia
CELOBUT
 
A1_Ergonomia.pdf
A1_Ergonomia.pdfA1_Ergonomia.pdf
A1_Ergonomia.pdf
patricia375865
 
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.pptErgonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
ssuser04267b
 

Semelhante a 12 Nocoes ergonomia Construção Civil (20)

1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
 
Ergonomia Cefet
Ergonomia CefetErgonomia Cefet
Ergonomia Cefet
 
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalhoAULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
AULA_GRADUCAO_ERGONOMIA tst seguranca do trabalho
 
Aula 01_0205_Completa.pptx
Aula 01_0205_Completa.pptxAula 01_0205_Completa.pptx
Aula 01_0205_Completa.pptx
 
16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia
 
16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia16057022 1242681113ergonomia
16057022 1242681113ergonomia
 
1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho1026 ergonomia e segurança do trabalho
1026 ergonomia e segurança do trabalho
 
Ergonomia e Fisiologia do Trabalho
Ergonomia e Fisiologia do TrabalhoErgonomia e Fisiologia do Trabalho
Ergonomia e Fisiologia do Trabalho
 
ERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdfERGONOMIA_AULA1.pdf
ERGONOMIA_AULA1.pdf
 
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho márcia gor...
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho  márcia gor...Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho  márcia gor...
Ergonomia seguradora cabeli análise das condições de trabalho márcia gor...
 
Manual de ergonomia
Manual de ergonomiaManual de ergonomia
Manual de ergonomia
 
Storyboard academico
Storyboard academicoStoryboard academico
Storyboard academico
 
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
Ergonomia e seguranca_industrial_capitulo1
 
Saude do trabalhador - Ergonomia
Saude do trabalhador - ErgonomiaSaude do trabalhador - Ergonomia
Saude do trabalhador - Ergonomia
 
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.pptFundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
Fundamentos da Ergonomia, Riscos ergonomicos e principios.ppt
 
Conceito de ergonomia
Conceito de ergonomiaConceito de ergonomia
Conceito de ergonomia
 
A1_Ergonomia.pdf
A1_Ergonomia.pdfA1_Ergonomia.pdf
A1_Ergonomia.pdf
 
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.pptErgonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
Ergonomia Engenharia Segurança ergonomia.ppt
 

Último

Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de PosicionamentoIntrodução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
GeraldoGouveia2
 
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
Consultoria Acadêmica
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
Consultoria Acadêmica
 
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdfDimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
RodrigoQuintilianode1
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
Consultoria Acadêmica
 
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptxMAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
Vilson Stollmeier
 
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
Consultoria Acadêmica
 
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptxWorkshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
marcosmpereira
 

Último (8)

Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de PosicionamentoIntrodução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
 
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
 
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdfDimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
 
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptxMAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
 
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
 
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptxWorkshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
 

12 Nocoes ergonomia Construção Civil

  • 1. Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho da Construção Civil Noções de ergonomia Noções de ergonomia Antropometria Biomecância ocupacional Estudo do posto de trabalho Referências bibliográficas Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt
  • 2. SHSTCC – Noções de ergonomia Índice Noções de ergonomia 1. Noções de ergonomia...........................................................................................................3 1.1. O que é a ergonomia......................................................................................................3 1.2. Definição de ergonomia..................................................................................................3 1.3. Nascimento e evolução da ergonomia...........................................................................5 1.4. O Taylorismo e a Ergonomia..........................................................................................6 1.5. As abordagens em ergonomia........................................................................................7 1.6. Aplicações da ergonomia.............................................................................................10 2. Antropometria......................................................................................................................13 2.1. Diferenças individuais...................................................................................................13 2.2. Realização de medições antropométricas....................................................................14 2.3. Antropometria estática..................................................................................................15 2.4. Antropometria dinâmica e funcional.............................................................................17 2.5. Aplicação dos dados antropométricos..........................................................................19 3. Biomecânica ocupacional....................................................................................................23 3.1. Trabalho estático e dinâmico........................................................................................23 3.2. Posturas do corpo humano...........................................................................................24 3.3. Análise da postura........................................................................................................26 4. Estudo do posto de trabalho...............................................................................................27 4.1. Abordagem tradicional do posto de trabalho................................................................27 4.2. Abordagem ergonómica do posto de trabalho..............................................................28 4.3. Análise da tarefa...........................................................................................................29 4.4. Arranjo físico do posto de trabalho...............................................................................32 4.5. Dimensionamento do posto de trabalho.......................................................................33 4.6. Posto de trabalho com computadores..........................................................................35 Referências bibliográficas.......................................................................................................39 Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 2
  • 3. SHSTCC – Noções de ergonomia Capítulo 12 1. Noções de ergonomia 1.1. O que é a ergonomia Ergonomia pode ser definida como o estudo da relação entre o homem e a sua ocupação, o equipamento e o ambiente em que decorre a sua actividade profissional, através da aplicação de conhecimentos no domínio das Ciências Humanas, de modo a efectuar a humanização do trabalho, em todas as suas vertentes e sectores de actividade. A A Ergonomia surge, pela primeira vez, logo após a II Guerra Mundial, como consequência do trabalho interdisciplinar de diversos profissionais, como engenheiros, fisiologistas e psicólogos, que foram mobilizados durante a guerra. Inicialmente, a aplicação da Ergonomia só se fazia sentir, exclusivamente, no Sector da Indústria, no qual se concentrava no binómio homem-máquina. Hoje em dia, a aplicação da Ergonomia é mais abrangente, estudando sistemas complexos em todos os sectores de actividade, onde dezenas ou até centenas de elementos interagem entre si. A Ergonomia também se expandiu horizontalmente, abrangendo quase todos os tipos de tarefas e actividades humanas. Actualmente, essa expansão processa-se principalmente no Sector dos Serviços (saúde, educação, transportes, lazer e outros) e até no estudo de trabalhos domésticos. 1.2. Definição de ergonomia Tal como vimos anteriormente, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem uma definição bastante ampla, abrangendo, além de máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também o ambiente de trabalho e os aspectos organizacionais que envolvam a programação do mesmo. Tradicionalmente, esta adaptação ocorre sempre do trabalho para o homem, e a recíproca nem sempre é verdadeira. Por outras palavras, é muito mais difícil efectuar a adaptação do Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 3
  • 4. SHSTCC – Noções de ergonomia homem ao trabalho. Isto significa que a Ergonomia parte do conhecimento do homem para efectuar o projecto de trabalho, ajustando-o às capacidades e limitações humanas. Uma definição concisa da Ergonomia é a seguinte: “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desses relacionamentos”. (Ergonomics Research Society) Para levar a cabo o seu objectivo, a Ergonomia estuda diversos aspectos referentes ao comportamento humano no trabalho, bem como outros factores considerados importantes para a concepção de sistemas do trabalho, que são: • Homem – características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais do trabalhador; influência do sexo, idade, formação e motivação; • Máquina – entende-se por máquina qualquer ajuda material que o homem utiliza durante a execução do seu trabalho, englobando assim os equipamentos, as ferramentas, o mobiliário e as instalações da empresa; • Ambiente – estuda as características do ambiente físico que envolve o homem durante o trabalho, como a temperatura, o ruído, as vibrações, a iluminação, as cores, os gases e outros; • Informação – refere-se às comunicações existentes entre os elementos de um sistema, as transmissões de informação, o processamento e a tomada de decisões; • Organização – é a conjugação dos elementos acima citados no sistema produtivo, estudando aspectos como os horários, os turnos de trabalho e a formação dos trabalhadores; • Consequências do Trabalho – aqui entram todas as questões relacionadas com controlo de tarefas, tais como inspecções, estudos de acidentes e de erros cometidos, além de estudos sobre a fadiga, stresse e gastos energéticos. Assim, podemos dizer que os objectivos práticos da Ergonomia são a eficiência e a segurança dos sistemas homem-máquina e homem-ambiente, conjugadas com o bem-estar e a satisfação individuais. Estes objectivos são alcançados através da harmonização das ferramentas, dos equipamentos e dos sistemas com as características humanas. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 4
  • 5. SHSTCC – Noções de ergonomia 1.3. Nascimento e evolução da ergonomia Ao contrário de muitas outras ciências cujas origens se perdem no tempo e no espaço, a Ergonomia tem uma "data oficial" de nascimento: 12 de Julho de 1949. Nesse dia, reuniram- se pela primeira vez, em Inglaterra, um grupo de cientistas e investigadores interessados em discutir e em formalizar a existência deste novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião desse mesmo grupo, ocorrida a 16 de Fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo Ergonomia, formado dos termos gregos Ergo, que significa trabalho e Nomos, que significa regras, Ieis naturais. Este termo já tinha sido anteriormente usado pelo polaco Woitej Yastembowsky (1857) que publicou um artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objectivas da ciência sobre a natureza” mas foi só a partir da fundação, no início da década de 50, da Ergonomics Research Society, em Inglaterra, que a Ergonomia se expandiu no mundo industrializado. O termo Ergonomia foi adoptado nos principais países europeus, onde se veio a formar a Associação Internacional da Ergonomia, que realizou o seu primeiro congresso em 1961, na cidade de Estocolmo. Nos Estados Unidos foi criada a Human Factors Society, em 1957, sendo ainda hoje usual neste país a aplicação do termo human factors (factores humanos), embora ergonomia seja aceite como sinónimo. 1.3.1. Os Precursores da ergonomia Se o nascimento oficial da Ergonomia pode ser definido com precisão, o período da sua gestação foi muito longo. Começou, provavelmente, por intermédio do primeiro homem pré- histórico que escolheu uma pedra do formato que melhor se adaptava à forma e movimentos do sua mão, para usá-la como arma. A preocupação de adaptar os objectos artificiais e o ambiente natural ao homem sempre esteve presente, desde os tempos da produção artesanal não mecanizada. Entretanto, a revolução industrial, ocorrida a partir do Século XVIII, tornou mais dramático esse problema. As primeiras fábricas que surgiram não tinham qualquer semelhança com uma fábrica moderna. Eram sujas, barulhentas, perigosas e escuras, com os períodos de trabalho a atingir as 16 horas diárias, sem férias, em regime de semi-escravidão, imposto por empresários autoritários. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 5
  • 6. SHSTCC – Noções de ergonomia Os estudos mais sistemáticos do trabalho começaram a ser efectuados a partir do final do século passado. Nessa época, surge nos Estados Unidos o movimento da administração científica, que ficou conhecido como taylorismo (ver secção 1.4). Com a eclosão da II Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados os conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis para construir instrumentos bélicos relativamente complexos como submarinos, tanques, radares, sistemas contra incêndio e aviões. Estes exigiam muitas habilidades do operador no campo de batalha, em condições ambientais bastante desfavoráveis e tensas. Os erros e acidentes, muitos com consequências fatais, eram frequentes. Tudo isso fez redobrar o esforço da pesquisa para adaptar estes instrumentos bélicos às características, capacidades e limitações do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e, consequentemente, os acidentes. Como “subproduto” deste esforço da guerra surgiram as reuniões em Inglaterra, já mencionadas anteriormente, que marcaram o início da Ergonomia, agora em tempo de paz, na aplicação dos seus conhecimentos à produção "civil”, que melhoraram a produtividade e as condições de vida da população, em geral, e dos trabalhadores, em particular. Hoje, a Ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo. Existem muitas instituições de ensino e de investigação que actuam nesta área e anualmente realizam-se muitos eventos de carácter nacional e internacional para a apresentação e discussão de resultados. 1.4. O Taylorismo e a Ergonomia Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um engenheiro americano que iniciou, no final do século passado, o movimento “administração científica” do trabalho e que se notabilizou pela sua obra Princípios de Administração Científica, publicada originalmente em 1912. Taylor defendia que o trabalho deveria ser cientificamente observado, de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método mais correcto para executá-la, com um tempo determinado, usando as ferramentas correctas. Deste modo, haveria uma divisão de responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica, cabendo a esta última determinar os métodos e os tempos mais correctos, de modo a que o trabalhador pudesse concentrar-se unicamente na sua tarefa produtiva. Os trabalhadores eram controlados, através de indicadores de produtividade, e os mais produtivos eram recompensados com incentivos salariais. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 6
  • 7. SHSTCC – Noções de ergonomia Os trabalhadores tiveram, desde o início do taylorismo, uma certa resistência à aceitação da cronometragem e dos métodos definidos pela gerência, pois achavam que isso os oprimia e normalmente reagiam não cumprindo as regras estabelecidas, desregulando máquinas e prejudicando intencionalmente a qualidade dos produtos. Da resistência individual, chegou- se rapidamente aos movimentos colectivos e sindicais que questionavam o poder da gerência dentro das fábricas. Estas duas vertentes – de um lado, a resistência dos próprios trabalhadores, e, do outro, o enriquecimento dos conhecimentos científicos sobre a natureza do trabalho – influenciaram a gerência empresarial a rever as suas posições. Hoje em dia existe um maior respeito pelas necessidades do trabalhador e as normas de grupo e, na medida do possível, procura-se envolver os próprios trabalhadores nas decisões acerca do seu trabalho. Uma das consequências desta nova postura adoptada foi a eliminação gradual das linhas de montagem, onde cada trabalhador deveria realizar tarefas simples e altamente repetitivas, definidas pela gerência. Estas linhas, consideradas até há pouco tempo como o supra-sumo do taylorismo, parecem estar condenadas a substituição por equipas menores, mais flexíveis, designadas células de produção. Cada célula encarrega-se de efectuar um produto completo, do início até ao fim, ficando a distribuição das tarefas de cada trabalhador a cargo dos próprios elementos da equipa. 1.5. As abordagens em ergonomia A abordagem ergonómica consiste essencialmente em considerar cada sistema de trabalho centrado no próprio operador humano. As contribuições da Ergonomia para introduzir melhorias em situações de trabalho nas empresas pode variar, consoante a fase em que estas ocorram e a abrangência com que estas são efectuadas. A abrangência é classificada em análise de sistemas e análise dos postos de trabalho. Análise de sistemas – A análise de sistemas preocupa-se com o funcionamento global de uma equipa de trabalho que usa uma ou mais máquinas, partindo dos aspectos gerais, como a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, mecanização das tarefas e assim por diante. Ao considerar-se uma tarefa a atribuir ao homem ou à máquina, devem ser adoptados critérios como o custo, a fiabilidade, a segurança, entre outros. A análise de sistemas pode ser aprofundada gradualmente, até chegar ao nível de cada um dos postos de trabalho que os compõem. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 7
  • 8. SHSTCC – Noções de ergonomia Análise dos postos de trabalho – A análise dos postos de trabalho é o estudo de uma parte do sistema onde actua um trabalhador. A abordagem ergonómica ao nível do posto de trabalho efectua a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador, bem como das suas exigências físicas e psicológicas. Considerando um posto simples, onde o homem opera apenas uma máquina, a análise deve partir do estudo da interface homem-máquina, ou seja, das interacções que ocorrem entre o homem, a máquina e o ambiente de trabalho, as quais devem formar um conjunto harmónico (ver Figura abaixo). Para o funcionamento do sistema homem-máquia. O homem recebe informações da máquina e do ambiente, toma decisões e actua sobre a máquina por meio dos dispositivos de controlo 1.5.1. Ocasião da contribuição ergonómica A contribuição ergonómica, de acordo com a ocasião em que esta é efectuada, classifica-se em ergonomia de concepção, ergonomia de correcção e ergonomia de consciencialização (segundo Wisner, 1987). Ergonomia de Concepção Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 8
  • 9. SHSTCC – Noções de ergonomia A ergonomia de concepção ocorre quando a contribuição ergonómica é efectuada durante a fase inicial do projecto do produto, da máquina ou do ambiente. Esta é considerada a melhor situação, pois as alternativas podem ser amplamente analisadas, mas também se exige maior conhecimento e experiência, porque as decisões são tomadas com base em situações hipotéticas. A qualidade destas decisões pode ser melhorada, através de dados já existentes relativos a situações semelhantes ou através de modelos tridimensionais (maquetas) em madeira ou papelão, onde as situações de trabalho podem ser simuladas a custos relativamente baixos. Ergonomia de Correcção A ergonomia de correcção aplica-se em situações reais, já existentes, quer para resolver problemas que se reflectem na segurança, na fadiga excessiva ou em doenças do trabalhador, quer na produtividade e na qualidade do Produto. Muitas vezes, a solução adoptada não é totalmente satisfatória, porque a solução ideal exigiria custos excessivamente elevados, como, por exemplo, na substituição de máquinas inadequadas. Em alguns casos, as melhorias, como mudanças de posturas, colocação de dispositivos de segurança e aumento da iluminação, podem ser efectuadas com relativa facilidade, enquanto em outros casos, como a redução da carga mental ou de ruídos, estas alterações são de execução mais difícil. Ergonomia de Consciencialização Muitas vezes, os problemas ergonómicos não são completamente solucionados, nem na fase de concepção nem na fase de correcção. Além do mais, novos problemas poderão surgir a qualquer momento, devido ao desgaste natural das máquinas e equipamentos, a modificações introduzidas pelos serviços de manutenção, à alteração dos produtos e da programação da produção, à introdução de novos equipamentos de transporte, entre outros factores. Assim, podemos afirmar que o sistema e os postos de trabalho assemelham-se a organismos vivos em constante transformação e adaptação ao seu meio. É importante, portanto, consciencializar o operador, através de cursos de formação e de reciclagens frequentes, ensinando-o a trabalhar de modo seguro, reconhecendo os factores de risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. Nesse caso, ele deve saber exactamente qual a acção a ser tomada (por exemplo, desligar a máquina e chamar a equipa de manutenção). Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 9
  • 10. SHSTCC – Noções de ergonomia 1.6. Aplicações da ergonomia O problema da adaptação do trabalho ao homem nem sempre tem uma solução simples, que possa ser resolvida numa primeira tentativa. Geralmente, é um problema complexo, para o qual não existe uma resposta imediata. Numa situação ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projecto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho, as quais devem sempre incluir o ser humano como um dos seus componentes. Assim, as características desse operador humano devem ser consideradas conjuntamente com as características ou restrições das partes mecânicas ou ambientais, para se ajustarem mutuamente uns aos outros. Às vezes, é necessário adoptar certas soluções de compromisso, mesmo que elas não sejam as ideais, por uma série de motivos, como o aproveitamento e a adaptação de uma máquina existente, por razões económicas. No entanto, o requisito mais importante, em relação ao qual não se deve fazer nenhuma concessão, é o da segurança do operador. Inicialmente, as aplicações da Ergonomia restringiam-se ao Sector da Indústria e ao Sector das Forças Armadas e Espacial. Recentemente, a aplicação da Ergonomia expandiu-se para o Sector dos Serviços e para a vida diária do cidadão comum. 1.6.1. Ergonomia na Indústria Na Indústria, a ergonomia contribui para melhorar a eficiência, a fiabilidade e a qualidade das operações industriais, podendo estas ser efectuadas através do aperfeiçoamento do sistema homem-máquina, da organização do trabalho e da melhoria das condições de trabalho. O aperfeiçoamento do sistema homem-máquina pode ocorrer tanto na fase de projecto de máquinas, equipamentos e postos de trabalho, como na introdução de modificações em sistemas já existentes, adaptando-os às capacidades e limitações do organismo humano. Uma segunda categoria de actuação da ergonomia está relacionada com os aspectos organizacionais do trabalho, procurando reduzir a fadiga e a monotonia, principalmente pela eliminação do trabalho altamente repetitivo, dos ritmos mecânicos impostos ao trabalhador e da falta de motivação provocada pela pouca participação do mesmo nas decisões sobre o seu próprio trabalho. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 10
  • 11. SHSTCC – Noções de ergonomia Em terceiro lugar, a melhoria das condições de trabalho é feita pela análise das condições físicas do trabalho, como temperatura, ruídos, vibrações, gases tóxicos e iluminação. Por exemplo, uma iluminação deficiente sobre uma tarefa que exige precisão pode ser muito fatigante. Por outro lado, focos do luz brilhantes colocados dentro do campo visual podem provocar encandeamentos extremamente desconfortáveis. A aplicação sistemática da ergonomia na Indústria é feita através da identificação dos locais onde ocorrem maiores problemas ergonómicos. Estes podem ser reconhecidos por certos sintomas como alto índice de erros, acidentes, doenças, absentismo e rotatividade dos trabalhadores. Estes sintomas estão normalmente associados à inadaptação das máquinas, falhas na organização do trabalho ou deficiências ambientais que podem provocar tensões musculares e psíquicas nos trabalhadores. 1.6.2. Ergonomia no Sector dos Serviços O Sector dos Serviços é o que mais se expande com a modernização da sociedade. Com a mecanização crescente da agricultura e a automação da indústria, a mão-de-obra excedente desses sectores vai sendo absorvida pelo sector dos serviços: comércio, saúde, educação, escritórios, bancos, lazer e prestações de serviços em geral. O Sector de Serviços tende a crescer, criando sempre novas necessidades na sociedade civil. Por exemplo, a expansão da TV, a partir da década de 50, criou uma série de profissões que não existiam. Evolução semelhante está a ocorrer nos nossos dias com a introdução do computador pessoal como equipamento de trabalho diário. 1.6.3. Ergonomia na Vida Diária A ergonomia tem contribuído para melhorar a vida quotidiana, tornando os meios de transporte mais cómodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável e os aparelhos electrodomésticos mais eficientes e seguros. Hoje em dia, são já realizados estudos ergonómicos para melhorar as residências e a circulação de pedestres em locais públicos, para ajudar pessoas com deficiências físicas, entre outras situações. Para efectuar um estudo ergonómico a um dado posto/local de trabalho, a Ergonomia recorre a outras áreas de estudo, nomeadamente a antropometria, a biomecânica, a fisiologia do Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 11
  • 12. SHSTCC – Noções de ergonomia trabalho muscular, a psicossociologia do trabalho, entre outras, às quais se fará referência nos pontos seguintes. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 12
  • 13. SHSTCC – Noções de ergonomia 2. Antropometria antropometria estuda as medidas físicas do corpo humano. Aparentemente, medir as pessoas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua e uma balança. No entanto, este estudo não é tão simples como aparenta, quando se deseja obter medições fiáveis sobre uma população que contém indivíduos dos mais variados tipos. Além disso, as condições em que essas medições são realizadas (com roupa ou sem roupa, com ou sem calçado, postura relaxada ou não) influem consideravelmente nos resultados. A Talvez a característica física humana mais comum numa população seja a enorme variedade de dimensões, de tipos de físicos e mesmo de proporções do corpo humano. Estamos tão habituados a essa variabilidade que, a não ser que nos deparemos com alguém extremamente alto ou baixo ou de volume extremo, não damos conta da amplitude dessa variabilidade. A utilização dos dados antropométricos de uma dada população surge da necessidade de produzir em massa. Na concepção de um carro, o dimensionamento de alguns centímetros a mais, sem necessidade, pode provocar um aumento considerável nos custos de produção, se considerarmos uma série de centenas de milhares de carros produzidos. 2.1. Diferenças individuais Todas as populações são compostas por indivíduos de diferentes tipos físicos, quer sejam as dimensões ou as proporções do corpo humano. Existem pequenas diferenças nas proporções de cada segmento do corpo humano de cada indivíduo, que existem desde o seu nascimento e que tendem a acentuar-se durante o seu crescimento, até à idade adulta. Existem por isso, diferenças físicas entre cada indivíduo, bem como diferenças comportamentais, que têm influência, nomeadamente , na escolha da profissão do indivíduo. Influência do sexo Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não apenas em dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos segmentos corporais. Tradicionalmente, os homens tendem a ser mais altos e as mulheres com a mesma estatura Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 13
  • 14. SHSTCC – Noções de ergonomia do homem costumam ser mais obesas. Os homens têm braços mais compridos, devido essencialmente ao maior comprimento do antebraço. As mulheres possuem tecido gorduroso em todas as idades, enquanto que os homens possuem mais músculos esqueléticos. Muitas das medidas antropométricas referentes a mulheres foram obtidas durante o estudo de trabalhos domésticos e podem ser inadequadas para o trabalho industrial. Influência da idade Durante as diversas fases da vida, o corpo das pessoas sofre mudanças de forma e proporções. Essas mudanças são mais visíveis durante o crescimento, na infância e na adolescência. Estas resultam dos três seguintes aspectos: (a) cada parte do corpo tem uma velocidade diferente de crescimento, embora as extremidades cresçam mais rapidamente; (b) estas velocidades de crescimento diferentes fazem com que as proporções entre as diversas partes do corpo sejam diferentes em cada idade. Por exemplo, ao nascer o comprimento dos braços é quase igual ao comprimento do tronco, mas cresce relativamente mais que o tronco na idade adulta; (c) há diferenças individuais pronunciadas nas taxas anuais de crescimento, o que equivale a dizer que algumas pessoas crescem mais rapidamente que as outras. Nem sempre as pessoas que crescem mais rapidamente atingem uma estatura final maior, em relação àquelas de crescimento mais lento. Variações extremas Dentro de uma mesma população de adultos, as diferenças de estaturas entre os homens mais altos (97,5% da população) e as mulheres mais baixas (2,5% da população) oscilam, respectivamente, entre 188,0 e 149,1 cm, ou seja, estatisticamente, o homem é 25% mais alto que a mulher. Evidentemente, isso não representa diferença entre o homem mais alto, individualmente, e a mulher mais baixa, mesmo porque essas pessoas extremas seriam excluídas estatisticamente dentro da margem de 2,5% que foi considerada. 2.2. Realização de medições antropométricas Sempre que for possível e economicamente justificável, as medições antropométricas devem ser realizadas directamente, seleccionando-se uma amostra significativa de indivíduos que serão eventuais utilizadores ou consumidores do produto a ser concebido. Por exemplo, para Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 14
  • 15. SHSTCC – Noções de ergonomia se dimensionar cabinas de autocarros, deve-se efectuar medições aos motoristas, que serão os seus futuros utilizadores. A execução destas medições antropométricas compreende as seguintes etapas: 1) Definição de objectivos – compreende as questões onde ou para quê serão utilizadas as medições antropométricas; 2) Definição das medidas – envolve a descrição dos dois pontos entre os quais serão efectuadas as medições; 3) Escolha do método – os métodos antropométricos dividem-se em directos, através da leitura dos instrumentos que entram em contacto físico com o organismo (por exemplo, réguas, balanças), ou indirectos, através do recurso a meios auxiliares (por exemplo, câmara de vídeo); 4) Selecção da amostra – a amostra dos indivíduos a serem medidos deverá ser representativa do universo/meio onde serão aplicados os resultados obtidos; 5) Medições – realização de medições aos indivíduos seleccionados para amostra; 6) Análise dos resultados – análise estatística dos resultados obtidos. 2.3. Antropometria estática Os dados antropométricos estáticos dizem respeito às dimensões estruturais do corpo humano, medidas habitualmente entre pontos anatómicos fixos em posturas estereotipadas, também designadas por posturas antropométricas normalizadas. São exemplos destas posturas a altura de pé, a altura dos olhos e dos cotovelos de pé ou sentado, os comprimentos dos membros, as larguras dos ombros ou das ancas e as espessuras do corpo a diversos níveis. Também se enquadram nesta categoria os perímetros dos membros, da cabeça, do pescoço e do tronco, bem como o peso do indivíduo. Como nem sempre é possível efectuar medições antropométricas a uma amostra da população utilizadora do sistema ou do produto a ser concebido, podemos sempre recorrer a tabelas antropométricas internacionalmente reconhecidas, nas quais se encontram tabelados os percentis das dimensões antropométricas habitualmente mais utilizadas e o respectivo desvio-padrão. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 15
  • 16. SHSTCC – Noções de ergonomia Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 16
  • 17. SHSTCC – Noções de ergonomia Principais variáveis usadas em medições antropométricas estáticas do corpo 2.4. Antropometria dinâmica e funcional Os dados antropométricos dinâmicos incluem medições de alcances ou amplitudes efectuadas em condições “funcionais”, permitindo assim ao indivíduo um certo grau de liberdade, de modo a poder adoptar posturas “naturais” para o desempenho de uma dada tarefa. Também podem ser incluídas nesta categoria as amplitudes de movimento das articulações e dos membros e a força exercida em várias acções. Estes dados antropométricos servem, numa primeira fase, como uma aproximação inicial para o dimensionamento de produtos e de locais de trabalho, ou para os casos em que os movimentos corporais são pequenos. Porém, na maioria dos casos, as pessoas nunca ficam completamente paradas, tendo sempre que continuar manipulando, operando ou transportando algum objecto. Se o produto ou o local de trabalho for dimensionado com dados da antropometria estática, será necessário, à posteriori, efectuar algum ajuste para acomodar os principais movimentos corporais. Quando os movimentos já estão previamente definidos, pode-se usar os dados da antropometria dinâmica, fazendo com que o projecto se aproxime mais das suas condições reais de operação. 2.4.1. Alcance dos movimentos A Fisiologia usa alguns termos próprios para designar os movimentos musculares. Um movimento de um membro que tende a afastar-se do corpo ou da sua posição normal de descanso chama-se abdução e um movimento oposto adução. Um movimento do braço acima da horizontal é elevação, um movimento do braço para a frente é extensão e o movimento inverso, trazendo o braço de volta para perto do tronco, é flexão. No movimento de rotação da mão, chama-se pronação quando o polegar gira para dentro do corpo e supinação quando gira para fora. A Figura a seguir apresenta valores médios dos movimentos de rotação voluntária do corpo humano, ou seja, aqueles que podem ser facilmente efectuados pelo indivíduo. Existem ainda os valores para os movimentos passivos, que correspondem aos valores dos movimentos efectuados com recurso à ajuda de uma outra pessoa. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 17
  • 18. SHSTCC – Noções de ergonomia Valores médios (graus) de rotações voluntárias do corpo, na antropometria dinâmica. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 18
  • 19. SHSTCC – Noções de ergonomia 2.5. Aplicação dos dados antropométricos Os dados antropométricos estáticos e dinâmicos disponíveis nas tabelas internacionais devem ser adaptados às características funcionais de cada posto de trabalho, em particular nos casos em que há diversos movimentos exercidos em simultâneo pelo corpo humano. Os dados antropométricos são geralmente representados pela sua média e desvio-padrão. A média corresponde simplesmente à média aritmética das medidas encontradas numa dada amostra da população. Por seu lado, o desvio-padrão representa a variabilidade da medida dentro da amostra escolhida. A aplicação dos dados antropométricos é particularmente importante nas áreas descritas nas secções seguintes. 2.5.1. Dimensionamento do espaço de trabalho O Espaço de Trabalho é um espaço imaginário, necessário para o organismo realizar os movimentos requeridos para a execução de um dado trabalho. Embora existam certos trabalhos que exigem muitos deslocamentos de todo o corpo, a grande maioria das ocupações da vida moderna é normalmente desempenhada em espaços relativamente pequenos, com o trabalhador de pé ou sentado, efectuando maiores movimentos com os membros do que com o corpo. De um modo geral, os factores que devem ser considerados durante o dimensionamento do espaço de trabalho são os seguintes: a) Postura – o factor que mais influencia o dimensionamento do espaço de trabalho é a postura; como já vimos anteriormente, existem três posturas básicas para o corpo: deitado, sentado e de pé. b) Tipo de actividade manual – a natureza da actividade manual a ser executada influencia os limites do espaço de trabalho; os trabalhos que exigem acções de pega de objectos com o centro das mãos, como no caso das alavancas, devem ficar pelo menos 5 a 6 cm mais próximos do operador do que as tarefas que exigem apenas a actuação das pontas dos dedos, como pressionar um botão. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 19
  • 20. SHSTCC – Noções de ergonomia c) Vestuário – o vestuário tanto pode aumentar o volume ocupado pelos operadores, ou limitar os seus movimentos; o vestuário de Inverno influencia, por exemplo, no dimensionamento de volumes para caixas de elevadores ou de veículos de transporte colectivo. 2.5.2. Superfícies horizontais As superfícies horizontais de trabalho têm especial interesse em Ergonomia, pois é sobre estas que se realiza grande parte dos trabalhos de montagens, inspecções, trabalhos administrativos, entre outros. 1) Alcances sobre a Mesa de Trabalho A área de alcance óptima sobre a mesa pode ser traçada, girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos normalmente, os quais descreverão um arco com um raio de 35 a 45 cm. A zona central, situada em frente ao corpo, fazendo intersecção com os dois arcos, será a área óptima para o operador utilizar ambas as mãos. Áreas de alcance óptimo e máximo na mesa, para um trabalhador sentado Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 20
  • 21. SHSTCC – Noções de ergonomia A faixa situada entre a área óptima e aquela de alcance máximo deve ser usada para colocação de peças a serem usadas durante a montagem, ou tarefas menos frequentes e que exijam menor precisão. As tarefas de maior frequência e de maior exigência/precisão devem ser executadas dentro da área óptima. 2) Altura da Mesa para Trabalho Sentado Quanto à altura da mesa para a execução de trabalho sentado, as duas variáveis que influenciam a medida da mesa são a altura do cotovelo e o tipo de trabalho a ser executado. Quando o trabalhador está sentado, a altura do cotovelo depende do assento e, por esta razão, deve-se inicialmente dimensionar a altura do assento usando-se a altura do poplíteo (parte inferior da coxa), até porque se torna mais fácil ajustar a altura da cadeira do que a altura da mesa fixa. Dimensões recomendadas para a altura da mesa conjugada com alturas de cadeiras e apoio para os pés. 3) Altura da Bancada para Trabalho de Pé A altura ideal da bancada depende da altura do cotovelo, com a pessoa em pé, e do tipo de trabalho que esta executa. Normalmente, a superfície da bancada deve ficar 5 a 10 cm abaixo da altura dos cotovelos. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 21
  • 22. SHSTCC – Noções de ergonomia Alturas recomendadas para as superfícies horizontais de trabalho, na posição de pé, de acordo com o tipo de tarefa. No entanto, para trabalhos de maior precisão é conveniente uma superfície ligeiramente mais alta (até 5 cm acima do cotovelo) do que a adoptada durante a execução de trabalhos mais grosseiros. No caso da bancada fixa, é melhor dimensionar pelo homem mais alto e providenciar um estrado, que pode ter uma altura até 20 cm, para o homem mais baixo. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 22
  • 23. SHSTCC – Noções de ergonomia 3. Biomecânica ocupacional Biomecânica Ocupacional estuda os factores que influenciam e controlam o movimento humano sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueléticos envolvidos, e as suas consequências para o organismo humano.A A Biomecânica desempenha um papel importante no estudo e na optimização do desempenho humano no trabalho, em particular nas tarefas de manipulação de cargas, nas posturas corporais no trabalho e na aplicação de forças. A utilização excessiva dos músculos, tendões, articulações e tecidos moles associados podem provocar tensões musculares, dores, fadiga e situações incapacitantes que, muitas vezes, podem ser solucionadas com a aplicação de medidas simples, como o aumento ou a redução da altura da mesa ou da cadeira. Em outros casos, essa solução não é assim tão simples, dado envolver um conflito fundamental entre as necessidades humanas e as implícitas à execução do trabalho/tarefa. Em alguns casos, são possíveis soluções de compromisso, que, ainda que não permitam uma situação ideal de trabalho, permitem reduzir sensivelmente para o nível do tolerável as exigências humanas para a execução do trabalho. Os postos de trabalho mal dimensionados e as tarefas demasiado exigentes para os trabalhadores são normalmente os responsáveis pelas dores nas regiões lombar e cervical e nos ombros e as lesões resultantes de esforços repetitivos do pulso e do antebraço. 3.1. Trabalho estático e dinâmico O Trabalho Estático é aquele que exige a contracção contínua de alguns músculos, para manter uma determinada posição/postura. Isto ocorre, por exemplo, com os músculos dorsais e das pernas para manter a posição de pé, com os músculos dos ombros e do pescoço para manter a cabeça inclinada para frente, com os músculos da mão esquerda segurando a peça para se martelar com a outra mão, para citar apenas alguns exemplos. O Trabalho Dinâmico é aquele que permite contracções e relaxamentos alternados dos músculos, como, por exemplo, nas tarefas de martelar, de serrar, de girar um volante ou de caminhar. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 23
  • 24. SHSTCC – Noções de ergonomia O trabalho estático é altamente fatigante para o corpo humano e, sempre que possível, deverá ser evitado. Quando tal não for possível, o trabalho deverá permitir a mudança de posturas, a melhoria do posicionamento de peças e ferramentas ou possuir apoios para partes do corpo humano, com o intuito de reduzir as contracções estáticas dos músculos. Devem ainda ser concedidas pausas de pequena duração, mas com elevada frequência, para permitir o relaxamento muscular e o alívio da fadiga. 3.2. Posturas do corpo humano Trabalhando ou repousando, o corpo humano assume três posturas básicas: as posições deitado, sentado ou de pé. Em cada uma destas posturas estão envolvidos esforços musculares para manter a posição relativa de partes do corpo, tal como se demonstra de seguida: Posição Deitado Na posição deitado não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo humano. O sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os resíduos do metabolismo e as toxinas dos músculos, causadoras da fadiga. O consumo energético assume também um valor mínimo, aproximando-se do metabolismo basal. Será por isso a postura mais recomendada para repouso e para recuperação da fadiga. No entanto, em alguns casos específicos a posição horizontal é adoptada para realizar um trabalho, como o de manutenção de automóveis. Nesse caso, como a cabeça (4 a 5 kg) geralmente fica sem apoio, a posição pode tornar-se extremamente fatigante, sobretudo para a musculatura do pescoço. Posição Sentado A posição sentado exige actividade muscular do dorso e do ventre para manter a posição constante. Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso isquio, nas nádegas. O consumo energético é cerca de 3 a 10% superior ao da posição horizontal. A postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fatigante que a erecta. O Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 24
  • 25. SHSTCC – Noções de ergonomia assento deve permitir mudanças frequentes de postura, para retardar o aparecimento da fadiga. Posição de Pé A posição parado em pé é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa posição. O coração encontra maiores resistências para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhos dinâmicos em pé geralmente apresentam menos fadiga do que aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação. A posição sentada, em relação à posição de pé, apresenta ainda a vantagem de libertar os braços e os pés para tarefas produtivas, permitindo grande mobilidade desses membros e, além disso, tem um ponto de referência relativamente fixo no assento. Na posição de pé, além da dificuldade de usar os próprios pés para o trabalho, frequentemente necessita-se também do apoio das mãos e braços para manter esta postura e torna-se mais difícil manter assim um ponto de referência. Muitas vezes, projectos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas por um período de tempo longo, podem provocar dores fortes localizadas no conjunto de músculos envolvidos na manutenção da postura (ver Tabela 3.1). Postura Risco de dores Em pé Pés e pernas (varizes) Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés Assento muito baixo Dorso e pescoço Braços esticados Ombros e braços Pegas inadequadas Antebraços Tabela 3.1. - Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas. Inclinação da cabeça para frente - Muitas vezes é necessário inclinar a cabeça para a frente para se ter uma visão melhor, como no caso de montagem de pequenos componentes, inspecção de peças com pequenos defeitos ou leitura difícil. Essas necessidades geralmente ocorrem quando: (1) o assento é muito alto; (2) a mesa é muito baixa; (3) a cadeira está Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 25
  • 26. SHSTCC – Noções de ergonomia longe do trabalho que deve ser fixado visualmente ou (4) há uma necessidade específica, como no caso do microscópio. Esta postura provoca uma rápida fadiga nos músculos do pescoço e do ombro, devido, principalmente, à força provocada pela cabeça, que tem um peso entre 4 e 5 kg. 3.3. Análise da postura Na prática, durante um dia de trabalho o trabalhador pode adoptar dezenas de posturas diferentes. Por cada tipo de postura é accionado um conjunto diferente de musculatura. Muitas vezes, no comando de uma máquina, por exemplo, pode haver mudanças rápidas de uma postura para outra. Uma das maiores dificuldades em analisar e corrigir más posturas no posto de trabalho está na identificação e registo das mesmas. A descrição verbal não é prática, porque torna-se muito falaciosa e de análise difícil. Como tal, têm vindo a ser desenvolvido por diversos autores métodos práticos de registo e análise de postura, como é o caso do Guia NIOSH, o Método EWA e do Registo Electro-miográfico (EMG). Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 26
  • 27. SHSTCC – Noções de ergonomia 4. Estudo do posto de trabalho ara efectuar o estudo de um dado posto de trabalho, existem basicamente dois tipos de abordagens: a tradicional e a ergonómica.P A abordagem tradicional tem por base os princípios de economia dos movimentos, sendo esta abordagem de orientação nitidamente taylorista, enquanto a abordagem ergonómica tem por base, principalmente, a análise biomecânica da postura do operador. 4.1. Abordagem tradicional do posto de trabalho A abordagem tradicional do posto de trabalho baseia-se no estudo dos movimentos corporais necessários para executar um dado trabalho e na medição do tempo gasto em cada um desses movimentos. Esta abordagem é também designada por Estudo de Tempos e Métodos. O Estudo de Tempos e Métodos baseia-se numa série de conhecimentos empíricos, acumulados desde a época de Taylor (1856-1915). A sequência de movimentos necessários para executar uma dada tarefa é baseada numa série de princípios de economia de movimentos, em que o melhor método é seleccionado em função do menor tempo gasto na execução da tarefa. A selecção do melhor método é normalmente efectuada em laboratório, onde os diversos dispositivos, materiais e ferramentas são colocados nas posições mais convenientes, baseado em critérios empíricos e experiências pessoais do analista de métodos. Esse processo abrange as seguintes etapas: 1. Desenvolvimento do método preferido Para desenvolver o método preferido, o analista deve: (1) definir o objectivo da operação; (2) descrever as diversas alternativas de métodos para se alcançar o objectivo; (3) testar essas alternativas; e (4) seleccionar o melhor método para alcançar o objectivo pretendido. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 27
  • 28. SHSTCC – Noções de ergonomia 2. Preparação do método-padrão O método preferido deve ser registado para se converter em padrão, de modo a ser implantado em toda a fábrica. Para tal, deve-se: (1) realizar uma descrição detalhada do método, especificando os movimentos necessários e a sequência dos mesmos; (2) fazer um desenho esquemático do posto de trabalho, mostrando o posicionamento das peças, ferramentas e máquinas, com as respectivas dimensões; (3) listar as condições ambientais ou outros factores que podem afectar o desempenho (iluminação, temperatura, gases, ruído). 3. Determinação do tempo-padrão O tempo-padrão é o tempo necessário para um operário experiente executar o trabalho usando o método-padrão estabelecido, no qual se incluem as pausas provocadas pelas ineficiências do processo produtivo, e as pausas para repouso do operador (dependem da carga de trabalho e das condições ambientais). Um dos aspectos que tem vindo a ser muito questionado refere-se à produção de métodos cada vez mais simples e repetitivos. Esta situação pode ser eficiente no curto prazo, principalmente enquanto o operador for inexperiente, mas tem também o inconveniente de concentrar a carga de trabalho sobre determinados movimentos musculares repetitivos, que provocam fadiga excessiva localizada e a monotonia do operador. No médio prazo, contribui para a redução da motivação dos operadores, o que irá aumentar o absentismo e a rotatividade dos operadores e até levar ao aparecimento de doenças profissionais. 4.2. Abordagem ergonómica do posto de trabalho A abordagem ergonómica pretende desenvolver postos de trabalho que reduzam as exigências biomecânicas, procurando colocar o operador numa boa postura de trabalho, os objectos dentro do alcance dos seus movimentos corporais e facilitar a percepção de informações. Por outras palavras, o posto de trabalho deve incluir o operador como parte integrante do mesmo, no qual o operador possa realizar o trabalho com conforto, eficiência e segurança. Diversos critérios podem ser adoptados para avaliar se um posto de trabalho é o mais adequado, tais como o tempo gasto na execução da operação e o índice de frequência dos Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 28
  • 29. SHSTCC – Noções de ergonomia acidentes. Do ponto de vista ergonómico, o melhor critério é a postura e o esforço físico exigido aos trabalhadores, determinando-se os principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores nos músculos e tendões. Normalmente, o primeiro alerta de que algo está errado no posto é a dor aguda localizada em alguns dos músculos do operador. Em alguns casos, com o passar dos dias há uma adaptação do corpo: os músculos alongam-se e fortalecem-se, provocando a redução gradual das dores. No entanto, se a dor se mantiver, ou aumentar, isso indica que essa adaptação não se efectuou, e pode provocar inflamação dos músculos ou dos tendões. Caso o problema não seja tratado adequadamente, pode resultar em lesões permanentes. Estudos de biomecânica demonstram que o tempo máximo para se manter certas posturas inadequadas, como o dorso muito inclinado para frente, podem durar, no máximo, de 1 a 5 minutos, até que comecem a aparecer as primeiras dores. Para equilibrar o corpo na posição inclinada, de pé, existe um esforço adicional dos músculos em torno das articulações do dorso, quadris, joelhos e tornozelos, devido ao deslocamento do centro de gravidade para além do ponto de apoio dos pés no chão. A postura com o dorso inclinado para a frente também é bastante comum na posição sentada, quando é necessário ver certos detalhes do produto ou processo. Se o trabalho exigir inclinações frequentes da cabeça, superiores a 20º ou a 30º, é necessário redimensionar o posto de trabalho, modificando a altura da cadeira ou da bancada, ou a posição da peça, para corrigir a postura. Caso contrário, ao fim de algumas horas poderão surgir fortes dores no pescoço e ombros provocadas pela fadiga, concentrada nos músculos dessas partes do corpo. 4.3. Análise da tarefa A primeira fase de um projecto de dimensionamento de um posto de trabalho consiste em efectuar a análise detalhada da tarefa. Uma dada tarefa pode ser definida como um conjunto de acções humanas que tornam possível um sistema atingir o(s) objectivo(s), por outras palavras, é o que faz funcionar todo o sistema, para se atingir o objectivo pretendido. A análise da tarefa deve ser iniciada o mais cedo possível, antes que alguns dos parâmetros do sistema sejam definidos, tornando difícil ou dispendioso introduzir modificações no posto. A título de exemplo, refira-se as máquinas, acessórios, mesas e cadeiras, elementos que dificilmente podem ser modificados após a compra, o que restringe o projecto às limitações Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 29
  • 30. SHSTCC – Noções de ergonomia destes elementos. Caso a análise tivesse sido iniciada antes da compra, provavelmente contribuiria para uma selecção mais adequada dos elementos, adaptados às necessidades da tarefa e do operador, produzindo um sistema homem-máquina mais integrado. A análise da tarefa efectua-se a dois níveis. O primeiro, designado por descrição da tarefa, acontece a um nível mais global, enquanto o segundo, designado por descrição das acções, surge a um nível mais detalhado. 4.3.1. Descrição da tarefa A descrição da tarefa abrange os aspectos gerais da tarefa, que envolvem os seguintes tópicos: Objectivo Para que serve a tarefa; o que será executado ou produzido; em que quantidades e com que qualidade; Operador Que tipo de pessoa irá trabalhar no posto; se haverá predominância de homens ou de mulheres; grau de instrução, formação e experiência anterior da pessoa; faixa etária; dimensões antropométricas; habilidades especiais; Características Técnicas Quais serão as máquinas e materiais envolvidos; o que será comprado a fornecedores externos e o que será produzido internamente; flexibilidade e graus de adaptação das máquinas, equipamentos e materiais; Aplicações Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 30
  • 31. SHSTCC – Noções de ergonomia Onde será utilizado o posto de trabalho; localização do posto dentro do sistema produtivo; uso isolado ou integrado numa linha de produção; sistemas de transporte de materiais e de manutenção; quantos postos idênticos serão produzidos; qual a duração prevista da tarefa (meses, anos ou unidades de peças a produzir); Condições Operacionais Como vai trabalhar o operador; tipos de postura (sentado ou em pé); esforços físicos e condições desconfortáveis; riscos de acidentes; uso de equipamentos de protecção individual; Condições Ambientais Como será o ambiente físico em torno do posto de trabalho (temperatura, ruído, vibração, libertação de gases, humidade, ventilação, iluminação); Condições Organizacionais Como será a organização do trabalho e as condições sociais (horários, turnos, trabalho em grupo, chefia, alimentação, remuneração, carreira); Naturalmente, dependendo do tipo de tarefa, a descrição não precisará de abranger todos estes itens, pois certas características podem ser bem conhecidas. 4.3.2. Descrição das acções As acções devem ser descritas a um nível mais detalhado do que o da tarefa. Estas concentram-se mais nas características que influenciam o projecto de interface homem- máquina e classificam-se em informações e controlos. As informações referem-se às interacções ao nível sensorial do homem e os controlos ao nível motor ou das actividades musculares. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 31
  • 32. SHSTCC – Noções de ergonomia Informações – canal sensorial envolvido (auditivo, visual); tipos de sinais; características do sinal (intensidade, forma, frequência, duração); tipos e características dos dispositivos de informação (luzes, som, “displays” visuais, mostradores digitais e/ou analógicos); Controlos – tipo de movimento corporal exigido; membros envolvidos no movimento; alcances manuais; características dos movimentos (velocidade, força, precisão, duração); tipos e características dos instrumentos de controlo (botões, alavancas, volantes, pedais). 4.4. Arranjo físico do posto de trabalho O arranjo físico (layout) é o estudo da distribuição espacial ou do posicionamento dos diversos elementos que compõem o posto de trabalho, ou seja, o estudo de como serão distribuídos os diversos instrumentos de informação e de controlo existentes no posto de trabalho. Este estudo é normalmente baseado nos seguintes critérios: Importância Colocação do componente mais importante em posição de destaque no posto de trabalho, de modo a que este possa ser continuamente observado ou facilmente manuseado. Por exemplo, nos automóveis o velocímetro e o volante ocupam posições de destaque. Frequência de uso Os componentes usados com maior frequência são colocados em posição de destaque ou de fácil alcance e manipulação. Por exemplo, no dimensionamento de uma bancada para montagem de peças, as peças utilizadas com maior frequência devem ser colocadas logo à frente do operador, de modo a serem facilmente visualizadas e alcançadas com as mãos. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 32
  • 33. SHSTCC – Noções de ergonomia Agrupamento funcional Os elementos com funções semelhantes devem formar subgrupos e ser mantidos em blocos. A escolha dos critérios mais relevantes vai depender naturalmente de cada caso, da variedade dos elementos envolvidos e do tipo de ligações ou fluxos existentes entre estes. Quando os elementos forem numerosos (acima de dez), pode efectuar-se uma análise inicial pelas ligações preferenciais ou pela intensidade de fluxo, de modo a obter-se uma ideia inicial do arranjo, e, à posteriori, melhorar esse arranjo através do uso de outros critérios. 4.5. Dimensionamento do posto de trabalho O dimensionamento do posto de trabalho é uma etapa fundamental para o bom desempenho da tarefa pela pessoa que ocupará o posto. Isto porque é provável que o operador passe várias horas por dia, durante anos a fio, sentado ou de pé nesse mesmo posto. Um erro cometido durante a fase de dimensionamento do posto pode submeter o operador a sofrimentos por longos anos. Em alguns casos, quando o arranjo é de mobiliário ou de bancadas, a correcção pode ser efectuada de forma relativamente simples e económica. Noutros casos, como no caso da cabina de comando da locomotiva de um comboio ou o painel de controlo operacional de um sistema complexo, torna-se praticamente impossível introduzir correcções. 4.5.1. Dimensionamentos recomendados Diversos factores devem ser considerados na fase de dimensionamento do posto de trabalho, tais como a postura adequada do corpo, os movimentos corporais necessários, o alcance dos movimentos, a antropometria dos ocupantes do cargo, as necessidades de iluminação, a ventilação, as dimensões das máquinas, equipamentos e ferramentas, a interacção com outros postos de trabalho e o ambiente externo. Em alguns países europeus, as medidas antropométricas são já adoptadas como normas e, além disso, existem normas específicas que devem ser cumpridas para o dimensionamento de certos produtos. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 33
  • 34. SHSTCC – Noções de ergonomia Recomendações para dimensionamento antropométrico de alguns postos de trabalho (Norma Francesa NF X-35-104). Solução de Compromisso – existem casos em que não é possível usar as medidas recomendadas, por diversas razões como a falta de espaço ou equipamentos que saem do espaço de trabalho. Nestes casos, é necessário adoptar uma solução de compromisso, ou seja, colocar algumas dimensões dentro das faixas recomendadas e sacrificar as restantes. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 34
  • 35. SHSTCC – Noções de ergonomia Também se pode adoptar um critério de ponderação ao estabelecer a importância relativa de cada elemento, de modo a que sejam sacrificados os menos importantes ou aqueles cujo uso seja menos frequente. Este critério é adoptado, por exemplo, para o dimensionamento de cabinas de aviões, isto porque a quantidade de instrumentos necessários para a aviação é tão grande, que alguns se situam até no tecto, enquanto os mais importantes são mantidos dentro das áreas recomendadas. Em resumo, não existe uma regra fixa para esta solução de compromisso, estando esta mais dependente da sensibilidade e do bom senso do projectista. Em casos de dúvida, o projectista pode recorrer aos futuros utilizadores, consultando-os sobre os aspectos que eles acham mais importantes, em relação aos quais não devam ser prejudicados. Se, mesmo assim, as dúvidas persistirem, podem ser elaboradas duas ou mais alternativas de solução, para que a escolha final seja efectuada durante a fase de testes com os modelos, baseando- se deste modo em avaliações mais objectivas. No dimensionamento de postos de trabalho, o subdimensionamento de espaços, restringindo os movimentos dos operadores, é prejudicial, tal como acontece com o sobredimensionamento, que provoca posturas inadequadas. 4.6. Posto de trabalho com computadores Com a difusão do uso de computadores, os postos de trabalho com terminais de computadores estão a tornar-se cada vez mais usuais e frequentes na Indústria e, em particular, em escritórios. Hoje em dia, os terminais de computadores, enquanto instrumentos de trabalho, fazem parte da vida quotidiana de muita gente, de tal forma que existem numerosas actividades profissionais que já não são concebíveis sem a utilização destes equipamentos. Este tipo de postos apresentam várias diferenças em relação ao trabalho de escritório tradicional. Neste último, o empregado executa tarefas variadas em simultâneo, tais como dactilografar, falar ao telefone, redigir notas, organizar o arquivo, atender clientes e conversar com colegas, as quais lhe permitem efectuar mudanças de postura constantes durante o seu dia de trabalho. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 35
  • 36. SHSTCC – Noções de ergonomia Quanto ao posto de trabalho com computador, o operador tem de permanecer com o corpo quase estático durante horas, com a sua atenção fixa no ecrã do monitor e as mãos sobre o teclado, realizando operações de digitalização, altamente repetitivas. Posto de trabalho com computador. Pelas razões apontadas, considera-se que as condições de trabalho no terminal de computador, em comparação com o trabalho tradicional de escritório, são mais severas e as inadaptações ergonómicas do posto de trabalho provocam consequências bastante incómodas para os operadores. As principais consequências centram-se na fadiga visual, nas dores musculares do pescoço e ombros e nas dores nos tendões dos dedos, as quais, em casos mais graves, podem originar uma doença ocupacional que pode incapacitar definitivamente o trabalhador para a tarefa de digitação. 4.6.1. Dimensionamento do posto de trabalho com computadores Os resultados de diversas pesquisas que se têm vindo a efectuar à postura dos operadores de postos de trabalho com computadores revelam que cerca de 30 a 40% dos indivíduos da amostra queixam-se de dores musculares no pescoço, ombros e braços. Estas dores Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 36
  • 37. SHSTCC – Noções de ergonomia musculares estão, naturalmente, relacionadas com as características do posto de trabalho, tendo como principais causas de desconforto: • a altura do teclado muito baixa em relação ao piso; • a altura do teclado muito alta em relação à mesa; • a falta de apoios adequados para os antebraços e punhos; • a cabeça muito inclinada para a frente; • o pouco espaço lateral para as pernas (o operador desliza para a frente, esticando as pernas sob a mesa); • o posicionamento inadequado do teclado (a mão tem uma inclinação lateral superior ao antebraço); As dimensões apropriadas devem ser determinadas, evidentemente, tendo em conta as medidas antropométricas do operador, bem como as características do próprio teclado e ecrã. O teclado e o monitor são normalmente unidades distintas, de modo a permitir o ajuste de cada um deles na melhor posição, independentemente um do outro. Até há poucos anos, era aceite a ideia de que quanto maior o número de variáveis ajustáveis, maior conforto seria proporcionado ao operador deste posto. No entanto, verificou-se que esta ideia não era a mais correcta pois, além de aumentar os custos, nem sempre funcionava na prática. Hoje em dia, é preferível adoptar apenas algumas dimensões ajustáveis no posto de trabalho, estando estas combinadas com a mobilidade do monitor. Deste modo, é possível adaptar o posto de trabalho facilmente às diferenças antropométricas dos diferentes operadores. A Legislação Portuguesa, através do Decreto-lei n.º 349/93, transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 90/270/CEE, do Conselho de 29 de Maio, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde respeitantes ao trabalho com equipamentos dotados de visor. A Portaria n.º 989/93, de 6 de Setembro, estabelece as normas técnicas de execução deste Decreto. Estes diplomas destinam-se a fornecer orientações para a concepção ou adaptação de postos de trabalho com equipamentos dotados de visor. 4.6.2. Visão do monitor Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 37
  • 38. SHSTCC – Noções de ergonomia Os caracteres brilhantes visualizados no ecrã do monitor apresentam um contraste com o fundo escuro e criam uma situação incómoda para o operador, chamada de brilho relativo: as áreas mais brilhantes tendem a diminuir a sensibilidade da retina, enquanto as partes escuras a aumentam. Como consequência, existe uma redução da capacidade visual: a acuidade e a sensibilidade visual aos contrastes diminuem. O brilho relativo pode ser reduzido se a diferença do brilho entre a figura e o fundo no centro do campo visual for inferior a 3:1 e se a diferença do brilho entre o centro e a periferia do campo visual não exceder a proporção de 10:1. Existem basicamente dois tipos de monitores: os que têm caracteres claros sobre um fundo escuro e os que têm caracteres escuros sobre um fundo claro. Estes últimos, mais recentes, assemelham-se à página de um livro impresso, porque reduzem o contraste visual com os outros objectos que exigem fixação visual do operador durante o trabalho. 4.6.3. Iluminação do posto de trabalho Os níveis de iluminação normalmente recomendados para trabalhos normais de escritório variam entre os valores de 500 e 700 lux. No entanto, existem autores que recomendam que o nível geral de iluminação nos postos de trabalho com computadores seja de 300 lux, quando os documentos a serem transcritos apresentarem boa legibilidade, ou de 500 lux, quando a legibilidade for menor. Outro problema com a iluminação de um posto de trabalho é o encandeamento, causado pela presença de uma fonte com muito brilho no campo visual, ou reflexos na superfície de vidro do monitor. O encandeamento e os reflexos podem ser reduzidos, utilizando-se fontes de luz difusa ou indirecta, eliminando-se superfícies reflectoras e colocando as luminárias de modo a que a luz incidente no posto de trabalho tenha ângulos menores que 45º em relação à vertical. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 38
  • 39. SHSTCC – Noções de ergonomia Referências bibliográficas Costa, L.F.T.G. , Textos de Ergonomia – Introdução à Ergonomia, Grupo Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1989. Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995. Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Antropometria Aplicada, Grupo Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1993. Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Aspectos Ergonómicos do Assento, Grupo Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1992. Costa, L.F.T.G., Textos de Ergonomia – Biomecânica Aplicada, Grupo Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1994. Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995. NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health), Work Practices Guide for Manual Lifting, NIOSH, 1991. Costa, L.F.T.G. , Textos de Ergonomia – Interface Homem-Máquina, Grupo de Engenharia Humana, Universidade do Minho, 1989. Decreto-lei n.º 349/93, de 1 de Outubro, relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes ao trabalho com equipamentos dotados de visor. Portaria n.º 989/93, de 6 de Outubro, estabelece as normas técnicas de execução do Decreto-lei n.º 349/93. IDICT (Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho), O Trabalho com Ecrãs de Visualização, IDICT, 1991. Lida, I., Ergonomia – Projecto e Produção, Editora Edgard Blucher Lda., S. Paulo, 1995. Copyright 2005 CICCOPN / Teleformar. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito. http://e-cursos.ciccopn.pt 39