1. Ronise Andréa Lino
Graduada em Fisioterapia pela UNIC;
Especialista em Ergonomia pela COPPE
(Engenharia de Produção) - UFRJ;
Professora da disciplina de Ergonomia nos
cursos de Tecnólogo em Segurança do
Trabalho, Engenharia Ambiental,
Engenharia de Produção;
Aperfeiçoamento em Cadeias Musculares e
Reeducação Postural Global, Maitland
Consultora em Ergonomia . 1
3. Sumário
1. Fundamentos da Ergonomia
1.1. Origem e Evolução
1.2. Conceitos
1.3. Aspectos estudados pela ergonomia
1.4. As diferentes abordagens
1.5. Os diferentes tipos
1.6. Abordagem Sistêmica
2. Fisiologia do Trabalho Muscular
3. Biomecânica
4. Antropometria Ocupacional
3
5. 5
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.1 - Origem e evolução da ergonomia
O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez,
em 1857, pelo polonês W. Jastrzebowski, que
publicou um artigo intitulado “Ensaio de ergonomia
ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas
da ciência da natureza”.
Quase cem anos mais tarde, em 1949, um
engenheiro inglês chamado Murrel criou na Inglaterra
a primeira sociedade nacional de ergonomia, a
“Ergonomic Research Society”.
6. 6
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.1 - Origem e evolução da ergonomia
Posteriormente, a ergonomia desenvolveu-se em
numerosos países industrializados, como a França,
Estados Unidos, Alemanha, Japão e países escandinavos.
Em 1959 foi fundada a “International Ergonomics
Association - IEA”.
Em 31 de agosto de 1983 foi criada a “Associação
Brasileira de Ergonomia - ABERGO”.
Em 1989 foi implantado o primeiro mestrado do país no
PPGEP/UFSC.
8. Origem da Ergonomia
8
ERGONOMIA (FATORES HUMANOS)
A figura abaixo mostra a origem da ergonomia, a partir do inter-
relacionamento entre os diversos campos de conhecimento e disciplinas
científicas envolvidas:
9. 9
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.1 - Origem e evolução da ergonomia
O desenvolvimento atual da ergonomia
Pode ser caracterizado segundo quatro níveis de
exigências:
As exigências tecnológicas: técnicas de produção
As exigências econômicas: qualidade e custo de produção
As exigências sociais: melhoria das condições de trabalho
As exigências organizacionais: gestão participativa
10. 10
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.2 - Conceitos de ergonomia
Conceito da Ergonomics Research Society :
“ A ergonomia é o estudo da relacionamento entre o homem e
o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a
aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
psicologia na solução surgida neste relacionamento”.
Conceito Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO):
“A ergonomia é o estudo da adaptação das tarefas e do
ambiente de trabalho às características fisiológicas e
psicológicas do ser humano”.
11. 11
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.2 - Conceitos de ergonomia
Conceito da International Ergonomics Association
(IEA): “A ergonomia é o estudo científico da relação entre o
homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu
objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas
disciplinas científicas que a compõem, um corpo de
conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de
aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao
homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de
trabalho e de vida”.
12. 12
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.3 – Aspectos estudados pela ergonomia
Ser Humano: características físicas, fisiológicas,
psicológicas e sociais do trabalho; influência do
sexo,idade, treinamento e motivação;
Máquina: entende-se por máquina todas as ajudas
materiais que o homem utiliza no seu trabalho,
englobando os equipamentos, ferramentas, mobiliário e
instalações;
13. 13
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.3 – Aspectos estudados pela ergonomia
Ambiente: estuda as características do ambiente físico que
envolve o homem durante o trabalho, como temperatura,
ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros;
Informação: refere-se às comunicações existentes entre os
elementos de um sistema, a transmissão de informações, o
processamento e a tomada de decisões;
Organização: é a conjugação de todos estes elementos no
sistema produtivo, estudando aspectos como horários, turnos
de trabalho e formação de equipes;
14. 14
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.4 - As diferentes abordagens em ergonomia
1) Quanto a abrangência:
Ergonomia do posto de trabalho: abordagem
microergonômica
Ergonomia de sistemas de produção:
abordagem macroergonômica
15. 15
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.4 - As diferentes abordagens em ergonomia
2) Quanto a contribuição:
Ergonomia de concepção:
normas e especificações de projeto;
Ergonomia de correção:
modificações de situações existentes;
Ergonomia de arranjo físico:
melhoria de seqüências e fluxos de produção;
Ergonomia de conscientização:
capacitação em ergonomia;
16. 16
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.4 - As diferentes abordagens em ergonomia
3) Quanto a interdisciplinaridade:
Engenharia:
projeto e produção ergonomicamente seguros;
Design:
metodologia de projeto e design do produto;
Psicologia:
treinamento e motivação do pessoal;
Medicina e enfermagem:
prevenção de acidentes e doenças do trabalho;
Administração:
projetos organizacionais e gestão de R.H.;
17. 17
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.5 - Os diferentes tipos de ergonomia
1) Ergonomia de projeto X Ergonomia industrial:
Ergonomia de projeto:
é a ergonomia preventiva no estágio de projeto
Ergonomia industrial:
é a ergonomia corretiva de situações existentes
18. 18
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.5 - Os diferentes tipos de ergonomia
2) Ergonomia do produto X Ergonomia da produção
Ergonomia do produto:
é a ergonomia de concepção de um dado objeto
Ergonomia da produção:
é a ergonomia de chão de fábrica
19. 19
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.5 - Os diferentes tipos de ergonomia
3) Ergonomia de laboratório X Ergonomia de campo
Ergonomia de laboratório:
é a pesquisa em ergonomia realizada em situação
controlada de laboratório;
Ergonomia de campo:
é a pesquisa em ergonomia realizada em situação real
de trabalho.
20. 20
Dados a coletar referentes ao ser humano:
Trabalhador (ou trabalhadores) que intervém no posto e seu papel no
sistema de produção;
Formação e qualificação profissional;
Número de trabalhadores trabalhando simultaneamente sobre cada posto
e regras de divisão de tarefas (quem faz o que?);
Número de trabalhadores trabalhando sucessivamente sobre cada posto e
regras de sucessão (horários, modos de alternância de equipes);
Características da população: idade, sexo, forma de admissão,
remuneração, estabilidade no posto e na empresa, absenteísmo;
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.6 - Abordagem sistêmica em ergonomia
21. 21
Dados a coletar referentes às condições técnicas (máquina):
Estrutura geral da máquina (ou das máquinas);
Dimensões características (croqui, foto, fluxo de produção);
Órgãos de comando da máquina;
Órgãos de sinalização da máquina;
Princípios de funcionamento da máquina (mecânico, elétrico,
hidráulico, pneumático, eletrônico);
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.6 - Abordagem sistêmica em ergonomia
22. 22
Dados a coletar referentes às ações:
As ações imprevistas ou não programadas;
Os principais gestos de trabalho realizado pelo operador;
As principais posturas de trabalho;
Os principais deslocamentos;
As principais ligações sensório-motoras;
As principais categorias de tratamento de informação;
As principais decisões a serem tomadas;
As principais regulações: do homem, posto e sistema;
As principais ações do operador sobre: máquina, entrada e
saída.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.6 - Abordagem sistêmica em ergonomia
23. 23
Dados a coletar referentes às condições ambientais:
O espaço e os postos de trabalho;
O ambiente térmico;
O ambiente acústico;
O ambiente luminoso;
O ambiente vibratório;
O ambiente toxicológico.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.6 - Abordagem sistêmica em ergonomia
24. 24
Dados a coletar referentes às condições técnicas (comandos):
Número e variedade de comandos;
Posição, distância relativa dos sinais e dos comandos;
Grau de precisão da ação do operador sobre os comandos;
Intervalo entre o aparecimento do sinal e dos comandos;
Rapidez e freqüência das ações realizadas pelo operador;
Grau de compatibilidade nos movimentos de diferentes comandos
manobrados seqüencial ou simultaneamente;
Disposição relativa dos comandos;
Grau de coerência no sentido dos movimentos.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.6 - Abordagem sistêmica em ergonomia
30. 30
Processos perceptivo e cognitivo
Objeto
Características:
- cor
- textura
- tamanho
- formato
- profundidade
Captação
pelo
Sistema
Sensorial
Cérebro
Estrutura
s
corticais
Sistema
Cognitivo
Processo Perceptivo Processos Cognitivos
Interpretação e
Integração das
características
do objeto aos
conhecimentos
do sujeito
R
E
S
P
O
S
T
A
S
•Memória
•Categorização
•Atenção
•Resolução de
Problemas: tipos
de raciocínio
•Linguagem
32. 32
Área 1 – Trabalho fisicamente pesado:
Trata-se, fundamentalmente, de definir se o trabalhador tem
condições ou não de executar atividades prolongadas com grandes
grupos musculares: por exemplo, motosserristas, carregadores de
sacas de mantimentos, trabalhadores rurais em processos não
mecanizados, etc..
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.7 – Principais áreas da Ergonomia aplicada ao trabalho
Área 2 – Trabalho em altas temperaturas:
Nesse tipo de atividade, o organismo desenvolve alta taxa de
sudorese para tentar perder calor por evaporação e assim manter a
temperatura corpórea constante. A sudorese excessiva costuma
causar desidratação, com queda de capacidade de trabalho.
33. 33
Área 3 – Trabalho em ambientes frios:
A grande predominância neste item é das indústrias de abate e
processamento de carnes. Também importante é o trabalho em câmaras
frigoríficas. O frio promove uma redução do fluxo de sangue para a pele,
além de tremores e perda da habilidade. Favorece também a ocorrência
de transtornos de vias respiratórias.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.7 – Principais áreas da Ergonomia aplicada ao trabalho
Área 4 – Biomecânica:
Estudo dos esforços realizados pelo trabalhador, o uso da coluna
vertebral, o manuseio, levantamento e transporte de cargas, cadeiras e
assentos no local de trabalho, conforto de banco de veículos e
equipamentos motorizados, ação dos membros superiores como
ferramentas de trabalho e postos de trabalho com computadores.
34. 34
Área 5 – Ergonomia no método e no posto de trabalho:
Aspectos ergonômicos de ferramentas, dispositivos,
posicionamentos do corpo para realizar o trabalho, adequação da
altura das bancadas, da posição dos comandos, das áreas de
alcance e do posicionamento de caixas com material.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.7 – Principais áreas da Ergonomia aplicada ao trabalho
Área 6 – Condições para o trabalho intelectual:
Estabelecimento de padrões aceitáveis de conforto térmico,
conforto acústico e iluminação adequados para esse tipo de
atividade.
35. 35
Área 7 – Ergonomia na Organização do Trabalho:
Estuda-se as formas de se conseguir os resultados prescritos,
especialmente a tecnologia, o maquinário, a matéria-prima, o material, a
manutenção, o meio ambiente e mão-de-obra, pois qualquer problema
em alguma dessa áreas pode resultar em sobrecarga sobre o
trabalhador, com o aparecimento de lesões e distúrbios diversos.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.7 – Principais áreas da Ergonomia aplicada ao trabalho
Área 8 – Ergonomia na prevenção de acidentes do trabalho:
Num grande contingente de acidentes do trabalho identificam-se
condições anti-ergonômicas que favorecem o ato inadequado do
trabalhador ou o induzem a cometer a falha.
36. 36
Área 9 – Prevenção da fadiga no trabalho:
Prevenção da fadiga excessiva, atuando nas diversas formas de fadiga
física, fadiga mental e interação com a área de Gestão de Pessoas na
prevenção da fadiga psíquica.
1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA
1.7 – Principais áreas da Ergonomia aplicada ao trabalho
Áreas recentes de atuação da Ergonomia:
Questões ergonômicas ligadas à reestruturação produtiva;
Carga mental no trabalho;
Estresse no trabalho – prevenção;
Saúde mental no trabalho;
Qualidade de vida no trabalho;
Ergonomia e Produtividade.
37. 37
2. FISIOLOGIA TRABALHO
SISTEMA MUSCULAR
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo
caracterizado pela propriedade de contração e distensão de
suas células, o que determina a movimentação dos membros e
das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido muscular:
liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.
38. SISTEMA MUSCULAR
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado
pela propriedade de contração e distensão de suas células, o que
determina a movimentação dos membros e das vísceras. Há
basicamente três tipos de tecido muscular: liso, estriado esquelético e
estriado cardíaco.
Músculo liso: o músculo involuntário
localiza-se na pele, órgãos internos,
aparelho reprodutor, grandes vasos
sangüíneos e aparelho excretor. O
estímulo para a contração dos músculos
lisos é mediado pelo sistema nervoso
vegetativo.
39. Músculo estriado esquelético: é inervado
pelo sistema nervoso central e, como este
se encontra em parte sob controle
consciente, chama-se músculo voluntário.
As contrações do músculo esquelético
permitem os movimentos dos diversos ossos
e cartilagens do esqueleto.
Músculo cardíaco: este tipo de tecido
muscular forma a maior parte do coração
dos vertebrados. O músculo cardíaco
carece de controle voluntário. É inervado
pelo sistema nervoso vegetativo.
40. Músculo cardíaco: este tipo de
tecido muscular forma a maior
parte do coração dos
vertebrados. O músculo
cardíaco carece de controle
voluntário. É inervado pelo
sistema nervoso vegetativo.
Contração rápida e voluntária
Miócitos longos, multinucleados
(núcleos periféricos).
Miofilamentos organizam-se em
estrias longitudinais e
transversais.
Contração involuntária, vigorosa
e rítmica
Miócitos alongados,
mononucleados e sem estrias
transversais.
Contração involuntária e
lenta.
41. Musculatura Esquelética
O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo,
formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente
o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal.
42.
43. As miofibrilas são constituídas por
unidades que se repetem ao longo de seu
comprimento, denominadas sarcômeros.
A distribuição dos filamentos de actina e
miosina varia ao longo do sarcômero. As
faixas mais extremas e mais claras do
sarcômero, chamadas banda I, contêm
apenas filamentos de actina. Dentro da
banda I existe uma linha que se cora mais
intensamente, denominada linha Z, que
corresponde a várias uniões entre dois
filamentos de actina. A faixa central, mais
escura, é chamada banda A, cujas
extremidades são formadas por filamentos
de actina e miosina sobrepostos. Dentro
da banda A existe uma região mediana
mais clara – a banda H – que contém
apenas miosina. Um sarcômero
compreende o segmento entre duas
linhas Z consecutivas e é a unidade
contrátil da fibra muscular, pois é a menor
porção da fibra muscular com capacidade
de contração e distensão.
44.
45.
46. Contração: ocorre pelo
deslizamento dos filamentos de
actina sobre os de miosina
c sarcômero diminui devido à
aproximação das duas linhas Z, e a
zona H chega a desaparecer.
47. A contração do músculo
esquelético é voluntária e
ocorre pelo deslizamento
dos filamentos de actina
sobre os de miosina. Nas
pontas dos filamentos de
miosina existem pequenas
projeções, capazes de
formar ligações com certos
sítios dos filamentos de
actina, quando o músculo é
estimulado. Essas projeções
de miosina puxam os
filamentos de actina,
forçando-os a deslizar sobre
os filamentos de miosina.
Isso leva ao encurtamento
das miofibrilas e à contração
muscular. Durante a
contração muscular, o
sarcômero diminui devido à
aproximação das duas linhas
Z, e a zona H chega a
48.
49. A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP
produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da
miosina à actina quanto em sua separação, que ocorre durante o
relaxamento muscular. Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à
actina, causando enrijecimento muscular. É o que acontece após a morte,
produzindo-se o estado de rigidez cadavérica (rigor mortis).
A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir
apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal
reserva de energia nas células musculares é uma substância
denominada fosfato de creatina (fosfocreatina ou creatina-fosfato).
Dessa forma, podemos resumir que a energia é inicialmente fornecida
pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina
(principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de
energia para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são
transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP.
Quando o trabalho muscular é intenso, as células musculares repõem
seus estoques de ATP e de fosfocreatina pela intensificação da respiração
celular. Para isso utilizam o glicogênio armazenado no citoplasma das
fibras musculares como combustível.
50. Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a
fibra muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e
Mg++ para o citoplasma.
2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade
ATP ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical
fosfato:
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os
filamentos de miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas.
51. Medida da frequência cardíaca:
A FC globaliza os efeitos circulatórios da contração muscular estática e
os efeitos hemodinâmicos correspondentes;
A FC não tem relação direta com os efeitos biomecânicos (estiramento
dos tendões, articulações,...).
3- Biomecânica Ocupacional
52. Análise visual da postura:
A observação das posturas utilizadas por um sujeito nos informa sobre
as dificuldades do trabalho:
Angulo de inclinação do corpo em relação a vertical;
Variação da postura em relação à uma postura ideal teórica;
Número de pontos de apoio;
Modificação da postura em função do tempo.
3 - Biomecânica Ocupacional
53. As relações entre trabalho e postura:
O espaço de trabalho deve ser adaptado às características das
informações e das ações:
Localização e características físicas dos detalhes a serem percebidos
(dimensões, iluminação,...);
Concepção dos comandos relacionados com a direção da força e de
seu ponto de aplicação;
Uma força elevada só poderá ser exercida se o corpo estiver em
equilíbrio (com apoio);
As condicionantes temporais têm influência sobre a postura. Existe
uma relação entre a precisão da tarefa, cadência de trabalho, distância
olho-tarefa, rigidez postural e duração do trabalho.
3 - Biomecânica Ocupacional
54. Considerações gerais: Levantamento de
carga
Na movimentação de cargas pesadas é sobretudo o tronco que é
envolvido;
Persistência da movimentação de cargas pesadas, apesar da
considerável automação da produção;
Importância para os trabalhadores com capacidade física limitada:
jovens, pessoas idosas, mulheres, pessoas portadoras de deficiência
física;
Este problema é agravado em um país tropical como o Brasil, devido
a má nutrição, mão de obra desqualificada, técnicas inadaptadas e
formação inadequada.(?)
3 - Biomecânica Ocupacional
55. Elevação manual de cargas pesadas:
O tipo de elevação:
A elevação suportadas pelos joelhos é mais potente do que a
elevação suportada pela coluna vertebral para cargas pesadas. Para
cargas leves e médias eles se equivalem ;
A força máxima de elevação dobra quando os pés estão à 30 cm
do objeto ao invés de 50 cm;
A elevação de cargas suportadas pelos joelhos ou pela coluna não
tem as mesmas consequências para o sujeito.
3 - Biomecânica Ocupacional
56. Biomecânica da elevação de cargas:
Na elevação de cargas pesadas, é necessário que o esforço se
produza quando a coluna vertebral estiver reta, isto é, quando as
vértebras exercerem uma pressão uniforme sobre os discos
intervertebrais;
Com a idade e segundo o peso das cargas, assim como do seu modo
de movimentação e elevação, o disco intervertebral se deforma e sua
estrutura se altera;
3- Biomecânica Ocupacional
57. Se realizarmos um esforço em posição curvada, a pressão que se
exerce sobre o disco não é mais distribuída de forma homogênea, o que
pode provocar uma hérnia do disco intervertebral com consequente
compressão dolorosa da medula espinhal na saída da coluna vertebral;
Um homem de 80 Kgf, cujo tronco é flexionado à 60o sobre a vertical,
exerce uma força de compressão de 200 Kg sobre a L5 (5a vértebra
lombar);
O mesmo homem, na mesma posição, mas tendo um peso de 25 Kg
na extremidade do braço, exerce uma força de compressão de 400 Kg
sobre a L5;
3 - Biomecânica Ocupacional
58. Fatores limitantes:
Aumento do gasto energético com a movimentação de cargas,
evidenciado pelo estudo das variações da FC;
Fadiga muscular local: má pega, desequilíbrio corporal com
contrações musculares inúteis;
Excesso de carga, apesar de uma boa pega:
Ocorre crescimento excessivo da energia consumida e da
necessidade de pausas;
Evidencia-se aí uma confirmação das recomendações relativas
aos valores máximos de carga a serem manipuladas.
3 - Biomecânica Ocupacional
59. Disposição dos locais:
A topografia e as delimitações das áreas de circulação podem provocar
dificuldade na movimentação de cargas se isto levar ao abandono das
posturas retas e equilibradas, ou a perda de uma referência visual
particular (solo delimitado ou não plano, incômodo visual pela delimitação
da carga).
3- Biomecânica Ocupacional
60. 60
4. ANTROPOMETRIA
Dimensionamento de espaços e planos de trabalho
Dados antropométricos de base:
Definição das características do efetivo futuro;
Determinação dos dados antropométricos a serem utilizados;
Utilização de dados antropométricos diretamente;
Utilização de dados antropométricos em função da tarefa.
61.
62. Dimensionamento e acessibilidade:
Dimensionamento dos planos e dos volumes de trabalho;
Acessibilidade aos equipamentos para os trabalhadores
externos;
Proximidade entre dispositivos de comando e controle;
Acessibilidade aos diferentes veículos;
Localização de instalações perigosas em relação aos
postos de trabalho;
Acessibilidade para intervenções de manutenção.
4. ANTROPOMETRIA
63. FIGURA 5.3 - Zonas de máximo e mínimo alcances
4. ANTROPOMETRIA
64. FIGURA 5.4 - Zonas de máximo e mínimo alcances no trabalho sentado ou em pé
65. FIGURA 5.5 - Dimensões de postos para trabalho sentado ou em pé
4. ANTROPOMETRIA
66. Para a posição sentada, a altura da mesa deve ser dimensionada de
forma integrada com o assento;
FIGURA 5.6 - Altura dos planos de trabalho na posição sentada com mesa fixa e regulável
4. ANTROPOMETRIA
78. Considerar as seguintes características:
Operador habitual: homem, mulher ou pessoa com capacidade física
limitada;
Elemento sobre o qual o esforço é exercido: comando, ferramenta, peça;
Volume de trabalho;
Natureza do esforço: empurrar, puxar, baixar;
Posição de trabalho: sentado, sentado em pé, em pé;
Intensidade do esforço;
Frequência horária de repetição do esforço.
Esforços físicos de trabalho
4. ANTROPOMETRIA
79. Os dispositivos de comando:
As máquinas atuais possuem um número considerável de dispositivos de
comando;
A concepção dos dispositivos de comando influenciam a qualidade das
posturas e a carga física de trabalho;
A concepção desses dispositivos deve considerar:
A forma;
A localização;
Os imperativos de manipulação desses dispositivos.
4. ANTROPOMETRIA
80. A escolha do tipo de comando adequado é função:
Da natureza do movimento a ser realizado: movimento contínuo,
descontínuo, preciso ou de esforço;
Dos músculos envolvidos para adaptar o mecanismo às posições e aos
movimentos naturais do corpo humano.
Duas categorias de comando podem ser diferenciados:
Os comandos de efeitos descontínuos;
Os comandos de efeitos contínuos.