O documento resume a vida e obra de Alfred Russel Wallace, cofundador da teoria da evolução das espécies. Wallace nasceu em 1823 no País de Gales e teve uma infância difícil. Ele se tornou um naturalista e viajou extensivamente pela América do Sul e Sudeste Asiático coletando espécimes. Em 1858, ele independentemente concebeu a teoria da seleção natural, que enviou a Darwin. Wallace aceitou ser creditado juntamente com Darwin pela teoria. Ele também se interessou pelo espiritismo a partir de 1865.
4. Quem foi Alfred Russel Wallace?
Foi naturalista, evolucionista, biogeógrafo,
antropólogo e espírita.
Foi o cofundador, com Darwin, da teoria da
seleção natural.
Converteu-se ao Espiritismo em 1865 (com 42
anos).
Principais virtudes: HOMEM DE FAMÍLIA, AMIGO,
HUMILDE, TRABALHADOR, ESTUDIOSO,
HONESTO, NOBRE DE CARÁTER, RESILIENTE,
CORAJOSO, VERSÁTIL, (...)
5. Considerações Iniciais
Em inglês, “Spiritualism” significa espiritualismo e espiritismo
ao mesmo tempo, o que por vezes pode originar alguma
confusão.
Espiritismo é uma palavra que foi idealizada por Allan Kardec,
ao codificar a Doutrina Espírita, com a publicação de O Livro
dos Espíritos (1857).
Se houve um cientista que nunca recebeu a sua fatia justa de
glória, esse foi Alfred Russel Wallace.
8. Quem foi Alfred Russel Wallace?
Nasceu a 08 de janeiro de 1823 e
desencarnou em 1913, com 90 anos.
Wallace nasceu no vilarejo de Llandoc,
próximo de Usk, Monmouthshire, País de
Gales (Reino Unido).
Os seus pais foram Thomas Vere Wallace e
Mary Anne Greenell.
9. Alfred Russel Wallace
FAMÍLIA
Tinha dois irmãos (William e John) e duas
irmãs (Eliza e Frances), todos mais velhos do
que ele e um irmão mais novo, Herbert
Edward.
Teve uma infância difícil e, ainda adolescente,
começou a trabalhar.
10. A sua mãe era de uma família inglesa de classe média e o seu
pai era licenciado em direito (sem exercer).
Tinham terras rentáveis, mas maus investimentos levaram a
uma deterioração da condição financeira da família.
Quando Alfred Wallace tinha cinco anos, a sua família mudou-
se para o norte de Londres, onde frequentou a Hertford
Grammar School (Liceu) até que dificuldades financeiras
forçaram a sua família a retirá-lo em 1836, tinha 13 anos.
FAMÍLIA
11. Nessa altura foi morar e trabalhar com o seu irmão
John, um aprendiz de construtor que tinha dezanove
anos.
Essa foi uma medida paliativa até que William, o
irmão mais velho, estivesse em condições de o receber
como aprendiz de topógrafo.
Enquanto isso, ele assistiu às aulas e leu livros
no Instituto de Mecânica de Londres, onde esteve
exposto às ideias políticas radicais de reformistas
sociais tais como Robert Owen e Thomas Paine.
FAMÍLIA E ESTUDOS
Robert Owen (1771 – 1858)
Thomas Paine (1737 – 1809)
12. Deixou Londres em 1837 para morar com
William e trabalhar como seu aprendiz
durante seis anos.
Entre 1840 e 1843 (dos 17 aos 20 anos)
realizou trabalhos de topógrafo em Inglaterra
e Gales. Fazia muitas saídas de campo.
Por volta do final de 1843 (com 20 anos) a
empresa de William passou por sérias
dificuldades financeiras e Alfred teve de
partir.
FAMÍLIA
13. Após um breve período de desemprego, Alfred Wallace
foi contratado como professor na Collegiate
School em Leicester para ensinar desenho, cartografia e
topografia.
Passou bastante tempo na biblioteca de Leicester onde
leu "An Essay on the Principle of Population" de Thomas
Malthus.
Conheceu e tornou-se amigo do naturalista Henry
Walter Bates que na altura tinha apenas 19 anos. Este
já tinha publicado um artigo acerca de besouros na
revista The Zoologist, tendo-o familiarizado com a sua
coleção de insetos.
Henry Walter Bates
(1825 – 1892)
ESTUDOS
14. William (irmão mais velho) faleceu de
pneumonia em 1845.
Wallace (22 anos) abandonou o seu cargo de
professor para assumir a firma do falecido
irmão, em Neath e convenceu John, o outro
irmão, a ir morar com ele.
Ambos fundaram uma firma de arquitetura e
engenharia civil que executou vários projetos,
incluindo o planeamento e edificação do
prédio do Instituto de Mecânica de Neath.
Instituto de Mecânica de Neath.
15. O fundador deste instituto ficou
impressionado com Wallace e
convenceu-o a lecionar ciência e
engenharia.
Em 1846, aos 23 anos, ele e John
reuniram condições para adquirir uma
casa de campo próximo de Neath, onde
viveram com a sua mãe e a sua irmã
Fanny (o seu pai falecera em 1843).
FAMÍLIA E ESTUDOS
16. Wallace Naturalista
Durante esse período ele leu muito e trocou cartas com Bates a respeito
do tratado evolucionista de Robert Chambers, Vestiges of the Natural
History of Creation; A viagem do Beagle, de Charles Darwin, e Princípios
de Geologia, de Charles Lyell.
Numa viagem que fez a França, Wallace visitou museus, livrarias e o
Jardim Botânico, tendo-o deixado insatisfeito com a sua coleção de
plantas, por ter apenas espécimes locais. Isto, somado aos seus
interesses teóricos (trabalhos de Darwin, por exemplo), trouxe-lhe o
desejo de viajar para fora de Inglaterra como naturalista.
Em 1848, com 25 anos, Wallace e Henry Bates partiram para o Brasil,
com o objetivo de colecionar insetos e outros espécimes animais
na Floresta Amazónica e vendê-los a colecionadores em Inglaterra. A
venda de coleções era uma fonte de renda para custear as
expedições. Também esperavam juntar evidências da transmutação das
espécies.
17. Wallace Naturalista
Wallace e Bates passaram a maior parte de seu primeiro ano
colecionando espécimes próximo a Belém do Pará, quando exploraram o
interior separadamente, encontrando-se ocasionalmente para discutir os
seus achados.
Em 1849 (26 anos), tiveram a breve companhia de um outro jovem
explorador, o botânico Richard Spruce, junto com o irmão mais novo de
Wallace, Herbert.
Herbert faleceu de febre amarela, mas Spruce, assim como Bates,
passariam quase dez anos na América do Sul.
18. A morte de Herbert, que tinha vinte e dois anos, em junho de 1851,
deixou Alfred muito abatido.
Enquanto estava no rio Negro, Alfred também adoeceu gravemente,
mas recuperou-se para voltar às ilhas britânicas e constatar a perda de
muitas das caixas que enviou, em decorrência de tempestades e outros
contratempos, como um fogo no navio.
Uma vez em Inglaterra, em 1852, com 29 anos, Wallace foi aceite como
pesquisador visitante na Sociedade Entomológica.
Wallace Naturalista
19. Após o seu retorno ao Reino Unido, Wallace passou dezoito meses em
Londres a viver do pagamento do seguro da sua coleção perdida e a
vender o que sobrou.
Mais tarde, naquele mesmo ano, Wallace visitou Darwin, tendo-se
tornado seu amigo, assim como de Charles Lyell e Herbert Spencer.
Wallace Naturalista
20. De 1854 a 1862, dos 31 aos 39 anos, Wallace viajou para a Arquipélago
Malaio ou Índias Orientais (agora Malásia e Indonésia), a fim de colecionar
espécimes para vender e estudar a Natureza.
Enquanto ele explorava o arquipélago, refinou os seus pensamentos acerca da
evolução e teve a sua famosa conceção da seleção natural.
Desde 1838 (com 25 anos) que Wallace propunha a luta pela sobrevivência como
causa da mudança das espécies no processo evolutivo, ideia que lhe ocorreu a
partir da leitura de Malthus.
Wallace Naturalista
21. Retorno ao Reino Unido, casamento e filhos
Descrições dos seus estudos e aventuras foram publicadas em 1869
(46 anos) como ”O Arquipélago Malaio”, que se tornou um dos mais
populares diários de exploração científica do século XIX.
A publicação foi elogiada por cientistas tais como Darwin (a quem o
livro foi dedicado), e Charles Lyell, e por não-cientistas, tais como o
romancista Joseph Conrad.
Em 1862, com 39 anos, Wallace retornou ao Reino Unido e mudou-se
para casa da sua irmã Fanny. Nesse período, ele participou ativamente
de debates sobre a origem do Homem, tema que Darwin se
resguardava de discutir, possivelmente devido às suas implicações
religiosas e políticas.
22. Retorno ao Reino Unido, casamento e filhos
Durante a década de 1860, Wallace escreveu vários ensaios e deu
palestras defendendo a teoria da seleção natural. Também se
correspondeu com Darwin sobre vários temas.
Em 1865, 42 anos, Wallace começou a investigar o espiritismo.
Em 1866, com 43 anos, Wallace casou-se com Annie Mitten.
Wallace teve três filhos: Herbert (1867-1874), que morreu quando
criança, Violet (1869-1945) e William (1871-1951).
23. Problemas financeiros
Durante os anos de 1860 e de 1870, Wallace estava muito preocupado
com a segurança financeira da sua família.
Fez vários investimentos arriscados que se revelaram um fracasso.
Apesar da ajuda dos seus amigos, Wallace não conseguiu encontrar um
emprego com um salário fixo.
Para se manter financeiramente, ele trabalhou como topógrafo para o
governo, escreveu artigos para publicação por somas modestas e editou
várias obras de Lyell e Darwin.
24. Darwin sabia das dificuldades financeiras de Wallace e lutou para
conceder-lhe uma pensão do governo por suas contribuições para a
ciência.
Quando a pensão anual foi concedida em 1881, com 58 anos, foi capaz
de estabilizar a sua situação financeira, complementando a sua renda
o que ganhava com as suas publicações.
Problemas financeiros
25. Ativismo Social
Nas horas vagas, Wallace dedicava o seu tempo ao socialismo,
militarismo político, espiritualismo e até mesmo a questões pacifistas,
defendendo a justiça social e a reforma agrária.
Wallace também foi um cientista dedicado a causas sociais, mostrando
simpatia por indivíduos excluídos pela sociedade.
O seu amparo abrangia desde crianças nascidas em lares carentes a
mulheres sem direito de voto.
26. Em 1858, com 35 anos, durante a sua viagem de pesquisa na Indonésia,
Wallace escreveu um ensaio no qual praticamente definia as bases
da teoria da evolução.
Enviou-o a Charles Darwin, com quem mantinha correspondência,
pedindo ao colega uma avaliação do mérito da sua teoria, bem como o
encaminhamento do manuscrito ao geólogo Charles Lyell.
Teoria da Evolução das Espécies
27. Darwin, ao se dar conta de que o manuscrito de Wallace
apresentava uma teoria praticamente idêntica à sua - aquela em
que estava a trabalhar, com grande sigilo, ao longo de vinte anos -
escreveu ao amigo Charles Lyell: "Toda a minha originalidade será
esmagada".
Para evitar que isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Hooker -
também amigo de Darwin e com grande influência no meio
científico - propuseram que os trabalhos fossem apresentados
simultaneamente à Linnean Society of London, o mais importante
centro de estudos de história natural da Grã-Bretanha.
O que aconteceu em 1 de julho de 1858. (Em 1857, Allan Kardec
tinha lançado o Livro dos Espíritos)
Teoria da Evolução das Espécies
28. Em seguida, Darwin decidiu terminar e expor
rapidamente a sua teoria: A Origem das
Espécies, que foi publicada no ano seguinte,
em 1859.
Wallace foi o primeiro a propor a distribuição
geográfica das espécies animais e, como tal, é
considerado um dos precursores da ecologia e
da biogeografia e, por vezes, chamado de "Pai
da Biogeografia".
Teoria da Evolução das Espécies
29. Wallace aceitou a situação e ficou agradecido por ter sido, pelo menos,
nele incluído. O status social e científico de Darwin naquela época era
muito superior ao de Wallace e era improvável que as observações de
Wallace sobre a evolução tivessem sido aceites com a mesma seriedade,
caso fossem apresentadas independentemente.
Quando retornou a Inglaterra, Wallace encontrou-se com Darwin e os dois
permaneceram amigos, desde então.
Teoria da Evolução das Espécies
31. Wallace e o Espiritismo
Foi introduzido no pensamento de Robert Owen na sua juventude,
tendo-lhe incentivado o gosto pelos estudos e pelas ciências.
Ainda como professor em Leicester, assistiu a uma conferência sobre
mesmerismo, dada por Spencer Hall, que o levou a fazer experiências
com os seus alunos, obtendo resultados que o impressionaram e
marcaram o início das pesquisas que o conduziriam ao exame dos factos
do espiritualismo.
Nas suas viagens pela Amazónia e pelo arquipélago malaio, ele não se
esqueceu dos seus estudos mesméricos. No Pará, o seu irmão Herbert
fez algumas experiências com índios e com a população local e os
biógrafos relatam que ele conseguiu que alguns chegassem ao estado
de transe profundo.
32. Wallace e o Espiritismo
Nas correspondências que trocava com os seus amigos e familiares, foi
informado da onda espiritualista que tinha sido criada pelas viagens de
médiuns norte-americanos pela Europa.
No início dos anos 1850, a senhora Hayden converteu Robert Owen ao
espiritualismo moderno e isto pode ter afetado Wallace, que demonstrou
interesse em realizar pesquisas sobre a mediunidade quando retornasse
às ilhas britânicas.
33. Wallace e o Espiritismo
Raby (2001) afirma que a sua irmã Fanny já era uma espiritualista ativa e
que isto o influenciara.
Outra clara influência que se pode perceber num outro trabalho de
Wallace é a da epistemologia dos empiristas ingleses, que postulavam a
observação como base da construção do conhecimento, bem como do
seu naturalismo.
Essa metodologia seria a escolhida por Alfred para o estudo dos
fenómenos considerados espirituais, bem como para o debate que
realizou com os céticos durante o resto de sua vida.
34. Wallace e o Espiritismo
Em Inglaterra foi um defensor entusiasta da Doutrina Espírita desde 1862,
ano em que se converteu a esta Doutrina.
As principais obras, o "The Scientific Aspect of Supernatural”, de 1866", "A
Defense of Modern Spiritualism”, de 1874, "Les Miracles et le modern
Spiritualisme”, de 1875, ajudaram muito na difusão do Espiritismo
naquele país, chamando a atenção dos cientistas para a observação e
estudo dos fenómenos espíritas.
Wallace foi um dos fundadores, em 1864, da Sociedade Dialética de
Londres, dedicada ao estudo dos fenómenos espíritas. O rigor científico
dos seus relatórios, incentivaram Crookes para investigar estes
fenómenos. Wallace realizou sessões com alguns médiuns, dentre eles,
Slade, o qual testemunhou o fenómeno da escrita direta sobre lousas.
35. O próprio Wallace explicou a sua conversão às ideias espíritas numa
entrevista:
Quando voltei do exterior, em 1862, li sobre o espiritismo e, como
maioria das pessoas, achei que fosse tudo fraude, ilusão,
Encontrei pessoas aparentemente inteligentes e sadias que ora
asseguravam que tinham experienciado coisas maravilhosas. A
senhora Marshall era uma médium conhecida em Londres àquela
época e, após um exame detido, fiquei convencido de que os
fenómenos associados a ela eram perfeitamente genuínos. Mas
três anos de investigações subsequentes para certificar-me de que
eles eram produzidos por espíritos. (Dawson, 1898)
Wallace e o Espiritismo
36. Wallace e o Espiritismo
Wallace era um entusiasta de frenologia. No início de sua carreira ele fez
várias experiências com o mesmerismo. Ele usou alguns dos seus alunos
em Leicester como sujet, com considerável sucesso.
Quando começou os seus experimentos com magnetismo animal, o
tema já era experimentado por magnetizadores , como John Elliotson.
Wallace desenhou uma conexão entre as suas experiências com
magnetismo e as suas investigações posteriores em espiritismo. Em 1893,
ele escreveu:
37. Wallace e o Espiritismo
E assim aprendi a minha primeira grande lição no inquérito sobre estes
campos obscuros de conhecimento, nunca aceitar a descrença dos
grandes homens ou as suas acusações de impostura ou de imbecilidade,
a partir de qualquer peso quando se opôs à observação repetida de
fatos por outros homens, reconhecidamente sãos e honestos.
38. Wallace e o Espiritismo
Peter Raby conduziu a biografia de Wallace mostrando como a ideia do
espiritualismo era mal recebida pelos círculos científicos da época e, de certa
forma, tentando explicar como um homem como ele teria sido crédulo o
suficiente para defender estas ideias.
A leitura da obra de Wallace mostrou-nos que ele trabalhou como um naturalista
em assuntos espiritualistas. Ele leu a literatura disponível à sua época, realizou
pesquisas diversas, criou mecanismos de identificação de fraude e tentou
sensibilizar os seus pares para o tema, tendo sido mal recebido e mal
interpretado na maioria das vezes. Isto não o fez desanimar.
39. Wallace e o Espiritismo
Wallace contactou com pessoas do seu círculo que se interessavam pelo
espiritualismo.
Inicialmente, assistiu a algumas sessões promovidas pela senhora
Marshall, uma médium profissional, e pôde assistir a fenómenos de
mesas girantes e raps.
Posteriormente, promoveu sessões de pesquisa na sua própria
residência, controlando com rigor o ambiente e procurando obter
fenómenos que o permitissem sustentar a hipótese espiritualista frente a
outras hipóteses.
40. Wallace e o Espiritismo
O aspeto científico do sobrenatural foi publicado em 1866 e, em 1871, ele
escreveu um trabalho de resposta aos argumentos de Hume, Lecky e outros
contra os milagres para a Dialectical Society.
Nessa época, Crookes estava a realizar as suas pesquisas com o médium Daniel
D. Home.
Uma das médiuns que Wallace pesquisou foi a senhora Guppy (anteriormente
senhorita Nichols), que possuía faculdades de efeitos físicos. Em março de 1874,
ele identificou a mãe em duas das fotos obtidas.
41. Wallace e o Espiritismo
Nesse mesmo ano, Wallace publicou, no Fortnighly Review, um grande ensaio
denominado A defesa do espiritualismo moderno. Este ensaio e os dois anteriores
foram reunidos num livro que se chamou Milagres e o espiritualismo moderno,
publicado em março de 1875.
O médium Henry Slade, em viagem pela Europa, realizou sessões pagas na Inglaterra,
a partir de setembro de 1876, quando teve suas faculdades estudadas por diversos
pesquisadores, entre os quais o próprio Wallace.
Slade foi acusado de fraude pelo biólogo professor Ray Lankester, que fez uma carta-
denúncia para o jornal The Times, acusando-o de obter dinheiro de modo
fraudulento. O caso foi parar na barra dos tribunais e Wallace defendeu o médium.
42. Wallace e o Espiritismo
O facto de Wallace ter-se unido aos espiritualistas ingleses na defesa do médium
teve implicações na sua vida profissional, uma vez que o próprio Lankester o
denunciou aos seus pares da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência
por ter "degradado as discussões da sociedade pela introdução do
espiritualismo".
Toda esta publicidade negativa fez com que Wallace não fosse eleito secretário
da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência e também dificultou a
posterior concessão de uma pensão do Governo Britânico, em 1881, numa época
em que ele passava por dificuldades financeiras.
43. Em 1864, antes que Darwin tivesse abordado publicamente o assunto,
apesar de outros o terem, Wallace publicou um artigo: A Origem das
Raças Humanas e a Antiguidade do Homem Deduzidos da Teoria de
"Seleção Natural", aplicando a teoria à Humanidade.
Wallace tornou-se a seguir um espírita e, mais tarde, argumentou que
a seleção natural não poderia justificar o génio matemático, artístico ou
musical, nem contemplações metafísicas, a razão ou o humor, e que algo
no "invisível universo do Espírito" tinha intercedido pelo menos três vezes
na história:
- A criação da vida a partir da matéria inorgânica;
- A introdução da consciência nos animais superiores;
- A geração das faculdades acima mencionadas no espírito
humano.
44. Wallace e o Espiritismo
Ele também acreditava que a razão de ser do universo era o
desenvolvimento do espírito humano (ver Wallace (1889)).
Essas conceções muito perturbaram Darwin ao longo da sua vida,
argumentando ele que apelos espirituais eram desnecessários e que
a seleção sexual podia facilmente explicar esses fenómenos
aparentemente não adaptativos.
45. Wallace e o Espiritismo
Em 1865 Wallace investigou os fenómenos das mesas girantes ainda tão em
voga na Europa; a mediunidade de Mr. Marshall, de Mr. Cuppy e outras,
afirmando mais tarde que as comunicações com espíritos "são inteiramente
comprovadas tão bem como quaisquer factos que são provados em outras
ciências".
46. Wallace e o Espiritismo
Cinco anos depois, em 1886, Wallace viajou a Nova York para fazer conferências
e visitou três sociedades espiritualistas norte-americanas, em Boston, Washington
e São Francisco.
Ele assistiu a sessões e fez contactos com os espiritualistas norte-americanos.
Encontrou- se com o conhecido psicólogo William James em diversas ocasiões.
Numa delas, assistiu a uma sessão de materialização com a senhora Ross na qual
apareceram muitas pessoas e objetos, como um índio, um rosto de bebé, que
ele beijou, etc. Numa outra sessão, ele identificou um primo.
47. Wallace e o Espiritismo
Houve uma acusação de fraude da médium e Wallace escreveu em sua defesa
em uma carta publicada no jornal Banner of Light.
Nessa época,1886, Wallace publicou um artigo intitulado "Estão os fenómenos
do espiritualismo em harmonia com a ciência?".
Wallace prosseguiu com suas publicações espiritualistas até ao seu falecimento,
em 7 de novembro de 1913.
48. Em muitos relatos da história da teoria da evolução,
Wallace é relegado ao papel de um simples estímulo para
a teoria do próprio Darwin.
Na realidade, Wallace desenvolveu as suas próprias
conceções distintas sobre a evolução (conceções essas
que divergiam das de Darwin) e era considerado por
muitos (especialmente por Darwin) como um pensador de
primeira grandeza sobre a teoria da evolução no seu
tempo, e cujas ideias não podiam ser ignoradas.
Ele é um dos naturalistas mais citados na obra de
Darwin Descent of Man (A Origem do Homem).
49. Considerações finais
Alfred Russel Wallace enfrentou a intolerância de uma época, intolerância contra
a sua origem social, contra sua religião e mesmo contra a sua honestidade
científica.
De alguma forma, somos herdeiros do seu trabalho e por esta razão
consideramos importantes homenageá-lo e trazer à luz o seu valor e virtudes.
Alfred Russel Wallace participou do movimento renovador do Espiritualismo
Moderno, tornando-se um fiel defensor dos princípios espíritas à luz da Ciência.
50. Publicações
Wallace foi um autor prolífero. Publicou:
22 livros completos
747 peças curtas (508 das quais eram artigos científicos, sendo
191 na Nature).
29% eram sobre biogeografia e história natural,
27% eram sobre teoria da evolução,
25% eram críticas sociais,
12% eram de Antropologia,
7% estavam ligados ao espiritismo e frenologia.
51. Alguns Prémios
1892 - Medalha de Ouro da Linnean Society (Sociedade de
Lineu).
1908 - Ordem de Mérito; a Medalha Copley da Sociedade
Real e a Medalha de Fundador da Royal Geographical
Society.
52. Fontes documentais
Alfred Russel Wallace (1874). Defesa do Espiritualismo Moderno. Colby and Rich. Boston.
http://www.autoresespiritasclassicos.com/Pesquisadores%20espiritas/Alfred%20Russel%20Wallace/Obra
%2001/Alfred%20Russel%20Wallace%20%20Defesa%20do%20Espiritualismo%20moderno.htm
Arthur Conan Doyle. (1926). A História do Espiritismo.
Dalmo Duque dos Santos. (2010). Nova História do Espiritismo. Editora do Conhecimento
Alfred Russel Wallace – Biografia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Russel_Wallace
Quem foi Alfred Russel Wallace? Espiritismo comentado. Jáder Sampaio. Publicado em Reformador, Rio
de Janeiro, v. 121, n. 2097, dez. 2003, p. 474-479.
http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/S_autores_SAMPAIO_Jader_textos/Sampaio_Jader_artigos_pd
f/alfred_russel_wallace_biografia.pdf
53. Alfred Russel Wallace. O grande evolucionista Espírita. Documento escrito.
http://www.autoresespiritasclassicos.com/Pesquisadores%20espiritas/Alfred%20Russel%20Wallac
e/Alfred%20Russel%20Wallace.htm
A visão espiritualista de evolução de Alfred Russel Wallace(vídeo)
https://www.youtube.com/watch?v=rKj_j51H5wo
Alfred Russel Wallace (vídeo) https://www.youtube.com/watch?v=76OZPTiMZsM
A vida de Alfred R. Wallace (vídeo) https://www.youtube.com/watch?v=DxZ8aK7guS8
Wallace e as forças espirituais na evolução
http://www.acasadoespiritismo.com.br/reflexoes/reflexoes2009/wallace%20e%20as%20forcas%2
0espirituais%20na%20ev.htm
Espiritismo complementa teoria darwiniana. Marlene Nobre.
http://www.folhaespirita.com.br/v2/node/431
Notas do Editor
Robert Owen (1771 – 1858) Reformista social galês, fundador do socialismo e do cooperativismo.
Apesar de sua antipatia pela religião, em 1854, aos 83 anos, Owen converteu-se ao espiritualismo depois de uma série de sessões com a médium americana Maria B. Hayden (a quem se atribui a introdução do espiritismo na Inglaterra).
Owen alegava ter tido contatos mediúnicos com os espíritos de Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e outros. Segundo ele, o propósito de tais comunicações era substituir o estado miserável da existência humana, por um estado verdadeiro e feliz, "para preparar o mundo para a paz universal e infundir em todos o espírito da caridade, da tolerância e do amor”.
Thomas Paine (1737-1809)
Foi um político britânico, ativista, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América.
Influenciou bastante a Revolução Francesa.
Escreveu várias obras de referência ideológica.
Wallace continuou cartografando o Rio Negro por quatro anos, coletando espécimes e tomando notas acerca dos povos e línguas que encontrou bem como a geografia, flora e fauna.
Em 12 de julho de 1852, Wallace embarcou rumo ao Reino Unido no brigue Helen. Após vinte e oito dias ao mar, a carga do navio pegou fogo e a tripulação foi forçada a abandoná-lo.
A coleção inteira que Wallace levava perdeu-se. Só salvou parte do seu diário e uns poucos esboços. Porém uma pequena parte do seu material ficou retida no porto de Manaus e salvou-se. Wallace e a sua tripulação passaram dez dias num barco aberto antes de serem resgatados pelo brigue Jordeson, que estava viajando de Cuba para Londres. As condições no Jordeson foram tensas por causa dos passageiros inesperados, mas após uma viagem difícil com uma alimentação deficiente o navio finalmente chegou ao seu destino em 1 de outubro de 1852.
Suas observações das marcantes diferenças zoológicas através do estreito no arquipélago levaram-no a propor a fronteira biogeográfica atualmente conhecida como a Linha de Wallace.
Em 1855 Wallace publicou o artigo, "On the Law Which has Regulated the Introduction of Species", no qual ele junta e enumera observações gerais sobre a distribuição geográfica e geológica das espécies (biogeografia).
Wallace encontrou-se brevemente e apenas uma vez com Darwin, e foi um dos seus numerosos correspondentes de todas as partes do mundo, cujas observações Darwin utilizou para dar suporte às suas teorias.
Wallace sabia que Darwin tinha interesse na questão de como as espécies se originavam e confiava na opinião dele sobre o assunto. Assim, enviou-lhe o seu ensaio “Sobre a Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original) - 1858, e pediu-lhe que escrevesse a crítica.
Em 1858 Darwin recebeu o manuscrito de Wallace. Embora o ensaio de Wallace ainda não propusesse o famoso conceito darwiniano de seleção natural, enfatizava uma divergência evolutiva entre as espécies e suas similares. Nesse sentido era semelhante à teoria sobre a qual Darwin tinha trabalhado durante 20 anos, e que nunca tinha sido publicada.
Darwin escreveu a Charles Lyell: "Ele não poderia ter feito um pequeno resumo melhor! Até os seus termos constam agora nos títulos dos meus capítulos!“
Apesar de Wallace não ter pedido que publicassem o seu ensaio, Charles Lyell e Joseph Hooker decidiram apresentá-lo junto aos trechos de um artigo, que Darwin tinha escrito em 1844 e mantido confidencial, à Linnean Society of London, em 1 de julho de 1858, dando destaque à teoria de Darwin.
Ele houvera escrito a Arabella Buckley, secretária de Lyell, solicitando-lhe ajuda para conseguir algum emprego que o permitisse sustentar a família. Ela solicitou a Darwin
que o indicasses para receber uma pensão do governo. Darwin iniciou uma série de consultas a seus pares, que hesitaram em fazer uma recomendação de Wallace ao burocrata responsável, em decorrência dos eventos polêmicos e de sua adesão ao espiritualismo, como se pode ler no seguinte trecho da correspondência de Hooker;
Como pode um homem pedir a seus amigos que assinem tal solicitação? Além disso, que governo pode honestamente ser informado que o candidato é um público e destacado espiritualista? (Raby 2001. p.222)
Sem saber do acontecido, Wallace submeteu os textos de seu livro Vida insular a Hooker, acatou as suas sugestões e lhe fez uma dedicatória. Ao conhecê-lo melhor, como homem e como cientista, o pesquisador mudou de opinião e escreveu a Darwin incentivando- o a continuar com o pedido de pensão para Wallace, que foi concedida em 1881, tornando- lhe a vida um pouco mais tranqüila.