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O livro possui o interesse por vários grupos, movimentos, revistas e suplementos literários na Belém do século XX. Conta com as fontes primárias, depoimentos orais de personagens-chave e bibliografia pertinente ao estudo literário e cultural. Com a tentativa de participar da reflexão sobre a história literária brasileira, em geral construída pela imagem do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais. Às vezes, uma passagem pelo Nordeste, em especial Pernambuco – já relegado ao regionalismo. E, lugares, menos conhecidos ainda, como o Centro-Oeste, o Norte, e o Sul.
O Grupo dos Novos e a renovação literária em Belém
1. O GRUPO DOS NOVOS
Memória Literárias de Belém do Pará
Marinilce Oliveira Coelho
2. A primeira referência que tive a respeito do “Grupo dos
Novos” foi através do prefácio: “Max Martins, Mestre-
Aprendiz”, escrito pelo professor e crítico literário Benedito
Nunes, por ocasião da publicação do livro Não para consolar-
poesia completa, de Max Martins, editado pela Cejup, em
1992. Naquele ano a produção poética de Max Martins
completava 40 anos, desde a edição de seu primeiro livro O
Estranho (1952). O livro é baseado em minha tese de
doutorado em Teoria e História da Literatura, defendida em
2003, no Instituto de Estudos da Linguagem, na Unicamp,
sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Foot Hardman, autor
entre outras obras, de Trem Fantasma: a modernidade na
selva. O professor Foot Hardman foi quem prefaciou o meu
livro, onde destaca a vida literária numa metrópole moderna.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
3. O livro possui o interesse por vários grupos, movimentos,
revistas e suplementos literários na Belém do século XX. Conta
com as fontes primárias, depoimentos orais de personagens-
chave e bibliografia pertinente ao estudo literário e cultural. Com
a tentativa de participar da reflexão sobre a história literária
brasileira, em geral construída pela imagem do Rio de Janeiro,
de São Paulo, de Minas Gerais. Às vezes, uma passagem pelo
Nordeste, em especial Pernambuco – já relegado ao
regionalismo. E, lugares, menos conhecidos ainda, como o
Centro-Oeste, o Norte, e o Sul.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
4. Fiz um levantamento cuidadoso e detalhado do Suplemento
Arte Literatura da “Folha do Norte”, que circulou no período de
1946-51, aqui em Belém. Mais precisamente de 5 maio de
1946 a 14 de janeiro de 1951, num total de 165 números.
Sendo que três números (por provável erro tipográfico) se
repetem, totalizando, portanto, 168 números. Na época a
Folha do Norte tinha uma tiragem de 15.000 mil exemplares
diários. O suplemento literário da Folha do Norte, numa linha
editorial nitidamente crítica e atual, proporcionou ao leitor o
contato com textos de autores de diversas cidades. Como, por
exemplo: do Rio de Janeiro: Aurélio Buarque de Holanda,
Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando
Ferreira Loanda, Gilberto Freyre, Manuel Bandeira; Sérgio
Buarque. De São Paulo; Sérgio Millet. De Curitiba: Dalton
Trevisan, Wilson Martins. De Porto Alegre: Wilson Chagas. De
Fortaleza: Antônio Girão Barroso, Aluísio Medeiros, entre
outros nomes.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
5. Em Belém, o chamado “Grupo dos Novos” (1946-1952) se
consolidava com os nomes de Alonso Rocha, Benedito Nunes,
Cauby Cruz, Floriano Jaime, Jurandyr Bezerra, Haroldo Maranhão,
Mário Faustino, Maurício Rodrigues, Max Martins. Podemos citar
ainda os nomes de Francisco Paulo Mendes, Ruy Guilherme
Paranatinga Barata, Paulo Plínio Abreu, entre os autores mais
velhos, e que já traziam a experiência da publicação de seus textos
em revistas editadas na década de 30.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
6. A leitura semanal do que havia de mais novo na literatura e na
crítica foi decisiva na formação da mocidade da terra. Como
examinei nesse livro, os autores locais assumiram e propuseram
uma literatura e uma crítica que superou os limites do Modernismo.
Alguns dos poetas citados seguiram trajetórias diversas depois de
1952, passando da fase da publicação em periódicos para o
lançamento de livros individuais. Mas o suplemento “Arte Literatura”
continua sendo uma espécie de antologia válida para documentar o
momento literário do “Grupo dos Novos”. Outras fontes importantes
são as revistas Encontro (1948) e Norte (1952), fundadas e dirigidas
pelos participantes do “Grupo dos Novos”.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
7. O tempo era de renovação. E as conquistas estéticas da geração
de 22 já haviam sido incorporadas à produção literária. Nos chama
a atenção, também, o surgimento em diversas cidades brasileiras
de revistas e suplementos literários nos quais se publicava a poesia
dos mais novos autores, entre os quais João Cabral de Melo Neto,
Ledo Ivo, Bandeira Tribuzio, Maria Julieta Drummond, Domingos
Carvalho e outros. Dentre os títulos: Clã de Fortaleza; Orfeu e o
suplemento A Manhã do Rio de Janeiro; Revista Brasileira de
Poesia de São Paulo; Edifício de Belo Horizonte; Joaquim de
Curitiba.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
8. E, no momento em que, eu folheava um exemplar do
suplemento “Arte Literatura” fortalecia-me a certeza do valor
literário que tal periódico significa para a história literária
brasileira. Os números e os exemplares desse suplemento
encontravam-se dispersos pelas estantes de bibliotecas
públicas ou particulares das cidades de Belém, Campinas, Rio
de Janeiro. Mas, além do “Arte Literatura”, chamou-me a
atenção para referência da memória literária de Belém, a
presença de outros porta-vozes de grupos literários, cujo
exemplo pode ser datado desde fins do século XIX. É o caso da
Mina Literária (1895-1899); Belém Nova (1923-1929); Terra
Imatura (1938-1942), pela dinâmica e polêmica que
estabeleceram na literatura paraense.
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9. Nesse sentido, a crítica literária brasileira, daquela década, já
procurava mostrar a ruptura do clássico triângulo dos
acontecimentos literários: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, pois a divulgação da nova poesia e de novos ensaios
críticos se fazia presente em várias regiões brasileiras. Diante
disso, o que me fez seguir o interesse pela trajetória de
movimentos literários locais, foi querer reconhecer um passado, ou
melhor, as reminiscências de um tempo apresentado à
humanidade. Levando em conta que o movimento literário, seja de
qual data for, não se encontra acima ou abaixo de outros ocorridos
no país, na mesma época, quiçá na América Latina e no mundo,
pois cabe ao pesquisador reconhecer tais particularidades. O olhar
o passado pelo presente constitui, de modo geral, os limites de
articulações do momento em que este é estudado, reconhecido.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
10. O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
11. Carlos Drummond de Andrade, com sua “Consideração
do poema”, me fez neste momento um bem enorme, pela
clareza e precisão com que define o fenômeno que eu custei
a compreender. Um Manuel Bandeira intenso e porejante
de poesia que eu tive a ingenuidade atrevida de tentar
aluir!... Hoje é o poeta das minhas horas de silêncio, que
eu não posso nunca deixar de reler após as fadigas
de outras leituras.
Ternura e desencanto gotejam seus poemas.
Haroldo Maranhão, 1946
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
12. Quando Haroldo Maranhão escreveu o artigo O último
dos modernistas do qual consta trecho acima, ele acabava de fundar
o suplemento “Arte Literatura” da Folha do Norte que circulou em
Belém de 5 de maio de 1946 a 14 de janeiro de 1951, no total de 165
números. O artigo todo parece ter sido escrito a fim de expor a crise
pela qual o autor estava passando diante da atitude de
incompreensão pelo Modernismo que ele teve na
adolescência, ao mesmo tempo em que analisava os ideais
estéticos de uma geração libertária em contraposição a poesia
recitativa dos estilos literários anteriores.
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13. Outros estados
O suplemento literário da Folha do Norte, numa linha
editorial nitidamente crítica e atual, proporcionou ao leitor
textos de autores de diversas cidades. Do Rio de Janeiro: Aurélio
Buarque de Holanda, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano
Ricardo, Cecília Meireles, Cyro dos Anjos, Fernando Sabino,
Fernando Ferreira Loanda, Gilberto Freyre, José Lins do Rego,
Jorge de Lima, Ledo Ivo, Lúcia Miguel Pereira, Maria da Saudade
Cortesão, Marques Rebelo, Manuel Bandeira, Maria Julieta
Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Otto Maria
Carpeaux, Paulo Rónai e Rachel de Queiroz. De São Paulo: Roger
Bastide, Sérgio Milliet. De Belo Horizonte: Alphonsus de
Guimaraens Filho e Bueno de Rivera. De Curitiba: Dalton
Trevisan e Wilson Martins. De Porto Alegre: Wilson Chagas. De
Fortaleza: Antônio Girão Barroso, Aluísio Medeiros, Braga
Montenegro, João Clímaco Bezerra e José Stenio.
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14. Quem participou
De Belém, o chamado “Grupo dos Novos” se consolidava
com os nomes de Alonso Rocha, Benedito Nunes, Cauby Cruz,
Floriano Jaime, Jurandyr Bezerra, Haroldo Maranhão, Mário
Faustino, Maurício Rodrigues, Max Martins. Além desses,
pode-se citar os nomes de Francisco Paulo Mendes, Ruy
Guilherme Paranatinga Barata, Paulo Plínio Abreu, entre os mais
velhos. A esses nomes, deve-se acrescentar outro também
representativo da literatura paraense, a partir de 1946: a figura
feminina de Sultana Levi Rosenblatt.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
15. Outros periódicos do grupo
A leitura semanal do que havia de mais novo na literatura
e na crítica foi decisiva na formação da mocidade da terra. Os
autores locais assumiram e propuseram
uma literatura e uma crítica que superou os limites do
Modernismo. Alguns dos poetas citados seguiram trajetórias
diversas depois de 1952, passando da fase da publicação em
periódicos para o lançamento de livros individuais. Mas o
suplemento “Arte Literatura” continua sendo uma espécie de
antologia válida para documentar o momento literário do
“Grupo dos Novos” entre 1946 e 1951. Outras fontes são: as
revistas Encontro (1948) e Norte (1952), fundadas e dirigidas
pelos
participantes do “Grupo dos Novos”, em particular Benedito
Nunes, Haroldo Maranhão, Mário Faustino, Max Martins e
Orlando Costa.
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16. Narrar um trecho da história literária de Belém passou
pelo “ver e pelo ouvir” cinco testemunhas, por um percurso
bibliográfico longo, pela leitura de suplementos literários, jornais
e revistas da época, não só paraenses, mas também de outros
Estados brasileiros, como por exemplo, Clã, de Fortaleza; Orfeu
e o suplemento A Manhã, ambos do Rio de Janeiro; Edifício de
Belo Horizonte; Revista Brasileira de Poesia, de São Paulo;
Joaquim, de Curitiba.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
17. Diante disso, o que me fez seguir o interesse pela
trajetória de movimentos literários locais, foi querer reconhecer
um passado, ou melhor, as reminiscências de um tempo
apresentado à humanidade. Levando em conta que o movimento
literário, seja de qual data for, não se encontra acima ou abaixo
de outros ocorridos no país, na mesma época, quiçá na América
Latina e no mundo, pois cada movimento literário tem ritmo
próprio e cabe ao pesquisador reconhecer tais particularidades.
O olhar o passado pelo presente constitui, de modo geral,
limites de articulações, como apresenta Walter Benjamin diante
da questão de se ver o passado “tal como ele foi”: “A verdadeira
imagem do passado perpassa, veloz. O passado só se deixa fixar
como imagem que relampeja, irreversivelmente, no momento
em que é reconhecido”.7
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
18. No entanto, o trabalho intenso de “formiguinha” de
acervos tornou-se gratificante à medida que eu encontrava e
folheava um exemplar do suplemento “Arte Literatura” da Folha
do Norte – tiragem de 15.000 exemplares, na época – e, assim,
fortalecia-me a certeza do valor literário que tal periódico
significa para a história literária brasileira. Os exemplares e
números encontravam-se dispersos pelas estantes de
bibliotecas públicas ou particulares das cidades de Belém, Rio
de Janeiro e Campinas. Por essa época, a Biblioteca Pública
“Arthur Viana” adquiria através da Secretaria de Cultura do
Estado do Pará o acervo particular de Haroldo Maranhão, e,
com ele o primeiro número do suplemento, cuidadosamente
encadernado com alguns outros números.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
19. Mas, além do suplemento “Arte Literatura”, chamou-me
a atenção para referência da memória literária de Belém, a
presença de outros porta-vozes de grupos literários, cujo
exemplo pode ser datado desde fins do século XIX. É o caso da
Mina Literária (1895-1899), Belém Nova (1923-1929), Terra Imatura
(1938-1942) pela polêmica dos grupos que lutavam por suas
idéias no cenário da literatura no Pará.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
20. Como conheci
A primeira referência que tive a respeito do “Grupo dos
Novos” foi no prefácio “Max Martins, Mestre-Aprendiz”,
escrito por Benedito Nunes, no livro Não para consolar – poesia
completa – de Max Martins, em 1992, quando este comemorava
quarenta anos de atividade poética, desde o a edição de O Estranho
(1952). Ao longo desses anos todos, Benedito Nunes e Max
Martins estreitaram o laço da amizade e acompanharam as
transformações profundas que permearam a criação poética de
um e o senso crítico literário do outro.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
21. Da esquerda para a direita:
Alonso Rocha, Max Martins, e Jurandyr Bezerra;
Praça da República,
Belém, década de 1940
Da esquerda para a direita:
Joana, Rita, Alonso Rocha,
Benedito Nunes,
Dodô e as crianças,
Em frente a casa das tias de Benedito,
Belém, década de 1940.
22. o que me fez seguir o interesse pela
trajetória de movimentos literários locais, foi querer reconhecer
um passado, ou melhor, as reminiscências de um tempo
apresentado à humanidade. Levando em conta que o movimento
literário, seja de qual data for, não se encontra acima ou abaixo
de outros ocorridos no país, na mesma época, quiçá na América
Latina e no mundo, pois cada movimento literário tem ritmo
próprio e cabe ao pesquisador reconhecer tais particularidades.
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
23. O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
24. Na flor sem nome
do campo estéril
meu pensamento se concentrou.
Vidas secretas, jardins suspensos,
arranha-céus, grandes pecados,
lutas e glórias.
Que importa o mundo?
se a flor sem nome
do campo estéril
me dominou?
Jurandyr Bezerra, O sonho153
Trazia nos olhos a estranha fadiga
de viagens não realizadas e a desolação
do amor realizado
Girassóis amarelos sobre o túmulo,
estrelas que cairão de mão violentas
E palavras que surpreendem a paz cotidiana
Para o filho trouxe a voz
[de um mundo solitário.
Obscuros caminhos para a descoberta
de uma linguagem pura e o desespero
de estar ausente e incomunicável
entre corações que morrem
[e vozes que caminham.
Paulo Plínio Abreu, Autobiografia215
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
25. Eu nada era, Senhor, senão o que surpreendeste no pecado!
Como castigo fizeste-me conhecer o bem e o mal.
Deste-me o sofrimento e a morte.
Onde me percebi fraco – mas eterno.
Deste-me a liberdade de descrever até mesmo de ti!
Fronteiras além do pensamento
O Mistério de profecias inesperadas.
Hoje uma longa solidão me aproxima do teu anjo
Quantas vezes reconheço nos meus cabelos rebeldes.
O divino retorno de tuas mãos.
Tuas palavras de fogo outra vez me orientam
E imensas portas de nuvens abres aos meus olhos.
-Ah! a maravilha do teu reino!
Mas eu temo, senhor, a infinita paz do teu reinado
Agora
Como resistirei a essa eternidade sem angústia
E sem o milagre da poesia?
(Alonso Rocha, Salmo quase elegia)
O GRUPO DOS NOVOS Memória Literárias de Belém do Pará
26. Da rosa somente a pétala inconsútil
Inamissível lembrança
Onde o perfume e a cor incompassiva?
A beleza é apenas a passagem divina
Impiedosa e fugaz.
(Mário Faustino, 1º motivo da rosa)
A rosa adormecida sonha, sonha e sonha.
Por que surgiu a rósea rosa sonhando?
Veio para que o poema com suas pétalas sensíveis
Intocável e úmido orvalho.
Veio para que ficasse a sonolenta imagem
de qualquer coisa livre livre livre
voluntariamente presa a um caule
apenas para uma noite de sono.
(Mário Faustino, 2º motivo da rosa)
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27. Busco a palavra que serve neste verso
Não é amar, nem noite, nem esperança.
Nem o que lembre mar ou rio perdido
Lago, luar ou solitária dor.
É uma outra que me foge ainda
E que sentado aqui neste momento
Procuro em vão na noite adormecida
Enquanto no céu corre a lua cheia.
É uma palavra que encerra gestos
Interjeições de espanto e de surpresa
Mas que esqueci talvez há muito tempo
Significa desespero vão.
Arrependimento de amar cousas partidas
De ser poeta nesta noite plena.
(Cauby Cruz, Soneto da palavra esquecida)
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28. A velha matriz branca
De pontas largas
Sozinha na praça
Olhando o rio sujo
Montaria dançando. Tarde preguiçosa
Rua quieta. Jornal do prefeito
Com santo na primeira página.
E usina bufando, bufando,
Engolindo lenha.
Na janela do posto do Correio
Um cacho de bananas balançando.
(Max Martins, Muaná da beira do rio)
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29. Parece uma ruazinha qualquer da vila do interior
a Conselheiro silenciosa que a linha do bonde
não alcançou.
Passa ao lado do velho cemitério,
onde os mortos de mil oitocentos
fazem pouco do século vinte...
Passa ao lado da Soledade
que fica tão só dentro da noite
com o sino cansado batendo, batendo.
Os moradores já viram o Conselheiro
puxando a carta do sino.
Ele quer missa quer reza
quer que capinem a ruazinha calada.
De dia a rua é das crianças
de toda molecada
que vem da Pratinha
sobem papagaios curicas cangulas
que ficam dançando no céu
brincando com as nuvens
distraindo “seu” Furtado.
(Benedito Nunes, Trecho da Conselheiro Furtado)
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30. Agradecimentos
Academia Paraense de Letras - APL
CNPq
Universidade Federal do Pará - UFPA
Associação de Universidades Amazônicas - Unamaz
Editora da UFPA
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