O documento discute as principais tendências da literatura brasileira contemporânea, começando pelo Concretismo e Neoconcretismo. Apresenta os precursores e fundadores destes movimentos, como Augusto e Haroldo de Campos. Destaca as características da poesia concreta, como a ênfase na forma visual e sonora em detrimento do conteúdo subjetivo. Também aborda brevemente o Neoconcretismo e sua ênfase no papel do leitor na construção do sentido da obra.
2. PARA COMEÇAR...
Apresentação
As tendências contemporâneas da literatura brasileira dizem respeito a
todas as produções feitas a partir da década de 1950 até a atualidade. Dessa
forma, percebe-se que muito do que foi e do que é produzido vêm representando
mudanças que ocorreram na sociedade, na política e nas tecnologias vigentes.
Objetivos
Apresentar os resultados da pesquisa sobre as primeiras tendências poéticas da literatura
contemporânea brasileira (já mencionadas), de modo a:
Expor seus históricos e representantes;
Definir seus conceitos e objetivos;
Descrever suas principais características (com análise de algumas obras).
5. • Os poetas da década de 40 desejavam devolver aos
poemas o rigor formal abandonado por alguns dos
primeiros modernistas. Passou-se a privilegiar o trabalho
com a materialidade do texto poético. Os poetas
concretos, de certa forma, radicalizaram o projeto de João
Cabral de Melo Neto.
6. • Concebida no calor do empreendimento mais geral de
construção de um Brasil moderno, como um projeto em
desenvolvimento, a poesia concreta coloca em jogo
formas renovadas de sensibilidade e de experiência.
Alarga os parâmetros de discussão do fazer poético,
ultrapassando o âmbito literário.
7. Precursores
• Foram precursores mundiais das tendências do movimento o
suíço Max Bill, e o russo Vladimir Maiakovski, futurista.
1-Max Bill foi um designer gráfico,
designer de produto, arquiteto, pintor,
escultor, professor e teórico do design,
cuja obra o coloca entre os mais
importantes e influentes designers do
século XX e do século atual tendo como
principal o concretismo. (1908-1994)
2-Vladimir Mayakovsky, também chamado de "o poeta
da Revolução", foi um poeta, dramaturgo e teórico
russo, frequentemente citado como um dos maiores
poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound e T.S. Eliot,
bem como "o maior poeta do futurismo“. (1893-1930)
8. Precursores no Brasil
• Na literatura brasileira, destacou-se Noigandres (revista
fundada em 1952) que era formado pelos poetas Augusto de
Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos entre outros.
Augusto de Campos é um poeta, tradutor e
ensaísta brasileiro. Estreou em 1951 com o
livro "Rei Menos o Reino", quando ainda era
estudante da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. (nasc. 1931)
Décio Pignatari, Décio Pignatari foi um publicitário,
poeta, ator, ensaísta, professor e tradutor brasileiro.
Desde os anos 1950, realizava experiências com a
linguagem poética, incorporando recursos visuais e a
fragmentação das palavras.(1927-2012)
9. • Mas foi em 1956, na Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada na
cidade de São Paulo, que lançou oficialmente o mais controverso movimento
de poesia vanguardista brasileira: o concretismo*.
• Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto
de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da
época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas
acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de
expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial.
• São Paulo vivia então o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus
intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como
tinham feito os modernistas de 1922. Por isso, um dos modelos adotados
pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-
pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical.
• * Desde 1952, os jovens intelectuais paulistas vinham procurando um novo
caminho através de uma revista chamada Noigandres, palavra tirada de um
poema de Erza Pound e que não significa nada.
• "Todo o poema é uma aventura planificada"
11. • Foi um grupo de poetas formado em 1952,
em São Paulo, Brasil. Foi integrado
por Haroldo de Campos, Décio
Pignatari, Augusto de Campos e,
posteriormente, por Ronaldo Azeredoe José
Lino Grünewald.
• Com este grupo se inicia o movimento
da Poesia Concreta no Brasil e no seu círculo
se desenvolve toda a teoria deste tipo de
poesia em sua plenitude.
• Noigandres é uma palavra de sentido não
identificado.
12. A partir da esquerda, os poetas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo
de Campos.
13.
14. PLANO PILOTO PARA A POESIA
CONCRETA
ENCERRA-SE O CICLO
HISTÓRICO DO VERSO
15. Em síntese, os criadores do concretismo propugnavam
um experimentalismo poético (planificado e
racionalizado) que obedecia aos seguintes princípios:
Abolição do verso tradicional, sobretudo através da
eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções,
pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta,
feita quase tão somente de substantivos e verbos;
Um linguagem necessariamente sintética, dinâmica,
homóloga à sociedade industrial (“A importância do olho
na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as
histórias em quadrinhos, a necessidade do
movimento....”);
16. PRINCIPAIS IDEIAS CONTIDAS NESTE PLANO PILOTO
ABOLIÇÃO DO VERSO
COMUNICAÇÃO VISUAL E SONORA
APROVEITAMENTO DO ESPAÇO DO PAPEL
19. A desintegração da palavra; o trocadilho;
A ruptura com a sintaxe tradicional e a ausência de
sinais de pontuação;
Usa a cor e a forma da letra .
Abolição do verbo (palavra);
Aproveitamento do espaço em branco do papel como fator
significado para o poema ;
Aproveitamento das potencialidades do significante
(expressão verbivocovisual), ou seja:
a) De seu conteúdo sonoro;
b) De seu conteúdo visual;
Relembrando:
23. • As poesias concretas trazem novas formas de expressão:
valorização da forma e da comunicação visual, sobrepondo ao
conteúdo
Mesmo que você não
entenda nada de
poesia, vale muito a
pena admirar.
24.
25.
26. Características
• Forma e conteúdo não mais deveriam corresponder a diferentes
planos de apreensão da literatura, mas sim a um contínuo a ser
explorado pelo artista.
A atomização vocabular na qual as palavras se
desmancham, se refazem, em favor da expressividade de
sua nova forma;
27. A polissemia, uma vez que os vocábulos assumem uma
valência de significados múltipla, ditada pela disposição no
interior da poesia;
Uma linguagem de intenso apelo persuasivo, aproximando-
se, assim, da linguagem publicitária;
O intercruzamento permanente das linguagem visual e verbal;
Comunicação icônica, ou seja, a forma da letra, sua posição,
sua cor, tudo a esse respeito é elemento para interpretação.
29. Observe-se o despojamento e o jogo verbal
deste poema de Haroldo de Campos:
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue
31. • “...numa poesia, o ritmo, as aliterações e efeitos imitativos
icônicos exploram a qualidade material sonora do significante; já
numa poesia que desenha figuras na página branca, é a qualidade
material gráfica da linguagem verbal que se exacerba. Em
nenhuma dessas manifestações se tem a integração de linguagens
diferentes num único todo de sentido, mas a exploração máxima
das qualidades de visibilidade e sonoridade da própria linguagem
verbal. (TEIXEIRA, 2008).
• Para Aguilar, o poema concreto “não é para ser lido, e
sim para ser captado mediante uma sensibilidade
que inclui leitura, visualidade e percurso.”
32. • Os autores concretistas desintegraram o lirismo
pretensioso e retórico da geração anterior e transformaram
seu movimento, por alguns anos, em um divisor de águas
entre a velha poesia e a nova vanguarda. Apesar da
escassa receptividade pública de suas obras, as mesmas
tiveram inegável importância na problematização estética
da época.
• Cultos e sofisticados, emitiram um sem número de
manifestos e de interpretações da própria poesia. A
autopublicidade e autocitação contínuas do grupo
(combinadas com a incapacidade de aceitar qualquer outro
tipo de poesia) renderam-lhe admiradores e inimigos, a tal
ponto que, nos anos de 1960, nenhum poeta poderia estrear
sem fazer a opção “concreto x não-concreto”.
33. • No entanto, quase todos os primeiros adeptos do
movimento acabaram se afastando do núcleo fundador.
Entre eles, Ferreira Gullar, que não apenas renegou o
concretismo, como passou a combatê-lo, vendo na poética
inovadora da década de 1950 apenas um vanguardismo
vazio e historicamente datado: “Trata-se de uma poesia
artificiosa, imposta pela teoria. Uma novidade que logo
passou.”
• É preciso reconhecer, contudo, que o objetivo de criar
uma “poesia de exportação”, tão presente no fundadores
do movimento obteve êxito, pois grupos concretos de
maior ou menor relevância se formaram em vários países:
Alemanha, Suíça, Portugal, França, etc.
34. PRINCIPAIS IDEIAS CONTIDAS NESTE PLANO PILOTO
POEMA OBJETO
REJEIÇÃO DO LIRISMO
REJEIÇÃO DO TEMA SUBJETIVO
35.
36. • Note como a disposição tipográfica das palavras "pluvial"
e "fluvial“, no poema de Augusto de Campos (1931-),
mimetizam a chuva e, ao mesmo tempo, o rio formado
por ela. O signo visual, em detrimento do verso
tradicional, é capaz de criar sentidos e múltiplas leituras.
37. • Para tanto, os poetas concretos, dispensam a
subjetividade e valorizam a disposição gráfica das
palavras, o uso da elipse, o espaço da página como
elemento de composição do poema.
39. • A poesia concretista está diretamente ligada à arte
concreta que despontava mundialmente a partir da década
de 1950.
• A arte concreta buscava a pureza e o rigor formal na
ordem harmônica do universo.
• Segundo essa arte, a pintura deve ser inteiramente
construída com elementos puramente plásticos, ou seja,
planos e cores.
Arte concreta
40.
41.
42. • Tanto o poema Olho por olho, quanto os poemas
móbiles, de Augusto de Campos, ilustram o
trabalho formal dos concretistas, a sagacidade
crítica e a influência da arquitetura e design. A
relação de comunicação é alterada. Nota-se que o
leitor não pode nem deve ficar passivo diante da
obra.
43. Alfredo Bosi destaca as orientações da geração de 1945:
1- a busca de temas e/ou motivos poéticos (mensagem) que
dessem ao texto um testemunho crítico da realidade;
2- o desejo de encontrar símbolos, organização gráfica, cores
(códigos) semelhantes aos da comunicação de massa.
44. • Os poetas concretos estabeleceram, desde o início,
ligações entre a sua produção, a música contemporânea,
as artes visuais e o design de linhagem construtivista.
Reprocessaram elementos dessas artes em seus poemas e
mantiveram extensa colaboração com os mais diversos
artistas.
45. • A expressão verbivocovisual sintetiza essa
proposta,colocada em prática pelos poetas Augusto de
Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, José Lino
Grünewald e Ronaldo Azeredo, desdobrando-se até hoje
em suportes e meios técnicos diversos – livro, revista,
jornal, cartaz, objeto, lp, cd, videotexto, holografia, vídeo,
internet.
46.
47. • Distingue-se do Concretismo por atribuir ao leitor outro
papel na construção do poema.
• São figuras fundamentais do movimento o poeta Ferreira
Gullar e os artistas plásticos Hélio Oiticica e Lygia Clark.
Ambos acreditavam que o leitor devesse construir o
sentido junto à obra.
48. Comparativo:
FORMA CONTEÚDO
REPRESENTAVA MAIS
FORMA DO QUE CONTEÚDO
COMPROMETIDO COM A
ESTÉTICA E O ASPECTO
VISUAL
TROUXE DE VOLTA
SUBJETIVIDADE
AFIRMAVAM QUE A ARTE NÃO É
APENAS UM OBJETO, MAS TEM
SENSIBILIDADE, EXPRESSIVIDADE,
SUBJETIVIDADE
49. • O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário,
surgido como uma forma de reagir aos excessos trazidos
pelo concretismo. Enquanto o concretismo era
extremamente racional, o neoconcretismo trouxe a
subjetividade de volta para o processo de criação artística.
Foi ele o responsável pela primeiras mudanças nas artes
visuais no Brasil, através da proposta de uso de novos
meios para a produção, bem como da transformação na
forma de receber estas obras de arte.
50. • Trouxe também um novo modo de escrever, que pode ser
conferido através da Obra de Ferreira Gullar e de
Reynaldo Jardim.
“Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos”
Ferreira Gullar
51. • No final da década de 50 os artistas que faziam parte do
concretismo fizeram uma revisão crítica sobre seu
pensamento anterior e chegaram à conclusão que estavam
fazendo arte segundo “receitas”, obedecendo a certos
“dogmas”, fazendo com que seu potencial crítico e
artístico fosse quase nenhum.
52. • Gullar não visava criar uma poesia concreta do tipo
“verbi-voco-visual”, tal qual os irmãos Campos
propunham em suas experiências, pois os elementos
linguísticos e visuais da poesia neoconcreta não deveriam
ser reconhecidos como tais, resultando numa
interpenetração que aniquilaria suas diferenças. Talvez a
maneira correta de referendar a originalidade estética do
Neoconcretismo seja usando o conceito de
“transdisciplinaridade”.
53. • O contexto desenvolvimentista de crença na indústria e
no progresso dá o tom da época em que os adeptos da arte
concreta no Brasil vão se movimentar. O programa
concreto parte de uma aproximação entre trabalho
artístico e industrial. Da arte é afastada qualquer
conotação lírica ou simbólica.
• O quadro, construído exclusivamente com elementos
plásticos - planos e cores -, não tem outra significação
senão ele próprio. Menos do que representar a realidade,
a obra de arte evidencia estruturas e planos relacionados,
formas seriadas e geométricas, que falam por si mesmos.
54. • A despeito de uma pauta geral partilhada
pelo concretismo no Brasil, é possível afirmar que a
investigação dos artistas paulistas enfatiza o conceito de
pura visualidade da forma, à qual o grupo carioca opõe
uma articulação forte entre arte e vida - que afasta a
consideração da obra como "máquina" ou "objeto" -, e
uma ênfase maior na intuição como requisito fundamental
do trabalho artístico. As divergências entre Rio e São
Paulo se explicitam na Exposição Nacional de Arte
Concreta, São Paulo, 1956, e Rio de Janeiro, 1957, início
do rompimento neoconcreto.
55. • Em busca de remendar algumas coisas, em 23 de março
de 1959, foi lançado o Manifesto Neoconcretista, no
Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, assinado por
Ferreira Gullar, Ligia Clark, Ligia Pape, Amílcar de
Castro, Franz Weissmann, Reynaldo Jardim,
TheonSpanudis. Tal manifesto foi a abertura da I
Exposição de Arte Neoconcreta, que contava com a
participação dos mesmos artitas listados.
56. • Contra as ortodoxias construtivas e o dogmatismo
geométrico, os neoconcretos defendem:
A LIBERDADE DE EXPERIMENTAÇÃO
O RETORNO ÀS INTENÇÕES EXPRESSIVAS
O RESGATE DA SUBJETIVIDADE
57. • A recuperação das
possibilidades criadoras do
artista - não mais considerado
um inventor de protótipos
industrais - e a incorporação
efetiva do observador - que ao
tocar e manipular as obras
torna-se parte delas -
apresentam-se como tentativas
de eliminar certo acento
técnico-científico presente no
concretismo.
58. • Se a arte é fundamentalmente meio de expressão, e não
produção de feitio industrial, é porque o fazer artístico
ancora-se na experiência definida no tempo e no espaço.
Ao empirismo e à objetividade concretos que levariam,
no limite, à perda da especificidade do trabalho artístico,
os neoconcretos respondem com a defesa da manutenção
da "aura" da obra de arte e da recuperação de um
humanismo.
59. • Mar Azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
Ferreira Gullar
60.
61. • Poesia-Práxis: Lançada a partir de 1961 com o Manifesto
Didático, liderada por Mário Chamie*, considerava a palavra
um organismo vivo, o qual gera o outro.
Mário Chamie foi um poeta
e crítico brasileiro.
Descendente de árabes,
aos 15 anos transferiu-se
do interior para a capital de
São Paulo, a fim de estudar
e trabalhar. Formou-se em
Direito pela Universidade de
São Paulo em 1956. (1933-
2011)
Figura importante na
história das vanguardas
surgidas no final da
década de 1950 no
Brasil. Publicou o seu
primeiro livro de
poemas Espaço
Inaugural em 1955 e
uniu-se ao movimento
vanguardista da poesia
concreta.
62. SURGIU NOS ANOS 50
VINHA EM CONTRAPOSIÇÃO
AO CONCRETISMO
FOI REPRESENTADA POR
MARIO CHAMIE
63. • Na poesia práxis, há uma abertura para múltiplas
interpretações, ou seja, a subjetividade manifestada pelo
discurso permite ao leitor uma familiaridade com a
linguagem manifestada sob vários ângulos. Assim, ele
pode decifrar a ideologia presente na intenção de cada um
daqueles que fizeram parte de tal manifestação literária.
• Sob essa perspectiva, Mário Chamie e Cassiano Ricardo
revelaram suas habilidades artísticas partindo do princípio
de que elas, em vez de se apresentarem como um objeto
de natureza fechada, evidenciavam-se como algo
transformável.
64. Considerava a palavra como “energia a ser transformada”. As palavras
“são corpos vivos”, segundo Mário Chamie, que geram outras palavras e
interagem com o leitor.
Agiotagem
um
dois
três
o juro: o prazo
O pôr/ o cento/ o mês/ o ágio
p o r c e n t á g i o
dez
cem
mil
o lucro: o dízimo
O ágio/ a moral/ a monta em péssimo
e m p r é s t i m o.
(...)
65. PRINCIPAIS IDEIAS
RETOMADA DA PALAVRA
PALAVRA COMO ORGANISMO VIVO
CONTEÚDO DE REALIDADE EXPOSTA
CONDICIONAVA TRÊS AÇÕES BÁSICAS
ATO DE COMPOR
AÇÃO DE
LEVANTAMENTO DA
ÁREA DE
COMPOSIÇÃO
ATO DE CONSUMIR
DUALIDADE DE
INTERPRETAÇÕES
RETIROU A IMPORTÂNCIA DO
EU-LÍRICO
66. Três ações básicas:
AÇÃO DE
LEVANTAMENTO DA
ÁREA DE
COMPOSIÇÃO
ATO DE CONSUMIR
ATO DE COMPOR
ESPAÇO EM PRETO
MOBILIDADE INTERCOMUNICANTE
SUPORTE INTERNO DE SIGNIFICADOS
TÍTULO (REALIDADE EXPOSTA)
INTERAÇÃO ENTRE O AUTOR E O LEITOR
67. O TOLO E O SÁBIO
Mario Chamie
O sábio que há em você
não sabe o que sabe
o tolo que não se vê.
Sabe que não se vê
o tolo que não sabe
o que há de sábio em você.
Mas do tolo que há em você
não sabe o sábio que você vê.
SIDERURGIA S.O.S.
Mario Chamie
Se der o ouro sidéreo opus horáriO
Sem sol o sal do erário saláriO
Ser der orgia semistério o empresáriO
Siderurgia do opus o só do eráriO
Se der a via do pus opus erradO
Se der o certo no errado o empregadO
Se der errado no certo o emprecáriO
68.
69. Histórico
POESIA DE VANGUARDA BRASILEIRA
SURGIU EM 1967 NO RIO DE JANEIRO E EM NATAL
CRIADA POR WLADEMIR DIAS-PINO
ENCERRADA EM 1972
70. Caracteriza pela ausência de signos verbais: a palavra é
substituída por signos visuais ou símbolos gráficos. Também
chamada de poema código.
MUNDO
HOMEM
fome
Fome
FOME
MORTE
72. CONCEITO
INOVAÇÃO NA MANEIRA DE SE CRIAR
DESMONTE NAS FORMAS DE UM POEMA
A CADA NOVA OBRA, UM “PROCESSO”
INFORMACIONAL DIFERENTE
73. OS POETAS ERAM “DESENHISTAS” E “PINTORES”
CARACTERÍSTICAS
UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS NÃO LINGUÍSTICOS
SÍMBOLOS, FOTOGRAFIAS, GRÁFICOS, COLAGENS...
RELEGAÇÃO DA PALAVRA A SEGUNDO PLANO
74. VER E NÃO LER
OBJETIVOS
EXPLORAÇÃO DAS POSSIBILIDADES POÉTICAS
TRANSMISSÃO DA INFORMAÇÃO, APENAS
MOSTRAR OS MOVIMENTOS DE UMA MISTURA
79. PROPOSIÇÕES – WLADEMIR DIAS-PINO
“Em vez de poesia, é poema.
Em vez de língua, é linguagem.
Em vez de palavra, projeto.
Em vez de tradução, versão.
Em vez de estilo, contraestilo.
Em vez de regional, universal.
Em vez de individual, coletivo.
Em vez de representação, apresentação.
Em vez de personagem, não figuração.
Em vez de psicológico, tecnológico.”
www.poemaprocesso.com
80. PARA FINALIZAR...
| A LINGUAGEM DA FORMA
| A LINGUAGEM QUE
CONSTRÓI
| A PALAVRA VIVA
| O POEMA DESENHADO
Conclusão
As tendências contemporâneas da literatura surgiram em um contexto de
mudanças na sociedade brasileira, e isso refletiu-se nas produções da época,
apresentando grandes inovações no modo de se fazer poesia.
81. É fácil gostar de poesia, preste atenção é
pura magia... É uma ciranda de palavras, é
lúdica. A poesia concreta é uma obra de arte.
FIM...