O documento discute a eletroconvulsoterapia (ECT) e a estimulação magnética transcraniana (EMT) como tratamentos psiquiátricos. Sobre a ECT, resume que é um tratamento seguro e eficaz para depressão e outros transtornos, envolvendo a indução de convulsões através de corrente elétrica. A EMT é uma técnica não-invasiva que usa campo magnético para estimular áreas cerebrais, sendo promissora para depressão e outros transtornos.
3. Introdução
A eletroconvulsoterapia (ECT) é um tratamento seguro
e eficaz para pacientes com Transtorno Depressivo
Maior, episódios maníacos, Esquizofrenia e outros
transtornos psiquiátricos
Procedimento que consiste na indução de convulsões
generalizadas, com duração de 20 a 150 segundos,
pela passagem de uma corrente elétrica pelo cérebro
Baixa adesão devido preconceito e informações
errôneas e distorcidas publicadas pela mídia leiga.
4. História
1934 - Ladislas von Meduna - Tratamento bem
sucedido da catatonia e de outros sintomas
esquizofrênicos com convulsões induzidas
farmacologicamente. Sintomas esquizofrênicos
freqüentemente diminuíam após uma convulsão.
1938, Ugo Cerletti e Lucio Bini - 1º tratamento
eletroconvulsivo. (desconforto do paciente em geral e
as fraturas decorrentes da atividade motora durante a
convulsão) => uso de relaxantes musculares e
anestesia geral
5. Mecanismo de Ação
Aumento de Substratos diminuídos no SNC
Teoria Diencefálica - Estimulação de estruturas do
Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Adrenal
Aumento do BNDF, neurotransmissores,
neuropeptídeos e hormônios
Aumento do Fluxo sanguíneo cerebral e da taxa
metabólica cerebral durante a convulsão e diminuição
no período pós-ictal, alterando a permeabilidade da
Barreira Hematoencefálica.
Teoria da Neuroplasticidade cerebral através da
eletroestimulação
6. Normalização Forçada de
Landolt
“Transtornos mentais alternantes se iniciam alguns dias
após a redução significativa ou interrupção completa de
crises epilépticas espontânea, ou o que for mais comum,
provocada pelo uso de anticonvulsivantes. Podem ou não
ser acompanhados por atenuação das alterações
eletrencefalográficas de base, fenômeno
denominado “ normalização ” forçada ou paradoxal.
Normalmente remitem após o retorno das crises aos
padrões habituais”
Landolt, 1953
8. INDICAÇÕES
Depressão Maior psicótica
Delirium maníaco
Catatonia maligna
Estupor depressivo
Psicose resistente à farmacoterapia
Síndrome neuroléptica maligna
Depressão Maior no idoso
9. USO PRIMÁRIO DE ECT
(APA):
Necessidade de melhora rápida e consistente
Quando os riscos do uso de outros medicamentos
ultrapassam os riscos da ECT
História prévia de resposta medicamentosa
insatisfatória ou boa resposta a ECT em episódios
prévios da doença
Preferência do paciente
10. USO SECUNDÁRIO DE ECT
(APA):
ausência de resposta terapêutica adequada
efeitos colaterais graves e inevitáveis ou maiores do
que podem ser provocados pela ECT
deterioração do quadro clínico psiquiátrico.
11. RECOMENDAÇÕES PRÉ-ECT
avaliação médica e neuropsiquiátrica (exame físico,
exame psíquico e história clínica)
Hemograma, eletrólitos, uréia, creatinina e ECG
Propedêutica de acordo com as comorbidades clínicas
do paciente
1- AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO PACIENTE:
12. RECOMENDAÇÕES PRÉ-ECT
Alteração do Limiar convulsivo (BZDs,
anticonvulsivantes e EH)
Complicações pós-ECT ( Tricíclicos x complicações
Cardiovasculares)
SUSPENDER: Lítio (risco de estados confusionais),
IMAOs (interação com agentes anestésicos). BZDs
suspender 24 horas antes do procedimento.
2- USO CONCOMITANTE DE MEDICAMENTOS:
13. RECOMENDAÇÕES PRÉ-ECT
Todos os pacientes que irão submeter-se à ECT, e/ou
seus familiares responsáveis, devem assinar um termo
de consentimento informado que inclua a natureza e a
gravidade do transtorno psiquiátrico, seu curso
provável sem ECT, a natureza do procedimento, o
risco e o benefício e as alternativas terapêuticas,
incluindo a opção de não tratar o problema
3- ASPÉCTOS ÉTICOS E LEGAIS:
14. TÉCNICA
Jejum de 12 horas
Anestesia (Atropina/ Glicopirrolato/ Tiopental)
Relaxantes musculares (diminui o risco de fratura)
Monitoramento Eletroencefálico
Técnica do Manguito (SuccinilCoa pode elevar a
PAS)
O2
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15. POSICIONAMENTO DOS
ELETRODOS
1. Bilateral bitemporal
2. Unilateral direito com posicionamento D’Elia
Ambos tem a mesma eficácia, porém a
unilateral tem menor déficit cognitivo.
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16. NÚMERO DE SESSÕES
Variável (dependente da resposta)
Média de 8 a 12 sessões (podendo chegar a 20)
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17. DOSAGEM ELÉTRICA
A melhora do paciente parece estar associada com
a relação entre a dosagem elétrica utilizada e o
valor do limiar convulsivo
Não guarda relação com a gravidade do quadro
Para detectar o limiar convulsivo, considera-se
idade, sexo e o posicionamento dos eletrodos
Baixa dosagem elétrica (pouco acima do limiar
convulsivo) é menos eficaz que a Alta voltagem,
porém, essencial a minimização do déficit
cognitivo (pacientes idosos, demência…)
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18. Manutenção Pós-ECT
Individualizada, porém, não menor que 6 meses
Redução progressiva das sessões
Taxa de Recaída depois de 6-12 meses - 50% em
pacientes com depressão refratária
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19. EFEITOS COLATERAIS
Déficit de memória
Cefáleia
Confusão Mental/ Delirium
Náuseas e vômitos
Dores musculares
Estado Epiléptico
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20. CONTRAINDICAÇÕES
Não há, entretanto há condições que aumentam o
risco de complicações pós-ECT:
IAM
Hipertensão Intra-craniana
Doenças Hemorrágicas/ anticoagulação
Aneurismas
Glaucoma
Hipo/Hipercalcemia
HAS grave não tratada
Condições que podem romper a BHE
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21. CONCLUSÕES FINAIS
A eletroconvulsoterapia é o tratamento mais controverso e
polêmico da psiquiatria.
Tendência na literatura a considerar a ECT unilateral e alta
potência como o procedimento de escolha, em função de
reunir eficácia com menor número de efeitos colaterais
A definição do limiar convulsivo para cada paciente ajuda a
obter a quantidade de energia ótima para o paciente em
questão
Considerar não só o tempo de convulsão como uma variável
importante de uma “boa crise”, mas também características
do EEG
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23. INTRODUÇÃO
Trata-se de uma técnica não-invasiva e
praticamente indolor em seres humanos
conscientes, baseada em um campo magnético
variável. Uma bobina pequena que recebe uma
corrente elétrica alternada extremamente potente é
colocada sobre o crânio humano na região do
córtex
Quando a EMTr é aplicada sobre as regiões do
córtex cerebral, os resultados irão depender das
funções envolvidas com a área escolhida; logo,
efeitos cognitivos e emocionais são possíveis.
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25. INDICAÇÕES
Depressão Maior e Refratária
Transtornos de Ansiedade (TAG, TP, TOC, TEPT)
TAB
Restrição ao uso dos medicamentos (gestantes,
idosos…)
Alucinações auditivas em esquizofrenia
Transtornos neurológicos ( AVE, Enxaqueca,
Nevralgia Trigeminal, Dores Crônicas, Parkinson,
ELA…)
26. MÉTODOS
A bobina é conectada a um capacitor através de um circuito
elétrico. Quando o circuito é ligado, um pulso de corrente
passa rapidamente pela bobina. Em seguida, a corrente é
desligada. A mudança rápida na intensidade do campo
elétrico promove a indução de um campo magnético.
A mudança rápida na intensidade do campo magnético
promove, dentro do crânio, a indução de um novo campo
elétrico, perpendicular ao campo magnético. Em um meio
condutor homogêneo, o campo elétrico faria com que
fluíssem correntes em um plano paralelo ao da bobina
27. 1. Estimulação com pulso único – mais utilizada. O
pulso de corrente elétrica passa pela bobina,
sendo repetido após intervalos variáveis de alguns
segundos. O número total de pulsos administrados
é definido pelo examinador
2. Estimulação com pares de pulsos – inibição intra-
cortical x facilitação intra-cortical
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28. Estimulação repetitiva
(EMT-r)
Aplicação de estímulos magnéticos a intervalos regulares
Pode modificar o processamento cerebral, sensorimotor ou
cognitivo, podendo promover disfunções temporárias em
diferentes áreas corticais (EMT-r de baixa frequência
promove diminuição da excitação do córtex motor, a de alta
frequência, o oposto).
29. EMT-r X Depressão?
Especula-se que na depressão ocorra uma hipoatividade do
córtex pré-frontal (CPF) esquerdo. A EMT-r de alta frequência
do CPF esquerdo, ou EMT-r de baixa frequência do CPF
direito poderiam balancear o funcionamento das duas áreas
e assim, promover melhora clínica nesta doença
Ao contrário da ECT que poderia trazer perda cognitiva no
tratamento da depressão, os estudos com EMT-r não
evidênciaram qualquer déficit.
30. EMT + MÉTODOS DE
INVESTIGAÇÃO
Associação à RNM, Magnetencefalografia (MEG),
Tomografia por emissão de pósitrons (PET), Tomografia
computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) e
Eletrencefalografia (EEG) promove o casamento entre
informações anatômicas e funcionais, possibilitando melhor
compreensão da fisiologia e fisiopatologia corticais.
Ideal para mapear o cérebro para ressecção de tumores
Promissor para futuras pesquisas em neurologia e
psiquiatria
31. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A EMT é relativamente recente e que o número de
estudos a seu respeito vem crescendo a grande
velocidade. A integração da EMT a outras modalidades de
investigação em Neurofisiologia e Neuroimagem é, sem
dúvida, uma ferramenta promissora de investigação e
tratamento em neurologia e psiquiatria.
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32. Bibliografia
PERIZZOLO, J. et al. Aspectos da prática da eletroconvulsoterapia:
uma revisão sistemática. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul. 2003, vol.25,
n.2, pp. 327-334. ISSN 0101-8108.
CONFORTO A.B.; MARIE S.K.N.; COHEN, L.G.; SCAFF M.; et al.
Estimulação magnética transcraniana. Arq. Neuro-
Psiquiatr. v.61 n.1 São Paulo mar. 2003
BOGGIO, P. S., FREGNI, F., RIGONATTI, S. P., MARCOLIN, M. A.,
SILVA, M.T. A.Neuropsicologia e Estimulação Magnética
Transcraniana: novas fronteiras com a utilização de técnicas de
modulação cortical . Revista Brasileira de Psiquiatria. , 2005.
Volpato AC. Psicofármacos. 4ª edição. 2011
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