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APRESENTAÇÃO
A disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica é de caráter instrumental, a fim
de possibilitar ao professor-aluno a realização de trabalhos técnicos, durante a trajetória
acadêmica e pós-acadêmica, segundo diretrizes e normas de produção científica.
A Metodologia da Pesquisa Científica propõe-se, também, a estimular e
desenvolver no professor-aluno o espírito crítico e o rigor metodológico que caracterizam o
trabalho da reflexão, investigação e produção científica.
Por muito tempo a Pesquisa Cientifica foi privilégio dos especialistas, entretanto,
hoje pode ser cultivada por todos os educadores que deixam de ser simples transmissores
de idéias e passam a ser construtores de conhecimentos, com o objetivo de despertar em
seus alunos, desde as primeiras séries, o gosto pela leitura, a visão crítica, o interesse
pela produção literária e o espírito científico.
É como diz Pedro Demo: "A chance de educar pela pesquisa".
Este trabalho se propõe a apresentar módulos básicos para a disciplina de.
Metodologia da Pesquisa Científica. É uma iniciação ao exercício intelectual tão
necessário no desenvolvimento da missão acadêmica. Apresentaremos normas bastantes
práticas para o estudo, visando torná-la cientificamente organizado, garantindo assim,
resultados compensadores.
Esta apostila tem como objetivo tomar o aluno e ajudá-lo lado a lado, indicando o
caminho certo na procura do saber superior, ajudando-o a desenvolver hábitos de leitura,
estudo e técnicas de resumo que possam formar não apenas um profissional graduado,
mas também, um apaixonado pesquisador.
____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell
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I CAPÍTULO
METODOLOGIA
“Curiosidade, criatividade, disciplina e especialmente paixão são algumas
exigências para o desenvolvimento de um trabalho criterioso, baseado no confronto
permanente entre o desejo e a realidade”.
Mirian Goldenberg
A Metodologia tem como função mostrar a você como andar no “caminho das
pedras” da pesquisa, ajudá-lo a refletir e instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar
curioso, indagador e criativo. A elaboração de um projeto de pesquisa e o
desenvolvimento da própria pesquisa, seja ela uma dissertação ou tese, necessitam, para
que seus resultados sejam satisfatórios, estar baseados em planejamento cuidadoso,
reflexões conceituais sólidas e alicerçados em conhecimentos já existentes.
Pesquisar é um trabalho que envolve um planejamento análogo ao de um
cozinheiro. Ao preparar um prato, o cozinheiro precisa saber o que ele quer fazer, obter os
ingredientes, assegurar-se de que possui os utensílios necessários e cumprir as etapas
requeridas no processo. Um prato será saboroso na medida do envolvimento do
cozinheiro com o ato de cozinhar e de suas habilidades técnicas na cozinha. O sucesso de
uma pesquisa também dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento com a
pesquisa e de sua habilidade em escolher o caminho para atingir os objetivos da pesquisa.
A pesquisa é um trabalho em processo não totalmente controlável ou previsível.
Adotar uma metodologia significa escolher um caminho, um percurso global do espírito. O
percurso, muitas vezes, requer ser reinventado a cada etapa. Precisamos, então, não
somente de regras e sim de muita criatividade e imaginação.
A Metodologia, portanto, é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de
toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do
tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista etc), do tempo previsto,
da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e
tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. Ou
seja, Metodologia científica é o nome dado ao conjunto de regras básicas que a Ciência
(em todas as suas formas) busca desenvolver a fim de coletar evidências observáveis e
empíricas de forma lógica e racional, de modo a obter, organizar, sistematizar, corrigir e
produzir conhecimento.
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1 METODOLOGIA: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?
A metodologia, é uma disciplina normativa definida como o estudo sistemático e
lógico dos princípios que dirigem a pesquisa científica, desde suposições básicas até
técnicas de indagação. Não deve ser confundida com a teoria, pois só se interessa pela
validade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e técnicas), à medida
que o interesse e o valor destes está na capacidade de fornecer certos conhecimentos.
Nesse contexto teórico, há, de um lado, quadros teóricos de referência (o
conhecimento acadêmico) por sua validade e, de outro, embasamentos empíricos.
Assim, a metodologia, mais do que uma descrição formal de técnicas e métodos a
serem utilizados na pesquisa científicas, indica a opção que o pesquisador fez do quadro
teórico para determinada situação prática do problema objeto de pesquisa.
Geralmente, em todos os cursos esta é uma palavra que assusta. Mas, a
explicação de sua importância já vem embutida na explicação do que ele é.
O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar em nossos
alunos a capacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível espontâneo,
primeiro e imediato a um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o
próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a verdade do erro. Aprende-se a
pensar à medida que se souber fazer perguntas sobre o que se pensa.
Uma segunda meta a ser alcançada pela Metodologia Científica é aprender a arte
da leitura, da análise e interpretação de textos. Vivemos o fenômeno do aluno-copista,
que reproduz em suas pesquisas e trabalhos acadêmicos aquilo que outros disseram, sem
nenhum juízo de valor, de crítica ou apreciação. Sabemos da dificuldade que a leitura e
hermenêutica de um texto apresentam em relação à interpretação de um autor, a sua real
intenção e que um texto/palavra é um mundo aberto a ser lido.
E um terceiro ponto que norteia o ensino da Metodologia é aprender a fazer, que
significa colocar-se num movimento histórico em que o presente assume continuamente
uma instância crítica em relação ao passado. Aprender a fazer captando o lado ético de
todo agir humano implica um senso de responsabilidade pois quanto mais cuidamos de
vislumbrar o futuro nos atos presentes, mais aprendemos a fazer. Aprender a fazer e a
pensar não é privilégio de inteligências.
Vemos, portanto, que a Metodologia objetiva bem mais que levar o aluno a elaborar
projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito
final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela pode levar o/a aluno/a a comunicar-se de
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forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e
convincente.
A disciplina de Metodologia Científica ajuda os alunos na experiência de sentirem-
se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a exercitar o
bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas.
Assim, a metodologia científica ensina desde como fazer uma pesquisa
bibliográfica, a ler e analisar os textos, resumos, ou seja, como fazer o próprio trabalho
intelectual sobre o tema, até a como expor o trabalho feito, colocá-lo no papel, e divulgá-lo
nos meios de publicação científicas, ou seja, escrever um artigo sobre o trabalho, publicá-
lo em um congresso profissional, até escrever um livro!
2 MÉTODO E TÉCNICA
A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.
O termo Método já existia em grego clássico (méthodos), tendo sido usado por
Platão e Aristóteles no sentido de estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica.
Para os filósofos gregos metodologia era a arte de dirigir o espírito na investigação da
verdade. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer
caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um
determinado resultado. Na terminologia científica, método pode ser definido como um
conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente
determinado. Ou seja, Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais
que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de
pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo,
indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Todo o método depende do objetivo da investigação e da pesquisa. Sua afinidade
com filosofia é que questiona a realidade.
Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se
determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos.
Primeiramente, os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenômenos e
observações, e então desenvolvem experimentos que testam essas hipóteses. Se
confirmadas, as hipóteses podem gerar teorias. Juntando-se hipóteses de uma certa área
em uma estrutura coerente de conhecimento contribuí-se na formulação de novas
hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior.
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Outra característica do método é que o processo precisa ser objetivo, e o cientista
deve ser imparcial na interpretação dos resultados. Além disso, o procedimento precisa
ser documentado, tanto no que diz respeito aos os dados como aos procedimentos, para
que outros cientistas possam analisar e reproduzir o procedimento. Esta documentação
deve obedecer a uma série de padrões para ser aceito pela comunidade científica.
O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de pensamento, leva o
indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do mundo, que só
têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural.
Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o estudante terá
condições, a partir da conscientização de um problema, de ir a busca das respostas ou
soluções para o mesmo. A atividade científica é, acima de tudo, o resultado de uma
atitude do ser humano diante do mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte
integrante, para entendê-lo, reconstruí-lo e, conseqüentemente, torná-lo inteligível.
Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo
obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou
em outra atividade.
A técnica leva ao aprendizado, definindo que para o Conhecimento Cientifico não
há formulas mágicas. Na ciência, os métodos constituem instrumentos básicos para atingir
os objetivos pré-estabelecidos. Se o método é o caminho, a técnica é o modo de
caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a
operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e
exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma
técnica.
2.1 Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação
a) Método dedutivo - Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e
Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento
verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das
premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de
análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Veja um clássico
exemplo de raciocínio dedutivo:
Todo homem é mortal. ...........................................(premissa maior)
Pedro é homem. .....................................................(premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. .............................................(conclusão)
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b) Indutivo - Método proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e Hume.
Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em
conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à
elaboração de generalizações, ou seja do particular para o geral. Veja um clássico
exemplo de raciocínio indutivo:
Antônio é mortal...João é mortal...Paulo é mortal.
Carlos é mortal...Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens...Logo, (todos)
os homens são mortais.
c) Hipotético-dedutivo - Proposto por Popper, consiste na adoção da seguinte
linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado
assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema.
Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências
que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as
consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura
a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário,
procuram-se evidências empíricas para derrubá-la.
d) Dialético - Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as
contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a
requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da
realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto
social, político, econômico, etc. É empregado em pesquisa qualitativa (busca
entender um fenômeno específico em profundidade; trabalha com descrições,
comparações e interpretações). Acredita que fenômenos sociais só são entendidos
se estudados considerando todos os aspectos do seu ambiente.
e) Fenomenológico - Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é
dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como
ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o
interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas
forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente
importante no processo de construção do conhecimento. Empregado em pesquisa
qualitativa. Preocupa-se apenas com o fenômeno em si, sem considerar princípios
ou leis existentes a seu respeito. Tenta proporcionar uma descrição direta do
fenômeno, exatamente como ele é no momento da pesquisa.
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2.2 As Técnicas de Investigação Científica (Observação; Entrevista; Questionário)
a) Observação - pode ser utilizada na pesquisa conjugada a outras técnicas ou de
forma exclusiva. Pode ser utilizada como procedimento científico à medida que
atende aos seguintes requisitos: 1º. serve a um objetivo formulado de pesquisa; 2º.
é sistematicamente planejada; 3º. é submetida a verificação e controle de validade e
precisão. O pesquisador pode ir a campo com um roteiro previamente estabelecido
ou sem ele.
O principal problema da observação é que a presença do pesquisador pode
provocar alterações no comportamento dos observados, destruindo a
espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis. Divide-se
em: Observação Simples - O pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo
ou situação que pretende estudar, observando de maneira espontânea os fatos que
aí ocorrem. Neste procedimento o pesquisador é muito mais um espectador que um
ator; Observação participante - Consiste na participação real do pesquisador na
vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. O observador
assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do grupo. Daí se dizer que
por meio da observação participante se pode chegar ao conhecimento da vida de
um grupo a partir do interior dele mesmo. Foi introduzida pelos antropólogos no
estudo das chamadas “sociedades primitivas” Pode ser de duas formas distintas:
Natural (quando o observador é parte do grupo que investiga); Artificial (quando o
observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar a investigação);
Observação sistemática - É utilizada em pesquisas que têm como objetivo a
descrição precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses; Pode ocorrer em
situações de campo ou de laboratório; Antes da coleta de dados, o pesquisador
elabora um plano específico para a organização e registro das informações. Isto
implica em estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da
situação.
b) Entrevista - Técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e
lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção de dados que interessam à
investigação. A entrevista é uma forma de interação social.
É uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e
a outra constitui fonte de informação.
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É uma técnica adequada para obter informações sobre: o que as pessoas sabem,
crêem, esperam, sentem, desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como
acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes. Por sua
flexibilidade é adotada como técnica fundamental de investigação nos mais diversos
campos.
c) Questionário - Questões dirigidas por escrito a pessoas, com o objetivo de ter
conhecimento sobre opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas, entre outros.
São, geralmente, auto-aplicados, isto é, o próprio informante responde. Suas
vantagens são: Possibilita atingir grande nº de pessoas; Implica menores custos;
Garante anonimato do informante; Permite que as pessoas respondam no momento
em que julgarem mais conveniente; Não expõe os pesquisados à influência de
opiniões externas.
O questionário consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em perguntas claras e
objetivas.
2.3 Tipos de pesquisas
Este assunto será abordado com mais profundidade na Metodologia II. Mas, para
que ingressemos no campo da pesquisa faz-se necessário saber quais os tipos utilizados
para o trabalho científico.
Para as ciências humanas, costuma-se apontar três tipos de pesquisas:
a) Pesquisa bibliográfica - nela o pesquisador coleta dados e informações
através de fontes com material gráfico ou sonoro, produzido por outros
pesquisadores;
b) Pesquisa de campo - o pesquisador coleta dados empíricos em contato direto
com o fenômeno sem interferir no mesmo, vale-se da observação, entrevistas,
testes e formulários;
c) Pesquisa de laboratório -o pesquisador observa o fenômeno com manipulação
de variáveis, sob o controle em situação de laboratório, para medir de forma
adequada a relação de causa e efeito.
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II CAPÍTULO
LEITURA
“Quem lê constrói sua própria ciência”.
João Álvaro Ruiz
Em qualquer meio intelectual a leitura constitui um dos fatores importantíssimo para
o conhecimento. Através dela as pessoas ampliam e aprofundam o seu horizonte cultural,
por isso, é necessário ler. Ler muito e ler bem. Não basta ser alfabetizado para saber ler,
tem que investir na compreensão do que está sendo lido. Há leitores, por exemplo, que
lêem com os olhos, enquanto a mente está distante, e só se dá conta do tempo
desperdiçado, quando chega ao final do capítulo e nada reteve para a construção de
novas idéias e conceitos.
Ler faz muito bem à inteligência humana. A palavra "ler" vem do termo latino
"Iegere" que quer dizer: abastecer, reter, colher. Daí que podemos conceituar leitura como
sendo a arte de colher idéias e de interpretar símbolos gráficos. Por isso, o ato de ler é
normalmente relacionado com a escrita e o leitor é visto como decodificador da letra. Mas
o ato de ler transcende a mera decodificação de sinais gráficos. É preciso ter em vista o
desenvolvimento de diferentes habilidades, por exemplo, a compreensão que permite
interpretar e integrar o que lê, formando hábitos e atitudes que contribuirão para fazer do
ato de ler, um instrumento valioso e prazeroso na dinâmica cultural do indivíduo.
Na verdade nós estamos sempre lendo, daí algumas expressões bem populares
como: "ler o olhar de alguém"; "ler o gesto de uma pessoa"; "ler o choro de uma criança";
"ler o tempo". etc. A esta leitura extraída da experiência de vida de cada um chamamos de
leitura da realidade. A esta dizemos que é a primeira leitura da vida humana, feita através
de uma experiência refletida. Após esta, é que surge e se justifica a leitura da palavra.
O educador Paulo Freire, afirmou que "uma pessoa vale pelo que diz, diz pelo que
pensa e pensa o que lê".
E, de fato, a leitura exerce essa função sublime de equipar a mente humana com
pensamentos e palavras, a fim de que expressemos nossas idéias de maneira clara e
coerente. A leitura além de ampliar, também integra o conhecimento, abre os horizontes
do saber, o vocabulário torna-se mais enriquecido e a comunicação mais fácil. O exercício
da leitura acaba por disciplinar a mente.
Podemos, então, concluir que é de capital importância o ato de ler, enquanto
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habilidade indispensável nos cursos de graduação. Ler não é tarefa tão simples, embora
de suma importância, exige postura crítica, sistemática e dedicação por parte do
acadêmico, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática.
O processo de ler implica romper as etapas da decodificação, da intelecção para
chegar à interpretação e, posteriormente, a aplicação.
A decodificação é a tarefa básica de qualquer pessoa alfabetizada. Consiste na
tradução e formação dos sinais gráficos (letras) em palavras.
A intelecção (ação de entender) é alcançar o significado do que foi lido.
A interpretação é basicamente a continuidade da "leitura do mundo ou leitura da
realidade", isto é, na apreensão e retenção das idéias, permitindo uma relação clara do
texto e do contexto. Sobre esta questão Paulo Freire. diz:
"Refiro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.
De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe que a leitura da
palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma
certa forma de "escrevê-lo" ou de "reescrevê-la ", quer dizer, de
transformá-la através de nossa prática consciente (FREIRE, 1984,
p.22).
A etapa da aplicação não é menos importante que as demais, é, portanto, a mais
significativa por se tratar do produto final da trajetória da leitura. É o prazer que o
estudante tem de expor as novas significações dantes conhecidas - "reescrever" um novo
modo de vida, deixando o empirismo ingênuo e partindo para uma visão crítica e
pedagógica.
É imprescindível refletir sobre o problema da falta de leitura, pois isto está refletido
nas avaliações recentes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em que fica clara a
deficiência dos discentes, reafirmando aí o conceito de interferência que há nas
interpretações dos textos pela ausência do hábito da leitura. Esse fato é comum no Brasil,
de acordo com Carlos Henrique Araújo, diretor de avaliação da educação básica do Inep
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), “Interpretar um texto é base
para entender outras matérias. Às vezes, o aluno não sabe História porque não sabe ler e
como fator comprovado é a falta do hábito de leitura, não apenas entre os alunos, mas
também entre os pais e mesmo entre os professores”.
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1 FASES PARA UMA LEITURA TRABALHADA
a) Reconhecimento ou pré-Ieitura - Consiste numa visão global do assunto, ao
mesmo tempo em que permite ao leitor verificar a existência ou não de informações
desejadas para o seu objetivo específico. É também chamada de leitura prévia.
b) Crítica ou Reflexiva - É a fase que se propõe a um aprendizado. Exige
instrumentos tais como papel à parte para eventuais anotações, lápis e dicionário.
Esta leitura envolve compreensão dos significados. A reflexão realiza-se através dê
análise, comparação, diferenciação e julgamentos das idéias do texto. É também ê
fase da seleção das idéias principais encontradas no texto.
c) Interpretativa - Nesta fase fica esclarecido o que realmente o autor quer dizer.
São observados os pontos correlatos e as afirmações do autor com os problemas
para os quais se está procurando uma solução. Esta é a fase final para a
construção de dados de uma pesquisa. É a fase mais avançada da leitura. Nela o
leitor redobra sua atenção, para assimilar conceitos, informações importantes e
também técnicas que poderão ajudar na sua própria produção de texto para os
trabalhos científicos.
2 ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA
Não basta ser um estudante presencial, é preciso ler, ler quando tem vontade e ler
quando não tem vontade também. Não apenas criar o hábito da leitura, mas procurar tirar
proveito de todas as leituras.
O estudante, de posse de um livro, deve examiná-lo cuidadosamente. O título
sempre causa-nos uma primeira impressão que nos leva a abri-lo ou não querer fechá-lo.
Deve o estudante ler sobre o autor, notas nas "orelhas" leitura rápida no prefácio e tudo o
que puder para ter uma primeira impressão do conteúdo da obra. A convergência destes
vários elementos ajuda a selecionar o que ler.
Todo estudante deve interessar-se pela formação de uma biblioteca básica
relacionada com a sua graduação e com assuntos de seu interesse.
A comodidade e a higiene favorecem o ambiente para proceder o desenvolvimento
da leitura. É altamente saudável ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado e
silencioso. Tornando mais proveitoso o tempo investido na leitura, e assim, acaba por
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duplicar os objetivos da leitura: na concentração do raciocínio, na captação e na
assimilação de novas idéias. A isto chamamos de estudo. Uma agradável leitura tende a
produzir um bom estudo.
Uma boa leitura deve ter o objetivo de encontrar e grifar as idéias principais que
aprecem juntas com outras idéias para torná-la mais esclarecida.
Por isso, a medida em que as idéias principais (ou idéias mestras) se apresentam
devem ser destacadas, discernindo o que é principal e o secundário: o essencial e o que
é acessório, possibilitando uma leitura de todo o texto ou do livro, apenas lendo as partes
sublinhadas. É importante ressaltar que sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em
destaque as idéias mestras, as palavras-chaves e os pormenores importantes. Eis
algumas normas para sublinhar:
a) Não sublinhar por ocasião da primeira leitura - aconselha-se fazer uma
leitura inspecional do texto e, em seguida. a leitura que possa destacar as idéias
principais (sublinhadas);
b) Reconstituir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas - Neste ponto fica
explicito a natureza e a finalidade de sublinhar;
c) Ler o texto sublinhado e com a continuidade e plenitude de idéias - a leitura
das palavras sublinhadas, embora pertencentes à frase diferentes e até
distanciadas, terá um sentido fluente e concatenado;
d) Sublinhar com dois traços as palavras-chaves da idéia principal, e com um
único traço, os pormenores importantes - idéias principais e pormenores
importantes devem ser devidamente sinalizados, tomando todo cuidado para que as
idéias principais se mantenham em destaque;
e) Linha vertical a margem do texto nas passagens mais significativas - são
passagens em que o autor atinge uma espécie de clímax. Um traço vertical é a
identificação perfeita para este enlevo;
f) Sinal de interrogação para os pontos de discordâncias - o intuito não é ser
polêmico com as convicções do autor, e sim, sinalizar incoerências de paralogismo,
interpretações tendenciosas, julgamentos insustentáveis etc.
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15
3 OS TIPOS DE LEITURAS
a) Leitura formativa - A finalidade desta leitura é instruir o indivíduo, quanto a
conceitos, definições e preceitos morais. É a leitura que se presta na formação de
conduta, de hábitos, etc.
b) leitura Informativa - Na verdade, todo tipo de leitura é informativa, entretanto,
destaca-se este tipo para salientar a leitura analítica, com a finalidade de pesquisar
determinado assunto. É também considerado o conjunto de dados que
conhecemos, conceitos, fatos, pessoas ou acontecimentos que podem ser
armazenados e transmitidos.
c) leitura Recreativa - É o tipo de leitura que se faz despreocupadamente. Feitas
em horas e com o objetivo de lazer ou passar o tempo. Embora contenha
informações, mas a finalidade passa a ser de alívio para o intelecto. Exemplo deste
tipo de leitura é o folhear um jornal, uma revista, um livro e ler porções avulsas.
É através da leitura escrita que o estudante deixará de ser depósito para ser fonte
abundante e cristalina de idéias e visão crítica. Sendo assim, a leitura escrita é um
instrumento para que possamos entrar em contato com o que outras pessoas, grupos e
povos conheceram, e conhecem ainda hoje, a respeito do homem e do mundo. Como
instrumento, a leitura escrita não é por si mesma um fim. Só terá sentido na medida em
que servir de suporte para levar o leitor a se desenvolver intelectualmente. O jornalista
Paulo Francis, já dizia: "Quem não lê, não pensa; quem não pensa será para sempre
escravo".
A leitura para ser autenticamente leitura deve funcionar como instrumento de
comunicação entre um antes e um depois.
O antes consiste na valorização da história vivida por alguém que vai fazer conexão
com o presente. O depois é o produto final de uma leitura que está na compreensão
integral das informações, elevando o estudante, através daquilo que lhe foi comunicado, a
um conhecimento mais profundo e mais profundo e mais amplo, nascendo o cientista, o
pesquisador, o estudioso desafiador e ousado.
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16
4 RELATÓRIO DE LEITURA
Atenção: o relatório não é um resumo dos textos lidos.
Habituados a ler para resumir, alguns alunos sentem muita dificuldade em ler para
aprender, confrontar idéias, tirar conclusões. Mas a leitura reflexiva e crítica é que vale a
pena, e por isso é preciso insistir no fato de que o relatório é outro tipo de trabalho.
Em relação a cada texto lido algumas perguntas-chave sobre o conteúdo e o modo
de ler devem ser respondidas:
1. O que o autor do texto lhe diz?; 2. O que você diz ao autor do texto?; 3.O texto
tem relação com alguma coisa que você já leu? Especifique; 4. Você formulou perguntas
ao autor antes de iniciar a leitura? Quais? Obteve respostas?; 5. Que dúvidas
persistiram?; 6. Achou a tarefa fácil ou trabalhosa? 7. Como resolveu as dificuldades que
surgiram?
Lembre-se que: As perguntas surgirão de acordo com a natureza da disciplina e o
seu grau de competências.
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17
III CAPÍTULO
TÉCNICAS DE ESTUDO
"Sem o esforço da busca toma-se impossível a alegria da conquista"
William Douglas
O que na realidade é estudar?
Estudar não é simplesmente ler ou ouvir algo sobre determinado assunto. Estudar é
concentrar todos os recursos e habilidades pessoais, na captação e assimilação de um
aprendizado. Estudar deve ser encarado como uma ação saudável, agradável e
compensadora - algo dinâmico que produza melhor qualidade de vida. Estudar não é
apenas a posse de informações, mas, a capacidade de decodificá-la e torná-la útil no seu
processo de vida. Quanto mais se estuda mais fácil fica de estudar, isto é, investir tempo
com o raciocínio, cria-se prontidão para a construção de novos conceitos e idéias.
Paulo Freire, conceituado educador brasileiro disse:
"Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem,
estudando, o escreveu (...) É buscar as relações entre o conteúdo de
estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma
forma de reinventar, de reescrever, de recriar - tarefa de sujeito e
não de objeto (... )Estudar é, sobretudo, pensar a prática, e pensar a
prática é a melhor maneira de pensar certo."
Estudar exige uma postura crítica, na qual aquele que estuda se sente desafiado
pelo texto (livro) em sua totalidade, e seu objeto é apropriar-se de sua significação. O
estudo não requer apenas uma postura crítica, mas também uma postura curiosa: a de
quem pergunta, a de quem indaga, a de quem busca. Estudar é se predispor a uma
relação de diálogo como autor do texto, é uma atividade que exige humildade. Não é
memorização mecânica de normas e conceitos.
Quando o estudante submete-se a estudar, mas não consegue compreender ou
dominar o conteúdo. Faz-se necessário que ele tenha um método adequado de
abordagem do material disponível para sua pesquisa - o veículo principal é a leitura:
muitas fontes, muitas bibliografias para melhor esclarecer as possíveis dúvidas. A leitura
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para produzir resultado numa trajetória de estudo, tanto individual como coletivo, deve
obedecer a certos métodos e critérios. Na realidade não chega a ser falta de leitura que
tem prejudicado o desejo de muitos estudantes expandir o horizonte de seus
conhecimentos, mas o modo errado de como essas leituras e técnicas de estudos são
processadas. A falta de hábitos adequados de leitura, o tempo dos intervalos, alimentação
inadequada, postura corporal errada, ambiente mal iluminado e mal ventilado, são agentes
de prejuízo para aqueles que ávidos de saber, se entregam à atividade da leitura de modo
inconsequente e assístemático. Por outro lado, o estudo, quando feito dentro das técnicas
apropriadas, produz excelentes resultados.
1 TÉCNICAS BÁSICAS PARA O ESTUDO EFICAZ
1.1 Motivação
"A mente humana, até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por
motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido, um objeto pode lançar sua
imagem dentro de um campo visual. Mas a mente desatenta não ouvirá e nem verá nada”
J. M. Gregory
O contato com a sala de aula tem confirmado que o QM (quociente de motivação –
QE quociente Emocional) de um aluno é mais importante que o seu QI (quociente de
inteligência).
Motivação é o estado interior emocional que desperta o interesse ou inclinação de
indivíduo para algo. É o conjunto de fatores que impulsionam o comportamento humano,
para a realização de um objetivo. Para alguém aprender é preciso que esteja motivado.
Veja o que diz William Douglas e Pachecão no seu livro "Como estudar e ficar
preparado": "Se você não tem um bom motivo para estudar, não tem um bom motivo para
aprender. Se não tem um bom motivo para aprender, você não aprende." (DOUGLAS;
PACHECÃO, 1999, p. 29).
Estudar só vale apena e causa resultado, quando é feito com um bom motivo,
quando quem estuda sabe o porque está estudando - assim tudo fica mais claro, mais fácil
e com objetividade.
Certo professor aconselhando seus alunos disse que se você não tem motivos para
estudar, ou se a sua motivação está em outros lugares, opte pelo que vai te dar mais
prazer, vai pelo o quê seu coração mandar. O importante é você não se arrepender
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depois. No momento de decidir se vai estudar ou não, pense não só no presente, mas
também no futuro.
1.2 Atenção
A atenção vai depender do valor que você der ao "estudo". A atenção não é o
primeiro momento cerebral ("eu vou ficar atento"), o primeiro momento é a importância
("eu vou estudar, logo, ficarei atento").
Muitos estudantes querem fazer o chamado "multiprocessamento acadêmico".
Trata-se de querer estudar ouvindo rádio, pessoas circulando ao seu redor, vêem
televisão e tentam fazer uma leitura nos intervalos de comerciais. Podem até chegar a
final do curso, porém, com um resultado razoável. O ideal, para a retenção de um
conteúdo lido ou uma exposição apresentada em sala de aula, é a concentração. Dar a
atenção a uma tarefa de cada vez, resulta na coerência do tempo que foi separado para o
estudo. Use todo o seu potencial na hora do estudo só para o estudo.
1.3. Espírito pesquisador
O espírito pesquisador é caracterizado pela curiosidade, e esta é a mãe de todo
aprendizado, de todas as descobertas e da busca de saciar a sede do saber. A
inquietação pelo saber é o que vai distinguir o aluno interessado e sedento, do aluno
mediano; o aluno estudioso, do aluno passivo e desligado.
Albert Einstein disse que "a coisa mais bonita que podemos experimentar é o
misterioso”. Isto é, aquilo que está no oculto, no subjetivo, e ainda, no inatingível. Procure
sempre manter a "chama" do desejo pelo saber, não perca as oportunidades para se
informar. Cultive o interesse de aprender, de conhecer, de investigar determinados
assuntos. Procurar coisas novas, tal como um perscrutador, um pesquisador - estas
atitudes de desbravador, de cientista, é que abre as portas do cérebro.
Paulo MacCready diz que "A Única pergunta idiota é a que você não faz".
Entretanto, você não precisa fazer todas as perguntas para o seu professor, mas deve
fazê-las para si próprio e procurar respondê-las. desenvolvendo assim.,o seu espírito
pesquisador.
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2 ESTRATÉGIA DE ESTUDO
Estratégia é um conjunto de ações, procedimentos e idéias, objetivando a
realização de uma meta. São os planos altamente elaborados, para a realização de uma
tarefa. Vejamos uma estratégia básica de estudo:
a) Personalize seu tempo: "Tempo não se tem, tempo se faz' - O seu modo de
aprender, e o resultado dele, é o que importa no transcurso de seus estudos.
Orientações de outrem devem ser sempre bem avaliadas - o que dá certo para uns
pode não dá certo para outros. Fazer um plano de estudo para cada dia é muito
importante. Comece o dia sabendo o que e como vai estudar tal matéria. O intervalo
a cada duas horas é bastante salutar. Sem intervalos o ritmo diminui, provocando
estresse. O intervalo deve envolver um pouco de alimentos, bem como a
indispensável água e exercícios físicos (alongamento e caminhada). Não pense que
este intervalo seja um mau uso do seu tempo, ao contrário, ele aumentará a sua
eficiência, como também aliviando a tensão, beneficiando a sua saúde.
Atividades que desperdiçam tempo são como o câncer: sugam a vida e tendem ao
crescimento. A única cura é a cirurgia radical. Se você está gastando tempo com
atividades que o entediam, desviam-no dos seus objetivos reais, minam-lhe a
energia, corte-as de uma vez por todas.
A boa personalização do seu tempo e, antes de tudo, a percepção de que hoje é o
único tempo de que dispomos para trabalhar em busca de uma conquista. O
passado irremediavelmente se foi, o futuro é apenas um conceito. O passado é um
cheque já descontado. O futuro é uma nota promissória. O presente é dinheiro vivo.
Use-o!
b) Aprenda a dizer não - De todas as técnicas para aproveitar bem o tempo de
estudo, talvez a mais eficaz. seja o uso freqüente da palavra NÃO. Aprenda a
declinar com tato e polidez, mas com firmeza, todo pedido que não contribua para
atingir seus alvos. Pense bem, se você ficar preocupado e não ofender os outros,
acabará por viver de acordo com as prioridades destes.
c) Descarte o perfeccionismo - Há uma diferença entre se esforçar por boa
qualidade e lutar por perfeição. O primeiro é atingível, agradável e saudável. O
segundo é frequentemente inatingível, frustrante e tem um quê de neurótico. A
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realização de nossas tarefas, bem como um projeto de estudo deve sair do nível
trivial e atingir o aperfeiçoamento, isto exige tempo, paciência, domínio próprio e
muita seriedade. Não fique triste se não for 100% perfeito - continue caminhando
entre os motivados. Não se preocupe se seu conceito não é excelente. O que
importa é o ideal que está à frente, continue ... você chegará lá.
Em geral, o aluno pensa que na estratégia de estudo as atividades essenciais
significam "perder tempo" e que "ganhar tempo" é estudar o tempo todo.
Saber estudar é muito mais do que definir horas de estudo. É definir a qualidade de
estudo e o perfeito equilíbrio entre as atividades de estudo, lazer, descanso, alimentação,
trabalho, etc.
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22
IV CAPÍTULO
CONHECIMENTO
“O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a
penetrar-se nela"
Galliano
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno
qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos
em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das
leituras de livros e artigos diversos.
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar
e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos,
por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos
capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas
próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que
nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos e dos leões.
O ser humano é dotado da capacidade de pensar e conhecer, que constituem não
somente uma capacidade, mas, uma necessidade vital de sobrevivência. O conhecimento
leva o homem apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a penetrar nela. A ignorância
tolhe as possibilidades de avanço para melhor, manter-nos prisioneiros das circunstâncias.
O conhecimento é libertador. Liberta o homem daquilo que o oprime, que o escraviza.
Permite a modificação das circunstâncias em benefício do próprio homem.
O conhecimento implica numa dualidade de realidades: de um lado o sujeito que
conhece, e do outro, o objeto conhecido. Quem conhece alguma coisa, de certo modo
"apropria-se" do objeto que conheceu, transformando-o em conceito. Mas o conceito não é
o objeto real e sim uma forma de se conhecer a realidade.
O objeto real existe como ele é, independentemente do fato de o conhecermos ou
não. Conhecimento verdadeiro é aquele que corresponde à realidade objetiva. Sem o
conhecimento da verdade objetiva a ciência seria inútil.
Mas, o que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que
conhece e o objeto conhecido. E no processo do conhecimento, o sujeito cognoscente se
apropria, de certo modo, do objeto conhecido. Esta é uma questão complexa que para
apropriar-se dela é necessário entender os diferentes tipos de conhecimentos, cada um
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deles subordinado ao homem e sua realidade. Há pelo menos quatro tipos fundamentais
de conhecimentos: o empírico; o científico; o filosófico; e o teológico.
1 CONHECIMENTO EMPÍRICO
É também chamado de conhecimento "vulgar" ou "popular". Fundamenta-se
basicamente, na experiência, e não na atividade racional do ser humano. É o
conhecimento do senso comum. Advém da vivência. Caracteriza-se por não ser
programado, tornando-se espontâneo em sua ocorrência.
Pelo conhecimento empírico o homem simples conhece o fato e sua ordem
aparente, tem explicações concernentes às razões de ser das coisas e dos homens e tudo
isso obtido pelas experiências feitas ao acaso, sem métodos, e por investigações
pessoais, feitas ao sabor das circunstâncias da vida. É um tipo de conhecimento que nos
leva a percepção de uma realidade simples, podendo apresentar argumentos lógicos para
explicar os fatos que conhece, mas em seu conhecimento não penetra os fenômenos,
permanece na ordem aparente da realidade. Como é fruto da experiência circunstancial,
não vai além do fato em si, do fenômeno isolado.
Embora de nível inferior ao conhecimento científico, o conhecimento vulgar não
deve ser menosprezado. Ele constitui a base do saber, sua existência antecede a ciência.
O conhecimento vulgar é também chamado de conhecimento de oitiva (por ter ouvido
dizer), pois atinge os fatos sem lhes inquirir as causas.
Exemplo: A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir
a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.
2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Diferentemente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento
cientifico não atinge simplesmente os fenômenos na sua ação geral, mas os atinge em
suas causas, na sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade
de analisar, de explicar, de desdobrar, de induzir, de predizer com segurança fenômenos
futuros, de justificar.
O conhecimento científico procura substituir o conhecimento empírico, utilizando,
para tanto, explicações objetivas e válidas para questionar e exigir respostas e
justificações convincentes.
Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas; saber cientificamente é ser
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24
capaz de demonstrar. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar e vai muito
além deste, porque explica os fenômenos e não só os apreende. A ciência atém-se aos
fatos, a fim de melhor analisar os elementos que compõem a totalidade e descobrir as
investigações que justificam sua unidade no todo.
É um conhecimento apoiado na demonstração e experimentação. A ciência só
aceita o que foi provado. O conhecimento científico é privilégio dos especialistas das
diversas áreas das ciências. É programado, sistemático, metódico, crítico, rigoroso, nasce
da dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas. A expressão "conhecimento
científico" evidencia o caráter de autoridade, de respeitabilidade que faltava ao
conhecimento vulgar.
A ciência delimita seu campo de pesquisa: observa, analisa, fragmenta, verifica,
explica e generaliza o fenômeno, e a partir daí, transformá-la em lei.
Exemplo: Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá as
leis da física.
3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Trata-se de conhecimento é essencialmente metafísico, pois procura conhecer as
causas em si, e não apenas a manifestação dos fenômenos. O conhecimento filosófico é
abrangente e tende para a universalidade. A distinção entre o conhecimento científico e o
conhecimento filosófico encontra-se no objeto de investigação e no método. O objeto das
ciências é os dados próximos, imediatos e perceptíveis pelos sentidos. O objeto da
filosofia é constituído de realidades imediatas, não perceptíveis pelos sentidos e por serem
supra-sensíveis, ultrapassam a experiência (método racional).
A filosofia, numa concepção clássica, era considerada ciência das coisas por suas
causas supremas. Hoje, filosofia é considerada uma busca constante de sentido, de
justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o
homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta. A tarefa fundamental da
filosofia é a reflexão. A filosofia se propõe a refletir sobre todos os saberes conquistado
pelo homem, interroga sobre ele, problematiza-os.
O que é filosofar? É um interrogar. A interrogação nasce da curiosidade (esta é
inata). É um contínuo questionar a si e a realidade. A filosofia não é algo feito e acabado.
É uma busca constante do homem conhecer a si mesmo e o mundo que o cerca, através
da investigação que acaba não dando respostas definitivas para as várias questões
formuladas pela mente humana.
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25
Entretanto, a filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais
abrangente. Porque não dá soluções a todos os questionamentos, habilita o homem a
fazer uso de seu raciocínio para entender melhor o sentido da vida real e concreta. O
conhecimento filosófico caracteriza-se pela busca do saber e não pela posse do saber.
Exemplo: "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich
Nietzsche)
4 CONHECIMENTO TEOLÓGICO
O conhecimento teológico é produto da fé humana. Fundamenta-se na revelação
divina, como experiência e autoridade. Pode ser monoteísta ou politeísta. O conhecimento
teológico apresenta respostas para questões que o homem não consegue responder com
o conhecimento vulgar, científico e nem o filosófico. Suas respostas têm que resultar da fé
que é depositada na existência de uma divindade.
O fato do conhecimento teológico ser aceito por uma revelação não exclui, a
capacidade racional do ser humano, e este é desafiado a apropriar-se do conteúdo da
revelação de aceitá-la como regra de fé e conduta.
Exemplo: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende;
acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc.
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26
V CAPÍTULO
RESUMO OU ABSTRACT
Resumo - É a “apresentação concisa das idéias de um texto” (Norma NBR 6028, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas). Resumir, neste sentido, consiste numa
apresentação sucinta de um texto ou conteúdo de livro.
Resumir é uma das práticas linguísticas mais freqüentes na vida cotidiana. Saber
resumir textos lidos é uma capacidade necessária, nas sociedades letradas, para o
desempenho de várias funções e atividades profissionais. Por exemplo: um advogado
precisa resumir o que leu num processo; um administrador, o que leu num projeto; um
jornalista, o que ouviu numa entrevista e assim por diante.
Na prática acadêmica, a atividade de resumir é frequentemente solicitada pelos
professores de ensino superior que propõem a produção de resumos de gêneros em
circulação no contexto universitário.
O resumo é um gênero que pode ser encontrado sob diferentes formas nas práticas
acadêmicas de acordo com a função que exercem, podendo ser agrupados em duas
categorias: 1ª. resumos envolvidos no processo de elaboração de pesquisa que têm a
função de mapear um campo de estudo, integrando a discussão do estado da arte; 2ª.
resumos colocados geralmente antes de um texto científico (artigos, dissertações, teses),
que têm a função de apresentar e descrever o modo de realização do trabalho ao qual se
refere – são os abstracts.
O resumo de um livro, dentre outros propósitos, sugere estimular a leitura
minuciosa, de tal modo, que o estudante possa realizar uma assimilação completa do
conteúdo. O resumo é apresentação seletiva de um texto (livro ou artigo) pondo em relevo
os elementos (idéias) de maior importância.
O resumo pode ser visto como descrição de um texto, produzindo outro texto de
trabalho altamente intelectual, porém, de pequeno porte. O estudante deve se ater a emitir
comentários pessoais. A opinião do autor deve prevalecer.
Para quem tem dificuldade em assimilar o que lê e em organizar todo o conteúdo
que está estudando, a técnica de resumos pode ser um aliado e tanto para melhorar a sua
capacidade de síntese e compreensão.
Muitas pessoas têm maior facilidade em lembrar daquilo que vêem e por isso a
memória deles é chamada “visual”. Quem tem memória visual deve dar ênfase nos
resumos, nas imagens, nos gráficos e cores utilizados em todos estes. Grifar um texto em
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27
vermelho, por exemplo, vai te ajudar a selecionar determinada parte como importante e a
sua memória logo vai apreendê-la.
Há vários tipos de resumos e cada um apresenta características específicas, de
acordo com suas finalidades:
a) Resumo descritivo ou indicativo - Descreve os principais tópicos do texto
original, fazendo o levantamento sucinto das idéias principais. Portanto, não
dispensa a leitura do texto original para a compreensão do assunto. Sugere a
utilização de frases curtas que, possa corresponder aos elementos fundamentais do
texto.
Também é conhecido como abstract (resumo, em inglês), este tipo de resumo
apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como
exemplos, dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo de
resumo são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma
idéia do enredo de que trata o filme.
b) Resumo Informativo ou analítico - É o tipo de trabalho que se prende ao foco
principal das idéias, reduz o texto à 1/3 ou 1/4 do texto original. Dispensa gráfico,
citações, exemplificações e outros detalhes do texto original. Não é permitida a
opinião pessoal do estudante no parecer das idéias.
Também é conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o
leitor sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma pesquisa,
por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a pesquisa (como
seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da pesquisa, a metodologia
utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo disto são os resumos de
trabalhos científicos publicados nos anais de congressos. A principal utilidade dos
resumos informativos no campo científico é auxiliar o pesquisador em suas
pesquisas bibliográficas. Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa.
Qual você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de
cada texto.
c) Resumo crítico - Consiste na condensação do texto de 1/3 a 1/4 do texto
original. Com a exposição das idéias principais do autor. No resumo crítico é
permitida a opinião do estudante, contanto que seja com embasamento científico,
isto é, a capacidade de conhecimento pelas causas. Saber cientificamente, é ser
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capaz de responder os "porquês" das causas, e de fazer demonstrações. O
embasamento científico explica os fenômenos e não só os apreende.
O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância
de uma obra científica ou literária. Quando um resumo crítico é escrito para ser
publicado em revistas especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por
costume, os professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado
pelos estudantes como exercício didático. A rigor, você só escreverá uma resenha
no dia em que seu resumo crítico for publicado em uma revista. Até lá, o que você
faz é um resumo crítico.
Mas não deixam de estar certos os professores que dizem que resenha não é
resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas um resumo informativo ou
indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretação de texto. Por
isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter
feito uma boa leitura do texto, identificando: 1. qual o tema tratado pelo autor?; 2.
qual o problema que ele coloca?; 3. qual a posição defendida pelo autor com
relação a este problema?; 4. quais os argumentos centrais e complementares
utilizados pelo autor para defender sua posição?
Alguns passos ou pontos fortes devem ser observados para que o resultado final
seja satisfatório:
• Uma primeira leitura atenta é indispensável para que você perceba o assunto
em questão, do que se trata;
• Outras leituras devem ser feitas (tantas quantas forem necessárias para
selecionar as idéias principais do texto); é importante anotar o que for mais
relevante;
• Todo texto possui palavras-chaves que encerram as idéias fundamentais; essas
idéias devem ser grifadas para que possam servir de ponto de partida para o
resumo. É necessário compreender as idéias-chaves e separá-las das
secundárias, a princípio;
• Deve ser feito resumo de cada parágrafo; é importante fazer dois resumos: um
do parágrafo e outro do próprio resumo para que as idéias sejam bem
sintetizadas;
• Durante todo o processo, a leitura atenta deve ser feita para verificar se está
havendo coerência e seqüência lógica entre os parágrafos resumidos, para
fazer os ajustes necessários;
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• Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes idéias do texto,
também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do
mais", "pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma";
• O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É
recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto
original;
• Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas,
cenas ou personagens secundárias. Somente as personagens, os ambientes e
as ações mais importantes devem ser registrados;
• O resumo não é comentário crítico; você deve ater-se às idéias do autor, sem
emitir sua opinião, por isso as idéias do resumo devem ser fiéis às expostas no
texto original.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo, Cortez, 2001.
GIL, Antônio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2007.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São
Paulo, Atlas, 1985.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20.ed. São
Paulo:Cortez, 1996.
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Apostila de santa cruz

  • 1. APRESENTAÇÃO A disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica é de caráter instrumental, a fim de possibilitar ao professor-aluno a realização de trabalhos técnicos, durante a trajetória acadêmica e pós-acadêmica, segundo diretrizes e normas de produção científica. A Metodologia da Pesquisa Científica propõe-se, também, a estimular e desenvolver no professor-aluno o espírito crítico e o rigor metodológico que caracterizam o trabalho da reflexão, investigação e produção científica. Por muito tempo a Pesquisa Cientifica foi privilégio dos especialistas, entretanto, hoje pode ser cultivada por todos os educadores que deixam de ser simples transmissores de idéias e passam a ser construtores de conhecimentos, com o objetivo de despertar em seus alunos, desde as primeiras séries, o gosto pela leitura, a visão crítica, o interesse pela produção literária e o espírito científico. É como diz Pedro Demo: "A chance de educar pela pesquisa". Este trabalho se propõe a apresentar módulos básicos para a disciplina de. Metodologia da Pesquisa Científica. É uma iniciação ao exercício intelectual tão necessário no desenvolvimento da missão acadêmica. Apresentaremos normas bastantes práticas para o estudo, visando torná-la cientificamente organizado, garantindo assim, resultados compensadores. Esta apostila tem como objetivo tomar o aluno e ajudá-lo lado a lado, indicando o caminho certo na procura do saber superior, ajudando-o a desenvolver hábitos de leitura, estudo e técnicas de resumo que possam formar não apenas um profissional graduado, mas também, um apaixonado pesquisador. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 4
  • 2. I CAPÍTULO METODOLOGIA “Curiosidade, criatividade, disciplina e especialmente paixão são algumas exigências para o desenvolvimento de um trabalho criterioso, baseado no confronto permanente entre o desejo e a realidade”. Mirian Goldenberg A Metodologia tem como função mostrar a você como andar no “caminho das pedras” da pesquisa, ajudá-lo a refletir e instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso, indagador e criativo. A elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa, seja ela uma dissertação ou tese, necessitam, para que seus resultados sejam satisfatórios, estar baseados em planejamento cuidadoso, reflexões conceituais sólidas e alicerçados em conhecimentos já existentes. Pesquisar é um trabalho que envolve um planejamento análogo ao de um cozinheiro. Ao preparar um prato, o cozinheiro precisa saber o que ele quer fazer, obter os ingredientes, assegurar-se de que possui os utensílios necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Um prato será saboroso na medida do envolvimento do cozinheiro com o ato de cozinhar e de suas habilidades técnicas na cozinha. O sucesso de uma pesquisa também dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento com a pesquisa e de sua habilidade em escolher o caminho para atingir os objetivos da pesquisa. A pesquisa é um trabalho em processo não totalmente controlável ou previsível. Adotar uma metodologia significa escolher um caminho, um percurso global do espírito. O percurso, muitas vezes, requer ser reinventado a cada etapa. Precisamos, então, não somente de regras e sim de muita criatividade e imaginação. A Metodologia, portanto, é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. Ou seja, Metodologia científica é o nome dado ao conjunto de regras básicas que a Ciência (em todas as suas formas) busca desenvolver a fim de coletar evidências observáveis e empíricas de forma lógica e racional, de modo a obter, organizar, sistematizar, corrigir e produzir conhecimento. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 5
  • 3. 1 METODOLOGIA: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA? A metodologia, é uma disciplina normativa definida como o estudo sistemático e lógico dos princípios que dirigem a pesquisa científica, desde suposições básicas até técnicas de indagação. Não deve ser confundida com a teoria, pois só se interessa pela validade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e técnicas), à medida que o interesse e o valor destes está na capacidade de fornecer certos conhecimentos. Nesse contexto teórico, há, de um lado, quadros teóricos de referência (o conhecimento acadêmico) por sua validade e, de outro, embasamentos empíricos. Assim, a metodologia, mais do que uma descrição formal de técnicas e métodos a serem utilizados na pesquisa científicas, indica a opção que o pesquisador fez do quadro teórico para determinada situação prática do problema objeto de pesquisa. Geralmente, em todos os cursos esta é uma palavra que assusta. Mas, a explicação de sua importância já vem embutida na explicação do que ele é. O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar em nossos alunos a capacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato a um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a verdade do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer perguntas sobre o que se pensa. Uma segunda meta a ser alcançada pela Metodologia Científica é aprender a arte da leitura, da análise e interpretação de textos. Vivemos o fenômeno do aluno-copista, que reproduz em suas pesquisas e trabalhos acadêmicos aquilo que outros disseram, sem nenhum juízo de valor, de crítica ou apreciação. Sabemos da dificuldade que a leitura e hermenêutica de um texto apresentam em relação à interpretação de um autor, a sua real intenção e que um texto/palavra é um mundo aberto a ser lido. E um terceiro ponto que norteia o ensino da Metodologia é aprender a fazer, que significa colocar-se num movimento histórico em que o presente assume continuamente uma instância crítica em relação ao passado. Aprender a fazer captando o lado ético de todo agir humano implica um senso de responsabilidade pois quanto mais cuidamos de vislumbrar o futuro nos atos presentes, mais aprendemos a fazer. Aprender a fazer e a pensar não é privilégio de inteligências. Vemos, portanto, que a Metodologia objetiva bem mais que levar o aluno a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela pode levar o/a aluno/a a comunicar-se de ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 6
  • 4. forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente. A disciplina de Metodologia Científica ajuda os alunos na experiência de sentirem- se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas. Assim, a metodologia científica ensina desde como fazer uma pesquisa bibliográfica, a ler e analisar os textos, resumos, ou seja, como fazer o próprio trabalho intelectual sobre o tema, até a como expor o trabalho feito, colocá-lo no papel, e divulgá-lo nos meios de publicação científicas, ou seja, escrever um artigo sobre o trabalho, publicá- lo em um congresso profissional, até escrever um livro! 2 MÉTODO E TÉCNICA A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos. O termo Método já existia em grego clássico (méthodos), tendo sido usado por Platão e Aristóteles no sentido de estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica. Para os filósofos gregos metodologia era a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um determinado resultado. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ou seja, Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Todo o método depende do objetivo da investigação e da pesquisa. Sua afinidade com filosofia é que questiona a realidade. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos. Primeiramente, os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem experimentos que testam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar teorias. Juntando-se hipóteses de uma certa área em uma estrutura coerente de conhecimento contribuí-se na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 7
  • 5. Outra característica do método é que o processo precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na interpretação dos resultados. Além disso, o procedimento precisa ser documentado, tanto no que diz respeito aos os dados como aos procedimentos, para que outros cientistas possam analisar e reproduzir o procedimento. Esta documentação deve obedecer a uma série de padrões para ser aceito pela comunidade científica. O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do mundo, que só têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural. Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o estudante terá condições, a partir da conscientização de um problema, de ir a busca das respostas ou soluções para o mesmo. A atividade científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do ser humano diante do mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte integrante, para entendê-lo, reconstruí-lo e, conseqüentemente, torná-lo inteligível. Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra atividade. A técnica leva ao aprendizado, definindo que para o Conhecimento Cientifico não há formulas mágicas. Na ciência, os métodos constituem instrumentos básicos para atingir os objetivos pré-estabelecidos. Se o método é o caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. 2.1 Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação a) Método dedutivo - Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo: Todo homem é mortal. ...........................................(premissa maior) Pedro é homem. .....................................................(premissa menor) Logo, Pedro é mortal. .............................................(conclusão) ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 8
  • 6. b) Indutivo - Método proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações, ou seja do particular para o geral. Veja um clássico exemplo de raciocínio indutivo: Antônio é mortal...João é mortal...Paulo é mortal. Carlos é mortal...Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens...Logo, (todos) os homens são mortais. c) Hipotético-dedutivo - Proposto por Popper, consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. d) Dialético - Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. É empregado em pesquisa qualitativa (busca entender um fenômeno específico em profundidade; trabalha com descrições, comparações e interpretações). Acredita que fenômenos sociais só são entendidos se estudados considerando todos os aspectos do seu ambiente. e) Fenomenológico - Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento. Empregado em pesquisa qualitativa. Preocupa-se apenas com o fenômeno em si, sem considerar princípios ou leis existentes a seu respeito. Tenta proporcionar uma descrição direta do fenômeno, exatamente como ele é no momento da pesquisa. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 9
  • 7. 2.2 As Técnicas de Investigação Científica (Observação; Entrevista; Questionário) a) Observação - pode ser utilizada na pesquisa conjugada a outras técnicas ou de forma exclusiva. Pode ser utilizada como procedimento científico à medida que atende aos seguintes requisitos: 1º. serve a um objetivo formulado de pesquisa; 2º. é sistematicamente planejada; 3º. é submetida a verificação e controle de validade e precisão. O pesquisador pode ir a campo com um roteiro previamente estabelecido ou sem ele. O principal problema da observação é que a presença do pesquisador pode provocar alterações no comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis. Divide-se em: Observação Simples - O pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observando de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Neste procedimento o pesquisador é muito mais um espectador que um ator; Observação participante - Consiste na participação real do pesquisador na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. O observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do grupo. Daí se dizer que por meio da observação participante se pode chegar ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo. Foi introduzida pelos antropólogos no estudo das chamadas “sociedades primitivas” Pode ser de duas formas distintas: Natural (quando o observador é parte do grupo que investiga); Artificial (quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar a investigação); Observação sistemática - É utilizada em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses; Pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório; Antes da coleta de dados, o pesquisador elabora um plano específico para a organização e registro das informações. Isto implica em estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação. b) Entrevista - Técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção de dados que interessam à investigação. A entrevista é uma forma de interação social. É uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra constitui fonte de informação. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 10
  • 8. É uma técnica adequada para obter informações sobre: o que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem, desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes. Por sua flexibilidade é adotada como técnica fundamental de investigação nos mais diversos campos. c) Questionário - Questões dirigidas por escrito a pessoas, com o objetivo de ter conhecimento sobre opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, entre outros. São, geralmente, auto-aplicados, isto é, o próprio informante responde. Suas vantagens são: Possibilita atingir grande nº de pessoas; Implica menores custos; Garante anonimato do informante; Permite que as pessoas respondam no momento em que julgarem mais conveniente; Não expõe os pesquisados à influência de opiniões externas. O questionário consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em perguntas claras e objetivas. 2.3 Tipos de pesquisas Este assunto será abordado com mais profundidade na Metodologia II. Mas, para que ingressemos no campo da pesquisa faz-se necessário saber quais os tipos utilizados para o trabalho científico. Para as ciências humanas, costuma-se apontar três tipos de pesquisas: a) Pesquisa bibliográfica - nela o pesquisador coleta dados e informações através de fontes com material gráfico ou sonoro, produzido por outros pesquisadores; b) Pesquisa de campo - o pesquisador coleta dados empíricos em contato direto com o fenômeno sem interferir no mesmo, vale-se da observação, entrevistas, testes e formulários; c) Pesquisa de laboratório -o pesquisador observa o fenômeno com manipulação de variáveis, sob o controle em situação de laboratório, para medir de forma adequada a relação de causa e efeito. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 11
  • 9. II CAPÍTULO LEITURA “Quem lê constrói sua própria ciência”. João Álvaro Ruiz Em qualquer meio intelectual a leitura constitui um dos fatores importantíssimo para o conhecimento. Através dela as pessoas ampliam e aprofundam o seu horizonte cultural, por isso, é necessário ler. Ler muito e ler bem. Não basta ser alfabetizado para saber ler, tem que investir na compreensão do que está sendo lido. Há leitores, por exemplo, que lêem com os olhos, enquanto a mente está distante, e só se dá conta do tempo desperdiçado, quando chega ao final do capítulo e nada reteve para a construção de novas idéias e conceitos. Ler faz muito bem à inteligência humana. A palavra "ler" vem do termo latino "Iegere" que quer dizer: abastecer, reter, colher. Daí que podemos conceituar leitura como sendo a arte de colher idéias e de interpretar símbolos gráficos. Por isso, o ato de ler é normalmente relacionado com a escrita e o leitor é visto como decodificador da letra. Mas o ato de ler transcende a mera decodificação de sinais gráficos. É preciso ter em vista o desenvolvimento de diferentes habilidades, por exemplo, a compreensão que permite interpretar e integrar o que lê, formando hábitos e atitudes que contribuirão para fazer do ato de ler, um instrumento valioso e prazeroso na dinâmica cultural do indivíduo. Na verdade nós estamos sempre lendo, daí algumas expressões bem populares como: "ler o olhar de alguém"; "ler o gesto de uma pessoa"; "ler o choro de uma criança"; "ler o tempo". etc. A esta leitura extraída da experiência de vida de cada um chamamos de leitura da realidade. A esta dizemos que é a primeira leitura da vida humana, feita através de uma experiência refletida. Após esta, é que surge e se justifica a leitura da palavra. O educador Paulo Freire, afirmou que "uma pessoa vale pelo que diz, diz pelo que pensa e pensa o que lê". E, de fato, a leitura exerce essa função sublime de equipar a mente humana com pensamentos e palavras, a fim de que expressemos nossas idéias de maneira clara e coerente. A leitura além de ampliar, também integra o conhecimento, abre os horizontes do saber, o vocabulário torna-se mais enriquecido e a comunicação mais fácil. O exercício da leitura acaba por disciplinar a mente. Podemos, então, concluir que é de capital importância o ato de ler, enquanto ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 12
  • 10. habilidade indispensável nos cursos de graduação. Ler não é tarefa tão simples, embora de suma importância, exige postura crítica, sistemática e dedicação por parte do acadêmico, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática. O processo de ler implica romper as etapas da decodificação, da intelecção para chegar à interpretação e, posteriormente, a aplicação. A decodificação é a tarefa básica de qualquer pessoa alfabetizada. Consiste na tradução e formação dos sinais gráficos (letras) em palavras. A intelecção (ação de entender) é alcançar o significado do que foi lido. A interpretação é basicamente a continuidade da "leitura do mundo ou leitura da realidade", isto é, na apreensão e retenção das idéias, permitindo uma relação clara do texto e do contexto. Sobre esta questão Paulo Freire. diz: "Refiro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de "escrevê-lo" ou de "reescrevê-la ", quer dizer, de transformá-la através de nossa prática consciente (FREIRE, 1984, p.22). A etapa da aplicação não é menos importante que as demais, é, portanto, a mais significativa por se tratar do produto final da trajetória da leitura. É o prazer que o estudante tem de expor as novas significações dantes conhecidas - "reescrever" um novo modo de vida, deixando o empirismo ingênuo e partindo para uma visão crítica e pedagógica. É imprescindível refletir sobre o problema da falta de leitura, pois isto está refletido nas avaliações recentes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em que fica clara a deficiência dos discentes, reafirmando aí o conceito de interferência que há nas interpretações dos textos pela ausência do hábito da leitura. Esse fato é comum no Brasil, de acordo com Carlos Henrique Araújo, diretor de avaliação da educação básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), “Interpretar um texto é base para entender outras matérias. Às vezes, o aluno não sabe História porque não sabe ler e como fator comprovado é a falta do hábito de leitura, não apenas entre os alunos, mas também entre os pais e mesmo entre os professores”. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 13
  • 11. 1 FASES PARA UMA LEITURA TRABALHADA a) Reconhecimento ou pré-Ieitura - Consiste numa visão global do assunto, ao mesmo tempo em que permite ao leitor verificar a existência ou não de informações desejadas para o seu objetivo específico. É também chamada de leitura prévia. b) Crítica ou Reflexiva - É a fase que se propõe a um aprendizado. Exige instrumentos tais como papel à parte para eventuais anotações, lápis e dicionário. Esta leitura envolve compreensão dos significados. A reflexão realiza-se através dê análise, comparação, diferenciação e julgamentos das idéias do texto. É também ê fase da seleção das idéias principais encontradas no texto. c) Interpretativa - Nesta fase fica esclarecido o que realmente o autor quer dizer. São observados os pontos correlatos e as afirmações do autor com os problemas para os quais se está procurando uma solução. Esta é a fase final para a construção de dados de uma pesquisa. É a fase mais avançada da leitura. Nela o leitor redobra sua atenção, para assimilar conceitos, informações importantes e também técnicas que poderão ajudar na sua própria produção de texto para os trabalhos científicos. 2 ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA Não basta ser um estudante presencial, é preciso ler, ler quando tem vontade e ler quando não tem vontade também. Não apenas criar o hábito da leitura, mas procurar tirar proveito de todas as leituras. O estudante, de posse de um livro, deve examiná-lo cuidadosamente. O título sempre causa-nos uma primeira impressão que nos leva a abri-lo ou não querer fechá-lo. Deve o estudante ler sobre o autor, notas nas "orelhas" leitura rápida no prefácio e tudo o que puder para ter uma primeira impressão do conteúdo da obra. A convergência destes vários elementos ajuda a selecionar o que ler. Todo estudante deve interessar-se pela formação de uma biblioteca básica relacionada com a sua graduação e com assuntos de seu interesse. A comodidade e a higiene favorecem o ambiente para proceder o desenvolvimento da leitura. É altamente saudável ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado e silencioso. Tornando mais proveitoso o tempo investido na leitura, e assim, acaba por ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 14
  • 12. duplicar os objetivos da leitura: na concentração do raciocínio, na captação e na assimilação de novas idéias. A isto chamamos de estudo. Uma agradável leitura tende a produzir um bom estudo. Uma boa leitura deve ter o objetivo de encontrar e grifar as idéias principais que aprecem juntas com outras idéias para torná-la mais esclarecida. Por isso, a medida em que as idéias principais (ou idéias mestras) se apresentam devem ser destacadas, discernindo o que é principal e o secundário: o essencial e o que é acessório, possibilitando uma leitura de todo o texto ou do livro, apenas lendo as partes sublinhadas. É importante ressaltar que sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em destaque as idéias mestras, as palavras-chaves e os pormenores importantes. Eis algumas normas para sublinhar: a) Não sublinhar por ocasião da primeira leitura - aconselha-se fazer uma leitura inspecional do texto e, em seguida. a leitura que possa destacar as idéias principais (sublinhadas); b) Reconstituir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas - Neste ponto fica explicito a natureza e a finalidade de sublinhar; c) Ler o texto sublinhado e com a continuidade e plenitude de idéias - a leitura das palavras sublinhadas, embora pertencentes à frase diferentes e até distanciadas, terá um sentido fluente e concatenado; d) Sublinhar com dois traços as palavras-chaves da idéia principal, e com um único traço, os pormenores importantes - idéias principais e pormenores importantes devem ser devidamente sinalizados, tomando todo cuidado para que as idéias principais se mantenham em destaque; e) Linha vertical a margem do texto nas passagens mais significativas - são passagens em que o autor atinge uma espécie de clímax. Um traço vertical é a identificação perfeita para este enlevo; f) Sinal de interrogação para os pontos de discordâncias - o intuito não é ser polêmico com as convicções do autor, e sim, sinalizar incoerências de paralogismo, interpretações tendenciosas, julgamentos insustentáveis etc. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 15
  • 13. 3 OS TIPOS DE LEITURAS a) Leitura formativa - A finalidade desta leitura é instruir o indivíduo, quanto a conceitos, definições e preceitos morais. É a leitura que se presta na formação de conduta, de hábitos, etc. b) leitura Informativa - Na verdade, todo tipo de leitura é informativa, entretanto, destaca-se este tipo para salientar a leitura analítica, com a finalidade de pesquisar determinado assunto. É também considerado o conjunto de dados que conhecemos, conceitos, fatos, pessoas ou acontecimentos que podem ser armazenados e transmitidos. c) leitura Recreativa - É o tipo de leitura que se faz despreocupadamente. Feitas em horas e com o objetivo de lazer ou passar o tempo. Embora contenha informações, mas a finalidade passa a ser de alívio para o intelecto. Exemplo deste tipo de leitura é o folhear um jornal, uma revista, um livro e ler porções avulsas. É através da leitura escrita que o estudante deixará de ser depósito para ser fonte abundante e cristalina de idéias e visão crítica. Sendo assim, a leitura escrita é um instrumento para que possamos entrar em contato com o que outras pessoas, grupos e povos conheceram, e conhecem ainda hoje, a respeito do homem e do mundo. Como instrumento, a leitura escrita não é por si mesma um fim. Só terá sentido na medida em que servir de suporte para levar o leitor a se desenvolver intelectualmente. O jornalista Paulo Francis, já dizia: "Quem não lê, não pensa; quem não pensa será para sempre escravo". A leitura para ser autenticamente leitura deve funcionar como instrumento de comunicação entre um antes e um depois. O antes consiste na valorização da história vivida por alguém que vai fazer conexão com o presente. O depois é o produto final de uma leitura que está na compreensão integral das informações, elevando o estudante, através daquilo que lhe foi comunicado, a um conhecimento mais profundo e mais profundo e mais amplo, nascendo o cientista, o pesquisador, o estudioso desafiador e ousado. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 16
  • 14. 4 RELATÓRIO DE LEITURA Atenção: o relatório não é um resumo dos textos lidos. Habituados a ler para resumir, alguns alunos sentem muita dificuldade em ler para aprender, confrontar idéias, tirar conclusões. Mas a leitura reflexiva e crítica é que vale a pena, e por isso é preciso insistir no fato de que o relatório é outro tipo de trabalho. Em relação a cada texto lido algumas perguntas-chave sobre o conteúdo e o modo de ler devem ser respondidas: 1. O que o autor do texto lhe diz?; 2. O que você diz ao autor do texto?; 3.O texto tem relação com alguma coisa que você já leu? Especifique; 4. Você formulou perguntas ao autor antes de iniciar a leitura? Quais? Obteve respostas?; 5. Que dúvidas persistiram?; 6. Achou a tarefa fácil ou trabalhosa? 7. Como resolveu as dificuldades que surgiram? Lembre-se que: As perguntas surgirão de acordo com a natureza da disciplina e o seu grau de competências. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 17
  • 15. III CAPÍTULO TÉCNICAS DE ESTUDO "Sem o esforço da busca toma-se impossível a alegria da conquista" William Douglas O que na realidade é estudar? Estudar não é simplesmente ler ou ouvir algo sobre determinado assunto. Estudar é concentrar todos os recursos e habilidades pessoais, na captação e assimilação de um aprendizado. Estudar deve ser encarado como uma ação saudável, agradável e compensadora - algo dinâmico que produza melhor qualidade de vida. Estudar não é apenas a posse de informações, mas, a capacidade de decodificá-la e torná-la útil no seu processo de vida. Quanto mais se estuda mais fácil fica de estudar, isto é, investir tempo com o raciocínio, cria-se prontidão para a construção de novos conceitos e idéias. Paulo Freire, conceituado educador brasileiro disse: "Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu (...) É buscar as relações entre o conteúdo de estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de reescrever, de recriar - tarefa de sujeito e não de objeto (... )Estudar é, sobretudo, pensar a prática, e pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo." Estudar exige uma postura crítica, na qual aquele que estuda se sente desafiado pelo texto (livro) em sua totalidade, e seu objeto é apropriar-se de sua significação. O estudo não requer apenas uma postura crítica, mas também uma postura curiosa: a de quem pergunta, a de quem indaga, a de quem busca. Estudar é se predispor a uma relação de diálogo como autor do texto, é uma atividade que exige humildade. Não é memorização mecânica de normas e conceitos. Quando o estudante submete-se a estudar, mas não consegue compreender ou dominar o conteúdo. Faz-se necessário que ele tenha um método adequado de abordagem do material disponível para sua pesquisa - o veículo principal é a leitura: muitas fontes, muitas bibliografias para melhor esclarecer as possíveis dúvidas. A leitura ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 18
  • 16. para produzir resultado numa trajetória de estudo, tanto individual como coletivo, deve obedecer a certos métodos e critérios. Na realidade não chega a ser falta de leitura que tem prejudicado o desejo de muitos estudantes expandir o horizonte de seus conhecimentos, mas o modo errado de como essas leituras e técnicas de estudos são processadas. A falta de hábitos adequados de leitura, o tempo dos intervalos, alimentação inadequada, postura corporal errada, ambiente mal iluminado e mal ventilado, são agentes de prejuízo para aqueles que ávidos de saber, se entregam à atividade da leitura de modo inconsequente e assístemático. Por outro lado, o estudo, quando feito dentro das técnicas apropriadas, produz excelentes resultados. 1 TÉCNICAS BÁSICAS PARA O ESTUDO EFICAZ 1.1 Motivação "A mente humana, até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido, um objeto pode lançar sua imagem dentro de um campo visual. Mas a mente desatenta não ouvirá e nem verá nada” J. M. Gregory O contato com a sala de aula tem confirmado que o QM (quociente de motivação – QE quociente Emocional) de um aluno é mais importante que o seu QI (quociente de inteligência). Motivação é o estado interior emocional que desperta o interesse ou inclinação de indivíduo para algo. É o conjunto de fatores que impulsionam o comportamento humano, para a realização de um objetivo. Para alguém aprender é preciso que esteja motivado. Veja o que diz William Douglas e Pachecão no seu livro "Como estudar e ficar preparado": "Se você não tem um bom motivo para estudar, não tem um bom motivo para aprender. Se não tem um bom motivo para aprender, você não aprende." (DOUGLAS; PACHECÃO, 1999, p. 29). Estudar só vale apena e causa resultado, quando é feito com um bom motivo, quando quem estuda sabe o porque está estudando - assim tudo fica mais claro, mais fácil e com objetividade. Certo professor aconselhando seus alunos disse que se você não tem motivos para estudar, ou se a sua motivação está em outros lugares, opte pelo que vai te dar mais prazer, vai pelo o quê seu coração mandar. O importante é você não se arrepender ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 19
  • 17. depois. No momento de decidir se vai estudar ou não, pense não só no presente, mas também no futuro. 1.2 Atenção A atenção vai depender do valor que você der ao "estudo". A atenção não é o primeiro momento cerebral ("eu vou ficar atento"), o primeiro momento é a importância ("eu vou estudar, logo, ficarei atento"). Muitos estudantes querem fazer o chamado "multiprocessamento acadêmico". Trata-se de querer estudar ouvindo rádio, pessoas circulando ao seu redor, vêem televisão e tentam fazer uma leitura nos intervalos de comerciais. Podem até chegar a final do curso, porém, com um resultado razoável. O ideal, para a retenção de um conteúdo lido ou uma exposição apresentada em sala de aula, é a concentração. Dar a atenção a uma tarefa de cada vez, resulta na coerência do tempo que foi separado para o estudo. Use todo o seu potencial na hora do estudo só para o estudo. 1.3. Espírito pesquisador O espírito pesquisador é caracterizado pela curiosidade, e esta é a mãe de todo aprendizado, de todas as descobertas e da busca de saciar a sede do saber. A inquietação pelo saber é o que vai distinguir o aluno interessado e sedento, do aluno mediano; o aluno estudioso, do aluno passivo e desligado. Albert Einstein disse que "a coisa mais bonita que podemos experimentar é o misterioso”. Isto é, aquilo que está no oculto, no subjetivo, e ainda, no inatingível. Procure sempre manter a "chama" do desejo pelo saber, não perca as oportunidades para se informar. Cultive o interesse de aprender, de conhecer, de investigar determinados assuntos. Procurar coisas novas, tal como um perscrutador, um pesquisador - estas atitudes de desbravador, de cientista, é que abre as portas do cérebro. Paulo MacCready diz que "A Única pergunta idiota é a que você não faz". Entretanto, você não precisa fazer todas as perguntas para o seu professor, mas deve fazê-las para si próprio e procurar respondê-las. desenvolvendo assim.,o seu espírito pesquisador. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 20
  • 18. 2 ESTRATÉGIA DE ESTUDO Estratégia é um conjunto de ações, procedimentos e idéias, objetivando a realização de uma meta. São os planos altamente elaborados, para a realização de uma tarefa. Vejamos uma estratégia básica de estudo: a) Personalize seu tempo: "Tempo não se tem, tempo se faz' - O seu modo de aprender, e o resultado dele, é o que importa no transcurso de seus estudos. Orientações de outrem devem ser sempre bem avaliadas - o que dá certo para uns pode não dá certo para outros. Fazer um plano de estudo para cada dia é muito importante. Comece o dia sabendo o que e como vai estudar tal matéria. O intervalo a cada duas horas é bastante salutar. Sem intervalos o ritmo diminui, provocando estresse. O intervalo deve envolver um pouco de alimentos, bem como a indispensável água e exercícios físicos (alongamento e caminhada). Não pense que este intervalo seja um mau uso do seu tempo, ao contrário, ele aumentará a sua eficiência, como também aliviando a tensão, beneficiando a sua saúde. Atividades que desperdiçam tempo são como o câncer: sugam a vida e tendem ao crescimento. A única cura é a cirurgia radical. Se você está gastando tempo com atividades que o entediam, desviam-no dos seus objetivos reais, minam-lhe a energia, corte-as de uma vez por todas. A boa personalização do seu tempo e, antes de tudo, a percepção de que hoje é o único tempo de que dispomos para trabalhar em busca de uma conquista. O passado irremediavelmente se foi, o futuro é apenas um conceito. O passado é um cheque já descontado. O futuro é uma nota promissória. O presente é dinheiro vivo. Use-o! b) Aprenda a dizer não - De todas as técnicas para aproveitar bem o tempo de estudo, talvez a mais eficaz. seja o uso freqüente da palavra NÃO. Aprenda a declinar com tato e polidez, mas com firmeza, todo pedido que não contribua para atingir seus alvos. Pense bem, se você ficar preocupado e não ofender os outros, acabará por viver de acordo com as prioridades destes. c) Descarte o perfeccionismo - Há uma diferença entre se esforçar por boa qualidade e lutar por perfeição. O primeiro é atingível, agradável e saudável. O segundo é frequentemente inatingível, frustrante e tem um quê de neurótico. A ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 21
  • 19. realização de nossas tarefas, bem como um projeto de estudo deve sair do nível trivial e atingir o aperfeiçoamento, isto exige tempo, paciência, domínio próprio e muita seriedade. Não fique triste se não for 100% perfeito - continue caminhando entre os motivados. Não se preocupe se seu conceito não é excelente. O que importa é o ideal que está à frente, continue ... você chegará lá. Em geral, o aluno pensa que na estratégia de estudo as atividades essenciais significam "perder tempo" e que "ganhar tempo" é estudar o tempo todo. Saber estudar é muito mais do que definir horas de estudo. É definir a qualidade de estudo e o perfeito equilíbrio entre as atividades de estudo, lazer, descanso, alimentação, trabalho, etc. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 22
  • 20. IV CAPÍTULO CONHECIMENTO “O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a penetrar-se nela" Galliano Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos e dos leões. O ser humano é dotado da capacidade de pensar e conhecer, que constituem não somente uma capacidade, mas, uma necessidade vital de sobrevivência. O conhecimento leva o homem apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a penetrar nela. A ignorância tolhe as possibilidades de avanço para melhor, manter-nos prisioneiros das circunstâncias. O conhecimento é libertador. Liberta o homem daquilo que o oprime, que o escraviza. Permite a modificação das circunstâncias em benefício do próprio homem. O conhecimento implica numa dualidade de realidades: de um lado o sujeito que conhece, e do outro, o objeto conhecido. Quem conhece alguma coisa, de certo modo "apropria-se" do objeto que conheceu, transformando-o em conceito. Mas o conceito não é o objeto real e sim uma forma de se conhecer a realidade. O objeto real existe como ele é, independentemente do fato de o conhecermos ou não. Conhecimento verdadeiro é aquele que corresponde à realidade objetiva. Sem o conhecimento da verdade objetiva a ciência seria inútil. Mas, o que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. E no processo do conhecimento, o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do objeto conhecido. Esta é uma questão complexa que para apropriar-se dela é necessário entender os diferentes tipos de conhecimentos, cada um ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 23
  • 21. deles subordinado ao homem e sua realidade. Há pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimentos: o empírico; o científico; o filosófico; e o teológico. 1 CONHECIMENTO EMPÍRICO É também chamado de conhecimento "vulgar" ou "popular". Fundamenta-se basicamente, na experiência, e não na atividade racional do ser humano. É o conhecimento do senso comum. Advém da vivência. Caracteriza-se por não ser programado, tornando-se espontâneo em sua ocorrência. Pelo conhecimento empírico o homem simples conhece o fato e sua ordem aparente, tem explicações concernentes às razões de ser das coisas e dos homens e tudo isso obtido pelas experiências feitas ao acaso, sem métodos, e por investigações pessoais, feitas ao sabor das circunstâncias da vida. É um tipo de conhecimento que nos leva a percepção de uma realidade simples, podendo apresentar argumentos lógicos para explicar os fatos que conhece, mas em seu conhecimento não penetra os fenômenos, permanece na ordem aparente da realidade. Como é fruto da experiência circunstancial, não vai além do fato em si, do fenômeno isolado. Embora de nível inferior ao conhecimento científico, o conhecimento vulgar não deve ser menosprezado. Ele constitui a base do saber, sua existência antecede a ciência. O conhecimento vulgar é também chamado de conhecimento de oitiva (por ter ouvido dizer), pois atinge os fatos sem lhes inquirir as causas. Exemplo: A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar. 2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Diferentemente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento cientifico não atinge simplesmente os fenômenos na sua ação geral, mas os atinge em suas causas, na sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de induzir, de predizer com segurança fenômenos futuros, de justificar. O conhecimento científico procura substituir o conhecimento empírico, utilizando, para tanto, explicações objetivas e válidas para questionar e exigir respostas e justificações convincentes. Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas; saber cientificamente é ser ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 24
  • 22. capaz de demonstrar. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar e vai muito além deste, porque explica os fenômenos e não só os apreende. A ciência atém-se aos fatos, a fim de melhor analisar os elementos que compõem a totalidade e descobrir as investigações que justificam sua unidade no todo. É um conhecimento apoiado na demonstração e experimentação. A ciência só aceita o que foi provado. O conhecimento científico é privilégio dos especialistas das diversas áreas das ciências. É programado, sistemático, metódico, crítico, rigoroso, nasce da dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas. A expressão "conhecimento científico" evidencia o caráter de autoridade, de respeitabilidade que faltava ao conhecimento vulgar. A ciência delimita seu campo de pesquisa: observa, analisa, fragmenta, verifica, explica e generaliza o fenômeno, e a partir daí, transformá-la em lei. Exemplo: Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá as leis da física. 3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO Trata-se de conhecimento é essencialmente metafísico, pois procura conhecer as causas em si, e não apenas a manifestação dos fenômenos. O conhecimento filosófico é abrangente e tende para a universalidade. A distinção entre o conhecimento científico e o conhecimento filosófico encontra-se no objeto de investigação e no método. O objeto das ciências é os dados próximos, imediatos e perceptíveis pelos sentidos. O objeto da filosofia é constituído de realidades imediatas, não perceptíveis pelos sentidos e por serem supra-sensíveis, ultrapassam a experiência (método racional). A filosofia, numa concepção clássica, era considerada ciência das coisas por suas causas supremas. Hoje, filosofia é considerada uma busca constante de sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta. A tarefa fundamental da filosofia é a reflexão. A filosofia se propõe a refletir sobre todos os saberes conquistado pelo homem, interroga sobre ele, problematiza-os. O que é filosofar? É um interrogar. A interrogação nasce da curiosidade (esta é inata). É um contínuo questionar a si e a realidade. A filosofia não é algo feito e acabado. É uma busca constante do homem conhecer a si mesmo e o mundo que o cerca, através da investigação que acaba não dando respostas definitivas para as várias questões formuladas pela mente humana. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 25
  • 23. Entretanto, a filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais abrangente. Porque não dá soluções a todos os questionamentos, habilita o homem a fazer uso de seu raciocínio para entender melhor o sentido da vida real e concreta. O conhecimento filosófico caracteriza-se pela busca do saber e não pela posse do saber. Exemplo: "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche) 4 CONHECIMENTO TEOLÓGICO O conhecimento teológico é produto da fé humana. Fundamenta-se na revelação divina, como experiência e autoridade. Pode ser monoteísta ou politeísta. O conhecimento teológico apresenta respostas para questões que o homem não consegue responder com o conhecimento vulgar, científico e nem o filosófico. Suas respostas têm que resultar da fé que é depositada na existência de uma divindade. O fato do conhecimento teológico ser aceito por uma revelação não exclui, a capacidade racional do ser humano, e este é desafiado a apropriar-se do conteúdo da revelação de aceitá-la como regra de fé e conduta. Exemplo: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 26
  • 24. V CAPÍTULO RESUMO OU ABSTRACT Resumo - É a “apresentação concisa das idéias de um texto” (Norma NBR 6028, da Associação Brasileira de Normas Técnicas). Resumir, neste sentido, consiste numa apresentação sucinta de um texto ou conteúdo de livro. Resumir é uma das práticas linguísticas mais freqüentes na vida cotidiana. Saber resumir textos lidos é uma capacidade necessária, nas sociedades letradas, para o desempenho de várias funções e atividades profissionais. Por exemplo: um advogado precisa resumir o que leu num processo; um administrador, o que leu num projeto; um jornalista, o que ouviu numa entrevista e assim por diante. Na prática acadêmica, a atividade de resumir é frequentemente solicitada pelos professores de ensino superior que propõem a produção de resumos de gêneros em circulação no contexto universitário. O resumo é um gênero que pode ser encontrado sob diferentes formas nas práticas acadêmicas de acordo com a função que exercem, podendo ser agrupados em duas categorias: 1ª. resumos envolvidos no processo de elaboração de pesquisa que têm a função de mapear um campo de estudo, integrando a discussão do estado da arte; 2ª. resumos colocados geralmente antes de um texto científico (artigos, dissertações, teses), que têm a função de apresentar e descrever o modo de realização do trabalho ao qual se refere – são os abstracts. O resumo de um livro, dentre outros propósitos, sugere estimular a leitura minuciosa, de tal modo, que o estudante possa realizar uma assimilação completa do conteúdo. O resumo é apresentação seletiva de um texto (livro ou artigo) pondo em relevo os elementos (idéias) de maior importância. O resumo pode ser visto como descrição de um texto, produzindo outro texto de trabalho altamente intelectual, porém, de pequeno porte. O estudante deve se ater a emitir comentários pessoais. A opinião do autor deve prevalecer. Para quem tem dificuldade em assimilar o que lê e em organizar todo o conteúdo que está estudando, a técnica de resumos pode ser um aliado e tanto para melhorar a sua capacidade de síntese e compreensão. Muitas pessoas têm maior facilidade em lembrar daquilo que vêem e por isso a memória deles é chamada “visual”. Quem tem memória visual deve dar ênfase nos resumos, nas imagens, nos gráficos e cores utilizados em todos estes. Grifar um texto em ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 27
  • 25. vermelho, por exemplo, vai te ajudar a selecionar determinada parte como importante e a sua memória logo vai apreendê-la. Há vários tipos de resumos e cada um apresenta características específicas, de acordo com suas finalidades: a) Resumo descritivo ou indicativo - Descreve os principais tópicos do texto original, fazendo o levantamento sucinto das idéias principais. Portanto, não dispensa a leitura do texto original para a compreensão do assunto. Sugere a utilização de frases curtas que, possa corresponder aos elementos fundamentais do texto. Também é conhecido como abstract (resumo, em inglês), este tipo de resumo apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como exemplos, dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo de resumo são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma idéia do enredo de que trata o filme. b) Resumo Informativo ou analítico - É o tipo de trabalho que se prende ao foco principal das idéias, reduz o texto à 1/3 ou 1/4 do texto original. Dispensa gráfico, citações, exemplificações e outros detalhes do texto original. Não é permitida a opinião pessoal do estudante no parecer das idéias. Também é conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o leitor sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma pesquisa, por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a pesquisa (como seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da pesquisa, a metodologia utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo disto são os resumos de trabalhos científicos publicados nos anais de congressos. A principal utilidade dos resumos informativos no campo científico é auxiliar o pesquisador em suas pesquisas bibliográficas. Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa. Qual você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de cada texto. c) Resumo crítico - Consiste na condensação do texto de 1/3 a 1/4 do texto original. Com a exposição das idéias principais do autor. No resumo crítico é permitida a opinião do estudante, contanto que seja com embasamento científico, isto é, a capacidade de conhecimento pelas causas. Saber cientificamente, é ser ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 28
  • 26. capaz de responder os "porquês" das causas, e de fazer demonstrações. O embasamento científico explica os fenômenos e não só os apreende. O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou literária. Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por costume, os professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos estudantes como exercício didático. A rigor, você só escreverá uma resenha no dia em que seu resumo crítico for publicado em uma revista. Até lá, o que você faz é um resumo crítico. Mas não deixam de estar certos os professores que dizem que resenha não é resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretação de texto. Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando: 1. qual o tema tratado pelo autor?; 2. qual o problema que ele coloca?; 3. qual a posição defendida pelo autor com relação a este problema?; 4. quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender sua posição? Alguns passos ou pontos fortes devem ser observados para que o resultado final seja satisfatório: • Uma primeira leitura atenta é indispensável para que você perceba o assunto em questão, do que se trata; • Outras leituras devem ser feitas (tantas quantas forem necessárias para selecionar as idéias principais do texto); é importante anotar o que for mais relevante; • Todo texto possui palavras-chaves que encerram as idéias fundamentais; essas idéias devem ser grifadas para que possam servir de ponto de partida para o resumo. É necessário compreender as idéias-chaves e separá-las das secundárias, a princípio; • Deve ser feito resumo de cada parágrafo; é importante fazer dois resumos: um do parágrafo e outro do próprio resumo para que as idéias sejam bem sintetizadas; • Durante todo o processo, a leitura atenta deve ser feita para verificar se está havendo coerência e seqüência lógica entre os parágrafos resumidos, para fazer os ajustes necessários; ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 29
  • 27. • Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes idéias do texto, também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do mais", "pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma"; • O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original; • Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas, cenas ou personagens secundárias. Somente as personagens, os ambientes e as ações mais importantes devem ser registrados; • O resumo não é comentário crítico; você deve ater-se às idéias do autor, sem emitir sua opinião, por isso as idéias do resumo devem ser fiéis às expostas no texto original. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 30
  • 28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo, Cortez, 2001. GIL, Antônio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2007. RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo, Atlas, 1985. SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20.ed. São Paulo:Cortez, 1996. ____________________________________________Metodologia da Pesquisa Científica - Profª Rosângela Adell 31