[1] A escola reforça a desigualdade social ao atribuir os mesmos direitos e deveres a alunos de realidades socioeconômicas diferentes, perpetuando as diferenças fora da escola. [2] O sucesso escolar está ligado ao "capital cultural" adquirido pela família, como hábitos e práticas culturais, mas a escola trata isso como "dons naturais". [3] A escola funciona para conservar a ordem social ao sancionar a cultura das classes mais altas e eliminando as classes
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
A Escola como Reprodutora de Desigualdades Sociais
1. A Sociologia da Educação de Pierre
Bourdieu: limites e contribuições.
CLÁUDIO MARQUES MARTINS NOGUEIRA
MARIA ALICE NOGUEIRA
Slides: Leonardo Ampessan
2. A Escola conservadora
Sistema Escolar como fator de mobilidade social: temos a ilusão
de que o sistema escolar promove a possibilidade de ascensão
social, mas para o autor a escola na verdade reforça a inércia
social;
Conservação social: o sistema escolar da forma que é
estruturado nada faz além de contribuir para a conservação dos
moldes sociais externos a escola;
Na medida em que cada aluno vem de uma realidade
socioeconômica diferente, ao atribuir direitos e deveres iguais
aos alunos, a escola nada mais perpetua a mesma desigualdade
que estes mesmo alunos sofriam fora da escola;
3. Herança e dom social disfarçados de
dom natural
Aprendizagens que são feitas durante o curso da vida social de
alunos com famílias pertencentes a elites ou classes sociais
mais altas não são apontadas como aprendizagens determinadas
pelo meio social em que estão inseridos, mas tratadas como
habilidades/dons naturais
Desta forma, criam-se pré noções de que os alunos de famílias
de melhor vida socioeconômica possuem maior aptidão para os
estudos do que as de famílias pobres;
4. Capital Cultural
Constitui-se de: herança familiar, conjunto de valores implícitos
profundamente interiorizados, revelados nas posturas e
atitudes e composta pelas características da linguagem e
facilidades linguísticas, práticas culturais (acesso a teatros,
museus, cinemas etc);
Sendo essa bagagem, segundo o autor, muito importante para o
êxito escolar;
5. A transmissão do Capital Cultural
Constatação da relação entre o nível cultural global da família
e o êxito escolar da criança, estendendo-se até o nível
universitário;
Bourdieu afirma que as chances objetivas de um jovem de uma
família com maior poder aquisitivo é 40 vezes maior que a de
um jovem filho de operários;
6. A escolha do destino
Ao reforçar a ideia de atitude culta, que diz respeito as
possibilidades culturais dos meios familiares mais favorecidos, a
escola sanciona as desigualdades sociais que só a escola poderia
reproduzir;
Superseleção das crianças das classes populares, que apesar de
todas as dificuldades apontadas, para chegar ao ensino
secundário precisam ter um desempenho excepcional;
Segundo Bourdieu essa é uma contradição cruel e excludente;
7. O funcionamento da escola e sua função
de conservação social
A escola funciona como:
Ferramenta de perpetuar as desigualdades sociais;
Ideologia da função Libertadora;
Ilusão em função de equidade – Romper com as desigualdades partindo da
sanção diante da cultura;
O discurso: Igualdade Formal (não efetiva), mascara as práticas pedagógicas;
Ensino como ferramenta de despertador de “dons”;
Conservação do discurso, questionando as ideias que nem sempre precisam de
mudança;
8. Cultura e comportamento
Comportamentos que serão expressos na
escola, advindos propriamente de alunos de
classe social menos favorecida;
Valores e culturas construídas a partir de seu
comportamento, que se choca com as
culturas, comportamentos, propagados como
corretos na escola;
9. A Escola e o(a) professor(a)
Os professores e a relação dentro da escola, privilégio cultural;
Avaliação do professor segue como parâmetro do processo educativo da elite;
As linguagens expressas nos ambientes escolares são perceptíveis referências
por uma busca incessante dos códigos de conduta;
Esforço forçado para ingresso em uma cultura que não facilita para o
desenvolvimento de suas expectativas;
As classes cultas legitimam o saber erudito e a escola é encarregada de
perpetuar e transmitir esses valores;
Culturas e comportamentos incorporados pela classe dominante e valorizadas
na instituição escolar;
10. A Escola e o(a) professor(a)
Recrutamento e entrada na escola: alunos que ingressam são necessários
adquirir aptidões socialmente exigidas tradicionalmente dentro da escola
burguesa;
Exigências mais eficazes e mais implícitas: a escola atribui aos indivíduos
esperança de vida e de mudanças na escala social – Ideologia dos dons;
Alguns de classes mais desfavorecidas que obtém o sucesso legitimam o
processo completo, dando crédito ao mito da escola libertadora junto àqueles
próprios indivíduos que ela eliminou;
11. A escola e a prática cultural
Participação da classe menos favorecida a culturas produzidas
pela elite;
O domínio das culturas pela elite, propiciadas pelo meio
familiar, é determinante para o sucesso escolar;
A participação e frequência em instituições são reflexos desse
sistema que propicia a classe de quem a produz;
O poder da influência da escola nas práticas culturais, os
estímulos são mais uma vez motivados pela Ideologia dos dons;
12. Capital Social
A noção de Capital Social está ligada ao dinheiro;
O Capital Social está associado ao poder (eu posso);
Neste sentido, temos a concentração do Capital Social em grupos seletos, que
são raros e prestigiosos;
Cada membro encontra-se assim instituído como guardiões dos limites do
grupo;
Os espaços geográficos físicos são separados pelo econômico e social, que
supõem o reconhecimento dessa proximidades;
Bourdieu faz o seguinte questionamento: O que seria do rico se não tivesse o
pobre?
13. Capital Econômico, Cultural ou
Simbólico
A rede de ligações é o produto de estratégias de investimento social;
Grupos necessários e eletivos, que implicam obrigações duráveis, a fim de
garantir direitos, produção de conhecimentos e reconhecimentos mútuos;
Simbologia de um nome importante (sobrenome), nome da família ou da
linhagem;
O novo rico não possui capital simbólico, somente econômico e possivelmente
o cultural;
A reprodução do capital social é tributária, produzindo: Ocasiões (cruzeiros,
caçadas, recepções etc), lugares (bairros chiques, escolas seletas, clubes,
etc), práticas (esportes chiques, cerimônias culturais etc);
14. Conclusão
Os estabelecimentos escolares têm uma lógica de conservação da educação
prioritária;
Hierarquia da estrutura do ensino: simples ou claramente identificada;
Identificar aqueles que não são para escola e aqueles que se dão bem no
processo escolar;
Evidencia as diferentes discrepâncias na escola, apontando que essas se dão
também pela entrada das categorias sociais no processo de escolarização;
Discurso dominante manifestado em todas as etapas do processo de
escolarização;
O dom ou o gosto tendem a substituir fatores sociais mal definidos;
Mudança da estrutura, sem alteração do valor econômico e simbólico dos
diplomas;
15. Conclusão
A estrutura escolar cria uma noção falsa de “chances”, promovendo um fator
depreciativo coletivo aos grupos de classes menos favorecidas que não têm
sucesso no meio escolar;
Objetivo da instituição escolar é somente dar acesso;
Escola produz um número cada vez maior de indivíduos atingidos por essa
espécie de mal estar crônico instituído pela experiência;
Capital cultural divergente do da elite é reduzido no processo de aproximação
da instituição escolar;
O processo de ensino é aberto a todos, contudo, estritamente reduzido à sua
permanência, tendo aparência democrática para legitimação social;
16. Conclusão
Violências invisíveis são sinais que apontam contradições da instituição
escolar;
Escola esconde a diversidade das coisas;
Reagrupa os mais desprovidos e os exclui;
Diploma perde o valor social que antes tinha entre as classes desprovidas;
Investimento de uma escolarização passa a ser visto como gastos que não
rendem frutos suficientes;
Relações entre professores e as dinâmicas escolares dos alunos cada vez mais
distantes;
Bourdieu aponta que um dos fatores sobre a resignação do processo de
escolarização é manifestado pela cultura externa dos alunos e que são
também expressas no ambiente escolar.