Este documento descreve os principais heterônimos de Fernando Pessoa, incluindo Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Cada heterônimo tinha sua própria personalidade literária e estilo de escrita, abordando temas como niilismo, bucolismo e poesia simples e direta. O documento fornece breves biografias de cada heterônimo e pequenos exemplos de suas obras.
1. Heterônimos de
Fernando
Pessoa
“Assim como falham as palavras
quando querem exprimir
qualquer pensamento, assim
falham os pensamentos
quando querem exprimir
qualquer realidade. “(A.Caeiro)
3. O que é heterônimo?
Personagem fictícia, criada por escritores (como o
caso de Fernando Pessoa), cujo objetivo é tentar
compreender e propagar diferentes maneiras de
ver a realidade exterior e interior, tentando manter
distância da visão da realidade.
Atenção: Heterônimos são diferentes de Pseudônimos.
4. Os heterônimos de Fernando
Pessoa
Fernando Pessoa usou em suas obras
diversas autorias. Usou seu próprio nome
(ortônimo) para assinar várias obras e
heterônimos para assinar outras. Os
heterônimos de Fernando Pessoa tinham
personalidade própria e características
literárias diferenciadas.
5. Álvaro de Campos
Era um engenheiro português de
educação inglesa. Influenciado pelo
simbolismo e futurismo, apresentava um
certo niilismo* em suas obras.
* Niilismo: Trata-se de uma tendência filosófica de reduzir todas as
crenças a puras convicções do sujeito. O niilismo destitui-se de
crenças.
6. Tabacaria – Álvaro de Campos
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. (...).
7. Ricardo Reis
Era um médico que escrevia suas obras com
simetria e harmonia. O bucolismo* estava
presente em suas poesias. Era um defensor da
monarquia e demonstrava grande interesse
pela cultura latina.
* Bucolismo: termo utilizado para designar uma espécie de poesia
pastoral que exalta a beleza do campo.
8. Anjos ou Deuses - Ricardo Reis
Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.
9. Alberto Caeiro
Com uma formação educacional simples
(apenas o primário), este heterônimo fazia
poesias de forma simples, direta e concreta.
Suas obras estão reunidas em “Poemas
Completos de Alberto Caeiro.”
10. A Criança – Alberto Caeiro
A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto
qualquer.
11. Bernardo Soares
É considerado um semi-heterónimo de Fernando
Pessoa. Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu
próprio livro, um simples ajudante de guarda-livros na
cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa
pequena casa de pasto em que ambos frequentavam.
O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e
anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-
heterônimo faz pensar na maior proximidade de
temperamento entre Pessoa e Soares.