O documento descreve o romance "A Serpente Emplumada" de D.H. Lawrence. O romance tem como pano de fundo a Revolução Mexicana de 1910 e narra a história de Kate Leslie, uma viúva irlandesa que se envolve com líderes de um culto ao deus asteca Quetzalcoatl no México. O documento fornece detalhes sobre o enredo, personagens, temas, linguagem e estrutura da obra.
2. D.H Lawrence
Inglês, filho de trabalhadores mineiros;
Temas controversos sobre relações humanas e
sexualidade;
Retrata o exotismo de regiões remotas em suas
obras, como Canguru e A Serpente
Emplumada;
Escreveu o romance em época de transição da
Revolução Mexicana.
David Herbert Lawrence
(1885-1930)
3. A obra tem como pano de fundo a Revolução Mexicana de 1910.
Em 1910, o México se deparava sobre o governo de Porfírio Diaz que
estabelecia uma ditadura no país.
As classes não burguesas eram obrigadas a adotar idéias da burguesia
norte-americana.
Com o slogan “Tierra y Liberdad”, foi responsável por importantes
mudanças no México, além de ter sido a primeira das grandes
revoluçõesdo século XX.
4. & aspectos estéticos
A obra possui características do modernismo, uma vez que retrata a
situação social da época, seus problemas seus jeitos, e sua contra
vontade e situações ligadas a ciência, o que fazem a obra ser ligada
ao modernismo.
5. Kate Leslie, uma viúva irlandesa de 40 anos se vê envolta num místico
desconhecido ao conhecer no México Dom Ramon e Dom Cipriano, líderes de
culto clandestino ao deus asteca Quetzalcoatl. Apesar de seus muitos
preconceitos contra a cultura e origem mexicana, á medida que vai se
envolvendo a Cipriano, Ramon e todo o contexto e ascensão de seu estranho
culto, Kate se depara com um conflito que pode envolver a queda de sua
liberdade moral, mas ao mesmo tempo pode significar o fim do marasmo de
sua depressiva existência.
6. A convocação do destino e transferência da heroína do centro da sociedade
para uma região desconhecida, repleta de tesouros e “perigos”.
As emoções repulsivas da heróina ao mundo primitivo do México iniciam-se
logo no primeiro contato com o desconhecido.
Kate “temia à idéia de que algo pudesse tocá-la naquela cidade,
contaminando-a com seu mal rastejante” (p.17) e “ao aminhar
pelas ruas, sentia um aperto no coração” (p.3)
7. o despertar da consciência abre os olhos da heroína entre o que ela é e o vir-a-ser.
Não obstante estar mergulhada em um turbilhão de conflitos, Kate sabia que “era
preciso renascer. (...) era preciso conquistar aquele suave desabrochar do ser. Talvez
fosse aquilo que a trouxera ao México, longe de todo mundo” (ASP, p. 44-5).
A busca pelo divino corre paralela à psicológica empreendida pelo ego.
Tal busca metaforiza os processos psicológicos do caminho da
individuação e busca identitária.
9. A obra é dividida em 27 capítulos
Cada capítulo possui de 10 a 25 páginas
A obra possui estrutura linear (Início – Meio – Fim) (sem flashbacks)
- Introdução: (capítulo 1 ao capítulo 3)
- Quebra da rotina/ novos ares: (capítulo 4 ao capítulo 6)
- Início da trama: (capítulo 7 ao capítulo 14)
- Desenvolvimento da trama: (capítulo 15 ao capítulo 18)
- Ponto de virada: (capítulo 19 ao capítulo 20)
- Consequências do ponto de virada: (capítulo 21 ao capítulo 24)
- Resoluções: (capítulo 25 ao capítulo 27)
10. A linguagem empregada na obra é altamente descritiva com uso significativo
de adjetivação e comparação.
" Seus olho eram negros, vivos, com a escuridão vítrea que ela achava
tão cansativa, mas obliquiavam para cima de maneira curiosa, sob as
sobrancelhas negras e arqueadas, o que lhe dava uma estranha
aparência de desligamento[...] Tinha maneiras superficialmente seguras,
sob as quais espreitava um jeito meio selvagem, tímido esquivo... ( Pág.
24)
Nota-se que há usos de palavras de origem espanhola ao decorrer da
obra, tais como : alacrán, revozo,serape, maguey.
11. Narrador em terceira pessoa.
Onisciente, descritivo.
“Ela se sentou novamente em sua cadeira de balanço na sombra da sala.
Apenas para ficar sozinho! Só que ninguém deveria falar com ela. Só que
ninguém deveria se aproximar dela! Porque, na realidade, sua alma e
espírito se foram, partiu para o meio de algum deserto, e o esforço de
alcançar as pessoas para realizar uma aparente reunião, ou contato, foi
quase mais do que ela poderia suportar. Nunca estivera tão sozinha, tão
inerte e tão completamente sem desejo; mergulhou em uma indiferença
pálida, como a morte. Nunca ela passou seus dias tão cegamente, tão
inconscientemente, em trechos de nada.” (Cáp. 5)
12. Kate Leslie (o)
General Cipriano (o)
Dom Ramón (o)
Sra. Norris (-)
Owen (-)
Dona Carlota (-)
Teresa (-)
Juana (-)
13. Kate Leslie - Padrão arqueótipo da mulher medial.
Owen e Dom Jamón – símbolos do anticapitalismo. Dom Ramón também
representa o antiamericanismo. Enquanto Owen representa a face do
descobridor.
Tereza – a mulher passiva e submissa.
Dona Carlotta – Símbolo da cristã tradicional e conservadora.
14. Arena
Sayula
Lago e praça de Sayula
Cidade do México
Hotel San Remo
Hotel Orilla
Casa da Sra. Norris
Jamiltelpec
Igreja
16. O tempo empregado na obra é cronológico. Expressa hora, minutos, dias.
Segue o exemplo:
“Eram três horas, e a multidão descobriu um novo divertimento,
as bandas que deveriam começar a tocar naquela hora,
permaneciam solenemente sentadas, sem sentir uma nota." (Pág
13 )
17. Kate, Owen e Villers vão à tourada
Kate Conhece Dom Cipriano
Os Kate, Villers e Owen são convidados ao chá na casa da Senhora Norris em que
Cipriano e um certo Dom Ramon também foram convidados.
Kate, Owen e Villers excursionam por uma universidade no México.
Há um jantar com Dom Ramon e ele os convida a ir a Sayula
Quando Owen retorna aos Estados Unidos, Kate decide ir a Sayula por um tempo.
Kate se hospeda numa casa perto do lago sob os cuidados de Juana e sua família
Certo dia ela ouve tambores tocando, vai averiguar e se depara com o ritual ao
deus Quetzalcoatl
Fala-se que Ramon estaria por trás dos novo ritual que estaria surgindo
Em conversas com Dom Ramon, Kate descobre que Ramon era sim responsável
pelos rituais
Ela confidencia que ele deseja se tornar um deus, a reencarnação da
Serpente Emplumada
18. Ramon convida Kate para jantar em sua casa, ela conhece sua esposa, Carlota. Cipriano
também está lá.
Há Naquela noite há uma dança no pátio. Don Ramón promete que os deuses renascidos
trarão nova vida ao país.
Recusando-se a testemunhar as heresias de seu marido, como as chama, Doña Carlota
retorna à Cidade do México. Enquanto isso, o trabalho dos homens de Quetzalcoatl
continua.
Em suas visitas, Cipriano pede a Kate que se case com ele, ela o expulsa
Ramon escreve hinos para Quetzalcoatl e os soldados de Cipriano os distribuem pela
cidade constantemente.
O clero de Jamiltepec não está satisfeito com Dom Ramon
um grupo de inimigos políticos e religiosos de Don Ramón, disfarçados de bandidos,
ataca Jamiltepec e tenta assassinar Don Ramón, mas ele é salvo por Kate e seus criados
Kate está cada vez mais envolvida e intrigada pelos feitos de dom Ramon e seu credo
Cipriano acredita que ele é o Huitzilopochtli Redivivo, deus da guerra.
Kate cede ao pedido de Casamento de Dom Cipriano
19. Don Ramón casa-os com ritos pagãos e Kate torna-se Malintzi, noiva do deus
das batalhas de facas vermelhas
Don Ramón reabre a igreja, que ele havia convertido em santuário dos
antigos deuses astecas
Ramon realiza um ritual declarando-se Quetzalcoatl Redivivo
Em meio a um Ritual Carlota reaparece em meio à multidão protestando
contra a heresia de seu marido, porém é vitima de um derrame e morre
pouco tempo depois
Cipriano realiza um ritual junto a Ramon e Kate declarando-se
Huitzilopochtli redvivo, deus da faca. Nos ritos de sua suposição, ele sacrifica
três dos prisioneiros capturados após o ataque a Don Ramón
20. Kate fica horrorizada durante o ritual de Cipriano e a partir daí começa a questionar
suas decisões
Algum tempo se passa, Ramon casa-se novamente com Teresa, uma mulher mais nova e
orgulhosa de usa submissão
Teresa entra em conflito com Kate fazendo-a questionar-se sobre a troca de sua
identidade e liberdade por algum frescor de aventura e importância
Por conta da pressão feita por Ramon, Cipriano e seus seguidores, O presidente do
México declara a Igreja fora da lei, e a fé de Quetzalcoatl se torna a religião oficial da
república.
Kate vê esses acontecimentos com uma sensação de horror. O orgulho e a força dos
antigos deuses parecem ameaçar seu espírito e sua feminilidade. Ela decide voltar para a
Irlanda.
Mas antes, Kate casa-se com Cipriano e passa a viver em Villa Aragón
Kate sente-se presa a Ramon e Cipriano, por mais que tenha perdido sua liberdade,
sente que destruiu o marasmo em sua existência. A atração de Cipriano é mais forte que
sua sensibilidade europeia, ela se sente desejada, mas não necessária. A necessidade, ela
percebe, é dela mesma, não de Cipriano.
Kate decide Ficar
21. & Interculturalidade
A americanização e seus efeitos na sociedade brasileira;
A americanização X Resistência cultural.
22. É válido ressaltar que devemos respeitar todas as pessoas e suas culturas e
religiões sem menosprezar, não somos obrigados a aceitar e ter o mesmo
conceito para nossas vidas. No entanto temos que não devemos julgar
nenhum indivíduo pela roupa que está vestindo tampouco julgar sua religião,
visto que a beleza é relativa, o que pode ser belo para mim, pode não ser para
outra pessoa. O mesmo acontece com os fatores religiosos e culturais.
23. A leitura de “A Serpente Emplumada” deve ser feita de forma cautelosa ao
ponto que a presença do discurso etnocêntrico e xenofóbico do autor e de
alguns personagens pode ser levada de forma tendenciosa pelo leitor. É um
livro com vários temas relevantes, a ser analisados e interpretados inclusive na
atualidade. Descritivo, místico, imaginativo e ao mesmo tempo
assustadoramente realista, consegue transportar o leitor para a exata
atmosfera que o autor se propõe. A jornada do herói, a busca por relevância e
aventura e o conflito pela perda da liberdade trazidos pela personagem Kate
Leslie, apesar de problemáticos, são interessantes e instigantes. Um livro
mágico.
24. LAWRENCE, D. H. A Serpente Emplumada. Tradução de Aurea Weisenberg.
São Paulo: Editora Campos, 1987.
CARDOSO, Ana Maria Leal. O mito da serpente em D. H. Lawrence.
Universidade Federal de Sergipe. Maringá, 2018.