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Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
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Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
O JB News saúda os Irmãos leitores de Florianópolis,
com visual de uma das 42 de suas belas praias (Imagem: Praia da Ilha do Campeche)
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.346 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 3 de março de 2017
Bloco 1-IrCharles Evaldo Boller – Educação na Maçonaria
Bloco 2-IrDiógenes de Sínope – Simbolismo na Franco-Maçonaria
Bloco 3-IrValdemar Sansão – O Sentido da Vida (Maçonaria em Gotas XXV)
Bloco 4-IrJorge Muniz Barreto – Duas Bruxas
Bloco 5-IrPedro Juk – Perguntas & Respostas (com doze respostas)
Bloco 6-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 3 de março e hoje com versos do Irmão e Poeta
Adilson Zotovici (São Paulo)
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 2/38
Ir Charles Evaldo Boller
Curitiba – PR –
Charleseb@terra.com.br
Textos extraídos de sua obra,
“Iluminação”
Educação na Maçonaria
(Com este artigo “Educação na Maçonaria”
finalizamos a publicação de todos os capítulos da
Obra “Iluminação” do Escritor e Irmão Charles Evaldo Boller)
O cidadão que bate na porta de um templo da Maçonaria em busca da luz, a
educação que leva à sabedoria, aguarda que a ordem maçônica possua um método de
ensino que o transformará em homem melhor do que já é. Isto é evidente na redação da
absoluta maioria das propostas de admissão.
Tempos depois, muitos não encontram este tesouro, desiludem-se e adormecem.
1 – Educação na Maçonaria
- Charles Evaldo Boller
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 3/38
Para estes, a almejada luz foi apenas um lampejo.
Longe de constituir falha do método maçônico de educação de construtores sociais a
rotatividade é devida principalmente a nestes cidadãos a luz não penetrar, isto porque eles
mesmos não o permitem.
A anomalia é consequência do condicionamento a que foram submetidos ao
confundirem educação com aquisição de conhecimentos na sociedade.
É comum não perceberem a sutil diferença entre os dois propósitos. Professor de
escola da sociedade ensina, transmite conhecimentos e não educa. São raros os
professores das escolas que mostram caminhos e motivam o livre pensamento, e mesmo
assim, isto ainda não constitui educação.
Em educação existe apenas o ato de educar-se, de receber luz de fora e sedimentar
em si novos conceitos, princípios e prática de virtudes. É impossível educar outra pessoa, a
não ser que esta, na prática de seu livre-arbítrio, consinta e se esforce em mudar a si
próprio.
No universo dos seres pensantes existe apenas a auto-educação.
Qualquer um só pode educar a si próprio.
Ao mestre maçom é dada a atribuição de ensinar.
Pelo modelo do mundo é de sua atribuição transmitir conhecimentos e pelo da
Maçonaria é induzir o educando a decidir qual caminho deseja seguir em sua jornada. O
método da ordem maçônica visa provocar cada um em descobrir seus próprios caminhos.
Ler em conjunto as instruções do ritual não faz do mestre um educador maçônico, mas um
professor que transmite conhecimento; ele não induz a luz, a educação da Maçonaria, a
almejada sabedoria, para tal, ele carece de uma longa jornada de autoformação.
O mestre que apenas dá instruções de forma mecânica não instrui, pois se comporta
a semelhança do modelo do mundo, onde os governos propiciam instrução e igrejas
conceitos de ação e moral.
Auxiliar alguém em mudar o rumo de sua jornada na presença do livre-arbítrio é
educação.
Romper a "couraça de aço" que envolve o intelecto do educando exige uma
expressão da arte mística.
É ilusão pensar que pelo fato do educando ver-se mergulhado numa sociedade de
homens bons, livres e de bons costumes, já seja o suficiente para fazer dele um homem
bom. Se ele não o desejar e não agir conforme, de nada adiantam os melhores mestres que
nunca obterá a sabedoria maçônica. Esta só penetra num homem se este o permitir. Por
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 4/38
mais que o mestre se esforce, ou possua proficiência num determinado tema, se o caminho
para dentro do educando não estiver aberto, isto não sedimentará e não se transformará
em educação. Se o recipiendário não abrir-se ao que lhe é transmitido, de nada vale o mais
habilidoso educador.
O mestre educador exerce apenas um impacto indireto, por uma espécie de indução;
um potencial que todos têm latentes em si de influenciar terceiros por um conjunto de
atividades intelectuais, afetivas e espirituais.
Para romper os bloqueios do educando o mestre deve encontrar-se primeiro, mudar-
se, e só então obterá a capacidade de induzir luz maçônica ao outro; de fazer o outro
mudar, momento em que, mente e coração do educando se abrem e ele mesmo passa a
efetuar mudança em si, exercendo seu potencial de auto-educação.
O aprendizado torna-se ainda mais eficiente quando as provocações provêm da ação
do grupo sobre o individuo - é o efeito tribal fixado profundamente na mente de cada
indivíduo desde os vetustos homens das cavernas - quando a maioria das barreiras e
bloqueios abre espaço para a auto-educação com o objetivo de obter aprovação do grupo.
Para despertar dentro do educando as potencialidades de seus dons, exige-se do
mestre obter conhecimento lato da natureza humana.
Para aprofundar-se no conhecimento das características humanas exige-se dele que
conheça antes a si mesmo, da forma a mais ampla possível - é a essência do "conhece-te a
ti mesmo", de Sócrates. Este autoconhecimento só aflora quando ele atinge a fase de auto-
realização em sua vida, o último estágio que um ser humano atinge depois de atender a
todas as demais necessidades, e que Abraham Maslow definiu para o indivíduo que
procura tornar-se aquilo "que os humanos podem ser, eles devem ser: eles devem ser
verdades à própria natureza delas".
É neste último patamar que se considera a pessoa coerente com aquilo que ela é na
realidade, de ser tudo o que é capaz de ser, de desenvolver seus potenciais. Só então é
possível ao mestre conhecer a natureza humana alheia, onde a educação passa a obter
característica de arte ao invés de ciência.
Note-se que educação maçônica, a luz, a sabedoria, não têm nada a ver com decorar
rituais, conhecer ritualística, ser uma enciclopédia ambulante; é uma arte que adquire
contornos mágicos quando os resultados aparecem e produzem bons frutos ao induzir os
outros a mudarem para melhor como edificadores sociais.
Enquanto a ciência pode ter tratamento intelectual com a transmissão de instruções, a
arte de educar da Maçonaria vai muito além e alcança intuição cósmica.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 5/38
Enquanto o talento analisa e é consciente, o gênio intui e vai muito além da
consciência, alcança o místico.
Abordagens técnicas não furam a couraça do livre-arbítrio do educando, mas a alma
da educação pode ser alcançada pela metafísica da arte de ensinar os caminhos para a luz.
É uma mistura equilibrada de conhecimento, emoção e espiritualidade. A educação
apresentará até contornos lúdicos na sua indução. Para isto exige-se do educador
maçônico a plenitude do autoconhecimento e da auto-realização. Tal personagem porta a
capacidade de induzir na mente do educando uma caminhada que o motiva em efetuar
mudanças em sua vida; não porque o mestre assim o determina, mas porque o educando
assim o deseja.
Quando o mestre adquire esta arte de atingir e motivar o educando pela auto-
educação, terá quebrado a barreira da indiferença do livre-arbítrio e o educando se modifica
porque ele assim o deseja. Com isto o mestre alcança a plenitude de sua atribuição.
É a razão do educador maçônico nunca ser definitivo em suas colocações e sempre
apresentar as verdades sob diversos ângulos, para que o educando possa escolher ele
próprio qual é o melhor caminho a seguir. É a razão de propiciar aos educandos a
possibilidade de debater num grupo, em família, os temas com que a Maçonaria os provoca
e eles mesmos definirem, cada uma a sua maneira, as suas próprias verdades.
É a razão de o mestre brincar com os pensamentos, propiciando emoção agradável,
conduzindo as provocações apenas na direção certa do tema e onde cada um define suas
próprias veredas.
Em todos os casos onde o educando sente-se livre para pensar e intuir ele derruba as
inexpugnáveis barreiras do livre-arbítrio que o impedem, em outras circunstâncias mais
rígidas e ritualísticas, de obter as suas próprias verdades pelos eternos ciclos de tese,
antítese e síntese.
Da mágica que se segue da absorção da luz pela auto-educação do educando é que
surge a razão do maçom nunca iniciar um trabalho sem invocar a fonte espiritual da arte de
educar à glória do Grande Arquiteto do Universo, a única fonte de luz da Maçonaria.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 6/38
Irmão Diógenes de Sínope
MM da Loja Salvador Alliende
Grande Oriente Lusitano
Lisboa - Portugal
SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
INTRODUÇÃO
Abordar o tema do Simbolismo é, provavelmente, o acto mais frequentemente
escrito em toda a Maçonaria representada no nosso Planeta. Os NN.’.QQ.’.IIr.’. fizeram-no
cientes da importância que os Símbolos têm na N.’.A.’.O.’. e de um modo sapiente e
apaixonado.
Traçando com a Régua da Verdade, com o Esquadro do Direito e o Compasso do
Dever o meu contributo será o de elaborar uma introdução sobre este tema do Simbolismo
que terá posteriormente desenvolvimento noutros traçados.
Dissertar sobre o que é e em que se fundamenta a Franco-Maçonaria é, tentador por
um lado mas seguramente difícil por outro pois desde os tempos primevos que muitos IIr.’.
se dedicaram a escalpelizar, analisar e sintetizar o que é um Símbolo.
Tentado e ciente do que me proponho começo, exactamente, pelos primórdios:
quando, como e porque surgiram os Símbolos?
Todos sabemos que as etapas da evolução humana foram: Australopitecos, Homo
Habilis (2,5 milhões de anos), Homo Erectus (1 milhão de anos) e Homo Sapiens (400000
de anos), cada uma delas caracterizada por especificidades que resumo: ao largar a
bipedia soltaram-se as mãos tornando-se estas os seus primeiros utensílios, a seguir, já
erecto e direito, utiliza os pés para a marcha deslocando-se para distâncias consideráveis
(de África para o resto do Mundo) e aperfeiçoa a sua habilidade de construir utensílios mais
elaborados (a pedra de 2 faces) cortando e colando (em linguagem moderna) e assim
descobre a construção, passa a dominar o fogo iniciando um interesse rústico pela estética,
sendo, portanto, desta forma que foram desenhados os primeiros Símbolos. Finalmente, e
estimulado pelo manuseamento dos utensílios, adquire a capacidade de percepcionar e
reflectir logo se juntando uma outra arma (a linguagem) que servirá para comunicar o que
tem a dizer. Em conjunto, linguagem e utilização de ferramentas, chegam rapidamente à
necessidade de elaborarem planos construtivos transformando os utensílios em Símbolos.
Comparemos, então, estas 3 fases da evolução humana com o progresso de
qualquer Franco-Maçom em todo o Universo: primeiro torna-se Aprendiz, e que faz o
neófito que não tem senão 3 anos? Aprende a Marchar, a dar passos (3 somente) em
direcção ao Sol com a mão esquerda na garganta não sabendo ainda falar, tendo que
2 – Simbolismo na Franco-Maçonaria - Introdução
Diógenes de Sínope
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 7/38
viajar, tombando, mas logo apoiado pelos Irmãos, assiste á iluminação das velas pois ainda
não domina o fogo e por fim dá-se-lhe a conhecer a reflexão – símbolos e mais símbolos.
Depois, para ter acesso à palavra torna-se Companheiro e para isso vai aprender a partilhar
manuseando melhor as ferramentas e, viajando, vai conhecer-se melhor e aos outros
Marchando já mais elaboradamente (5 passos) começando a explorar o mundo – símbolos
e mais símbolos. Finalmente, já Mestre, estará pronto para participar nas decisões
colectivas da Loja e onde será o arquitecto da construção de si manuseando com mestria o
que o Simbolismo lhe dá a significar, transmite e recebe acabando por fazer parte de um
verdadeiro organismo unido por uma vitalidade comum – símbolos e mais símbolos.
Percorrerei, a partir de agora, as duas fases porque passaram os utensílios até se
tornarem símbolos, a saber: 1-o utensílio como símbolo do poder; 2-quando o símbolo
ligou o homem ao divino.
1-nas sociedades arcaicas, moldava-se a pedra em forma de bengala e a mais
perfeita e possuidora de uma beleza extraordinária era transformada em símbolo do poder
que o chefe tribal exibia. Com a evolução, todos os regimes monárquicos e republicanos
começaram a criar símbolos através das matérias brutas utilizáveis e, a um outro nível do
poder, existem um sem número de objectos que a sociedade civil exibe como símbolos do
poder relativo: as jóias de adorno nas mulheres ou os sinais exteriores de riqueza.
2-nos mais antigos documentos, gravuras ou pinturas, encontram-se sempre
representações do homem ligado ao cosmos conseguindo-se indirectamente desvendar o
nível intelectual e moral dos primevos na sua relação com o firmamento. O Sagrado e o
profano são dois conceitos que, com grande frequência, se reencontram nos achados
arqueológicos antevendo como o homem, desde muito cedo, se preocupou com a realidade
transcendente susceptível de ser experienciada – definição mais comum do que é o
sagrado. Para nós, Francos-Maçons, o sagrado tem um significado que infere com «aquele
a que não foram franqueadas as portas do templo, ou seja, o profano». Também nos
relaciona com o G.’.A.’.D.’.U.’. que comporta um plano cósmico e um mestre executor
desse plano apesar de , hoje, a ciência apresentar os seus modelos do Universo verosímeis
e demonstráveis mas que não contemplam a reflexão e a meditação, estas sim, sagradas,
para que o Franco-Maçom seja o arquitecto de si mesmo. Não são os objectos em si que
são sagrados, antes a competência de quem os sabe manejar. O exemplo do Compasso
que tem como função traçar círculos mas se não for manejado por um obreiro que reflectiu
no que quer executar de nada servirá. Só com um plano a compreensão do objecto se
tornará Símbolo, e esta identificação do homem com a matéria é o ponto de partida para a
construção espiritual aprendendo a ligarmo-nos aos Cosmos ou à realidade transcendente.
É o que se passa connosco, é tornarmo-nos livres aprendendo, por passos, a dar prioridade
à cultura intelectual e moral sobre a biologia, e por isso temos a ajuda do ritual (conjunto de
símbolos) que nos incita a atingir o mundo sagrado pela compreensão dos Símbolos. Não
resisto a citar R. Garaudy que nos diz que qualquer acção é sagrada quando não nos deixa
intactos e nos introduz numa vida maior.
Postos estes considerandos posso, agora, perguntar o que é um Símbolo? No seu
sentido mais geral é, sem dúvida, a expressão figurada ou a imagem de uma ideia ou ainda
a forma tangível de algo impalpável. Mais restritamente parece-me ser o que um objecto
pode fazer perceber associando-o, sobre um outro plano (o espiritual) ao da sua função
primeira apelando a uma resposta mental que suscita uma emoção ou uma tomada de
consciência (por exemplo: a Abóbada do nosso Templo eleva-nos ao firmamento).
Etimologicamente é originária do Grego e significa «lançar ao mesmo tempo, em
comunidade», juntando os dois substantivos tornou-se no adjectivo Sumbolos significando o
que se reencontra e com o verbo Sumballein que quer dizer comparara ou aproximar,
chegou-se então à palavra Sumbolum que é um sinal de reconhecimento.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 8/38
Começa por preceder, nas sociedades primevas, a linguagem pois o homem
selvagem ainda não possuía a capacidade de abstracção tendo sido o Símbolo criado por
analogia (a imagem/metáfora) conseguindo exprimir as várias propriedades, quer dos
objectos quer a dos homens que os utilizavam e dos que os reapreciavam, logo, seguindo o
caminho mais curto para a comunicação entre eles. Ora, e à medida que a evolução da
humanidade decorria, os Símbolos não só foram sendo substituídos por uma linguagem
cada vez mais facilitada mas também começaram a ser mais elaborados uma vez que
passaram só a representar as ideias mais abstractas e não a comunicação comum. Assim,
houve necessidade de uma aprendizagem, exactamente uma iniciação, para que a
transmissão fosse correctamente assegurada. Eurásia, Egipto antigo, Mesopotâmia e
outras Civilizações e Culturas desenvolveram os seus próprios métodos (idem idem, aspas
aspas na história da Franco-Maçonaria) para tal chegando até à Era moderna, e na
N.’.A.’.O.’., seguem-se os Rituais que podem ser considerados como uma verdadeira Arte
de Memória bem exemplificada pelo Templo Maçónico que é uma síntese, quer dos
elementos que evocam o Templo de Salomão construído há 2500 anos quer das
monumentais catedrais construídas na Idade Média. Uma palavra final para os Mitos que na
Franco-Maçonaria estão intimamente associados à interpretação dos Símbolos e sendo
récitas alegóricas das antigas tradições estão aptos a mostrarem-nos o Caminho da Luz
que o Maçom mais deseja e persegue.
Nesta Era Contemporânea onde se pensa que tudo se sabe e se conhece parece-me
útil reflectir sobre o método simbólico e o conhecimento. Cito uma reflexão de Luc
Nefontaine no Seminário Science et Avenir em 1995 que afirma ter o Simbolismo o
principal papel na reconciliação entre religião e ciência, ou entre o espiritualismo e
materialismo ou ainda entre o irracional e pensamento lógico, concluindo que o Maçom que
se abra ao Símbolo ultrapassa a dualidade do pensamento do cérebro humano. Como
sabemos, este, divide-se em hemisfério direito e esquerdo, representando este último o
pensamento verbal, lógico e analítico e aquele primeiro o pensamento global, poético e
analógico, e se para um cientista a explicação do universo repousa nos átomos, suas
partículas e respectivas forças, e se para um religioso a explicação é arbitrariamente deísta,
o Maçom tem o dever de se elevar a esta dicotomia, pois, para ele, o simbolismo
maçónico é a tradução sensível das verdades abstractas, não deixando por isso de estar
informado e esclarecido sobre os mecanismos explicativos e antagónicos do Universo.
Como escreveu Schopenhauer, o pensamento morreu no momento em que se encerrou
nas palavras, ou seja, é pensar sem palavras (música, imagens não descritíveis),
característica do hemisfério cerebral direito que permite a apreensão intuitiva e mística (os
mestres da Civilização Indiana referiam-se a eles como o cérebro solar e lunar) ao contrário
do esquerdo que é verbal, sequencial e temporal. Em conjunto permitem-nos tirar
conclusões antes de as experienciarmos, meditando. É neste hemisfério direito que se faz a
aprendizagem dos Símbolos, a chamada compreensão silenciosa. No Templo, local
sagrado onde se reúnem os Maçons, há um exemplo deste simbolismo que a anatomia
cerebral nos mostra a Oriente expressado: o Sol, a Lua e o Delta Luminoso que será
interpretado como o corpo caloso que une os dois hemisférios para que se aprenda, de
forma elevada, o Conhecimento do Caminho da Luz.
Para concluir este Traçado resta-me fazer a descrição, a mais generalizada possível,
dos diferentes Símbolos da Franco-Maçonaria. São diversos e numerosos mas podem ser
agrupados sem que a lista seja exaustiva. São eles: os objectos e imagens; os gestos;
as palavras; os mitos; os sons fragmentados; os rituais;
Começo pelos objectos e imagens e deparar-se-á de imediato o 1º símbolo – o
Templo e a sua arquitectura simbólica. Tem uma orientação Ocidente/Oriente como as
Catedrais da Idade Média, é constituída por 3 partes e a disposição dos objectos segue a
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das tradições antigas, a saber, a porta de entrada a Ocidente com as Colunas J e B, a parte
central com os 3 Pilares, o Tapete de Loja e o Pavimento Mosaico e finalmente o lugar dos
Testamentos a Oriente onde se decide e orienta a prática maçónica. Depois, uma série de
objectos em que cada um cumpre um significado particular desde as ferramentas
(Esquadro, Compasso, Régua, Fio de Prumo, Cinzel, Maço, Corda de 12 Nós, Espadas e
Pedras) passando pelas figuras geométricas (Pedra Cúbica, Estrela Flamejante de 5
pontas), pelos vegetais (Romã, Acácia, Loureiro, Oliveira) e até animais que não existem
nas Lojas Azuis mas presentes nas Lojas de Perfeição.
A seguir os gestos que, ritualizados, são Símbolos que obedecem a uma certa
ordem e ritmo (as atitudes corporais ao falar ou saudar, o Abrir e o Encerrar os Trabalhos,
os Passos, a Entrada e a Saída, a Deambulação, a Dança Caótica da 1ª viagem, os Golpes
na porta de entrada e os Toques específicos de cada Grau de Instrução) permitindo que
nos identifiquemos e se ordene a marcha dos Trabalhos.
Nas Posturas estão enquadrados os Sinais e as Saudações, nos Sons os Golpes do
Malhete específicos com o seu ritmo próprio, os Golpes de estalar os dedos em sinal de
assentimento e a música, e, finalmente as Palavras de Passe que se encontram desde o
1º ao 33º Grau para serem desencriptadas constituindo enigmas que recordam as palavras
trocadas entre Hiram e o Rei Salomão.
Contudo, não queria terminar este Traçado sem lembrar, por um lado uma velha
máxima da Franco-Maçonaria que nos ensina que as funções a que os Mestres são
investidos não lhes conferem um novo Grau nem modificam o Grau que já possuem, e por
outro lado as palavras de Marcel Proust que dizem: «o papel do ensino (livresco ou
simbólico) é, à vez, essencial e limitado, ou seja, a leitura e o estudo são a antecâmara da
vida espiritual: tanto nos podem introduzir como afastar e, sobretudo, não constituem nunca
a própria vida espiritual». Com efeito, os Símbolos são um meio de aceder ao
conhecimento iniciático, entendendo-os cada qual segundo as suas possibilidades de
compreensão e as suas capacidades de realização interior, sendo aqui, na influência
espiritual, que os Ritos e Símbolos serão os veículos do Segredo Maçónico, logo,
intransmissíveis e inexprimíveis só pelo conhecimento livresco.
Penso que já posso terminar com uma das muitas definições escritas na literatura do
que é o Simbolismo: é o modo de expressão das verdades transcendentais que não são
exprimíveis pela linguagem corrente, e estudando e identificando-nos com os Símbolos
recordo F. Nietzsche que nos pedia para imprimirmos na nossa vida o selo da eternidade,
como bem simboliza a morte e a ressurreição de Hiram que devemos praticar todos os dias
e não esperar pela morte biológica.
Diógenes de Sínope M.’.M.’.
R.’.L.’. Salvador Allende
G.’.O.’.L.’.
Bibliographia
-Oswald Wirth - “La Franc-Maçonnerie Rendu Intelligible à Ses Adeptes, Tome I et II et III”
-Irène Mainguy- “La Symbolique Maçonnique du Troisième Millénaire”
-Jules Boucher – “La Symbolique Maçonnique”, Éditions Devry
-Les Cahiers de la Franc-Maçonnerie nº7- Qu’Est-Ce Qu’Un Rituel ? Éditions Oxus
-Les Cahiers de la Franc-Maçonnerie nº8- Qu’Est-Ce Qu’Un Symbole ? Éditions Oxus
-José Marti M:.M:.-“Uma Síntese da Simbologia Maçónica”
-I CONFERÊNCIA GRAAL, Estrutura, Conteúdo e Simbolismo
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MENSAGEM DO DIA – MAÇONARIA EM GOTAS (XXV)
Valdemar Sansão
Dia 28 de fevereiro
O SENTIDO DA VIDA!
Quanto mais você praticar ser um bom Maçom, melhor homem você será!
O Maçom na sociedade atual - Nossa Ordem tem
sistematicamente, através dos tempos, oferecido aos seus membros
oportunidades de evolução pessoal, para que se transformem numa
poderosa força do bem, como influentes construtores sociais.
Muitas tentativas foram feitas, e a história nos diz, - muitas,
infrutíferas -devido aos que têm por princípio a intolerância religiosa.
Para que homens sinceros se prepararem para o serviço na
sociedade, segundo os princípios das tradições iniciáticas, e com a
participação do homem Maçom, haverá uma correção dos
profundos erros políticos e sociais, para a defesa da liberdade de
consciência, da justiça e da verdade, seja ela qual for.
Há liberdade de ação, prevista pela Constituição, mas há
dificuldades múltiplas na prática de nossas manifestações, sobre
nossa Instituição, e em parte pela falta de objetividade de ação.
Não é novidade para ninguém, que a elite brasileira não é muito
sensível às preocupações gerais do nosso País. Se considerarmos que nosso País ainda
luta contra suas deficiências básicas, tais como educação, moradia, saúde, saneamento
básico, segurança e etc. O interessante é que muitos falam e poucos assumem, e nós
Maçons, de tantos passados históricos, somos apontados em muitas ocasiões como a
esperança moral do povo.
Quem somos? - Somos um grupo de homens, cuja decisão sobre o que discutimos, e
sobre o que precisamos na sociedade, não tem, muitas vezes atravessado a rua em que se
encontra a nossa Loja! Infelizmente esta afirmativa não é exagerada. Muitas vezes dentro de
nossos Templos somos “combativos”, “verdadeiras feras” em defesa do bem, do menor, da
democracia, dos princípios basilares, reclamamos do governo, da corrupção, da sociedade e
de tantas outras necessidades do homem no mundo atual. Nestes aspectos, sem dúvidas,
fala-se muito e se faz pouco! É claro que entendemos que este comportamento é uma
função quase que direta das circunstâncias da precária vida e da formação do homem na
época atual, mas continuo entendendo que o Maçom, ainda não é vítima e nem poderia ser
satisfatoriamente privilegiado...
Seria interessante sabermos o que o Maçom pode verdadeiramente fazer na sociedade
atual e diante dela. Para isto, nossa luz deve brilhar de dentro para fora. Procuremos
manifestar a todos a luz interior que vibra em nós, através de nossos atos e de palavras de
3 – O Sentido da Vida – Maçonaria em Gotas (XXV)
Valdemar Sansão
Ir∴ Valdemar Sansão
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 11/38
incentivo, com um sorriso de entusiasmo e de encorajamento, com exemplos de Fé e de
Otimismo. Se alguém não nos compreender, perdoemos, e sigamos em frente! Não
guardemos em nossos corações mágoas e ressentimentos, medo e tristeza. Quantos
esperam dos maçons, apoio, compreensão e carinho!
Estas questões aparentemente simples são amplas e podem ser encaradas sob vários
aspectos, mas, dois são básicos: Nós Maçons somos hoje um grupo de homens espalhados
pelo País, com princípios bem definidos pelos nossos Rituais, mas com regras não
totalmente bem definidas pela nossa Constituição e Regulamentos, com decisões sem muita
repercussão, fora de nossos Templos. Cumprimos as obrigações perante nossas
Obediências e Lojas? Juramos isto!
Entendemos e com o tempo a passar aprendemos serem nossos Templos um desafio à
nossa responsabilidade e a filosofia é a luz que ultrapassa as barreiras físicas e mentais por
nós conhecidas. É a luz que nos mostra no céu as estrelas que nos orientam nos dando
acesso ao conhecimento e à vida de um modo geral, e é a luz que consolida o nosso
passado, levando-nos a pensar no futuro, confiando, sobretudo n’Aquele que nos fortalece e
vivifica.
Sob este aspecto, entendemos que o Maçom não só é privilegiado como brilhante, e até
muitas vezes convencido da necessidade de um aperfeiçoamento. A finalidade da vida
consiste em adquirirem-se conhecimentos. No entanto, só quando a velhice nos prateia os
cabelos e nossos membros se sentem alquebrados é que compreendemos essa verdade.
O que fazemos? - O Maçom é privilegiado sim, porque assume com estes programas um
compromisso com a liberdade intelectual e espiritual do homem, cujo limite, sabemos, é o
infinito...
Assim, à sombra deste privilégio, e à frente dos nossos olhos, vários caminhos podem ser
tomados diante da sociedade em que vivemos; a questão é: qual tomar?
É bem conhecido que a Maçonaria não cultua o poder, notadamente o poder político, e
muito menos o corteja, mas tem a obrigação de preparar seus membros para que exerçam
dignamente o poder quando convocados para servir a sociedade. A questão é como encarar
a sociedade com conceitos e princípios que defendemos...
Faz parte do nosso convívio como homens de bem, oferecer o direito de cobrar dos que
se encontram no poder, posições de competência, austeridade, sensatez e moralidade.
A sociedade atual muito pouco sabe sobre nossos propósitos, e reluta muitas vezes em
aceitar nossa Sublime Instituição. Nossa grande preocupação é que se tratando de política
partidária, nós mesmos duvidamos de nossas atuações e de nossa eficácia.
Maçons ou não, estamos cercados de vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente
de falta de humildade, que nos assolam em todos os momentos de nossa vida,
reverenciando o mal.
Nós escolhemos nossos caminhos e nossa Ordem, por vontade própria e sem
constrangimento ou coação. Se não tivermos consciência do que queremos poderemos
livremente pedir o “quite-placet” e procurar realização em outro lugar.
O que precisamos - é nos aproximar da sociedade profana; caminharmos até ela,
convivermos com suas dificuldades, seus prazeres, com sua sabedoria e com sua
ignorância. Isto é difícil, mais para a Maçonaria, sociedade repleta de princípios bem
definidos, e com a vontade de fazer, e fazendo o melhor, pode tornar-se viável.
Muitas vezes, o Maçom é brilhante, bem preparado, repleto de conhecimentos e boas
intenções, mas é tímido e se envergonha de chegar à sociedade, e oferecer algo em favor
dos outros. Se formos ao encontro dos reais objetivos de nossa Ordem, e deixarmos de
justificar nossos melindres e preconceitos mais fortes, e provermos as necessidades do
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Irmão, naquilo que lhe der oportunidade de criar e lhe der liberdade de pensamento e ação,
já estaremos próximos do cumprimento de nossas obrigações. Entre as quais destacamos o
papel de manter e formar o homem do bem! Vamos a eles! Podemos contar com o seu apoio
e o nosso nunca lhes faltará.
Favorecer o ser humano, com base no amor ao próximo, amor fraterno, demonstra acima
de tudo a compreensão pura e simples da prevalência do espírito sobre a matéria.
O sentido da vida - Chegamos a conclusão de que temos que nos unir e trabalhar juntos,
e que não adianta nos lamentarmos levantando protestos dentro dos nossos Templos contra
os erros da sociedade de hoje, que, aliás, são muitos. O que temos que fazer é trabalhar
para o bem, até mesmo numa tentativa frenética de erguermos a moral de nosso povo, hoje
abatido, infeliz e sem muitas perspectivas sólidas para o futuro.
Não nos permite o mundo atual, ficarmos encerrados em nossos Templos, fazendo juras
de fidelidade, num circuito fechado, inconsistente. Temos que participar. Afinal, não somos
uma obra exclusiva de nosso tempo, e sim de muitas épocas, e por esta razão somos
responsáveis pelo que mantemos. Temos que nos aproximar da sociedade e não nos
afastarmos dos seus problemas, quebrando o antigo tabu da falta de aproximação e do
diálogo. É chegado o momento de definirmos uma boa razão para vivermos e até mesmo de
pertencermos à Maçonaria.
Conclusão – O Maçom tem sempre que levar aos seus arredores mais próximos seus
conhecimentos, que em média são muito superiores que os da grande maioria deste povo
brasileiro sofrido, muitas vezes por falta de oportunidade e em grande parte desprovido de
princípios. Ele tende aprender a se conhecer, e a aceitar a si e as suas emoções, suas
qualidades, suas deficiências, a fim de construir e desenvolver. Esqueçamos nossas
desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos unamos em
torno do bem e da tolerância. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado,
desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que se
praticou. Respeite o próximo e ajude sempre, mas em silêncio, porque o Pai, que vê no
segredo, o recompensará muito mais do que o reconhecimento público que tiverem seus
atos. Este é o SENTIDO DA VIDA!
P.S.- É difícil saber enumerar a influência da Maçonaria Moderna em todos os aspectos da vida ocidental
nos últimos 300 (trezentos) anos (1717 – 2017), seja essa influência, política ou cultural. Louvada seja sempre
a Maçonaria que nos fez Irmãos!
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Ir Jorge Muniz Barreto, MI
ARLS Lealdade 3058, Rito Moderno, GOB-SC
ARLS Delta Brasileiro3691, Rito Brasileiro, GOB-SC
Quatour Coronati Lodge nº 2076 da UGLE (Membro Correspondente)
muniz.barreto@gmail.com
Duas Bruxas
Em uma aldeia celta havia duas Bruxas. Uma era uma Bruxa Feminista e a outra uma
Tradicionalista. E, apesar de ambas serem profundamente religiosas, elas tinham idéias
bem diferentes sobre o que a religião significava para cada uma. A Bruxa feminista
acreditava que a Bruxaria era uma religião que se adaptava especialmente às mulheres
porque a imagem da Deusa era uma arma poderosa e forte contra a tirania patriarcal. E
havia uma desconfiança no coração da Bruxa feminista em relação à Bruxa
tradicionalista pois, a partir da perspectiva feminista, a Bruxa tradicionalista parecia
subversiva e uma ameaça à Causa feminista.
A Bruxa tradicionalista acreditava que a Bruxaria era uma religião de homens e
mulheres e que não devia haver divisão. E mesmo a Deusa sendo louvada, deveria se
tomar cuidado de incluir a força do Deus em igualdade de condições. E havia uma
desconfiança no coração da Bruxa tradicionalista em relação à Bruxa feminista pois, a
partir da perspectiva tradicionalista, a Bruxa feminista parecia uma ameaça à Tradição.
Ambas as bruxas viviam na mesma comunidade, mas pertenciam a covens1
diferentes.
Algumas vezes uma bruxa de um coven visita um coven diferente, mas isto pode ser
raro. Pertencendo a covens diferentes, elas não se encontravam com frequência.
Estranhamente, entretanto, nas poucas vezes em que se encontraram, elas sentiram
uma forte atração uma pela outra. Nos seus íntimos elas gostariam de ser amigas,
compartilhar experiências, enfim evoluir como dois seres humanos reais. Mas ambas
reconheciam que esta atração era uma tolice uma vez que suas ideologias estavam a
mundos de distância, e nada, ao que parecia, poderia, um dia, criar uma ponte entre
elas.
Então, um dia, a comunidade decidiu unir todos os covens num grande ritual conjunto.
Depois dos rituais, da Magia, das danças, dos festejos, todos se recolheram para suas
barracas e sacos de dormir. Todos menos aquelas duas, pois elas estavam
1 Na filosofia wicciana, um coven é um grupo que se reune frequentemente para estudo.
4 – Duas Bruxas
Jorge Muniz Barreto
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preocupadas com suas diferenças e não conseguiam dormir. Elas permaneceram
sentadas perto da fogueira enquanto todo mundo dormia. E depois de algum tempo,
elas começaram a conversar sobre as diferentes formas pelas quais viam a Deusa. E
como ambas eram Bruxas relativamente inexperientes, elas logo começaram a discutir
sobre qual seria a “verdadeira” imagem da Deusa.
-Descreva para min a sua imagem da Deusa, pediu a Bruxa feminista.
A Bruxa tradicionalista sorriu e disse numa voz cavernosa, sensual:
-Ela é a personificação de todo o amor. A plenitude da beleza feminina. Eu a vejo com
cabelos louro-prateados como a luz da Lua, sedosos e fartos, caindo ao redor de seus
ombros. Ela tem o corpo jovem de uma donzela e suas vestes são feitas de vento para
que suas formas arredondadas, balançando suavemente ao redor do seu corpo a
tornem mais sedutora. Eu a vejo dançando à luz da Lua como uma ninfa. E ela chama
seu amado, o Deus Cornudo, de braços abertos mostrando seios rígidos, com uma voz
que é suave, doce e gentil, tão musical quanto um sino de prata. Ela é como Afrodite a
deusa do amor sensual. Ela é Parvati despertando a libido de seu Shiva na noite de seu
casamento. E seu amado vem em resposta ao chamado dela pois ela deve formar com
ele o ovo cósmico, origem da vida e se tornar a Grande Mãe. Assim eu a vejo.
A Bruxa feminista riu e disse,
-Sua Deusa é uma Barbie cósmica! O arquetipo Jungiano de uma líder de torcida! Ela é
toda brilho e nenhuma substância. Onde está o poder dela? Sua força?
-Eu vejo a Deusa de uma forma bem diferente. Para min, ela é a personificação de toda
a força, coragem e sabedoria. Um símbolo vivo do poder coletivo de todas as mulheres
do mundo.
-Eu a vejo com o cabelo tão negro quanto a noite, mantido curto para ser fácil de cuidar
no campo de batalha. Ela tem o corpo musculoso de uma mulher no pico de sua saúde
e forma física. E suas vestes são práticas e simples, nada de um vestido de festa. Ela
não pinta seu rosto, ou perfuma seus cabelos, ou depila suas pernas para satisfazer a
vaidade masculina.
-Ela não realiza danças pornográficas para atrair um homem, quando ela chama um
companheiro, sua voz é forte e confiante. Ela é Artemis, a caçadora, e é fatal para
qualquer homem lançar olhares em sua direção. Pois, apesar dela ser a Mãe de muitos
ela é também a Anciã da sabedoria, que destrói a velha ordem. “assim que eu vejo a
Deusa.”
Agora foi a vez da Bruxa tradicionalista rir e dizer,
-“Sua Deusa é a antítese do feminino! Ela é uma espécie de Yahweh escondido atrás de
uma máscara feminina! Não se esqueça de que foram os seguidores dele que
queimaram Bruxas pelo “pecado” de pintar os rostos. Afinal, foram as Bruxas com seu
conhecimento de ervas que descobriram a arte dos cosméticos e de cunho prático, dos
remédios que curam pessoas doentes. Onde está a beleza dela? E o amor e o desejo?”
E assim a discussão prosseguiu, até que o som das vozes alteradas despertou uma
anciã de um dos covens que estava dormindo por perto. A Anciã olhou de uma para a
outra por alguns instantes sem dizer nada. Então ela sugeriu que ambas fossem
separadas para a floresta e lá, através da meditação e da magia, procurassem Ter uma
visão “verdadeira” da Deusa. E lá se foram elas. Sem perceberem entraram no templo
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de Shiva, o Deus da Natureza e do Amor. Depois de alguns momentos de invocações,
houve um instante de profunda quietude. E então, um feixe de luz brilhante pode ser
visto em meio ao verde escuro da floresta e ambas as bruxas correram na direção dessa
luz.
Para seu espanto e admiração, elas descobriram que a Deusa tinha aparecido em uma
clareira bem entre as duas, de modo que nenhuma podia ver a outra. E a Bruxa
tradicionalista gritou:
-Veja, é como eu te disse.
E a Bruxa feminista gritou:
-Como eu te falei!.
E nenhuma delas ouviu a outra. Para a bruxa feminista a Deusa parecia a matriz de toda
a força e poder, com sua coragem e energia fluindo ao seu redor. A Deusa parecia
erguer seus braços para receber a Bruxa feminista como se recebe um camarada de
armas.
Para a bruxa tradicionalista ela parecia ser o máximo da beleza feminina, cantando a
canção de sedução de uma sereia. Energia parecia fluir ao redor dela. E ela ergueu
seus braços para a bruxa tradicionalista como um convite.
Dos lados opostos da clareira, as Bruxas correram na direção da figura da Deusa que
ambas amavam tanto, desejando sentir o êxtase do abraço divino. Mas pouco antes
delas a alcançarem, a aparição desapareceu. E as duas Bruxas se assustaram ao se
encontrarem abraçadas uma à outra.
E então ambas ouviram a voz da Deusa. E, por incrível que pareça, essa voz teve
exatamente o mesmo som para ambas. O som de uma risada de Maya, o espírito da
ilusão das aparências.
Referencia: O texto foi extraído do livro Shivaismo, religião do amor e da Natureza, do
autor, em fase de conclusão. É para ser enviado gratuitamente aos interessados,
bastando enviar mensagem solicitando à muniz.barreto@gmail.com.
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Este Bloco é produzido
pelo Irmão Pedro Juk.
Neste Bloco seguem doze Respostas:
1 – Dúvidas Ritualísticas:
Em 28/09/2016 o Respeitável Irmão Evandro Ubiratã Garcez Domingues, Loja Acácia Vitoriense,
REAA, GORGS (COMAB) e da Loja de Perfeição José Almeida dos Santos, SCRS, Oriente de Santa
Vitória do Palmar, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para as dúvidas seguintes:
evandrosvp@terra.com.br
Recorro aos vossos conhecimentos maçônicos, por não haver encontrado literatura que me
esclarecesse, e minha consulta ao Supremo Conselho do RS, ainda não teve resposta (!?).
Assim, formulo três questões ao distinto irmão:
1 - No simbolismo, a bateria no 1º e 2º graus é realizada de maneira sonora (palmas), já no 3º
grau, executa-se a bateria de forma surda (bate-se no antebraço, devido ao luto pela morte de
Hiram). E nos Altos Graus, como deve ser a bateria? Por quê?
2 - Na formação da Cadeia de União, os pés devem ser unidos pelos calcanhares, unindo-se as
pontas dos pés aos outros irmãos, as mãos são unidas, cruzando-se os braços (o direito por
sobre o esquerdo). Mas já vi cadeias de união sendo realizadas com os irmãos dando-se as
mãos, com os braços esticados para baixo, ao longo do corpo. Qual é o mais correto? Por quê?
3 - Nos Altos Graus, os irmãos devem usar os paramentos do grau em que se realiza a sessão,
ou cada irmão deve usar os paramentos do grau em que está colado? Por quê?
CONSIDERAÇÕES.
1 – A Câmara do Meio representa a alegoria da morte do Mestre. Em síntese os operários
consternados expressam a sua dor e angústia pelo acontecimento.
A Lenda do Terceiro Grau encerra as três etapas da vida humana – intuição, análise e
síntese. Resumindo a dor pela perda do Mestre, a bateria em surdina denota o símbolo de
respeito intrínseco a esse teatro simbólico.
Além disso, os três graus simbólicos conferem ao iniciado a capacidade de autodomínio
sublimado pelo controle sobre si mesmo e das suas paixões, o que se resume em conhecimento
interior – conhece-te a ti mesmo (Sócrates).
5 – Perguntas & Respostas
Pedro Juk
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De tudo, essa representação simbólica está na morte e no renascimento (o assassinado e o
reencontro da Palavra). Sob esse prisma, o teatro simbólico da Lenda se encerra com o
renascimento do Mestre, o que em linhas gerais, após ser revivida a sabedoria (Exaltação)
encerra-se o luto (consternação).
Já no que diz respeito aos graus do 4º ao 18º, sua aplicação doutrinária está na saída do
campo restrito de conteúdo humano para o conhecimento cósmico, o que em linhas gerais trata
da identificação do Homem com o Universo pela aplicação da virtude da solidariedade e do
amor. Nesse campo de estudo e aperfeiçoamento, ao contrário do anterior (simbolismo), não
existe menção específica sobre consternação e dor, senão alguns em aspectos decorativos de
algumas câmaras que lembram discretamente Hiran Abif.
Em se tratando dos graus do 19º ao 30º, estes norteiam o caminho da realização do
Homem, ajustando-o com tudo aquilo que existe no Universo (o Homem como parte da
Natureza). É por essa concepção que o 30º grau exprime toda a síntese iniciática proposta pelo
escocesismo, o que lhe traz inquestionavelmente uma grande importância doutrinária. Assim,
do mesmo modo, também essa a liturgia não trata especificamente de nenhuma consternação
pela perda de alguém. Em síntese, nessa etapa não existe a individualidade do luto.
Por fim, os demais graus, do 31º ao 33º não cabem comentários nesse sentido por serem
meramente administrativos.
Deixando o significado esotérico, os graus escoceses também mostram na sua maioria
uma sequência histórica do povo hebreu, que vai desde a construção do primeiro Templo, o de
Jerusalém, também conhecido como o de Salomão, até o advento do cristianismo e a destruição
total do terceiro Templo (o de Herodes) e da cidade de Jerusalém, no ano 70 da era atual.
Em síntese, esse mosaico doutrinário e histórico do Rito mostra que os seus graus
simbólicos e textos iniciáticos relacionam-se à construção do primeiro Templo, o de Jerusalém,
cujos princípios maçônicos mencionam que a sua construção teria sido dirigida pelo artífice
fenício Hiran Abif, enviado a Salomão pelo rei Hiram, da cidade fenícia de Tiro (os fenícios eram
semitas tais como os hebreus).
É bem verdade que esse fato não possui nenhuma sustentação histórica, senão uma
conotação lendária, já que Hiran Abif era, segundo a Bíblia, um entalhador de metais que teria
sido responsável pela decoração das colunas do Templo, do Mar de Bronze e do Altar dos
Holocaustos.
A despeito dessas assertivas, a lenda maçônica no intuído de coaduna-la com a mensagem
doutrinária proposta, mostra simbolicamente Hiran como o construtor do Templo e que o
mesmo dividiu os seus auxiliares em três categorias de conformidade com a habilidade e
conhecimento de cada um, dando-lhes assim, numa autêntica lição de sociologia, a
oportunidade conforme os seus méritos a ascender na escala iniciática.
Sob essa óptica, a exposição lendária mostra também o assassinado do Mestre Hiran por
três maus Companheiros que, sem qualificação e tempo de trabalho, queriam chegar ao
mestrado. Assim, o grau de Mestre especificamente se desenvolve em torno desse assassinato,
a despeito de que muitos dos graus posteriores se desenvolvam também ao redor da busca da
Palavra Perdida e na vingança dos Obreiros pela perda de tão venerável Mestre, já que
sinteticamente a liturgia desse compêndio se suporta na posse do conhecimento relativo ao
segredo da arte de construir o Templo (espiritual e material) que estivera com Hiran Abif. Nesse
sentido, até o Terceiro Grau, menciona-se a alegoria do luto e da consternação pela enorme
tragédia que se abateu com o suplício do Mestre.
A partir daí, a história hebraica inserida nos graus até o 19º se desenvolve mostrando o
final da construção do primeiro Templo, o exílio na Babilônia após a sua destruição, a libertação
e o retorno à Palestina, a construção do segundo Templo (Zorobabel), o cristianismo, a
destruição do terceiro Templo e de Jerusalém e, finalmente, segundo a doutrina maçônica, o
aparecimento da Jerusalém Celeste em lugar da terrestre que se encontrava em ruínas.
Esse ciclo doutrinário, da Perfeição e do Capítulo, é posterior ao luto pela ausência do
Mestre assassinado. As alusões feitas a ele (Hiran) são pela busca da Palavra e pela pena
capital aos assassinos, nunca agora pela consternação.
Por fim os graus seguintes (Kadosh) são de inspiração templária, embora possua também
acentuada influência hebraica, o que pode ser constatado na decoração das câmaras, nas
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Palavras e nos títulos dos Oficiais. Em especial, nenhum deles trata diretamente da morte de
Hiran Abif e a respectiva expiação.
Dada a essa breve exposição, genuinamente se pode constatar que a bateria surda (de
luto) é própria do Terceiro Grau (simbolismo), já que nele se trata diretamente da encenação da
Lenda de Hiran com a personificação do personagem principal da Exaltação ao Grau de Mestre.
Embora como demonstrado, os demais graus subsequentes (filosóficos) até façam às
vezes alusão ao fato lendário, neles não há uma demonstração literal pela angústia do luto,
senão pela vingança e pela procura do segredo perdido da Arte de Construir (Palavra Perdida).
Assim, por essa exposição, a bateria surda genuinamente só acontece no Grau de Mestre,
embora não nos caiba contestar o fato se porventura existirem ainda rituais equivocados de
alguns Supremos Conselhos que venham mencionar práticas antagônicas. Quando se perscruta
os graus escoceses de Perfeição, Capitular ou de Kadosh, há que se observar o contexto geral
de cada um desses grupos doutrinários e não especificamente um único grau propriamente
dito.
2 – A Cadeia de União e o sua forma de execução depende do arcabouço doutrinário
específico do Rito praticado.
No caso do simbolismo do REAA, tradicionalmente a Cadeia somente existe para a
Transmissão da Palavra Semestral e nela não existem preces, orações, pedidos e outras coisas
do gênero.
No escocesismo na composição da Cadeia de União verdadeiramente não existe essa tal
união com as pontas dos pés. Isso é prática de outro Rito, não do Escocês Antigo e Aceito. No
Rito em questão, quando da formação da Cadeia, os Irmãos dão-se as mãos cruzando os braços
(o direito sobre o esquerdo) formando um círculo ao centro do Ocidente e em Loja fechada. Na
Cadeia somente participam Irmãos do Quadro da Loja. Visitantes dela não tomam parte. Daí o
costume de primeiro se encerrar a Sessão (os visitantes se retiram) para que os Irmãos do
Quadro a executem.
Ratificando, outros formatos e métodos de execução dependem de qual Rito em que a
Cadeia será realizada.
Essas considerações não têm objetivo de contradizer qualquer ritual legalmente aprovado
e em vigência, porém os apontamentos objetivam mencionar aquilo que é puro e verdadeiro no
genuíno REAA.
3 – Quanto aos aventais, isso é muito relativo e depende das orientações do Supremo
Conselho relativo. Obviamente que os aventais são usados de acordo com o grau em que o
Irmão estiver colado. Genericamente, tanto na Perfeição como no Capítulo ou no Kadosh cada
qual deveria usar os paramentos relativos ao seu grau, destacando-se principalmente o
Athersata do Capítulo que geralmente usa o avental do 18º grau e do Presidente do Conselho de
Kadosh que usa o avental do 30º grau. Para o Consistório e Supremo Conselho, cada qual usa
os paramentos a eles relativos.
Cabe aqui uma observação pertinente: qualquer paramento relativo aos graus ditos
filosóficos é privativo das escolas de Perfeição, Capitular, Kadosh, Consistório e Supremo
Conselho. Em Loja simbólica, usam-se apenas e tão somente os paramentos relativos ao
simbolismo.
Concluindo essas considerações, procurei no primeiro tópico dissertar um pouco sobre a
qualidade e finalidade dos grupos de graus que compõem o escocesismo. A intenção não foi a
da prolixidade, todavia para que o consulente possa, a partir daí, tirar as suas próprias
conclusões relativas à questão, sobretudo pela constante de que muito pouco se obtém como
suporte por parte dos ditos Altos Corpos e Supremos Conselhos quando se trata de cultura e
instrução sérias. Deixo ainda a sugestão para consulta bibliográfica à obra de José Castellani –
Rito Escocês Antigo e Aceito, História Doutrina e Prática, Editora A Trolha, obra essa que detém
um esplêndido roteiro bibliográfico para pesquisa. Sugiro também autores como Paul Naudon,
Alec Mellor, Lionel Vibert, dentre outros autênticos e confiáveis.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
NOV/2016
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2 – Circulação Esquadria e Marcha:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP-
GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de São Paulo, formula as questões abaixo:
itaircamargo@ig.com.br
Aqui estou mais uma vez para explorar o seu conhecimento e sua boa vontade em atender a
todos os Irmãos que o procuram.
1 - Na página 42 do REAA, no que se refere à circulação em Loja, diz-se que a Saudação
Maçônica é realizada apenas ao Venerável Mestre e se estiver portando objeto de trabalho, faz-
se uma parada rápida e formal. E na entrada e saída do Templo também a Saudação Maçônica e
feita ao Venerável Mestre e aos Irmãos 1º e 2º Vigilantes. No Oriente não há padronização de
circulação. A pergunta então é: na passagem de uma coluna do Norte para a coluna do Sul deve
se fazer a Saudação Maçônica ou uma parada rápida e formal para o Venerável Mestre, ou
também não há padronização de circulação, sendo livre e como já dito, apenas na entrada e
saída do oriente e do Templo?
É porque vejo acontecer em diversas Lojas mesmo do GOB, o Irmão fazer a parada formal ao
passar para outra Coluna e ou mesmo fazer o Sinal de Saudação ao Venerável Mestre.
2 - O Irmão Aprendiz e ou outro Irmão estando entre Colunas, qual é o ângulo de abertura que
deve formar os pés estando juntos quando estiver apresentando um trabalho (leitura de um
texto)? Isto porque uns dizem ser 90º e outros dizem ser 60º.
3 - A Marcha do Aprendiz se dá com o Sinal de Ordem dando um passo a frente com o pé
esquerdo e arrastando o pé direito junto ao pé direito por 3 vezes, ou os passos são normais
sem ter que arrastar o pé direito?
Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de
Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga.
CONSIDERAÇÕES.
1 – No REAA a circulação no Ocidente (deslocamento de uma para outra Coluna) é
sempre feita no sentido horário – segue-se o giro dos ponteiros do relógio, cuja simbologia está
na associação com a marcha diária aparente do Sol (do Meio-Dia à Meia-Noite). A regra para
esse deslocamento é a seguinte: do Norte para o Sul o protagonista cruza o eixo (equador
imaginário) do Templo pelo espaço compreendido entre a retaguarda do Painel da Loja e o limite
do Ocidente com o Oriente. Do Sul para o Norte ele atravessa o mesmo eixo, porém no espaço
entre a porta de entrada da Sala da Loja (Templo) e a frente do Painel da Loja. Na mesma Coluna
(hemisfério) não existe circulação. O protagonista que cruzar o eixo do Templo não faz nessa
oportunidade Sinal algum e nem qualquer parada formal.
Para se ingressar no Oriente se faz sempre a partir da Coluna do Norte (nordeste da
balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Bandeira. Do Oriente se sai sempre na direção da
Coluna do Sul (sudeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Estandarte. Também no
Oriente não existe circulação, senão a regra de que o Venerável ingressa no Altar por ele a ser
ocupado pelo lado norte e dele sai pelo lado sul. Assim, as abordagens ao sólio são feitas pelo
lado norte do Altar, exceto se o ritual determinar o contrário (vide, por exemplo, a prova da Taça
Sagrada na Iniciação). Em Loja aberta, quem ingressar no Oriente, no momento da entrada,
saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Dele em retirada, antes de sair, também saúda pelo Sinal o
Venerável Mestre. Se o Obreiro estiver, portanto (segurando) um objeto de trabalho ele fará uma
parada rápida e formal ao ingressar e sair do Oriente, sem inclinação com o corpo ou qualquer
maneio com a cabeça. É oportuno salientar que a Saudação é feita pelo Sinal Penal e o corpo
estará ereto com os pés unidos pelos calcanhares em esquadria, em qualquer circunstância. Se
o caso for da “parada formal”, o corpo também estará ereto e com os pés em esquadria.
Saudações em Loja (pelo Sinal) são feitas apenas ao Venerável Mestre quando da
entrada e saída do Oriente ou quando da entrada formal (pela Marcha do Grau), em Loja. Nessa
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oportunidade ele saudará inicialmente o Venerável Mestre e o Primeiro e Segundo Vigilantes
respectivamente. Não confundir saudação com procedimento de compor o Sinal de Ordem
quando o Obreiro estiver em pé e parado e, antes de sentar, desfazê-lo novamente – embora
com procedimentos análogos, essa prática não é o mesmo que saudação maçônica.
2 – Os pés em esquadria (unidos pelos calcanhares) significam estar em 90º, já que
esquadria nesse caso é sinônimo de ângulo reto e, obviamente um ângulo reto tem 90º.
Essa “estória” de 60º mencionada na sua questão não merece nenhum comentário. De
modo autêntico, o que merece comentário é a direção para onde apontam os pés em esquadria
no caso tradicional do REAA. Originalmente o Pavimento Mosaico, de conotação oblíqua,
demonstra simbolicamente a posição dos pés e orienta os passos. Assim, como referência,
considera-se o eixo longitudinal do Templo (equador) e a intersecção das linhas oblíquas que
formam o desenho do Pavimento. Estando de frente para o Oriente e os pés ordenados
(direcionados) com as linhas oblíquas dos quadrados brancos e negros, o protagonista coloca
então ali os seus pés unidos, o que daria em relação ao eixo uma abertura de 45º para cada pé.
Em se somando os dois ângulos relativos a cada pé e o eixo formam-se a esquadria, ou o
ângulo de 90º.
Desafortunadamente, alguns rituais escoceses mencionam o pé esquerdo apontado
para frente e o direito para o lado direito em esquadria. Essa posição, embora com o ângulo
reto, é postura praticada por outros ritos. Como os entendidos “acham” que tudo é a mesma
coisa, acabaram inserindo esse equívoco no escocesismo simbólico. Assim, eu prefiro sempre
mencionar o temo “pés em esquadria”, já que vivemos aqui no Brasil esse estado peripatético
de carimbos e convenções que indicam cumprir o que está escrito, não importando se o
alistado é de lavra correta ou errada.
A postura adequada dos pés no REAA pode ser verificada consultando a obra A
Simbólica Maçônica de Jules Boucher, ou no III Tomo do Curso de Maçonaria Simbólica de
Theobaldo Varolli Filho, além dos rituais originais franceses a partir de 1804 na França (Grande
Oriente da França e Grande Loja da França), dentre outras.
3 – Para a execução da Marcha, os passos são normais. Avança-se a cada vez o pé
esquerdo e em seguida se junta a ele, unindo os calcanhares em esquadria, o pé direito.
Agora, essa prática esdrúxula de arrastar os pés é mera invenção de achistas, em se
tratando do REAA. Qualquer ritual autêntico do puro simbolismo escocês preceitua “passos
normais formando a cada passo, com os pés, uma esquadria”. Infelizmente os inventores
derramaram criaram um verdadeiro dinossauro no afã de justificar esse inconveniente arrasta-
pé – pura bobagem, sobretudo para um rito oriundo da razão e do Século das Luzes, contrário
às superstições e crenças particulares que flagelam o Homem.
Nunca é demais lembrar que a Marcha do Aprendiz acentua e inspira o caminho da
retidão de caráter aplicado ao aperfeiçoamento proposto na senda iniciática, nunca em
movimentos que mais parecem imitar um presidiário de uma colônia penal a arrastar um objeto
pesado preso ao seu tornozelo limitando os seus movimentos.
Concluindo essas respostas, devo salientar que haverá contestadores pelo que aqui
lhe deixo escrito, principalmente pelos que acham que cultura e liturgia maçônica são meros
bate-papos que se debatem nesses grupos de discussões que existem às centenas pela internet
afora, inclusive alguns com barbaridades propostas para, pasme, “se corrigirem rituais de uma
Obediência”. Para esses consinto a minha tolerância, mais não a minha indulgência. Afinal eu
tenho dito: o pior cego é aquele que se recusa a enxergar.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
T.F.A.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 21/38
3 – Substituto do Venerável:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP-
GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, formula as questões abaixo:
itaircamargo@ig.com.br
O substituto do Venerável Mestre é o Irmão Primeiro Vigilante. Mas este tem de ser Mestre
Instalado para substituir o Venerável Mestre, já que este para tomar posse primeiramente
participa de uma Sessão somente de Mestre Instalado para se tornar e então tomar posse.
Caso não seja necessário ser o Irmão primeiro Vigilante um Mestre Instalado, mais uma
consulta: O Irmão Segundo Vigilante é o substituto do Irmão Primeiro Vigilante, mas se
acontecer de faltarem o Venerável Mestre e o Irmão Primeiro Vigilante, é o Irmão Segundo
Vigilante que irá substituir o Venerável Mestre?
CONSIDERAÇÕES.
Esse assunto tem causado muito debate e, porque não dizer, causado um frenesi.
À bem da verdade, no nosso sistema latino de Maçonaria (no Brasil somos filhos
espirituais da Maçonaria francesa), bem como na imensa maioria dos Ritos que a compõem, é
tradicional a substituição precária do Venerável Mestre pelo Primeiro Vigilante, isso porque na
França, o termo “instalação” significa simplesmente a posse do novo Venerável.
Em resumo, no sistema latino não existe, ou pelo menos não deveria existir, essa
figura do Mestre Instalado. O personagem do Mestre Instalado, muito conhecido como “Past
Master” é original na Maçonaria Inglesa (anglo-saxônica).
Infelizmente, aqui no Brasil, inventaram essa tal instalação ritualística amparada por
uma lenda, sinais e outros congêneres, nos ritos que são filhos espirituais da França – como é o
caso do REAA.
Pois bem, devido a essa “neura” brasileira de que o Venerável precise passar pela
cerimônia de Instalação, é que rios e rios de tinta têm sido derramados na extensão dos
pergaminhos da sua existência, pelo que ainda existem muitos defensores que “acham” que no
REAA o substituto, mesmo que seja em um caso precário, careça de ser um Mestre Maçom
que possua o título distintivo de Instalado. É isso mesmo, título distintivo, porque Mestre
Instalado não é em lugar nenhum do mundo considerado como grau maçônico.
Já na Inglaterra, onde realmente existe a Instalação no Craft, mas sem essa baboseira
toda de sinais e lendas, quem substitui o Venerável Mestre é obrigatoriamente um “Past
Master”, de preferência o imediato, pois nesse sistema (inglês) há a chamada linha sucessória e
a eleição é, em linhas gerais, feita para eleger o Venerável, o Secretário e o Tesoureiro,
porquanto os que irão se candidatar ao cargo de dirigente principal da Loja, tenham sido
também Vigilantes.
Só para ilustrar, o Guarda Externo (Tyler) de uma Loja do Craft inglês
obrigatoriamente tem que ser um Past-Master e ele necessariamente não precisa pertencer ao
quadro da Loja, já que ele é contratado e pago para exercer essa função, ao tempo em que ele
não ingressa na Sala da Loja para assistir os trabalhos – ele literalmente permanece no exterior
como guardião do recinto.
Assim, queiram ou não, existem essas diferenças administrativas e litúrgicas
substanciais entre as duas vertentes principais de Maçonaria – a francesa e a inglesa. Na
primeira, onde Instalação é sinônimo de posse, o substituto precário do Venerável é o Primeiro
Vigilante que não precisa ter passado pelo veneralato da Loja, enquanto na segunda, a inglesa,
esse substituto eventual é o Past-Master Imediato.
Devido aos enxertos, tão comuns na Maçonaria Brasileira, o Grande Oriente do Brasil,
por exemplo, tem procurado se adequar da melhor maneira possível a essas contradições
legalizadas nos seus Ritos que são originários da França. Assim, no GOB, de modo precário, em
linhas gerais substitui o Venerável Mestre o Primeiro Vigilante, enquanto que no seu
impedimento definitivo, é necessário que se faça uma nova eleição. Também no GOB, há a
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orientação de que as Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, no impedimento
momentâneo do Venerável (ausência), somente dirige os trabalhos nessa oportunidade um
Mestre Maçom que possua o título distintivo de Instalado - o mesmo que um ex-Venerável -
porém preferencialmente o mais recente da Loja.
No que diz respeito a ultima parte da sua questão, na falta do Venerável e dos
Vigilantes, o melhor mesmo é que não venha existir Sessão, pois não estariam presentes
nenhuma das Luzes de ofício da Loja, que são inclusive detentoras de cargos eletivos.
Dando por concluído, lembro que é premente nesse caso o conhecimento de que o
Rito Escocês Antigo e Aceito, embora com alguma influência anglo-saxônica e de nome
“escocês”, nada tem a ver com a Escócia, pois como Rito o mesmo é originalmente nascido na
França, portanto sua doutrina e a sua cultura são incontestavelmente latina e deísta.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
NOV/2016.
4 – Templo Consagrado:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Antonio Pereira da Silva, Loja Fraternidade Sertaneja, 3.257,
Rito Brasileiro, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, pede esclarecimentos
para a dúvida seguinte:
apis.silva@terra.com.br
Tenho lido seus artigos e respostas a consultas que me envia Valmir Prata Guimarães e já tive a
oportunidade de consulta-lo anteriormente tendo sido atendido satisfatoriamente. Tenho uma
nova questão. O Rito Brasileiro, em seu ritual para o 1º grau, na parte relativa ao Templo,
Disposição e Decoração do Templo, Inciso 10, diz que o Templo, “pela Sagração, é reservado
estritamente ao trabalho maçônico.” A partir desta determinação, entendo que não é permitida a
realização de um Casamento Civil, administrado pelo Juiz de Paz, de nubentes não maçons,
num Templo Maçônico Sagrado. Acrescento que entendo sagrado, na linguagem do ritual, sem
qualquer conotação religiosa ou mística, mas, apenas, como inauguração e destinação
específica. Estou certo, Poderoso Irmão?
Perfeitamente correto meu Irmão. O espaço da Sala da Loja, comumente tratado como
Templo, é um espaço consagrado, o que em linhas gerais na Maçonaria significa dedicação aos
trabalhos ritualísticos sem qualquer conotação religiosa.
Muitos ainda pensam que a consagração, também conhecida como sagração,
determina santidade religiosa, o que é um erro crasso de interpretação.
Esse falso entendimento tem se dado principalmente pelo uso indevido da palavra
Templo para o edifício maçônico, dando para ele conotação religiosa.
A liturgia maçônica se dá através dos seus Ritos e, por conseguinte, conforme a
disposição e alegoria da Sala da Loja que é “coberta” durante os trabalhos em atenção a um
dos Landmarks da Ordem – o sigilo.
Outro erro comum é o mau uso do espaço consagrado aos trabalhos maçônicos
quando direcionado às atividades profanas (de não iniciados), afora as Sessões previstas nos
nossos Regulamentos com a presença de não maçons.
Ora, uma Loja Maçônica não comporta casamento civil como mencionado na questão.
Isso é mesmo coisa de quem, ou quer aparecer, ou não entende mesmo nada de Maçonaria.
Esses absurdos cabem muito bem com a expressão usada pelo saudoso Irmão e amigo
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particular José Castellani. Por vezes mencionava aquele Irmão diante de certos acontecimentos:
“se não é jabuticaba e só tem no Brasil, ou é besteira ou é privilégio de alguns”.
Concluindo, a Loja serve para trabalhos maçônicos previstos pelas Obediências,
inclusive Confirmações Matrimoniais, mas obedecendo aos rituais legalmente aprovados.
Iniciativas que não condigam com os trabalhos maçônicos previstos não cabem no recinto da
Sala da Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK
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NOV/2016.
5 – escrutínio - quem distribui as esferas
Em 05/10/2016 o Respeitável Irmão Leandro Lemos, Loja Fidelidade Mineira, 105, REAA, Grande
Oriente de Minas Gerais (COMAB), Oriente de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, apresenta a
seguinte questão:
leandrolemos2000@hotmail.com
Sou Mestre de Cerimônias de minha Loja e houve um escrutínio hoje. Surgiu uma dúvida: quem
distribui as esferas? O Mestre de Cerimônias (no caso eu)? Ou o irmão Experto? Pelo meu
entender eu distribuo, o Experto passa recolhendo os votos válidos e eu passo pegando a
esfera restante. Estou correto no pensamento?
CONSIDERAÇÕES.
No Rito Escocês Antigo e Aceito, a prática mais comum tem si a seguinte: O Mestre de
Cerimônias, munido das esferas faz o giro na forma de costume por primeiro distribuindo-as
(uma negra e uma branca para cada um). Feita a distribuição, o Primeiro Experto com o
recipiente apropriado, faz o mesmo giro recolhendo as esferas com que os Irmãos manifestaram
o seu voto.
O Mestre de Cerimônias, depois de ser levantado e conferido o escrutínio pelo
Venerável Mestre, volta a fazer o mesmo giro para recolher as esferas que sobraram.
Assim, o Irmão está correto no seu pensamento.
O termo “giro na forma de costume” implica em ser o mesmo trajeto percorrido
quando da circulação do Saco de Propostas e Informações e do Tronco de Beneficência (da
viúva).
Concluindo, devo antes salientar que primeiramente seguem-se as orientações
exaradas do ritual aprovado, mesmo que elas divirjam das exposições aqui mencionadas.
T.F.A.
PEDRO JUK
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NOV/2016
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6 – pés em esquadria:
Em 09/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1999, REAA, GOB-MG,
Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte:
itaircamargo@ig.com.br
Os Irmãos em Loja depois de desfeito o Sinal de Ordem (por ordem do Venerável Mestre) e ou
Saudação, os Irmãos estando em Pé, mas não a Ordem, os mesmo deverão estar com os pés
unidos pelos calcanhares formando uma esquadria?
Ou desfeito o Sinal de Ordem e ou Saudação se desfaz a esquadria formada pelos pés?
Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de
Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga.
Vamos por parte. Estar à Ordem é, em qualquer situação, manter o corpo ereto, pés
unidos pelos calcanhares em esquadria, compondo o Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Assim
ninguém fica à Ordem sem que a postura mencionada esteja formada. Isso se aplica nos três
Graus.
Estar à Ordem significa estar pronto para, à disposição de ou do, preparado, etc.
Como nossos costumes são hauridos dos construtores medievais (canteiros), em tese, o
elemento à Ordem estará pronto se representado os três instrumentos imprescindíveis na
edificação – o Esquadro, o Nível e o Prumo. A postura do corpo, dos pés e o movimento
simbólico penal feito com a mão direita sugerem uma alegoria desses objetos.
Agora, se na oportunidade um Obreiro for autorizado a desfazer o Sinal, fato que deve
ocorrer apenas de modo extraordinário, e não de costume corriqueiro, ele o desfaz pelo Sinal
Penal, e em seguida se coloca respeitosamente com as mãos cruzadas e acomodadas sobre o
avental, ou às costas. Nessa postura os pés não formam a esquadria – os pés ficam
posicionados normalmente.
Do mesmo modo pode acontecer se o protagonista estiver ocupando as mãos para
segurar um texto durante sua leitura, por exemplo. Nessa situação ele também não precisa
formar com os pés a esquadria.
Se o Obreiro, por dever de ofício, estiver parado e empunhando (segurando) um
objeto de trabalho, ele mantém o corpo ereto e os pés em esquadria (posição de rigor). Não se
compõe Sinal usando o objeto de trabalho para fazê-lo.
T.F.A.
PEDRO JUK
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NOV/2016.
7 – procedimentos fora do ritual e diáconos:
Em 11/10/2016 um Respeitável Irmão que pede não seja publicado seu nome e o da Loja, REAA,
GOB-SC, Estado de Santa Catarina, formula a questão abaixo.
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Mais uma vez venho tentar esclarecer dúvidas em seu conhecimento e parabenizar pelo seu
excelente trabalho.
Meu Irmão, no ritual de Aprendiz Maçom, REAA-GOB diz que não podemos "praticar" nada que
não esteja neste ritual, e ainda, não podemos acrescentar "nenhuma vírgula" fora do que consta
escrito. No entanto, vemos que durante a sessão de diversas Lojas, o Mestre de Harmonia,
controla as luzes do Templo, e muitos ainda, abaixam e aumentam as luzes dependendo do
momento da sessão. Dito isso, durante uma sessão um Irmão Mestre Instalado, "proibiu" esses
atos, por estarem fora do ritual. E outra dúvida, com relação aos Diáconos, em qual momento
deve-se fazer a saudação? Abertura ou encerramento?
CONSIDERAÇÕES.
É um caso sensível essa questão peripatética, sobretudo pela matriz latina da nossa
Maçonaria e o vale somente o que está escrito. Infelizmente as Obediências brasileiras se
obrigam a fazer esse alerta por escrito devido ao perfil do maçom latino de “achar, imaginar e
inventar”.
Entretanto, existem situações e situações que envolvem esse alerta, até porque é
sabido por todos que os nossos rituais também estão repletos de erros e contradições. Assim,
há situações em que o fato de estar ou não escrito não pode ser tratado como mero desrespeito
ao ritual, pois muitas vezes a questão é mesmo de coerência para com a dinâmica ritualística.
Outro particular é o de que o maçom precisa ter o mínimo de conhecimento
necessário sobre a Sublime Instituição e não ficar imaginando, eu diria patologicamente, de que
tudo precise estar escrito, não levando em conta as tradições, usos e costumes da Maçonaria.
Sob essa óptica, penso que cada caso merece sua própria avaliação, sobretudo
naquilo que disser respeito às interpretações dos símbolos e alegorias em sistema velado, isto
é, sem licenciosidade.
Não há como esquecer também a história autêntica e a mensagem doutrinária de um
Rito maçônico em particular.
Juntando todos esses ingredientes é que se poderia criar um ambiente para a
discussão e interpretação. Passamos por muitas situações, infelizmente, por intervenções e
palpites de muitos que se dizem entendidos, mas na verdade não sabem nem mesmo montar
uma grade de pesquisa e se apoiam em literatura e bibliografia temerária. Enquanto vivermos
nesse teatro de “faz de conta”, cautelosamente temos que usar da virtude da prudência e da
prática do bom senso.
Dados esses comentários, na sua questão fica claro que o fato não é o de
interpretação, senão o de “invenção” de procedimentos que não fazem parte da dinâmica
ritualística do Rito. Esse é um caso de enxertar algo que não está previsto.
Esse costume, o de “aumentar e diminuir luzes”, foram adquiridos num passado em
que as regras não eram explícitas e havia uma miscelânea de procedimentos de um rito em
outro. Porém hoje isso não mais é previsto, portanto é prática inexistente e deve ser coibida,
não propriamente porque foi um Irmão Mestre Instalado que proibiu, mas pelo Orador da Loja
que é o Guarda da Lei e fiscal do cumprimento dos rituais.
Nesse caso, quem que alertou a inexistência dessa prática está com toda a razão.
Na questão dos Diáconos, durante a Transmissão da Palavra, quando da abertura, não
existe saudação ao Venerável Mestre durante a entrada e saída do Oriente pelo Primeiro
Diácono, já que nessa oportunidade a Loja não está ainda aberta. Ao contrário, no
encerramento, ele saúda o Venerável ao sair e entrar no Oriente.
É oportuno salientar que quando da abordagem feita pelos Diáconos ao Venerável e
aos Vigilantes na Transmissão da Palavra para a abertura da Loja não se compõe o Sinal. Já no
encerramento é que existe a respectiva composição de Sinal. Durante essas abordagens os
protagonistas compõem o Sinal cumprindo a regra de se estar à Ordem em Loja aberta – isso
não é saudação, é apenas procedimento de se compor e de se desfazer o Sinal de Ordem num
determinado momento ritualístico. O ritual é bem claro no que diz respeito à Saudação: em Loja
aberta ela só é feita ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente e às Luzes da
Loja por ocasião da entrada formal pela Marcha do Grau. Saudação é feita sempre em se
estando à Ordem pelo Sinal Penal do Grau. Outras oportunidades em que um Obreiro fica à
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Ordem (compondo o Sinal) significa que ele, estando em pé compõe obrigatoriamente o Sinal.
Antes de sentar ele o desfaz pela Pena simbólica.
De movimentos e gestos análogos à Saudação maçônica é apenas aquela feita ao
Venerável Mestre na ocasião mencionada, ou às Luzes da Loja após o ingresso pela Marcha do
Grau. Outra situação de se estar à Ordem é apenas cumprimento de uma regra ritualística
prevista no REAA.
Finalizando, note que certos procedimentos, diferente de outros, não precisam estar
escritos, já que eles são óbvios e fazem parte dos usos e costumes dos Ritos, não esquecendo
ainda do elemento consuetudinário.
T.F.A.
PEDRO JUK
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DEZ/2016
8 – docel e corda de 81 nós:
Em 23/11/2016 o Respeitável Irmão Álvaro Cesar Lima, Loja Filhos do Sol, 470, REAA, GLESP,
Oriente de Jundiaí, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte sobre um trabalho
apresentado:
alvaroclima470@gmail.com
Esta semana o meu Venerável Mestre pediu um trabalho para o quarto de hora. Pois bem.
Resolvi fazer um abordando a corda de 81 Nós. Bom, acho que ficou bom. Pois gerou bastante
discussão sobre o tema. O que eu acho muito bom. Afinal a ideia é estudar sempre é aprender
ainda. Mas, qual o motivo da dúvida. Nos livros abaixo existem explicações sobre várias coisas
relativas à Corda. Mas uma dúvida foi levantada. O Castelhano (deve ser Castellani) diz. A Corda
deve estar acima do Dossel se ele for baixo e, abaixo dele, se ele for alto. Pois bem. Qual a
altura correta do Dossel? Como se faz o cálculo? Existe alguma informação ou instrução a este
respeito?
Se for necessário e se existir isto em algum livro gostaria de compra lo. Nos livros abaixo tem
até a altura do Altar dos Juramentos e como fazer o cálculo em detalhes. Ate dos cajados dos
Diáconos. Mas a altura do Dossel, não. Como poderia sanar está dúvida? A Corda deve estar
por cima ou por baixo e, principalmente por quê? Qual a altura? Como fazer o cálculo?
O consulente menciona os livros:
Rito Escocês Antigo e Aceito - José Castellani, no Caderno de Pesquisas Maçônicas - Caderno
11 pág. 67 fala do Altar trabalho do Irmão Luiz Carlos Leme Franco, Oriente de Londrina, Rito
Escocês Antigo e Aceito - Walter de Oliveira Brian, Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz -
Raimundo D'Ella Junior, Comentário ao Ritual de Aprendiz I II III Nicolas Alan, Instruções para
Loja de Aprendiz - Carvalho Neves.
CONSIDERAÇÕES.
Vamos por parte. A Corda de 81 Nós é um símbolo que não é unânime em todos os
Ritos e Trabalhos que compõem a Maçonaria. Os que o adotam como símbolo, de modo
especulativo, a Corda representa os balizes do canteiro de obras. Sua origem está nos canteiros
(oficinas de cantaria) medievais cujo contorno da área para a edificação era geralmente
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demarcada por uma corda que ia presa às inúmeras paliçadas (pequenos postes) em anéis
(argolas). Primitivamente era o tapume que cercava o canteiro de obras.
A cercania do canteiro, geralmente de formato retangular, tinha na sua entrada dois
postes mais altos cujo espaço entre ambos servia de passagem para o ingresso e a saída do
recinto. Junto a esses postes de entrada é que ficavam os wardens (zeladores), mais tarde os
Vigilantes da Loja.
Esse espaço, contornado pela corda, hoje é representado como lembrança dos
nossos ancestrais no REAA. Contornando, ou junto e ao alto das paredes da Loja, a Corda
nada mais é do que o contorno simbólico relativo aos canteiros de obra do passado à época da
Maçonaria Operativa. Hoje, a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, procura
relembrar essa ancestralidade dando ao canteiro de obras especulativo o lugar (Loja) onde
trabalham os Maçons Aceitos. É oportuno salientar que essa menção se faz apenas ao espaço
contornado (sala da Loja), não a todo o relicário simbólico e decorativo que a compõe
indiscriminadamente.
Quanto aos “nós” da Corda, eles ingressaram concomitantemente ao aperfeiçoamento
dos catecismos e painéis, e lembram a maneira de como era afixada a corda nas paliçadas dos
canteiros operativos. Já o conjunto composto pelo número 81, nada mais é do que uma alegoria
especulativa que menciona, além do próprio número relativo às proporções matemáticas e um
dos catetos do triângulo retângulo, também a simbologia numérica relativa à unidade (nó
central) e a distribuição dos outros 40 nós para cada lado.
Na verdade é uma alusão ao misticismo da quarentena. Nessa condição interpretativa,
o “nó central”, que coincide com a projeção perpendicular ao ápice superior do Delta, ou à
porção mediana da sua base, denota o “princípio”, a “causa”, o “movimento” e o “indivisível” –
alude à obra inicial do Criador, enquanto que o número 40 é tomado como símbolo penitencial
(quarenta foram os dias e noites do dilúvio, quarenta foram os dias de jejum dos judeus
desterrados, etc.). Na verdade essa concepção é uma evidência da influência hebraica na
doutrina do REAA.
Nos templos do REAA a corda, colocada junto à frisa na base da abóbada, ou
próximo dela, denota uma boa parte dessas interpretações, inclusive, segundo alguns rituais,
ela é tomada como um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz, embora outros determinem a Orla
Denteada no lugar dela. Contudo ela é o símbolo da união, tanto sob o ponto de vista figurado
ao expressar a unidade entre os obreiros do canteiro na construção da obra perfeita e durável.
De modo esotérico a Corda menciona que, unidas uma às outras, as fibras que a constituem
fazem com que ela se mantenha sólida e durável.
Assim, a Corda e os seus respectivos “nós” devem permanecer fixados no alto das
paredes possibilitando assim a sua contemplação por todos os ocupantes do recinto, de tal
modo que o seu “nó” central coincida com a projeção do Delta colocado ao centro alto do
Retábulo do Oriente. Dessa composição alegórica é que partem horizontalmente, tanto para a
direita como para a esquerda, o número de 40 nós para cada lado até a projeção dos
respectivos lados da porta do Templo por onde pendem duas borlas (abertas para se adequar à
evolução da ciência e das artes) – a Maçonaria é uma Instituição Progressista.
O dossel – ele designa uma armação saliente presa à parede, forrada e geralmente
adornada por franjas que se coloca sobre o trono, altar, leito, etc.
Em Maçonaria, geralmente nos seus templos, existe um dossel colocado no Oriente
sobre o altar ocupado pelo Venerável Mestre, cuja cor varia de acordo com os ritos.
Seu tamanho, proporção e altura como parte do mobiliário das Lojas se dá de acordo
com a dimensão do recinto ocupado pelo Templo. Em resumo há que se adequar sua altura
conforme o pé direito (forro) do espaço existente. Entretanto, algumas regras pertinentes à
decoração devem ser respeitadas. Em se tratando da sua altura com relação ao piso onde
descansa o trono, um dossel deve comportar sob ele, com relativa folga, o mínimo de três
pessoas lado a lado e em pé. Sob o dossel também fica o Retábulo do Oriente, que nada mais é
do que a própria parede oriental situada imediatamente à retaguarda do Venerável Mestre e
limitada pela projeção da largura do dossel. É no Retábulo que ficam posicionados o Delta, o
Sol e a Lua, sendo que o Delta, sempre posicionado ao centro e mais ao alto, fique a uma altura
compatível para que todos na sala da Loja possam observá-lo, mesmo sob o dossel e sem nada
que possa cobrir a sua frente. Isso implica também que se deve tomar todo o cuidado para que
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quando o Venerável, ou eventualmente outros que o ladeiem, estiver em pé não interfira na
visão para o Delta.
Quanto ao nó central da corda e os demais que possam ficar sob o dossel, o nó do
centro deve permanecer fixado no Retábulo, ao alto e centralizado logo abaixo da base do Delta,
de tal modo que, como o Delta, todos fiquem visíveis aos que do Ocidente olham para o Oriente.
Se a altura do dossel for compatível com a altura do espaço permitindo que o nó
central da corda possa ser fixado logo acima do ápice do Delta, essa alternativa também pode
ser considerada, desde que tudo fique sob o dossel.
No tocante a sua questão e a orientação proferida pelo saudoso Irmão e amigo
particular José Castellani, entendo que ele quis dizer que em recintos pequenos e de baixa
altura de pé direito, como tantos que existem por aí, para se evitar que a corda fique espremida
junto ao o Delta e por baixo do dossel, a solução é fixar a Corda no alto e por cima do dossel.
Essa também e uma alternativa perfeitamente exequível.
No que diz respeito a uma medida de altura, largura e profundidade padrão para a
construção do dossel, ela não existe como regra, já que essas medidas dependem muito do
tamanho do recinto que acondiciona a sala da Loja em um Templo Maçônico.
O importante mesmo é observar a regra de que todos os elementos simbólicos aqui
mencionados fiquem visíveis, pois dimensões do Templo e do seu mobiliário são apenas
exposições simbólicas, portanto somente exequíveis literalmente se houver possibilidade. Diz-
se, por exemplo, que um Templo maçônico do REAA possui dimensões iguais à junção de três
quadrados, o que forma de modo contíguo um quadrilongo, sendo um quadrado em planta para
o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio para o Átrio. Todavia essa não é uma regra
condicional para a construção, no entanto uma alegoria. Obviamente que se houver
possibilidade de dispêndio financeiro para execução de uma obra desse porte, pode-se seguir
esses parâmetros, todavia isso não é obrigatório, até porque deve haver coerência para com a
compatibilidade do edifício, sua ocupação, e a constância de funcionamento – essas são regras
comumente observadas na arquitetura. Ademais, uma Loja Maçônica é uma oficina de trabalho
especulativo baseado nos construtores da Idade Média e não um arquétipo ou estereótipo do
Templo de Salomão.
Infelizmente, com o passar dos anos, sobretudo a partir do século XIX, muitos
místicos e ocultistas foram aceitos maçons influenciando substancialmente com as suas
convicções de credo os ensinamentos maçônicos, não faltando inclusive charlatões e
usurpadores da fé alheia. Com essas cogitações acabariam por surgir teses envolvendo
“dimensões áureas” e coisas do tipo relacionadas ao templo maçônico e o seu mobiliário - tudo
bem ao gosto das mais fecundas mentes imaginativas.
Na verdade, a Moderna Maçonaria originária da Francomaçonaria (período Operativo
da Ordem) sempre fez uso de medidas e proporções na construção das suas obras (catedrais,
abadias, palácios, obras públicas), portanto procedimento nada mais natural no ofício daqueles
que praticavam a arte da Arquitetura, todavia sem qualquer conotação de ocultismo relacionado
aos cálculos de volume, profundidade e altura das suas edificações.
Como fiel guardiã das tradições, usos e costumes da Ordem, a Moderna Maçonaria,
especulativa por excelência, utilizaria todos esses métodos construtivos como artifício
doutrinário utilizado na construção e aperfeiçoamento do próprio homem, já que a pedra
calcária, matéria prima principal das construções do passado, agora, no meio especulativo da
Maçonaria dos Aceitos, passaria a ser o próprio homem (da Pedra Bruta à Pedra Cúbica). Assim
os cálculos que envolviam literalmente a técnica construtiva passariam a ser método
comparativo para a aplicação da ciência da moral e da ética.
Também nunca é demais lembrar que como maçons do REAA somos filhos
espirituais da França, por conseguinte filhos do Século das Luzes, do Esclarecimento e do
Iluminismo, nunca oriundos de pensamentos ocultistas ou adeptos de crendices, superstições e
convicções anacrônicas. Nesse sentido, alerto que, apesar do simbolismo ser o esteio da
Sublime Instituição, nela não cabe existir licenciosidade de intepretação.
Concluindo, menções que envolvem medidas e proporções na Maçonaria, embora
muitos autores com suas ilações insistam ao contrário (isso não se aplica em parte da
bibliografia mencionada na questão), elas são na maioria simbólicas e de cunho alegórico,
trazendo consigo, se bem compreendida a Arte, magistrais lições de filosofia e de
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aperfeiçoamento humano. É o que se diz do aprimoramento do espírito. Em Maçonaria
Simbólica, a maioria dos comentos das suas lendas, alegorias e símbolos estão muito longe da
literalidade do resultado, entretanto intrínsecos como elementos figurados e esotéricos que
esperam metodologicamente para serem desvendadas.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmamil.com
DEZ/2016
9 – Música na Exaltação:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Carlos Alberto C. Silva, Loja Lautaro, 2.642, REAA, GOSP-GOB,
Oriente de São Paulo, Capital, formula a seguinte questão:
carlos.alberto.net@bol.com.br
Antes de tudo, gostaria de agradecer sua resposta à minha primeira consulta feita sobre o Grau
de Companheiro. Continuarei colocando o compasso no peito do Candidato quando este for
prestar o Juramento. Sua resposta, como sempre muito direta e razoável, me estimulou a
colocar uma questão mais na sua fila de consultas e pode ser respondida diretamente, se for o
caso. Desta vez me refiro à Cerimônia de Exaltação: Há harmonia (música) numa cerimônia de
Exaltação? A Exaltação é uma dramatização da Lenda de Hiram. Tudo se desenrola em torno da
Morte dele e do pesar de todos por este evento. A Câmara fica às escuras, com pouquíssima
iluminação. Entendo que todos estão ali chorando a morte do Mestre Hiram (simbolicamente,
claro) e, portanto, nenhuma música, por mais solene que seja é adequada. Não à-toa, não há a
Aclamação Huzzé nas sessões de Grau 3. Estarei com uma interpretação equivocada? Fizemos
2 Exaltações em nossa Loja no último mês e já participei de várias em outras Lojas. Faremos a
Exaltação do meu afilhado no próximo mês e como, a única Loja que eu vi que usa Harmonia
nas Exaltações é a minha, gostaria de ver essa dúvida esclarecida.
CONSIDERAÇÕES.
Eu também entendo dessa maneira. Se a cerimônia de Exaltação se dá com a
representação da Lenda do Terceiro Grau e tudo se passa em um ambiente de dor e
consternação, a sua teatralização deve transcorrer dentro do mais absoluto silêncio, salvo as
dialéticas entre os protagonistas necessários para a dramatização.
No entanto, a sua referência feita no intuito de reforçar a inexistência da Coluna da
Harmonia com a falta da aclamação, devo mencionar o seguinte que como a Loja de Mestre
alegoricamente ocorre no inverno (prevalência das trevas), não existe saudação ao Sol, já que a
aclamação H significa dar as boas vindas ao retorno da Luz para o hemisfério (no caso da
Maçonaria, o Norte). Em tese, essa prática deísta, comum à Maçonaria francesa, não deixa de
ser uma lamentação pela falta da Luz (a mãe Terra fica viúva). É o teatro simbólico das Leis da
Natureza. É também nesse sentido que na Câmara do Meio, trabalhando na penumbra, as Luzes
litúrgicas são apenas nove e não doze, já que as outras três faltantes para completar o ciclo
anual, são exatamente aquelas que correspondem ao inverno, daí Hiran ser também a
personificação do Sol. À bem da verdade tudo isso está esta intrínseco na alegoria das Colunas
Zodiacais presentes nos graus de Aprendiz e Companheiro.
Alguns bons tratadistas, entretanto, defendem inexistência de harmonia no caso da
Exaltação, apenas até o momento que Hiran é revivido – entendem esses que com a entrada do
novo Mestre no Oriente, desfaz-se a lamentação para se efetivar o regozijo pelo ingresso no
novo ciclo, o da imortalidade, já que o Oriente é alegoricamente a morada da Luz. Essa tese
também não deixa de fazer sentido, pois não é por acaso que muitos rituais preveem harmonia
(música) nessa ocasião.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 30/38
Em termos do ritual de Mestre, REAA em vigência no GOB, não existe música
prevista, senão um silêncio respeitoso.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
DEZ/2016.
10 – desfazer o sinal de ordem:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Rafael Luz, Loja Luz do Vale, 3.370, REAA, GOB-SC, Oriente de
Gaspar, Estado de Santa Catarina, solicita o seguinte esclarecimento:
adm_rafaelluz@hotmail.com
Estivemos juntos no ERAC de Sertanópolis (PR) em 2010, quando na oportunidade autografasse
o teu livro "Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom" que eu comprei. Fui iniciado na ARLS
Areópago Londrina Nº 3051 e hoje trabalho Maçônicamente em Gaspar, SC.
Esta semana, depois de um encontro do REAA realizado em Florianópolis surgiu uma duvida
sobre o Sinal de Ordem. No Ritual do 1º Grau há informação de como fazê-lo, de como fazer e
desfazer (encerrar) o Sinal Gutural, mas não há informação de como desfazer (encerrar) o Sinal
de Ordem. Há Irmãos que defendem que, como não há nada escrito no Ritual, poderia ser feito
de qualquer forma e os demais Irmãos não aceitam isso. Em Loja o fazemos procedendo metade
do Sinal Gutural, ou seja, estando à Ord, l a m d h até o d e d .... Esta é a forma
correta de fazê-lo? Existe forma correta?
CONSIDERAÇÕES.
Pois é Mano, isso tem dado motivo para falsas interpretações, sobretudo porque
inventaram esse título de Sinal de Ordem na Maçonaria brasileira, que nada mais é, no caso do
Grau de Aprendiz, do que o Sinal Gutural (de garganta).
Em se estando com o Sinal do Grau composto, tanto o de Ordem como o Gutural, que são
a mesma coisa, somente se desfaz o próprio pela aplicação simbólica da pena (Sinal Penal). Em
síntese, ninguém desfaz o Sinal do Grau sem esse procedimento.
O que tem dado esse “frenesi” todo é esse título de Sinal de Ordem que hoje é
consuetudinário. Assim em termos de Grande Oriente do Brasil, por exemplo, estar à Ordem é o
mesmo que estar compondo o Sinal de Ordem (conforme o Grau) e, para desfazê-lo, tratam o
movimento penal como Gutural.
Em resumo, tudo acaba sendo a mesma coisa, independente do título dado, já que em
qualquer situação, primeiro se compõe o Sinal e por segundo ele só é desfeito na forma
ritualística conforme a pena do Grau – aquela prevista no juramento.
Assim ratifico que, em se estando com o Sinal composto, para desfazê-lo só existe uma
forma para tal, a de aplicação simbólica da pena. Não existe meio de se desfazer um Sinal
aleatoriamente, como propagam alguns, “diretamente”.
Destaco que um Sinal composto compreende dois atos, o primeiro é o de compô-lo, o
segundo é o de desfazê-lo. Esse conjunto é conhecido como Sinal do Grau – por ele também se
faz a saudação em Loja.
JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 31/38
É oportuno salientar que para a composição do Sinal em qualquer Grau, o corpo deverá
estar ereto (a prumo), com os pés unidos pelos calcanhares, formando a esquadria – isso
significa estar à Ordem (pronto, preparado, atento, etc.).
Finalizando, quero manifestar o meu desacordo com essa mania peripatética por parte de
alguns que acham que tudo deve estar escrito. Na verdade, em Maçonaria, as coisas não são
bem assim, até porque nossas tradições, usos e costumes, em muitos casos, dentre eles os
Sinais, são transmitidos com a cautela necessária que envolve a discrição das nossas práticas.
Trocando em miúdos, nem tudo está ou precisa estar escrito. Muito do que aprendemos nos é
transmitido de modo velado, cujos autênticos conhecimentos nos acompanham ao longo da
nossa história. Graças a essa mania do “onde está escrito” é que convivemos com essa
enxurrada de rituais, cujos conteúdos na sua grande maioria não condizem com o que é
realmente autêntico, senão como palpite de certas eminências que se acham grandes
conhecedores da liturgia e da ritualística, porém esses não passam de seguidores e meros
copistas que perpetuam as invenções e os enxertos nos nossos rituais.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
DEZ/2016
11 – encerramento emergencial:
Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão José C. Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA, sem
mencionar o nome da Obediência, Oriente de São Paulo, Capital, formula a questão abaixo.
bessabezerra2694@uol.com.br
.
Gostaria de fazer uma consulta ao "Consultório Maçônico". É o seguinte: no meio de uma
Sessão Administrativa de Aprendiz um Irmão passou mal e caiu debruçando-se sobre a mesa da
tesouraria. Alguns membros correram a socorrer e, em seguida fomos para fora do Templo,
levando - numa cadeira e, descendo a escadaria com o intuito de chegar ao carro e em
sequencia ao hospital. Pergunta: Como devemos encerrar essa Sessão? Já que vários Irmãos
saíram no calor do acontecimento, simplesmente - vamos embora e pronto? Ou, se na
possibilidade de alguns voltarem (quem ocupava determinado cargo tinha ido prestar socorro)
segue o trâmite normal e fecha a Loja, ou teremos que observar regras? Eu sou da ARLS Arqui
Real, 210, Oriente de SP/SP, REAA. Consultei muitas vezes o Grandioso Irmão José Castellani, e
agora estou mais uma vez precisando da ajuda de vocês. Desde já agradeço enormemente e
aguardo ansiosamente poder mostrar em Loja a Resposta correta.
CONSIDERAÇÕES.
Numa Sessão Administrativa, merecedora de pauta para tal, depende muito da
situação emergencial. Nesse caso me parece ter acontecido um fato substancialmente grave
que envolveu o estado de saúde de um Irmão, ocupando inclusive outros Irmãos em seu auxílio
para deslocamento hospitalar.
Entendo que nesse caso o Venerável deve encerrar a Sessão com a aquiescência do
Orador, mandando que o Secretário relate o fato na Ata para merecer justificativa, ao tempo em
que ele deve marcar outra Sessão em data compatível para a continuidade da pauta
interrompida pelo sinistro. Antes do encerramento, porém, os presentes depositam o óbolo.
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  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte O JB News saúda os Irmãos leitores de Florianópolis, com visual de uma das 42 de suas belas praias (Imagem: Praia da Ilha do Campeche) Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.346 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 3 de março de 2017 Bloco 1-IrCharles Evaldo Boller – Educação na Maçonaria Bloco 2-IrDiógenes de Sínope – Simbolismo na Franco-Maçonaria Bloco 3-IrValdemar Sansão – O Sentido da Vida (Maçonaria em Gotas XXV) Bloco 4-IrJorge Muniz Barreto – Duas Bruxas Bloco 5-IrPedro Juk – Perguntas & Respostas (com doze respostas) Bloco 6-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 3 de março e hoje com versos do Irmão e Poeta Adilson Zotovici (São Paulo)
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 2/38 Ir Charles Evaldo Boller Curitiba – PR – Charleseb@terra.com.br Textos extraídos de sua obra, “Iluminação” Educação na Maçonaria (Com este artigo “Educação na Maçonaria” finalizamos a publicação de todos os capítulos da Obra “Iluminação” do Escritor e Irmão Charles Evaldo Boller) O cidadão que bate na porta de um templo da Maçonaria em busca da luz, a educação que leva à sabedoria, aguarda que a ordem maçônica possua um método de ensino que o transformará em homem melhor do que já é. Isto é evidente na redação da absoluta maioria das propostas de admissão. Tempos depois, muitos não encontram este tesouro, desiludem-se e adormecem. 1 – Educação na Maçonaria - Charles Evaldo Boller
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 3/38 Para estes, a almejada luz foi apenas um lampejo. Longe de constituir falha do método maçônico de educação de construtores sociais a rotatividade é devida principalmente a nestes cidadãos a luz não penetrar, isto porque eles mesmos não o permitem. A anomalia é consequência do condicionamento a que foram submetidos ao confundirem educação com aquisição de conhecimentos na sociedade. É comum não perceberem a sutil diferença entre os dois propósitos. Professor de escola da sociedade ensina, transmite conhecimentos e não educa. São raros os professores das escolas que mostram caminhos e motivam o livre pensamento, e mesmo assim, isto ainda não constitui educação. Em educação existe apenas o ato de educar-se, de receber luz de fora e sedimentar em si novos conceitos, princípios e prática de virtudes. É impossível educar outra pessoa, a não ser que esta, na prática de seu livre-arbítrio, consinta e se esforce em mudar a si próprio. No universo dos seres pensantes existe apenas a auto-educação. Qualquer um só pode educar a si próprio. Ao mestre maçom é dada a atribuição de ensinar. Pelo modelo do mundo é de sua atribuição transmitir conhecimentos e pelo da Maçonaria é induzir o educando a decidir qual caminho deseja seguir em sua jornada. O método da ordem maçônica visa provocar cada um em descobrir seus próprios caminhos. Ler em conjunto as instruções do ritual não faz do mestre um educador maçônico, mas um professor que transmite conhecimento; ele não induz a luz, a educação da Maçonaria, a almejada sabedoria, para tal, ele carece de uma longa jornada de autoformação. O mestre que apenas dá instruções de forma mecânica não instrui, pois se comporta a semelhança do modelo do mundo, onde os governos propiciam instrução e igrejas conceitos de ação e moral. Auxiliar alguém em mudar o rumo de sua jornada na presença do livre-arbítrio é educação. Romper a "couraça de aço" que envolve o intelecto do educando exige uma expressão da arte mística. É ilusão pensar que pelo fato do educando ver-se mergulhado numa sociedade de homens bons, livres e de bons costumes, já seja o suficiente para fazer dele um homem bom. Se ele não o desejar e não agir conforme, de nada adiantam os melhores mestres que nunca obterá a sabedoria maçônica. Esta só penetra num homem se este o permitir. Por
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 4/38 mais que o mestre se esforce, ou possua proficiência num determinado tema, se o caminho para dentro do educando não estiver aberto, isto não sedimentará e não se transformará em educação. Se o recipiendário não abrir-se ao que lhe é transmitido, de nada vale o mais habilidoso educador. O mestre educador exerce apenas um impacto indireto, por uma espécie de indução; um potencial que todos têm latentes em si de influenciar terceiros por um conjunto de atividades intelectuais, afetivas e espirituais. Para romper os bloqueios do educando o mestre deve encontrar-se primeiro, mudar- se, e só então obterá a capacidade de induzir luz maçônica ao outro; de fazer o outro mudar, momento em que, mente e coração do educando se abrem e ele mesmo passa a efetuar mudança em si, exercendo seu potencial de auto-educação. O aprendizado torna-se ainda mais eficiente quando as provocações provêm da ação do grupo sobre o individuo - é o efeito tribal fixado profundamente na mente de cada indivíduo desde os vetustos homens das cavernas - quando a maioria das barreiras e bloqueios abre espaço para a auto-educação com o objetivo de obter aprovação do grupo. Para despertar dentro do educando as potencialidades de seus dons, exige-se do mestre obter conhecimento lato da natureza humana. Para aprofundar-se no conhecimento das características humanas exige-se dele que conheça antes a si mesmo, da forma a mais ampla possível - é a essência do "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates. Este autoconhecimento só aflora quando ele atinge a fase de auto- realização em sua vida, o último estágio que um ser humano atinge depois de atender a todas as demais necessidades, e que Abraham Maslow definiu para o indivíduo que procura tornar-se aquilo "que os humanos podem ser, eles devem ser: eles devem ser verdades à própria natureza delas". É neste último patamar que se considera a pessoa coerente com aquilo que ela é na realidade, de ser tudo o que é capaz de ser, de desenvolver seus potenciais. Só então é possível ao mestre conhecer a natureza humana alheia, onde a educação passa a obter característica de arte ao invés de ciência. Note-se que educação maçônica, a luz, a sabedoria, não têm nada a ver com decorar rituais, conhecer ritualística, ser uma enciclopédia ambulante; é uma arte que adquire contornos mágicos quando os resultados aparecem e produzem bons frutos ao induzir os outros a mudarem para melhor como edificadores sociais. Enquanto a ciência pode ter tratamento intelectual com a transmissão de instruções, a arte de educar da Maçonaria vai muito além e alcança intuição cósmica.
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 5/38 Enquanto o talento analisa e é consciente, o gênio intui e vai muito além da consciência, alcança o místico. Abordagens técnicas não furam a couraça do livre-arbítrio do educando, mas a alma da educação pode ser alcançada pela metafísica da arte de ensinar os caminhos para a luz. É uma mistura equilibrada de conhecimento, emoção e espiritualidade. A educação apresentará até contornos lúdicos na sua indução. Para isto exige-se do educador maçônico a plenitude do autoconhecimento e da auto-realização. Tal personagem porta a capacidade de induzir na mente do educando uma caminhada que o motiva em efetuar mudanças em sua vida; não porque o mestre assim o determina, mas porque o educando assim o deseja. Quando o mestre adquire esta arte de atingir e motivar o educando pela auto- educação, terá quebrado a barreira da indiferença do livre-arbítrio e o educando se modifica porque ele assim o deseja. Com isto o mestre alcança a plenitude de sua atribuição. É a razão do educador maçônico nunca ser definitivo em suas colocações e sempre apresentar as verdades sob diversos ângulos, para que o educando possa escolher ele próprio qual é o melhor caminho a seguir. É a razão de propiciar aos educandos a possibilidade de debater num grupo, em família, os temas com que a Maçonaria os provoca e eles mesmos definirem, cada uma a sua maneira, as suas próprias verdades. É a razão de o mestre brincar com os pensamentos, propiciando emoção agradável, conduzindo as provocações apenas na direção certa do tema e onde cada um define suas próprias veredas. Em todos os casos onde o educando sente-se livre para pensar e intuir ele derruba as inexpugnáveis barreiras do livre-arbítrio que o impedem, em outras circunstâncias mais rígidas e ritualísticas, de obter as suas próprias verdades pelos eternos ciclos de tese, antítese e síntese. Da mágica que se segue da absorção da luz pela auto-educação do educando é que surge a razão do maçom nunca iniciar um trabalho sem invocar a fonte espiritual da arte de educar à glória do Grande Arquiteto do Universo, a única fonte de luz da Maçonaria.
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 6/38 Irmão Diógenes de Sínope MM da Loja Salvador Alliende Grande Oriente Lusitano Lisboa - Portugal SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA INTRODUÇÃO Abordar o tema do Simbolismo é, provavelmente, o acto mais frequentemente escrito em toda a Maçonaria representada no nosso Planeta. Os NN.’.QQ.’.IIr.’. fizeram-no cientes da importância que os Símbolos têm na N.’.A.’.O.’. e de um modo sapiente e apaixonado. Traçando com a Régua da Verdade, com o Esquadro do Direito e o Compasso do Dever o meu contributo será o de elaborar uma introdução sobre este tema do Simbolismo que terá posteriormente desenvolvimento noutros traçados. Dissertar sobre o que é e em que se fundamenta a Franco-Maçonaria é, tentador por um lado mas seguramente difícil por outro pois desde os tempos primevos que muitos IIr.’. se dedicaram a escalpelizar, analisar e sintetizar o que é um Símbolo. Tentado e ciente do que me proponho começo, exactamente, pelos primórdios: quando, como e porque surgiram os Símbolos? Todos sabemos que as etapas da evolução humana foram: Australopitecos, Homo Habilis (2,5 milhões de anos), Homo Erectus (1 milhão de anos) e Homo Sapiens (400000 de anos), cada uma delas caracterizada por especificidades que resumo: ao largar a bipedia soltaram-se as mãos tornando-se estas os seus primeiros utensílios, a seguir, já erecto e direito, utiliza os pés para a marcha deslocando-se para distâncias consideráveis (de África para o resto do Mundo) e aperfeiçoa a sua habilidade de construir utensílios mais elaborados (a pedra de 2 faces) cortando e colando (em linguagem moderna) e assim descobre a construção, passa a dominar o fogo iniciando um interesse rústico pela estética, sendo, portanto, desta forma que foram desenhados os primeiros Símbolos. Finalmente, e estimulado pelo manuseamento dos utensílios, adquire a capacidade de percepcionar e reflectir logo se juntando uma outra arma (a linguagem) que servirá para comunicar o que tem a dizer. Em conjunto, linguagem e utilização de ferramentas, chegam rapidamente à necessidade de elaborarem planos construtivos transformando os utensílios em Símbolos. Comparemos, então, estas 3 fases da evolução humana com o progresso de qualquer Franco-Maçom em todo o Universo: primeiro torna-se Aprendiz, e que faz o neófito que não tem senão 3 anos? Aprende a Marchar, a dar passos (3 somente) em direcção ao Sol com a mão esquerda na garganta não sabendo ainda falar, tendo que 2 – Simbolismo na Franco-Maçonaria - Introdução Diógenes de Sínope
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 7/38 viajar, tombando, mas logo apoiado pelos Irmãos, assiste á iluminação das velas pois ainda não domina o fogo e por fim dá-se-lhe a conhecer a reflexão – símbolos e mais símbolos. Depois, para ter acesso à palavra torna-se Companheiro e para isso vai aprender a partilhar manuseando melhor as ferramentas e, viajando, vai conhecer-se melhor e aos outros Marchando já mais elaboradamente (5 passos) começando a explorar o mundo – símbolos e mais símbolos. Finalmente, já Mestre, estará pronto para participar nas decisões colectivas da Loja e onde será o arquitecto da construção de si manuseando com mestria o que o Simbolismo lhe dá a significar, transmite e recebe acabando por fazer parte de um verdadeiro organismo unido por uma vitalidade comum – símbolos e mais símbolos. Percorrerei, a partir de agora, as duas fases porque passaram os utensílios até se tornarem símbolos, a saber: 1-o utensílio como símbolo do poder; 2-quando o símbolo ligou o homem ao divino. 1-nas sociedades arcaicas, moldava-se a pedra em forma de bengala e a mais perfeita e possuidora de uma beleza extraordinária era transformada em símbolo do poder que o chefe tribal exibia. Com a evolução, todos os regimes monárquicos e republicanos começaram a criar símbolos através das matérias brutas utilizáveis e, a um outro nível do poder, existem um sem número de objectos que a sociedade civil exibe como símbolos do poder relativo: as jóias de adorno nas mulheres ou os sinais exteriores de riqueza. 2-nos mais antigos documentos, gravuras ou pinturas, encontram-se sempre representações do homem ligado ao cosmos conseguindo-se indirectamente desvendar o nível intelectual e moral dos primevos na sua relação com o firmamento. O Sagrado e o profano são dois conceitos que, com grande frequência, se reencontram nos achados arqueológicos antevendo como o homem, desde muito cedo, se preocupou com a realidade transcendente susceptível de ser experienciada – definição mais comum do que é o sagrado. Para nós, Francos-Maçons, o sagrado tem um significado que infere com «aquele a que não foram franqueadas as portas do templo, ou seja, o profano». Também nos relaciona com o G.’.A.’.D.’.U.’. que comporta um plano cósmico e um mestre executor desse plano apesar de , hoje, a ciência apresentar os seus modelos do Universo verosímeis e demonstráveis mas que não contemplam a reflexão e a meditação, estas sim, sagradas, para que o Franco-Maçom seja o arquitecto de si mesmo. Não são os objectos em si que são sagrados, antes a competência de quem os sabe manejar. O exemplo do Compasso que tem como função traçar círculos mas se não for manejado por um obreiro que reflectiu no que quer executar de nada servirá. Só com um plano a compreensão do objecto se tornará Símbolo, e esta identificação do homem com a matéria é o ponto de partida para a construção espiritual aprendendo a ligarmo-nos aos Cosmos ou à realidade transcendente. É o que se passa connosco, é tornarmo-nos livres aprendendo, por passos, a dar prioridade à cultura intelectual e moral sobre a biologia, e por isso temos a ajuda do ritual (conjunto de símbolos) que nos incita a atingir o mundo sagrado pela compreensão dos Símbolos. Não resisto a citar R. Garaudy que nos diz que qualquer acção é sagrada quando não nos deixa intactos e nos introduz numa vida maior. Postos estes considerandos posso, agora, perguntar o que é um Símbolo? No seu sentido mais geral é, sem dúvida, a expressão figurada ou a imagem de uma ideia ou ainda a forma tangível de algo impalpável. Mais restritamente parece-me ser o que um objecto pode fazer perceber associando-o, sobre um outro plano (o espiritual) ao da sua função primeira apelando a uma resposta mental que suscita uma emoção ou uma tomada de consciência (por exemplo: a Abóbada do nosso Templo eleva-nos ao firmamento). Etimologicamente é originária do Grego e significa «lançar ao mesmo tempo, em comunidade», juntando os dois substantivos tornou-se no adjectivo Sumbolos significando o que se reencontra e com o verbo Sumballein que quer dizer comparara ou aproximar, chegou-se então à palavra Sumbolum que é um sinal de reconhecimento.
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 8/38 Começa por preceder, nas sociedades primevas, a linguagem pois o homem selvagem ainda não possuía a capacidade de abstracção tendo sido o Símbolo criado por analogia (a imagem/metáfora) conseguindo exprimir as várias propriedades, quer dos objectos quer a dos homens que os utilizavam e dos que os reapreciavam, logo, seguindo o caminho mais curto para a comunicação entre eles. Ora, e à medida que a evolução da humanidade decorria, os Símbolos não só foram sendo substituídos por uma linguagem cada vez mais facilitada mas também começaram a ser mais elaborados uma vez que passaram só a representar as ideias mais abstractas e não a comunicação comum. Assim, houve necessidade de uma aprendizagem, exactamente uma iniciação, para que a transmissão fosse correctamente assegurada. Eurásia, Egipto antigo, Mesopotâmia e outras Civilizações e Culturas desenvolveram os seus próprios métodos (idem idem, aspas aspas na história da Franco-Maçonaria) para tal chegando até à Era moderna, e na N.’.A.’.O.’., seguem-se os Rituais que podem ser considerados como uma verdadeira Arte de Memória bem exemplificada pelo Templo Maçónico que é uma síntese, quer dos elementos que evocam o Templo de Salomão construído há 2500 anos quer das monumentais catedrais construídas na Idade Média. Uma palavra final para os Mitos que na Franco-Maçonaria estão intimamente associados à interpretação dos Símbolos e sendo récitas alegóricas das antigas tradições estão aptos a mostrarem-nos o Caminho da Luz que o Maçom mais deseja e persegue. Nesta Era Contemporânea onde se pensa que tudo se sabe e se conhece parece-me útil reflectir sobre o método simbólico e o conhecimento. Cito uma reflexão de Luc Nefontaine no Seminário Science et Avenir em 1995 que afirma ter o Simbolismo o principal papel na reconciliação entre religião e ciência, ou entre o espiritualismo e materialismo ou ainda entre o irracional e pensamento lógico, concluindo que o Maçom que se abra ao Símbolo ultrapassa a dualidade do pensamento do cérebro humano. Como sabemos, este, divide-se em hemisfério direito e esquerdo, representando este último o pensamento verbal, lógico e analítico e aquele primeiro o pensamento global, poético e analógico, e se para um cientista a explicação do universo repousa nos átomos, suas partículas e respectivas forças, e se para um religioso a explicação é arbitrariamente deísta, o Maçom tem o dever de se elevar a esta dicotomia, pois, para ele, o simbolismo maçónico é a tradução sensível das verdades abstractas, não deixando por isso de estar informado e esclarecido sobre os mecanismos explicativos e antagónicos do Universo. Como escreveu Schopenhauer, o pensamento morreu no momento em que se encerrou nas palavras, ou seja, é pensar sem palavras (música, imagens não descritíveis), característica do hemisfério cerebral direito que permite a apreensão intuitiva e mística (os mestres da Civilização Indiana referiam-se a eles como o cérebro solar e lunar) ao contrário do esquerdo que é verbal, sequencial e temporal. Em conjunto permitem-nos tirar conclusões antes de as experienciarmos, meditando. É neste hemisfério direito que se faz a aprendizagem dos Símbolos, a chamada compreensão silenciosa. No Templo, local sagrado onde se reúnem os Maçons, há um exemplo deste simbolismo que a anatomia cerebral nos mostra a Oriente expressado: o Sol, a Lua e o Delta Luminoso que será interpretado como o corpo caloso que une os dois hemisférios para que se aprenda, de forma elevada, o Conhecimento do Caminho da Luz. Para concluir este Traçado resta-me fazer a descrição, a mais generalizada possível, dos diferentes Símbolos da Franco-Maçonaria. São diversos e numerosos mas podem ser agrupados sem que a lista seja exaustiva. São eles: os objectos e imagens; os gestos; as palavras; os mitos; os sons fragmentados; os rituais; Começo pelos objectos e imagens e deparar-se-á de imediato o 1º símbolo – o Templo e a sua arquitectura simbólica. Tem uma orientação Ocidente/Oriente como as Catedrais da Idade Média, é constituída por 3 partes e a disposição dos objectos segue a
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 9/38 das tradições antigas, a saber, a porta de entrada a Ocidente com as Colunas J e B, a parte central com os 3 Pilares, o Tapete de Loja e o Pavimento Mosaico e finalmente o lugar dos Testamentos a Oriente onde se decide e orienta a prática maçónica. Depois, uma série de objectos em que cada um cumpre um significado particular desde as ferramentas (Esquadro, Compasso, Régua, Fio de Prumo, Cinzel, Maço, Corda de 12 Nós, Espadas e Pedras) passando pelas figuras geométricas (Pedra Cúbica, Estrela Flamejante de 5 pontas), pelos vegetais (Romã, Acácia, Loureiro, Oliveira) e até animais que não existem nas Lojas Azuis mas presentes nas Lojas de Perfeição. A seguir os gestos que, ritualizados, são Símbolos que obedecem a uma certa ordem e ritmo (as atitudes corporais ao falar ou saudar, o Abrir e o Encerrar os Trabalhos, os Passos, a Entrada e a Saída, a Deambulação, a Dança Caótica da 1ª viagem, os Golpes na porta de entrada e os Toques específicos de cada Grau de Instrução) permitindo que nos identifiquemos e se ordene a marcha dos Trabalhos. Nas Posturas estão enquadrados os Sinais e as Saudações, nos Sons os Golpes do Malhete específicos com o seu ritmo próprio, os Golpes de estalar os dedos em sinal de assentimento e a música, e, finalmente as Palavras de Passe que se encontram desde o 1º ao 33º Grau para serem desencriptadas constituindo enigmas que recordam as palavras trocadas entre Hiram e o Rei Salomão. Contudo, não queria terminar este Traçado sem lembrar, por um lado uma velha máxima da Franco-Maçonaria que nos ensina que as funções a que os Mestres são investidos não lhes conferem um novo Grau nem modificam o Grau que já possuem, e por outro lado as palavras de Marcel Proust que dizem: «o papel do ensino (livresco ou simbólico) é, à vez, essencial e limitado, ou seja, a leitura e o estudo são a antecâmara da vida espiritual: tanto nos podem introduzir como afastar e, sobretudo, não constituem nunca a própria vida espiritual». Com efeito, os Símbolos são um meio de aceder ao conhecimento iniciático, entendendo-os cada qual segundo as suas possibilidades de compreensão e as suas capacidades de realização interior, sendo aqui, na influência espiritual, que os Ritos e Símbolos serão os veículos do Segredo Maçónico, logo, intransmissíveis e inexprimíveis só pelo conhecimento livresco. Penso que já posso terminar com uma das muitas definições escritas na literatura do que é o Simbolismo: é o modo de expressão das verdades transcendentais que não são exprimíveis pela linguagem corrente, e estudando e identificando-nos com os Símbolos recordo F. Nietzsche que nos pedia para imprimirmos na nossa vida o selo da eternidade, como bem simboliza a morte e a ressurreição de Hiram que devemos praticar todos os dias e não esperar pela morte biológica. Diógenes de Sínope M.’.M.’. R.’.L.’. Salvador Allende G.’.O.’.L.’. Bibliographia -Oswald Wirth - “La Franc-Maçonnerie Rendu Intelligible à Ses Adeptes, Tome I et II et III” -Irène Mainguy- “La Symbolique Maçonnique du Troisième Millénaire” -Jules Boucher – “La Symbolique Maçonnique”, Éditions Devry -Les Cahiers de la Franc-Maçonnerie nº7- Qu’Est-Ce Qu’Un Rituel ? Éditions Oxus -Les Cahiers de la Franc-Maçonnerie nº8- Qu’Est-Ce Qu’Un Symbole ? Éditions Oxus -José Marti M:.M:.-“Uma Síntese da Simbologia Maçónica” -I CONFERÊNCIA GRAAL, Estrutura, Conteúdo e Simbolismo
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 10/38 MENSAGEM DO DIA – MAÇONARIA EM GOTAS (XXV) Valdemar Sansão Dia 28 de fevereiro O SENTIDO DA VIDA! Quanto mais você praticar ser um bom Maçom, melhor homem você será! O Maçom na sociedade atual - Nossa Ordem tem sistematicamente, através dos tempos, oferecido aos seus membros oportunidades de evolução pessoal, para que se transformem numa poderosa força do bem, como influentes construtores sociais. Muitas tentativas foram feitas, e a história nos diz, - muitas, infrutíferas -devido aos que têm por princípio a intolerância religiosa. Para que homens sinceros se prepararem para o serviço na sociedade, segundo os princípios das tradições iniciáticas, e com a participação do homem Maçom, haverá uma correção dos profundos erros políticos e sociais, para a defesa da liberdade de consciência, da justiça e da verdade, seja ela qual for. Há liberdade de ação, prevista pela Constituição, mas há dificuldades múltiplas na prática de nossas manifestações, sobre nossa Instituição, e em parte pela falta de objetividade de ação. Não é novidade para ninguém, que a elite brasileira não é muito sensível às preocupações gerais do nosso País. Se considerarmos que nosso País ainda luta contra suas deficiências básicas, tais como educação, moradia, saúde, saneamento básico, segurança e etc. O interessante é que muitos falam e poucos assumem, e nós Maçons, de tantos passados históricos, somos apontados em muitas ocasiões como a esperança moral do povo. Quem somos? - Somos um grupo de homens, cuja decisão sobre o que discutimos, e sobre o que precisamos na sociedade, não tem, muitas vezes atravessado a rua em que se encontra a nossa Loja! Infelizmente esta afirmativa não é exagerada. Muitas vezes dentro de nossos Templos somos “combativos”, “verdadeiras feras” em defesa do bem, do menor, da democracia, dos princípios basilares, reclamamos do governo, da corrupção, da sociedade e de tantas outras necessidades do homem no mundo atual. Nestes aspectos, sem dúvidas, fala-se muito e se faz pouco! É claro que entendemos que este comportamento é uma função quase que direta das circunstâncias da precária vida e da formação do homem na época atual, mas continuo entendendo que o Maçom, ainda não é vítima e nem poderia ser satisfatoriamente privilegiado... Seria interessante sabermos o que o Maçom pode verdadeiramente fazer na sociedade atual e diante dela. Para isto, nossa luz deve brilhar de dentro para fora. Procuremos manifestar a todos a luz interior que vibra em nós, através de nossos atos e de palavras de 3 – O Sentido da Vida – Maçonaria em Gotas (XXV) Valdemar Sansão Ir∴ Valdemar Sansão
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 11/38 incentivo, com um sorriso de entusiasmo e de encorajamento, com exemplos de Fé e de Otimismo. Se alguém não nos compreender, perdoemos, e sigamos em frente! Não guardemos em nossos corações mágoas e ressentimentos, medo e tristeza. Quantos esperam dos maçons, apoio, compreensão e carinho! Estas questões aparentemente simples são amplas e podem ser encaradas sob vários aspectos, mas, dois são básicos: Nós Maçons somos hoje um grupo de homens espalhados pelo País, com princípios bem definidos pelos nossos Rituais, mas com regras não totalmente bem definidas pela nossa Constituição e Regulamentos, com decisões sem muita repercussão, fora de nossos Templos. Cumprimos as obrigações perante nossas Obediências e Lojas? Juramos isto! Entendemos e com o tempo a passar aprendemos serem nossos Templos um desafio à nossa responsabilidade e a filosofia é a luz que ultrapassa as barreiras físicas e mentais por nós conhecidas. É a luz que nos mostra no céu as estrelas que nos orientam nos dando acesso ao conhecimento e à vida de um modo geral, e é a luz que consolida o nosso passado, levando-nos a pensar no futuro, confiando, sobretudo n’Aquele que nos fortalece e vivifica. Sob este aspecto, entendemos que o Maçom não só é privilegiado como brilhante, e até muitas vezes convencido da necessidade de um aperfeiçoamento. A finalidade da vida consiste em adquirirem-se conhecimentos. No entanto, só quando a velhice nos prateia os cabelos e nossos membros se sentem alquebrados é que compreendemos essa verdade. O que fazemos? - O Maçom é privilegiado sim, porque assume com estes programas um compromisso com a liberdade intelectual e espiritual do homem, cujo limite, sabemos, é o infinito... Assim, à sombra deste privilégio, e à frente dos nossos olhos, vários caminhos podem ser tomados diante da sociedade em que vivemos; a questão é: qual tomar? É bem conhecido que a Maçonaria não cultua o poder, notadamente o poder político, e muito menos o corteja, mas tem a obrigação de preparar seus membros para que exerçam dignamente o poder quando convocados para servir a sociedade. A questão é como encarar a sociedade com conceitos e princípios que defendemos... Faz parte do nosso convívio como homens de bem, oferecer o direito de cobrar dos que se encontram no poder, posições de competência, austeridade, sensatez e moralidade. A sociedade atual muito pouco sabe sobre nossos propósitos, e reluta muitas vezes em aceitar nossa Sublime Instituição. Nossa grande preocupação é que se tratando de política partidária, nós mesmos duvidamos de nossas atuações e de nossa eficácia. Maçons ou não, estamos cercados de vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente de falta de humildade, que nos assolam em todos os momentos de nossa vida, reverenciando o mal. Nós escolhemos nossos caminhos e nossa Ordem, por vontade própria e sem constrangimento ou coação. Se não tivermos consciência do que queremos poderemos livremente pedir o “quite-placet” e procurar realização em outro lugar. O que precisamos - é nos aproximar da sociedade profana; caminharmos até ela, convivermos com suas dificuldades, seus prazeres, com sua sabedoria e com sua ignorância. Isto é difícil, mais para a Maçonaria, sociedade repleta de princípios bem definidos, e com a vontade de fazer, e fazendo o melhor, pode tornar-se viável. Muitas vezes, o Maçom é brilhante, bem preparado, repleto de conhecimentos e boas intenções, mas é tímido e se envergonha de chegar à sociedade, e oferecer algo em favor dos outros. Se formos ao encontro dos reais objetivos de nossa Ordem, e deixarmos de justificar nossos melindres e preconceitos mais fortes, e provermos as necessidades do
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 12/38 Irmão, naquilo que lhe der oportunidade de criar e lhe der liberdade de pensamento e ação, já estaremos próximos do cumprimento de nossas obrigações. Entre as quais destacamos o papel de manter e formar o homem do bem! Vamos a eles! Podemos contar com o seu apoio e o nosso nunca lhes faltará. Favorecer o ser humano, com base no amor ao próximo, amor fraterno, demonstra acima de tudo a compreensão pura e simples da prevalência do espírito sobre a matéria. O sentido da vida - Chegamos a conclusão de que temos que nos unir e trabalhar juntos, e que não adianta nos lamentarmos levantando protestos dentro dos nossos Templos contra os erros da sociedade de hoje, que, aliás, são muitos. O que temos que fazer é trabalhar para o bem, até mesmo numa tentativa frenética de erguermos a moral de nosso povo, hoje abatido, infeliz e sem muitas perspectivas sólidas para o futuro. Não nos permite o mundo atual, ficarmos encerrados em nossos Templos, fazendo juras de fidelidade, num circuito fechado, inconsistente. Temos que participar. Afinal, não somos uma obra exclusiva de nosso tempo, e sim de muitas épocas, e por esta razão somos responsáveis pelo que mantemos. Temos que nos aproximar da sociedade e não nos afastarmos dos seus problemas, quebrando o antigo tabu da falta de aproximação e do diálogo. É chegado o momento de definirmos uma boa razão para vivermos e até mesmo de pertencermos à Maçonaria. Conclusão – O Maçom tem sempre que levar aos seus arredores mais próximos seus conhecimentos, que em média são muito superiores que os da grande maioria deste povo brasileiro sofrido, muitas vezes por falta de oportunidade e em grande parte desprovido de princípios. Ele tende aprender a se conhecer, e a aceitar a si e as suas emoções, suas qualidades, suas deficiências, a fim de construir e desenvolver. Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos unamos em torno do bem e da tolerância. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado, desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que se praticou. Respeite o próximo e ajude sempre, mas em silêncio, porque o Pai, que vê no segredo, o recompensará muito mais do que o reconhecimento público que tiverem seus atos. Este é o SENTIDO DA VIDA! P.S.- É difícil saber enumerar a influência da Maçonaria Moderna em todos os aspectos da vida ocidental nos últimos 300 (trezentos) anos (1717 – 2017), seja essa influência, política ou cultural. Louvada seja sempre a Maçonaria que nos fez Irmãos!
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 13/38 Ir Jorge Muniz Barreto, MI ARLS Lealdade 3058, Rito Moderno, GOB-SC ARLS Delta Brasileiro3691, Rito Brasileiro, GOB-SC Quatour Coronati Lodge nº 2076 da UGLE (Membro Correspondente) muniz.barreto@gmail.com Duas Bruxas Em uma aldeia celta havia duas Bruxas. Uma era uma Bruxa Feminista e a outra uma Tradicionalista. E, apesar de ambas serem profundamente religiosas, elas tinham idéias bem diferentes sobre o que a religião significava para cada uma. A Bruxa feminista acreditava que a Bruxaria era uma religião que se adaptava especialmente às mulheres porque a imagem da Deusa era uma arma poderosa e forte contra a tirania patriarcal. E havia uma desconfiança no coração da Bruxa feminista em relação à Bruxa tradicionalista pois, a partir da perspectiva feminista, a Bruxa tradicionalista parecia subversiva e uma ameaça à Causa feminista. A Bruxa tradicionalista acreditava que a Bruxaria era uma religião de homens e mulheres e que não devia haver divisão. E mesmo a Deusa sendo louvada, deveria se tomar cuidado de incluir a força do Deus em igualdade de condições. E havia uma desconfiança no coração da Bruxa tradicionalista em relação à Bruxa feminista pois, a partir da perspectiva tradicionalista, a Bruxa feminista parecia uma ameaça à Tradição. Ambas as bruxas viviam na mesma comunidade, mas pertenciam a covens1 diferentes. Algumas vezes uma bruxa de um coven visita um coven diferente, mas isto pode ser raro. Pertencendo a covens diferentes, elas não se encontravam com frequência. Estranhamente, entretanto, nas poucas vezes em que se encontraram, elas sentiram uma forte atração uma pela outra. Nos seus íntimos elas gostariam de ser amigas, compartilhar experiências, enfim evoluir como dois seres humanos reais. Mas ambas reconheciam que esta atração era uma tolice uma vez que suas ideologias estavam a mundos de distância, e nada, ao que parecia, poderia, um dia, criar uma ponte entre elas. Então, um dia, a comunidade decidiu unir todos os covens num grande ritual conjunto. Depois dos rituais, da Magia, das danças, dos festejos, todos se recolheram para suas barracas e sacos de dormir. Todos menos aquelas duas, pois elas estavam 1 Na filosofia wicciana, um coven é um grupo que se reune frequentemente para estudo. 4 – Duas Bruxas Jorge Muniz Barreto
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 14/38 preocupadas com suas diferenças e não conseguiam dormir. Elas permaneceram sentadas perto da fogueira enquanto todo mundo dormia. E depois de algum tempo, elas começaram a conversar sobre as diferentes formas pelas quais viam a Deusa. E como ambas eram Bruxas relativamente inexperientes, elas logo começaram a discutir sobre qual seria a “verdadeira” imagem da Deusa. -Descreva para min a sua imagem da Deusa, pediu a Bruxa feminista. A Bruxa tradicionalista sorriu e disse numa voz cavernosa, sensual: -Ela é a personificação de todo o amor. A plenitude da beleza feminina. Eu a vejo com cabelos louro-prateados como a luz da Lua, sedosos e fartos, caindo ao redor de seus ombros. Ela tem o corpo jovem de uma donzela e suas vestes são feitas de vento para que suas formas arredondadas, balançando suavemente ao redor do seu corpo a tornem mais sedutora. Eu a vejo dançando à luz da Lua como uma ninfa. E ela chama seu amado, o Deus Cornudo, de braços abertos mostrando seios rígidos, com uma voz que é suave, doce e gentil, tão musical quanto um sino de prata. Ela é como Afrodite a deusa do amor sensual. Ela é Parvati despertando a libido de seu Shiva na noite de seu casamento. E seu amado vem em resposta ao chamado dela pois ela deve formar com ele o ovo cósmico, origem da vida e se tornar a Grande Mãe. Assim eu a vejo. A Bruxa feminista riu e disse, -Sua Deusa é uma Barbie cósmica! O arquetipo Jungiano de uma líder de torcida! Ela é toda brilho e nenhuma substância. Onde está o poder dela? Sua força? -Eu vejo a Deusa de uma forma bem diferente. Para min, ela é a personificação de toda a força, coragem e sabedoria. Um símbolo vivo do poder coletivo de todas as mulheres do mundo. -Eu a vejo com o cabelo tão negro quanto a noite, mantido curto para ser fácil de cuidar no campo de batalha. Ela tem o corpo musculoso de uma mulher no pico de sua saúde e forma física. E suas vestes são práticas e simples, nada de um vestido de festa. Ela não pinta seu rosto, ou perfuma seus cabelos, ou depila suas pernas para satisfazer a vaidade masculina. -Ela não realiza danças pornográficas para atrair um homem, quando ela chama um companheiro, sua voz é forte e confiante. Ela é Artemis, a caçadora, e é fatal para qualquer homem lançar olhares em sua direção. Pois, apesar dela ser a Mãe de muitos ela é também a Anciã da sabedoria, que destrói a velha ordem. “assim que eu vejo a Deusa.” Agora foi a vez da Bruxa tradicionalista rir e dizer, -“Sua Deusa é a antítese do feminino! Ela é uma espécie de Yahweh escondido atrás de uma máscara feminina! Não se esqueça de que foram os seguidores dele que queimaram Bruxas pelo “pecado” de pintar os rostos. Afinal, foram as Bruxas com seu conhecimento de ervas que descobriram a arte dos cosméticos e de cunho prático, dos remédios que curam pessoas doentes. Onde está a beleza dela? E o amor e o desejo?” E assim a discussão prosseguiu, até que o som das vozes alteradas despertou uma anciã de um dos covens que estava dormindo por perto. A Anciã olhou de uma para a outra por alguns instantes sem dizer nada. Então ela sugeriu que ambas fossem separadas para a floresta e lá, através da meditação e da magia, procurassem Ter uma visão “verdadeira” da Deusa. E lá se foram elas. Sem perceberem entraram no templo
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 15/38 de Shiva, o Deus da Natureza e do Amor. Depois de alguns momentos de invocações, houve um instante de profunda quietude. E então, um feixe de luz brilhante pode ser visto em meio ao verde escuro da floresta e ambas as bruxas correram na direção dessa luz. Para seu espanto e admiração, elas descobriram que a Deusa tinha aparecido em uma clareira bem entre as duas, de modo que nenhuma podia ver a outra. E a Bruxa tradicionalista gritou: -Veja, é como eu te disse. E a Bruxa feminista gritou: -Como eu te falei!. E nenhuma delas ouviu a outra. Para a bruxa feminista a Deusa parecia a matriz de toda a força e poder, com sua coragem e energia fluindo ao seu redor. A Deusa parecia erguer seus braços para receber a Bruxa feminista como se recebe um camarada de armas. Para a bruxa tradicionalista ela parecia ser o máximo da beleza feminina, cantando a canção de sedução de uma sereia. Energia parecia fluir ao redor dela. E ela ergueu seus braços para a bruxa tradicionalista como um convite. Dos lados opostos da clareira, as Bruxas correram na direção da figura da Deusa que ambas amavam tanto, desejando sentir o êxtase do abraço divino. Mas pouco antes delas a alcançarem, a aparição desapareceu. E as duas Bruxas se assustaram ao se encontrarem abraçadas uma à outra. E então ambas ouviram a voz da Deusa. E, por incrível que pareça, essa voz teve exatamente o mesmo som para ambas. O som de uma risada de Maya, o espírito da ilusão das aparências. Referencia: O texto foi extraído do livro Shivaismo, religião do amor e da Natureza, do autor, em fase de conclusão. É para ser enviado gratuitamente aos interessados, bastando enviar mensagem solicitando à muniz.barreto@gmail.com.
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 16/38 Este Bloco é produzido pelo Irmão Pedro Juk. Neste Bloco seguem doze Respostas: 1 – Dúvidas Ritualísticas: Em 28/09/2016 o Respeitável Irmão Evandro Ubiratã Garcez Domingues, Loja Acácia Vitoriense, REAA, GORGS (COMAB) e da Loja de Perfeição José Almeida dos Santos, SCRS, Oriente de Santa Vitória do Palmar, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para as dúvidas seguintes: evandrosvp@terra.com.br Recorro aos vossos conhecimentos maçônicos, por não haver encontrado literatura que me esclarecesse, e minha consulta ao Supremo Conselho do RS, ainda não teve resposta (!?). Assim, formulo três questões ao distinto irmão: 1 - No simbolismo, a bateria no 1º e 2º graus é realizada de maneira sonora (palmas), já no 3º grau, executa-se a bateria de forma surda (bate-se no antebraço, devido ao luto pela morte de Hiram). E nos Altos Graus, como deve ser a bateria? Por quê? 2 - Na formação da Cadeia de União, os pés devem ser unidos pelos calcanhares, unindo-se as pontas dos pés aos outros irmãos, as mãos são unidas, cruzando-se os braços (o direito por sobre o esquerdo). Mas já vi cadeias de união sendo realizadas com os irmãos dando-se as mãos, com os braços esticados para baixo, ao longo do corpo. Qual é o mais correto? Por quê? 3 - Nos Altos Graus, os irmãos devem usar os paramentos do grau em que se realiza a sessão, ou cada irmão deve usar os paramentos do grau em que está colado? Por quê? CONSIDERAÇÕES. 1 – A Câmara do Meio representa a alegoria da morte do Mestre. Em síntese os operários consternados expressam a sua dor e angústia pelo acontecimento. A Lenda do Terceiro Grau encerra as três etapas da vida humana – intuição, análise e síntese. Resumindo a dor pela perda do Mestre, a bateria em surdina denota o símbolo de respeito intrínseco a esse teatro simbólico. Além disso, os três graus simbólicos conferem ao iniciado a capacidade de autodomínio sublimado pelo controle sobre si mesmo e das suas paixões, o que se resume em conhecimento interior – conhece-te a ti mesmo (Sócrates). 5 – Perguntas & Respostas Pedro Juk
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 17/38 De tudo, essa representação simbólica está na morte e no renascimento (o assassinado e o reencontro da Palavra). Sob esse prisma, o teatro simbólico da Lenda se encerra com o renascimento do Mestre, o que em linhas gerais, após ser revivida a sabedoria (Exaltação) encerra-se o luto (consternação). Já no que diz respeito aos graus do 4º ao 18º, sua aplicação doutrinária está na saída do campo restrito de conteúdo humano para o conhecimento cósmico, o que em linhas gerais trata da identificação do Homem com o Universo pela aplicação da virtude da solidariedade e do amor. Nesse campo de estudo e aperfeiçoamento, ao contrário do anterior (simbolismo), não existe menção específica sobre consternação e dor, senão alguns em aspectos decorativos de algumas câmaras que lembram discretamente Hiran Abif. Em se tratando dos graus do 19º ao 30º, estes norteiam o caminho da realização do Homem, ajustando-o com tudo aquilo que existe no Universo (o Homem como parte da Natureza). É por essa concepção que o 30º grau exprime toda a síntese iniciática proposta pelo escocesismo, o que lhe traz inquestionavelmente uma grande importância doutrinária. Assim, do mesmo modo, também essa a liturgia não trata especificamente de nenhuma consternação pela perda de alguém. Em síntese, nessa etapa não existe a individualidade do luto. Por fim, os demais graus, do 31º ao 33º não cabem comentários nesse sentido por serem meramente administrativos. Deixando o significado esotérico, os graus escoceses também mostram na sua maioria uma sequência histórica do povo hebreu, que vai desde a construção do primeiro Templo, o de Jerusalém, também conhecido como o de Salomão, até o advento do cristianismo e a destruição total do terceiro Templo (o de Herodes) e da cidade de Jerusalém, no ano 70 da era atual. Em síntese, esse mosaico doutrinário e histórico do Rito mostra que os seus graus simbólicos e textos iniciáticos relacionam-se à construção do primeiro Templo, o de Jerusalém, cujos princípios maçônicos mencionam que a sua construção teria sido dirigida pelo artífice fenício Hiran Abif, enviado a Salomão pelo rei Hiram, da cidade fenícia de Tiro (os fenícios eram semitas tais como os hebreus). É bem verdade que esse fato não possui nenhuma sustentação histórica, senão uma conotação lendária, já que Hiran Abif era, segundo a Bíblia, um entalhador de metais que teria sido responsável pela decoração das colunas do Templo, do Mar de Bronze e do Altar dos Holocaustos. A despeito dessas assertivas, a lenda maçônica no intuído de coaduna-la com a mensagem doutrinária proposta, mostra simbolicamente Hiran como o construtor do Templo e que o mesmo dividiu os seus auxiliares em três categorias de conformidade com a habilidade e conhecimento de cada um, dando-lhes assim, numa autêntica lição de sociologia, a oportunidade conforme os seus méritos a ascender na escala iniciática. Sob essa óptica, a exposição lendária mostra também o assassinado do Mestre Hiran por três maus Companheiros que, sem qualificação e tempo de trabalho, queriam chegar ao mestrado. Assim, o grau de Mestre especificamente se desenvolve em torno desse assassinato, a despeito de que muitos dos graus posteriores se desenvolvam também ao redor da busca da Palavra Perdida e na vingança dos Obreiros pela perda de tão venerável Mestre, já que sinteticamente a liturgia desse compêndio se suporta na posse do conhecimento relativo ao segredo da arte de construir o Templo (espiritual e material) que estivera com Hiran Abif. Nesse sentido, até o Terceiro Grau, menciona-se a alegoria do luto e da consternação pela enorme tragédia que se abateu com o suplício do Mestre. A partir daí, a história hebraica inserida nos graus até o 19º se desenvolve mostrando o final da construção do primeiro Templo, o exílio na Babilônia após a sua destruição, a libertação e o retorno à Palestina, a construção do segundo Templo (Zorobabel), o cristianismo, a destruição do terceiro Templo e de Jerusalém e, finalmente, segundo a doutrina maçônica, o aparecimento da Jerusalém Celeste em lugar da terrestre que se encontrava em ruínas. Esse ciclo doutrinário, da Perfeição e do Capítulo, é posterior ao luto pela ausência do Mestre assassinado. As alusões feitas a ele (Hiran) são pela busca da Palavra e pela pena capital aos assassinos, nunca agora pela consternação. Por fim os graus seguintes (Kadosh) são de inspiração templária, embora possua também acentuada influência hebraica, o que pode ser constatado na decoração das câmaras, nas
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 18/38 Palavras e nos títulos dos Oficiais. Em especial, nenhum deles trata diretamente da morte de Hiran Abif e a respectiva expiação. Dada a essa breve exposição, genuinamente se pode constatar que a bateria surda (de luto) é própria do Terceiro Grau (simbolismo), já que nele se trata diretamente da encenação da Lenda de Hiran com a personificação do personagem principal da Exaltação ao Grau de Mestre. Embora como demonstrado, os demais graus subsequentes (filosóficos) até façam às vezes alusão ao fato lendário, neles não há uma demonstração literal pela angústia do luto, senão pela vingança e pela procura do segredo perdido da Arte de Construir (Palavra Perdida). Assim, por essa exposição, a bateria surda genuinamente só acontece no Grau de Mestre, embora não nos caiba contestar o fato se porventura existirem ainda rituais equivocados de alguns Supremos Conselhos que venham mencionar práticas antagônicas. Quando se perscruta os graus escoceses de Perfeição, Capitular ou de Kadosh, há que se observar o contexto geral de cada um desses grupos doutrinários e não especificamente um único grau propriamente dito. 2 – A Cadeia de União e o sua forma de execução depende do arcabouço doutrinário específico do Rito praticado. No caso do simbolismo do REAA, tradicionalmente a Cadeia somente existe para a Transmissão da Palavra Semestral e nela não existem preces, orações, pedidos e outras coisas do gênero. No escocesismo na composição da Cadeia de União verdadeiramente não existe essa tal união com as pontas dos pés. Isso é prática de outro Rito, não do Escocês Antigo e Aceito. No Rito em questão, quando da formação da Cadeia, os Irmãos dão-se as mãos cruzando os braços (o direito sobre o esquerdo) formando um círculo ao centro do Ocidente e em Loja fechada. Na Cadeia somente participam Irmãos do Quadro da Loja. Visitantes dela não tomam parte. Daí o costume de primeiro se encerrar a Sessão (os visitantes se retiram) para que os Irmãos do Quadro a executem. Ratificando, outros formatos e métodos de execução dependem de qual Rito em que a Cadeia será realizada. Essas considerações não têm objetivo de contradizer qualquer ritual legalmente aprovado e em vigência, porém os apontamentos objetivam mencionar aquilo que é puro e verdadeiro no genuíno REAA. 3 – Quanto aos aventais, isso é muito relativo e depende das orientações do Supremo Conselho relativo. Obviamente que os aventais são usados de acordo com o grau em que o Irmão estiver colado. Genericamente, tanto na Perfeição como no Capítulo ou no Kadosh cada qual deveria usar os paramentos relativos ao seu grau, destacando-se principalmente o Athersata do Capítulo que geralmente usa o avental do 18º grau e do Presidente do Conselho de Kadosh que usa o avental do 30º grau. Para o Consistório e Supremo Conselho, cada qual usa os paramentos a eles relativos. Cabe aqui uma observação pertinente: qualquer paramento relativo aos graus ditos filosóficos é privativo das escolas de Perfeição, Capitular, Kadosh, Consistório e Supremo Conselho. Em Loja simbólica, usam-se apenas e tão somente os paramentos relativos ao simbolismo. Concluindo essas considerações, procurei no primeiro tópico dissertar um pouco sobre a qualidade e finalidade dos grupos de graus que compõem o escocesismo. A intenção não foi a da prolixidade, todavia para que o consulente possa, a partir daí, tirar as suas próprias conclusões relativas à questão, sobretudo pela constante de que muito pouco se obtém como suporte por parte dos ditos Altos Corpos e Supremos Conselhos quando se trata de cultura e instrução sérias. Deixo ainda a sugestão para consulta bibliográfica à obra de José Castellani – Rito Escocês Antigo e Aceito, História Doutrina e Prática, Editora A Trolha, obra essa que detém um esplêndido roteiro bibliográfico para pesquisa. Sugiro também autores como Paul Naudon, Alec Mellor, Lionel Vibert, dentre outros autênticos e confiáveis. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com NOV/2016
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 19/38 2 – Circulação Esquadria e Marcha: Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP- GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de São Paulo, formula as questões abaixo: itaircamargo@ig.com.br Aqui estou mais uma vez para explorar o seu conhecimento e sua boa vontade em atender a todos os Irmãos que o procuram. 1 - Na página 42 do REAA, no que se refere à circulação em Loja, diz-se que a Saudação Maçônica é realizada apenas ao Venerável Mestre e se estiver portando objeto de trabalho, faz- se uma parada rápida e formal. E na entrada e saída do Templo também a Saudação Maçônica e feita ao Venerável Mestre e aos Irmãos 1º e 2º Vigilantes. No Oriente não há padronização de circulação. A pergunta então é: na passagem de uma coluna do Norte para a coluna do Sul deve se fazer a Saudação Maçônica ou uma parada rápida e formal para o Venerável Mestre, ou também não há padronização de circulação, sendo livre e como já dito, apenas na entrada e saída do oriente e do Templo? É porque vejo acontecer em diversas Lojas mesmo do GOB, o Irmão fazer a parada formal ao passar para outra Coluna e ou mesmo fazer o Sinal de Saudação ao Venerável Mestre. 2 - O Irmão Aprendiz e ou outro Irmão estando entre Colunas, qual é o ângulo de abertura que deve formar os pés estando juntos quando estiver apresentando um trabalho (leitura de um texto)? Isto porque uns dizem ser 90º e outros dizem ser 60º. 3 - A Marcha do Aprendiz se dá com o Sinal de Ordem dando um passo a frente com o pé esquerdo e arrastando o pé direito junto ao pé direito por 3 vezes, ou os passos são normais sem ter que arrastar o pé direito? Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga. CONSIDERAÇÕES. 1 – No REAA a circulação no Ocidente (deslocamento de uma para outra Coluna) é sempre feita no sentido horário – segue-se o giro dos ponteiros do relógio, cuja simbologia está na associação com a marcha diária aparente do Sol (do Meio-Dia à Meia-Noite). A regra para esse deslocamento é a seguinte: do Norte para o Sul o protagonista cruza o eixo (equador imaginário) do Templo pelo espaço compreendido entre a retaguarda do Painel da Loja e o limite do Ocidente com o Oriente. Do Sul para o Norte ele atravessa o mesmo eixo, porém no espaço entre a porta de entrada da Sala da Loja (Templo) e a frente do Painel da Loja. Na mesma Coluna (hemisfério) não existe circulação. O protagonista que cruzar o eixo do Templo não faz nessa oportunidade Sinal algum e nem qualquer parada formal. Para se ingressar no Oriente se faz sempre a partir da Coluna do Norte (nordeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Bandeira. Do Oriente se sai sempre na direção da Coluna do Sul (sudeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Estandarte. Também no Oriente não existe circulação, senão a regra de que o Venerável ingressa no Altar por ele a ser ocupado pelo lado norte e dele sai pelo lado sul. Assim, as abordagens ao sólio são feitas pelo lado norte do Altar, exceto se o ritual determinar o contrário (vide, por exemplo, a prova da Taça Sagrada na Iniciação). Em Loja aberta, quem ingressar no Oriente, no momento da entrada, saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Dele em retirada, antes de sair, também saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Se o Obreiro estiver, portanto (segurando) um objeto de trabalho ele fará uma parada rápida e formal ao ingressar e sair do Oriente, sem inclinação com o corpo ou qualquer maneio com a cabeça. É oportuno salientar que a Saudação é feita pelo Sinal Penal e o corpo estará ereto com os pés unidos pelos calcanhares em esquadria, em qualquer circunstância. Se o caso for da “parada formal”, o corpo também estará ereto e com os pés em esquadria. Saudações em Loja (pelo Sinal) são feitas apenas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente ou quando da entrada formal (pela Marcha do Grau), em Loja. Nessa
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 20/38 oportunidade ele saudará inicialmente o Venerável Mestre e o Primeiro e Segundo Vigilantes respectivamente. Não confundir saudação com procedimento de compor o Sinal de Ordem quando o Obreiro estiver em pé e parado e, antes de sentar, desfazê-lo novamente – embora com procedimentos análogos, essa prática não é o mesmo que saudação maçônica. 2 – Os pés em esquadria (unidos pelos calcanhares) significam estar em 90º, já que esquadria nesse caso é sinônimo de ângulo reto e, obviamente um ângulo reto tem 90º. Essa “estória” de 60º mencionada na sua questão não merece nenhum comentário. De modo autêntico, o que merece comentário é a direção para onde apontam os pés em esquadria no caso tradicional do REAA. Originalmente o Pavimento Mosaico, de conotação oblíqua, demonstra simbolicamente a posição dos pés e orienta os passos. Assim, como referência, considera-se o eixo longitudinal do Templo (equador) e a intersecção das linhas oblíquas que formam o desenho do Pavimento. Estando de frente para o Oriente e os pés ordenados (direcionados) com as linhas oblíquas dos quadrados brancos e negros, o protagonista coloca então ali os seus pés unidos, o que daria em relação ao eixo uma abertura de 45º para cada pé. Em se somando os dois ângulos relativos a cada pé e o eixo formam-se a esquadria, ou o ângulo de 90º. Desafortunadamente, alguns rituais escoceses mencionam o pé esquerdo apontado para frente e o direito para o lado direito em esquadria. Essa posição, embora com o ângulo reto, é postura praticada por outros ritos. Como os entendidos “acham” que tudo é a mesma coisa, acabaram inserindo esse equívoco no escocesismo simbólico. Assim, eu prefiro sempre mencionar o temo “pés em esquadria”, já que vivemos aqui no Brasil esse estado peripatético de carimbos e convenções que indicam cumprir o que está escrito, não importando se o alistado é de lavra correta ou errada. A postura adequada dos pés no REAA pode ser verificada consultando a obra A Simbólica Maçônica de Jules Boucher, ou no III Tomo do Curso de Maçonaria Simbólica de Theobaldo Varolli Filho, além dos rituais originais franceses a partir de 1804 na França (Grande Oriente da França e Grande Loja da França), dentre outras. 3 – Para a execução da Marcha, os passos são normais. Avança-se a cada vez o pé esquerdo e em seguida se junta a ele, unindo os calcanhares em esquadria, o pé direito. Agora, essa prática esdrúxula de arrastar os pés é mera invenção de achistas, em se tratando do REAA. Qualquer ritual autêntico do puro simbolismo escocês preceitua “passos normais formando a cada passo, com os pés, uma esquadria”. Infelizmente os inventores derramaram criaram um verdadeiro dinossauro no afã de justificar esse inconveniente arrasta- pé – pura bobagem, sobretudo para um rito oriundo da razão e do Século das Luzes, contrário às superstições e crenças particulares que flagelam o Homem. Nunca é demais lembrar que a Marcha do Aprendiz acentua e inspira o caminho da retidão de caráter aplicado ao aperfeiçoamento proposto na senda iniciática, nunca em movimentos que mais parecem imitar um presidiário de uma colônia penal a arrastar um objeto pesado preso ao seu tornozelo limitando os seus movimentos. Concluindo essas respostas, devo salientar que haverá contestadores pelo que aqui lhe deixo escrito, principalmente pelos que acham que cultura e liturgia maçônica são meros bate-papos que se debatem nesses grupos de discussões que existem às centenas pela internet afora, inclusive alguns com barbaridades propostas para, pasme, “se corrigirem rituais de uma Obediência”. Para esses consinto a minha tolerância, mais não a minha indulgência. Afinal eu tenho dito: o pior cego é aquele que se recusa a enxergar. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com T.F.A.
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 21/38 3 – Substituto do Venerável: Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP- GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, formula as questões abaixo: itaircamargo@ig.com.br O substituto do Venerável Mestre é o Irmão Primeiro Vigilante. Mas este tem de ser Mestre Instalado para substituir o Venerável Mestre, já que este para tomar posse primeiramente participa de uma Sessão somente de Mestre Instalado para se tornar e então tomar posse. Caso não seja necessário ser o Irmão primeiro Vigilante um Mestre Instalado, mais uma consulta: O Irmão Segundo Vigilante é o substituto do Irmão Primeiro Vigilante, mas se acontecer de faltarem o Venerável Mestre e o Irmão Primeiro Vigilante, é o Irmão Segundo Vigilante que irá substituir o Venerável Mestre? CONSIDERAÇÕES. Esse assunto tem causado muito debate e, porque não dizer, causado um frenesi. À bem da verdade, no nosso sistema latino de Maçonaria (no Brasil somos filhos espirituais da Maçonaria francesa), bem como na imensa maioria dos Ritos que a compõem, é tradicional a substituição precária do Venerável Mestre pelo Primeiro Vigilante, isso porque na França, o termo “instalação” significa simplesmente a posse do novo Venerável. Em resumo, no sistema latino não existe, ou pelo menos não deveria existir, essa figura do Mestre Instalado. O personagem do Mestre Instalado, muito conhecido como “Past Master” é original na Maçonaria Inglesa (anglo-saxônica). Infelizmente, aqui no Brasil, inventaram essa tal instalação ritualística amparada por uma lenda, sinais e outros congêneres, nos ritos que são filhos espirituais da França – como é o caso do REAA. Pois bem, devido a essa “neura” brasileira de que o Venerável precise passar pela cerimônia de Instalação, é que rios e rios de tinta têm sido derramados na extensão dos pergaminhos da sua existência, pelo que ainda existem muitos defensores que “acham” que no REAA o substituto, mesmo que seja em um caso precário, careça de ser um Mestre Maçom que possua o título distintivo de Instalado. É isso mesmo, título distintivo, porque Mestre Instalado não é em lugar nenhum do mundo considerado como grau maçônico. Já na Inglaterra, onde realmente existe a Instalação no Craft, mas sem essa baboseira toda de sinais e lendas, quem substitui o Venerável Mestre é obrigatoriamente um “Past Master”, de preferência o imediato, pois nesse sistema (inglês) há a chamada linha sucessória e a eleição é, em linhas gerais, feita para eleger o Venerável, o Secretário e o Tesoureiro, porquanto os que irão se candidatar ao cargo de dirigente principal da Loja, tenham sido também Vigilantes. Só para ilustrar, o Guarda Externo (Tyler) de uma Loja do Craft inglês obrigatoriamente tem que ser um Past-Master e ele necessariamente não precisa pertencer ao quadro da Loja, já que ele é contratado e pago para exercer essa função, ao tempo em que ele não ingressa na Sala da Loja para assistir os trabalhos – ele literalmente permanece no exterior como guardião do recinto. Assim, queiram ou não, existem essas diferenças administrativas e litúrgicas substanciais entre as duas vertentes principais de Maçonaria – a francesa e a inglesa. Na primeira, onde Instalação é sinônimo de posse, o substituto precário do Venerável é o Primeiro Vigilante que não precisa ter passado pelo veneralato da Loja, enquanto na segunda, a inglesa, esse substituto eventual é o Past-Master Imediato. Devido aos enxertos, tão comuns na Maçonaria Brasileira, o Grande Oriente do Brasil, por exemplo, tem procurado se adequar da melhor maneira possível a essas contradições legalizadas nos seus Ritos que são originários da França. Assim, no GOB, de modo precário, em linhas gerais substitui o Venerável Mestre o Primeiro Vigilante, enquanto que no seu impedimento definitivo, é necessário que se faça uma nova eleição. Também no GOB, há a
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 22/38 orientação de que as Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, no impedimento momentâneo do Venerável (ausência), somente dirige os trabalhos nessa oportunidade um Mestre Maçom que possua o título distintivo de Instalado - o mesmo que um ex-Venerável - porém preferencialmente o mais recente da Loja. No que diz respeito a ultima parte da sua questão, na falta do Venerável e dos Vigilantes, o melhor mesmo é que não venha existir Sessão, pois não estariam presentes nenhuma das Luzes de ofício da Loja, que são inclusive detentoras de cargos eletivos. Dando por concluído, lembro que é premente nesse caso o conhecimento de que o Rito Escocês Antigo e Aceito, embora com alguma influência anglo-saxônica e de nome “escocês”, nada tem a ver com a Escócia, pois como Rito o mesmo é originalmente nascido na França, portanto sua doutrina e a sua cultura são incontestavelmente latina e deísta. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com NOV/2016. 4 – Templo Consagrado: Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Antonio Pereira da Silva, Loja Fraternidade Sertaneja, 3.257, Rito Brasileiro, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, pede esclarecimentos para a dúvida seguinte: apis.silva@terra.com.br Tenho lido seus artigos e respostas a consultas que me envia Valmir Prata Guimarães e já tive a oportunidade de consulta-lo anteriormente tendo sido atendido satisfatoriamente. Tenho uma nova questão. O Rito Brasileiro, em seu ritual para o 1º grau, na parte relativa ao Templo, Disposição e Decoração do Templo, Inciso 10, diz que o Templo, “pela Sagração, é reservado estritamente ao trabalho maçônico.” A partir desta determinação, entendo que não é permitida a realização de um Casamento Civil, administrado pelo Juiz de Paz, de nubentes não maçons, num Templo Maçônico Sagrado. Acrescento que entendo sagrado, na linguagem do ritual, sem qualquer conotação religiosa ou mística, mas, apenas, como inauguração e destinação específica. Estou certo, Poderoso Irmão? Perfeitamente correto meu Irmão. O espaço da Sala da Loja, comumente tratado como Templo, é um espaço consagrado, o que em linhas gerais na Maçonaria significa dedicação aos trabalhos ritualísticos sem qualquer conotação religiosa. Muitos ainda pensam que a consagração, também conhecida como sagração, determina santidade religiosa, o que é um erro crasso de interpretação. Esse falso entendimento tem se dado principalmente pelo uso indevido da palavra Templo para o edifício maçônico, dando para ele conotação religiosa. A liturgia maçônica se dá através dos seus Ritos e, por conseguinte, conforme a disposição e alegoria da Sala da Loja que é “coberta” durante os trabalhos em atenção a um dos Landmarks da Ordem – o sigilo. Outro erro comum é o mau uso do espaço consagrado aos trabalhos maçônicos quando direcionado às atividades profanas (de não iniciados), afora as Sessões previstas nos nossos Regulamentos com a presença de não maçons. Ora, uma Loja Maçônica não comporta casamento civil como mencionado na questão. Isso é mesmo coisa de quem, ou quer aparecer, ou não entende mesmo nada de Maçonaria. Esses absurdos cabem muito bem com a expressão usada pelo saudoso Irmão e amigo
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 23/38 particular José Castellani. Por vezes mencionava aquele Irmão diante de certos acontecimentos: “se não é jabuticaba e só tem no Brasil, ou é besteira ou é privilégio de alguns”. Concluindo, a Loja serve para trabalhos maçônicos previstos pelas Obediências, inclusive Confirmações Matrimoniais, mas obedecendo aos rituais legalmente aprovados. Iniciativas que não condigam com os trabalhos maçônicos previstos não cabem no recinto da Sala da Loja. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com NOV/2016. 5 – escrutínio - quem distribui as esferas Em 05/10/2016 o Respeitável Irmão Leandro Lemos, Loja Fidelidade Mineira, 105, REAA, Grande Oriente de Minas Gerais (COMAB), Oriente de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte questão: leandrolemos2000@hotmail.com Sou Mestre de Cerimônias de minha Loja e houve um escrutínio hoje. Surgiu uma dúvida: quem distribui as esferas? O Mestre de Cerimônias (no caso eu)? Ou o irmão Experto? Pelo meu entender eu distribuo, o Experto passa recolhendo os votos válidos e eu passo pegando a esfera restante. Estou correto no pensamento? CONSIDERAÇÕES. No Rito Escocês Antigo e Aceito, a prática mais comum tem si a seguinte: O Mestre de Cerimônias, munido das esferas faz o giro na forma de costume por primeiro distribuindo-as (uma negra e uma branca para cada um). Feita a distribuição, o Primeiro Experto com o recipiente apropriado, faz o mesmo giro recolhendo as esferas com que os Irmãos manifestaram o seu voto. O Mestre de Cerimônias, depois de ser levantado e conferido o escrutínio pelo Venerável Mestre, volta a fazer o mesmo giro para recolher as esferas que sobraram. Assim, o Irmão está correto no seu pensamento. O termo “giro na forma de costume” implica em ser o mesmo trajeto percorrido quando da circulação do Saco de Propostas e Informações e do Tronco de Beneficência (da viúva). Concluindo, devo antes salientar que primeiramente seguem-se as orientações exaradas do ritual aprovado, mesmo que elas divirjam das exposições aqui mencionadas. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com NOV/2016
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 24/38 6 – pés em esquadria: Em 09/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1999, REAA, GOB-MG, Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte: itaircamargo@ig.com.br Os Irmãos em Loja depois de desfeito o Sinal de Ordem (por ordem do Venerável Mestre) e ou Saudação, os Irmãos estando em Pé, mas não a Ordem, os mesmo deverão estar com os pés unidos pelos calcanhares formando uma esquadria? Ou desfeito o Sinal de Ordem e ou Saudação se desfaz a esquadria formada pelos pés? Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga. Vamos por parte. Estar à Ordem é, em qualquer situação, manter o corpo ereto, pés unidos pelos calcanhares em esquadria, compondo o Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Assim ninguém fica à Ordem sem que a postura mencionada esteja formada. Isso se aplica nos três Graus. Estar à Ordem significa estar pronto para, à disposição de ou do, preparado, etc. Como nossos costumes são hauridos dos construtores medievais (canteiros), em tese, o elemento à Ordem estará pronto se representado os três instrumentos imprescindíveis na edificação – o Esquadro, o Nível e o Prumo. A postura do corpo, dos pés e o movimento simbólico penal feito com a mão direita sugerem uma alegoria desses objetos. Agora, se na oportunidade um Obreiro for autorizado a desfazer o Sinal, fato que deve ocorrer apenas de modo extraordinário, e não de costume corriqueiro, ele o desfaz pelo Sinal Penal, e em seguida se coloca respeitosamente com as mãos cruzadas e acomodadas sobre o avental, ou às costas. Nessa postura os pés não formam a esquadria – os pés ficam posicionados normalmente. Do mesmo modo pode acontecer se o protagonista estiver ocupando as mãos para segurar um texto durante sua leitura, por exemplo. Nessa situação ele também não precisa formar com os pés a esquadria. Se o Obreiro, por dever de ofício, estiver parado e empunhando (segurando) um objeto de trabalho, ele mantém o corpo ereto e os pés em esquadria (posição de rigor). Não se compõe Sinal usando o objeto de trabalho para fazê-lo. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com NOV/2016. 7 – procedimentos fora do ritual e diáconos: Em 11/10/2016 um Respeitável Irmão que pede não seja publicado seu nome e o da Loja, REAA, GOB-SC, Estado de Santa Catarina, formula a questão abaixo.
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 25/38 Mais uma vez venho tentar esclarecer dúvidas em seu conhecimento e parabenizar pelo seu excelente trabalho. Meu Irmão, no ritual de Aprendiz Maçom, REAA-GOB diz que não podemos "praticar" nada que não esteja neste ritual, e ainda, não podemos acrescentar "nenhuma vírgula" fora do que consta escrito. No entanto, vemos que durante a sessão de diversas Lojas, o Mestre de Harmonia, controla as luzes do Templo, e muitos ainda, abaixam e aumentam as luzes dependendo do momento da sessão. Dito isso, durante uma sessão um Irmão Mestre Instalado, "proibiu" esses atos, por estarem fora do ritual. E outra dúvida, com relação aos Diáconos, em qual momento deve-se fazer a saudação? Abertura ou encerramento? CONSIDERAÇÕES. É um caso sensível essa questão peripatética, sobretudo pela matriz latina da nossa Maçonaria e o vale somente o que está escrito. Infelizmente as Obediências brasileiras se obrigam a fazer esse alerta por escrito devido ao perfil do maçom latino de “achar, imaginar e inventar”. Entretanto, existem situações e situações que envolvem esse alerta, até porque é sabido por todos que os nossos rituais também estão repletos de erros e contradições. Assim, há situações em que o fato de estar ou não escrito não pode ser tratado como mero desrespeito ao ritual, pois muitas vezes a questão é mesmo de coerência para com a dinâmica ritualística. Outro particular é o de que o maçom precisa ter o mínimo de conhecimento necessário sobre a Sublime Instituição e não ficar imaginando, eu diria patologicamente, de que tudo precise estar escrito, não levando em conta as tradições, usos e costumes da Maçonaria. Sob essa óptica, penso que cada caso merece sua própria avaliação, sobretudo naquilo que disser respeito às interpretações dos símbolos e alegorias em sistema velado, isto é, sem licenciosidade. Não há como esquecer também a história autêntica e a mensagem doutrinária de um Rito maçônico em particular. Juntando todos esses ingredientes é que se poderia criar um ambiente para a discussão e interpretação. Passamos por muitas situações, infelizmente, por intervenções e palpites de muitos que se dizem entendidos, mas na verdade não sabem nem mesmo montar uma grade de pesquisa e se apoiam em literatura e bibliografia temerária. Enquanto vivermos nesse teatro de “faz de conta”, cautelosamente temos que usar da virtude da prudência e da prática do bom senso. Dados esses comentários, na sua questão fica claro que o fato não é o de interpretação, senão o de “invenção” de procedimentos que não fazem parte da dinâmica ritualística do Rito. Esse é um caso de enxertar algo que não está previsto. Esse costume, o de “aumentar e diminuir luzes”, foram adquiridos num passado em que as regras não eram explícitas e havia uma miscelânea de procedimentos de um rito em outro. Porém hoje isso não mais é previsto, portanto é prática inexistente e deve ser coibida, não propriamente porque foi um Irmão Mestre Instalado que proibiu, mas pelo Orador da Loja que é o Guarda da Lei e fiscal do cumprimento dos rituais. Nesse caso, quem que alertou a inexistência dessa prática está com toda a razão. Na questão dos Diáconos, durante a Transmissão da Palavra, quando da abertura, não existe saudação ao Venerável Mestre durante a entrada e saída do Oriente pelo Primeiro Diácono, já que nessa oportunidade a Loja não está ainda aberta. Ao contrário, no encerramento, ele saúda o Venerável ao sair e entrar no Oriente. É oportuno salientar que quando da abordagem feita pelos Diáconos ao Venerável e aos Vigilantes na Transmissão da Palavra para a abertura da Loja não se compõe o Sinal. Já no encerramento é que existe a respectiva composição de Sinal. Durante essas abordagens os protagonistas compõem o Sinal cumprindo a regra de se estar à Ordem em Loja aberta – isso não é saudação, é apenas procedimento de se compor e de se desfazer o Sinal de Ordem num determinado momento ritualístico. O ritual é bem claro no que diz respeito à Saudação: em Loja aberta ela só é feita ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente e às Luzes da Loja por ocasião da entrada formal pela Marcha do Grau. Saudação é feita sempre em se estando à Ordem pelo Sinal Penal do Grau. Outras oportunidades em que um Obreiro fica à
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 26/38 Ordem (compondo o Sinal) significa que ele, estando em pé compõe obrigatoriamente o Sinal. Antes de sentar ele o desfaz pela Pena simbólica. De movimentos e gestos análogos à Saudação maçônica é apenas aquela feita ao Venerável Mestre na ocasião mencionada, ou às Luzes da Loja após o ingresso pela Marcha do Grau. Outra situação de se estar à Ordem é apenas cumprimento de uma regra ritualística prevista no REAA. Finalizando, note que certos procedimentos, diferente de outros, não precisam estar escritos, já que eles são óbvios e fazem parte dos usos e costumes dos Ritos, não esquecendo ainda do elemento consuetudinário. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com DEZ/2016 8 – docel e corda de 81 nós: Em 23/11/2016 o Respeitável Irmão Álvaro Cesar Lima, Loja Filhos do Sol, 470, REAA, GLESP, Oriente de Jundiaí, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte sobre um trabalho apresentado: alvaroclima470@gmail.com Esta semana o meu Venerável Mestre pediu um trabalho para o quarto de hora. Pois bem. Resolvi fazer um abordando a corda de 81 Nós. Bom, acho que ficou bom. Pois gerou bastante discussão sobre o tema. O que eu acho muito bom. Afinal a ideia é estudar sempre é aprender ainda. Mas, qual o motivo da dúvida. Nos livros abaixo existem explicações sobre várias coisas relativas à Corda. Mas uma dúvida foi levantada. O Castelhano (deve ser Castellani) diz. A Corda deve estar acima do Dossel se ele for baixo e, abaixo dele, se ele for alto. Pois bem. Qual a altura correta do Dossel? Como se faz o cálculo? Existe alguma informação ou instrução a este respeito? Se for necessário e se existir isto em algum livro gostaria de compra lo. Nos livros abaixo tem até a altura do Altar dos Juramentos e como fazer o cálculo em detalhes. Ate dos cajados dos Diáconos. Mas a altura do Dossel, não. Como poderia sanar está dúvida? A Corda deve estar por cima ou por baixo e, principalmente por quê? Qual a altura? Como fazer o cálculo? O consulente menciona os livros: Rito Escocês Antigo e Aceito - José Castellani, no Caderno de Pesquisas Maçônicas - Caderno 11 pág. 67 fala do Altar trabalho do Irmão Luiz Carlos Leme Franco, Oriente de Londrina, Rito Escocês Antigo e Aceito - Walter de Oliveira Brian, Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz - Raimundo D'Ella Junior, Comentário ao Ritual de Aprendiz I II III Nicolas Alan, Instruções para Loja de Aprendiz - Carvalho Neves. CONSIDERAÇÕES. Vamos por parte. A Corda de 81 Nós é um símbolo que não é unânime em todos os Ritos e Trabalhos que compõem a Maçonaria. Os que o adotam como símbolo, de modo especulativo, a Corda representa os balizes do canteiro de obras. Sua origem está nos canteiros (oficinas de cantaria) medievais cujo contorno da área para a edificação era geralmente
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 27/38 demarcada por uma corda que ia presa às inúmeras paliçadas (pequenos postes) em anéis (argolas). Primitivamente era o tapume que cercava o canteiro de obras. A cercania do canteiro, geralmente de formato retangular, tinha na sua entrada dois postes mais altos cujo espaço entre ambos servia de passagem para o ingresso e a saída do recinto. Junto a esses postes de entrada é que ficavam os wardens (zeladores), mais tarde os Vigilantes da Loja. Esse espaço, contornado pela corda, hoje é representado como lembrança dos nossos ancestrais no REAA. Contornando, ou junto e ao alto das paredes da Loja, a Corda nada mais é do que o contorno simbólico relativo aos canteiros de obra do passado à época da Maçonaria Operativa. Hoje, a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, procura relembrar essa ancestralidade dando ao canteiro de obras especulativo o lugar (Loja) onde trabalham os Maçons Aceitos. É oportuno salientar que essa menção se faz apenas ao espaço contornado (sala da Loja), não a todo o relicário simbólico e decorativo que a compõe indiscriminadamente. Quanto aos “nós” da Corda, eles ingressaram concomitantemente ao aperfeiçoamento dos catecismos e painéis, e lembram a maneira de como era afixada a corda nas paliçadas dos canteiros operativos. Já o conjunto composto pelo número 81, nada mais é do que uma alegoria especulativa que menciona, além do próprio número relativo às proporções matemáticas e um dos catetos do triângulo retângulo, também a simbologia numérica relativa à unidade (nó central) e a distribuição dos outros 40 nós para cada lado. Na verdade é uma alusão ao misticismo da quarentena. Nessa condição interpretativa, o “nó central”, que coincide com a projeção perpendicular ao ápice superior do Delta, ou à porção mediana da sua base, denota o “princípio”, a “causa”, o “movimento” e o “indivisível” – alude à obra inicial do Criador, enquanto que o número 40 é tomado como símbolo penitencial (quarenta foram os dias e noites do dilúvio, quarenta foram os dias de jejum dos judeus desterrados, etc.). Na verdade essa concepção é uma evidência da influência hebraica na doutrina do REAA. Nos templos do REAA a corda, colocada junto à frisa na base da abóbada, ou próximo dela, denota uma boa parte dessas interpretações, inclusive, segundo alguns rituais, ela é tomada como um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz, embora outros determinem a Orla Denteada no lugar dela. Contudo ela é o símbolo da união, tanto sob o ponto de vista figurado ao expressar a unidade entre os obreiros do canteiro na construção da obra perfeita e durável. De modo esotérico a Corda menciona que, unidas uma às outras, as fibras que a constituem fazem com que ela se mantenha sólida e durável. Assim, a Corda e os seus respectivos “nós” devem permanecer fixados no alto das paredes possibilitando assim a sua contemplação por todos os ocupantes do recinto, de tal modo que o seu “nó” central coincida com a projeção do Delta colocado ao centro alto do Retábulo do Oriente. Dessa composição alegórica é que partem horizontalmente, tanto para a direita como para a esquerda, o número de 40 nós para cada lado até a projeção dos respectivos lados da porta do Templo por onde pendem duas borlas (abertas para se adequar à evolução da ciência e das artes) – a Maçonaria é uma Instituição Progressista. O dossel – ele designa uma armação saliente presa à parede, forrada e geralmente adornada por franjas que se coloca sobre o trono, altar, leito, etc. Em Maçonaria, geralmente nos seus templos, existe um dossel colocado no Oriente sobre o altar ocupado pelo Venerável Mestre, cuja cor varia de acordo com os ritos. Seu tamanho, proporção e altura como parte do mobiliário das Lojas se dá de acordo com a dimensão do recinto ocupado pelo Templo. Em resumo há que se adequar sua altura conforme o pé direito (forro) do espaço existente. Entretanto, algumas regras pertinentes à decoração devem ser respeitadas. Em se tratando da sua altura com relação ao piso onde descansa o trono, um dossel deve comportar sob ele, com relativa folga, o mínimo de três pessoas lado a lado e em pé. Sob o dossel também fica o Retábulo do Oriente, que nada mais é do que a própria parede oriental situada imediatamente à retaguarda do Venerável Mestre e limitada pela projeção da largura do dossel. É no Retábulo que ficam posicionados o Delta, o Sol e a Lua, sendo que o Delta, sempre posicionado ao centro e mais ao alto, fique a uma altura compatível para que todos na sala da Loja possam observá-lo, mesmo sob o dossel e sem nada que possa cobrir a sua frente. Isso implica também que se deve tomar todo o cuidado para que
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 28/38 quando o Venerável, ou eventualmente outros que o ladeiem, estiver em pé não interfira na visão para o Delta. Quanto ao nó central da corda e os demais que possam ficar sob o dossel, o nó do centro deve permanecer fixado no Retábulo, ao alto e centralizado logo abaixo da base do Delta, de tal modo que, como o Delta, todos fiquem visíveis aos que do Ocidente olham para o Oriente. Se a altura do dossel for compatível com a altura do espaço permitindo que o nó central da corda possa ser fixado logo acima do ápice do Delta, essa alternativa também pode ser considerada, desde que tudo fique sob o dossel. No tocante a sua questão e a orientação proferida pelo saudoso Irmão e amigo particular José Castellani, entendo que ele quis dizer que em recintos pequenos e de baixa altura de pé direito, como tantos que existem por aí, para se evitar que a corda fique espremida junto ao o Delta e por baixo do dossel, a solução é fixar a Corda no alto e por cima do dossel. Essa também e uma alternativa perfeitamente exequível. No que diz respeito a uma medida de altura, largura e profundidade padrão para a construção do dossel, ela não existe como regra, já que essas medidas dependem muito do tamanho do recinto que acondiciona a sala da Loja em um Templo Maçônico. O importante mesmo é observar a regra de que todos os elementos simbólicos aqui mencionados fiquem visíveis, pois dimensões do Templo e do seu mobiliário são apenas exposições simbólicas, portanto somente exequíveis literalmente se houver possibilidade. Diz- se, por exemplo, que um Templo maçônico do REAA possui dimensões iguais à junção de três quadrados, o que forma de modo contíguo um quadrilongo, sendo um quadrado em planta para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio para o Átrio. Todavia essa não é uma regra condicional para a construção, no entanto uma alegoria. Obviamente que se houver possibilidade de dispêndio financeiro para execução de uma obra desse porte, pode-se seguir esses parâmetros, todavia isso não é obrigatório, até porque deve haver coerência para com a compatibilidade do edifício, sua ocupação, e a constância de funcionamento – essas são regras comumente observadas na arquitetura. Ademais, uma Loja Maçônica é uma oficina de trabalho especulativo baseado nos construtores da Idade Média e não um arquétipo ou estereótipo do Templo de Salomão. Infelizmente, com o passar dos anos, sobretudo a partir do século XIX, muitos místicos e ocultistas foram aceitos maçons influenciando substancialmente com as suas convicções de credo os ensinamentos maçônicos, não faltando inclusive charlatões e usurpadores da fé alheia. Com essas cogitações acabariam por surgir teses envolvendo “dimensões áureas” e coisas do tipo relacionadas ao templo maçônico e o seu mobiliário - tudo bem ao gosto das mais fecundas mentes imaginativas. Na verdade, a Moderna Maçonaria originária da Francomaçonaria (período Operativo da Ordem) sempre fez uso de medidas e proporções na construção das suas obras (catedrais, abadias, palácios, obras públicas), portanto procedimento nada mais natural no ofício daqueles que praticavam a arte da Arquitetura, todavia sem qualquer conotação de ocultismo relacionado aos cálculos de volume, profundidade e altura das suas edificações. Como fiel guardiã das tradições, usos e costumes da Ordem, a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, utilizaria todos esses métodos construtivos como artifício doutrinário utilizado na construção e aperfeiçoamento do próprio homem, já que a pedra calcária, matéria prima principal das construções do passado, agora, no meio especulativo da Maçonaria dos Aceitos, passaria a ser o próprio homem (da Pedra Bruta à Pedra Cúbica). Assim os cálculos que envolviam literalmente a técnica construtiva passariam a ser método comparativo para a aplicação da ciência da moral e da ética. Também nunca é demais lembrar que como maçons do REAA somos filhos espirituais da França, por conseguinte filhos do Século das Luzes, do Esclarecimento e do Iluminismo, nunca oriundos de pensamentos ocultistas ou adeptos de crendices, superstições e convicções anacrônicas. Nesse sentido, alerto que, apesar do simbolismo ser o esteio da Sublime Instituição, nela não cabe existir licenciosidade de intepretação. Concluindo, menções que envolvem medidas e proporções na Maçonaria, embora muitos autores com suas ilações insistam ao contrário (isso não se aplica em parte da bibliografia mencionada na questão), elas são na maioria simbólicas e de cunho alegórico, trazendo consigo, se bem compreendida a Arte, magistrais lições de filosofia e de
  • 29. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 29/38 aperfeiçoamento humano. É o que se diz do aprimoramento do espírito. Em Maçonaria Simbólica, a maioria dos comentos das suas lendas, alegorias e símbolos estão muito longe da literalidade do resultado, entretanto intrínsecos como elementos figurados e esotéricos que esperam metodologicamente para serem desvendadas. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmamil.com DEZ/2016 9 – Música na Exaltação: Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Carlos Alberto C. Silva, Loja Lautaro, 2.642, REAA, GOSP-GOB, Oriente de São Paulo, Capital, formula a seguinte questão: carlos.alberto.net@bol.com.br Antes de tudo, gostaria de agradecer sua resposta à minha primeira consulta feita sobre o Grau de Companheiro. Continuarei colocando o compasso no peito do Candidato quando este for prestar o Juramento. Sua resposta, como sempre muito direta e razoável, me estimulou a colocar uma questão mais na sua fila de consultas e pode ser respondida diretamente, se for o caso. Desta vez me refiro à Cerimônia de Exaltação: Há harmonia (música) numa cerimônia de Exaltação? A Exaltação é uma dramatização da Lenda de Hiram. Tudo se desenrola em torno da Morte dele e do pesar de todos por este evento. A Câmara fica às escuras, com pouquíssima iluminação. Entendo que todos estão ali chorando a morte do Mestre Hiram (simbolicamente, claro) e, portanto, nenhuma música, por mais solene que seja é adequada. Não à-toa, não há a Aclamação Huzzé nas sessões de Grau 3. Estarei com uma interpretação equivocada? Fizemos 2 Exaltações em nossa Loja no último mês e já participei de várias em outras Lojas. Faremos a Exaltação do meu afilhado no próximo mês e como, a única Loja que eu vi que usa Harmonia nas Exaltações é a minha, gostaria de ver essa dúvida esclarecida. CONSIDERAÇÕES. Eu também entendo dessa maneira. Se a cerimônia de Exaltação se dá com a representação da Lenda do Terceiro Grau e tudo se passa em um ambiente de dor e consternação, a sua teatralização deve transcorrer dentro do mais absoluto silêncio, salvo as dialéticas entre os protagonistas necessários para a dramatização. No entanto, a sua referência feita no intuito de reforçar a inexistência da Coluna da Harmonia com a falta da aclamação, devo mencionar o seguinte que como a Loja de Mestre alegoricamente ocorre no inverno (prevalência das trevas), não existe saudação ao Sol, já que a aclamação H significa dar as boas vindas ao retorno da Luz para o hemisfério (no caso da Maçonaria, o Norte). Em tese, essa prática deísta, comum à Maçonaria francesa, não deixa de ser uma lamentação pela falta da Luz (a mãe Terra fica viúva). É o teatro simbólico das Leis da Natureza. É também nesse sentido que na Câmara do Meio, trabalhando na penumbra, as Luzes litúrgicas são apenas nove e não doze, já que as outras três faltantes para completar o ciclo anual, são exatamente aquelas que correspondem ao inverno, daí Hiran ser também a personificação do Sol. À bem da verdade tudo isso está esta intrínseco na alegoria das Colunas Zodiacais presentes nos graus de Aprendiz e Companheiro. Alguns bons tratadistas, entretanto, defendem inexistência de harmonia no caso da Exaltação, apenas até o momento que Hiran é revivido – entendem esses que com a entrada do novo Mestre no Oriente, desfaz-se a lamentação para se efetivar o regozijo pelo ingresso no novo ciclo, o da imortalidade, já que o Oriente é alegoricamente a morada da Luz. Essa tese também não deixa de fazer sentido, pois não é por acaso que muitos rituais preveem harmonia (música) nessa ocasião.
  • 30. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 30/38 Em termos do ritual de Mestre, REAA em vigência no GOB, não existe música prevista, senão um silêncio respeitoso. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com DEZ/2016. 10 – desfazer o sinal de ordem: Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Rafael Luz, Loja Luz do Vale, 3.370, REAA, GOB-SC, Oriente de Gaspar, Estado de Santa Catarina, solicita o seguinte esclarecimento: adm_rafaelluz@hotmail.com Estivemos juntos no ERAC de Sertanópolis (PR) em 2010, quando na oportunidade autografasse o teu livro "Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom" que eu comprei. Fui iniciado na ARLS Areópago Londrina Nº 3051 e hoje trabalho Maçônicamente em Gaspar, SC. Esta semana, depois de um encontro do REAA realizado em Florianópolis surgiu uma duvida sobre o Sinal de Ordem. No Ritual do 1º Grau há informação de como fazê-lo, de como fazer e desfazer (encerrar) o Sinal Gutural, mas não há informação de como desfazer (encerrar) o Sinal de Ordem. Há Irmãos que defendem que, como não há nada escrito no Ritual, poderia ser feito de qualquer forma e os demais Irmãos não aceitam isso. Em Loja o fazemos procedendo metade do Sinal Gutural, ou seja, estando à Ord, l a m d h até o d e d .... Esta é a forma correta de fazê-lo? Existe forma correta? CONSIDERAÇÕES. Pois é Mano, isso tem dado motivo para falsas interpretações, sobretudo porque inventaram esse título de Sinal de Ordem na Maçonaria brasileira, que nada mais é, no caso do Grau de Aprendiz, do que o Sinal Gutural (de garganta). Em se estando com o Sinal do Grau composto, tanto o de Ordem como o Gutural, que são a mesma coisa, somente se desfaz o próprio pela aplicação simbólica da pena (Sinal Penal). Em síntese, ninguém desfaz o Sinal do Grau sem esse procedimento. O que tem dado esse “frenesi” todo é esse título de Sinal de Ordem que hoje é consuetudinário. Assim em termos de Grande Oriente do Brasil, por exemplo, estar à Ordem é o mesmo que estar compondo o Sinal de Ordem (conforme o Grau) e, para desfazê-lo, tratam o movimento penal como Gutural. Em resumo, tudo acaba sendo a mesma coisa, independente do título dado, já que em qualquer situação, primeiro se compõe o Sinal e por segundo ele só é desfeito na forma ritualística conforme a pena do Grau – aquela prevista no juramento. Assim ratifico que, em se estando com o Sinal composto, para desfazê-lo só existe uma forma para tal, a de aplicação simbólica da pena. Não existe meio de se desfazer um Sinal aleatoriamente, como propagam alguns, “diretamente”. Destaco que um Sinal composto compreende dois atos, o primeiro é o de compô-lo, o segundo é o de desfazê-lo. Esse conjunto é conhecido como Sinal do Grau – por ele também se faz a saudação em Loja.
  • 31. JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 - Pág. 31/38 É oportuno salientar que para a composição do Sinal em qualquer Grau, o corpo deverá estar ereto (a prumo), com os pés unidos pelos calcanhares, formando a esquadria – isso significa estar à Ordem (pronto, preparado, atento, etc.). Finalizando, quero manifestar o meu desacordo com essa mania peripatética por parte de alguns que acham que tudo deve estar escrito. Na verdade, em Maçonaria, as coisas não são bem assim, até porque nossas tradições, usos e costumes, em muitos casos, dentre eles os Sinais, são transmitidos com a cautela necessária que envolve a discrição das nossas práticas. Trocando em miúdos, nem tudo está ou precisa estar escrito. Muito do que aprendemos nos é transmitido de modo velado, cujos autênticos conhecimentos nos acompanham ao longo da nossa história. Graças a essa mania do “onde está escrito” é que convivemos com essa enxurrada de rituais, cujos conteúdos na sua grande maioria não condizem com o que é realmente autêntico, senão como palpite de certas eminências que se acham grandes conhecedores da liturgia e da ritualística, porém esses não passam de seguidores e meros copistas que perpetuam as invenções e os enxertos nos nossos rituais. T.F.A. PEDRO JUK jukirm@hotmail.com DEZ/2016 11 – encerramento emergencial: Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão José C. Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de São Paulo, Capital, formula a questão abaixo. bessabezerra2694@uol.com.br . Gostaria de fazer uma consulta ao "Consultório Maçônico". É o seguinte: no meio de uma Sessão Administrativa de Aprendiz um Irmão passou mal e caiu debruçando-se sobre a mesa da tesouraria. Alguns membros correram a socorrer e, em seguida fomos para fora do Templo, levando - numa cadeira e, descendo a escadaria com o intuito de chegar ao carro e em sequencia ao hospital. Pergunta: Como devemos encerrar essa Sessão? Já que vários Irmãos saíram no calor do acontecimento, simplesmente - vamos embora e pronto? Ou, se na possibilidade de alguns voltarem (quem ocupava determinado cargo tinha ido prestar socorro) segue o trâmite normal e fecha a Loja, ou teremos que observar regras? Eu sou da ARLS Arqui Real, 210, Oriente de SP/SP, REAA. Consultei muitas vezes o Grandioso Irmão José Castellani, e agora estou mais uma vez precisando da ajuda de vocês. Desde já agradeço enormemente e aguardo ansiosamente poder mostrar em Loja a Resposta correta. CONSIDERAÇÕES. Numa Sessão Administrativa, merecedora de pauta para tal, depende muito da situação emergencial. Nesse caso me parece ter acontecido um fato substancialmente grave que envolveu o estado de saúde de um Irmão, ocupando inclusive outros Irmãos em seu auxílio para deslocamento hospitalar. Entendo que nesse caso o Venerável deve encerrar a Sessão com a aquiescência do Orador, mandando que o Secretário relate o fato na Ata para merecer justificativa, ao tempo em que ele deve marcar outra Sessão em data compatível para a continuidade da pauta interrompida pelo sinistro. Antes do encerramento, porém, os presentes depositam o óbolo.