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REGIÃO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
CORRÊA, Roberto Lobato Corrêa. Região e Organização Espacial. 7ª edição. Editora
Ática:São Paulo,2003.
Em Região e Organização do Espacial o autor introduz o que afirma serem os
conceitos básicos para o entendimento da construção do conhecimento geográfico,
apresentando assim as correntes do pensamento geográfico compreendidas como
determinismo, possibilismo, método regional, nova geografia e geografia crítica, onde as duas
primeiras, surgiram respectivamente, na Alemanha e França representando os ideais
expansionistas de ambas, onde a primeira emerge no final do século XIX atribuindo aos
fatores e condições naturais o papel determinante nas condições do progresso humano se
configurando numa ideologia de países e povos vencedores, em contraposição, os franceses
apregoam a idéia de que a natureza traz possibilidades ao homem, sendo este o principal
fator geográfico originando assim uma paisagem geográfica compreendida pela ocorrência de
uma forma de vida. O método regional desponta nos Estados Unidos, em contraposição as
correntes anteriores, pois seu estudo não parte das relações do homem com a natureza, mas da
integração de fenômenos heterogêneos em determinada porção da superfície da Terra
entendida como uma corrente pautada na diferenciação de áreas, essa corrente marca um
processo de transição do capitalismo concorrencial para sua fase monopolista contribuindo
para o surgimento da nova geografia e da geografia crítica.
A nova geografia é apontada como um paradigma ideológico, pois se busca através
dessa justificar as alterações ocorridas na organização espacial do mundo pós-guerras, assim a
realidade passa a ser representada por leis e modelos matemáticos, cirando assim os padrões
espaciais. Essa corrente como as demais passam a receber diversas críticas de grupos de
geógrafos, surgindo assim um novo paradigma denominado geografia crítica. Esse novo
paradigma não se subjuga a escola de geografia oficial, sendo uma oposição aos grupos
dominantes, apontando em seus discursos as tensões sociais existentes no mundo e
abordagens das outras correntes embasados em novas interpretações da teoria marxista.
Dessa forma a organização espacial passa a ser entendida pelas relações dialéticas e não pelos
padrões espaciais inseridos pelos geógrafos da nova geografia.
Apontadas as correntes ou paradigmas da geografia, o autor parte então para uma
explicação das concepções dada a categoria de região em cada uma dessas, salientando que o
uso do temo região usado comumente necessita quando usado por geógrafos de um
entendimento da sua gênese. No determinismo, a região se apresenta como uma área uniforme
sendo a escala territorial diversa, pois a homogeneidade é entendida pela relação de diversos
elementos naturais um ecossistema. No possibilismo esta categoria se mostra como uma
região humana, ou seja, as diferenciações da superfície da Terra se da pelas evoluções
natureza-homem, observados pelo os denominados gêneros de vida, dessa forma a região
geográfica tem seus limites determinados pela apresentação de qualquer elemento que rompa
com a singularidade visível, ao que o autor expõe como insuficiente para uma perspectiva de
classes que exige uma visão menos empirista.
No método regional e na nova geografia, a região é apresentada por critérios de seus
observadores, sendo de caráter ideológico mais evidente tendo enfoques para pontos
específicos da superfície que apresentavam mercados para determinado ramo econômico. Isso
se dava por técnicas sofisticadas de estatística que promoviam classificações lógicas, não
apontando disputas existentes nas relações de classes do capitalismo, por se tratar de uma
região intelectualmente produzida. O autor aponta, novamente, a geografia crítica como um
contraponto as demais correntes demonstrando com isso uma região repensada,nesse
momento esta é vista através do materialismo histórico e da dialética marxista, assim a
realidade é apontada pelas desigualdades e combinações que coexistem no mesmo espaço.
Apontando com isso as diferenciações técnicas, comerciais e migratórias ocorridas em
diversos momentos históricos que no entanto coexistem promovendo uma diversidade de
classes.
Num sentido geral a região é marcada como uma estratégia de dominação política,
administrativa e econômica, em sua maioria tomada militarmente ou determinadas por
dependência econômica a um grupo dominante que se coloca externo a essa, mas que a
controla, sendo desde o princípio uma reprodução de classes.
Por fim o autor aponta a sociedade como objeto da geografia, porém essa ciência está
pautada no estudo da organização espacial, entendido pela maneira como as sociedades em
seu processo de (re)organização se expressam no espaço. Muitas são as conceituações dadas à
organização espacial tais como arranjo espacial, espaço geográfico, espaço social entre outros.
Para o bom entendimento da organização espacial é preciso perceber seu processo de
produção e reprodução, pois enquanto uma sociedade modela o espaço conforme suas
necessidades essa propiciam meios de transmissão de saberes que serão reproduzidos por
outras gerações perpetuando assim uma forma de ordenação de um grupo.
Todo esse processo se dá desde os primórdios pelas relações sociais advindas das
necessidades de subsistência e posteriormente pelo trabalho, de modo que uma sociedade
constituída sobre relações sociais de classes expressara uma organização espacial classista e
que dada às necessidades de consumos e produção acumulará num mesmo espaço
cristalizações distintas, demonstrando a coexistência de grupos que compõem uma totalidade
social.
Dos produtos espaciais resultantes das relações de trabalho evidencia-se o papel do
Estado que junto às necessidades de mercado constrói o que o autor denomina espaço do
capital, dada a grande influência do primeiro em organizar o espaço em detrimento da
acumulação capitalista. Sendo que o Estado termina por agir como um empresário com ações
que dimensionam espaços para atividades comerciais formais através de implantação de
infraestruturas. Por outro lado, dentro dessa ação de ordenamento do espaço para o capital
surge aqueles que não estão incluídos no espaço formal do capital, abrindo assim uma nova
configuração espacial, que o autor aponta como setor informal.
Num sentido geral a organização espacial é um reflexo das forças produtivas, ou seja,
um reflexo social que permite entender os grupos que dominam as relações sobre o espaço e
que só poderá obter grandes transformações se ultrapassadas as barreiras ideológicas que
isolam o mundo da produção do da reprodução como finaliza o autor da obra.
Neste livro o autor faz uma abordagem aos principais pontos de discussão da ciência
geográfica, numa linguagem com poucas complexidades, sendo uma obra recomendada para
alunos ou outros profissionais que buscam compreender o objeto da Geografia e as discussões
que envolvem seus principais conceitos.
Hemily Sued Alves Costa - Licenciada em Geografia. Mestranda do Programa de Pós-
graduação em Geografia – Geotecnologias Aplicadas à Gestão Ambiental – UFMT – CUR.

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RESENHA Região e organização espacial

  • 1. REGIÃO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL CORRÊA, Roberto Lobato Corrêa. Região e Organização Espacial. 7ª edição. Editora Ática:São Paulo,2003. Em Região e Organização do Espacial o autor introduz o que afirma serem os conceitos básicos para o entendimento da construção do conhecimento geográfico, apresentando assim as correntes do pensamento geográfico compreendidas como determinismo, possibilismo, método regional, nova geografia e geografia crítica, onde as duas primeiras, surgiram respectivamente, na Alemanha e França representando os ideais expansionistas de ambas, onde a primeira emerge no final do século XIX atribuindo aos fatores e condições naturais o papel determinante nas condições do progresso humano se configurando numa ideologia de países e povos vencedores, em contraposição, os franceses apregoam a idéia de que a natureza traz possibilidades ao homem, sendo este o principal fator geográfico originando assim uma paisagem geográfica compreendida pela ocorrência de uma forma de vida. O método regional desponta nos Estados Unidos, em contraposição as correntes anteriores, pois seu estudo não parte das relações do homem com a natureza, mas da integração de fenômenos heterogêneos em determinada porção da superfície da Terra entendida como uma corrente pautada na diferenciação de áreas, essa corrente marca um processo de transição do capitalismo concorrencial para sua fase monopolista contribuindo para o surgimento da nova geografia e da geografia crítica. A nova geografia é apontada como um paradigma ideológico, pois se busca através dessa justificar as alterações ocorridas na organização espacial do mundo pós-guerras, assim a realidade passa a ser representada por leis e modelos matemáticos, cirando assim os padrões espaciais. Essa corrente como as demais passam a receber diversas críticas de grupos de geógrafos, surgindo assim um novo paradigma denominado geografia crítica. Esse novo paradigma não se subjuga a escola de geografia oficial, sendo uma oposição aos grupos dominantes, apontando em seus discursos as tensões sociais existentes no mundo e abordagens das outras correntes embasados em novas interpretações da teoria marxista. Dessa forma a organização espacial passa a ser entendida pelas relações dialéticas e não pelos padrões espaciais inseridos pelos geógrafos da nova geografia. Apontadas as correntes ou paradigmas da geografia, o autor parte então para uma explicação das concepções dada a categoria de região em cada uma dessas, salientando que o
  • 2. uso do temo região usado comumente necessita quando usado por geógrafos de um entendimento da sua gênese. No determinismo, a região se apresenta como uma área uniforme sendo a escala territorial diversa, pois a homogeneidade é entendida pela relação de diversos elementos naturais um ecossistema. No possibilismo esta categoria se mostra como uma região humana, ou seja, as diferenciações da superfície da Terra se da pelas evoluções natureza-homem, observados pelo os denominados gêneros de vida, dessa forma a região geográfica tem seus limites determinados pela apresentação de qualquer elemento que rompa com a singularidade visível, ao que o autor expõe como insuficiente para uma perspectiva de classes que exige uma visão menos empirista. No método regional e na nova geografia, a região é apresentada por critérios de seus observadores, sendo de caráter ideológico mais evidente tendo enfoques para pontos específicos da superfície que apresentavam mercados para determinado ramo econômico. Isso se dava por técnicas sofisticadas de estatística que promoviam classificações lógicas, não apontando disputas existentes nas relações de classes do capitalismo, por se tratar de uma região intelectualmente produzida. O autor aponta, novamente, a geografia crítica como um contraponto as demais correntes demonstrando com isso uma região repensada,nesse momento esta é vista através do materialismo histórico e da dialética marxista, assim a realidade é apontada pelas desigualdades e combinações que coexistem no mesmo espaço. Apontando com isso as diferenciações técnicas, comerciais e migratórias ocorridas em diversos momentos históricos que no entanto coexistem promovendo uma diversidade de classes. Num sentido geral a região é marcada como uma estratégia de dominação política, administrativa e econômica, em sua maioria tomada militarmente ou determinadas por dependência econômica a um grupo dominante que se coloca externo a essa, mas que a controla, sendo desde o princípio uma reprodução de classes. Por fim o autor aponta a sociedade como objeto da geografia, porém essa ciência está pautada no estudo da organização espacial, entendido pela maneira como as sociedades em seu processo de (re)organização se expressam no espaço. Muitas são as conceituações dadas à organização espacial tais como arranjo espacial, espaço geográfico, espaço social entre outros.
  • 3. Para o bom entendimento da organização espacial é preciso perceber seu processo de produção e reprodução, pois enquanto uma sociedade modela o espaço conforme suas necessidades essa propiciam meios de transmissão de saberes que serão reproduzidos por outras gerações perpetuando assim uma forma de ordenação de um grupo. Todo esse processo se dá desde os primórdios pelas relações sociais advindas das necessidades de subsistência e posteriormente pelo trabalho, de modo que uma sociedade constituída sobre relações sociais de classes expressara uma organização espacial classista e que dada às necessidades de consumos e produção acumulará num mesmo espaço cristalizações distintas, demonstrando a coexistência de grupos que compõem uma totalidade social. Dos produtos espaciais resultantes das relações de trabalho evidencia-se o papel do Estado que junto às necessidades de mercado constrói o que o autor denomina espaço do capital, dada a grande influência do primeiro em organizar o espaço em detrimento da acumulação capitalista. Sendo que o Estado termina por agir como um empresário com ações que dimensionam espaços para atividades comerciais formais através de implantação de infraestruturas. Por outro lado, dentro dessa ação de ordenamento do espaço para o capital surge aqueles que não estão incluídos no espaço formal do capital, abrindo assim uma nova configuração espacial, que o autor aponta como setor informal. Num sentido geral a organização espacial é um reflexo das forças produtivas, ou seja, um reflexo social que permite entender os grupos que dominam as relações sobre o espaço e que só poderá obter grandes transformações se ultrapassadas as barreiras ideológicas que isolam o mundo da produção do da reprodução como finaliza o autor da obra. Neste livro o autor faz uma abordagem aos principais pontos de discussão da ciência geográfica, numa linguagem com poucas complexidades, sendo uma obra recomendada para alunos ou outros profissionais que buscam compreender o objeto da Geografia e as discussões que envolvem seus principais conceitos.
  • 4. Hemily Sued Alves Costa - Licenciada em Geografia. Mestranda do Programa de Pós- graduação em Geografia – Geotecnologias Aplicadas à Gestão Ambiental – UFMT – CUR.