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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
Graduação plena em Geografia
Disciplina de Geografia Humana
Professor Clédson Alves
Alunos
Eduardo Rodrigues
Emerson Paulo Lobo
Gleicianny Glins
Luis Gustavo Nascimento
Maria Gabriela Silveira
BELÉM
2018
1. Categoria Paisagem
1.1. AUTOR 1 – GEORGES BERTRAND
Bertrand (1968), geógrafo francês, descartou que paisagem fosse uma simples junção
de elementos geográficos. Definiu a paisagem como uma entidade global, que
possibilita a visão sistêmica numa combinação dinâmica e instável dos elementos
físicos, biológicos e antrópicos (conjunto único e indissociável em perpétua evolução
perpétua). O autor salienta que as escalas tempo-espaciais foram utilizadas como base
geral de referência para todos os fenômenos geográficos e que todo estudo de um
aspecto da paisagem se apóia num sistema de delimitação mais ou menos esquemático,
formado por unidades homogêneas (em relação à escala considerada) e hierarquizadas,
que se encaixam umas nas outras.
“Dentro da diversidade conceitual em que se encontra o termo, Georges
BERTRAND (1971, p. 2), geógrafo francês, traz que “a paisagem não é a
simples adição de elementos geográficos disparatados. É uma determinada
porção do espaço, resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de
elementos físicos, biológicos
e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da
paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução”.
Percebe-se, assim, que Bertrand não privilegia nem a esfera natural nem a
humana na paisagem e demonstra certa facilidade em enxergar a paisagem
de forma homogênea, entendendo que sociedade e natureza estão
relacionadas entre elas formando uma só “entidade” de um mesmo espaço
geográfico.”
1.2. AUTOR 2 – CARL SAUER
A “Morfologia da Paisagem” (SAUER, 1998-1925) é um dos clássicos da obra
Saueriana. Sauer considera a paisagem como o conceito-chave da geografia. A
paisagem é o conjunto de formas naturais e culturais associadas em área. Materialidade
e extensão são atributos essenciais da paisagem Saueriana, não se admitindo o uso do
termo como metáfora, como paisagem política ou econômica. As formas que constituem
a paisagem estão integradas entre si, apresentando funções que criam uma estrutura. A
paisagem constitui, assim, em uma unidade orgânica ou quase orgânica. Trata-se de
morfologia na qual forma, função e estrutura são elementos centrais (SAUER, 1998-
1925). A paisagem Saueriana, isto é, a paisagem cultural, era o resultado da ação da
cultura, o agente modelador da paisagem natural. É nesse sentido que Sauer foi criticado
por entender a cultura como entidade abstrata, supraorgânica, sem agentes sociais
concretos, sendo gerado um quadro harmonioso: a paisagem cultural. Sobre esta questão
polêmica, consulte Duncan (2003-1980). A paisagem Saueriana está expressa, por
exemplo e simplificadamente, em um vale com suaves colinas, com campos cultivados
segundo uma certa lógica, casas dispostas ordenadamente gerando padrão disperso ou
concentrado, caminhos e estradas e áreas de reserva florestal. O tipo de casa e de celeiro
são elementos da paisagem cultural. A paisagem para Sauer e seus discípulos era
eminentemente rural, via de regra tradicional, exibindo o longo efeito da cultura e
criando e consolidando uma cena rural.
1.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO)
Este trabalho aborda de um tema de grande relevância para a sociedade atual, visto
que debatemos sobre o tratamento das informações e as suas representações gráficas. Os
diversos tipos de representações são cada vez mais imprescindíveis na transmissão,
interpretação, análise e crítica dos fatos e fenômenos contemporâneos. Parece ser
evidente que a representação gráfica, como linguagem universal, é extremamente eficaz
para atenuar as barreiras linguísticas e culturais entre os povos e entre os indivíduos.
Para a elaboração dessa monografia, utilizamos como referencial teórico-metodológico
autores da Geografia e de áreas afins, a exemplo de: Almeida (1989), Claval (2001),
Martinelli ( 2003), Santos (2004), Moraes ( 2005) entre outros. Esses autores nortearam
todas as fases da pesquisa. Inicialmente realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre a
categoria paisagem e a forma de representações espaciais, em seguida, fizemos uma
avaliação do livro didático de Geografia do 7º ano do Ensino Fundamental, utilizado na
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. José Soares de Carvalho, que
está localizada no município de Guarabira, Paraíba. Vale salientar que foram
ministradas aulas nessa escola para entender como os estudantes interpretam e criam
imagens acerca dos conteúdos disponíveis no livro didático. Para concluir fizemos uma
análise sobre a percepção e cognição através da leitura da paisagem por meio de um
trabalho de campo com estudantes. A partir da avaliação identificamos resultados bem
significativos no que diz respeito a Geografia e ao entendimento da paisagem.
Palavras-chave: Representações gráficas. Paisagem. Ensino de Geografia.
2. Categoria Território
2.1. AUTOR 1 – FRIEDRICH RATZEL
Ratzel traz o conceito de território para a Geografia e para as ciências humanas.
Segundo o autor, “organismos que fazem parte da tribo, da comuna, da família, só
podem ser concebidos junto a seu território” (RATZEL, 1990, p. 74), e ainda, “do
mesmo modo, com o crescimento em amplitude do Estado, não aumentou apenas a cifra
dos metros quadrados, mas, além disso, a sua força, a sua riqueza, a sua potência”
(RATZEL,1990, p. 80). Entende-se claramente que o autor acredita no território como
um espaço necessário a qualquer população e seu Estado para evoluir, em todos os
sentidos. Nota-se sua aproximação com os preceitos de Darwin (evolucionismo) e a
compreensão do território humano muito próxima do território de outras espécies,
objeto da Biologia. Para ele então, o território é o espaço desde o qual uma família
encontra sua subsistência, até o espaço necessário a evolução de um Estado, que deve
assim, sempre pensar na aquisição de mais espaços territoriais.
2.2. AUTOR 2 - CLAUDE RAFFESTIN
Outro autor chave nesta discussão é Raffestin. Contrapondo-se a idéia de Ratzel, ele
começa sua tese analisando-o: “o quadro conceitual de Ratzel é muito amplo e tão
naturalista quanto sociológico, mas seria errôneo condená-lo por ter "naturalizado" a
geografia política, algo que às vezes ocorreu..” (Raffestin, 1993, p. 2). Logo, a proposta
de Raffestin é repensar o conceito de território deixado por Ratzel e pela Geografia
Política Clássica. Para o autor, as bases para a compreensão do território como uma
relação do homem com espaço, estão no poder, como coloca:
É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O
território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida
por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível.
Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela
representação), o ator "territorializa" o espaço (RAFFESTIN, 1993, p. 50)
sendo assim, o
território (...) é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e
informação, e que, por conseqüência, revela relações marcadas pelo poder. O
espaço é a “prisão original”, o território é a prisão que os homens constroem
para si (RAFFESTIN, 1993, p. 50)
Ou seja, as pretensões do autor em relação ao território vão para além da visão
biológica da expressão, sendo o conceito mediado por uma relação de poder que
modifica o espaço (no campo imaterial), já que “o território se apóia no espaço, mas não
é o espaço. É uma produção, a partir do espaço. Ora, a produção, por causa de todas as
relações que envolve, se inscreve num campo de poder” (RAFFESTIN, 1993, p. 51).
2.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO)
O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância da incorporação dos
processos geográficos denominados de Territorialização-Desterritorialização-
Reterritorialização (T-D-R), para a renovação do corpo teórico da Geografia Agrária
brasileira no decorrer dos últimos anos. Nossa metodologia pautou-se em um
levantamento bibliográfico nas revistas de Geografia Agrária: Revista NERA (UNESP),
Revista Agrária (USP), e a Revista Campo-Território (UFU). A partir daí, buscamos
informações sobre a conceituação da categoria território e seus desdobramentos, bem
como as palavras chaves utilizadas nos artigos, além dos autores mais referenciados.
Essas informações foram sistematizadas em quadros e planilhas para subsidiar a
confecção dos gráficos. Assim verificamos que os autores mais referenciados nos
artigos analisados foram: Claude Raffestin, Rogério Haesbaert, Milton Santos e
Bernardo Mançano Fernandes. Com isso foi possível realizarmos uma reflexão
teóricometodológica sobre a utilização desses conceitos na tentativa de explicar a
dinâmica territorial, bem como sua crescente utilização no âmbito da Geografia Agrária.
Palavras-chave: Geografia Agrária. Território. Territorialização. Desterritorialização.
Reterritorialização.
3. Categoria Rede
3.1. AUTOR 1 – ROBERTO LOBATO CORRÊA
“As redes geográficas são redes sociais espacializadas. São sociais em
virtude de serem construções humanas, elaboradas no âmbito de relações
sociais de toda ordem, envolvendo poder e cooperação, além daquelas de
outras esferas da vida. As redes sociais são historicamente contextualizadas,
portanto, mutáveis, das quais são exemplos a rede de parentesco, englobando
os membros de uma grande família, ou a de um grupo de pessoas que se
organizam em torno de um interesse comum.
Ela se torna geográfica quando nós a consideramos em sua espacialidade. A
rede em tela está, de fato, espacializada, mas nem sempre a consideramos
sob esse ângulo. A passagem de uma rede social para uma rede geográfica se
dá quando assim a consideramos, a despeito de sua necessária espacialidade,
expressa em localizações qualificadas, e com interações espaciais entre
elas.” (CORRÊA, 2011)
3.2. AUTOR 2 – MILTON SANTOS
Segundo Santos (2008), a evolução e a produção das redes geográficas passaram por
três grandes momentos, que estão classificados em período pré-mecânico, período
mecânico intermediário e fase atual. O primeiro período, chamado de pré-mecânico,
havia um domínio das características naturais, a ação humana era limitada e até
submissa às intempéries da natureza, assim as redes se formavam de maneira
espontânea. As redes existentes serviam a uma acanhada vida de relação, pois a
competitividade territorial era quase que inexistente; o tempo caracterizava-se como um
tempo lento. O segundo, dito período mecânico intermediário, o consumo cresce, ainda
que moderadamente e as redes adquirem maior importância com o início da
modernidade, assumindo assim seu caráter deliberado de sua concepção. Com
desenvolvimento da técnica as redes adquirem funcionalidade com as novas formas de
energia, embora ainda que sua utilização seja limitada. A fase atual das redes é marcada
pela pós-modernidade, que se caracteriza pelo desenvolvimento do meio técnico-
científico-informacional, é o momento onde o uso das redes foi consolidado, onde
diversos fatores possibilitam um maior aproveitamento das mesmas, seja pelo domínio
das forças naturais e das forças elaboradas pela inteligência e contidas nos objetos
técnicos (SANTOS, 2008). As redes geográficas de acordo com Santos (2008) podem
ser definidas a partir de duas dimensões, a primeira refere-se a sua forma, sua
materialidade, caracterizada por:
Toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de
informação, e que se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela
topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de
transmissão, seus nós de bifurcação ou de comunicação (CURIEN, 1988
apud SANTOS, 2008, p.262).
A segunda dimensão compreende o contexto social, ou seja, sua essência e conteúdo,
sendo assim a rede “é também social e política pelas pessoas, mensagens e valores que a
frequentam” (SANTOS, 2008, p. 262). Essa dimensão social é caracterizada por fatores
extremamente variáveis, o que confere as redes uma ausência de homogeneidade. Nesse
sentido é interessante ressaltar as considerações de Santos (2008), onde propõe que o
espaço também pode ser visto como um conjunto de fixos e fluxos. Os elementos fixos
caracterizam-se pelas infraestruturas que permitem ações que modificam o próprio
lugar. Os fluxos configuram-se como consequência direta e indireta das ações que
passam ou se instalam nos fixos, alterando seu significado e importância, ao mesmo
tempo em que também se modificam.
3.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO)
O trabalho ora apresentado constrói uma interpretação da geografia das salas de
cinema contemporâneas do município de São Paulo. Desde seu estabelecimento
enquanto equipamento de lazer e cultura, o cinema desempenhou fundamental papel na
produção e reprodução do espaço urbano paulistano, engendrando, em diferentes
momentos, distintos significados sociais e diversas formas de sociabilidades. Em anos
recentes, especialmente no decorrer das décadas de 1990 e 2000, o mercado exibidor
cinematográfico paulistano foi modelado por pelo menos dois equipamentos, deveras
distintos entre si: os cinemas multiplex, comumente localizado em shopping-centers,
pertencentes a grandes redes empresariais, e os cinemas voltados para uma programação
alternativa ou de arte, via de regra instalados em vias públicas ou em galerias,
fomentando uma apropriação do espaço que podemos alcunhar de territorialidade.
Considerando tal constructo social, o objetivo primordial foi analisar o significado das
salas de cinema, as ações e apropriações desenvolvidas por seus frequentadores, na e
para a (re)produção do espaço urbano paulistano a partir da década de 1990, elaborando,
para tanto, uma compreensão teórico-conceitual embasada nas concepções de redes
geográficas e nas territorialidades decorrentes de apropriações espaciais. A proposta
epistemológica foi criar um amalgama complexo, que não mitigasse nem a relevância
dos fatores culturais, interpretativos e apropriativos, causa e consequência dos cinemas,
tampouco desconsiderasse a estruturação e as motivações econômicas dos agentes que
coordenam a organização destes equipamentos. Crê-se, nesse sentido, que o trabalho,
apresentando e refletindo acerca de um dos mais importantes elementos de lazer e
cultura existentes no município de São Paulo, em grande medida, pela produção do
espaço urbano contemporâneo e seus significados sociais.
Palavras-chave: 1. Salas de Cinema. 2. Redes de Empresas. 3. Lazer e cotidiano
urbanos. 4. Territorialidades. 5. Município de São Paulo.
4. Categoria Lugar
4.1. AUTOR 1 – EDWARD RELPH
Um lugar é um centro de ação e intenção, ele é 'um foco onde nós
experimentamos os eventos significativos de nossa existência'. De fato,
eventos e ações são significativos somente no contexto de certos lugares, e
ganham tonalidades e são influenciados pelo caráter desses lugares, ainda
que contribuam para esse caráter... Os lugares são os contextos ou panos de
fundo para objetos intencionalmente definidos ou para grupos de objetos ou
eventos, ou podem ser, eles mesmos, objetos da intenção. No primeiro caso
pode-se dizer que toda consciência não é meramente consciência de algo,
mas de algo em seu lugar, e que esses lugares são em grande parte definidos
em termos dos objetos e de seus significados. Como objetos propriamente
ditos, os lugares são essencialmente focos da intenção, têm geralmente uma
localização fixa e possuem traços que persistem de uma forma identificável.
Tais lugares podem ser definidos em termos das funções a que servem ou em
termos da experiência comunitária pessoal [...] (RELPH, 1976, p. 42-43).
4.2. AUTOR 2 – ERIC DARDEL
Outro autor, este um simples professor secundarista, ao propor um estudo
fenomenológico da geografia, se referia à geografia vivida em ato, a partir da
exploração do mundo e à ligação do homem com sua terra natal, "a relação do homem
com a Terra [00'] como modo de sua existência e de seu destino." (DARDEL, 1990: 2).
O pólo de tensão desta relação estaria na distância, que obrigaria a construção do mundo
tendo o corpo como referencial. A direção, associada à distância, resultaria em um sítio
estável e inerte (o lugar"), ou, como definia o autor: lia situação de um homem supõe
um espaço onde ele se move; um conjunto de relações e de trocas; direções e distâncias
que fixam de algum modo o lugar de sua existência. ti (DARDEL, 1990: 19). Para este
autor, que influenciaria, 20 anos depois, os geógrafos humanistas, a paisagem é uma
manifestação mais ampla e complexa que o lugar. Ela se refere às ligações existenciais
do homem com a Terra, ti [ •••] a Terra como lugar, base e meio de sua realização. ti
(DARDEL, 1990: 42).
4.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO)
O lugar, categoria de análise do espaço geográfico, é um recurso fundamental da
Geografia porque se apresenta como possibilidade de explorar os significados
construídos pelos seres humanos, num dado local, e relacioná-los com a totalidade. No
contexto educativo, ele constitui-se via de mediação pedagógica orientado à
internalização de conhecimentos geográficos. Nesse sentido, esta investigação científica
teve como objetivo examinar o processo de construção de conhecimentos geográficos
por meio da categoria lugar na prática pedagógica do professor de Geografia.
Considerando-se a cidade como espaço privilegiado, não único, da vida social e o lugar
como uma construção humana, conjugam-se dois aspectos relevantes - cidade e lugar - a
serem relacionados, tendo em vista a construção da aprendizagem do aluno, no campo
disciplinar da Geografia. Assim, o município de Formosa/GO, limítrofe ao Distrito
Federal, com seus festejos, manifestações culturais e religiosas, belezas naturais
exuberantes, questões políticas, econômicas e o espaço social em geral, constitui-se um
lugar ímpar ao contexto da escolarização, por ser o ambiente de vivência para os alunos
dessa cidade. Com mais de 100.000 habitantes e 173 anos de história, apresenta
problemas e situações típicas de uma cidade em desenvolvimento, logo, lugar que pode
constituir como um alicerce para o entendimento dos conhecimentos geográficos
trabalhados em sala de aula. A metodologia utilizada foi de base qualitativa, a partir dos
seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica com o intuito de aprofundar o tema em
questão; análise documental, mediante os documentos que regem o fazer pedagógico na
escola, a saber: Projeto Político Pedagógico, Plano de Ensino e Livro Didático e
entrevistas semiestrutradas com o intuito de conhecer o desenrolar das ações docentes.
Percebeu-se, por meio das análises dos documentos e das entrevistas, que há muitos
obstáculos a ser superados para que o ensino dessa disciplina se torne significativo, pois
os resultados atestaram que o processo de aprender/ensinar Geografia, nas escolas
pesquisadas, negligenciam a categoria lugar como instância mediadora na construção
dos conhecimentos geográficos, o que interfere na formação para a cidadania. O
Lugar/Formosa, mesmo constituindo-se como um espaço de vivências e experiências
com os fenômenos geográficos, por ser o espaço vivido dos alunos dessa cidade, não é
considerado nessa perspectiva. Portanto, espera-se que esta pesquisa possa contribuir
para o desenvolvimento de outras, com a finalidade de reforçar a relevância do ensino
de Geografia vinculado à realidade vivida pelo aluno. Trata-se de uma ação
potencializadora, uma vez que, se o aluno compreende a sua Geografia, as demais
Geografias serão construídas por um melhor entendimento do mundo, mais expressivo à
formação do cidadão.
Palavras-chave: Lugar, Geografia, Ensino-Aprendizagem, Formosa-GO.
5. Categoria Região
5.1. AUTOR 1 - ANDREW JOHN HERBERTSON
A primeira definição sistematizada da noção de região foi feita por Herbertson, em
artigo datado de 1905. No que diz respeito aos seus aspectos mais metodológicos, pode-
se dizer que a proposta desse autor tem a preocupação de criar uma “geografia
sistemática”, e busca encontrar “[...] ordens de divisões geográficas [...]” no globo
terrestre (Herbertson, 1905, p. 301). O referido texto inaugura a preocupação em definir
a regionalização como um processo de classificação (Dickinson, 1976). Faz referência
explícita aos procedimentos de classificação da biologia (especialmente no que diz
respeito à hierarquia da divisão dos seres vivos em espécie e gênero), demonstrando
portanto um viés dedutivo, partindo da definição prévia de critérios de delimitação das
regiões para, em seguida, “[...] dividir o mundo em grandes regiões naturais” (p. 302).
Herbertson (1905) propõe quatro “classes de fenômenos” para a definição das regiões.
5.2. AUTOR 2 – VIDAL DE LA BLACHE
Vidal de La Blache erige em várias obras todo seu edifício explicativo da geografia,
procurando unir aspectos “naturais” e “humanos” em suas monografias regionais para a
explicação dos fenômenos geográficos. Formado também em histó- ria, o autor dá
grande ênfase aos longos lapsos de tempo necessários para a formação das regiões, e
diminui assim a ênfase que era dada à determinação dos fatores naturais na
configuração das diferentes formas da superfície terrestre. Para unir o quadro físico, a
ação humana e a história, La Blache propôs o conceito de “gênero de vida”, que seria
uma síntese da relação entre as disponibilidades fisiográficas de cada lugar do mundo e
as adaptações ativas e lentamente realizadas pelas sociedades para utilizarem-se destas
disponibilidades. Grigg (1974, p. 27) lembra uma das famosas metáforas de La Blache
para explicitar o significado do conceito de “gênero de vida”: homem e natureza se
“moldam” um ao outro “[...] como um caracol e sua concha [...]”; “[...] os dois formam
uma amálgama complicada”. La Blache propõe assim o conceito de “região geográfica”
para denominar essas parcelas da superfície terrestre que apresentam certa
homogeneidade de características, derivadas da combinação entre elementos do meio
natural e da ação humana
5.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO)
A presente dissertação contém uma reflexão sobre o conceito de região, na obra do
geógrafo Milton Santos, contido no movimento que vai do universal ao particular. Para
sua realização, tornou-se necessário compreender sua crítica a geografia regional, cujo
método refere-se primeiro a regularidade empírica dos fenômenos regionais, para só,
posteriormente, alcançar o universal. A sua crítica teórica e metodológica propõem uma
inversão no método, ressaltando a importância de se recorrer, no movimento de
totalização, inicialmente ao universal, para depois chegar à região, ao particular. A
elaboração do conceito de região é precedida pelo entendimento da atual estrutura do
mundo contemporâneo, que Milton Santos denomina de período técnico-
cientificoinformacional. Para se chegar ao conceito de região nesse período, o geógrafo
utiliza-se dos conceitos de desenvolvimento desigual e de divisão internacional do
trabalho, fatores importantes na diferenciação entre as regiões, assim como na formação
socioespacial, em que o modo de produção entra em contato com as diversas realidades
regionais. A região em Milton Santos é concebida, em princípio, como funcional em
relação ao modo de produção global, que dá sentido a sua realidade interna. Isso não
significa que cada região não tenha suas particularidades. Pelo contrário, no
desenvolvimento de sua obra, Milton Santos chega ao conceito de lugar, que abrange
tanto um espaço de determinações externas, quanto um espaço de solidariedade, de
vivências internas. Região e lugar se identificam na cidade, onde há o encontro e o
desencontro de múltiplos vetores da modernidade, no teatro das ações humanas. Desse
modo, na cidade, Milton Santos se encontra com a dialética do global e do local, com a
totalidade das relações socioespaciais. Construída no movimento que não omite a
relevância das particularidades do lugar ou da região.
Palavras-chave: Milton Santos; região; lugar; cidade; espaço; totalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://journals.openedition.org/confins/10?lang=pt.
Considerações sobre o conceito de paisagem. LIZ ABAD MAXIMIANO.
Trajetórias do conceito de paisagem na geografia. RAUL ALFREDO SCHIER.
Carl Sauer e Denis Cosgrove: a Paisagem e o Passado. ROBERTO LOBATO CORRÊA
Geografia e paisagem na escola: a imagem como recurso didático para a construção de
novos saberes. SINEZIA DOS SANTOS MARTINS.
A geografia, o conceito do território e os processos de territorialização das comunidades
quilombolas: Primeiras aproximações. NATHAN ZANZONI ITABORAHY.
Território e geografia agrária: a dinâmica Territorialização-Desterritorialização-
Reterritorialização (T-D-R) nas Revistas Nera, Agrária e Campo-Território. TAIANA
GOMES SCHWITZKY.
Redes geográficas: reflexões sobre um tema persistente. ROBERTO LOBATO
CORRÊA.
A influência das redes de transporte nas cidades de Sinop, Sorriso E Lucas Do Rio
Verde. PATRÍCIA CHRISTAN.
A geografia dos cinemas no lazer paulistano contemporâneo: redes e territorialidades
dos cinemas de arte e multiplex. EDUARDO BAIDER STEFANI.
Sobre territórios e lugaridades. WERTHER HOLZER.
O lugar na geografia humanista. WERTHER HOLZER.
A categoria lugar na construção dos conhecimentos geográficos: análise a partir da
prática pedagógica do professor de geografia em Formosa-Goiás. HUGO DE
CARVALHO SOBRINHO.
Os conceitos de região e regionalização: aspectos de sua evolução e possíveis usos para
a regionalização da saúde. FABIO BETIOLI CONTEL.
Região: leituras possíveis de Milton Santos. THIAGO MACEDO ALVES DE BRITO.

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Geografia Humana: paisagem, território e rede

  • 1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ Graduação plena em Geografia Disciplina de Geografia Humana Professor Clédson Alves Alunos Eduardo Rodrigues Emerson Paulo Lobo Gleicianny Glins Luis Gustavo Nascimento Maria Gabriela Silveira BELÉM 2018
  • 2. 1. Categoria Paisagem 1.1. AUTOR 1 – GEORGES BERTRAND Bertrand (1968), geógrafo francês, descartou que paisagem fosse uma simples junção de elementos geográficos. Definiu a paisagem como uma entidade global, que possibilita a visão sistêmica numa combinação dinâmica e instável dos elementos físicos, biológicos e antrópicos (conjunto único e indissociável em perpétua evolução perpétua). O autor salienta que as escalas tempo-espaciais foram utilizadas como base geral de referência para todos os fenômenos geográficos e que todo estudo de um aspecto da paisagem se apóia num sistema de delimitação mais ou menos esquemático, formado por unidades homogêneas (em relação à escala considerada) e hierarquizadas, que se encaixam umas nas outras. “Dentro da diversidade conceitual em que se encontra o termo, Georges BERTRAND (1971, p. 2), geógrafo francês, traz que “a paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É uma determinada porção do espaço, resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução”. Percebe-se, assim, que Bertrand não privilegia nem a esfera natural nem a humana na paisagem e demonstra certa facilidade em enxergar a paisagem de forma homogênea, entendendo que sociedade e natureza estão relacionadas entre elas formando uma só “entidade” de um mesmo espaço geográfico.” 1.2. AUTOR 2 – CARL SAUER A “Morfologia da Paisagem” (SAUER, 1998-1925) é um dos clássicos da obra Saueriana. Sauer considera a paisagem como o conceito-chave da geografia. A paisagem é o conjunto de formas naturais e culturais associadas em área. Materialidade e extensão são atributos essenciais da paisagem Saueriana, não se admitindo o uso do termo como metáfora, como paisagem política ou econômica. As formas que constituem a paisagem estão integradas entre si, apresentando funções que criam uma estrutura. A
  • 3. paisagem constitui, assim, em uma unidade orgânica ou quase orgânica. Trata-se de morfologia na qual forma, função e estrutura são elementos centrais (SAUER, 1998- 1925). A paisagem Saueriana, isto é, a paisagem cultural, era o resultado da ação da cultura, o agente modelador da paisagem natural. É nesse sentido que Sauer foi criticado por entender a cultura como entidade abstrata, supraorgânica, sem agentes sociais concretos, sendo gerado um quadro harmonioso: a paisagem cultural. Sobre esta questão polêmica, consulte Duncan (2003-1980). A paisagem Saueriana está expressa, por exemplo e simplificadamente, em um vale com suaves colinas, com campos cultivados segundo uma certa lógica, casas dispostas ordenadamente gerando padrão disperso ou concentrado, caminhos e estradas e áreas de reserva florestal. O tipo de casa e de celeiro são elementos da paisagem cultural. A paisagem para Sauer e seus discípulos era eminentemente rural, via de regra tradicional, exibindo o longo efeito da cultura e criando e consolidando uma cena rural. 1.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO) Este trabalho aborda de um tema de grande relevância para a sociedade atual, visto que debatemos sobre o tratamento das informações e as suas representações gráficas. Os diversos tipos de representações são cada vez mais imprescindíveis na transmissão, interpretação, análise e crítica dos fatos e fenômenos contemporâneos. Parece ser evidente que a representação gráfica, como linguagem universal, é extremamente eficaz para atenuar as barreiras linguísticas e culturais entre os povos e entre os indivíduos. Para a elaboração dessa monografia, utilizamos como referencial teórico-metodológico autores da Geografia e de áreas afins, a exemplo de: Almeida (1989), Claval (2001), Martinelli ( 2003), Santos (2004), Moraes ( 2005) entre outros. Esses autores nortearam todas as fases da pesquisa. Inicialmente realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre a categoria paisagem e a forma de representações espaciais, em seguida, fizemos uma avaliação do livro didático de Geografia do 7º ano do Ensino Fundamental, utilizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. José Soares de Carvalho, que está localizada no município de Guarabira, Paraíba. Vale salientar que foram ministradas aulas nessa escola para entender como os estudantes interpretam e criam imagens acerca dos conteúdos disponíveis no livro didático. Para concluir fizemos uma análise sobre a percepção e cognição através da leitura da paisagem por meio de um
  • 4. trabalho de campo com estudantes. A partir da avaliação identificamos resultados bem significativos no que diz respeito a Geografia e ao entendimento da paisagem. Palavras-chave: Representações gráficas. Paisagem. Ensino de Geografia. 2. Categoria Território 2.1. AUTOR 1 – FRIEDRICH RATZEL Ratzel traz o conceito de território para a Geografia e para as ciências humanas. Segundo o autor, “organismos que fazem parte da tribo, da comuna, da família, só podem ser concebidos junto a seu território” (RATZEL, 1990, p. 74), e ainda, “do mesmo modo, com o crescimento em amplitude do Estado, não aumentou apenas a cifra dos metros quadrados, mas, além disso, a sua força, a sua riqueza, a sua potência” (RATZEL,1990, p. 80). Entende-se claramente que o autor acredita no território como um espaço necessário a qualquer população e seu Estado para evoluir, em todos os sentidos. Nota-se sua aproximação com os preceitos de Darwin (evolucionismo) e a compreensão do território humano muito próxima do território de outras espécies, objeto da Biologia. Para ele então, o território é o espaço desde o qual uma família encontra sua subsistência, até o espaço necessário a evolução de um Estado, que deve assim, sempre pensar na aquisição de mais espaços territoriais. 2.2. AUTOR 2 - CLAUDE RAFFESTIN Outro autor chave nesta discussão é Raffestin. Contrapondo-se a idéia de Ratzel, ele começa sua tese analisando-o: “o quadro conceitual de Ratzel é muito amplo e tão naturalista quanto sociológico, mas seria errôneo condená-lo por ter "naturalizado" a geografia política, algo que às vezes ocorreu..” (Raffestin, 1993, p. 2). Logo, a proposta de Raffestin é repensar o conceito de território deixado por Ratzel e pela Geografia Política Clássica. Para o autor, as bases para a compreensão do território como uma relação do homem com espaço, estão no poder, como coloca: É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida
  • 5. por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator "territorializa" o espaço (RAFFESTIN, 1993, p. 50) sendo assim, o território (...) é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e informação, e que, por conseqüência, revela relações marcadas pelo poder. O espaço é a “prisão original”, o território é a prisão que os homens constroem para si (RAFFESTIN, 1993, p. 50) Ou seja, as pretensões do autor em relação ao território vão para além da visão biológica da expressão, sendo o conceito mediado por uma relação de poder que modifica o espaço (no campo imaterial), já que “o território se apóia no espaço, mas não é o espaço. É uma produção, a partir do espaço. Ora, a produção, por causa de todas as relações que envolve, se inscreve num campo de poder” (RAFFESTIN, 1993, p. 51). 2.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO) O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância da incorporação dos processos geográficos denominados de Territorialização-Desterritorialização- Reterritorialização (T-D-R), para a renovação do corpo teórico da Geografia Agrária brasileira no decorrer dos últimos anos. Nossa metodologia pautou-se em um levantamento bibliográfico nas revistas de Geografia Agrária: Revista NERA (UNESP), Revista Agrária (USP), e a Revista Campo-Território (UFU). A partir daí, buscamos informações sobre a conceituação da categoria território e seus desdobramentos, bem como as palavras chaves utilizadas nos artigos, além dos autores mais referenciados. Essas informações foram sistematizadas em quadros e planilhas para subsidiar a confecção dos gráficos. Assim verificamos que os autores mais referenciados nos artigos analisados foram: Claude Raffestin, Rogério Haesbaert, Milton Santos e Bernardo Mançano Fernandes. Com isso foi possível realizarmos uma reflexão teóricometodológica sobre a utilização desses conceitos na tentativa de explicar a dinâmica territorial, bem como sua crescente utilização no âmbito da Geografia Agrária. Palavras-chave: Geografia Agrária. Território. Territorialização. Desterritorialização. Reterritorialização.
  • 6. 3. Categoria Rede 3.1. AUTOR 1 – ROBERTO LOBATO CORRÊA “As redes geográficas são redes sociais espacializadas. São sociais em virtude de serem construções humanas, elaboradas no âmbito de relações sociais de toda ordem, envolvendo poder e cooperação, além daquelas de outras esferas da vida. As redes sociais são historicamente contextualizadas, portanto, mutáveis, das quais são exemplos a rede de parentesco, englobando os membros de uma grande família, ou a de um grupo de pessoas que se organizam em torno de um interesse comum. Ela se torna geográfica quando nós a consideramos em sua espacialidade. A rede em tela está, de fato, espacializada, mas nem sempre a consideramos sob esse ângulo. A passagem de uma rede social para uma rede geográfica se dá quando assim a consideramos, a despeito de sua necessária espacialidade, expressa em localizações qualificadas, e com interações espaciais entre elas.” (CORRÊA, 2011) 3.2. AUTOR 2 – MILTON SANTOS Segundo Santos (2008), a evolução e a produção das redes geográficas passaram por três grandes momentos, que estão classificados em período pré-mecânico, período mecânico intermediário e fase atual. O primeiro período, chamado de pré-mecânico, havia um domínio das características naturais, a ação humana era limitada e até submissa às intempéries da natureza, assim as redes se formavam de maneira espontânea. As redes existentes serviam a uma acanhada vida de relação, pois a competitividade territorial era quase que inexistente; o tempo caracterizava-se como um tempo lento. O segundo, dito período mecânico intermediário, o consumo cresce, ainda que moderadamente e as redes adquirem maior importância com o início da modernidade, assumindo assim seu caráter deliberado de sua concepção. Com desenvolvimento da técnica as redes adquirem funcionalidade com as novas formas de energia, embora ainda que sua utilização seja limitada. A fase atual das redes é marcada pela pós-modernidade, que se caracteriza pelo desenvolvimento do meio técnico- científico-informacional, é o momento onde o uso das redes foi consolidado, onde
  • 7. diversos fatores possibilitam um maior aproveitamento das mesmas, seja pelo domínio das forças naturais e das forças elaboradas pela inteligência e contidas nos objetos técnicos (SANTOS, 2008). As redes geográficas de acordo com Santos (2008) podem ser definidas a partir de duas dimensões, a primeira refere-se a sua forma, sua materialidade, caracterizada por: Toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou de comunicação (CURIEN, 1988 apud SANTOS, 2008, p.262). A segunda dimensão compreende o contexto social, ou seja, sua essência e conteúdo, sendo assim a rede “é também social e política pelas pessoas, mensagens e valores que a frequentam” (SANTOS, 2008, p. 262). Essa dimensão social é caracterizada por fatores extremamente variáveis, o que confere as redes uma ausência de homogeneidade. Nesse sentido é interessante ressaltar as considerações de Santos (2008), onde propõe que o espaço também pode ser visto como um conjunto de fixos e fluxos. Os elementos fixos caracterizam-se pelas infraestruturas que permitem ações que modificam o próprio lugar. Os fluxos configuram-se como consequência direta e indireta das ações que passam ou se instalam nos fixos, alterando seu significado e importância, ao mesmo tempo em que também se modificam. 3.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO) O trabalho ora apresentado constrói uma interpretação da geografia das salas de cinema contemporâneas do município de São Paulo. Desde seu estabelecimento enquanto equipamento de lazer e cultura, o cinema desempenhou fundamental papel na produção e reprodução do espaço urbano paulistano, engendrando, em diferentes momentos, distintos significados sociais e diversas formas de sociabilidades. Em anos recentes, especialmente no decorrer das décadas de 1990 e 2000, o mercado exibidor cinematográfico paulistano foi modelado por pelo menos dois equipamentos, deveras distintos entre si: os cinemas multiplex, comumente localizado em shopping-centers, pertencentes a grandes redes empresariais, e os cinemas voltados para uma programação alternativa ou de arte, via de regra instalados em vias públicas ou em galerias,
  • 8. fomentando uma apropriação do espaço que podemos alcunhar de territorialidade. Considerando tal constructo social, o objetivo primordial foi analisar o significado das salas de cinema, as ações e apropriações desenvolvidas por seus frequentadores, na e para a (re)produção do espaço urbano paulistano a partir da década de 1990, elaborando, para tanto, uma compreensão teórico-conceitual embasada nas concepções de redes geográficas e nas territorialidades decorrentes de apropriações espaciais. A proposta epistemológica foi criar um amalgama complexo, que não mitigasse nem a relevância dos fatores culturais, interpretativos e apropriativos, causa e consequência dos cinemas, tampouco desconsiderasse a estruturação e as motivações econômicas dos agentes que coordenam a organização destes equipamentos. Crê-se, nesse sentido, que o trabalho, apresentando e refletindo acerca de um dos mais importantes elementos de lazer e cultura existentes no município de São Paulo, em grande medida, pela produção do espaço urbano contemporâneo e seus significados sociais. Palavras-chave: 1. Salas de Cinema. 2. Redes de Empresas. 3. Lazer e cotidiano urbanos. 4. Territorialidades. 5. Município de São Paulo. 4. Categoria Lugar 4.1. AUTOR 1 – EDWARD RELPH Um lugar é um centro de ação e intenção, ele é 'um foco onde nós experimentamos os eventos significativos de nossa existência'. De fato, eventos e ações são significativos somente no contexto de certos lugares, e ganham tonalidades e são influenciados pelo caráter desses lugares, ainda que contribuam para esse caráter... Os lugares são os contextos ou panos de fundo para objetos intencionalmente definidos ou para grupos de objetos ou eventos, ou podem ser, eles mesmos, objetos da intenção. No primeiro caso pode-se dizer que toda consciência não é meramente consciência de algo, mas de algo em seu lugar, e que esses lugares são em grande parte definidos em termos dos objetos e de seus significados. Como objetos propriamente ditos, os lugares são essencialmente focos da intenção, têm geralmente uma localização fixa e possuem traços que persistem de uma forma identificável.
  • 9. Tais lugares podem ser definidos em termos das funções a que servem ou em termos da experiência comunitária pessoal [...] (RELPH, 1976, p. 42-43). 4.2. AUTOR 2 – ERIC DARDEL Outro autor, este um simples professor secundarista, ao propor um estudo fenomenológico da geografia, se referia à geografia vivida em ato, a partir da exploração do mundo e à ligação do homem com sua terra natal, "a relação do homem com a Terra [00'] como modo de sua existência e de seu destino." (DARDEL, 1990: 2). O pólo de tensão desta relação estaria na distância, que obrigaria a construção do mundo tendo o corpo como referencial. A direção, associada à distância, resultaria em um sítio estável e inerte (o lugar"), ou, como definia o autor: lia situação de um homem supõe um espaço onde ele se move; um conjunto de relações e de trocas; direções e distâncias que fixam de algum modo o lugar de sua existência. ti (DARDEL, 1990: 19). Para este autor, que influenciaria, 20 anos depois, os geógrafos humanistas, a paisagem é uma manifestação mais ampla e complexa que o lugar. Ela se refere às ligações existenciais do homem com a Terra, ti [ •••] a Terra como lugar, base e meio de sua realização. ti (DARDEL, 1990: 42). 4.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO) O lugar, categoria de análise do espaço geográfico, é um recurso fundamental da Geografia porque se apresenta como possibilidade de explorar os significados construídos pelos seres humanos, num dado local, e relacioná-los com a totalidade. No contexto educativo, ele constitui-se via de mediação pedagógica orientado à internalização de conhecimentos geográficos. Nesse sentido, esta investigação científica teve como objetivo examinar o processo de construção de conhecimentos geográficos por meio da categoria lugar na prática pedagógica do professor de Geografia. Considerando-se a cidade como espaço privilegiado, não único, da vida social e o lugar como uma construção humana, conjugam-se dois aspectos relevantes - cidade e lugar - a serem relacionados, tendo em vista a construção da aprendizagem do aluno, no campo disciplinar da Geografia. Assim, o município de Formosa/GO, limítrofe ao Distrito Federal, com seus festejos, manifestações culturais e religiosas, belezas naturais
  • 10. exuberantes, questões políticas, econômicas e o espaço social em geral, constitui-se um lugar ímpar ao contexto da escolarização, por ser o ambiente de vivência para os alunos dessa cidade. Com mais de 100.000 habitantes e 173 anos de história, apresenta problemas e situações típicas de uma cidade em desenvolvimento, logo, lugar que pode constituir como um alicerce para o entendimento dos conhecimentos geográficos trabalhados em sala de aula. A metodologia utilizada foi de base qualitativa, a partir dos seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica com o intuito de aprofundar o tema em questão; análise documental, mediante os documentos que regem o fazer pedagógico na escola, a saber: Projeto Político Pedagógico, Plano de Ensino e Livro Didático e entrevistas semiestrutradas com o intuito de conhecer o desenrolar das ações docentes. Percebeu-se, por meio das análises dos documentos e das entrevistas, que há muitos obstáculos a ser superados para que o ensino dessa disciplina se torne significativo, pois os resultados atestaram que o processo de aprender/ensinar Geografia, nas escolas pesquisadas, negligenciam a categoria lugar como instância mediadora na construção dos conhecimentos geográficos, o que interfere na formação para a cidadania. O Lugar/Formosa, mesmo constituindo-se como um espaço de vivências e experiências com os fenômenos geográficos, por ser o espaço vivido dos alunos dessa cidade, não é considerado nessa perspectiva. Portanto, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para o desenvolvimento de outras, com a finalidade de reforçar a relevância do ensino de Geografia vinculado à realidade vivida pelo aluno. Trata-se de uma ação potencializadora, uma vez que, se o aluno compreende a sua Geografia, as demais Geografias serão construídas por um melhor entendimento do mundo, mais expressivo à formação do cidadão. Palavras-chave: Lugar, Geografia, Ensino-Aprendizagem, Formosa-GO. 5. Categoria Região 5.1. AUTOR 1 - ANDREW JOHN HERBERTSON A primeira definição sistematizada da noção de região foi feita por Herbertson, em artigo datado de 1905. No que diz respeito aos seus aspectos mais metodológicos, pode- se dizer que a proposta desse autor tem a preocupação de criar uma “geografia
  • 11. sistemática”, e busca encontrar “[...] ordens de divisões geográficas [...]” no globo terrestre (Herbertson, 1905, p. 301). O referido texto inaugura a preocupação em definir a regionalização como um processo de classificação (Dickinson, 1976). Faz referência explícita aos procedimentos de classificação da biologia (especialmente no que diz respeito à hierarquia da divisão dos seres vivos em espécie e gênero), demonstrando portanto um viés dedutivo, partindo da definição prévia de critérios de delimitação das regiões para, em seguida, “[...] dividir o mundo em grandes regiões naturais” (p. 302). Herbertson (1905) propõe quatro “classes de fenômenos” para a definição das regiões. 5.2. AUTOR 2 – VIDAL DE LA BLACHE Vidal de La Blache erige em várias obras todo seu edifício explicativo da geografia, procurando unir aspectos “naturais” e “humanos” em suas monografias regionais para a explicação dos fenômenos geográficos. Formado também em histó- ria, o autor dá grande ênfase aos longos lapsos de tempo necessários para a formação das regiões, e diminui assim a ênfase que era dada à determinação dos fatores naturais na configuração das diferentes formas da superfície terrestre. Para unir o quadro físico, a ação humana e a história, La Blache propôs o conceito de “gênero de vida”, que seria uma síntese da relação entre as disponibilidades fisiográficas de cada lugar do mundo e as adaptações ativas e lentamente realizadas pelas sociedades para utilizarem-se destas disponibilidades. Grigg (1974, p. 27) lembra uma das famosas metáforas de La Blache para explicitar o significado do conceito de “gênero de vida”: homem e natureza se “moldam” um ao outro “[...] como um caracol e sua concha [...]”; “[...] os dois formam uma amálgama complicada”. La Blache propõe assim o conceito de “região geográfica” para denominar essas parcelas da superfície terrestre que apresentam certa homogeneidade de características, derivadas da combinação entre elementos do meio natural e da ação humana 5.3. MONOGRAFIA/DISSERTAÇÃO (RESUMO) A presente dissertação contém uma reflexão sobre o conceito de região, na obra do geógrafo Milton Santos, contido no movimento que vai do universal ao particular. Para sua realização, tornou-se necessário compreender sua crítica a geografia regional, cujo
  • 12. método refere-se primeiro a regularidade empírica dos fenômenos regionais, para só, posteriormente, alcançar o universal. A sua crítica teórica e metodológica propõem uma inversão no método, ressaltando a importância de se recorrer, no movimento de totalização, inicialmente ao universal, para depois chegar à região, ao particular. A elaboração do conceito de região é precedida pelo entendimento da atual estrutura do mundo contemporâneo, que Milton Santos denomina de período técnico- cientificoinformacional. Para se chegar ao conceito de região nesse período, o geógrafo utiliza-se dos conceitos de desenvolvimento desigual e de divisão internacional do trabalho, fatores importantes na diferenciação entre as regiões, assim como na formação socioespacial, em que o modo de produção entra em contato com as diversas realidades regionais. A região em Milton Santos é concebida, em princípio, como funcional em relação ao modo de produção global, que dá sentido a sua realidade interna. Isso não significa que cada região não tenha suas particularidades. Pelo contrário, no desenvolvimento de sua obra, Milton Santos chega ao conceito de lugar, que abrange tanto um espaço de determinações externas, quanto um espaço de solidariedade, de vivências internas. Região e lugar se identificam na cidade, onde há o encontro e o desencontro de múltiplos vetores da modernidade, no teatro das ações humanas. Desse modo, na cidade, Milton Santos se encontra com a dialética do global e do local, com a totalidade das relações socioespaciais. Construída no movimento que não omite a relevância das particularidades do lugar ou da região. Palavras-chave: Milton Santos; região; lugar; cidade; espaço; totalidade.
  • 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://journals.openedition.org/confins/10?lang=pt. Considerações sobre o conceito de paisagem. LIZ ABAD MAXIMIANO. Trajetórias do conceito de paisagem na geografia. RAUL ALFREDO SCHIER. Carl Sauer e Denis Cosgrove: a Paisagem e o Passado. ROBERTO LOBATO CORRÊA Geografia e paisagem na escola: a imagem como recurso didático para a construção de novos saberes. SINEZIA DOS SANTOS MARTINS. A geografia, o conceito do território e os processos de territorialização das comunidades quilombolas: Primeiras aproximações. NATHAN ZANZONI ITABORAHY. Território e geografia agrária: a dinâmica Territorialização-Desterritorialização- Reterritorialização (T-D-R) nas Revistas Nera, Agrária e Campo-Território. TAIANA GOMES SCHWITZKY. Redes geográficas: reflexões sobre um tema persistente. ROBERTO LOBATO CORRÊA. A influência das redes de transporte nas cidades de Sinop, Sorriso E Lucas Do Rio Verde. PATRÍCIA CHRISTAN. A geografia dos cinemas no lazer paulistano contemporâneo: redes e territorialidades dos cinemas de arte e multiplex. EDUARDO BAIDER STEFANI. Sobre territórios e lugaridades. WERTHER HOLZER. O lugar na geografia humanista. WERTHER HOLZER. A categoria lugar na construção dos conhecimentos geográficos: análise a partir da prática pedagógica do professor de geografia em Formosa-Goiás. HUGO DE CARVALHO SOBRINHO. Os conceitos de região e regionalização: aspectos de sua evolução e possíveis usos para a regionalização da saúde. FABIO BETIOLI CONTEL. Região: leituras possíveis de Milton Santos. THIAGO MACEDO ALVES DE BRITO.