1. PARALISIA CEREBRAL COM DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA GRAVE
DIAGNOSTICADA TARDIAMENTE: RELATO DE CASO.
Pacheco, G C.; Lemos, SML; Furtado, RN; Lima, LD; Cavalcante, ANM.
Hospital Infantil Albert Sabin-SESA- Fortaleza/CE
Introdução: A criança portadora de Paralisia Cerebral (PC) exibe os resultados complexos de uma lesão
do cérebro ou de um erro do desenvolvimento cerebral. À medida que a criança cresce e evolui, outros
fatores se combinam com os efeitos da lesão para agravar as deficiências funcionais. Resultados: C.R.C.
O., 13 anos, natural e procedente de Aquiraz. Admitida em hospital terciário com quadro de infecção
respiratória e história de mucopolissacaridose, sem comprovação laboratorial. Ao exame clínico,
apresentava-se distrófica (peso e estatura abaixo do percentil 5), hipocorada, taquidispnéica, fígado a 4
cm do RCD, com déficit do DNPM. Ao exame neurológico: não contactua com o olhar, RCP ausente,
tetraparesia espástica, reflexos nos cutâneos plantares flexores. Instuiu-se tratamento para quadro
pulmonar e fez-se a investigação do quadro neurológico. Anamnese: mãe da menor era tabagista e
manteve o hábito na gravidez. Sem história de anóxia neonatal. Após os 04 meses de idade, alimentação
sempre pastosa, devido dificuldade de deglutição. Andou com 12 meses de idade, nunca falou, não
desenvolveu controle esfincteriano. Parou de andar aos 12 anos. Relato de várias hospitalizações prévias
por diarréia. Avós são primos e pais também têm grau de parentesco. Mãe com história de epilepsia, 1°
irmão com DNPM tendo falecido aos 08 anos de idade sem causa determinada, avó paterna “doente
mental”. Péssimas condições de moradia e de alimentação. Os exames mostravam anemia e
hipoalbuminemia. USG abdominal com hepatomegalia acentuada, tendo sido realizado biópsia hepática
que revelou esteatose leve. RX de idade óssea com atraso de 4 anos. Avaliação oftalmológica incialmente
normal, após 4 anos encontrava-se atrofia do nervo óptico. TC crânio com atrofia córtico-subcortical não
usual para idade. A criança evoluiu com melhora considerável do estado geral apenas com a
administração de uma nutrição balanceada e vitaminas. Frente aos exames e à evolução clínica, detectado
quadro de desnutrição protéico-calórica grave, com repercussões neurológicas importantes. A PC foi
diagnosticada, bem como seus problemas associados (retardo mental, focos epileptógenos ao EEG, déficit
visual e auditivo, pneumonias de repetição, constipação intestinal, RGE), sendo descartada a hipótese de
mucopolissacaridose. Conclusão: O termo PC implica alterações do movimento, mas a presença de
outros distúrbios deve ser investigada, pois o sucesso do tratamento depende da abordagem correta de
todos os problemas associados, de preferência com manejo multidiscilpinar.