O documento discute como a sexualidade se expandiu para o mundo digital através de novas tecnologias e como isso reconfigurou práticas sexuais, permitindo novas formas de expressão e interação. Aponta como fatores como anonimato, acessibilidade e baixo custo impulsionaram comportamentos online e como isso pode levar a encontros offline. Também reflete sobre como a tecnologia continua expandindo as possibilidades sexuais.
1. e o sexo líquido se expande
apontamentos sobre sexualidade e bytes
por cláudio manoel (ufrb)
2. o cenário e suas leis
• A Cibercultura - Encontro das práticas, produtos e idéias
contemporâneas com as tecnologias eletrônica e digital
• Abertura de novos fluxos para que o ser humanos circule
sua produção a partir da apropriação tecnológica –
inclusive seus “novos” comportamentos.
• A cultura digital – a produção e o domínio de ferramentas
digitais e a veiculação de produtos binários – como
instrumental libertador dos controles, dos gatekeeepers
3. as leis da cibercultura
• A Reconfiguração
“evitar a lógica da substituição ou do aniquilamento. Em
várias expressões da cibercultura trata-se de reconfigurar
práticas, modalidades midiáticas, espaços, sem a substituição
de seus respectivos antecedentes”. (A. Lemos)
4. • A Liberação do pólo da emissão
“emergência de vozes e discursos anteriormente reprimidos
pela edição da informação pelos mass media” (A. L.)
• A Conectividade
“estar só sem estar isolado. A conectividade generalizada põe
em contato direto homens e homens, homens e máquinas
mas também máquinas e máquinas que passam a trocar
informação de forma autônoma e independente”. (A. L.)
5. a tecnologia (expansiva)
e as narrativas
• Cinema expandido é um exemplo
• "(...) o conceito de cinema expandido consiste em
extrapolar determinado código ou linguagem em sua
concepção inaugural." (Gene Youngblood, 1970)
• Deixou-se contaminar pela situação-laboratório proposto
pelas novas mídias e tecnologias do digital, na busca pela
experimentação
6. • Novos formatos audiovisuais surgem também a partir do
contato das linguagens tradicionais (cinema) com novos
instrumentais tecnológico: o live cinema
• Assim, igualmente, outras práticas, agora reconfiguradas e
expandidas: como ir ao banco ou..fazer sexo
• O sexo expandido extrapola aqueles determinados códigos
ou linguagens em sua concepção inaugural, reinventa e cria
códigos.
7. • Sexualidade: força motriz onde as pessoas buscam por
amor, afeto, prazer, ternura e intimidade essencial na/da/para
existência humana
• A sexualidade se expandiu, em redes digitais.
• Não só através das redes, mas em novas formas de sexo/
sexualidades, com outras características/represesentações
• Bate-papo=chat; correios=email; ir à biblioteca do
bairro=pesquisar on line
8. meio eletrônico erótico
• Nas antigas BBSs
• Na internet comercial, a partir dos anos 85 (Eua) e 95
(Brasil)
9. triplo motor
• Triple A Engine (Al Cooper,1998) (triplo motor)
• O Anonimato, a Acessibilidade e o Baixo Custo
10. cibersexo é real
(o virtual é realidade)
• Cibersexo seria as variadas formas de como a
cibersexualidade tem sido definida, sugerindo tratar-se de
um espaço sexual entre a fantasia e a ação. Ross (2005)
• Paradoxo: entre a fantasia e ação.
• Entre o remoto e o orgasmo, o que virtualiza (tecnologias,
rede…)
• O líquido - o binário - concretiza
11. online sexual bahaviors
• A procura pela gratificação dos desejos ou impulsos sexuais
através do uso ou investimento de energia física, mental ou
emocional na Internet (Al Cooper,1998).
12. a sequencia de wysocki
(1998)
• 1) conversação em tempo real sobre fantasias sexuais com
outra(s) pessoa(s);
• 2) detalhe sobre o que cada pessoa fará à(s) outra(s); e
• 3) masturbação simultânea (e orgasmo frente ao
computador).
14. roleta sexual: ternura?
(Força motriz onde as pessoas buscam por amor, afeto, prazer,
ternura e intimidade essencial na/da/para existência humana)
• Sex roulette dá 5 segundos para interação em txt ou
imagem, apertando as teclas F
• 5 segundos para decidir: o sexo virtual é efêmero (afeto?)
15. “a internet pornô”
• A “internet pornô” como definição clássica da
“pornografia”
• O livro que se lê com uma mão (Mosher, 1994).
16. tecnodeterminismo
• neoludismo
• idéias contra o computador como instrumento artístico
• a frieza da máquina
• o que existe: uma reconfiguração da prática, com novos
códigos
• o sexo desvinculado
17. • “Mais do que assumir a internet como a causa de todos os
males, num discurso tecno-determinístico alarmista muito
em voga em particular na comunicação social, por exemplo,
a propósito de redes pedófilas na Internet, é importante
procurar perceber como é que dimensões virtuais nos
podem afectar e não apenas negativamente.” Nuno Nodin, Isabel
Leal/Instituto Superior de Psicologia Aplicada/Portugal; Alex Carballo-Diéguez/HIV
Center for Clinical and Behavioral Studies/USA
18. é a máquina?
• A unipresença dos computadores na vida, mais do que
tentar perceber o que as máquinas podem fazer por nós, é
“interessante questionar como é que nós nos estamos a
transformar à medida que estabelecemos relações de
crescente intimidade com elas”. Turkle (2004)
19. o motor das máquinas
• Simondon: a filosofia da técnica, anos 50, discute o que
dispara a invenção.
• Nem a ciência e nem a técnica.
• “O desejo é o motor”
• Desejo no sentido amplo, de querer.
• No caso das máquinas sexuais, a o desejo da invenção se
encontra com o desejo do prazer erótico
20. máquinas sexuais antigas
• 1869 e 1872 o médico George Taylor (Eua) patentiou
modelos de máquinas sexuais.
• Conselho médico: "use this device to treat female pelvis
problem, need to be supervised”
21. • objetos criados pelo médico George Taylor para “curar” os pacientes
22. • Vibrador alimentado por máquina de vapor (Oficina de Patentes dos
Eua em 1891)
23. teledildônica
(ciberdildônica)
• Do líquido ao hardware
• O futuro (próximo?): mercado do sexo expandido se dará
pelas tecnologias de contato
• Das imagens, sons e txts ao gadgets físico e sensível
• Lojas já determinam seu escopo no mercado: citouch.com,
realtouch.com,…
• propondo hardware que conecta fisicamente parceiros
remotos ativos/passivos.
• (Haptic technology: da medicina e do sexo)
25. • “O cibersexo permite, por exemplo, a exploração de
aspectos da sexualidade e da identidade que de outra forma
dificilmente se teria a possibilidade de experimentar.
Permite também que indivíduos cuja idade, limitações físicas
ou características particulares que os coloquem numa
posição potencialmente estigmatizada na sociedade possam
ter uma vida sexual online e potencialmente, partindo daí,
também offline. Nuno Nodin, Isabel Leal/Instituto Superior de Psicologia Aplicada/Portugal; Alex
Carballo-Diéguez/HIV Center for Clinical and Behavioral Studies/USA
26. diversidade>tolerância
• Desde que não agrida, sem permissão, o outro...
• “(…) Mais do que uma experiência física, táctil, genital ou
orgânica, o sexo contém dimensões relacionais
(não necessariamente amorosas), (...) emocionais e
intelectuais que, tendo sempre estado presentes na
experiência sexual humana, se tornam mais evidentes com a
emergência de tecnologias como a dos computadores e da
Internet e sua utilização com fins sexuais”. (Nuno Nodin,
Isabel Leal e Alex Carballo-Diéguez)
28. referências
Carvalheira, A.; & Gomes, F.A., 2003. Cybersex in Portuguese chatrooms: a study of sexual
behaviors related to online sex. J. of Sex and Marital Therapy,Vol. 29, pp. 345-360.
Copper, A., 1998. Sexuality and the Internet: Surfing into the new millennium.
Cyberpsychology and Behavior, Vol.1,
pp. 187-194.
Cooper, A.; et al., 2002. Toward an increased understanding of user demographics in online
sexual activities. J Sex Marital Ther., vol.28, No.2, pp 105-29.
Mosher, D., 1994. Pornography. Human Sexuality: An Encyclopedia. Garland Publishing, New
York & London, EUA & Reino Unido.
Nodin,N; Leal, I; Carballo-Diéguez. “Através da Máquian é mais fácil”. Conferência IADIS
Ibero-Americana, 2008
Ross, M. W., 2005, Typing, doing, and being: sexuality and the internet. The Journal of Sex
Research, vol.42, No.4, pp. 342-352.
Santa Ana B, C. Perversión e Internet: estudio acerca de la relación entre el uso de Internet y
los rasgos de perversión. 2004, Chile.
Turkle, S., 2004. Whither Psychoanalysis in Computer Culture? Psychoanal. Psychol. 21, pp.
16-30.
Wysocki, D., 1998, Let Your Fingers Do the Talking: Sex on an Adult Chat-line. Sexualities,Vol.
1, No. 4, pp. 425-452
Wunenburger, Jean-Jacques. O arquipélago imaginário do corpo virtual.