SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
DE PAULINA CHIZIANE
 Autora: Paulina Chiziane (1955) nasceu em
Manjacaze, província de Gaza, no sul de
Moçambique. Negra, de família simples,
herdou da avó, uma contadora de histórias, a
aptidão para criar mundos e narrativas.
Tornou-se reconhecida por ter sido a
primeira mulher a escrever um romance em
seu país. É considerada uma das maiores
expressões literárias do idioma.
 Movimento Literário: Pós-modernismo
 Estilo: a escrita de Chiziane é permeada pela
oralidade e pela apreensão poética, com o
uso de metáforas e comparações, bem como e
muitas referências à, terra, ao vento e ao
mar.
 Tempo: Primeiros anos do século XXI.
Percebe-se a passagem do tempo apenas pelo
desenvolvimento das personagens, uma vez
que o tempo cronológico fica somente
pontuado
 Espaço: Moçambique, notadamente o sul, em
um país devastado pela guerra anticolonial e
civil.
Personagens principais:
 Rami: (Rosa Maria): narradora, 40 anos, 5 filhos, mulher do
sul, esposa dedicada e fiel que perceberá que vive com um
marido poligâmico, que tem mais 4 mulheres.
 Tony: (António Tomás): machangana, 17 filhos, 50 anos, Dr.
Comandante da polícia, poderoso esposo de Rami, ausente e
polígamo.
 Ju: (Julieta): “segunda dama”, 6 filhos, mulher do sul.
 Lu: (Luísa): “terceira dama”, 2 filhos, mulher do norte.
 Saly: “quarta dama”, maconde, 2 filhos, mulher do norte.
 Mauá Sualé: “quinta dama”, 2 filhos, nortenha macua, por
volta dos 19 anos.
 Eva: mulata, estéril, rica, amante de Tony.
 Gaby: amante de Paris. Aparece em uma viagem de duas
semanas que Tony faz para “consultar um médico” na França.
 Levy: irmão de Tony que irá efetuar o levirato.
 Saluá: beldade nhanja rejeitada por Tony ao final da narrativa.
Enredo: Rami percebe que, a contragosto, está em uma relação
poligâmica. Decide, então, contatar cada uma das outras mulheres
do marido, Tony, e fazer uma “associação” entre elas. Consegue fazer
com que todas sejam loboladas e reconhecidas perante a sociedade.
Ao fazer isso, atravessa as fronteiras físicas e culturais de seus país.
Rami transforma-se em uma mulher que gere a poligamia na qual o
marido a colocou, inclusive com escalas semanais que todas as
esposas deviam cumprir, a despeito de ser uma tarefa dolorosa para
ela.
No cumprimento dessa escala, nota-se como a mulher é rebaixada e
sua função é de simplesmente servir ao marido. Na sequência, Rami
financia os trabalhos das rivais, emprestando dinheiro para a
abertura de pequenos negócios. Aos poucos, Ju, Lu, Saly e Mauá,
começam a ganhar o próprio dinheiro e a conquistarem a
independência financeira, de modo que decidem se tornar primeiras
esposas de outros homens. Tony fica sem as suas mulheres e
percebe que o filho que está no ventre de Rami é fruto do levirato.
Importância da obra: Esse romance abre as portas para a voz
feminina em Moçambique e põe na ordem do dia a discussão sobre a
poligamia. A aceitação da mulher na literatura moçambicana
aumentou e gerou enorme debate sobre o tema. Romance
atualíssimo para todas as nações, que confirma a crescente
aquisição de direitos femininos nos últimos 150 anos.
Mulher é terra.
Sem semear, sem regar, nada produz,
IDENTIDADE E DIFERENÇA
 Moçambique consegue a sua independência em 25 de
junho de 1975, sob o governo marxista da Frelino,
chefiado por Machel. Na luta dos colonizados, a
questão identitária se faz visível e questiona-se a
cultura superior.
 “o discurso colonial é um aparato de poder da
colonização – que reconhece e repudia a diferença
cultural, criando ‘povos-sujeitos’ e legitimando os
estereótipos do colonizador e do colonizado”.
 É sobre esse patrimônio linguístico-cultural-
identitário que a autora escreve.
Tony faz o papel do colonizador, opressor e dominador, mas que, aos
poucos, vai perdendo a força para as suas mulheres. Durante a trama, a
autora narra a força da união das mulheres que representam a união da
nação moçambicana contra o seu colonizador,
As mulheres do sul acham que as do norte são umas frescas, umas
falsas. As do norte acham que as do sul são umas frouxas, umas frias.
Em algumas regiões do norte, o homem diz: querido amigo, em honra da
nossa amizade e para estreitar os laços da nossa fraternidade, dorme
com a minha mulher esta noite. No sul, o homem diz: a mulher é meu
gado, minha fortuna (CHIZIANE, 2008, p.38).
Norte e Sul de Moçambique se completem nas
características do todo do país, há entre as duas regiões
grandes diferenças:
 no Norte, predomina a influência muçulmana em
diversos setores, por exemplo, seguem-se as leis da
Sharid (Sharia é o código de leis do Islamismo) para
se destacarem as responsabilidades econômicas dos
homens em relação às esposas e filhos;
 no Sul, a tendência é cristã, pela forte influência da
colonização portuguesa, reforçando-se a mentalidade
de que o homem é superior à mulher, a qual deve ser
obediente ao mando masculino e aceita a condição de
oprimida e subordinada ao homem.
 Além da denúncia quanto à violência contra o gênero
Feminino também aborda a questão do preconceito de
cor.
A mulher mulata, termo empregado pela autora em sua
obra, é avaliada como uma ameaça às negras, uma vez
que elas são consideradas socialmente superiores às
demais, enquanto à mulher negra é conferido o estatuto
da lascividade.
 A narradora avalia a condição da mulher negra
vítimas da discriminação social, do abandono, da
invisibilidade e do desprezo
 Ao homem, supervalorizado na sociedade moçambicana, quase tudo é permitido. Exemplo
dessa liberdade – ou melhor, libertinagem como ter múltiplos relacionamentos sem a
responsabilidade emocional.
Solução para a autora:
Superação gradativa da condição de mulher submissa fortalecendo-
se,
em primeiro lugar, economicamente;
depois, amorosamente, ressignificando sua existência, tentando
livrar-se da estrutura que a oprime, assim como também libertar as
outras mulheres
amadurecimento que a leva a alcançar sua autonomia.
Em diversos mitos, lendas e contos de fadas, o espelho é
um
 objeto mágico e repleto de simbolismos.
 Em Niketche, ele aparece como o refletidor dos
pensamentos e questionamentos de Rami, além de
proporcionar à narradora uma visão inversa de si
mesma.
 Inicialmente, Rami não reconhece como sua a
imagem nele refletida, ele é confrontador e
desnudador da submissão e subalternização da
narradora, alternando o reflexo do consciente e do
inconsciente dela.
 O espelho com duas faces da narradora
 Como Alice, o espelho é como o portal para a descoberta do
desconhecido. A versão de Rami no espelho é para a
narradora uma nova imagem de si mesma, zombeteira, direta
e ameaçadora, mas é seu único amigo sincero, até a chegada
de Luísa na vida de Rami. É o espelho que possibilita à
narradora a ação que a levará a desafiar a sociedade
patriarcal e as tradições moçambicanas.
 Como Branca de Neve o espelho é submisso ao poder da
Rainha, demonstrando ter medo dela e o de Rami é
desafiador, confrontador, e lança à narradora uma série de
escárnios. Destaque-se também que o espelho de Branca de
Neve não reflete a imagem da Rainha, mas, sim, a imagem de
um ser aprisionado com características físicas próprias,
enquanto o de Rami reflete a figura da narradora real, mas
que lhe é estranha, pois se lhe apresenta como alguém forte e
distante dos sofrimentos vividos pela narradora em vinte
anos de um casamento infeliz.
Mulheres empoderadas contra o patriarcado

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

2. elementos paratextuais [título e contracapa]
2. elementos paratextuais [título e contracapa]2. elementos paratextuais [título e contracapa]
2. elementos paratextuais [título e contracapa]Helena Coutinho
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaMariana Silva
 
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º ano
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º anoAnálise da farsa de Inês Pereira - 10º ano
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º anoFatima Mendonca
 
Categorias da Narrativa em "A Aia"
Categorias da Narrativa em "A Aia"Categorias da Narrativa em "A Aia"
Categorias da Narrativa em "A Aia"Maria João C. Conde
 
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)Paula Meyer Piagentini
 
Um mover de olhos
Um mover de olhosUm mover de olhos
Um mover de olhosMaria Góis
 
Simbolismo em Portugal
Simbolismo em PortugalSimbolismo em Portugal
Simbolismo em PortugalMarcelleLG
 
Seminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaSeminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaThenysson Gabriel
 
Orações adjetivas
Orações adjetivasOrações adjetivas
Orações adjetivasPaula Denise
 
Memorial do Convento
Memorial do ConventoMemorial do Convento
Memorial do Conventolibrarian
 
Temáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verdeTemáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verdeMariaVerde1995
 
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaHadassa Castro
 

Mais procurados (20)

2. elementos paratextuais [título e contracapa]
2. elementos paratextuais [título e contracapa]2. elementos paratextuais [título e contracapa]
2. elementos paratextuais [título e contracapa]
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intriga
 
Macunaíma
MacunaímaMacunaíma
Macunaíma
 
Sagarana - Guimarães Rosa
Sagarana - Guimarães RosaSagarana - Guimarães Rosa
Sagarana - Guimarães Rosa
 
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º ano
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º anoAnálise da farsa de Inês Pereira - 10º ano
Análise da farsa de Inês Pereira - 10º ano
 
Lírica Camoniana
Lírica CamonianaLírica Camoniana
Lírica Camoniana
 
Categorias da Narrativa em "A Aia"
Categorias da Narrativa em "A Aia"Categorias da Narrativa em "A Aia"
Categorias da Narrativa em "A Aia"
 
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)
Questões Jogo - Movimentos Literários (século XIX - XX)
 
A Aia (Simbologia)
A Aia (Simbologia)A Aia (Simbologia)
A Aia (Simbologia)
 
Um mover de olhos
Um mover de olhosUm mover de olhos
Um mover de olhos
 
Elementos da narrativa
Elementos da narrativaElementos da narrativa
Elementos da narrativa
 
Simbolismo em Portugal
Simbolismo em PortugalSimbolismo em Portugal
Simbolismo em Portugal
 
Os Maias - Capítulo XII
Os Maias - Capítulo XIIOs Maias - Capítulo XII
Os Maias - Capítulo XII
 
Seminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaSeminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da Areia
 
Orações adjetivas
Orações adjetivasOrações adjetivas
Orações adjetivas
 
Auto da Índia – Gil Vicente
Auto da Índia – Gil VicenteAuto da Índia – Gil Vicente
Auto da Índia – Gil Vicente
 
Memorial do Convento
Memorial do ConventoMemorial do Convento
Memorial do Convento
 
Temáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verdeTemáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verde
 
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
 

Semelhante a Mulheres empoderadas contra o patriarcado

Negros na literatura - Consciência negra
Negros na literatura - Consciência negraNegros na literatura - Consciência negra
Negros na literatura - Consciência negraDaniele Silva
 
Iracema e Ursula.pdf
Iracema e Ursula.pdfIracema e Ursula.pdf
Iracema e Ursula.pdfJuniorEnchaki
 
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdfocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdfPyetraLorranny
 
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.ppt
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.pptslides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.ppt
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.pptGabyFreindemberg
 
Angústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfAngústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfrafabebum
 
Livros essências da leitura brasileira
Livros essências da leitura brasileiraLivros essências da leitura brasileira
Livros essências da leitura brasileiraAna Borges
 
Representacao mulher contos
Representacao mulher contosRepresentacao mulher contos
Representacao mulher contosJéssica Santos
 
Literatura Brasileira: Livro A Carne
Literatura Brasileira: Livro A CarneLiteratura Brasileira: Livro A Carne
Literatura Brasileira: Livro A CarneEzequias Guimaraes
 
Feminismo slides II
Feminismo slides IIFeminismo slides II
Feminismo slides IILilianeTesch
 
Apresentação sobre José de Alencar
Apresentação sobre José de AlencarApresentação sobre José de Alencar
Apresentação sobre José de AlencarDavidSevero3
 
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxEntre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxValéria Shoujofan
 

Semelhante a Mulheres empoderadas contra o patriarcado (20)

Negros na literatura - Consciência negra
Negros na literatura - Consciência negraNegros na literatura - Consciência negra
Negros na literatura - Consciência negra
 
Iracema e Ursula.pdf
Iracema e Ursula.pdfIracema e Ursula.pdf
Iracema e Ursula.pdf
 
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdfocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
 
O cortiço
O cortiçoO cortiço
O cortiço
 
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.ppt
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.pptslides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.ppt
slides sobre MOLL FLANDERS- análise literária.ppt
 
O Cortiço.ppt
O Cortiço.pptO Cortiço.ppt
O Cortiço.ppt
 
Angústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdfAngústia - material de aula.pdf
Angústia - material de aula.pdf
 
Livros essências da leitura brasileira
Livros essências da leitura brasileiraLivros essências da leitura brasileira
Livros essências da leitura brasileira
 
Representacao mulher contos
Representacao mulher contosRepresentacao mulher contos
Representacao mulher contos
 
O CORTIÇO
O CORTIÇO O CORTIÇO
O CORTIÇO
 
Roamnce
RoamnceRoamnce
Roamnce
 
Literatura Brasileira: Livro A Carne
Literatura Brasileira: Livro A CarneLiteratura Brasileira: Livro A Carne
Literatura Brasileira: Livro A Carne
 
Romance Urbano
Romance UrbanoRomance Urbano
Romance Urbano
 
Feminismo slides II
Feminismo slides IIFeminismo slides II
Feminismo slides II
 
Apresentação sobre José de Alencar
Apresentação sobre José de AlencarApresentação sobre José de Alencar
Apresentação sobre José de Alencar
 
A escrava isaura
A escrava isauraA escrava isaura
A escrava isaura
 
A escrava isaura
A escrava isauraA escrava isaura
A escrava isaura
 
Diversos aspectos dos romances brasileiros
Diversos aspectos dos romances brasileirosDiversos aspectos dos romances brasileiros
Diversos aspectos dos romances brasileiros
 
Mayombe
MayombeMayombe
Mayombe
 
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxEntre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
 

Último

Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.MrPitobaldo
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 

Último (20)

Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 

Mulheres empoderadas contra o patriarcado

  • 2.  Autora: Paulina Chiziane (1955) nasceu em Manjacaze, província de Gaza, no sul de Moçambique. Negra, de família simples, herdou da avó, uma contadora de histórias, a aptidão para criar mundos e narrativas. Tornou-se reconhecida por ter sido a primeira mulher a escrever um romance em seu país. É considerada uma das maiores expressões literárias do idioma.  Movimento Literário: Pós-modernismo
  • 3.  Estilo: a escrita de Chiziane é permeada pela oralidade e pela apreensão poética, com o uso de metáforas e comparações, bem como e muitas referências à, terra, ao vento e ao mar.  Tempo: Primeiros anos do século XXI. Percebe-se a passagem do tempo apenas pelo desenvolvimento das personagens, uma vez que o tempo cronológico fica somente pontuado  Espaço: Moçambique, notadamente o sul, em um país devastado pela guerra anticolonial e civil.
  • 4. Personagens principais:  Rami: (Rosa Maria): narradora, 40 anos, 5 filhos, mulher do sul, esposa dedicada e fiel que perceberá que vive com um marido poligâmico, que tem mais 4 mulheres.  Tony: (António Tomás): machangana, 17 filhos, 50 anos, Dr. Comandante da polícia, poderoso esposo de Rami, ausente e polígamo.  Ju: (Julieta): “segunda dama”, 6 filhos, mulher do sul.  Lu: (Luísa): “terceira dama”, 2 filhos, mulher do norte.  Saly: “quarta dama”, maconde, 2 filhos, mulher do norte.  Mauá Sualé: “quinta dama”, 2 filhos, nortenha macua, por volta dos 19 anos.  Eva: mulata, estéril, rica, amante de Tony.  Gaby: amante de Paris. Aparece em uma viagem de duas semanas que Tony faz para “consultar um médico” na França.  Levy: irmão de Tony que irá efetuar o levirato.  Saluá: beldade nhanja rejeitada por Tony ao final da narrativa.
  • 5. Enredo: Rami percebe que, a contragosto, está em uma relação poligâmica. Decide, então, contatar cada uma das outras mulheres do marido, Tony, e fazer uma “associação” entre elas. Consegue fazer com que todas sejam loboladas e reconhecidas perante a sociedade. Ao fazer isso, atravessa as fronteiras físicas e culturais de seus país. Rami transforma-se em uma mulher que gere a poligamia na qual o marido a colocou, inclusive com escalas semanais que todas as esposas deviam cumprir, a despeito de ser uma tarefa dolorosa para ela. No cumprimento dessa escala, nota-se como a mulher é rebaixada e sua função é de simplesmente servir ao marido. Na sequência, Rami financia os trabalhos das rivais, emprestando dinheiro para a abertura de pequenos negócios. Aos poucos, Ju, Lu, Saly e Mauá, começam a ganhar o próprio dinheiro e a conquistarem a independência financeira, de modo que decidem se tornar primeiras esposas de outros homens. Tony fica sem as suas mulheres e percebe que o filho que está no ventre de Rami é fruto do levirato. Importância da obra: Esse romance abre as portas para a voz feminina em Moçambique e põe na ordem do dia a discussão sobre a poligamia. A aceitação da mulher na literatura moçambicana aumentou e gerou enorme debate sobre o tema. Romance atualíssimo para todas as nações, que confirma a crescente aquisição de direitos femininos nos últimos 150 anos.
  • 6. Mulher é terra. Sem semear, sem regar, nada produz,
  • 7. IDENTIDADE E DIFERENÇA  Moçambique consegue a sua independência em 25 de junho de 1975, sob o governo marxista da Frelino, chefiado por Machel. Na luta dos colonizados, a questão identitária se faz visível e questiona-se a cultura superior.  “o discurso colonial é um aparato de poder da colonização – que reconhece e repudia a diferença cultural, criando ‘povos-sujeitos’ e legitimando os estereótipos do colonizador e do colonizado”.  É sobre esse patrimônio linguístico-cultural- identitário que a autora escreve.
  • 8. Tony faz o papel do colonizador, opressor e dominador, mas que, aos poucos, vai perdendo a força para as suas mulheres. Durante a trama, a autora narra a força da união das mulheres que representam a união da nação moçambicana contra o seu colonizador, As mulheres do sul acham que as do norte são umas frescas, umas falsas. As do norte acham que as do sul são umas frouxas, umas frias. Em algumas regiões do norte, o homem diz: querido amigo, em honra da nossa amizade e para estreitar os laços da nossa fraternidade, dorme com a minha mulher esta noite. No sul, o homem diz: a mulher é meu gado, minha fortuna (CHIZIANE, 2008, p.38).
  • 9. Norte e Sul de Moçambique se completem nas características do todo do país, há entre as duas regiões grandes diferenças:  no Norte, predomina a influência muçulmana em diversos setores, por exemplo, seguem-se as leis da Sharid (Sharia é o código de leis do Islamismo) para se destacarem as responsabilidades econômicas dos homens em relação às esposas e filhos;  no Sul, a tendência é cristã, pela forte influência da colonização portuguesa, reforçando-se a mentalidade de que o homem é superior à mulher, a qual deve ser obediente ao mando masculino e aceita a condição de oprimida e subordinada ao homem.
  • 10.  Além da denúncia quanto à violência contra o gênero Feminino também aborda a questão do preconceito de cor. A mulher mulata, termo empregado pela autora em sua obra, é avaliada como uma ameaça às negras, uma vez que elas são consideradas socialmente superiores às demais, enquanto à mulher negra é conferido o estatuto da lascividade.  A narradora avalia a condição da mulher negra vítimas da discriminação social, do abandono, da invisibilidade e do desprezo
  • 11.  Ao homem, supervalorizado na sociedade moçambicana, quase tudo é permitido. Exemplo dessa liberdade – ou melhor, libertinagem como ter múltiplos relacionamentos sem a responsabilidade emocional. Solução para a autora: Superação gradativa da condição de mulher submissa fortalecendo- se, em primeiro lugar, economicamente; depois, amorosamente, ressignificando sua existência, tentando livrar-se da estrutura que a oprime, assim como também libertar as outras mulheres amadurecimento que a leva a alcançar sua autonomia.
  • 12. Em diversos mitos, lendas e contos de fadas, o espelho é um  objeto mágico e repleto de simbolismos.  Em Niketche, ele aparece como o refletidor dos pensamentos e questionamentos de Rami, além de proporcionar à narradora uma visão inversa de si mesma.  Inicialmente, Rami não reconhece como sua a imagem nele refletida, ele é confrontador e desnudador da submissão e subalternização da narradora, alternando o reflexo do consciente e do inconsciente dela.
  • 13.  O espelho com duas faces da narradora  Como Alice, o espelho é como o portal para a descoberta do desconhecido. A versão de Rami no espelho é para a narradora uma nova imagem de si mesma, zombeteira, direta e ameaçadora, mas é seu único amigo sincero, até a chegada de Luísa na vida de Rami. É o espelho que possibilita à narradora a ação que a levará a desafiar a sociedade patriarcal e as tradições moçambicanas.  Como Branca de Neve o espelho é submisso ao poder da Rainha, demonstrando ter medo dela e o de Rami é desafiador, confrontador, e lança à narradora uma série de escárnios. Destaque-se também que o espelho de Branca de Neve não reflete a imagem da Rainha, mas, sim, a imagem de um ser aprisionado com características físicas próprias, enquanto o de Rami reflete a figura da narradora real, mas que lhe é estranha, pois se lhe apresenta como alguém forte e distante dos sofrimentos vividos pela narradora em vinte anos de um casamento infeliz.