SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 22
Aluísio Azevedo
Aluísio Azevedo
 São Luís, Maranhão
 Escritor e caricaturista
 Folhetins romanescos +
romances naturalistas que
representam sua visão de
mundo, como O mulato e
O cortiço
1857-1913
O CORTIÇO
Cortiço na rua Visconde do Rio Branco, Rio de Janeiro, por volta de 1906
ROMANCE EXPERIMENTAL
 Émile Zola define o Naturalismo como uma
aplicação, na Literatura, do método de
observação e de experimentação.
 Romance de tese porque desenvolve uma
estrutura pensada para provar a visão
determinista da sociedade.
 O aviltamento e a perda da dignidade dos
indivíduos é a grande tese exposta nos
romances naturalistas.
FOCO NARRATIVO
 Narrado em 3ª pessoa
 Narrador onisciente: revela o pensamento dos
personagens, faz julgamentos e tenta
comprovar, como se fosse um cientista, as
influências do meio, da raça e do momento
histórico.
 Discurso indireto livre
TEMPO
 O tempo é linear: fatos apresentados em ordem
cronológica – princípio, meio e desfecho da
narrativa.
 Ciclo biológico: nascimento - construção do
cortiço, crescimento - vinda de um grande
número de moradores, morte - destruição da
estalagem pelo fogo.
 A história se desenrola no Brasil do final do
século XIX, sem precisão de datas.
ESPAÇO
 Espaço é o microcosmo de uma sociedade
em formação: cortiço x sobrado, ressaltando
a briga constante de forças econômicas e
sociais.
 O espaço urbano: o proletariado e a classe
média ganharam campo, pois a mão-de-obra
era muito necessária, houve, na época, a
imigração de italianos e portugueses em
busca de trabalho.
 Espaço físico: habitação coletiva
 Espaço social: mistura de “raças”,
choque entre elas.
 Espaço simbólico : ALEGORIA do Brasil
(“matéria-prima de lucro para o
capitalismo”)
CORTIÇO X SOBRADO
HORIZONTALIDADE
Estagnação social
VERTICALIDADE
Ascensão social
Ausência de regras
Regras definidas
ANIMAL
Natureza fisiológica
CULTURA
Organização social regida por
leis
M
U
R
O
INSTINTO
Insultos, Brigas, Morte
RAZÃO
Troca de favores
Jogo de interesses
ASPECTOS CENTRAIS
 Romance social
 Crítica ao capitalismo
selvagem (a exploração do
homem pelo próprio homem)
 O trabalhador sob a
condição de servidão,
exploração da renda
imobiliária, da usura e
prática do roubo
 O homem socialmente
alienado e rebaixado ao
nível da animalidade
 A situação da mulher
Mulher-objeto: usada e
aviltada pelo homem
(Bertoleza e Piedade)
Mulher-sujeito:
independente dos homens
(Léonie e Pombinha)
Mulher-objeto-sujeito:
simultaneamente objeto e
sujeito (Rita Baiana)
 Zoomorfização
homem = animal
O instinto predomina sobre a razão
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela
umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a
fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma
geração que parecia brotar espontânea, ali mesmo,
daquele lameiro e multiplicar-se como larvas no esterco.
As corridas até a venda reproduziam-se num
verminar de formigueiro assanhado.
 A força do sexo
Degradante, conduz os personagens ao
acanalhamento, prostituição, lesbianismo, adultério.
E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um
arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia,
enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o
mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes
de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até
ao tutano com línguas finíssimas de cobra.
 O homossexualismo
A questão da homossexualidade é tratada como desvio
de conduta, anormal, patológico, animalesca.
PERSONAGENS
 O cortiço: personagem principal, pois é o núcleo
gerador de tudo. Cresce, desenvolve-se e
transforma-se juntamente com seu proprietário, João
Romão.
 O sobrado: personagem atrelado ao cortiço,
funciona como rival. A tensão existente entre cortiço
e sobrado é apresentada por meio da relação entre
João Romão e Miranda.
 João Romão: português interesseiro, deseja
enriquecer, explora os moradores do cortiço e os
trabalhadores da pedreira.
 Miranda: português que enriquece através do
casamento.
PERSONAGENS
 Bertoleza: cafuza, escrava, pobre, trabalhadeira e
fiel a João Romão.
 D. Estela: mulher branca, nobre e adúltera.
 Zulmira: filha de D. Estela e de Miranda
 Botelho: amigo de Miranda, como agregado, vive na
casa de favor, por isso não tem voz, somente vê,
escuta e se faz amigo de todos, diplomático.
João Romão e Bertoleza se juntam e constroem o
cortiço; Miranda e D. Estela compram o sobrado. Os
homens agem como rivais e sentem inveja um do
outro, até que João Romão se casa com Zulmira.
 Jerônimo: português, começa a trabalhar na pedreira de
João Romão, conquistando respeito de todos, mas
“abrasileirou-se”, tornando-se preguiçoso, festeiro,
apreciador de cachaça.
 Piedade: esposa de Jerônimo e mãe de Marianita
(Senhorinha), sofre muito a partir do momento em que o
marido se interessa por Rita Baiana.
 Rita Baiana: mulata sensual, provocante, tem um caso com
Firmo, mas não se casam, o relacionamento vive de idas e
vindas.
 Firmo: mulato capoeirista, valente, preguiçoso, gosta muito
de gastar, vive de festa com Rita.
Jerônimo, desde o dia em que viu Rita dançar pela
primeira vez, estava fadado à perdição, arrastando Firmo e
Piedade para o caminho do ciúme e da destruição. Firmo morre
e Piedade torna-se miserável e bêbada.
 Pombinha: filha de D. Isabel. Separou-se do marido para
ficar com Léonie, que a iniciara no prazer sexual, fazendo-a
atingir a puberdade.
 Léonie: prostituta, madrinha de uma das filhas de Augusta,
possui a independência financeira. Vende seu corpo, mas o
que faz não é crime aos olhos dos moradores do cortiço, que
não têm as cínicas restrições sexuais da burguesia brasileira.
 Senhorinha: filha de Jerônimo e Piedade, foi educada em
bons colégios, mas vive em meio ao ambiente do cortiço e
acaba com um destino parecido com o de Pombinha.
Pombinha foi criada por D. Isabel com muito desvelo,
estudou, não lavava e esperava se tornar mulher para casar-se.
Envolve-se com Léonie, torna-se mulher e depois casa, mas não
se adapta à falta de liberdade imposta pelo casamento, por isso
decide morar com a prostituta, aprendendo seu ofício, tornando-
se senhora de si por meio do desejo alheio.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS
 Henrique: filho de um fazendeiro importante que
se encontra aos cuidados de Miranda até o fim de
seus estudos. Cultivará um caso com D. Estela.
 Valentim: filho alforriado de uma escrava por quem
D. Estela nutria afeição ilimitada.
 Libório: velho pão-duro que esmolava entre os
outros moradores do Cortiço, mas que possuía
uma fortuna escondida, da qual Romão irá se
apoderar depois da morte de Libório no segundo
incêndio provocado pela Bruxa.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS
 Paula (a Bruxa): cabocla velha que exercia função
de curandeira. Põe fogo no cortiço duas vezes após
enlouquecer, morrendo na segunda tentativa.
 Marciana: mulata velha, com mania de limpeza,
mãe de Florinda. Perde o juízo quando a filha foge
de casa.
 Florinda: filha virgem de Marciana, que engravida
de um dos vendeiros de Romão e foge de casa.
 Dona Isabel: mãe de Pombinha. Seu maior sonho
é ver a filha casada.
 Albino: lavadeiro homossexual, morador do cortiço.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS
 Agostinho: filho caçula de Machona que morre
num acidente da pedreira.
 Augusta: brasileira branca, honesta, casada com
Alexandre e com muitos filhos.
 Alexandre: mulato, militar, dava muito valor ao seu
emprego.
 Juju: afilhada de Léonie.
 Leocádia: portuguesa, esposa de Bruno, comete
adultério com Henrique.
 Bruno: ferreiro casado com Leocádia.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS
 Leonor: negrinha virgem, moradora do cortiço.
 Leandra (Machona): portuguesa feroz, habitante do cortiço
 Ana das Dores: filha desquitada de Machona.
 Neném: filha virgem de Machona, muito cobiçada.
 Delporto, Pompeo, Francesco e Andrea: imigrantes
italianos que residiam no cortiço. Azevedo foi um dos
primeiros a caracterizar literariamente a figura do imigrante
italiano no Brasil, mesmo que de forma preconceituosa,
retratando-os como carcamanos imundos.
 Porfiro: mulato capoeira amigo de Firmo.
 Pataca: cúmplice de Jerônimo no assassinato de Firmo,
torna-se um dos aproveitadores de Piedade depois que
Jerônimo vai morar com Rita.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Camilo Castelo Branco
Camilo Castelo BrancoCamilo Castelo Branco
Camilo Castelo Brancoguestd54ce5
 
Trabalho de portugues - O CORTIÇO
Trabalho de portugues - O CORTIÇOTrabalho de portugues - O CORTIÇO
Trabalho de portugues - O CORTIÇOelianegeraldo
 
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveis
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveisAtividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveis
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveisleitura20138a
 
Análise o primo basílio
Análise   o primo basílioAnálise   o primo basílio
Análise o primo basílioVanessa Matos
 
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaA contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaLara Utzig
 
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de AzevedoPORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de AzevedoBlogSJuniinho
 
Análise de quincas borba
Análise de quincas borbaAnálise de quincas borba
Análise de quincas borbama.no.el.ne.ves
 
Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-ModernismoCrisBiagio
 
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de AzevedoFabio Lemes
 
Quincas borbas
Quincas borbas  Quincas borbas
Quincas borbas Julimac
 
Amar, verbo intransitivo, de mário de andrade
Amar, verbo intransitivo, de mário de andradeAmar, verbo intransitivo, de mário de andrade
Amar, verbo intransitivo, de mário de andradecarinemorossino74
 
O Primo Basílio - Análise
O Primo Basílio -  AnáliseO Primo Basílio -  Análise
O Primo Basílio - AnáliseSérgio Branco
 
Periodização das literaturas portuguesa e brasileira
Periodização das literaturas portuguesa e brasileiraPeriodização das literaturas portuguesa e brasileira
Periodização das literaturas portuguesa e brasileiraDiego Pereira
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)Edenilson Morais
 
O cortiço trabalho de português
O cortiço   trabalho de portuguêsO cortiço   trabalho de português
O cortiço trabalho de portuguêsLuuh Kamimura
 

Mais procurados (20)

Camilo Castelo Branco
Camilo Castelo BrancoCamilo Castelo Branco
Camilo Castelo Branco
 
Trabalho de portugues - O CORTIÇO
Trabalho de portugues - O CORTIÇOTrabalho de portugues - O CORTIÇO
Trabalho de portugues - O CORTIÇO
 
Resenha de O cortiço
Resenha de O cortiço Resenha de O cortiço
Resenha de O cortiço
 
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveis
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveisAtividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveis
Atividade cruzadinha definitiva do projeto os miseráveis
 
Análise o primo basílio
Análise   o primo basílioAnálise   o primo basílio
Análise o primo basílio
 
O primo Basílio
O primo BasílioO primo Basílio
O primo Basílio
 
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaA contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
 
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de AzevedoPORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo
PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo
 
Análise de quincas borba
Análise de quincas borbaAnálise de quincas borba
Análise de quincas borba
 
Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-Modernismo
 
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
 
Linha de tempo 1
Linha de tempo 1Linha de tempo 1
Linha de tempo 1
 
Quincas borbas
Quincas borbas  Quincas borbas
Quincas borbas
 
Amar, verbo intransitivo, de mário de andrade
Amar, verbo intransitivo, de mário de andradeAmar, verbo intransitivo, de mário de andrade
Amar, verbo intransitivo, de mário de andrade
 
O Primo Basílio - Análise
O Primo Basílio -  AnáliseO Primo Basílio -  Análise
O Primo Basílio - Análise
 
Periodização das literaturas portuguesa e brasileira
Periodização das literaturas portuguesa e brasileiraPeriodização das literaturas portuguesa e brasileira
Periodização das literaturas portuguesa e brasileira
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (slides)
 
Quincas Borba
Quincas BorbaQuincas Borba
Quincas Borba
 
O cortiço trabalho de português
O cortiço   trabalho de portuguêsO cortiço   trabalho de português
O cortiço trabalho de português
 
Naturalismo no Brasil
Naturalismo no BrasilNaturalismo no Brasil
Naturalismo no Brasil
 

Semelhante a O CORTIÇO

Semelhante a O CORTIÇO (20)

O Cortiço.ppt
O Cortiço.pptO Cortiço.ppt
O Cortiço.ppt
 
ocortio-150917174552-lva1-app6892.pdf
ocortio-150917174552-lva1-app6892.pdfocortio-150917174552-lva1-app6892.pdf
ocortio-150917174552-lva1-app6892.pdf
 
O cortiço
O cortiçoO cortiço
O cortiço
 
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdfocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
ocortio-150628201435-lva1-app6891 (2).pdf
 
Lucas manoel e ian o cortiço
Lucas manoel e ian  o cortiçoLucas manoel e ian  o cortiço
Lucas manoel e ian o cortiço
 
O Cortiço.ppt
O Cortiço.pptO Cortiço.ppt
O Cortiço.ppt
 
Realismo-naturalismo brasileiros
Realismo-naturalismo brasileirosRealismo-naturalismo brasileiros
Realismo-naturalismo brasileiros
 
O cortiço 3ª b - 2011
O cortiço   3ª b - 2011O cortiço   3ª b - 2011
O cortiço 3ª b - 2011
 
Livro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CICLivro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CIC
 
Seminário - O Cortiço.pptx
Seminário - O Cortiço.pptxSeminário - O Cortiço.pptx
Seminário - O Cortiço.pptx
 
Retratos de Mulher
Retratos de MulherRetratos de Mulher
Retratos de Mulher
 
O cortiço material de aula
O cortiço   material de aulaO cortiço   material de aula
O cortiço material de aula
 
Revisão-Pro-Campus-2018.pptx
Revisão-Pro-Campus-2018.pptxRevisão-Pro-Campus-2018.pptx
Revisão-Pro-Campus-2018.pptx
 
Trabalho de Lingua Portuguesa
Trabalho de Lingua PortuguesaTrabalho de Lingua Portuguesa
Trabalho de Lingua Portuguesa
 
1890 O Cortiço
 1890 O Cortiço 1890 O Cortiço
1890 O Cortiço
 
A escrava isaura
A escrava isauraA escrava isaura
A escrava isaura
 
A escrava isaura
A escrava isauraA escrava isaura
A escrava isaura
 
O cortiço
O cortiçoO cortiço
O cortiço
 
O primo basilio
O primo basilioO primo basilio
O primo basilio
 
Uma reflexão sobre a condição do homem livre no romance Fogo Morto, de José L...
Uma reflexão sobre a condição do homem livre no romance Fogo Morto, de José L...Uma reflexão sobre a condição do homem livre no romance Fogo Morto, de José L...
Uma reflexão sobre a condição do homem livre no romance Fogo Morto, de José L...
 

O CORTIÇO

  • 2.
  • 3. Aluísio Azevedo  São Luís, Maranhão  Escritor e caricaturista  Folhetins romanescos + romances naturalistas que representam sua visão de mundo, como O mulato e O cortiço 1857-1913
  • 4. O CORTIÇO Cortiço na rua Visconde do Rio Branco, Rio de Janeiro, por volta de 1906
  • 5. ROMANCE EXPERIMENTAL  Émile Zola define o Naturalismo como uma aplicação, na Literatura, do método de observação e de experimentação.  Romance de tese porque desenvolve uma estrutura pensada para provar a visão determinista da sociedade.  O aviltamento e a perda da dignidade dos indivíduos é a grande tese exposta nos romances naturalistas.
  • 6. FOCO NARRATIVO  Narrado em 3ª pessoa  Narrador onisciente: revela o pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.  Discurso indireto livre
  • 7. TEMPO  O tempo é linear: fatos apresentados em ordem cronológica – princípio, meio e desfecho da narrativa.  Ciclo biológico: nascimento - construção do cortiço, crescimento - vinda de um grande número de moradores, morte - destruição da estalagem pelo fogo.  A história se desenrola no Brasil do final do século XIX, sem precisão de datas.
  • 8. ESPAÇO  Espaço é o microcosmo de uma sociedade em formação: cortiço x sobrado, ressaltando a briga constante de forças econômicas e sociais.  O espaço urbano: o proletariado e a classe média ganharam campo, pois a mão-de-obra era muito necessária, houve, na época, a imigração de italianos e portugueses em busca de trabalho.
  • 9.  Espaço físico: habitação coletiva  Espaço social: mistura de “raças”, choque entre elas.  Espaço simbólico : ALEGORIA do Brasil (“matéria-prima de lucro para o capitalismo”)
  • 10. CORTIÇO X SOBRADO HORIZONTALIDADE Estagnação social VERTICALIDADE Ascensão social Ausência de regras Regras definidas ANIMAL Natureza fisiológica CULTURA Organização social regida por leis M U R O INSTINTO Insultos, Brigas, Morte RAZÃO Troca de favores Jogo de interesses
  • 11. ASPECTOS CENTRAIS  Romance social  Crítica ao capitalismo selvagem (a exploração do homem pelo próprio homem)  O trabalhador sob a condição de servidão, exploração da renda imobiliária, da usura e prática do roubo  O homem socialmente alienado e rebaixado ao nível da animalidade
  • 12.  A situação da mulher Mulher-objeto: usada e aviltada pelo homem (Bertoleza e Piedade) Mulher-sujeito: independente dos homens (Léonie e Pombinha) Mulher-objeto-sujeito: simultaneamente objeto e sujeito (Rita Baiana)
  • 13.  Zoomorfização homem = animal O instinto predomina sobre a razão E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro e multiplicar-se como larvas no esterco. As corridas até a venda reproduziam-se num verminar de formigueiro assanhado.
  • 14.  A força do sexo Degradante, conduz os personagens ao acanalhamento, prostituição, lesbianismo, adultério. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra.  O homossexualismo A questão da homossexualidade é tratada como desvio de conduta, anormal, patológico, animalesca.
  • 15. PERSONAGENS  O cortiço: personagem principal, pois é o núcleo gerador de tudo. Cresce, desenvolve-se e transforma-se juntamente com seu proprietário, João Romão.  O sobrado: personagem atrelado ao cortiço, funciona como rival. A tensão existente entre cortiço e sobrado é apresentada por meio da relação entre João Romão e Miranda.  João Romão: português interesseiro, deseja enriquecer, explora os moradores do cortiço e os trabalhadores da pedreira.  Miranda: português que enriquece através do casamento.
  • 16. PERSONAGENS  Bertoleza: cafuza, escrava, pobre, trabalhadeira e fiel a João Romão.  D. Estela: mulher branca, nobre e adúltera.  Zulmira: filha de D. Estela e de Miranda  Botelho: amigo de Miranda, como agregado, vive na casa de favor, por isso não tem voz, somente vê, escuta e se faz amigo de todos, diplomático. João Romão e Bertoleza se juntam e constroem o cortiço; Miranda e D. Estela compram o sobrado. Os homens agem como rivais e sentem inveja um do outro, até que João Romão se casa com Zulmira.
  • 17.  Jerônimo: português, começa a trabalhar na pedreira de João Romão, conquistando respeito de todos, mas “abrasileirou-se”, tornando-se preguiçoso, festeiro, apreciador de cachaça.  Piedade: esposa de Jerônimo e mãe de Marianita (Senhorinha), sofre muito a partir do momento em que o marido se interessa por Rita Baiana.  Rita Baiana: mulata sensual, provocante, tem um caso com Firmo, mas não se casam, o relacionamento vive de idas e vindas.  Firmo: mulato capoeirista, valente, preguiçoso, gosta muito de gastar, vive de festa com Rita. Jerônimo, desde o dia em que viu Rita dançar pela primeira vez, estava fadado à perdição, arrastando Firmo e Piedade para o caminho do ciúme e da destruição. Firmo morre e Piedade torna-se miserável e bêbada.
  • 18.  Pombinha: filha de D. Isabel. Separou-se do marido para ficar com Léonie, que a iniciara no prazer sexual, fazendo-a atingir a puberdade.  Léonie: prostituta, madrinha de uma das filhas de Augusta, possui a independência financeira. Vende seu corpo, mas o que faz não é crime aos olhos dos moradores do cortiço, que não têm as cínicas restrições sexuais da burguesia brasileira.  Senhorinha: filha de Jerônimo e Piedade, foi educada em bons colégios, mas vive em meio ao ambiente do cortiço e acaba com um destino parecido com o de Pombinha. Pombinha foi criada por D. Isabel com muito desvelo, estudou, não lavava e esperava se tornar mulher para casar-se. Envolve-se com Léonie, torna-se mulher e depois casa, mas não se adapta à falta de liberdade imposta pelo casamento, por isso decide morar com a prostituta, aprendendo seu ofício, tornando- se senhora de si por meio do desejo alheio.
  • 19. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS  Henrique: filho de um fazendeiro importante que se encontra aos cuidados de Miranda até o fim de seus estudos. Cultivará um caso com D. Estela.  Valentim: filho alforriado de uma escrava por quem D. Estela nutria afeição ilimitada.  Libório: velho pão-duro que esmolava entre os outros moradores do Cortiço, mas que possuía uma fortuna escondida, da qual Romão irá se apoderar depois da morte de Libório no segundo incêndio provocado pela Bruxa.
  • 20. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS  Paula (a Bruxa): cabocla velha que exercia função de curandeira. Põe fogo no cortiço duas vezes após enlouquecer, morrendo na segunda tentativa.  Marciana: mulata velha, com mania de limpeza, mãe de Florinda. Perde o juízo quando a filha foge de casa.  Florinda: filha virgem de Marciana, que engravida de um dos vendeiros de Romão e foge de casa.  Dona Isabel: mãe de Pombinha. Seu maior sonho é ver a filha casada.  Albino: lavadeiro homossexual, morador do cortiço.
  • 21. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS  Agostinho: filho caçula de Machona que morre num acidente da pedreira.  Augusta: brasileira branca, honesta, casada com Alexandre e com muitos filhos.  Alexandre: mulato, militar, dava muito valor ao seu emprego.  Juju: afilhada de Léonie.  Leocádia: portuguesa, esposa de Bruno, comete adultério com Henrique.  Bruno: ferreiro casado com Leocádia.
  • 22. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS  Leonor: negrinha virgem, moradora do cortiço.  Leandra (Machona): portuguesa feroz, habitante do cortiço  Ana das Dores: filha desquitada de Machona.  Neném: filha virgem de Machona, muito cobiçada.  Delporto, Pompeo, Francesco e Andrea: imigrantes italianos que residiam no cortiço. Azevedo foi um dos primeiros a caracterizar literariamente a figura do imigrante italiano no Brasil, mesmo que de forma preconceituosa, retratando-os como carcamanos imundos.  Porfiro: mulato capoeira amigo de Firmo.  Pataca: cúmplice de Jerônimo no assassinato de Firmo, torna-se um dos aproveitadores de Piedade depois que Jerônimo vai morar com Rita.