SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
PROVAS DE TEOREMAS: LÓGICA
MATEMÁTICA
Prof. Dr. Carlos Campani
PROVA DIRETA (IMPLICAÇÃO)
Para provar P → Q (se P então Q), lançar como hipótese P e deduzir Q.
EXEMPLOS
A) Provar que se x é par então y = x + 5 é ı́mpar.
O enunciado é uma implicação P → Q, onde P = “x é par” e Q =
“y = x + 5 é ı́mpar”.
Prova:
1. Assumimos que x é par (hipótese)
2. Então, x = 2k, para k ∈ Z (definição de par)
3. y = x + 5 = 2k + 5 = (2k + 4) + 1 = 2(k + 2) + 1
4. Fazemos n = k + 2, com n ∈ Z
5. Assim, y = 2n + 1, e 2n + 1 é ı́mpar (definição de ı́mpar)
6. Logo, o enunciado está provado.
B) Provar que se um número é ı́mpar então seu quadrado também é ı́mpar,
ou seja, se x é ı́mpar então x2
é ı́mpar.
Prova:
1. Assumimos que x é ı́mpar (hipótese)
2. Então, x = 2k + 1, para k ∈ Z (definição de ı́mpar)
3. x2
= (2k + 1)2
= 4k2
+ 4k + 1 = 2(2k2
+ 2k) + 1
1
4. Como 2k2
e 2k são inteiros, 2k2
+ 2k é um número inteiro. Fazemos
2k2
+ 2k = n, n ∈ Z
5. Assim, x2
= 2n + 1, com n ∈ Z. Então, x2
é ı́mpar.
6. Logo, o enunciado está provado
PROVA DE “SE E SOMENTE SE” (BICONDICIONAL)
Sabemos que P ≡ Q (P se e somente se Q) é o mesmo que
P → Q ∧ Q → P
Ou seja, a prova de P ≡ Q se reduz a duas provas diretas das implicações
P → Q e Q → P.
EXEMPLO
Provar que x é ı́mpar se e somente se x2
+ 2x + 1 é par.
Sentença do tipo P ≡ Q, onde P é “x é ı́mpar” e Q é “x2
+2x+1 é par”.
Neste caso, devemos provar:
1ª parte. Se x é ı́mpar então x2
+ 2x + 1 é par.
2ª parte. Se x2
+ 2x + 1 é par então x é ı́mpar.
Prova:
1ª parte. Assumimos que x é ı́mpar
1. x é ı́mpar [hipótese]
2. x = 2k + 1, k ∈ Z [definição de ı́mpar]
3. x2
+2x+1 = (2k +1)2
+2(2k +1)+1 = 4k2
+8k +4 = 2(2k2
+4k +2).
Como 2k2
∈ Z e 4k ∈ Z, 2k2
+ 4k + 2 = m, m ∈ Z
4. Assim, x2
+ 2x + 1 = 2m, m ∈ Z e x2
+ 2x + 1 é par
2ª parte. Assumimos que x2
+ 2x + 1 é par
1. x2
+ 2x + 1 é par [hipótese]
2. x2
+ 2x + 1 = (x + 1)2
= (x + 1)(x + 1) é par
3. Como o produto de dois números ı́mpares só pode resultar em um
número ı́mpar (provar a parte!), x + 1 deve ser par e x é ı́mpar
2
Logo, o enunciado está provado.
PROVA POR REDUÇÃO AO ABSURDO
Para provar P, assumimos como hipótese ¬P e deduzir uma contradição
A ∧ ¬A.
EXEMPLOS
A) Provar que se x é par então y = x + 5 é ı́mpar.
O enunciado é uma implicação, “se P então Q”, ou P → Q, onde P = “x
é par” e Q = “y = x+5 é ı́mpar”. Sabemos que a negação de uma implicação
P → Q é P ∧ ¬Q. Então, a negação do enunciado a ser provado é “x é par
e y = x + 5 é par”.
Prova:
1. Assumimos x é par e y é par (hipótese)
2. Então, y = x + 5 = 2m, com m ∈ Z (definição de par)
3. Segue-se que x = 2m − 5 = (2m − 6) + 1 = 2(m − 3) + 1
4. Fazemos k = m − 3, com k ∈ Z
5. Assim, x = 2k +1 e x é ı́mpar, o que é uma contradição com a hipótese
que x é par.
6. Logo, o enunciado está provado.
B) Provar que se x2
é ı́mpar então x é ı́mpar.
Prova:
1. x2
é ı́mpar e x é par.
2. Assim, x = 2k, com k ∈ Z
3. x2
= (2k)2
= 4k2
= 2(2k2
)
4. Fazemos 2k2
= n, com n ∈ Z.
5. Então, x2
= 2n e x2
é par, o que contradiz a hipótese que x2
é ı́mpar.
6. Logo, o enunciado está provado.
3

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Lógica para ciencia da computaçao joao nunes souza
Lógica para ciencia da computaçao   joao nunes souzaLógica para ciencia da computaçao   joao nunes souza
Lógica para ciencia da computaçao joao nunes souzaPaulo Cesar Diniz Bicudo
 
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivas
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivasMatemática Discreta - Parte III definicoes indutivas
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivasUlrich Schiel
 
Apostila completa de_lógica_-_204_páginas
Apostila completa de_lógica_-_204_páginasApostila completa de_lógica_-_204_páginas
Apostila completa de_lógica_-_204_páginasErica Surmay
 
Tautologias, contradições, contigências e equivalências
Tautologias, contradições, contigências e equivalênciasTautologias, contradições, contigências e equivalências
Tautologias, contradições, contigências e equivalênciasAristóteles Meneses
 
Racicínio Lógico
 Racicínio Lógico Racicínio Lógico
Racicínio LógicoKeilla Ramos
 
Apostilam01 tabela verdade
Apostilam01 tabela verdadeApostilam01 tabela verdade
Apostilam01 tabela verdadeJoão moreira
 
Logica Proposicional
Logica ProposicionalLogica Proposicional
Logica ProposicionalAdolfo Neto
 
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicas
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicasSentenças abertas, implicações e equivalências lógicas
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicasSérgio de Castro
 
Resumo a lógica matemática para concursos
Resumo a lógica matemática para concursosResumo a lógica matemática para concursos
Resumo a lógica matemática para concursosLuiz Ladeira
 
1 -logica_proposicional
1  -logica_proposicional1  -logica_proposicional
1 -logica_proposicionalUdasul
 

Mais procurados (19)

Lógica para ciencia da computaçao joao nunes souza
Lógica para ciencia da computaçao   joao nunes souzaLógica para ciencia da computaçao   joao nunes souza
Lógica para ciencia da computaçao joao nunes souza
 
Caderno - Lógica
Caderno - LógicaCaderno - Lógica
Caderno - Lógica
 
Construção da tabela verdade
Construção da tabela verdadeConstrução da tabela verdade
Construção da tabela verdade
 
Contrução da tabela verdade
Contrução da tabela verdadeContrução da tabela verdade
Contrução da tabela verdade
 
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivas
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivasMatemática Discreta - Parte III definicoes indutivas
Matemática Discreta - Parte III definicoes indutivas
 
Demonstrações
DemonstraçõesDemonstrações
Demonstrações
 
Apostila completa de_lógica_-_204_páginas
Apostila completa de_lógica_-_204_páginasApostila completa de_lógica_-_204_páginas
Apostila completa de_lógica_-_204_páginas
 
Tautologias, contradições, contigências e equivalências
Tautologias, contradições, contigências e equivalênciasTautologias, contradições, contigências e equivalências
Tautologias, contradições, contigências e equivalências
 
Racicínio Lógico
 Racicínio Lógico Racicínio Lógico
Racicínio Lógico
 
Lógica Simbólica
Lógica SimbólicaLógica Simbólica
Lógica Simbólica
 
Apostilam01 tabela verdade
Apostilam01 tabela verdadeApostilam01 tabela verdade
Apostilam01 tabela verdade
 
Lógica
LógicaLógica
Lógica
 
tabela verdade
  tabela verdade  tabela verdade
tabela verdade
 
Introd logica mat
Introd logica matIntrod logica mat
Introd logica mat
 
Lógica Proposicional
Lógica ProposicionalLógica Proposicional
Lógica Proposicional
 
Logica Proposicional
Logica ProposicionalLogica Proposicional
Logica Proposicional
 
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicas
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicasSentenças abertas, implicações e equivalências lógicas
Sentenças abertas, implicações e equivalências lógicas
 
Resumo a lógica matemática para concursos
Resumo a lógica matemática para concursosResumo a lógica matemática para concursos
Resumo a lógica matemática para concursos
 
1 -logica_proposicional
1  -logica_proposicional1  -logica_proposicional
1 -logica_proposicional
 

Semelhante a Provas de Teoremas Matemáticos

Aula sobre prova de teoremas
Aula sobre prova de teoremasAula sobre prova de teoremas
Aula sobre prova de teoremasCarlos Campani
 
A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1joutrumundo
 
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidosHAROLDO MIRANDA DA COSTA JR
 
Equação de Recorrência - I (Otimização)
Equação de Recorrência - I (Otimização)Equação de Recorrência - I (Otimização)
Equação de Recorrência - I (Otimização)Jedson Guedes
 
Exercicios resolvidos
Exercicios resolvidosExercicios resolvidos
Exercicios resolvidosBrunna Vilar
 
Teoria dos numeros primos i
Teoria dos numeros primos iTeoria dos numeros primos i
Teoria dos numeros primos iPaulo Martins
 
Aula 8 inducao matematica
Aula 8   inducao matematicaAula 8   inducao matematica
Aula 8 inducao matematicawab030
 
Aula 7 inducao matematica-primeiroprincipio
Aula 7   inducao matematica-primeiroprincipioAula 7   inducao matematica-primeiroprincipio
Aula 7 inducao matematica-primeiroprincipiowab030
 
Md 4 sequenciae_inducaomatematica
Md 4 sequenciae_inducaomatematicaMd 4 sequenciae_inducaomatematica
Md 4 sequenciae_inducaomatematicaMauricio Wieler
 
Intro teoria dos números cap2
Intro teoria dos  números cap2Intro teoria dos  números cap2
Intro teoria dos números cap2Paulo Martins
 
Progressão geométrica
Progressão geométricaProgressão geométrica
Progressão geométricaEstude Mais
 
Equações de recorrência - II (Otimização)
Equações de recorrência - II (Otimização)Equações de recorrência - II (Otimização)
Equações de recorrência - II (Otimização)Jedson Guedes
 

Semelhante a Provas de Teoremas Matemáticos (17)

Aula sobre prova de teoremas
Aula sobre prova de teoremasAula sobre prova de teoremas
Aula sobre prova de teoremas
 
Lógica Matemática
Lógica MatemáticaLógica Matemática
Lógica Matemática
 
A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1A matemática do ensino médio vol 1
A matemática do ensino médio vol 1
 
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos
57701066 matematica-discreta-exercicios-resolvidos
 
Equação de Recorrência - I (Otimização)
Equação de Recorrência - I (Otimização)Equação de Recorrência - I (Otimização)
Equação de Recorrência - I (Otimização)
 
Exercicios resolvidos
Exercicios resolvidosExercicios resolvidos
Exercicios resolvidos
 
Teoria dos numeros primos i
Teoria dos numeros primos iTeoria dos numeros primos i
Teoria dos numeros primos i
 
Aula 8 inducao matematica
Aula 8   inducao matematicaAula 8   inducao matematica
Aula 8 inducao matematica
 
Aula 7 inducao matematica-primeiroprincipio
Aula 7   inducao matematica-primeiroprincipioAula 7   inducao matematica-primeiroprincipio
Aula 7 inducao matematica-primeiroprincipio
 
Exercsolv1
Exercsolv1Exercsolv1
Exercsolv1
 
Teorema de cantor
Teorema de cantorTeorema de cantor
Teorema de cantor
 
Modulo iv
Modulo ivModulo iv
Modulo iv
 
Md 4 sequenciae_inducaomatematica
Md 4 sequenciae_inducaomatematicaMd 4 sequenciae_inducaomatematica
Md 4 sequenciae_inducaomatematica
 
Intro teoria dos números cap2
Intro teoria dos  números cap2Intro teoria dos  números cap2
Intro teoria dos números cap2
 
Progressão geométrica
Progressão geométricaProgressão geométrica
Progressão geométrica
 
Equações de recorrência - II (Otimização)
Equações de recorrência - II (Otimização)Equações de recorrência - II (Otimização)
Equações de recorrência - II (Otimização)
 
Apostila 1 calculo i
Apostila 1 calculo iApostila 1 calculo i
Apostila 1 calculo i
 

Mais de Carlos Campani

Técnicas de integração
Técnicas de integraçãoTécnicas de integração
Técnicas de integraçãoCarlos Campani
 
Lista de exercícios 3
Lista de exercícios 3Lista de exercícios 3
Lista de exercícios 3Carlos Campani
 
Lista de exercícios 2
Lista de exercícios 2Lista de exercícios 2
Lista de exercícios 2Carlos Campani
 
Aplicações da integração
Aplicações da integraçãoAplicações da integração
Aplicações da integraçãoCarlos Campani
 
Lista de exercícios 1
Lista de exercícios 1Lista de exercícios 1
Lista de exercícios 1Carlos Campani
 
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃO
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃOANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃO
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃOCarlos Campani
 
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕESPROPRIEDADES DAS FUNÇÕES
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕESCarlos Campani
 
Funções, suas propriedades e gráfico
Funções, suas propriedades e gráficoFunções, suas propriedades e gráfico
Funções, suas propriedades e gráficoCarlos Campani
 
Solução de equações modulares
Solução de equações modularesSolução de equações modulares
Solução de equações modularesCarlos Campani
 
Equações polinomiais
Equações polinomiaisEquações polinomiais
Equações polinomiaisCarlos Campani
 
Instruções de Aprendiz
Instruções de AprendizInstruções de Aprendiz
Instruções de AprendizCarlos Campani
 
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...Carlos Campani
 

Mais de Carlos Campani (20)

Técnicas de integração
Técnicas de integraçãoTécnicas de integração
Técnicas de integração
 
Lista de exercícios 3
Lista de exercícios 3Lista de exercícios 3
Lista de exercícios 3
 
Lista de exercícios 2
Lista de exercícios 2Lista de exercícios 2
Lista de exercícios 2
 
Aplicações da integração
Aplicações da integraçãoAplicações da integração
Aplicações da integração
 
Lista de exercícios 1
Lista de exercícios 1Lista de exercícios 1
Lista de exercícios 1
 
Integral
IntegralIntegral
Integral
 
Semana 14
Semana 14 Semana 14
Semana 14
 
Semana 13
Semana 13 Semana 13
Semana 13
 
Semana 12
Semana 12Semana 12
Semana 12
 
Semana 11
Semana 11Semana 11
Semana 11
 
Semana 10
Semana 10 Semana 10
Semana 10
 
Semana 9
Semana 9 Semana 9
Semana 9
 
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃO
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃOANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃO
ANÁLISE COMPLETA DE UMA FUNÇÃO
 
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕESPROPRIEDADES DAS FUNÇÕES
PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES
 
Funções, suas propriedades e gráfico
Funções, suas propriedades e gráficoFunções, suas propriedades e gráfico
Funções, suas propriedades e gráfico
 
Solução de equações modulares
Solução de equações modularesSolução de equações modulares
Solução de equações modulares
 
Equações polinomiais
Equações polinomiaisEquações polinomiais
Equações polinomiais
 
Instruções de Aprendiz
Instruções de AprendizInstruções de Aprendiz
Instruções de Aprendiz
 
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...
Álgebra básica, potenciação, notação científica, radiciação, polinômios, fato...
 
Iezzi solcos
Iezzi solcosIezzi solcos
Iezzi solcos
 

Provas de Teoremas Matemáticos

  • 1. PROVAS DE TEOREMAS: LÓGICA MATEMÁTICA Prof. Dr. Carlos Campani PROVA DIRETA (IMPLICAÇÃO) Para provar P → Q (se P então Q), lançar como hipótese P e deduzir Q. EXEMPLOS A) Provar que se x é par então y = x + 5 é ı́mpar. O enunciado é uma implicação P → Q, onde P = “x é par” e Q = “y = x + 5 é ı́mpar”. Prova: 1. Assumimos que x é par (hipótese) 2. Então, x = 2k, para k ∈ Z (definição de par) 3. y = x + 5 = 2k + 5 = (2k + 4) + 1 = 2(k + 2) + 1 4. Fazemos n = k + 2, com n ∈ Z 5. Assim, y = 2n + 1, e 2n + 1 é ı́mpar (definição de ı́mpar) 6. Logo, o enunciado está provado. B) Provar que se um número é ı́mpar então seu quadrado também é ı́mpar, ou seja, se x é ı́mpar então x2 é ı́mpar. Prova: 1. Assumimos que x é ı́mpar (hipótese) 2. Então, x = 2k + 1, para k ∈ Z (definição de ı́mpar) 3. x2 = (2k + 1)2 = 4k2 + 4k + 1 = 2(2k2 + 2k) + 1 1
  • 2. 4. Como 2k2 e 2k são inteiros, 2k2 + 2k é um número inteiro. Fazemos 2k2 + 2k = n, n ∈ Z 5. Assim, x2 = 2n + 1, com n ∈ Z. Então, x2 é ı́mpar. 6. Logo, o enunciado está provado PROVA DE “SE E SOMENTE SE” (BICONDICIONAL) Sabemos que P ≡ Q (P se e somente se Q) é o mesmo que P → Q ∧ Q → P Ou seja, a prova de P ≡ Q se reduz a duas provas diretas das implicações P → Q e Q → P. EXEMPLO Provar que x é ı́mpar se e somente se x2 + 2x + 1 é par. Sentença do tipo P ≡ Q, onde P é “x é ı́mpar” e Q é “x2 +2x+1 é par”. Neste caso, devemos provar: 1ª parte. Se x é ı́mpar então x2 + 2x + 1 é par. 2ª parte. Se x2 + 2x + 1 é par então x é ı́mpar. Prova: 1ª parte. Assumimos que x é ı́mpar 1. x é ı́mpar [hipótese] 2. x = 2k + 1, k ∈ Z [definição de ı́mpar] 3. x2 +2x+1 = (2k +1)2 +2(2k +1)+1 = 4k2 +8k +4 = 2(2k2 +4k +2). Como 2k2 ∈ Z e 4k ∈ Z, 2k2 + 4k + 2 = m, m ∈ Z 4. Assim, x2 + 2x + 1 = 2m, m ∈ Z e x2 + 2x + 1 é par 2ª parte. Assumimos que x2 + 2x + 1 é par 1. x2 + 2x + 1 é par [hipótese] 2. x2 + 2x + 1 = (x + 1)2 = (x + 1)(x + 1) é par 3. Como o produto de dois números ı́mpares só pode resultar em um número ı́mpar (provar a parte!), x + 1 deve ser par e x é ı́mpar 2
  • 3. Logo, o enunciado está provado. PROVA POR REDUÇÃO AO ABSURDO Para provar P, assumimos como hipótese ¬P e deduzir uma contradição A ∧ ¬A. EXEMPLOS A) Provar que se x é par então y = x + 5 é ı́mpar. O enunciado é uma implicação, “se P então Q”, ou P → Q, onde P = “x é par” e Q = “y = x+5 é ı́mpar”. Sabemos que a negação de uma implicação P → Q é P ∧ ¬Q. Então, a negação do enunciado a ser provado é “x é par e y = x + 5 é par”. Prova: 1. Assumimos x é par e y é par (hipótese) 2. Então, y = x + 5 = 2m, com m ∈ Z (definição de par) 3. Segue-se que x = 2m − 5 = (2m − 6) + 1 = 2(m − 3) + 1 4. Fazemos k = m − 3, com k ∈ Z 5. Assim, x = 2k +1 e x é ı́mpar, o que é uma contradição com a hipótese que x é par. 6. Logo, o enunciado está provado. B) Provar que se x2 é ı́mpar então x é ı́mpar. Prova: 1. x2 é ı́mpar e x é par. 2. Assim, x = 2k, com k ∈ Z 3. x2 = (2k)2 = 4k2 = 2(2k2 ) 4. Fazemos 2k2 = n, com n ∈ Z. 5. Então, x2 = 2n e x2 é par, o que contradiz a hipótese que x2 é ı́mpar. 6. Logo, o enunciado está provado. 3