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1
International Biocentric Foundation
Escola de Biodanza Rio de Janeiro
“SOB O OLHAR REPOUSA O
INFINITO E O MOVIMENTO DO UNIVERSO”
MARCOS SANTAROSSA
Monografia apresentada à Escola de
Biodanza Rio de Janeiro como requisito
parcial para a obtenção do título de
Facilitador de Biodanza.
Orientadora:
Erika Mendel Ferreira
Facilitadora Didata pela IBF
Registro IBF .RIOB 1201
26 de Fevereiro de 2016
2
Obra Síntese apresentada à Escola de Biodanza Rio de Janeiro e aprovada pela
comissão julgadora formada pelos didatas:
_____________________________________________
Orientadora: Erika Mendel Ferreira
Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foundation
Registro IBF .RIOB 1201
_____________________________________________
xxxxxxxxxxxx
Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foundation
Reg. xxxxxxxxxxx
Visto e permitido a impressão
Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro de 2016.
__________________________________________
Andrea Zattar
Diretora Escola de Biodanza Rio de Janeiro
International Biocentric Foundation
Reg. RJ, nº 132
__________________________________________
Danielle Tavares
Diretora Escola de Biodanza Rio de Janeiro
International Biocentric Foundation
Reg. RJ, nº 134
3
“ Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do
Universo”
Sob o olhar do infinito
Eu me desnudo e me recrio.
Olho o outro e me olho
No olhar biocêntrico, observando a mim no infinito do eu,
No olhar fascinado buscando a força do infinito.
Sou o movimento constante do Universo,
Insondável,
Percebido em mim.
Sou o olhar do pássaro voando em bando.
Sou a flor exalando seu cheiro natural
Sou o mar debruçando-se na areia
E aquela nuvem de cor púrpura.
Me vejo, me olho
Para olhar além.
Olhar sendo parte do todo.
Olhar só olhar.
Olhar sem véu, sem mistério
Guiado pela força do Universo
Em seu movimento constante.
Olhar e perceber a energia imperceptível,
Pulsante, inquieta.
Olhar a manifestação de vida
Em todo espaço e a qualquer momento.
Sou o olhar fascinado e inocente
Que se percebe e sente
Na certeza do amanhã
No imponderável da vida.
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do Universo
Unindo-se ao meu verso
Sentindo a maravilhosa sensação de estar vivo
Participando da existência
Pura em sua essência
Expressão maior da vida
Marcos Santarossa
4
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ..................................................................... 06
INTRODUÇÃO .............................................................................. 08
CAPITULO 1 : BIODANZA E OLHAR
1.1. Conceitos Fundamentais ................................................... 10
1.1.1. Conceito de Biodanza ............................................... 10
1.1.2. Principio Biocêntrico .................................................. 12
1.2. O Olhar e Biodanza.............................................................. 15
1.2.1. Fisiologia do Olhar .................................................... 15
1.2.2. Identidade e o Olhar ................................................ 18
1.2.3. Estadio de Espelho de Lacan ................................... 20
1.2.4. Vinculo através do Olhar ........................................... 25
1.2.5. Mito de Narciso ......................................................... 26
1.3. Olhar e o Modelo Teórico de Biodanza .............................. 27
1.3.1. Modelo teórico .......................................................... 29
1.3.2. O Olhar no Modelo Teórico ...................................... 31
1.3.3. Exercícios de Olhares em Biodanza ........................ 33
1.4. O Olhar Biocêntrico - A poética do Olhar ........................... 34
CAPÍTULO 2: O PROJETO RIO-ABRACE
2.1. Biodanza e Ação Social ..................................................... 40
2.2. Parceria com a Rio-Abrace ............................................. 42
2.3. Apresentação do Projeto / Objetivos Específicos do Projeto ...... 44
CAPÍTULO 3: APLICAÇÃO DA BIODANZA NO PROJETO
3.1. O Trabalho na Associação Rio-Abrace …………………….... 45
3.2. O Grupo Regular – Características ………………………….... 46
3.3. O Programa …………………………………………………….... 47
3.4. Depoimentos ……………………………………………………… 50
3.5. Fotos ……………………………………………………................. 51
5
CONCLUSÃO ……………………………………………………………… 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 57
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais que me deram a vida e a oportunidade de estar
neste momento único, aqui e agora.
Agradeço a meu filho e minha nora que mesmo não conhecendo a Biodanza
constataram a transformação que em mim houve no caminho que me permiti
enxergar.
Agradeço a meu grupo de formação, a Turma VIII que me proporcionou
muitos momentos lindos e vivencias marcantes e inesquecíveis dando a certeza do
novo caminho a trilhar.
Agradeço a meu grupo regular de terça-feira e o de quinta-feira ao qual passei
a frequentar ao viver muitas emoções e alegrias.
Agradeço a meus amigos queridos, a todos que trilham esse caminho da
Biodanza, e que fazem parte da minha história.
Agradeço a todos participes do meu caminho por onde passei nas maratonas,
congressos, cursos e vivencias de Biodanza.
Agradeço as minhas diretoras da Escola de Biodanza com quem eu iniciei
essa trajetória e que me acompanham desde então: Danielle Tavares e
AndreaZattar.
Agradeço as minhas supervisora e orientadora, Irene Fagim e Erika Mendel
que sem elas, com sua dedicação e apoio, não estaria aqui neste momento.
Agradeço a Sanclair Lemos que me ensinou a enxergar o que é simples e o
desapego as coisas e principalmente a enxergar o sagrado da vida.
7
Agradeço a todos os presentes nesse momento solene e grandioso em minha
vida.
Agradeço ao Universo, que existe por existir a vida, me permitindo ser um
milagre, e estar aqui presente, reverenciando os meus ancestrais, antecedentes da
minha história.
8
INTRODUÇÃO
A monografia que agora apresento é fruto de minhas vivencias acontecidas
desde 2006, em que passei a enxergar o olhar como o mistério que atemoriza as
pessoas e causam um sentimento de desconforto e por que não de angústia perante
a grandeza da vida.
Parte do que apreendi, e também vivenciei em minha dificuldade de
simplesmente olhar, era não enxergar nas pessoas uma continuação minha e ao
mesmo tempo não me enxergar na existência. Eu via mas não enxergava o que é
belo e me escondia na penumbra para não me perceber e me achar, e não me
achando, não olhava as pessoas e o Universo em sua magnitude.
Em minha desconexão eu não entendia que o belo é a vida, simplesmente a
vida, sem entendimento, perscrutações e análises.
Parte de mim agora eu me ver olhando a vida, magnífica em sua plenitude de
ser vida, sem véus, mistérios, censuras e julgamentos.
A vida é a manifestação maior da grandeza do Universo, que só existe por ela
existir, e meu olhar agora enxerga a beleza de sua expressão e o sagrado existente
em mim.
- O Inicio
Foram olhares distintos: o primeiro em minha infância quando através de um
buraco no portal do cinema em frente à casa em que morava, olhava maravilhado a
tela e suas imagens vivas e para mim emocionantes.
Passou-se o tempo e meu olhar se perdeu nas andanças pela vida, nas
experiências e caminhadas pelas quais passei.
9
O meu olhar era restrito ao que não via de verdadeiro, pois não enxergava a
vida e é interessante assinalar o que me magnetizava era a tela de cinema de meus
tempos de criança, um olhar fascinado e inocente das muitas histórias que assisti.
Hoje, na minha história, o olhar é fascinado e inocente mas pela vida e toda a
sua manifestação grandiosa.
Ao conhecer a Biodanza o meu olhar tímido e escondido, aflorou no que é
belo e propiciou enxergar a beleza, a singularidade e a riqueza do ser humano me
reconhecendo nele.
O meu olhar hoje, é o olhar do simples, do encanto pela vida em sua
esplendorosa potência. Eu me enxergo no outro e me percebo fazendo parte do
cosmos.
O meu olhar, hoje, é do tamanho do Universo, eu me sentindo parte dele e
vice-versa, um espelho do outro.
10
CAPITULO 1 : BIODANZA E OLHAR
1.1. Conceitos Fundamentais
1.1.1. Conceito de Biodanza
“Biodanza não é apenas uma forma saudável de liberação e saúde.
Sua ação constitui uma forma de ecologia humana baseada em uma
percepção da vida como experiência suprema”
Rolando Toro Araneda
“A Biodanza provém de uma meditação sobre a vida, ou, talvez,
Do desespero, do desejo de renascer de nossos gestos
Despedaçados, de nossa vazia e estéril estrutura de repressão.
Poderíamos dizer, com certeza: da nostalgia do amor. Mais que
Uma ciência, é uma poética do encontro humano, uma nova
Sensibilidade frente a existência”
Rolando Toro Araneda
A Biodanza é um sistema de plenitude, de integração afetiva, de expansão da
identidade cósmica e de educação saudável e expansiva através do resgate dos
instintos primordiais da espécie humana com o desenvolvimento das cinco linhas de
vivencia: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência.
É um sistema para fazer aflorar a parte maravilhosa que há em cada um.
A Biodanza é um sistema de integração humana, de renovação
orgânica, de reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções
originárias da vida. Sua metodologia consiste em induzir vivencias
integradoras através da música, da dança e do movimento e
situações de encontro em grupo.
Definição clássica – Rolando Toro Araneda
“Biodanza é um sistema de aceleração de processos integrativos no
nível celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial,
mediante ambiente enriquecido com musicas especificas,
movimentos integradores e caricias que deflagram vivencias”.
11
Definição cientifica calcada principalmente, na Biologia e
Fisiologia do sistema humano – Rolando Toro Araneda.
Em Biodanza o processo de integração se realiza mediante o estímulo da
função primordial de conexão com a vida, que permite a cada indivíduo integrar-se
consigo mesmo, resgatando a unidade psicofísica, com o semelhante restaurando o
vínculo originário com a espécie como totalidade biológica e com o Universo ao
resgatar o vínculo primordial que une o homem a natureza e em reconhecer-se parte
de uma totalidade maior, o cosmos.
A renovação orgânica se dá nas reações de adaptação as mais variadas
situações biológicas, se observando em casos de “rejuvenescimento” de pessoas
mais velhas provocado por uma transformação no estilo de vida, na recuperação do
equilíbrio funcional após algumas doenças e em casos de remissão espontânea do
câncer.
A renovação se dá como estímulo da homeostase no equilíbrio interno e de
redução de fatores de estresse.
“A homeostase é um mecanismo de autorregulação que permite ao
organismo manter-se em estado de equilíbrio dinâmico, não obstante
as oscilações das várias funções”.
Walter Cannon
A Biodanza se propõe a reeducar afetivamente o ser humano, mediante a
aplicação de seu método no âmbito da educação, sendo possível sua aplicação
desde os primeiros anos de vida.
A reaprendizagem das funções originárias da vida é resgatar os instintos que
são condutas inatas que não requerem aprendizagem e são expressões da
programação biológica da espécie humana, através de estímulos específicos com
finalidade de adaptação ao meio ambiente para a sobrevivência da espécie, comum
a todos os seres vivos. Associados a irracionalidade, os instintos possuem sabedoria
12
biológica de saciedade em sua manifestação e nesta bipolaridade existe uma lógica
da vida para a adaptação das espécies em escala muito ampla.
A base orgânica que autorregula os instintos é constituída por uma estrutura
neuroendócrina de notável precisão o que os torna sem perigo, coerentes com o
impulso inato.
Através da música, da dança e de movimentos integrados induz-se a vivencia
que é o aqui-agora de estar consigo em comunhão com o outro e o Universo.
A Biodanza é a base de uma vida tonificante, instintiva, resgatando a
naturalidade e a identidade do ser humano.
1.1.2.Principio Biocêntrico
“O Princípio Biocêntrico tem como ponto de partida a vivencia de um
Universo organizado em função da vida”.
Rolando Toro Araneda
Quando se fala em Princípio Biocêntrico, se fala de vida gerando vida, não
dependente da vontade nem da intenção.
Os elementos, astros, plantas ou animais, incluindo o homem, existentes no
Universo são partes de um sistema vivente ampliado, onde as relações de
transformação matéria-energia são graus de integração da vida.
É o programa genético que se aperfeiçoa através dos tempos, é a inteligência
vital organizadora de tudo na ordem fisiológica de cada espécie seja animal ou
vegetal.
De Francisco Varela com a auto-organização dos seres vivos a Humberto
Maturana com a Autopoiese, se procura entender essa organização vivente com sua
transformação não programada que se aperfeiçoa através dos tempos.
13
Nisso bem fala Sanclair Lemos que “em uma concepção biocêntrica o ser
humano é compreendido como um ser auto organizador que se renova por
autopoiésis na ação e na relação com o ato de viver sendo a autopoiésis um
processo de autocriação”.
“O ser humano é parte de uma totalidade viva e contém em si a
totalidade da vida. E a expressão de milhares de vínculos e relações
que se organizam no ato mesmo de viver”
Sanclair Lemos
O centro de tudo é a vida manifesta em todos os movimentos existentes no
Universo em constante evolução.
“A vida não é simplesmente a consequência de processos atômicos e
químicos, mas o programa implicado que guia a construção do
Universo”.
Rolando Toro Araneda
A abordagem epistemológica parte do vivente, o inicio de tudo.
É enfoque biocosmologico e não teológico, cosmológico ou antrópico.
Segundo Rolando Toro Araneda, criador da Biodanza, os elementos químicos
presentes no Universo fazem parte do processo biológico dos organismos vivos em
torno de 24, uns mais relevantes outros apresentando alguns traços.
Ele explica através do quadro a seguir que os seis elementos químicos
presentes nos organismos vivos também compõem a composição interestelar e a
parte volátil dos cometas apresentando semelhanças entre si podendo apoiar-se a
hipótese da origem extraterrestre das moléculas orgânicas vitais da vida.
14
Bactérias Mamíferos
Composição
Interestelar
Parte Volátil dos
Cometas
Hidrogênio 63,00% 61,00% 55,0% 50,0%
Oxigênio 29,00% 26,00% 30,0% 31,0%
Carbono 6,40% 10,50% 13,0% 10,0%
Nitrogênio 1,40% 2,40% 1,0% 2,7%
Fósforo 0,12% 0,13% - -
Enxofre 0,06% 0,13% 0,8% 0,3%
Cálcio - 0,23% - -
Adaptado de A.H.Delsemme. "Les Cometes et L´origin de la Vie" L´Astronomie - 94-
393 - 1981
A partir das moléculas precursoras presentes no ambiente como o gás
carbônico, água e nitrogênio, os organismos assimilam as moléculas primordiais
transformando-as em proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos e lipídios comuns
aos organismos vivos, desde as bactérias até ao homem.
A matéria viva replica estabelecendo um código genético, o DNA que está no
núcleo das células gerando os fatores hereditários.
Humberto Maturana e Francisco Varela realizaram estudos exaustivos sobre
a autonomia nos processos vitais, segundo os quais os seres vivos se caracterizam
pela capacidade de “produzir-se a si mesmos” continuamente, que Humberto
Maturana chamou “autopoiese”.
Assim a vida se auto-organiza gerando mais vida.
O Princípio Biocêntrico, formulado em 1970, se inspira no pensamento de que
o Universo se organiza em função da vida, que é essencial e a força que conduz
através de milhões de anos,a evolução do cosmos- Rolando Toro.
Podemos conceber o Universo como um gigantesco holograma vivo, um
“útero cósmico” que se nutre e respira com o amor dos elementos.
15
O Princípio Biocêntrico restabelece a noção de sacralidade da vida, situando
o respeito pela vida como base das disciplinas e comportamentos humanos “in
totum”.
Ele se inspira em um Universo organizado pela vida para reformular os
valores culturais que não tenham como referencial a vida.
Podemos dizer: o Bem preserva a vida, favorece-a,conduzindo-a a sua
expressão máxima e o Mal procura aniquilá-la, impondo barreiras ao seu
florescimento.
O Universo reverbera o que a vida determina atuando em todos os espaços e
esferas como uma força insondável e misteriosa, sobretudo simples e maravilhosa.
1.2. O Olhar e Biodanza
1.2.1. Fisiologia do Olhar
O nosso olho que faz parte de nossa corporeidade é um pequeno órgão que
pesa aproximadamente 7,5 g mas que tem a capacidade de ver não só o foco
detectado como também os ângulos ao seu redor.
Sua capacidade de enxergar o sol que se encontra a 150 milhões de
quilômetros da terra é um dispositivo ótico formado por diversas estruturas que
convergem os raios luminosos sobre a retina, fazendo surgir a imagem.
O olho possui autofoco, favorecido por um mecanismo natural que possui
duas lentes principais- a córnea e o cristalino – responsáveis pela convergência dos
raios luminosos provenientes do ambiente durante a sua travessia pelo olho.
A “córnea” formada por cinco camadas de tecido transparente e resistente, é
a primeira estrutura atingida pela luz, e sua camada mais externa, o epitélio, possui
16
uma grande capacidade regenerativa, conferindo-lhe a capacidade de recuperação
rápida de lesões superficiais.
O “cristalino” é o órgão que ajusta na retina o foco da luz que vem através da
pupila. O funcionamento dessas lentes é que propicia a formação da imagem na
retina.
A retina é a membrana que preenche a parede interna em volta do olho e que
recebe a luz do cristalino, composta por fotorreceptores responsáveis pela
transformação da luz em impulsos elétricos, que o cérebro poderá interpretar como
imagens.
O “humor vítreo”, uma substancia gelatinosa composta por proteínas, ocupa o
espaço interno do globo ocular entre o cristalino e a retina por onde passa o feixe de
luz convergente que atravessa a pupila – abertura central da íris – por onde a luz
entra para alcançar o cristalino.
Os dois tipos de fotorreceptores encontrados na retina são os “cones”
sensíveis a intensidade e a cor responsáveis pela visão de luz intensa e os
“bastonetes” na parte periférica da retina responsáveis pela visão de pouca luz.
Com a variação da luminosidade mais extrema que na água, a sensibilidade
variável dos cones e bastonetes favoreceu a adaptação dos animais em sua
sobrevivência no novo habitat.
17
O olho não funciona da mesma maneira em todos os animais.
Nos humanos – os olhos tipo câmera – apresentam uma estrutura onde os
fotorreceptores compartilham uma única lente que foca a luz e estão dispostos como
uma lamina, no caso a retina, que reveste a superfície interna da parede ocular
diferente dos olhos dos artrópodes(insetos, crustáceos e aracnídeos), que possuem
grande quantidade de unidades chamadas omatídeos com uma visão particionada
e bastante limitada, mas que percebe bem movimentos, são os – olhos compostos.
Os mamíferos também possuem olhos tipo câmera.
O fenômeno fisiológico de focalização automática da imagem sobre a retina é
chamado “acomodação”. A acomodação não depende só da capacidade elástica do
cristalino mas também de dois mecanismos auxiliares que são a “vigência dos olhos”
e a “variação do diâmetro pupilar”.
No primeiro acontece quando algo se aproxima do rosto e os olhos tendem a
centralizar seu foco sobre o objeto, incidindo sobre pontos equivalentes da retina.
Quando se afasta o objeto ocorre a divergência.
18
No segundo é complexo tendo a pupila equivalente ao diafragma de uma
câmera fotográfica, possui o movimento de fechamento – miose – que é um conjunto
de músculos lisos composto por fibras circulares e o movimento de abertura –
midriase – formada por fibras radiais.
Quando a pupila se fecha, o feixe de luz se estreita tornando mais agudo o
cone de luz que vai em direção da retina. O nosso sistema visual percebe menos as
variações de posição da imagem em relação ao plano focal da retina, resultando um
foco maior mais profundo, quando o cone de luz é mais agudo. Cones de luz mais
abertos produzem menor profundidade de foco.
É importante salientar que os mecanismos elaborados que partem do cérebro,
resultam em imagens precisas focalizadas sobre a retina.
Para buscar o melhor foco, os olhos estão em constante movimento. Esse
fenômeno chamado de “músculos extraoculares” não só otimizam a percepção,
como são essenciais para que ela ocorra.
Os olhos, pequenos no tamanho físico mas grandiosos em seus mecanismos
de nos fazer ver, nos proporcionam a luz que se irradia por todos os ângulos da
vida.
1.2.2. Identidade e o Olhar
“A capacidade de experimentar-se a si mesmo, como entidade única
e como centro de percepção do mundo, a partir de uma iniludível e
comovedora vivencia corporal”
Rolando Toro Araneda
“A vivencia fundamental da Identidade surge como a sensação
endógena de estar vivo. A experiência primordial da identidade é a
comovedora e intensa sensação de estar vivo, gerando-se a si
mesmo”
Rolando Toro Araneda
19
Os estudos de Piaget no campo da Psicologia evidenciaram que o conceito
de Identidade ocultava a complexidade ainda não suspeita. Os dois paradoxos da
Identidade faziam deste conceito um enigma, ao que parece, insondável:
a) A Identidade se faz patente só através de “o outro”.
b) A Identidade tem uma essência invariável já que se transforma
constantemente, devido a sua dimensão espaço-temporal. Assim a Identidade
é sempre única e, ao mesmo tempo, muda de aspecto com a idade.
A palavra-guia de Parmenides “o mesmo” se aplica no princípio de identidade
segundo Heidegger: consigo mesmo é cada mesmo A, mesmo. Ele propõe escutar a
ressonância ontológica do “é” na fórmula A é A.
“A interpelação da Identidade fala pelo Ser do Ente”
Heidegger
Através da convivência com o grupo EU me faço presente na presença do TU,
propiciando a Integração e o Fortalecimento da Identidade.
“Nossa identidade se revela na presença do outro”
Rolando Toro Araneda
O olhar em grupo identifica o núcleo afetivo e determina a diferença entre EU
e TU ou EU e NÓS.
Com o olhar eu me identifico comigo mesmo ao enxergar o outro, adquirindo
a capacidade do vínculo afetivo.
“O fato de ocorrer uma vivencia integradora aumenta a pulsação da
identidade e a eleva a uma espiral evolutiva. Neste momento, surge o
fluxo regulador e expressivo de si mesmo”
Cesar Wagner Góis
20
O poder de vinculo se dá quando percebemos o “outro” fortalecendo a nossa
identidade na alegria de “ser com outro”, em harmonia.
Segundo Martin Buber não existe o “eu” mas o “nós”.
A identidade se faz patente só através de “o outro”, e tem uma essência
invariável que se transforma sempre devido ao espaço- temporal.
“A “via régia” para compreender a Identidade é o transe musical”
Rolando Toro Araneda
A vivencia em Biodanza proporciona a oportunidade do indivíduo se enxergar,
ser ele mesmo, experimentando a sensação de ter um corpo como fonte de prazer e
como potencialidade capaz de expressar-se criativamente.
O desenvolvimento da identidade vai de encontro a convivência maior com
outras pessoas.
A identidade integrada vive a uniformidade de vida com Vitalidade,
Sexualidade, Criatividade, Afetividade e Transcendência, ou é vivenciada ao
constituir uma criatura única em intimidade com o vivente e a percepção corporal de
forma autônoma.
O olhar desmitifica o julgamento e a crítica na medida em que integra com o
outro, através da vivencia, a identidade de cada um, um enxergando no outro a sua
continuação, a continuação da espécie.
1.2.3. Estádio de Espelho de Lacan
A criança que encara com seu olhar o adulto, faz isso de forma sublime e
deslavada até os 3 ou 4 anos, perdendo esse encanto com a repressão e os
preconceitos do meio.
21
“A estrutura da identidade advém no momento do contato afetivo
inicial com a mãe (contato tátil, visual e vocal)”
Identidade segundo René Spitz.
Segundo Spitz a estruturação da identidade do bebê ocorre no momento dos
contatos afetivos iniciais com a mãe.
Figura 1
Vemos na foto da figura 1, o menino no segundo mês,
acompanha com o olhar o rosto do adulto.
Figura 2
Na figura 2, durante a mamada o menino não tira os olhos do rosto da mãe.
22
Figura 3
Figura 4
Na figura 3, reage ao rosto sorridente do adulto, e tem uma reação ao rosto de perfil
do adulto na figura 4.
23
Figura 5
Na figura 5 a criança se sente só ao não ter a atenção do adulto, o seu olhar de
reconhecimento
Segundo Lacan “a identidade se estrutura no estádio do espelho, o menino
tem uma experiência antecipada de si”.
O Estádio do Espelho, segundo Lacan, “o olho, nosso primeiro aparelho de
coordenação do espaço, que começa a percebê-lo, registrá-lo e organizá-lo
“antecipadamente, ou seja, desde muito antes que o organismo possa mobilizar-se e
deslocar-se fisicamente nesse campo, já que a ORGANIZAÇÃO DO OLHAR
PRECEDE O GESTO E A PALAVRA. É o nosso primeiro aparelho de controle, de
conexão e de contato com o mundo exterior. Esse aparelho registra em sua história
um momento fundamental: o Estádio do Espelho.
Lacan vai além, teorizando o momento da constituição do EU MEDIANTE A
IDENTIFICAÇÃO COM A IMAGEM DO OUTRO atribuindo a imagem papel fundador
na constituição do eu e na matriz simbólica do sujeito.
24
A criança se antecipa numa unidade a partir da imagem do outro, ou seja DA
IMAGEM do corpo próprio encontrada no espelho.
A visão do corpo inteiro no espelho desperta manifestações de júbilo na
criança, que OLHA PARA O ADULTO PARA ENCONTRAR, NO OLHAR DO
OUTRO, A CONFIRMAÇÃO DO QUE VÊ NO ESPELHO. O espelho é o próprio
olhar da mãe pois a criança nunca teve espelho.
Uma criança pequena, de 2 a 3 anos, vê o adulto tal qual ele se apresenta. Já
o adulto tende a ver somente em função do julgamento coletivo.
A criança descrê da palavra e acredita na visão, vendo tudo o que há para se
ver.
O Estádio do Espelho de Lacan é o precursor da dialética da alienação do
sujeito no eu. O espelho é o ponto de partida da” subjetividade humana já que a
imagem do corpo próprio é uma espécie de matriz simbólica do sujeito, protosímbolo
de sua presença no mundo”.
A dissociação do ser, se tem na imagem do sujeito que se vê a si mesmo não
se enxergando na presença do outro por que a imagem é dele própria e essa
dissociação parte da alienação do mundo moderno.
O corpo real é como o vaso refletido no espelho, inacessível ao olhar.
É através dessa tela do espelho plano que o EU pode se reconhecer na
imagem do outro, pode se projetar (sua imagem) numa relação que pode ser lida
como PROJEÇÃO DE UM EU IDEAL.
“Quando, diante do espelho nos deparamos com nossa imagem, pode haver
um momento em que ela se modifique, como aponta Lacan, sobretudo quando há
um momento em que o “o olhar que aparece no espelho começa a não olhar para
nós mesmos”.
25
Essa transformação do objeto, de reconhecível e intercambiável, para um
objeto privado e incomunicável que pode dominar disformicamente, o sujeito em
suas fantasias, é o que marca o que Lacan chamou de “initium, aura, aurora” de um
sentimento de estranheza, que é a porta aberta para a angústia.
Por se estar refletido no espelho o homem se enxerga único e principal na
existência não entendendo o essencial: o seu semelhante que o revela, projeta e
dimensiona a sua grandeza, é o que pode dar as mãos numa comunhão cósmica de
reconhecimento da vida no simples e sublime gesto do olhar.
1.2.4. Vinculo através do Olhar
Ao falarmos em vinculo precisamos atentar que o olhar é o espelho de um
grupo afetivo, pois ele se dá com o reconhecimento do outro e do grupo.
O vinculo se dá nesse contato visual na vivencia integradora provocando
emoção e alegria do “estar com”.
O olhar traz o mistério do momento vivido em grupo mas que vai se
desmanchando, esse mistério, com o intensificar da vivencia.
A partir desse olhar emocionado e inocente cria-se condições para que o
vínculo se dê e se solidifique provocando a força da convivência e do prazer de estar
em grupo.
O olhar em grupo reconhece, valoriza e dá a dimensão do ora vivido, trazendo
a autoestima, o estar bem, o estar em vinculo biodançante.
Os exercícios de olhar em grupo vinculam porque geram sensações de “estar
vivo”, gerados a medida que se aprofunda a convivência.
26
O vínculo se dá também através do contato e da caricia, mas o olhar é o
identificador do reconhecimento em grupo.
A importância do olhar que vincula é o mesmo que nos faz pertencentes a
ordem cósmica.
1.2.4. Mito de Narciso
Narciso que vivia debruçado no lago para observar sua beleza refletida na
água tinha somente olhos para si e desprezava a realidade por não ter aquele a
quem tanto amava – a si próprio.
Na visão de Ovidio, tem o seu final com a morte.
Oscar Wilde tem uma visão diferente desse final contando que após a morte
de Narciso, as oréiades, deusas do bosque, observaram que o lago se transformou
em um cântaro de lágrimas salgadas, choradas pelo próprio lago, inconformado com
a morte de Narciso. E o interpelaram ficando surpresas quando o lago disse não ter
reconhecido a beleza de Narciso, por se achar refletido nos seus olhos a sua própria
beleza.
Este espelho apresentado por Wilde reflete como Narciso, o que o próprio
lago viu somente a si. Tendo espelhado a imagem do herói, não se permitiu ver a
beleza expressa pelo outro, tão preso que estava na visão da sua própria beleza
refletida no fundo dos olhos de Narciso.
Narciso e o lago não se enxergaram e não reconheceram suas diferenças, ou
não se permitiram revelar-se um ao outro.
Tal qual no espelho de Lacan, a imagem refletida no lago,provoca a
descoberta de si, com a constituição do eu mediante a identificação com a imagem
do outro.
27
O espelho, segundo o mito, funciona como um alter-ego, ou seja o seu próprio
ego ao refletir a própria imagem tal qual aparece, daí a infelicidade da personagem.
1.3. Olhar e o Modelo Teórico de Biodanza
1.3.1. Modelo teórico
O “Modelo” nos permite pensar de maneira prática a relação entre um sistema
normal (criado pelo homem) e seu exterior “natural”.
Um modelo é um instrumento de pesquisa e manipulação de um determinado
conjunto de fenômenos observados, através do qual é possível descobrir relações
de coerência.
E foi assim que Rolando Toro criou o Modelo Teórico de Biodanza baseado
em pesquisas feitas em 1965 com dança no Hospital Psiquiátrico de Santiago do
Chile com enfermos mentais.
Na primeira experiência, foi observado que os exercícios de dança com o
objetivo de induzir harmonia e tranquilidade nos pacientes psiquiátricos gerou
desconforto ao levá-los a estados regressivos provocando alucinações e delírios que
se acentuavam por vários dias.
Na experiência seguinte com danças euforizantes a partir de ritmos alegres, a
motricidade deles melhorou sensivelmente, propiciando um notável aumento do
sentido de realidade e a desaparição dos delírios e alucinações.
Os exercícios apresentados tiveram respostas neurovegetativas especificas,
senão vejamos:
*Exercícios euforizantes estimulavam a identidade com respostas simpático-
adrenérgicas.
28
*Exercícios de regressão apresentavam respostas parassimpático-
colinérgicas.
O primeiro eixo do modelo teórico foi desenhado sendo aperfeiçoado com o
tempo.
CONSCIÊNCIA SI MESMO REGRESSÃO
Toro estruturou um conjunto de exercícios e músicas uns reforçando a
identidade e outros que induziam o transe.
Identidade Regressão
Transe
Categorias do polo Identidade Categorias do polo Regressão
Expansão Centrífuga
Ampliação de consciência
Percepção de si como centro do
mundo
Incorporação aferente de estímulos
Percepção realista
Tensão centrípeta
Dissolução na totalidade
Regressão aos estados primordiais
Entrega e fusão com o todo
Os potenciais genéticos se expressam dentro deste campo pulsante,
centrípeto-centrífugo em que o primeiro é movimento para fora e o segundo é
movimento para dentro, intimo.
A evolução do Modelo Teórico propiciou sua aplicação em todas as pessoas
sejam enfermas com quadros clínicos diversos como em pessoas normais.
29
Através do processo evolutivo dos alunos, dentro das cinco linhas de vivencia
(potencial genético) chegou-se ao modelo atual.
MODELO TEÓRICO
30
O potencial genético se estimula através das cinco linhas de vivencia em
exercícios integrados de Biodanza, propiciando bem-estar e alegria de estar em
grupo:
 Vitalidade - potencial de equilíbrio orgânico, ímpeto vital, harmonia biológica e
homeostase;
 Sexualidade- potencial de sentir desejo sexual e prazer;
 Criatividade- potencial de renovação, criar-se a si mesmo, realizar atividades
artísticas e ser criativo em cada ato de viver;
 Afetividade- potencial de amor indiferenciado que abarca a todos
indistintamente. O afeto que ultrapassa fronteiras;
 Transcendência- potencial de transcender, de ir além de si, expandindo a
consciência em êxtase místico.
As linhas de vivencia tem origem nas Protovivencias, sensações orgânicas
que o bebê protagoniza nos primeiros 6 meses de vida:
 A Vitalidade parte do movimento, atividade e repouso do bebê;
 A Sexualidade do contato e das primeiras sensações de prazer através das
caricias e no ato de amamentar;
 A Criatividade provem da curiosidade pelas mudanças de posição no
ambiente, a linguagem e o grafismo;
 A Afetividade é estimulada através da protovivencia de amamentação e
nutrição;
 A Transcendência parte da protovivencia de plenitude e harmonia com o
meio.
O desenvolvimento evolutivo de cada individuo se dá a medida que os potenciais
genéticos se expressam através da existência.
31
Os fatores ambientais que determinam a expressão do potencial genético se
denominam “ecofatores”, que podem ser positivos ou negativos se permitem ou
bloqueiam a expressão de potenciais.
Uma sessão de Biodanza é um bombardeio de ecofatores positivos sobre a
função integradora-adaptativa-limbico-hipotalamica, potencializando a expressão da
identidade.
As funções vitais, sexuais, de renovação biológica, afetiva e de expansão da
consciência são estimuladas através das vivencias sobre os centros límbico-
hipotalamico. Tais funções tem origem genética.
O Modelo Teórico de Biodanza consta de um eixo vertical que ascende desde o
potencial genético (desenvolvimento ontogenético), e um eixo horizontal
(consciência da Identidade-Regressão).
Em torno das linhas de vivencias entrelaçadas em forma de espiral ascendente,
se encontra um virtual eixo horizontal que oscila entre dois pólos de forma pulsante.
1.3.2 O Olhar no Modelo Teórico
32
Partindo desse eixo Identidade -------- Regressão podemos dizer que no
estado de Consciência de Identidade o indivíduo se percebe como centro do mundo,
com seus olhos abertos, enquanto que na regressão, o indivíduo tende a dissolver-
se na totalidade do universo, perdendo os limites corporais e vivendo o
Indiferenciado. No regresso à consciência, ele adquire uma nova visão ampliada,
enxergando o universo através do olhar cósmico,
Se a ampliação da consciência se dá de Olhos Abertos, com a percepção do
olhar que enxerga a vida a seu redor e capta a sua beleza, a regressão acontece de
olhos fechados com a identidade sendo diluída, ou seja, naquele momento, a
identidade faz parte de um todo, indistintamente.
A integração se dá com o estimulo do potencial genético individual dentro da
espiral passando pelo eixo de Identidade-Regressão, dois estados biológicos que
pulsam entre a “consciência de si e do mundo” e a “fusão com o todo”(regressão).
O estado de regressão é uma volta psicobiológica a períodos pré-natais ou da
primeira infância. A pessoa perde os limites corporais, diminui a vigilância e se
abandona a um estado cenestésico semelhante ao do bebê dentro do útero.
O renascimento através da regressão provoca um estado de bem-estar
cenestésico, renovação biológica afetiva e de expansão da consciência.
O outro lado do eixo, a percepção de si, do outro e do cosmos.
O núcleo central do Modelo Teórico de Biodanza é o eixo Identidade (olhar o
mundo) ------Regressão (olhar íntimo) e a espiral do potencial genético com as
cinco linhas de vivencia.
Ao retornar a consciência, ressurge a identidade agora pulsante ao se
perceber como parte de si no mundo, sendo parte do mundo, nas vivencias de
expansão da identidade acontecidas através das cinco linhas de vivencia(Vitalidade,
Sexualidade, Criatividade, Afetividade e Transcendência).
33
A experiência de regresso ao indiferenciado onde a própria identidade se tem
como parte da Identidade do “Todo”, constitui o ponto de união entre Identidade e
Regressão.
1.3.3. Exercícios de Olhares em Biodanza
Faço menção a alguns exercícios de olhares em Biodanza que estimulam
através do olhar, a integração e o reconhecimento em um grupo regular.
- Roda de Iniciação ou (Roda de Integração Inicial) - Inicia-se a Roda
estimulando-se o contato visual para reconhecimento dos que fazem parte dela. De
maneira espontânea as pessoas vão se percebendo,através do deslocamento da
roda.
- Sincronização Rítmica em Pares - A sincronização é a procura de um
movimento comum aos dois, estimulada pelo ritmo, frente a frente, em que o olhar é
espontâneo a dois.
- Sincronização Melódica em Pares - Tal qual a rítmica o olhar é estimulado,
sendo preponderante a melodia a dois.
- Rodas Concêntricas de Olhares - São organizadas duas rodas, uma por
dentro da outra, de forma que cada participante fique frente a frente com uma
pessoa de modo a poderem olhar-se mutuamente nos olhos. Ao iniciar a musica,
cada roda começa a girar para a direita muito lentamente. As pessoas olham nos
olhos de quem está a sua frente de forma natural, com inocência, olhando como se
olharia uma criança,e reconhecendo-se um ao outro.
- Dança de Eutonia - A Dança de Eutonia é realizada com a união dos dedos
indicadores da mão direita de duas pessoas, que vão dançando e se deslocando
mantendo os dedos unidos. O exercício envolve a comunicação afetiva através do
olhar.
34
- Encontro de Mãos e Olhares - Duas pessoas se aproximam
progressivamente e se tomam pelas mãos olhando-se nos olhos mas sem se
abraçar.
- Jogo do Leque Chinês em Pares – Duas pessoas se colocam frente a frente
e cobrem parcialmente seu olhar formando uma “teia”, ou “véu”, com suas mãos,
deixando os dedos afastados como um biombo vazado. Através dos interstícios, e
numa dança sensível, os olhares se procuram, se encontram, às vezes, com
aproximação dos corpos, outras vezes se afastando. Quando se sente que há uma
conexão de confiança, as mãos se separam, revelando assim uma parte do rosto e
do olhar, até se abrirem mostrando-se completamente. De forma espontânea vai se
permitindo o olhar, olhar o outro deixando-se descobrir e entender o olhar como
expressão natural, nada mais.
- Roda Final - Como ocorre com a Roda Inicial agora o olhar é de agradecimento
pelos momentos vividos pelo grupo, reconhecendo-se a importância de cada um.
1.3. O Olhar Biocêntrico - A poética do Olhar
“Não vês que o olho abraça a beleza do mundo inteiro(...) É janela do
corpo humano, por onde a alma especula e frui a beleza do mundo,
aceitando a prisão do corpo que, sem esse poder, seria um tormento
(...). Quem acreditaria que um espaço tão reduzido seria capaz de
absorver as imagens do Universo”
Leonardo da Vinci
“A omissão do olhar é um dos fundamentos da sociedade autoritária”.
“Somos treinados desde muito cedo a omitir o que vemos”.
“Em nossa espécie, a palavra nos roubou a luz”.
“Pretende-se encontrar a luz...nas palavras sem os olhos”
“Só o olhar pode...ver o caminho”
J.A. Gaiarsa
“Sou visto, logo existo”
Rolando Toro
35
“É preciso esquecer o aprendido que nos fez adultos para ver o
mundo com novos olhos”
Rubem Alves
“Quando me olhava no espelho
Já havia envelhecido na imagem que me continha.
Eu não era senão um menino que dançava
Dentro de um homem de cem anos”.
Rolando Toro Araneda
Porque cremos que a visão se faz em nós pelo fora e,
simultaneamente, se faz de nós para fora, olhar é, ao mesmo tempo,
sair de si e trazer o mundo para dentro de si.
Porque estamos certos de que a visão depende de nós e se origina
em nossos olhos, expondo o nosso interior ao exterior, falamos em
janelas da alma.
Marilena Chaui em Janela da Alma, Espelho do Mundo.
“Olho, e as coisas existem
Penso e existo só eu”
Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
“O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
(...)
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
Alberto Caeiro – Fernando Pessoa
“Destaques de como o olhar sob a ótica do mundo moderno se
desvirtuou por não enxergar a beleza e a sacralidade da vida”
Marcos Santarossa
36
Falar sobre o olhar é como desnudar o mistério da existência, abrindo espaço
para o maravilhoso.
As pessoas que não olham, não se enxergam pois só se identifica consigo.
Mesmo quem percebe o próximo, se espelha e se acha nele.
No mundo atual, com a agitação cotidiana o olhar é motivo de inquietação, de
medo e provoca reações de quem está sendo olhado.
As pessoas se acham invadidas ao entender que o olhar representa
julgamento, critica e interesse se atendo ao que o sistema impõe, não enxergando a
beleza da simplicidade, do olhar embevecido e inocente.
O mundo as fez esquecer o que de sublime existe: o olhar sob a ótica do
simples.
Crescemos e perdemos a inocência ao nos perder no esquecimento do olhar
na sua mais pura essência.
Para se falar em Olhar entende-se o desvendar do ora visto, o
deslumbramento do acessado, o olhar sem parâmetro ou pensamento.
Simplesmente olhar, e se encantar com o que se vê imaginando ou
percebendo as belezas do mundo.
É assim o olhar, bonança que nos faz ver o que deve ser visto: a beleza da
vida.
Para Demócrito, os olhos, feitos de átomos d’água, são espelhos onde vem
refletir-se átomos de fogo (fonte de luz) que se desprendem das coisas luminosas ou
iluminadas, espalhando-se pelo ar e alcançando os olhos, onde se espelham.
37
O olhar, misterioso como o vêem, é aberto a luz e a vida. Por ele, se enxerga
a imensidão do Universo, a estrela a distância, o mar próximo, a flor no jardim e o
passarinho que pousa distraidamente em sua janela.
“Segundo o discurso de Epicuro e de Lucrécio, o mundo se dá ao
olho humano, porque a natureza desenvolve um movimento
constante, veloz, febril, desprendendo da superfície dos seres os
“simulacra” (eidola, em grego), figuras que duplicam sutilmente a
forma superficial das coisas.Os simulacros, por serem materiais,
embora tenuissimos, vem ao encontro dos nossos olhos, trazidos que
são pelos raios da luz solar, estelar ou lunar. São essas figuras
impalpáveis que, entrando por nossas pupilas adentro e
impressionando as nossas retinas, nos aparecem como imagens da
natureza e de nossos semelhantes.”
“Os olhos recebem passivamente, com prazer ou desprazer, contanto
que estejam abertos, verdadeiras sarabandas de figuras, formas,
cores, nuvens de átomos luminosos que se ofertam, em danças e
volteios vertiginosos, aos sentidos do homem. E o efeito desse
encontro deslumbrante pode ter um nome: conhecimento. Conhecer é
ser invadido e habitado pelas imagens errantes de um cosmo
luminoso”.
Alfredo Bosi – Fenomenologia do Olhar
“Pensar é estar doente dos olhos” no olhar de Alberto Caeiro, uma visão mais
intensa, captada no real.
Através do olhar enxergamos o outro e o Universo, participes que somos do
movimento da vida.
Sem esse olhar de deslumbramento perante a vida não há integração, não há
reconhecimento, é como se as partes desse todo estejam desconectadas.
Diante do meu olhar biocêntrico passei a enxergar o movimento da vida e o
que há de mais profundo em mim revelando a essência e a minha selvagem
38
inocência. Em mim revelou minha base instintiva que é a sabedoria biológica da
espécie em sua própria lógica.
O meu instinto primordial de conservação da vida me trouxe uma experiência
fantástica ocorrida na Chapada Diamantina há algum tempo.
Caminhava pela trilha na volta de uma vivencia por uma cachoeira quando de
repente escorreguei e iria cair no precipício quando num reflexo jamais pensado em
mim, me agarrei a um galho de árvore fincado na rocha próxima do precipício. O
instinto de sobrevivência falou mais alto e me trouxe a certeza do primordial em mim,
ao me agarrar a um pequeno arbusto e me salvar de cair no vácuo.
O meu olhar enxergou esse episódio como uma renovação de vida e um
resgate da função originária, o instinto que representa a natureza em mim não tendo
nenhuma experiência prévia e que se repete nos indivíduos da mesma espécie.
O meu olhar biocentrico me fez expectador de momentos de êxtase ao
perceber o espetáculo da natureza em seu movimento natural.
Estava eu e meu grupo de vivencias na Chapada Diamantina subindo uma
trilha quando nos deparamos com uma cobra que acabara de engolir uma cobra
menor e por alguns momentos ficamos a espreitá-la. Ela ficou imóvel sentindo nossa
aproximação e o guia orientou no sentido de passarmos ao lado dela sem
movimento brusco. E assim foi feito. E o que se viu foi que todos passaram e só
então ela se moveu em direção ao mato próximo.
O instinto do animal percebeu a nossa intenção de passar sem ameaçá-lo e
ele simplesmente deixou isso acontecer. Sabedoria da natureza em sua expressão
do movimento cósmico.
Em outra ocasião, olhei um beija-flor saltitando e bicando a água que escorria
de uma rocha em trilha de subida na Chapada.
39
Se eu não tivesse a percepção do olhar biocêntrico não teria observado a
beleza no simples movimento natural da vida!
E foi com esse olhar perceptivo que vivi uma das mais profundas vivencias
que me aconteceram. A noite muito cansado das andanças pelo vale na Chapada,
adormeci e quando acordei no dia seguinte me dei conta que foi um sono sem
sonhos, sem inquietações um sono muito reparador. Havia dormido igual a um
pássaro, houve um interregno desde o momento que adormeci até o meu despertar:
um sono de passarinho!
Me percebi grandioso como o é o passarinho em sua essência inocente e
natural, me percebi pertencente à vida e ao cosmos, me percebi integrado a
natureza.
Com o meu olhar biocêntrico, houve a expansão ampliada do meu ser e a
manifestação da vida no cosmos, uma hierofania digna do que é belo e insondável.
Percebi a grandiosidade da vivência na consciência ampliada que em mim se deu.
40
CAPÍTULO2: O PROJETO RIO-ABRACE
2.1. Biodanza e Ação Social
“A Biodanza na ação social oferece meios de resgate da cidadania a
partir do reforço da identidade individual, grupal, comunitária e
cultural, favorecendo a noção de valor intrínseco e de importância
dentro da sociedade. Resgata a potencia de agir no mundo e
modificar realidades opressoras a partir de uma noção vivencial de
dignidade”
Myrthes Gonzalez
A Biodanza por seus princípios sempre causa um impacto nas estruturas
sociais ao tratar da ação social pois propõe o resgate da dignidade reforçando a
identidade.
Se entendermos que a Biodanza desperta, vincula, provoca o afeto, a
solidariedade e a indignação social frente ao desrespeito e a opressão podemos
considerá-la como ação social.
Mas existe um passo além que é a busca que se empreende em relação as
estruturas sociais.
Situações de miséria, violência de todo tipo, abandono, descaso com os
direitos essenciais geram uma desqualificação da presença do individuo na
sociedade formando pessoas que desconhecem seus direitos básicos como
cidadãos.
São os excluídos que se excluem a si mesmos, pelo desconhecimento de sua
potencia e lugar no mundo.
A Biodanza procura estimular através das vivencias, o lugar que é de cada
um no mundo, fazendo entender que a exclusão não é normal, a privação retira os
41
seus direitos como cidadão, para que o participante reconheça o seu valor, seu
potencial e enxergue o valor e o potencial dos outros.
O resgate que se quer é o cuidado com a vida, conquistado com a
autoestima, vinculo em feedback com o ambiente, amizade e solidariedade.
O estimulo a mudanças se dá com a construção coletiva, a procura do bem-
estar de todos.
O enfoque da Biodanza na Ação Social é o resgate da identidade em sentido
amplo e profundo. Os aspectos mais importantes desse processo são:
- Valor da Expressão Cultural – A identidade da comunidade traduz-se com
sua manifestação cultural. É importante observar e validar a cultura do local frisando
que cada pessoa é única, singular, não havendo coincidência de códigos genéticos,
que a vida é sagrada e quando a desrespeitamos ela se torna violenta e destrutiva
ao não enxergarmos o sagrado na natureza e nas pessoas.
- Potência – A Biodanza propõe e estimula nas pessoas a percepção de si
como seres capazes de mudança e ação concreta no mundo. A Identidade
conquista seu espaço com a percepção da potencia em si.
- Capacidade de Adaptação e Mudança–Por serem complementares, em
Biodanza as chamamos de capacidade de fluidez. A pessoa muda a medida que se
adapta ao ambiente sem abrir mão de suas prerrogativas e de seu lugar no mundo.
É o movimento da água que desce pelo rio e ao encontrar as pedras, os galhos de
árvores, as dificuldades vai contornando os obstáculos fluindo, se impondo em sua
capacidade de adaptação.A fluidez é o sinônimo da liberdade com responsabilidade
e comprometimento. Circular por uma rede de vínculos com muitas possibilidades é
o propósito da Biodanza.
- Reflexão Profunda Sobre os Próprios Valores e Lugar no Mundo – A
Biodanza proporciona um ambiente que amplia a percepção, estabelecendo uma
42
visão objetiva das maneiras de se estar no mundo, dos valores que possibilitam um
contato com o potencial criativo como instrumento de transformação.
Não cabe ao facilitador questionar sobre a forma de viver ou se relacionar do
participante.
- O Desafio do Facilitador – No campo social, o Facilitador deve compreender
o ambiente em que está inserido, não interferindo nos hábitos culturais diferentes do
seu no local. A sua proposta é resgatar a identidade de cada um, que se perceberá
potente e atento aos seus direitos básicos e a sua importância e lugar no mundo,
respeitando a vida com afetividade, empatia, gestos solidários e comunhão com
todos os atuantes do processo.
O Facilitador busca atuação em rede, atendendo a maioria das pessoas, dos
participantes a funcionários e familiares procurando desenvolver o potencial de cada
um dos envolvidos com princípios de vinculo, empatia, relação em feedback e
solidariedade.
2.2. Parceria com a Rio Abrace
Associação Beneficente de Combate ao Câncer- RIO-ABRACE é uma
Associação de Assistência Social, Beneficente, Filantrópica e Educacional.
Iniciousuas atividades no Rio de Janeiro em julho de 2003. Os benefícios oferecidos
às pessoas carentes em adoecimento do câncer são totalmente gratuitos e
extensivos aos familiares.
O trabalho desenvolvido visa amenizar as dores físicas, sociais e emocionais
decorrentes do câncer, proporcionando qualidade de vida, inclusão social e
informações acerca dos direitos sociais garantidos por lei, entre outros. Mais de 800
pessoas já receberam sua ajuda ao longo destes anos de trabalho.
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Para atender as pessoas cadastradas, bem como seus familiares a RIO-
ABRACE conta com uma equipe de profissionais técnicos e voluntários, composta
por:
 Assistente Social: Carmem Lúcia Gomes Amaral;
 Psicóloga: Aparecida Coelho Esteves;
 Advogada: Isabel Cristina de Oliveira Saad Nalin ;
 Fisioterapeuta: Maria da Penha de Souza de Assis Pacheco;
 Nutricionista: Dilma Ribeiro da Silva;
 Além de instrutores de artesanato, professora de alfabetização e equipe de
apoio.
Objetivos
Suprir todas as necessidades com alimentação básica e suplementar,
comprar os medicamentos prescritos em receita médica, pagar exames médicos de
baixo e alto custo, comprar próteses mamárias, bolsas de colostomia, fraldas
geriátricas e materiais de suporte para o tratamento, comprar vale-transporte para
que não haja interrupção do tratamento pela falta de recursos, entre outros
benefícios.
E ainda: oferecer atendimento social, psicológico, jurídico, fisioterapeuta e
nutricional, além de desenvolver atividades educativas e de socialização visando à
melhoria da qualidade de vida dos assistidos e familiares através de Palestras,
Atendimento em grupo e Terapias Complementares.
Valores
Compreensão da pessoa na sua totalidade, igualdade de acesso aos serviços
e benefícios, atendimento humanizado, respeito, responsabilidade,
comprometimento o acolhimento aos assistidos, que deve ser compreendido não
somente com o ato de receber bem, mas também saber ouvir a demanda e buscar
formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela.
44
2.3. Apresentação do Projeto de Biodanza
O Projeto procurou atender, inicialmente, o lado emocional do grupo assistido
pela Associação, em suas questões de baixa autoestima, falta de vitalidade,
sentimento de impotência e de negação da identidade, provocados por fatores
sociais, econômicos, geográficos e principalmente pelo tratamento-recuperação dos
efeitos do câncer.
Com esse propósito e todo o apoio da Associação que disponibilizou o
espaço, a infraestrutura, o dia e a hora em que as aulas iriam ocorrer, aliados a boa
vontade do pessoal de recepção e apoio, foi dado início ao projeto.
2.4. Objetivos Específicos do Projeto
Provocar no grupo assistido um sentimento maior de confiança, de autoestima
e de enfrentamento dos problemas causados pela doença e suas consequências
pós, através de um trabalho que visa colocar as pessoas no seu cenário de vida,
saberem-se dignas, possuidoras do direito de espaço e prerrogativas para uma vida
melhor.
Estimular a expressão da identidade, através de exercícios específicos, dando
a cada um a oportunidade de se ver integro, vivo e merecedor de uma vida mais
digna.
Atentando para o fato primordial que através de exercícios objetivos, se chega
a uma melhor renovação orgânica e a percepção do sentimento de estarem no
mundo, ao escutarem as batidas de seus corações e a respiração que gera vida de
forma natural, renovação na percepção de se olharem a si mesmos e entenderem o
fluxo maravilhoso da vida independente das dificuldades.
45
CAPÍTULO 3:
APLICAÇÃO DA BIODANZA NO PROJETO RIO-ABRACE
3.1. Trabalho na Associação Rio-Abrace
Na Associação Rio-Abrace em Olaria-RJ onde comecei a dar aulas de forma
voluntária, passei a enxergar nas pessoas as dificuldades de integração, de entrega,
de reconhecimento, de amor, dificuldades essas que se observam nos grupos que
começam a se formar.
A diferença no meu caso foi de que se trata de pessoas assistidas, portadoras
ou em fase de recuperação de câncer.
O que presenciei com o tempo e o meu olhar atento e deslumbrado com o
movimento desse grupo, foi a alegria a cada semana ao me ver estimulando o
convívio, o contato, e o cuidado, que aos poucos foram dissolvendo a rigidez,
abrindo-se sorrisos, criando-se laços de amizade.
A minha sensação de gratitude por estar ajudando-facilitando essas pessoas
foi de estar aprendendo com eles mais do que ensinando ao se sentirem mais
afortunadas com o sentido e a sacralidade da vida.
O meu olhar, ampliado na possibilidade de gerar mais conforto, tranquilidade
e contentamento se fez sensível na importância da Biodanza como um sistema
integrador na origem de novos modelos de comportamento que respondem as
necessidades vitais básicas.
Principalmente em pessoas com as mais diversas dificuldades, mas que com
a Biodanza enxergaram essa mudança no decorrer das semanas ao se mostrarem
mais sensíveis, mais despertas, mais integradas.
A autorregulação no processo de cada um deles foi fundamental para que
percebessem a renovação orgânica, desafio em suas vidas.
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A Biodanza trouxe para eles a oportunidade de integração, superação através
da alegria ao provocar através da música, movimento, o canto e encontros no grupo
novas perspectivas.
Eu, com o meu olhar, me abri a permanente escuta desse grupo com suas
necessidades e vontade de superação.
Estou imensamente honrado com a oportunidade de participar desse grupo
tornando viável a transformação do modo de vida das pessoas através da Biodanza.
A experiência que agora relato, emocionado e agradecido, não teria sido
possível sem o apoio e o desprendimento da Associação que se colocou à
disposição, dando todo o apoio necessário para a realização desse intento, ao
acreditar na Biodanza como sistema integrador e renovador.
O meu olhar se descortinou atento ao movimento da vida que se fez presente
em minhas retinas, na oportunidade de estar facilitando vidas, abraçando vidas.
3.2. O Grupo Regular – Características
O Grupo é formado por pessoas entre 40 e 75 anos, a mais velha, e foi
iniciado em 18 de Março de 2015 com 17 pessoas.
Com o desenvolver das aulas e as dificuldades de cada um em adequar
horário e tempo o grupo regular passou a ter de oito a doze pessoas.
Com esse grupo desenvolvi o meu trabalho durante o ano privilegiando a
escuta e a atenção e as consignas preparadas com muito carinho com músicas que
estimularam o convívio, a alegria, a autoconfiança e a autoestima e a expressão da
identidade e a amizade no grupo.
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3.3. O Programa
Comecei a primeira aula com 17 pessoas que se deram as mãos pela
primeira vez, mesmo sendo assistidas pela Associação portadoras do diagnóstico
afim: em tratamento ou na fase posterior, ou seja, as que tem apoio psicológico pós-
trauma vivido.
Falei na importância da Roda, onde as pessoas se conhecem e se
reconhecem, dançam e se olham mesmo timidamente celebrando a vida. Essa
primeira aula teve como tema o “Despertar para a Vida” propondo a conexão com a
vida, e a busca de uma existência mais leve e alegre.
A aula foi pautada pela alegria com brincadeiras de infância, movimentos
espontâneos, o contato com a própria respiração e a leveza superando a rigidez.
- Aulas 2 a 4
Nas três outras aulas, o objetivo foi despertar a autoestima e a crença em si,
focando na importância de estar vivo, valorizando o próprio ato de viver, com a
celebração do encontro, a alegria no caminhar.
- Aulas 5 a 8
Nessas aulas, os exercícios propostos Deslocamento Suave(desaceleração)
Respiração Dançante (conexão consigo) e a Dança Livre (a alegria no movimento)
focaram no elevar da autoestima, da confiança em si e a celebração do encontro
buscando sempre a integração motora.
- Aulas 9 a 12
Procurei dar ênfase como nas aulas anteriores na espontaneidade e na
alegria proporcionando tônus vital e na desaceleração para haver a conexão consigo
mesmo, no prazer do movimento pelo movimento.
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Os exercícios-chave foram a Dança de Extensão Máxima para expansão dos
limites corporais, A Sincronização Melódica para trazer o movimento com a melodia
e a Dança de Expressão Melódica coordenando a melodia com a expressão de si, o
estar no mundo.
Mostrei a importância da integração do grupo induzindo a maior afetividade.
- Aulas 13 a 16
A percepção da dificuldade motora em alguns alunos me fez procurar dar
ênfase nos exercícios envolvendo a harmonia através da Dança de Extensão
Harmônica visando a uma maior harmonia, a Respiração sem Música (contato
consigo) e no Deslocamento Suave exercício de soltura corporal, frisando no grupo
desde a primeira aula na importância da autorregulação.
Exercícios de fluidez acompanharam toda a sequência das aulas para
quebrar a rigidez provocada pela tensão crônica, trazendo a sensibilidade e a leveza
com exercícios de brincadeiras e de alegria como o caminhar, o lúdico estimulando a
integração do grupo e o reconhecimento de si na importância de fazer parte do
grupo.
- Aulas de 17 a 20
A Partir da aula 18, introduzi exercícios de Posição Geratriz do Código I.
Percebi nessas aulas uma maior desenvoltura por parte dos alunos mais integrados
se percebendo integrante do grupo.
A integração motora já apresentava melhoras sensíveis em todos, a partir do
momento em que a alegria e a confiança em si provocava o reconhecimento do
outro.
Foi com uma emoção e uma alegria imensa, me senti premiado pelas
dificuldades iniciais de trabalhar com um grupo que me exigiu muita atenção e
dedicação. O progresso deles me deu a certeza do meu trabalho como facilitador
49
galgando mais uma etapa, com a sensação de estar atendendo o propósito da
Biodanza que é facilitar a vida das pessoas.
- Aulas 21 a 24
Como citado anteriormente introduzi as Posições Geratrizes que reverenciam
e valorizam a vida celebrando a sua manifestação grandiosa. Percebi a integração
do grupo com a amizade nascida das danças dançadas e dos movimentos alegres e
lúdicos fazendo expressar a identidade de cada um, aproximando e exaltando a
alegria de viver
- Aulas 25 a 28
Com estas aulas, o convite foi expressar-se com danças no centro da roda,
jogos de contato caminhando em grupo, aproximando o grupo afetivamente com
rodas de embalo, caricias e abraços de coração a coração.
Já se percebe com as Posições Geratrizes de Pedir, Receber, Dar, Dar-se
que a autoestima está crescendo com a consequente valorização e posição de se
sentir fazendo parte do todo, do grupo acolhido pela Biodanza que o fez entender o
significado da vida.
A Integração Afetivo-Motora está de mãos dadas com o grupo propiciando
aconchego, reconhecimento, autoestima, valorização da vida e sentimento de
pertencimento.
Novamente, a emoção tomou conta de mim por estar proporcionando a integração
do grupo.
- Aulas 29 a 32
Foi um salto significativo de quando iniciei as aulas, olhando o
desenvolvimento, a melhoria de cada um no processo de integração motora, na
disposição física mesmo na limitação de cada um, na amizade surgida nas aulas de
Biodanza, na valorização da vida e na sua reverencia, na afetividade no grupo e nos
50
exercícios que procuraram estimular a renovação orgânica, trazendo humor
endógeno e sensação de bem-estar.
Meu sentimento de gratidão e de júbilo se fez presente ao ser convidado a
continuar dando aulas para o grupo e novas pessoas que estarão chegando em
2016.
Sinto-me gratificado e feliz: valeu a pena, o trabalho vai continuar e eu vou
estar com o grupo em mais um novo desafio.
O Universo conspirou a favor, e minha existência ganhou um significado
especial.
3.4. Depoimentos
Os depoimentos e comentários foram acontecendo no decorrer das aulas mas
destaco os seguintes:
- a sensação de alegria e de plenitude ao agradecer a vida, e um sentimento
de quietude e paz e renovação existencial nas palavras de uma aluna regular;
- a percepção de quando iniciou a aula estar com dificuldade motora nas
pernas mas que ao término da aula havia desaparecido tal dificuldade nos dizeres
de outra aluna regular;
- o comentário de outra aluna indagando se eu tinha disponibilidade de outro
local e hora para atender uma pessoa interessada em fazer Biodanza;
- um aluno regular que atua-dá força as pessoas que passaram pela mesma
doença que ele, indo ao hospital de 15 em 15 dias, comentou se eu poderia dar
aulas também no local onde ele dava assistência, para melhorar o estado anímico
das pessoas ali hospitalizadas.
51
Esse gesto de reconhecimento ao meu trabalho me encheu de alegria e
emoção e me fez entender que as dificuldades da doença não podem provocar
desanimo e que a vida é muito maior que isso, é a mais pura manifestação de amor
que pode ajudar as pessoas a terem mais saúde e alegria de viver;
- por último, a psicóloga da instituição que agradeceu a minha disponibilidade
ao me doar ao grupo, se colocando a minha disposição para nova etapa a partir de
2016, pois no seu entendimento a Biodanza trouxe benefícios e alegrias para seus
assistidos, mais disposição e animus-vida e isso não tem preço, é o trabalho da
formiguinha que vai se juntando as demais para alcançar o objetivo maior, a
integração e o bem-estar comum a todos.
3.5. Fotos
Eis o movimento da Biodanza no meu grupo na Associação:
52
53
54
55
CONCLUSÃO
Meu desafio que se iniciou com o grupo na Associação é despertar nas
pessoas a possibilidade do olhar voltado para o sublime da vida, sem nuances ou
viés, e entendendo também serem parte do todo universal.
Ao se voltar para a Natureza, saber-se particípe da grandeza e da sacralidade
da vida.
É um desafio árduo mas compensador na medida em que mais pessoas vão
se integrando através da Biodanza.
Um desafio que me traz alegria por me possibilitar a inclusão através do olhar
a magnitude do cosmos em sua infinita grandeza.
Desafio enorme mas compensador de me ver abraçando a Biodanza na
percepção do olhar que desmitifica, identifica e une no movimento, na dança, na
música, expressando a nossa identidade, una em cada um de nós.
É nesse desafio que me entrego e me torno forte, e vivo o momento da
Biodanza como elemento único de transformação e possibilidade de olhar e me
embevecer pelo que é de mais sagrado e verdadeiro: a Vida como Expressão
Máxima do Universo.
É nesse desafio que me engajo para estimular a conexão consigo mesmo,
com o semelhante e o Universo no reconhecimento da totalidade maior: o cosmos.
O meu desafio como Facilitador é despertar o sentimento de humanidade e
solidariedade nas pessoas para que se possa dar um sentido maior a nossa
experiência como seres humanos.
56
O meu desafio como facilitador vai ser espalhar sementes por todos os cantos
onde eu estiver para que germinem e se transformem em árvores da vida, levando
alegria e mais saúde para as pessoas.
“Para a antivida, o antídoto é a Biodanza”.
Marcos Santarossa
“Nuestros pies y nuestro corazón son rítmicos. Nuestras manos son melódicas,
como nuestro cuello y nuestra sonrisa. La armonía, en cambio, hay que buscarla em
el fondo de los ojos, em el encuentro de miradas, donde se establece el circuito
inicial, o de La vida”
Rolando Toro Araneda
57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Bosi, A. – Fenomenologia do Olhar. O Olhar. Editora Schwarcz, 1999.
- Chaui M. – Janela da Alma, Espelho do Mundo. O Olhar. Editora Schwarcz, 1999.
- Gaiarsa, J. A. – O Olhar, Editora Ágora – SP, 2009
- Góis, C. W. de L. Artigo Arte-Identidade – Revista Pensamento Biocentrico,
Número 4, Julho-Dezembro 2005.
- Gonzalez, M. – Artigo Biodanza e Ação Social, Aspectos Básicos. Revista
Pensamento Biocêntrico, Número 7, Janeiro-Junho 2007.
- Lacan, J. “O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu”. In Escritos. Rio
de Janeiro, Jorge Zahar Editora.
- Lemos, S. A Vivencia de Transcendência. Gráfica Editora Pallotti 2ª Ed. 2013
- Pessoa, F. – Poesia Completa de Alberto Caeiro – Editora Schwarcz, 2001.
- Toro, R. A. – Biodanza – Editorial Cuarto Própriy Espacio Indigo – Chile 2009
- Toro, R. A. – Extasis del Renacido, Editorial Galac, Venezuela, 1995.
- Toro, R. A. – Inconsciente Vital e Principio Biocêntrico – Apostila do Curso de
- Formação Docente de Biodanza – Sistema Rolando Toro.
- Toro, R. A. - Identidade e Integração – Apostila do Curso de Formação Docente
- de Biodanza – Sistema Rolando Toro
- Toro, R. A. - Definição e Modelo Teórico de Biodanza – Apostila do Curso de - -
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Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa

  • 1. 1 International Biocentric Foundation Escola de Biodanza Rio de Janeiro “SOB O OLHAR REPOUSA O INFINITO E O MOVIMENTO DO UNIVERSO” MARCOS SANTAROSSA Monografia apresentada à Escola de Biodanza Rio de Janeiro como requisito parcial para a obtenção do título de Facilitador de Biodanza. Orientadora: Erika Mendel Ferreira Facilitadora Didata pela IBF Registro IBF .RIOB 1201 26 de Fevereiro de 2016
  • 2. 2 Obra Síntese apresentada à Escola de Biodanza Rio de Janeiro e aprovada pela comissão julgadora formada pelos didatas: _____________________________________________ Orientadora: Erika Mendel Ferreira Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foundation Registro IBF .RIOB 1201 _____________________________________________ xxxxxxxxxxxx Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foundation Reg. xxxxxxxxxxx Visto e permitido a impressão Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro de 2016. __________________________________________ Andrea Zattar Diretora Escola de Biodanza Rio de Janeiro International Biocentric Foundation Reg. RJ, nº 132 __________________________________________ Danielle Tavares Diretora Escola de Biodanza Rio de Janeiro International Biocentric Foundation Reg. RJ, nº 134
  • 3. 3 “ Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do Universo” Sob o olhar do infinito Eu me desnudo e me recrio. Olho o outro e me olho No olhar biocêntrico, observando a mim no infinito do eu, No olhar fascinado buscando a força do infinito. Sou o movimento constante do Universo, Insondável, Percebido em mim. Sou o olhar do pássaro voando em bando. Sou a flor exalando seu cheiro natural Sou o mar debruçando-se na areia E aquela nuvem de cor púrpura. Me vejo, me olho Para olhar além. Olhar sendo parte do todo. Olhar só olhar. Olhar sem véu, sem mistério Guiado pela força do Universo Em seu movimento constante. Olhar e perceber a energia imperceptível, Pulsante, inquieta. Olhar a manifestação de vida Em todo espaço e a qualquer momento. Sou o olhar fascinado e inocente Que se percebe e sente Na certeza do amanhã No imponderável da vida. Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do Universo Unindo-se ao meu verso Sentindo a maravilhosa sensação de estar vivo Participando da existência Pura em sua essência Expressão maior da vida Marcos Santarossa
  • 4. 4 ÍNDICE AGRADECIMENTOS ..................................................................... 06 INTRODUÇÃO .............................................................................. 08 CAPITULO 1 : BIODANZA E OLHAR 1.1. Conceitos Fundamentais ................................................... 10 1.1.1. Conceito de Biodanza ............................................... 10 1.1.2. Principio Biocêntrico .................................................. 12 1.2. O Olhar e Biodanza.............................................................. 15 1.2.1. Fisiologia do Olhar .................................................... 15 1.2.2. Identidade e o Olhar ................................................ 18 1.2.3. Estadio de Espelho de Lacan ................................... 20 1.2.4. Vinculo através do Olhar ........................................... 25 1.2.5. Mito de Narciso ......................................................... 26 1.3. Olhar e o Modelo Teórico de Biodanza .............................. 27 1.3.1. Modelo teórico .......................................................... 29 1.3.2. O Olhar no Modelo Teórico ...................................... 31 1.3.3. Exercícios de Olhares em Biodanza ........................ 33 1.4. O Olhar Biocêntrico - A poética do Olhar ........................... 34 CAPÍTULO 2: O PROJETO RIO-ABRACE 2.1. Biodanza e Ação Social ..................................................... 40 2.2. Parceria com a Rio-Abrace ............................................. 42 2.3. Apresentação do Projeto / Objetivos Específicos do Projeto ...... 44 CAPÍTULO 3: APLICAÇÃO DA BIODANZA NO PROJETO 3.1. O Trabalho na Associação Rio-Abrace …………………….... 45 3.2. O Grupo Regular – Características ………………………….... 46 3.3. O Programa …………………………………………………….... 47 3.4. Depoimentos ……………………………………………………… 50 3.5. Fotos ……………………………………………………................. 51
  • 5. 5 CONCLUSÃO ……………………………………………………………… 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 57
  • 6. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais que me deram a vida e a oportunidade de estar neste momento único, aqui e agora. Agradeço a meu filho e minha nora que mesmo não conhecendo a Biodanza constataram a transformação que em mim houve no caminho que me permiti enxergar. Agradeço a meu grupo de formação, a Turma VIII que me proporcionou muitos momentos lindos e vivencias marcantes e inesquecíveis dando a certeza do novo caminho a trilhar. Agradeço a meu grupo regular de terça-feira e o de quinta-feira ao qual passei a frequentar ao viver muitas emoções e alegrias. Agradeço a meus amigos queridos, a todos que trilham esse caminho da Biodanza, e que fazem parte da minha história. Agradeço a todos participes do meu caminho por onde passei nas maratonas, congressos, cursos e vivencias de Biodanza. Agradeço as minhas diretoras da Escola de Biodanza com quem eu iniciei essa trajetória e que me acompanham desde então: Danielle Tavares e AndreaZattar. Agradeço as minhas supervisora e orientadora, Irene Fagim e Erika Mendel que sem elas, com sua dedicação e apoio, não estaria aqui neste momento. Agradeço a Sanclair Lemos que me ensinou a enxergar o que é simples e o desapego as coisas e principalmente a enxergar o sagrado da vida.
  • 7. 7 Agradeço a todos os presentes nesse momento solene e grandioso em minha vida. Agradeço ao Universo, que existe por existir a vida, me permitindo ser um milagre, e estar aqui presente, reverenciando os meus ancestrais, antecedentes da minha história.
  • 8. 8 INTRODUÇÃO A monografia que agora apresento é fruto de minhas vivencias acontecidas desde 2006, em que passei a enxergar o olhar como o mistério que atemoriza as pessoas e causam um sentimento de desconforto e por que não de angústia perante a grandeza da vida. Parte do que apreendi, e também vivenciei em minha dificuldade de simplesmente olhar, era não enxergar nas pessoas uma continuação minha e ao mesmo tempo não me enxergar na existência. Eu via mas não enxergava o que é belo e me escondia na penumbra para não me perceber e me achar, e não me achando, não olhava as pessoas e o Universo em sua magnitude. Em minha desconexão eu não entendia que o belo é a vida, simplesmente a vida, sem entendimento, perscrutações e análises. Parte de mim agora eu me ver olhando a vida, magnífica em sua plenitude de ser vida, sem véus, mistérios, censuras e julgamentos. A vida é a manifestação maior da grandeza do Universo, que só existe por ela existir, e meu olhar agora enxerga a beleza de sua expressão e o sagrado existente em mim. - O Inicio Foram olhares distintos: o primeiro em minha infância quando através de um buraco no portal do cinema em frente à casa em que morava, olhava maravilhado a tela e suas imagens vivas e para mim emocionantes. Passou-se o tempo e meu olhar se perdeu nas andanças pela vida, nas experiências e caminhadas pelas quais passei.
  • 9. 9 O meu olhar era restrito ao que não via de verdadeiro, pois não enxergava a vida e é interessante assinalar o que me magnetizava era a tela de cinema de meus tempos de criança, um olhar fascinado e inocente das muitas histórias que assisti. Hoje, na minha história, o olhar é fascinado e inocente mas pela vida e toda a sua manifestação grandiosa. Ao conhecer a Biodanza o meu olhar tímido e escondido, aflorou no que é belo e propiciou enxergar a beleza, a singularidade e a riqueza do ser humano me reconhecendo nele. O meu olhar hoje, é o olhar do simples, do encanto pela vida em sua esplendorosa potência. Eu me enxergo no outro e me percebo fazendo parte do cosmos. O meu olhar, hoje, é do tamanho do Universo, eu me sentindo parte dele e vice-versa, um espelho do outro.
  • 10. 10 CAPITULO 1 : BIODANZA E OLHAR 1.1. Conceitos Fundamentais 1.1.1. Conceito de Biodanza “Biodanza não é apenas uma forma saudável de liberação e saúde. Sua ação constitui uma forma de ecologia humana baseada em uma percepção da vida como experiência suprema” Rolando Toro Araneda “A Biodanza provém de uma meditação sobre a vida, ou, talvez, Do desespero, do desejo de renascer de nossos gestos Despedaçados, de nossa vazia e estéril estrutura de repressão. Poderíamos dizer, com certeza: da nostalgia do amor. Mais que Uma ciência, é uma poética do encontro humano, uma nova Sensibilidade frente a existência” Rolando Toro Araneda A Biodanza é um sistema de plenitude, de integração afetiva, de expansão da identidade cósmica e de educação saudável e expansiva através do resgate dos instintos primordiais da espécie humana com o desenvolvimento das cinco linhas de vivencia: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. É um sistema para fazer aflorar a parte maravilhosa que há em cada um. A Biodanza é um sistema de integração humana, de renovação orgânica, de reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções originárias da vida. Sua metodologia consiste em induzir vivencias integradoras através da música, da dança e do movimento e situações de encontro em grupo. Definição clássica – Rolando Toro Araneda “Biodanza é um sistema de aceleração de processos integrativos no nível celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial, mediante ambiente enriquecido com musicas especificas, movimentos integradores e caricias que deflagram vivencias”.
  • 11. 11 Definição cientifica calcada principalmente, na Biologia e Fisiologia do sistema humano – Rolando Toro Araneda. Em Biodanza o processo de integração se realiza mediante o estímulo da função primordial de conexão com a vida, que permite a cada indivíduo integrar-se consigo mesmo, resgatando a unidade psicofísica, com o semelhante restaurando o vínculo originário com a espécie como totalidade biológica e com o Universo ao resgatar o vínculo primordial que une o homem a natureza e em reconhecer-se parte de uma totalidade maior, o cosmos. A renovação orgânica se dá nas reações de adaptação as mais variadas situações biológicas, se observando em casos de “rejuvenescimento” de pessoas mais velhas provocado por uma transformação no estilo de vida, na recuperação do equilíbrio funcional após algumas doenças e em casos de remissão espontânea do câncer. A renovação se dá como estímulo da homeostase no equilíbrio interno e de redução de fatores de estresse. “A homeostase é um mecanismo de autorregulação que permite ao organismo manter-se em estado de equilíbrio dinâmico, não obstante as oscilações das várias funções”. Walter Cannon A Biodanza se propõe a reeducar afetivamente o ser humano, mediante a aplicação de seu método no âmbito da educação, sendo possível sua aplicação desde os primeiros anos de vida. A reaprendizagem das funções originárias da vida é resgatar os instintos que são condutas inatas que não requerem aprendizagem e são expressões da programação biológica da espécie humana, através de estímulos específicos com finalidade de adaptação ao meio ambiente para a sobrevivência da espécie, comum a todos os seres vivos. Associados a irracionalidade, os instintos possuem sabedoria
  • 12. 12 biológica de saciedade em sua manifestação e nesta bipolaridade existe uma lógica da vida para a adaptação das espécies em escala muito ampla. A base orgânica que autorregula os instintos é constituída por uma estrutura neuroendócrina de notável precisão o que os torna sem perigo, coerentes com o impulso inato. Através da música, da dança e de movimentos integrados induz-se a vivencia que é o aqui-agora de estar consigo em comunhão com o outro e o Universo. A Biodanza é a base de uma vida tonificante, instintiva, resgatando a naturalidade e a identidade do ser humano. 1.1.2.Principio Biocêntrico “O Princípio Biocêntrico tem como ponto de partida a vivencia de um Universo organizado em função da vida”. Rolando Toro Araneda Quando se fala em Princípio Biocêntrico, se fala de vida gerando vida, não dependente da vontade nem da intenção. Os elementos, astros, plantas ou animais, incluindo o homem, existentes no Universo são partes de um sistema vivente ampliado, onde as relações de transformação matéria-energia são graus de integração da vida. É o programa genético que se aperfeiçoa através dos tempos, é a inteligência vital organizadora de tudo na ordem fisiológica de cada espécie seja animal ou vegetal. De Francisco Varela com a auto-organização dos seres vivos a Humberto Maturana com a Autopoiese, se procura entender essa organização vivente com sua transformação não programada que se aperfeiçoa através dos tempos.
  • 13. 13 Nisso bem fala Sanclair Lemos que “em uma concepção biocêntrica o ser humano é compreendido como um ser auto organizador que se renova por autopoiésis na ação e na relação com o ato de viver sendo a autopoiésis um processo de autocriação”. “O ser humano é parte de uma totalidade viva e contém em si a totalidade da vida. E a expressão de milhares de vínculos e relações que se organizam no ato mesmo de viver” Sanclair Lemos O centro de tudo é a vida manifesta em todos os movimentos existentes no Universo em constante evolução. “A vida não é simplesmente a consequência de processos atômicos e químicos, mas o programa implicado que guia a construção do Universo”. Rolando Toro Araneda A abordagem epistemológica parte do vivente, o inicio de tudo. É enfoque biocosmologico e não teológico, cosmológico ou antrópico. Segundo Rolando Toro Araneda, criador da Biodanza, os elementos químicos presentes no Universo fazem parte do processo biológico dos organismos vivos em torno de 24, uns mais relevantes outros apresentando alguns traços. Ele explica através do quadro a seguir que os seis elementos químicos presentes nos organismos vivos também compõem a composição interestelar e a parte volátil dos cometas apresentando semelhanças entre si podendo apoiar-se a hipótese da origem extraterrestre das moléculas orgânicas vitais da vida.
  • 14. 14 Bactérias Mamíferos Composição Interestelar Parte Volátil dos Cometas Hidrogênio 63,00% 61,00% 55,0% 50,0% Oxigênio 29,00% 26,00% 30,0% 31,0% Carbono 6,40% 10,50% 13,0% 10,0% Nitrogênio 1,40% 2,40% 1,0% 2,7% Fósforo 0,12% 0,13% - - Enxofre 0,06% 0,13% 0,8% 0,3% Cálcio - 0,23% - - Adaptado de A.H.Delsemme. "Les Cometes et L´origin de la Vie" L´Astronomie - 94- 393 - 1981 A partir das moléculas precursoras presentes no ambiente como o gás carbônico, água e nitrogênio, os organismos assimilam as moléculas primordiais transformando-as em proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos e lipídios comuns aos organismos vivos, desde as bactérias até ao homem. A matéria viva replica estabelecendo um código genético, o DNA que está no núcleo das células gerando os fatores hereditários. Humberto Maturana e Francisco Varela realizaram estudos exaustivos sobre a autonomia nos processos vitais, segundo os quais os seres vivos se caracterizam pela capacidade de “produzir-se a si mesmos” continuamente, que Humberto Maturana chamou “autopoiese”. Assim a vida se auto-organiza gerando mais vida. O Princípio Biocêntrico, formulado em 1970, se inspira no pensamento de que o Universo se organiza em função da vida, que é essencial e a força que conduz através de milhões de anos,a evolução do cosmos- Rolando Toro. Podemos conceber o Universo como um gigantesco holograma vivo, um “útero cósmico” que se nutre e respira com o amor dos elementos.
  • 15. 15 O Princípio Biocêntrico restabelece a noção de sacralidade da vida, situando o respeito pela vida como base das disciplinas e comportamentos humanos “in totum”. Ele se inspira em um Universo organizado pela vida para reformular os valores culturais que não tenham como referencial a vida. Podemos dizer: o Bem preserva a vida, favorece-a,conduzindo-a a sua expressão máxima e o Mal procura aniquilá-la, impondo barreiras ao seu florescimento. O Universo reverbera o que a vida determina atuando em todos os espaços e esferas como uma força insondável e misteriosa, sobretudo simples e maravilhosa. 1.2. O Olhar e Biodanza 1.2.1. Fisiologia do Olhar O nosso olho que faz parte de nossa corporeidade é um pequeno órgão que pesa aproximadamente 7,5 g mas que tem a capacidade de ver não só o foco detectado como também os ângulos ao seu redor. Sua capacidade de enxergar o sol que se encontra a 150 milhões de quilômetros da terra é um dispositivo ótico formado por diversas estruturas que convergem os raios luminosos sobre a retina, fazendo surgir a imagem. O olho possui autofoco, favorecido por um mecanismo natural que possui duas lentes principais- a córnea e o cristalino – responsáveis pela convergência dos raios luminosos provenientes do ambiente durante a sua travessia pelo olho. A “córnea” formada por cinco camadas de tecido transparente e resistente, é a primeira estrutura atingida pela luz, e sua camada mais externa, o epitélio, possui
  • 16. 16 uma grande capacidade regenerativa, conferindo-lhe a capacidade de recuperação rápida de lesões superficiais. O “cristalino” é o órgão que ajusta na retina o foco da luz que vem através da pupila. O funcionamento dessas lentes é que propicia a formação da imagem na retina. A retina é a membrana que preenche a parede interna em volta do olho e que recebe a luz do cristalino, composta por fotorreceptores responsáveis pela transformação da luz em impulsos elétricos, que o cérebro poderá interpretar como imagens. O “humor vítreo”, uma substancia gelatinosa composta por proteínas, ocupa o espaço interno do globo ocular entre o cristalino e a retina por onde passa o feixe de luz convergente que atravessa a pupila – abertura central da íris – por onde a luz entra para alcançar o cristalino. Os dois tipos de fotorreceptores encontrados na retina são os “cones” sensíveis a intensidade e a cor responsáveis pela visão de luz intensa e os “bastonetes” na parte periférica da retina responsáveis pela visão de pouca luz. Com a variação da luminosidade mais extrema que na água, a sensibilidade variável dos cones e bastonetes favoreceu a adaptação dos animais em sua sobrevivência no novo habitat.
  • 17. 17 O olho não funciona da mesma maneira em todos os animais. Nos humanos – os olhos tipo câmera – apresentam uma estrutura onde os fotorreceptores compartilham uma única lente que foca a luz e estão dispostos como uma lamina, no caso a retina, que reveste a superfície interna da parede ocular diferente dos olhos dos artrópodes(insetos, crustáceos e aracnídeos), que possuem grande quantidade de unidades chamadas omatídeos com uma visão particionada e bastante limitada, mas que percebe bem movimentos, são os – olhos compostos. Os mamíferos também possuem olhos tipo câmera. O fenômeno fisiológico de focalização automática da imagem sobre a retina é chamado “acomodação”. A acomodação não depende só da capacidade elástica do cristalino mas também de dois mecanismos auxiliares que são a “vigência dos olhos” e a “variação do diâmetro pupilar”. No primeiro acontece quando algo se aproxima do rosto e os olhos tendem a centralizar seu foco sobre o objeto, incidindo sobre pontos equivalentes da retina. Quando se afasta o objeto ocorre a divergência.
  • 18. 18 No segundo é complexo tendo a pupila equivalente ao diafragma de uma câmera fotográfica, possui o movimento de fechamento – miose – que é um conjunto de músculos lisos composto por fibras circulares e o movimento de abertura – midriase – formada por fibras radiais. Quando a pupila se fecha, o feixe de luz se estreita tornando mais agudo o cone de luz que vai em direção da retina. O nosso sistema visual percebe menos as variações de posição da imagem em relação ao plano focal da retina, resultando um foco maior mais profundo, quando o cone de luz é mais agudo. Cones de luz mais abertos produzem menor profundidade de foco. É importante salientar que os mecanismos elaborados que partem do cérebro, resultam em imagens precisas focalizadas sobre a retina. Para buscar o melhor foco, os olhos estão em constante movimento. Esse fenômeno chamado de “músculos extraoculares” não só otimizam a percepção, como são essenciais para que ela ocorra. Os olhos, pequenos no tamanho físico mas grandiosos em seus mecanismos de nos fazer ver, nos proporcionam a luz que se irradia por todos os ângulos da vida. 1.2.2. Identidade e o Olhar “A capacidade de experimentar-se a si mesmo, como entidade única e como centro de percepção do mundo, a partir de uma iniludível e comovedora vivencia corporal” Rolando Toro Araneda “A vivencia fundamental da Identidade surge como a sensação endógena de estar vivo. A experiência primordial da identidade é a comovedora e intensa sensação de estar vivo, gerando-se a si mesmo” Rolando Toro Araneda
  • 19. 19 Os estudos de Piaget no campo da Psicologia evidenciaram que o conceito de Identidade ocultava a complexidade ainda não suspeita. Os dois paradoxos da Identidade faziam deste conceito um enigma, ao que parece, insondável: a) A Identidade se faz patente só através de “o outro”. b) A Identidade tem uma essência invariável já que se transforma constantemente, devido a sua dimensão espaço-temporal. Assim a Identidade é sempre única e, ao mesmo tempo, muda de aspecto com a idade. A palavra-guia de Parmenides “o mesmo” se aplica no princípio de identidade segundo Heidegger: consigo mesmo é cada mesmo A, mesmo. Ele propõe escutar a ressonância ontológica do “é” na fórmula A é A. “A interpelação da Identidade fala pelo Ser do Ente” Heidegger Através da convivência com o grupo EU me faço presente na presença do TU, propiciando a Integração e o Fortalecimento da Identidade. “Nossa identidade se revela na presença do outro” Rolando Toro Araneda O olhar em grupo identifica o núcleo afetivo e determina a diferença entre EU e TU ou EU e NÓS. Com o olhar eu me identifico comigo mesmo ao enxergar o outro, adquirindo a capacidade do vínculo afetivo. “O fato de ocorrer uma vivencia integradora aumenta a pulsação da identidade e a eleva a uma espiral evolutiva. Neste momento, surge o fluxo regulador e expressivo de si mesmo” Cesar Wagner Góis
  • 20. 20 O poder de vinculo se dá quando percebemos o “outro” fortalecendo a nossa identidade na alegria de “ser com outro”, em harmonia. Segundo Martin Buber não existe o “eu” mas o “nós”. A identidade se faz patente só através de “o outro”, e tem uma essência invariável que se transforma sempre devido ao espaço- temporal. “A “via régia” para compreender a Identidade é o transe musical” Rolando Toro Araneda A vivencia em Biodanza proporciona a oportunidade do indivíduo se enxergar, ser ele mesmo, experimentando a sensação de ter um corpo como fonte de prazer e como potencialidade capaz de expressar-se criativamente. O desenvolvimento da identidade vai de encontro a convivência maior com outras pessoas. A identidade integrada vive a uniformidade de vida com Vitalidade, Sexualidade, Criatividade, Afetividade e Transcendência, ou é vivenciada ao constituir uma criatura única em intimidade com o vivente e a percepção corporal de forma autônoma. O olhar desmitifica o julgamento e a crítica na medida em que integra com o outro, através da vivencia, a identidade de cada um, um enxergando no outro a sua continuação, a continuação da espécie. 1.2.3. Estádio de Espelho de Lacan A criança que encara com seu olhar o adulto, faz isso de forma sublime e deslavada até os 3 ou 4 anos, perdendo esse encanto com a repressão e os preconceitos do meio.
  • 21. 21 “A estrutura da identidade advém no momento do contato afetivo inicial com a mãe (contato tátil, visual e vocal)” Identidade segundo René Spitz. Segundo Spitz a estruturação da identidade do bebê ocorre no momento dos contatos afetivos iniciais com a mãe. Figura 1 Vemos na foto da figura 1, o menino no segundo mês, acompanha com o olhar o rosto do adulto. Figura 2 Na figura 2, durante a mamada o menino não tira os olhos do rosto da mãe.
  • 22. 22 Figura 3 Figura 4 Na figura 3, reage ao rosto sorridente do adulto, e tem uma reação ao rosto de perfil do adulto na figura 4.
  • 23. 23 Figura 5 Na figura 5 a criança se sente só ao não ter a atenção do adulto, o seu olhar de reconhecimento Segundo Lacan “a identidade se estrutura no estádio do espelho, o menino tem uma experiência antecipada de si”. O Estádio do Espelho, segundo Lacan, “o olho, nosso primeiro aparelho de coordenação do espaço, que começa a percebê-lo, registrá-lo e organizá-lo “antecipadamente, ou seja, desde muito antes que o organismo possa mobilizar-se e deslocar-se fisicamente nesse campo, já que a ORGANIZAÇÃO DO OLHAR PRECEDE O GESTO E A PALAVRA. É o nosso primeiro aparelho de controle, de conexão e de contato com o mundo exterior. Esse aparelho registra em sua história um momento fundamental: o Estádio do Espelho. Lacan vai além, teorizando o momento da constituição do EU MEDIANTE A IDENTIFICAÇÃO COM A IMAGEM DO OUTRO atribuindo a imagem papel fundador na constituição do eu e na matriz simbólica do sujeito.
  • 24. 24 A criança se antecipa numa unidade a partir da imagem do outro, ou seja DA IMAGEM do corpo próprio encontrada no espelho. A visão do corpo inteiro no espelho desperta manifestações de júbilo na criança, que OLHA PARA O ADULTO PARA ENCONTRAR, NO OLHAR DO OUTRO, A CONFIRMAÇÃO DO QUE VÊ NO ESPELHO. O espelho é o próprio olhar da mãe pois a criança nunca teve espelho. Uma criança pequena, de 2 a 3 anos, vê o adulto tal qual ele se apresenta. Já o adulto tende a ver somente em função do julgamento coletivo. A criança descrê da palavra e acredita na visão, vendo tudo o que há para se ver. O Estádio do Espelho de Lacan é o precursor da dialética da alienação do sujeito no eu. O espelho é o ponto de partida da” subjetividade humana já que a imagem do corpo próprio é uma espécie de matriz simbólica do sujeito, protosímbolo de sua presença no mundo”. A dissociação do ser, se tem na imagem do sujeito que se vê a si mesmo não se enxergando na presença do outro por que a imagem é dele própria e essa dissociação parte da alienação do mundo moderno. O corpo real é como o vaso refletido no espelho, inacessível ao olhar. É através dessa tela do espelho plano que o EU pode se reconhecer na imagem do outro, pode se projetar (sua imagem) numa relação que pode ser lida como PROJEÇÃO DE UM EU IDEAL. “Quando, diante do espelho nos deparamos com nossa imagem, pode haver um momento em que ela se modifique, como aponta Lacan, sobretudo quando há um momento em que o “o olhar que aparece no espelho começa a não olhar para nós mesmos”.
  • 25. 25 Essa transformação do objeto, de reconhecível e intercambiável, para um objeto privado e incomunicável que pode dominar disformicamente, o sujeito em suas fantasias, é o que marca o que Lacan chamou de “initium, aura, aurora” de um sentimento de estranheza, que é a porta aberta para a angústia. Por se estar refletido no espelho o homem se enxerga único e principal na existência não entendendo o essencial: o seu semelhante que o revela, projeta e dimensiona a sua grandeza, é o que pode dar as mãos numa comunhão cósmica de reconhecimento da vida no simples e sublime gesto do olhar. 1.2.4. Vinculo através do Olhar Ao falarmos em vinculo precisamos atentar que o olhar é o espelho de um grupo afetivo, pois ele se dá com o reconhecimento do outro e do grupo. O vinculo se dá nesse contato visual na vivencia integradora provocando emoção e alegria do “estar com”. O olhar traz o mistério do momento vivido em grupo mas que vai se desmanchando, esse mistério, com o intensificar da vivencia. A partir desse olhar emocionado e inocente cria-se condições para que o vínculo se dê e se solidifique provocando a força da convivência e do prazer de estar em grupo. O olhar em grupo reconhece, valoriza e dá a dimensão do ora vivido, trazendo a autoestima, o estar bem, o estar em vinculo biodançante. Os exercícios de olhar em grupo vinculam porque geram sensações de “estar vivo”, gerados a medida que se aprofunda a convivência.
  • 26. 26 O vínculo se dá também através do contato e da caricia, mas o olhar é o identificador do reconhecimento em grupo. A importância do olhar que vincula é o mesmo que nos faz pertencentes a ordem cósmica. 1.2.4. Mito de Narciso Narciso que vivia debruçado no lago para observar sua beleza refletida na água tinha somente olhos para si e desprezava a realidade por não ter aquele a quem tanto amava – a si próprio. Na visão de Ovidio, tem o seu final com a morte. Oscar Wilde tem uma visão diferente desse final contando que após a morte de Narciso, as oréiades, deusas do bosque, observaram que o lago se transformou em um cântaro de lágrimas salgadas, choradas pelo próprio lago, inconformado com a morte de Narciso. E o interpelaram ficando surpresas quando o lago disse não ter reconhecido a beleza de Narciso, por se achar refletido nos seus olhos a sua própria beleza. Este espelho apresentado por Wilde reflete como Narciso, o que o próprio lago viu somente a si. Tendo espelhado a imagem do herói, não se permitiu ver a beleza expressa pelo outro, tão preso que estava na visão da sua própria beleza refletida no fundo dos olhos de Narciso. Narciso e o lago não se enxergaram e não reconheceram suas diferenças, ou não se permitiram revelar-se um ao outro. Tal qual no espelho de Lacan, a imagem refletida no lago,provoca a descoberta de si, com a constituição do eu mediante a identificação com a imagem do outro.
  • 27. 27 O espelho, segundo o mito, funciona como um alter-ego, ou seja o seu próprio ego ao refletir a própria imagem tal qual aparece, daí a infelicidade da personagem. 1.3. Olhar e o Modelo Teórico de Biodanza 1.3.1. Modelo teórico O “Modelo” nos permite pensar de maneira prática a relação entre um sistema normal (criado pelo homem) e seu exterior “natural”. Um modelo é um instrumento de pesquisa e manipulação de um determinado conjunto de fenômenos observados, através do qual é possível descobrir relações de coerência. E foi assim que Rolando Toro criou o Modelo Teórico de Biodanza baseado em pesquisas feitas em 1965 com dança no Hospital Psiquiátrico de Santiago do Chile com enfermos mentais. Na primeira experiência, foi observado que os exercícios de dança com o objetivo de induzir harmonia e tranquilidade nos pacientes psiquiátricos gerou desconforto ao levá-los a estados regressivos provocando alucinações e delírios que se acentuavam por vários dias. Na experiência seguinte com danças euforizantes a partir de ritmos alegres, a motricidade deles melhorou sensivelmente, propiciando um notável aumento do sentido de realidade e a desaparição dos delírios e alucinações. Os exercícios apresentados tiveram respostas neurovegetativas especificas, senão vejamos: *Exercícios euforizantes estimulavam a identidade com respostas simpático- adrenérgicas.
  • 28. 28 *Exercícios de regressão apresentavam respostas parassimpático- colinérgicas. O primeiro eixo do modelo teórico foi desenhado sendo aperfeiçoado com o tempo. CONSCIÊNCIA SI MESMO REGRESSÃO Toro estruturou um conjunto de exercícios e músicas uns reforçando a identidade e outros que induziam o transe. Identidade Regressão Transe Categorias do polo Identidade Categorias do polo Regressão Expansão Centrífuga Ampliação de consciência Percepção de si como centro do mundo Incorporação aferente de estímulos Percepção realista Tensão centrípeta Dissolução na totalidade Regressão aos estados primordiais Entrega e fusão com o todo Os potenciais genéticos se expressam dentro deste campo pulsante, centrípeto-centrífugo em que o primeiro é movimento para fora e o segundo é movimento para dentro, intimo. A evolução do Modelo Teórico propiciou sua aplicação em todas as pessoas sejam enfermas com quadros clínicos diversos como em pessoas normais.
  • 29. 29 Através do processo evolutivo dos alunos, dentro das cinco linhas de vivencia (potencial genético) chegou-se ao modelo atual. MODELO TEÓRICO
  • 30. 30 O potencial genético se estimula através das cinco linhas de vivencia em exercícios integrados de Biodanza, propiciando bem-estar e alegria de estar em grupo:  Vitalidade - potencial de equilíbrio orgânico, ímpeto vital, harmonia biológica e homeostase;  Sexualidade- potencial de sentir desejo sexual e prazer;  Criatividade- potencial de renovação, criar-se a si mesmo, realizar atividades artísticas e ser criativo em cada ato de viver;  Afetividade- potencial de amor indiferenciado que abarca a todos indistintamente. O afeto que ultrapassa fronteiras;  Transcendência- potencial de transcender, de ir além de si, expandindo a consciência em êxtase místico. As linhas de vivencia tem origem nas Protovivencias, sensações orgânicas que o bebê protagoniza nos primeiros 6 meses de vida:  A Vitalidade parte do movimento, atividade e repouso do bebê;  A Sexualidade do contato e das primeiras sensações de prazer através das caricias e no ato de amamentar;  A Criatividade provem da curiosidade pelas mudanças de posição no ambiente, a linguagem e o grafismo;  A Afetividade é estimulada através da protovivencia de amamentação e nutrição;  A Transcendência parte da protovivencia de plenitude e harmonia com o meio. O desenvolvimento evolutivo de cada individuo se dá a medida que os potenciais genéticos se expressam através da existência.
  • 31. 31 Os fatores ambientais que determinam a expressão do potencial genético se denominam “ecofatores”, que podem ser positivos ou negativos se permitem ou bloqueiam a expressão de potenciais. Uma sessão de Biodanza é um bombardeio de ecofatores positivos sobre a função integradora-adaptativa-limbico-hipotalamica, potencializando a expressão da identidade. As funções vitais, sexuais, de renovação biológica, afetiva e de expansão da consciência são estimuladas através das vivencias sobre os centros límbico- hipotalamico. Tais funções tem origem genética. O Modelo Teórico de Biodanza consta de um eixo vertical que ascende desde o potencial genético (desenvolvimento ontogenético), e um eixo horizontal (consciência da Identidade-Regressão). Em torno das linhas de vivencias entrelaçadas em forma de espiral ascendente, se encontra um virtual eixo horizontal que oscila entre dois pólos de forma pulsante. 1.3.2 O Olhar no Modelo Teórico
  • 32. 32 Partindo desse eixo Identidade -------- Regressão podemos dizer que no estado de Consciência de Identidade o indivíduo se percebe como centro do mundo, com seus olhos abertos, enquanto que na regressão, o indivíduo tende a dissolver- se na totalidade do universo, perdendo os limites corporais e vivendo o Indiferenciado. No regresso à consciência, ele adquire uma nova visão ampliada, enxergando o universo através do olhar cósmico, Se a ampliação da consciência se dá de Olhos Abertos, com a percepção do olhar que enxerga a vida a seu redor e capta a sua beleza, a regressão acontece de olhos fechados com a identidade sendo diluída, ou seja, naquele momento, a identidade faz parte de um todo, indistintamente. A integração se dá com o estimulo do potencial genético individual dentro da espiral passando pelo eixo de Identidade-Regressão, dois estados biológicos que pulsam entre a “consciência de si e do mundo” e a “fusão com o todo”(regressão). O estado de regressão é uma volta psicobiológica a períodos pré-natais ou da primeira infância. A pessoa perde os limites corporais, diminui a vigilância e se abandona a um estado cenestésico semelhante ao do bebê dentro do útero. O renascimento através da regressão provoca um estado de bem-estar cenestésico, renovação biológica afetiva e de expansão da consciência. O outro lado do eixo, a percepção de si, do outro e do cosmos. O núcleo central do Modelo Teórico de Biodanza é o eixo Identidade (olhar o mundo) ------Regressão (olhar íntimo) e a espiral do potencial genético com as cinco linhas de vivencia. Ao retornar a consciência, ressurge a identidade agora pulsante ao se perceber como parte de si no mundo, sendo parte do mundo, nas vivencias de expansão da identidade acontecidas através das cinco linhas de vivencia(Vitalidade, Sexualidade, Criatividade, Afetividade e Transcendência).
  • 33. 33 A experiência de regresso ao indiferenciado onde a própria identidade se tem como parte da Identidade do “Todo”, constitui o ponto de união entre Identidade e Regressão. 1.3.3. Exercícios de Olhares em Biodanza Faço menção a alguns exercícios de olhares em Biodanza que estimulam através do olhar, a integração e o reconhecimento em um grupo regular. - Roda de Iniciação ou (Roda de Integração Inicial) - Inicia-se a Roda estimulando-se o contato visual para reconhecimento dos que fazem parte dela. De maneira espontânea as pessoas vão se percebendo,através do deslocamento da roda. - Sincronização Rítmica em Pares - A sincronização é a procura de um movimento comum aos dois, estimulada pelo ritmo, frente a frente, em que o olhar é espontâneo a dois. - Sincronização Melódica em Pares - Tal qual a rítmica o olhar é estimulado, sendo preponderante a melodia a dois. - Rodas Concêntricas de Olhares - São organizadas duas rodas, uma por dentro da outra, de forma que cada participante fique frente a frente com uma pessoa de modo a poderem olhar-se mutuamente nos olhos. Ao iniciar a musica, cada roda começa a girar para a direita muito lentamente. As pessoas olham nos olhos de quem está a sua frente de forma natural, com inocência, olhando como se olharia uma criança,e reconhecendo-se um ao outro. - Dança de Eutonia - A Dança de Eutonia é realizada com a união dos dedos indicadores da mão direita de duas pessoas, que vão dançando e se deslocando mantendo os dedos unidos. O exercício envolve a comunicação afetiva através do olhar.
  • 34. 34 - Encontro de Mãos e Olhares - Duas pessoas se aproximam progressivamente e se tomam pelas mãos olhando-se nos olhos mas sem se abraçar. - Jogo do Leque Chinês em Pares – Duas pessoas se colocam frente a frente e cobrem parcialmente seu olhar formando uma “teia”, ou “véu”, com suas mãos, deixando os dedos afastados como um biombo vazado. Através dos interstícios, e numa dança sensível, os olhares se procuram, se encontram, às vezes, com aproximação dos corpos, outras vezes se afastando. Quando se sente que há uma conexão de confiança, as mãos se separam, revelando assim uma parte do rosto e do olhar, até se abrirem mostrando-se completamente. De forma espontânea vai se permitindo o olhar, olhar o outro deixando-se descobrir e entender o olhar como expressão natural, nada mais. - Roda Final - Como ocorre com a Roda Inicial agora o olhar é de agradecimento pelos momentos vividos pelo grupo, reconhecendo-se a importância de cada um. 1.3. O Olhar Biocêntrico - A poética do Olhar “Não vês que o olho abraça a beleza do mundo inteiro(...) É janela do corpo humano, por onde a alma especula e frui a beleza do mundo, aceitando a prisão do corpo que, sem esse poder, seria um tormento (...). Quem acreditaria que um espaço tão reduzido seria capaz de absorver as imagens do Universo” Leonardo da Vinci “A omissão do olhar é um dos fundamentos da sociedade autoritária”. “Somos treinados desde muito cedo a omitir o que vemos”. “Em nossa espécie, a palavra nos roubou a luz”. “Pretende-se encontrar a luz...nas palavras sem os olhos” “Só o olhar pode...ver o caminho” J.A. Gaiarsa “Sou visto, logo existo” Rolando Toro
  • 35. 35 “É preciso esquecer o aprendido que nos fez adultos para ver o mundo com novos olhos” Rubem Alves “Quando me olhava no espelho Já havia envelhecido na imagem que me continha. Eu não era senão um menino que dançava Dentro de um homem de cem anos”. Rolando Toro Araneda Porque cremos que a visão se faz em nós pelo fora e, simultaneamente, se faz de nós para fora, olhar é, ao mesmo tempo, sair de si e trazer o mundo para dentro de si. Porque estamos certos de que a visão depende de nós e se origina em nossos olhos, expondo o nosso interior ao exterior, falamos em janelas da alma. Marilena Chaui em Janela da Alma, Espelho do Mundo. “Olho, e as coisas existem Penso e existo só eu” Alberto Caeiro - Fernando Pessoa “O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar, Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê Nem ver quando se pensa. Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!), Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender (...) Que difícil ser próprio e não ver senão o visível! Alberto Caeiro – Fernando Pessoa “Destaques de como o olhar sob a ótica do mundo moderno se desvirtuou por não enxergar a beleza e a sacralidade da vida” Marcos Santarossa
  • 36. 36 Falar sobre o olhar é como desnudar o mistério da existência, abrindo espaço para o maravilhoso. As pessoas que não olham, não se enxergam pois só se identifica consigo. Mesmo quem percebe o próximo, se espelha e se acha nele. No mundo atual, com a agitação cotidiana o olhar é motivo de inquietação, de medo e provoca reações de quem está sendo olhado. As pessoas se acham invadidas ao entender que o olhar representa julgamento, critica e interesse se atendo ao que o sistema impõe, não enxergando a beleza da simplicidade, do olhar embevecido e inocente. O mundo as fez esquecer o que de sublime existe: o olhar sob a ótica do simples. Crescemos e perdemos a inocência ao nos perder no esquecimento do olhar na sua mais pura essência. Para se falar em Olhar entende-se o desvendar do ora visto, o deslumbramento do acessado, o olhar sem parâmetro ou pensamento. Simplesmente olhar, e se encantar com o que se vê imaginando ou percebendo as belezas do mundo. É assim o olhar, bonança que nos faz ver o que deve ser visto: a beleza da vida. Para Demócrito, os olhos, feitos de átomos d’água, são espelhos onde vem refletir-se átomos de fogo (fonte de luz) que se desprendem das coisas luminosas ou iluminadas, espalhando-se pelo ar e alcançando os olhos, onde se espelham.
  • 37. 37 O olhar, misterioso como o vêem, é aberto a luz e a vida. Por ele, se enxerga a imensidão do Universo, a estrela a distância, o mar próximo, a flor no jardim e o passarinho que pousa distraidamente em sua janela. “Segundo o discurso de Epicuro e de Lucrécio, o mundo se dá ao olho humano, porque a natureza desenvolve um movimento constante, veloz, febril, desprendendo da superfície dos seres os “simulacra” (eidola, em grego), figuras que duplicam sutilmente a forma superficial das coisas.Os simulacros, por serem materiais, embora tenuissimos, vem ao encontro dos nossos olhos, trazidos que são pelos raios da luz solar, estelar ou lunar. São essas figuras impalpáveis que, entrando por nossas pupilas adentro e impressionando as nossas retinas, nos aparecem como imagens da natureza e de nossos semelhantes.” “Os olhos recebem passivamente, com prazer ou desprazer, contanto que estejam abertos, verdadeiras sarabandas de figuras, formas, cores, nuvens de átomos luminosos que se ofertam, em danças e volteios vertiginosos, aos sentidos do homem. E o efeito desse encontro deslumbrante pode ter um nome: conhecimento. Conhecer é ser invadido e habitado pelas imagens errantes de um cosmo luminoso”. Alfredo Bosi – Fenomenologia do Olhar “Pensar é estar doente dos olhos” no olhar de Alberto Caeiro, uma visão mais intensa, captada no real. Através do olhar enxergamos o outro e o Universo, participes que somos do movimento da vida. Sem esse olhar de deslumbramento perante a vida não há integração, não há reconhecimento, é como se as partes desse todo estejam desconectadas. Diante do meu olhar biocêntrico passei a enxergar o movimento da vida e o que há de mais profundo em mim revelando a essência e a minha selvagem
  • 38. 38 inocência. Em mim revelou minha base instintiva que é a sabedoria biológica da espécie em sua própria lógica. O meu instinto primordial de conservação da vida me trouxe uma experiência fantástica ocorrida na Chapada Diamantina há algum tempo. Caminhava pela trilha na volta de uma vivencia por uma cachoeira quando de repente escorreguei e iria cair no precipício quando num reflexo jamais pensado em mim, me agarrei a um galho de árvore fincado na rocha próxima do precipício. O instinto de sobrevivência falou mais alto e me trouxe a certeza do primordial em mim, ao me agarrar a um pequeno arbusto e me salvar de cair no vácuo. O meu olhar enxergou esse episódio como uma renovação de vida e um resgate da função originária, o instinto que representa a natureza em mim não tendo nenhuma experiência prévia e que se repete nos indivíduos da mesma espécie. O meu olhar biocentrico me fez expectador de momentos de êxtase ao perceber o espetáculo da natureza em seu movimento natural. Estava eu e meu grupo de vivencias na Chapada Diamantina subindo uma trilha quando nos deparamos com uma cobra que acabara de engolir uma cobra menor e por alguns momentos ficamos a espreitá-la. Ela ficou imóvel sentindo nossa aproximação e o guia orientou no sentido de passarmos ao lado dela sem movimento brusco. E assim foi feito. E o que se viu foi que todos passaram e só então ela se moveu em direção ao mato próximo. O instinto do animal percebeu a nossa intenção de passar sem ameaçá-lo e ele simplesmente deixou isso acontecer. Sabedoria da natureza em sua expressão do movimento cósmico. Em outra ocasião, olhei um beija-flor saltitando e bicando a água que escorria de uma rocha em trilha de subida na Chapada.
  • 39. 39 Se eu não tivesse a percepção do olhar biocêntrico não teria observado a beleza no simples movimento natural da vida! E foi com esse olhar perceptivo que vivi uma das mais profundas vivencias que me aconteceram. A noite muito cansado das andanças pelo vale na Chapada, adormeci e quando acordei no dia seguinte me dei conta que foi um sono sem sonhos, sem inquietações um sono muito reparador. Havia dormido igual a um pássaro, houve um interregno desde o momento que adormeci até o meu despertar: um sono de passarinho! Me percebi grandioso como o é o passarinho em sua essência inocente e natural, me percebi pertencente à vida e ao cosmos, me percebi integrado a natureza. Com o meu olhar biocêntrico, houve a expansão ampliada do meu ser e a manifestação da vida no cosmos, uma hierofania digna do que é belo e insondável. Percebi a grandiosidade da vivência na consciência ampliada que em mim se deu.
  • 40. 40 CAPÍTULO2: O PROJETO RIO-ABRACE 2.1. Biodanza e Ação Social “A Biodanza na ação social oferece meios de resgate da cidadania a partir do reforço da identidade individual, grupal, comunitária e cultural, favorecendo a noção de valor intrínseco e de importância dentro da sociedade. Resgata a potencia de agir no mundo e modificar realidades opressoras a partir de uma noção vivencial de dignidade” Myrthes Gonzalez A Biodanza por seus princípios sempre causa um impacto nas estruturas sociais ao tratar da ação social pois propõe o resgate da dignidade reforçando a identidade. Se entendermos que a Biodanza desperta, vincula, provoca o afeto, a solidariedade e a indignação social frente ao desrespeito e a opressão podemos considerá-la como ação social. Mas existe um passo além que é a busca que se empreende em relação as estruturas sociais. Situações de miséria, violência de todo tipo, abandono, descaso com os direitos essenciais geram uma desqualificação da presença do individuo na sociedade formando pessoas que desconhecem seus direitos básicos como cidadãos. São os excluídos que se excluem a si mesmos, pelo desconhecimento de sua potencia e lugar no mundo. A Biodanza procura estimular através das vivencias, o lugar que é de cada um no mundo, fazendo entender que a exclusão não é normal, a privação retira os
  • 41. 41 seus direitos como cidadão, para que o participante reconheça o seu valor, seu potencial e enxergue o valor e o potencial dos outros. O resgate que se quer é o cuidado com a vida, conquistado com a autoestima, vinculo em feedback com o ambiente, amizade e solidariedade. O estimulo a mudanças se dá com a construção coletiva, a procura do bem- estar de todos. O enfoque da Biodanza na Ação Social é o resgate da identidade em sentido amplo e profundo. Os aspectos mais importantes desse processo são: - Valor da Expressão Cultural – A identidade da comunidade traduz-se com sua manifestação cultural. É importante observar e validar a cultura do local frisando que cada pessoa é única, singular, não havendo coincidência de códigos genéticos, que a vida é sagrada e quando a desrespeitamos ela se torna violenta e destrutiva ao não enxergarmos o sagrado na natureza e nas pessoas. - Potência – A Biodanza propõe e estimula nas pessoas a percepção de si como seres capazes de mudança e ação concreta no mundo. A Identidade conquista seu espaço com a percepção da potencia em si. - Capacidade de Adaptação e Mudança–Por serem complementares, em Biodanza as chamamos de capacidade de fluidez. A pessoa muda a medida que se adapta ao ambiente sem abrir mão de suas prerrogativas e de seu lugar no mundo. É o movimento da água que desce pelo rio e ao encontrar as pedras, os galhos de árvores, as dificuldades vai contornando os obstáculos fluindo, se impondo em sua capacidade de adaptação.A fluidez é o sinônimo da liberdade com responsabilidade e comprometimento. Circular por uma rede de vínculos com muitas possibilidades é o propósito da Biodanza. - Reflexão Profunda Sobre os Próprios Valores e Lugar no Mundo – A Biodanza proporciona um ambiente que amplia a percepção, estabelecendo uma
  • 42. 42 visão objetiva das maneiras de se estar no mundo, dos valores que possibilitam um contato com o potencial criativo como instrumento de transformação. Não cabe ao facilitador questionar sobre a forma de viver ou se relacionar do participante. - O Desafio do Facilitador – No campo social, o Facilitador deve compreender o ambiente em que está inserido, não interferindo nos hábitos culturais diferentes do seu no local. A sua proposta é resgatar a identidade de cada um, que se perceberá potente e atento aos seus direitos básicos e a sua importância e lugar no mundo, respeitando a vida com afetividade, empatia, gestos solidários e comunhão com todos os atuantes do processo. O Facilitador busca atuação em rede, atendendo a maioria das pessoas, dos participantes a funcionários e familiares procurando desenvolver o potencial de cada um dos envolvidos com princípios de vinculo, empatia, relação em feedback e solidariedade. 2.2. Parceria com a Rio Abrace Associação Beneficente de Combate ao Câncer- RIO-ABRACE é uma Associação de Assistência Social, Beneficente, Filantrópica e Educacional. Iniciousuas atividades no Rio de Janeiro em julho de 2003. Os benefícios oferecidos às pessoas carentes em adoecimento do câncer são totalmente gratuitos e extensivos aos familiares. O trabalho desenvolvido visa amenizar as dores físicas, sociais e emocionais decorrentes do câncer, proporcionando qualidade de vida, inclusão social e informações acerca dos direitos sociais garantidos por lei, entre outros. Mais de 800 pessoas já receberam sua ajuda ao longo destes anos de trabalho.
  • 43. 43 Para atender as pessoas cadastradas, bem como seus familiares a RIO- ABRACE conta com uma equipe de profissionais técnicos e voluntários, composta por:  Assistente Social: Carmem Lúcia Gomes Amaral;  Psicóloga: Aparecida Coelho Esteves;  Advogada: Isabel Cristina de Oliveira Saad Nalin ;  Fisioterapeuta: Maria da Penha de Souza de Assis Pacheco;  Nutricionista: Dilma Ribeiro da Silva;  Além de instrutores de artesanato, professora de alfabetização e equipe de apoio. Objetivos Suprir todas as necessidades com alimentação básica e suplementar, comprar os medicamentos prescritos em receita médica, pagar exames médicos de baixo e alto custo, comprar próteses mamárias, bolsas de colostomia, fraldas geriátricas e materiais de suporte para o tratamento, comprar vale-transporte para que não haja interrupção do tratamento pela falta de recursos, entre outros benefícios. E ainda: oferecer atendimento social, psicológico, jurídico, fisioterapeuta e nutricional, além de desenvolver atividades educativas e de socialização visando à melhoria da qualidade de vida dos assistidos e familiares através de Palestras, Atendimento em grupo e Terapias Complementares. Valores Compreensão da pessoa na sua totalidade, igualdade de acesso aos serviços e benefícios, atendimento humanizado, respeito, responsabilidade, comprometimento o acolhimento aos assistidos, que deve ser compreendido não somente com o ato de receber bem, mas também saber ouvir a demanda e buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela.
  • 44. 44 2.3. Apresentação do Projeto de Biodanza O Projeto procurou atender, inicialmente, o lado emocional do grupo assistido pela Associação, em suas questões de baixa autoestima, falta de vitalidade, sentimento de impotência e de negação da identidade, provocados por fatores sociais, econômicos, geográficos e principalmente pelo tratamento-recuperação dos efeitos do câncer. Com esse propósito e todo o apoio da Associação que disponibilizou o espaço, a infraestrutura, o dia e a hora em que as aulas iriam ocorrer, aliados a boa vontade do pessoal de recepção e apoio, foi dado início ao projeto. 2.4. Objetivos Específicos do Projeto Provocar no grupo assistido um sentimento maior de confiança, de autoestima e de enfrentamento dos problemas causados pela doença e suas consequências pós, através de um trabalho que visa colocar as pessoas no seu cenário de vida, saberem-se dignas, possuidoras do direito de espaço e prerrogativas para uma vida melhor. Estimular a expressão da identidade, através de exercícios específicos, dando a cada um a oportunidade de se ver integro, vivo e merecedor de uma vida mais digna. Atentando para o fato primordial que através de exercícios objetivos, se chega a uma melhor renovação orgânica e a percepção do sentimento de estarem no mundo, ao escutarem as batidas de seus corações e a respiração que gera vida de forma natural, renovação na percepção de se olharem a si mesmos e entenderem o fluxo maravilhoso da vida independente das dificuldades.
  • 45. 45 CAPÍTULO 3: APLICAÇÃO DA BIODANZA NO PROJETO RIO-ABRACE 3.1. Trabalho na Associação Rio-Abrace Na Associação Rio-Abrace em Olaria-RJ onde comecei a dar aulas de forma voluntária, passei a enxergar nas pessoas as dificuldades de integração, de entrega, de reconhecimento, de amor, dificuldades essas que se observam nos grupos que começam a se formar. A diferença no meu caso foi de que se trata de pessoas assistidas, portadoras ou em fase de recuperação de câncer. O que presenciei com o tempo e o meu olhar atento e deslumbrado com o movimento desse grupo, foi a alegria a cada semana ao me ver estimulando o convívio, o contato, e o cuidado, que aos poucos foram dissolvendo a rigidez, abrindo-se sorrisos, criando-se laços de amizade. A minha sensação de gratitude por estar ajudando-facilitando essas pessoas foi de estar aprendendo com eles mais do que ensinando ao se sentirem mais afortunadas com o sentido e a sacralidade da vida. O meu olhar, ampliado na possibilidade de gerar mais conforto, tranquilidade e contentamento se fez sensível na importância da Biodanza como um sistema integrador na origem de novos modelos de comportamento que respondem as necessidades vitais básicas. Principalmente em pessoas com as mais diversas dificuldades, mas que com a Biodanza enxergaram essa mudança no decorrer das semanas ao se mostrarem mais sensíveis, mais despertas, mais integradas. A autorregulação no processo de cada um deles foi fundamental para que percebessem a renovação orgânica, desafio em suas vidas.
  • 46. 46 A Biodanza trouxe para eles a oportunidade de integração, superação através da alegria ao provocar através da música, movimento, o canto e encontros no grupo novas perspectivas. Eu, com o meu olhar, me abri a permanente escuta desse grupo com suas necessidades e vontade de superação. Estou imensamente honrado com a oportunidade de participar desse grupo tornando viável a transformação do modo de vida das pessoas através da Biodanza. A experiência que agora relato, emocionado e agradecido, não teria sido possível sem o apoio e o desprendimento da Associação que se colocou à disposição, dando todo o apoio necessário para a realização desse intento, ao acreditar na Biodanza como sistema integrador e renovador. O meu olhar se descortinou atento ao movimento da vida que se fez presente em minhas retinas, na oportunidade de estar facilitando vidas, abraçando vidas. 3.2. O Grupo Regular – Características O Grupo é formado por pessoas entre 40 e 75 anos, a mais velha, e foi iniciado em 18 de Março de 2015 com 17 pessoas. Com o desenvolver das aulas e as dificuldades de cada um em adequar horário e tempo o grupo regular passou a ter de oito a doze pessoas. Com esse grupo desenvolvi o meu trabalho durante o ano privilegiando a escuta e a atenção e as consignas preparadas com muito carinho com músicas que estimularam o convívio, a alegria, a autoconfiança e a autoestima e a expressão da identidade e a amizade no grupo.
  • 47. 47 3.3. O Programa Comecei a primeira aula com 17 pessoas que se deram as mãos pela primeira vez, mesmo sendo assistidas pela Associação portadoras do diagnóstico afim: em tratamento ou na fase posterior, ou seja, as que tem apoio psicológico pós- trauma vivido. Falei na importância da Roda, onde as pessoas se conhecem e se reconhecem, dançam e se olham mesmo timidamente celebrando a vida. Essa primeira aula teve como tema o “Despertar para a Vida” propondo a conexão com a vida, e a busca de uma existência mais leve e alegre. A aula foi pautada pela alegria com brincadeiras de infância, movimentos espontâneos, o contato com a própria respiração e a leveza superando a rigidez. - Aulas 2 a 4 Nas três outras aulas, o objetivo foi despertar a autoestima e a crença em si, focando na importância de estar vivo, valorizando o próprio ato de viver, com a celebração do encontro, a alegria no caminhar. - Aulas 5 a 8 Nessas aulas, os exercícios propostos Deslocamento Suave(desaceleração) Respiração Dançante (conexão consigo) e a Dança Livre (a alegria no movimento) focaram no elevar da autoestima, da confiança em si e a celebração do encontro buscando sempre a integração motora. - Aulas 9 a 12 Procurei dar ênfase como nas aulas anteriores na espontaneidade e na alegria proporcionando tônus vital e na desaceleração para haver a conexão consigo mesmo, no prazer do movimento pelo movimento.
  • 48. 48 Os exercícios-chave foram a Dança de Extensão Máxima para expansão dos limites corporais, A Sincronização Melódica para trazer o movimento com a melodia e a Dança de Expressão Melódica coordenando a melodia com a expressão de si, o estar no mundo. Mostrei a importância da integração do grupo induzindo a maior afetividade. - Aulas 13 a 16 A percepção da dificuldade motora em alguns alunos me fez procurar dar ênfase nos exercícios envolvendo a harmonia através da Dança de Extensão Harmônica visando a uma maior harmonia, a Respiração sem Música (contato consigo) e no Deslocamento Suave exercício de soltura corporal, frisando no grupo desde a primeira aula na importância da autorregulação. Exercícios de fluidez acompanharam toda a sequência das aulas para quebrar a rigidez provocada pela tensão crônica, trazendo a sensibilidade e a leveza com exercícios de brincadeiras e de alegria como o caminhar, o lúdico estimulando a integração do grupo e o reconhecimento de si na importância de fazer parte do grupo. - Aulas de 17 a 20 A Partir da aula 18, introduzi exercícios de Posição Geratriz do Código I. Percebi nessas aulas uma maior desenvoltura por parte dos alunos mais integrados se percebendo integrante do grupo. A integração motora já apresentava melhoras sensíveis em todos, a partir do momento em que a alegria e a confiança em si provocava o reconhecimento do outro. Foi com uma emoção e uma alegria imensa, me senti premiado pelas dificuldades iniciais de trabalhar com um grupo que me exigiu muita atenção e dedicação. O progresso deles me deu a certeza do meu trabalho como facilitador
  • 49. 49 galgando mais uma etapa, com a sensação de estar atendendo o propósito da Biodanza que é facilitar a vida das pessoas. - Aulas 21 a 24 Como citado anteriormente introduzi as Posições Geratrizes que reverenciam e valorizam a vida celebrando a sua manifestação grandiosa. Percebi a integração do grupo com a amizade nascida das danças dançadas e dos movimentos alegres e lúdicos fazendo expressar a identidade de cada um, aproximando e exaltando a alegria de viver - Aulas 25 a 28 Com estas aulas, o convite foi expressar-se com danças no centro da roda, jogos de contato caminhando em grupo, aproximando o grupo afetivamente com rodas de embalo, caricias e abraços de coração a coração. Já se percebe com as Posições Geratrizes de Pedir, Receber, Dar, Dar-se que a autoestima está crescendo com a consequente valorização e posição de se sentir fazendo parte do todo, do grupo acolhido pela Biodanza que o fez entender o significado da vida. A Integração Afetivo-Motora está de mãos dadas com o grupo propiciando aconchego, reconhecimento, autoestima, valorização da vida e sentimento de pertencimento. Novamente, a emoção tomou conta de mim por estar proporcionando a integração do grupo. - Aulas 29 a 32 Foi um salto significativo de quando iniciei as aulas, olhando o desenvolvimento, a melhoria de cada um no processo de integração motora, na disposição física mesmo na limitação de cada um, na amizade surgida nas aulas de Biodanza, na valorização da vida e na sua reverencia, na afetividade no grupo e nos
  • 50. 50 exercícios que procuraram estimular a renovação orgânica, trazendo humor endógeno e sensação de bem-estar. Meu sentimento de gratidão e de júbilo se fez presente ao ser convidado a continuar dando aulas para o grupo e novas pessoas que estarão chegando em 2016. Sinto-me gratificado e feliz: valeu a pena, o trabalho vai continuar e eu vou estar com o grupo em mais um novo desafio. O Universo conspirou a favor, e minha existência ganhou um significado especial. 3.4. Depoimentos Os depoimentos e comentários foram acontecendo no decorrer das aulas mas destaco os seguintes: - a sensação de alegria e de plenitude ao agradecer a vida, e um sentimento de quietude e paz e renovação existencial nas palavras de uma aluna regular; - a percepção de quando iniciou a aula estar com dificuldade motora nas pernas mas que ao término da aula havia desaparecido tal dificuldade nos dizeres de outra aluna regular; - o comentário de outra aluna indagando se eu tinha disponibilidade de outro local e hora para atender uma pessoa interessada em fazer Biodanza; - um aluno regular que atua-dá força as pessoas que passaram pela mesma doença que ele, indo ao hospital de 15 em 15 dias, comentou se eu poderia dar aulas também no local onde ele dava assistência, para melhorar o estado anímico das pessoas ali hospitalizadas.
  • 51. 51 Esse gesto de reconhecimento ao meu trabalho me encheu de alegria e emoção e me fez entender que as dificuldades da doença não podem provocar desanimo e que a vida é muito maior que isso, é a mais pura manifestação de amor que pode ajudar as pessoas a terem mais saúde e alegria de viver; - por último, a psicóloga da instituição que agradeceu a minha disponibilidade ao me doar ao grupo, se colocando a minha disposição para nova etapa a partir de 2016, pois no seu entendimento a Biodanza trouxe benefícios e alegrias para seus assistidos, mais disposição e animus-vida e isso não tem preço, é o trabalho da formiguinha que vai se juntando as demais para alcançar o objetivo maior, a integração e o bem-estar comum a todos. 3.5. Fotos Eis o movimento da Biodanza no meu grupo na Associação:
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  • 55. 55 CONCLUSÃO Meu desafio que se iniciou com o grupo na Associação é despertar nas pessoas a possibilidade do olhar voltado para o sublime da vida, sem nuances ou viés, e entendendo também serem parte do todo universal. Ao se voltar para a Natureza, saber-se particípe da grandeza e da sacralidade da vida. É um desafio árduo mas compensador na medida em que mais pessoas vão se integrando através da Biodanza. Um desafio que me traz alegria por me possibilitar a inclusão através do olhar a magnitude do cosmos em sua infinita grandeza. Desafio enorme mas compensador de me ver abraçando a Biodanza na percepção do olhar que desmitifica, identifica e une no movimento, na dança, na música, expressando a nossa identidade, una em cada um de nós. É nesse desafio que me entrego e me torno forte, e vivo o momento da Biodanza como elemento único de transformação e possibilidade de olhar e me embevecer pelo que é de mais sagrado e verdadeiro: a Vida como Expressão Máxima do Universo. É nesse desafio que me engajo para estimular a conexão consigo mesmo, com o semelhante e o Universo no reconhecimento da totalidade maior: o cosmos. O meu desafio como Facilitador é despertar o sentimento de humanidade e solidariedade nas pessoas para que se possa dar um sentido maior a nossa experiência como seres humanos.
  • 56. 56 O meu desafio como facilitador vai ser espalhar sementes por todos os cantos onde eu estiver para que germinem e se transformem em árvores da vida, levando alegria e mais saúde para as pessoas. “Para a antivida, o antídoto é a Biodanza”. Marcos Santarossa “Nuestros pies y nuestro corazón son rítmicos. Nuestras manos son melódicas, como nuestro cuello y nuestra sonrisa. La armonía, en cambio, hay que buscarla em el fondo de los ojos, em el encuentro de miradas, donde se establece el circuito inicial, o de La vida” Rolando Toro Araneda
  • 57. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Bosi, A. – Fenomenologia do Olhar. O Olhar. Editora Schwarcz, 1999. - Chaui M. – Janela da Alma, Espelho do Mundo. O Olhar. Editora Schwarcz, 1999. - Gaiarsa, J. A. – O Olhar, Editora Ágora – SP, 2009 - Góis, C. W. de L. Artigo Arte-Identidade – Revista Pensamento Biocentrico, Número 4, Julho-Dezembro 2005. - Gonzalez, M. – Artigo Biodanza e Ação Social, Aspectos Básicos. Revista Pensamento Biocêntrico, Número 7, Janeiro-Junho 2007. - Lacan, J. “O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu”. In Escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora. - Lemos, S. A Vivencia de Transcendência. Gráfica Editora Pallotti 2ª Ed. 2013 - Pessoa, F. – Poesia Completa de Alberto Caeiro – Editora Schwarcz, 2001. - Toro, R. A. – Biodanza – Editorial Cuarto Própriy Espacio Indigo – Chile 2009 - Toro, R. A. – Extasis del Renacido, Editorial Galac, Venezuela, 1995. - Toro, R. A. – Inconsciente Vital e Principio Biocêntrico – Apostila do Curso de - Formação Docente de Biodanza – Sistema Rolando Toro. - Toro, R. A. - Identidade e Integração – Apostila do Curso de Formação Docente - de Biodanza – Sistema Rolando Toro - Toro, R. A. - Definição e Modelo Teórico de Biodanza – Apostila do Curso de - - Formação Docente de Biodanza – Sistema Rolando Toro.