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1
Biodanza e Cuidado de Si: Relato de Experiência com um
grupo de Enfermeiras em um Hospital de Ensino
Frances Valéria Costa e Silva
Fevereiro / 2015
Monografia apresentada à Associação Escola de
Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro,
como requisito parcial para obtenção do título
de Facilitador de Biodanza.
Orientadora: Leila Maria Augusta de Almeida
Didata em Biodanza
INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION
ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA ROLANDO
TORO DO RIO DE JANEIRO
MONOGRAFIA APRESENTADA À ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA
DO RIO DE JANEIRO, E APROVADA PELA COMISSÃO JULGADORA,
FORMADA PELOS DIDATAS:
___________________________________________
Leila Maria Augusta de Almeida
Orientadora
Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. RJ nº XXXX
__________________________________________
XXXXXXXXXXX
Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. RJ nº XXXX
________________________________________
XXXXXXXXXXX
Facilitadora Didata
International Biocentric Foundation
Reg. RJ nº XXXX
Visto e permitido a impressão
Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2015
____________________________
Andrea Zattar
Diretora da Associação Escola de
Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
International Biocentric Foundation
Reg. RJ nº XXXX
____________________________
Danielle Tavares
Diretora da Associação Escola de
Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
International Biocentric Foundation
Reg. RJ nº XXXX
DEDICATÓRIA
A todos que dançam a vida que existe em mim.
RESUMO
O texto apresentado tem como tema a biodanza no cuidado dirigido as profissionais de
enfermagem. Nasceu do encontro da experiência como enfermeira e da formação como
facilitadora de Biodanza. Deriva das observações de atitudes particulares e coletivas de colegas
de trabalho que denotam o descuido consigo e do questionamento sobre os efeitos da biodanza
sobre estas atitudes. Descreve a experiência de construir um grupo de biodanza dirigido aos
profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde.
Objetivos Descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido a
profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde;
Apresentar as estratégias utilizadas para a construção de um grupo de biodanza em uma
instituição universitária de ensino em saúde; Expor os caminhos metodológicos elencados para
o grupo; Demonstrar os resultados obtidos com as atividades desenvolvidas e Demonstrar os
fundamentos teóricos da biodanza que sustentam sua aplicação no desenvolvimento de atitudes
dirigidas ao cuidado de si. Metodologia. Trata-se de um relato de experiência vinculada a uma
atividade de extensão vinculada a uma universidade publica localizada no estado do Rio de
Janeiro ocorrida entre 2014 e 2015. É descrita a etapa de formação do grupo, suas
peculiaridades, as características que orientaram o desenho das aulas e a estratégia de avaliação.
Resultados e discussão. Sete participantes avaliaram os resultados obtidos. Este grupo foi
composto predominantemente por mulheres (6), com uma faixa etária homogênea, que variou
de 22 a 27 anos. Em relação aos ganhos obtidos com a participação no grupo destacaram-se três
categorias temáticas: A categoria “qualificação de relacionamentos” foi a que obteve mais
citações. O equilíbrio foi outra categoria que expressa demandas muito presentes em nosso
tempo. A consciência de si foi a terceira categoria encontrada. Todos os participantes
recomendariam a Biodanza para seus pares. Conclusões. A construção da monografia foi forma
adicional de aprendizagem. A biodanza resulta em benefícios no cuidado de si para
trabalhadores de saúde, mas deve ser vista como um movimento gerencial para alcançar o
cuidado do trabalhador e qualificação do trabalho,
RESUMEN
El texto que se muestra tiene como tema de Biodanza en la atención ofrecida a los trabajadores
de enfermería. Nació del encuentro de la experiencia como enfermera y la formación como un
facilitador de Biodanza. Derivado de las observaciones de las actitudes individuales y colectivas
de los compañeros de trabajo que denotan falta de cuidado puede y cuestionando sobre los
efectos de biodanza en estas actitudes. En él se describe la experiencia de la construcción de un
grupo de biodanza dirigida a los profesionales de enfermería en el contexto de una educación
para la salud de la universidad. Dirigido para describir la experiencia de la construcción de un
grupo de biodanza dirigida a los profesionales de enfermería en el contexto de una educación
para la salud universitario; Presentar las estrategias utilizadas para la construcción de un grupo
de biodanza en una educación para la salud universitario; Exponer los enfoques metodológicos
que figuran en el grupo; Demostrar los resultados obtenidos de las actividades y demostrar los
fundamentos teóricos de biodanza que apoyan su aplicación en el desarrollo de actitudes
dirigidas cargo de sí mismo. Metodología. Se trata de un relato de experiencia vinculada a una
actividad de extensión vinculado a una universidad pública en el estado de Río de Janeiro se
produjo entre 2014 y 2015. Se describe la etapa formativa del grupo, sus peculiaridades, las
características que guiaron el diseño clases y estrategia de evaluación. Resultados y Discusión.
Siete participantes evaluaron los resultados. Este grupo estaba compuesto predominantemente
de mujeres (6), con un grupo de edad homogénea, que varió de 22 a 27 años. En cuanto a los
beneficios de la participación en el grupo destacó tres categorías temáticas: La "relación de
calificación" era el que tenía más citas. Equilibrio era otra categoría que expresa demandas muy
presentes en nuestro tiempo. La autoconciencia era la tercera categoría encontrado. Todos los
participantes recomendarían el Biodanza a sus compañeros. Conclusiones. La construcción de la
monografía era más forma de aprendizaje. Los resultados de Biodanza en beneficios en el auto-
cuidado para los trabajadores de la salud, sino que deben ser vistos como una medida de gestión
para llegar a la atención del empleado y mano de obra calificada,
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 3
Objetivo geral:.............................................................................................................. 6
Objetivos específicos:................................................................................................... 6
II - PERCURSO METODOLÓGICO .............................................................................. 7
2.1 – Entre princípios gerais e específicos: .................................................................. 9
III – REVISÃO TEÓRICA............................................................................................. 14
3.1 – Bases conceituais:.............................................................................................. 14
3.2 – Princípios........................................................................................................... 15
3.3 – Educação, cultura e alienação: um olhar sobre o trabalho em saúde ................ 17
3.4 – Estilos de viver x estilos de adoecer:................................................................. 19
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 21
4.1 –Percepções do Grupo.......................................................................................... 21
4.2–Percepções da Facilitadora: ................................................................................. 28
V – ALGUMAS CONCLUSÕES .................................................................................. 33
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 36
APÊNDICE 1 ................................................................................................................. 38
Instrumento de Avaliação da Atividade ..................................................................... 38
INTRODUÇÃO
O texto ora apresentado tem como tema a biodanza no cuidado a trabalhadores
de enfermagem. O interesse pelo assunto nasceu do encontro de duas experiências: a
ação como enfermeira e educadora em um polo e, em outro, o processo de formação
como facilitadora em biodanza.
No que diz respeito às experiências como enfermeira, ressalto a prática
assistencial e as observações daí decorrentes: atitudes particulares e coletivas de
parceiros de trabalho que denotam, muitas vezes, descuido consigo. O argumento da
falta de tempo para atividades de lazer, exercícios físicos, visitas a serviços de saúde, ou
qualquer outra atividade que resulte em um beneficio próprio, é recorrente entre
profissionais de enfermagem. Em situações em que tive profissionais já adoecidos sob
meus cuidados, propostas dirigidas a reorganização da vida no sentido de reequilibrar
sua condição de saúde eram frequentemente rechaçadas, com argumentos relacionados à
necessidade de cuidar de outros. Há, portanto, uma incoerência, um contraponto entre o
não cuidar de si e a dedicação intensa, excessiva, contínua no cuidado com outro.
Tais atitudes de abandono de si resultam no adoecimento físico e mental,
explicado na produção cientifica da enfermagem, predominantemente, pelas dinâmicas
próprias do mundo do trabalho e, secundariamente, por expressões associadas ao gênero
feminino, que constitui a esmagadora maioria da força de trabalho nesta categoria
profissional. A esse respeito também é possível encontrar produção crescente da área da
saúde mental, proclamada em textos que trazem como temática o “cuidado ao
cuidador”, que assinalam a importância da atenção a este grupo, que se estende para
além dos cuidadores profissionais, tendo como características comuns o sofrimento e a
falta de atenção a suas próprias necessidades.
O cuidado é o que torna a vida humana possível. É mais que um ato, uma
atitude que implica em envolvimento e responsabilização com o outro (BOFF, 1999).
Na enfermagem, para além de sua consistência enquanto objeto de trabalho, o cuidado
vem sendo discutido como seu objeto epistemológico (LEOPARDI; GELBCKE;
RAMOS, 2001), constituindo expressivo volume da produção cientifica dos núcleos de
4
pesquisa em enfermagem. No conjunto destas publicações, interessa destacar aquelas
relacionadas ao cuidado consigo ou, como mais frequentemente grafado, “cuidar de si”.
Parece obvia a afirmativa de Baggio, Erdmann e Sasso (2010) que assinalam
que a partir da abordagem da complexidade o cuidador, antes de prestar cuidado ao
outro, deve ter atenção consigo. No entanto, ao desenvolver um estudo utilizando uma
metodologia reflexiva, as autoras destacaram uma categoria de analise intitulada
“profissional de enfermagem como eu-robô”, onde os sujeitos estudados expressaram
sua falta de consciência da importância de pensar em si, dando atenção ao corpo,
compreendido como máquina, apenas quando este apresenta problemas. (BAGGIO;
ERDMANN; SASSO, 2010),
A explicação dessas atitudes poderia ser feita por caminhos diversos. Um
deles, atrelado à história da profissão, admite o cuidado como trabalho divino ou ainda,
como forma de penitência por parte de quem cuidava (SOARES; ZEITOUNE, 2012).
Tal perspectiva, que encontra base na história do desenvolvimento deste ofício, pode
não ser atualmente expressa nos modelos curriculares que orientam a formação de
enfermeiras1
, mas certamente se entrelaça com as representações que a sociedade tem
do papel destas profissionais e que as enfermeiras têm de si mesmas. Deste modo, se
cuidar do outro é um trabalho divino ou uma penitência, como construir espaço para
cuidar de si mesmo?
Outro modo de compreender essas atitudes esta ancorada na organização do
trabalho, descritas por Elias e Navarro (2006) que pesquisaram a relação entre trabalho,
saúde e condições de vida de profissionais de enfermagem. As autoras destacam as
transformações no mundo do trabalho, que intensificam o consumo de energias físicas e
espirituais dos trabalhadores, sendo o setor saúde área crescente absorção de mão de
obra, sem melhoria significativa nas condições de trabalho. Neste contexto chama
atenção a exploração da força de trabalho feminina, que compõe esmagadora maioria
das profissionais de enfermagem.
A divisão do trabalho no hospital reproduz em seu interior a evolução e a divisão do
trabalho no modo de produção capitalista, sendo preservadas, no entanto, as
características caritativo-religiosas. O hospital carrega o ônus da dor, da doença e da
morte desde sua criação. O processo de trabalho hospitalar é parcelado e reproduz as
1
Em que pese a orientação da língua portuguesa indicando a flexão de gênero do substantivo ao termo
masculino, optou-se por manter aqui o termo enfermeira, pois a mulher constitui esmagadora força de
trabalho na profissão.
5
características da organização do trabalho industrial, o que produz trabalhadores ora
compromissados, ora desesperançados (ELIAS; NAVARRO, 2006)p.519
Explicações para este comportamento de descuido ou autonegligência poderia
ser um objeto de estudo por si, todavia não é este o interesse primário desta reflexão,
mas sim as estratégias possíveis para mudar tais atitudes. Neste sentido, ressalto a outra
experiência que, na interface com o trabalho como enfermeira, permitiu construir a
proposta para esta monografia: a formação como facilitadora em biodanza.
Estar em condições de facilitar um grupo de biodanza pressupõe um mergulho
dentro de si. Diria que ninguém passa incólume por este processo. Ninguém deixa de
olhar suas histórias, seus caminhos e suas escolhas. E o resultado de cada uma das
escolhas. Não é possível ignorar a autonegligência e o descuido com o cuidado de si,
oculto no zelo desmensurado com a vida do outro. Está foi à constatação que a
formação me trouxe!
O cuidado com o outro como forma de fugir de minhas próprias dores
atravessa minha história e, talvez, de algum modo, tenha determinado a escolha de
minha profissão. Foi necessário um nível de sofrimento intenso antes de sair do lugar e
procurar algo, sem saber exatamente o que.
Entre terapias variadas, de fala e medicamentos, encontrei a biodanza e de
algum modo comecei a me dar conta de mim. Comecei a dar sentido e significado a
minha existência pelo que ela é e não mais pela necessidade de produzir cuidado para
outras pessoas. Encantei-me comigo e me surpreendi com a mudança. Não pensava em
mudar: a mudança foi suavemente acontecendo.
Dos grupos regulares até a decisão por cursar a formação passaram alguns
anos. Como algumas sérias decisões de minha vida, foi pouco pensada, mas, sobretudo
sentida. E a partir do inicio do curso já não era só a mudança o que chamava atenção,
num percurso nem sempre suave. O conhecimento, a estrutura teórica organizada, que
tanto me atrai na vida acadêmica, estava sendo ofertada como um universo a ser
desvendado.
No crescente de dúvidas, resistências, encantos e desencantos, o conhecimento
foi sendo construído pelas vivências e pela leitura. Entre o desejo de compor uma
investigação capaz de satisfazer minha mente inquieta e a necessidade de compor um
6
texto monográfico consistente às demandas do curso de formação, cheguei ao formato
ora apresentado.
Trata-se de um relato acerca da experiência de construir um grupo de biodanza
dirigido aos profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária
de ensino em saúde. Seus objetivos são descritos a seguir.
Objetivo geral:
Descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido a
profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em
saúde
Objetivos específicos:
 Apresentar as estratégias utilizadas para a construção de um grupo de
biodanza em uma instituição universitária de ensino em saúde
 Expor os caminhos metodológicos elencados para o grupo
 Demonstrar os resultados obtidos com as atividades desenvolvidas
 Demonstrar os fundamentos teóricos da biodanza que sustentam sua
aplicação no desenvolvimento de atitudes dirigidas ao cuidado de si.
7
II - PERCURSO METODOLÓGICO
O relato refere-se à experiência com uma atividade de extensão vinculada a
uma universidade publica localizada no estado do Rio de Janeiro. O projeto de Extensão
“Biodanza na promoção da saúde e qualidade de vida em trabalhadores da enfermagem
(...)” foi proposto a Universidade, na qual leciono, no final do ano de 2014, quando foi
autorizada pela Escola de Biodanza a facilitação de grupos com a orientação de um
didata.
A proposta inicialmente apresentada ao Departamento de Extensão tinha como
propósito ofertar uma ação de promoção da saúde e qualidade de vida, tendo como
público alvo profissionais de enfermagem vinculados ao hospital universitário. Para
contextualizar a proposta foi destacado o trabalho em saúde, enfocando o trabalho em
enfermagem e as questões que impactam na qualidade de vida e saúde.
A compreensão do espaço do trabalho como lócus onde seres humanos podem
criar e recriar o ambiente, interagindo de modo dinâmico, reconstruindo a si mesmos,
num processo contínuo de aprendizagem em sua relação com o outro foi o ponto de
partida, contraposto à percepção de que os valores e modos de viver, presentes em uma
dada cultura, perpassam o mundo do trabalho. Assim, questões tais como o
individualismo e a competição, muito presentes na sociedade contemporânea, podem
transformar o trabalho num local de destruição das possibilidades de cooperação e, a
partir do desgaste na relação com o outro, torná-lo um local inóspito, gerador de
sofrimento e doenças.
O padrão demográfico e o perfil de morbidade e mortalidade contemporâneo
são desafios para os sistemas de saúde e resvalam em seus trabalhadores, que
necessitam de uma infraestrutura humana forte, capaz de fechar o fosso entre promessa
de saúde e realidade de saúde (ORGANIZAÇÃO MUNCIAL DA SAÚDE, 2007).
Neste cenário, admitindo a biodanza como ferramenta capaz de contribuir com
estes trabalhadores na construção dessa infraestrutura humana, o projeto foi
apresentado. A proposta intentava amplia o cuidado para uma população que carece de
8
suportes sociais, além de expandir a ação da universidade com oferta serviços à
comunidade.
Um interesse adicional foi criar espaço para investigação, uma vez que a
biodanza carece de estudos sistemáticos pelo mundo acadêmico, ampliando a
possibilidade de demonstrar todo potencial desse sistema de cuidado humano na
obtenção de qualidade de vida e saúde.
Por se tratar de uma tecnologia de baixo custo, particularmente quando
considerados seus benefícios, seu potencial de disseminação é grande, permitindo seu
emprego em diversos campos e espaços. Assim, justificou-se a proposta não só como
oferta de serviços a comunidade interna à universidade, mas também por seu potencial
gerador de pesquisa e ensino no âmbito da graduação e da pós-graduação.
O projeto inicial teve como objetivo geral Oferecer a biodanza como ação de
cuidado dirigido para os trabalhadores de saúde do Hospital Universitário, tendo entre
outros objetivos específicos a criação de grupos regulares de biodanza dirigidos
residentes de enfermagem e a oferta de oficinas de biodanza a trabalhadores do hospital,
além da avaliação das mudanças na qualidade de vida relacionada a saúde em
participantes de grupos regulares de biodanza no âmbito do projeto.
Como a unidade acadêmica a qual estou vinculada conta com espaço específico
para atividades vivenciais em grupo, não houve necessidade de produzir um local para a
atividade. O movimento necessário a esta etapa do projeto referia-se a divulgação da
atividade e, uma vez formado o grupo, o inicio das aulas.
O início das aulas foi agendado para ocorrer junto com a abertura do segundo
semestre letivo do ano de 2014, que por questões estruturais da universidade estava
atrasado. Desta forma, em agosto de 2014, dois meses antes do começo das atividades,
foi feita uma divulgação dirigida a todos os enfermeiros chefes de clinicas cirúrgica da
instituição, num total de quatorze pessoas.
A escolha do publico foi intencional, visto que esta população encontrava-se
sob um nível de pressão elevada, por problemas graves nos setores cirúrgicos da
instituição e, portanto, pareceu demandar um cuidado diferenciado em um primeiro
momento. A opção por abordar as chefias esta associada à compreensão de seu papel
como formadores de opinião, o que poderia propiciar uma divulgação do projeto para o
restante da equipe.
9
Os enfermeiros selecionados foram abordados pessoalmente, convidados a
participar da atividade a partir de uma explicação da proposta. Todos manifestaram
interesse, falando do desejo que a atividade tivesse início rapidamente,
Por ocasião da primeira aula, todos foram avisados e nenhum compareceu.
Após a primeira aula muitos profissionais do inicialmente convidado apresentaram
desculpas pela ausência e renovaram o compromisso em estarem presentes em
encontros subsequentes. Naquele semestre foram realizadas oito aulas, com outros
componentes da equipe de enfermagem da instituição, mas nenhum dos que se
propuseram a estar inicialmente compareceu.
As aulas realizadas em 2014 tiveram a presença de poucas pessoas e,
habitualmente, os grupos não se repetiam. A argumentação para ausência eram a falta
de tempo, a impossibilidade de sair das atividades do hospital para o grupo ou a escala
de trabalho, que era incompatível com os dias do grupo.
Com o encerramento do semestre letivo de 2014 fez-se a opção por redesenhar
o projeto, enfocando outro grupo e garantindo sua presença nas aulas. Assim, no inicio
do semestre letivo de 2015 os residentes de enfermagem do hospital universitário foram
convidados a participar de uma discussão sobre formas de atenuar o estresse e as
atividades de meditação e biodanza foram oferecidas ao grupo.
A coordenação da residência garantiu àqueles que tivessem o interesse de
participar de qualquer das propostas uma liberação de atividades do campo prático em
carga horária equivalente àquela empregada com a biodanza ou a meditação. Vinte e
oito, dos quarenta e dois residentes, se inscreveram para a primeira aula de biodanza,
entretanto apenas dezesseis compareceram, formando um grupo inicial, aqui
denominado grupo de residentes. As aulas propostas e os resultados obtidos com este
grupo são descritas a seguir.
2.1 – Entre princípios gerais e específicos:
A opção por um grupo composto por residentes de enfermagem trouxe alguns
desafios interessantes. Para compreendê-los, vale ressaltar algumas peculiaridades deste
conjunto de estudantes / trabalhadores.
10
A residência é um programa de formação para profissionais de saúde que
concluíram a graduação. Trata-se de um curso de especialização na modalidade de
ensino em serviço, com uma carga horária total de 5.760 horas, divididas em dois anos e
distribuídas em sessenta horas por semanas, das quais 80% são compostas de atividades
práticas, onde os residentes assumem as práticas próprias de sua profissão, tendo como
orientadores os profissionais efetivos e docentes da universidade. O curso pressupõe
uma bolsa e a dedicação exclusiva a estas atividades.
Grandes fontes de tensão atravessam o desenvolvimento de um curso no
formato de residência. Os dilemas entre ser profissional ou aluno; a juventude e a
necessidade de dar conta dos conflitos associados ao cuidado com a dor, o sofrimento e
a morte; as condições inadequadas para exercício da prática; a intolerância e
intransigência de alguns orientadores, entre outras questões que geram estresse e, muitas
vezes, adoecimento.
Os programas de residência em enfermagem desta universidade abarcam doze
especialidades. No grupo inicial existiam residentes da área de terapia intensiva,
nefrologia, pediatria, cardiologia e clinica cirúrgica.
Outra peculiaridade a ser ressaltada foi meu duplo papel: facilitadora do grupo,
enfermeira, coordenadora adjunta dos programas de residência e preceptora direta do
programa de nefrologia. Profunda conhecedora das tensões do ambiente de trabalho, por
senti-las na própria pele, mas também representante do poder formal deste espaço, que
muitas vezes tem o papel de impor limites às demandas do grupo de residentes.
O encontro entre facilitadora e grupo foi mediado pela experiência da
supervisora e a construção de uma proposta, um objetivo a ser alcançados. A pergunta
que orientou as escolhas foi: O que essas pessoas precisam? O que a biodanza pode
oferecer para este grupo?
Minha observação e experiência orientaram as respostas: Precisam reconhecer
seu valor! Precisam ser assertivos! Da experiência da supervisora veio a observação,
gradualmente percebida e passando a pautar a escolha dos exercícios: precisam aprender
a descansar!
Esta observação remete ao conceito de autorregulação como componente
básico da vitalidade. A característica do trabalho em saúde, que admite jornadas laborais
através de turnos, permite o acumulo de mais de um emprego, além de atividades
11
próprias ao cotidiano da população dos centros urbanos. Há um senso comum que
admite que as pessoas capazes de permanecer “ligadas” na execução dessas tarefas têm
vitalidade.
O movimento aqui sugerido convida contrapor esse comportamento, de base
tipicamente adrenérgica, à necessidade de pulsação, que intercala momentos de ação
com momentos de descanso, como é apropriado a um individuo que tem vitalidade.
Atualmente, ao olhar o que foi feito, me parece adequado que neste tipo de
formação de grupo a questão deve ser compartilhada e as respostas construídas em
conjunto. A construção coletiva teria permitido perceber, a partir da fala de cada
participante, os desafios inerentes à manutenção da vitalidade em um universo singular
como os espaços ocupados por trabalhadores da área de saúde.
As primeiras aulas buscavam integração motora: desenvolver consciência
corporal e base para alcançar a possibilidade de saltar para outro patamar de inserção na
vida e no mundo do trabalho: ganhar consciência e expressar seu valor no mundo.
As aulas, seus objetivos e exercícios chave foram organizados numa sequência,
orientada para um ápice, ponto no qual o grupo foi convidado a fazer uma avaliação do
processo. No quadro 1 estão sintetizados os temas das aulas, seus respectivos objetivos
e exercícios chave.
A escolha das musicas obedeceu estritamente o existente nos catálogos da IBF.
Em relação aos exercícios, a lógica da progressividade foi mantida, entretanto a
proposição de Sarpe (2015), no que se refere a uma progressividade radical, foi
ponderada a luz do tempo disponível e do objetivo geral da proposta. Neste contexto,
destaca-se a opção pela utilização dos exercícios segmentares nas aulas iniciais com
base em suas contribuições, para além de sua capacidade de ativação do inconsciente
pessoal, de indução de respostas de relaxamento muscular em segmentos corporais
intensamente enrijecidos pelos comportamentos recorrentes do cotidiano.
Ao final da sequência de aulas, que se alinhou com o fim do semestre letivo e
recesso da universidade, os participantes foram convidados a avaliar a atividade a partir
de uma roda de conversas e a resposta a um questionário (apêndice 1).
As aulas foram retomadas no inicio do novo semestre letivo. A mudança nas
escalas, a interrupção do programa de residência e outros problemas de ordem pessoal
12
foram argumento que os participantes deste processo apontaram para não retornas às
atividades do grupo.
As considerações sobre os resultados obtidos à luz do arcabouço teórico da
biodanza são apresentadas no capítulo 4.
13
Quadro 1
Síntese dos temas, objetivos e exercícios chave desenvolvidos nas aulas de biodanza para o grupo de Residentes
Rio de Janeiro, 2015.
Nº Tema Objetivo Exercício Chave
1 Vida com alegria
Convidar a olhar para o modo como vivemos como resultado escolhas. É
possível escolher viver melhor, com menos desgaste.
Dança Criativa de Fluidez
2
Gestos que mudam a existência
Observar gestos cotidianos capazes de mudar o rumo de nossas vidas Eutonia de dedos em par
3
Presença Motivar a percepção acerca da presença transformadora de cada
participante no espaço onde está inserido
Encontro de mãos
4 Comprometimento Motivar para o comprometimento com a vida em todas as suas expressões
Compressão e
descompressão das mãos
em dupla
5
Identidade
Promover o reconhecimento da identidade única de cada participante
Posição geratriz de
intimidade
6 Pulsação
Perceber a necessidade de modular atividades de ação e repouso como
expressão da vitalidade
Elasticidade integrativa
7 Assertividade Experimentar a força que define as escolhas na vida Dança Yang
8 Confiar na vida Estimular a construção de relações de confiança na vida Dança Yin
9 Ser presença que transforma
Perceber sua potencia de transformação no mundo através de gestos
plenos de sentido no cotidiano.
Banho Lúdico
10 Valor no mundo
Reconhecer seu valor no espaço onde está inserido, reconhecer-se
merecedor de cuidado.
Posição geratriz de valor
14
III – REVISÃO TEÓRICA
3.1 – Bases conceituais:
O propósito deste capítulo é destacar aspectos do arcabouço teórico que
sustenta a biodanza de modo a subsidiar a discussão a ser empreendida posteriormente.
O texto está ancorado, sobretudo, em uma coletânea de textos frequentemente referida
como “tomos” (ARANEDA, 1991).
Para inicio da discussão é de particular relevância destacar a definição de
biodanza: “É um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem
das funções originárias da vida” (ARANEDA, 1991 P.2). Em relação à integração
afetiva, trata-se da proposição de quebrar a dissociação entre a percepção, motricidade,
funções viscerais e afetividade, tendo como núcleo integrador ente ultimo elemento.
Sobre a renovação orgânica o foco está no alcance da homeostase dinâmica do
corpo vivo, através do estimulo a processos de renovação a processos de regulação das
funções biológicas.
No que diz respeito à reaprendizagem das funções originárias da vida, os
instintos básicos, ancorados na programação genética, devem subsidiar o
comportamento e o estilo de vida. Para tal, as ações da biodanza se debruçam em
produzir um “bombardeio” de ecofatores positivos sobre os potenciais genéticos, que
poderão se expressar em um contexto ecológico.
A metodologia da biodanza está ancorada na indução de vivências
integradoras, através do canto, da dança e de situações de encontro em grupo. Sua
estrutura operativa está organizada em um conjunto de sete paradigmas, descritos de
forma sintéticas a seguir.
O principio biocêntrico, primeiro paradigma, tem como referencia a sabedoria
que gera os processos viventes. Surge anterior a cultura e tem como mestre a Natureza e
suas leis que regem a conservação da vida.
15
O segundo paradigma, o principio neguentrópico de amor e iluminação,
admite que o ser humano seja capaz de conduzir seu próprio processo evolutivo, para
formas de otimização e grandeza.
A expansão da existência a partir do potencial genético é o terceiro
paradigma, que explica a existência vinculada a um conjunto de potenciais genéticos
altamente diferenciados, que podem se expressar diante do encontro com fatores
(ecofatores e cofatores) adequados.
O progresso biológico autoinduzido é o quarto paradigma, que aceita o
argumento de que é possível induzir processos de diferenciação no “sistema vivente” a
partir de estados de regressão / refundição / renovação.
O quinto paradigma trata da pulsação da identidade. Neste contexto a
identidade é descrita como tendo gênese biológica, que se manifesta no encontro com o
outro. A identidade pulsa desde a sensação de ser o centro da percepção do mundo até
estados de regressão e fusão com o universo.
A permeabilidade da identidade é o sexto paradigma. Entende que a
identidade é permeável a musica e a presença do outro, o que significa dizer que a
“potencia expressiva da identidade pode ser influenciada por situações de encontro e
pelo estimulo musical” (p.7)
O sétimo e ultimo paradigma afirma que o ponto de partida autorregulador é
a vivência, descrita como “a percepção intensa e apaixonada de estar vivo aqui e agora”
(p.7).
3.2 – Princípios
Os princípios que dão coerência ao Sistema Biodanza estão classificados em
gerais e específicos. No que diz respeito aos princípios gerais é importante, a fim de
subsidiar discussão posterior, destacar alguns (ARANEDA, 1991).
Iniciando pelos princípios gerais, o primeiro a ser destacado é a
progressividade. Tal princípio deve orientar a organização dos grupos de iniciação a
biodanza, estabelecendo uma estruturação das sessões graduando intensidade e duração
dos exercícios de modo a produzir um processo de mudança evolutivo. É importante ter
claro que as estruturas construídas por cada indivíduo para interagir com o mundo onde
16
está inserido não devem ser quebradas, sob pena desequilibrar sua homeostase. De outro
modo, a mudança promovida deve ser baseada numa perspectiva de integração da
identidade, em acordo com a capacidade individual de incorporar as mudanças.
A reciprocidade é um ouro principio geral que merece destaque. Uma vez que
a atividade se produz em grupo, é importante promover a aprendizagem das formas de
relacionamento, sendo o facilitador um agende que promove a possibilidade de
encontros, oferecendo condições a cada participante graduar sua forma e intensidade de
contato, em acordo com os limites de cada um.
A autorregulação é outro principio a ser destacado, que implica em não
interferência nos processos automáticos do corpo, reforçando seus mecanismos naturais
de funcionamento, sem violentá-los.
A autocura é um principio que admite que cada indivíduo pode assumir a
responsabilidade por sua cura e a regulação de suas respostas. A cura é suscitada por
motivações internas, carregadas de emoção.
A estrutura grupal: a biodanza só existe em grupo. É dentro do grupo em que
cada indivíduo tem a oportunidade de experimenta atitudes de contato e comunicação,
criando possibilidades de reconstrução de sua identidade.
A integração corporal diz respeito a integração o corpo as inúmeras
possibilidades de ação e expressão humanas. Neste sentido propõe-se o nexo entre o
movimento e as sensações, sentimentos e pensamentos. O corpo integrado conta com
fluidez, elasticidade, equilíbrio e eutonia.
Sobre os princípios específicos, estão relacionados à constituição de grupos
com características especificas. O Araneda (1991) utiliza a expressão “prescrição para
grupos com problemas específicos”, destacando que as aulas destes grupos devem
estruturar-se de acordo com critérios diagnósticos que permitam a compensação em
linhas de vivência (p.11).
17
3.3 – Educação, cultura e alienação: um olhar sobre o trabalho em
saúde
Sob o subtítulo “Educação, cultura e alienação”, os tomos exploram a
percepção do padrão cultural das sociedades contemporâneas, caracterizadas cisão do
humano em dimensões opostas. Nesta perspectiva não caberiam no mesmo espaço
corpo e alma, homem e natureza, matéria e energia, entre outras polaridades.
O termo alienação é frequentemente utilizado na sociologia, relacionado ao
alheamento, a um estar fora ou não perceber seu entorno. Sobre esse assunto interessa
destacar a alienação e o trabalho nas sociedades contemporâneas.
O trabalho media a integração social, tendo relevância na constituição da
subjetividade, no modo de vida e, portanto, na saúde física e mental das pessoas
(MIRANDA et al., 2009).
O sentido do termo alienação, a partir de Marx, implica em uma condição onde
o individuo ou grupo tornam-se estranhos ao produto de sua própria atividade ou a
natureza na qual vivem ou ainda a outros seres humanos. O trabalho alienado tem
consequências negativas para a saúde humana e implicam na destruição do ambiente
(FRANCO, 2011).
Franco (2011), refletindo sobre as faces do trabalho alienado na realidade atual,
chama atenção para o trabalho reduzido a condição de “coisa” onde seu valor está na
possibilidade de uso e de troca. Neste contexto, o ser humano deixa a condição de
criador e produtor, mas de algum modo também é uma “coisa-mercadoria”. Essa
concepção é o que a autora intitula “trabalho sem arte”. Num extremo dessa reflexão, o
ser humano que se coisifica é desligado de sua espécie e se desvincula de sua relação
com a natureza.
No mundo do trabalho, os mecanismos de racionalização dos processos
produtivos produzem uma primazia do trabalho sobre o ser humano (MELLO;
MARÇAL; FONSÊCA, 2009). Em que pese este processo iniciar-se em estruturas de
produção fabril, na atualidade se estende para espaços de produção de serviços, no qual
se insere o trabalho em saúde.
18
Deve ser ressaltado que a natureza do trabalho em saúde é diversa da matéria
fabril. O campo incorpora um conjunto de práticas e saberes que tem como objetivo
último ações para produção de cuidado humano (MERHY, 2004). Em que pese a
afirmativa de Merhy, o próprio autor reconhece que na atualidade tais ações “nem
sempre são bem realizadas, para ser otimistas” (p.1).
A inadequação do cuidado a saúde humana pode ser explicada pela ótica do
processo de produção de serviços de saúde, organizado com a lógica de produzir
procedimentos, sem a integralização do cuidado em torno do usuário (MERHY, 2004).
Para além desta leitura, onde é evidente o impacto deletério do modo de produção de
serviços de saúde em seus usuários, os resultados do modelo no trabalhador em saúde
devem ser examinados com atenção.
A síndrome de Burnout tem sido descrita a partir de sintomas tais como
exaustão, desilusão e isolamento dos trabalhadores e as características do ambiente de
trabalho, sendo os trabalhadores mais vulneráveis aqueles envolvidos com ocupações
assistências como no setor saúde (ANDRADE et al., 2012). Chama atenção o destaque
de Andrade et al (2012) na definição da doença quando as autoras assinalam a síndrome
como “reação prolongada aos estressores interpessoais crônicos” (p.234).
O realce no texto da autora diz respeito a compreensão das relações
interpessoais como fonte de estresse, que salienta o modelo de organização do processo
de trabalho em saúde como reflexo do padrão de organização da sociedade que gera
comportamentos dissociados, já apontados como causa de adoecimento.
A ponte entre o trabalho em saúde e o que foi descrito por Araneda (1991) é
dada pela importância desse grupo de trabalhadores nos processos de educação de
comunidades humanas. O profissional de saúde ao mesmo tempo em que cuida, educa.
Sua atuação muitas vezes implica na prescrição de modos de agir que determinariam
mais saúde. Neste sentido, o conjunto de trabalhadores de saúde com suas falas, práticas
e atitudes podem contribuir para moldar uma compreensão sobre estar saudável.
Uma questão necessária ao debate diz respeito a capacidade deste trabalhador
contribuir com a construção de uma cultura de saúde, considerando que a subjetividade,
valores e crenças em relação com o processo de trabalho resultam em diferentes reações
“que oscilam entre dedicação e descompromisso, desalento e satisfação, apego e
19
negligência” (VAGHETTI et al., 2009 p. 907), num modus operandi que fomenta a
dissociação assinalada no inicio deste texto.
As consequências deletérias de um modelo de trabalho dissociado estão
documentadas na produção cientifica de diversas áreas. Revisão empreendida
recentemente (SILVA; SILVA, 2015) abordou o fenômeno do estresse relacionado ao
trabalho como um problema. Neste trabalho as autoras evidenciaram estudos que
sinalizam como consequências do estresse ocupacional em enfermeiros a estimulação
do sistema nervoso simpático elevando a pressão arterial e reduzindo a da resposta
autoimune, desenvolvendo transtornos mentais e dependência de medicamentos (p.207).
Silva e Silva (2015) chamam atenção para a necessidade de identificar
propostas de ação baseadas na logica da promoção a saúde dentro do ambiente de
trabalho e enfatizam
a importância de perspectivas de enfretamento e superação tanto no ambiente de
trabalho, nas patologias clínicas e no âmbito social, fazendo uma ponte com a ética e a
condição humana (...) p.211
A proposição da biodanza acerca da integração biocêntrica da cultura e seu
exercício operacional na educação (ARANEDA, 1991 p.57) é uma possibilidade de
resposta a necessidade constatada por Silva e Silva (2015), pois na medida em que a
prática promove o restabelecimento entre os poploc ocmplementartes do sistema
nervoso autonomo, a condição de estresse ocupacional indicada pelas autoras poderia
ser contraposta.
3.4 – Estilos de viver x estilos de adoecer:
A relação entre estilo de vida e processo saúde-doença tem sido explorada em
algumas áreas de estudo. A cultura, como conceito basilar da antropologia, assume
especial relevância para compreender as diferentes expressões do adoecimento humano
(LANGDON; WIIK, 2010).
Langdom e Wik (2010) argumentam que os sistemas de atenção à saúde, bem
como as respostas dadas às doenças, são sistemas culturais, consonantes com os grupos
20
e realidades sociais que os produzem. Os autores abordam o modo de viver em
sociedade, adoecer e se cuidar como experiência intersubjetiva e relacional, mediada
pelo fenômeno cultural (p.176).
A discussão sobre estilos de viver e de adoecer merece um capitulo completo
nos tomos (ARANEDA, 1991), chamando atenção a assertiva “A maior parte de nossas
doenças provêm da violência de nossas emoções” (p.77). Para além de concepções
aceitas sobre o adoecimento, tais como o consumo de alimentos, sedentarismo, estresse,
entre outros determinantes, a novidade é explicitada na forma do autor expressar o afeto
como forma de cura e a Biodanza, como estratégia para favorecer a cura, funciona na
medida em que melhora a vinculação das pessoas (p.78).
Araneda (1991) afirma que as centenas de doenças tipicamente humanas são o
preço pago por um modo alienado de viver, fazendo referencia a doenças da existência,
onde a desvinculação com o próximo e consigo faz dos indivíduos seres gravemente
enfermos. O enfrentamento para este problema, proposto pelo autor, também
compreende uma quebra de paradigma, pois de modo diverso de terapias tradicionais,
cujo foco é a doença, a Biodanza propõe-se a fazer desabrochar a parte sadia de cada
um. Deste modo, a partir do crescimento do saudável, o adoecido tende a desaparecer
(p.78).
Para superar o estresse existencial Araneda (1991) assinala as respostas
bioquímicas induzidas pela Biodanza, referindo-se a exercícios que modulam e
reorganizam padrões de resposta hormonal. Os mecanismos de trabalho apontados
consideram a necessidade da transmutação de valores de uma cultura antivida,
permitindo, através da reeducação afetiva, usar a chave interior para atitudes capazes de
gerar homeostase.
Araneda (1991) faz referencia a relação terapêutica que se estabelece em
biodanza com base numa construção diversa das terapias mais comuns. Enquanto as
últimas funcionam com a proposição de alguém que assuma ação diretiva sobre a vida
de outrem, na Biodanza cada participante é uma pessoa ativa, que constrói sua própria
cura e ao mesmo tempo contribui com a cura dos demais. O papel do facilitador de
grupos de biodanza é descrito como uma pessoa entre pessoas, que também busca sua
integração e seu desenvolvimento.
21
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - Percepções do Grupo
Sete participantes avaliaram os resultados obtidos. Este grupo foi composto
predominantemente por mulheres (6), com uma faixa etária homogênea, que variou de
22 a 27 anos.
Os participantes foram inquiridos sobre suas motivações para participar da
atividade oferecida. As respostas são apresentadas na tabela 1.
A possibilidade de abater parte da carga horária do campo de pratica pela
presença nos encontros com o grupo de biodanza aparece, junto com a procura de uma
atividade de relaxamento, como principal elemento motivador para a busca da atividade.
As demais explicações para ida ao grupo são citadas com menor relevância. Deve ser
destacado que este campo do questionário admitia varias respostas por participante.
Tabela 1
Motivação dos residentes para participação do grupo de biodanza
Rio de Janeiro - 2015
MOTIVAÇÃO n %
Redução da Carga Horária destinada ao campo prático 4 26,7
Relaxamento 4 26,7
Novas experiências 2 13,3
Aprender a se relacionar com desafios da vida 1 6,7
Autoconhecimento 1 6,7
Busca de motivação 1 6,7
Curiosidade 1 6,7
Experiência positiva de terceiros 1 6,7
Total 15 -
Fonte: Própria
22
Todos afirmaram que teriam participado da atividade ainda que não contassem
com a Redução da Carga Horária destinada ao campo prático. As justificativas para esta
resposta são apresentadas na tabela 2, onde predominam os potenciais benefícios com a
atividade e a curiosidade.
Tabela 2
Justificativa para participação do grupo de biodanza independente do abatimento
da carga horária do campo prático
Rio de Janeiro - 2015
JUSTIFICATIVA n %
Potenciais benefícios 3 42,86%
Curiosidade 2 28,57%
Chance de enfrentar dificuldades relacionadas ao trabalho 1 14,29%
Possibilidade de interação 1 14,29%
Total 7 100,00%
Fonte: Própria
Os dados apresentados nas duas primeiras tabelas agregam pouca informação
sobre os resultados obtidos com o grupo, mas sugerem a presença, nos cenários de
prática destes residentes, da composição de uma dinâmica de vida e trabalho que
incorpora os estressores e processos dissociativos capazes de fomentar o adoecimento
(ANDRADE et al., 2012; SILVA; SILVA, 2015; VAGHETTI et al., 2009).
Em relação aos ganhos obtidos com a participação no grupo, foram agregados
em três categorias temáticas. A categoria “qualificação de relacionamentos” foi a que
obteve mais citações e considerou todas as falas dos residentes que tratavam dos
momentos de encontro com outros.
Desenvolver a capacidade de relacionar-se, perceber o outro, estabelecer
limites, se posicionar diante de situações de conflito são habilidades humanas
intensamente requisitadas em profissionais de saúde. Especificamente citando a
enfermeira, cabe esclarecer o papel de liderança exercida por essa profissional no
conjunto da equipe de enfermagem e, muitas vezes, no contexto da equipe de saúde.
23
Além disso, o cuidado de enfermagem é resultado de uma teia de relações, que
exige de todos os envolvidos a capacidade de perceber o outro e agir a partir de uma
escuta consciente. Isso diz respeito ao pacientes, mas também aos inúmeros
trabalhadores que atuam no ambiente de prestação de cuidados a saúde.
Um profissional de enfermagem adoecido, incapaz de construir relações de
respeito mútuo, posicionar-se diante de conflitos e estabelecer limites têm muitas
dificuldades em seu cotidiano, pois a natureza de seu trabalho exige estas habilidades de
forma consolidada.
O desenvolvimento da capacidade de relacionar-se com outros é um beneficio
valioso alcançado pelo grupo, que denota a integração através da através da reeducação
afetiva proposta por Araneda (1991). Este achado demonstra os ganhos potenciais da
prática de Biodanza como uma ferramenta de cuidado a saúde que pode qualificar o
cuidado de enfermagem.
O cuidado centrado no usuário, pretendido por MERHY (2004), só é possível
com profissionais capazes de estabelecer relações baseadas no reconhecimento do outro
como humano e igual e as respostas dos residentes mostrou que a biodanza é capaz de
fomentar essa atitude.
O equilíbrio foi outra categoria que expressa demandas muito presentes em
nosso tempo. Modular a atividade de trabalho e repouso, escutar o corpo e autorregular-
se são necessidades para obtenção da homeostase orgânica.
A carga horária dos programas de residência é longa, assim como os modelos
de distribuição de jornadas de trabalho de profissionais de saúde formalmente
vinculados ao mercado formal de trabalho. O trabalho por turnos, inclusive a noite,
podem criar uma dinâmica de funcionamento orgânico que afastam fortemente o corpo
de um equilíbrio saudável.
Dinâmicas da linha de vitalidade, evocando a autorregulação como principio,
reforçando seus mecanismos naturais de funcionamento corporal foram utilizadas nas
aulas e seus resultados foram referidos como altamente prazerosos.
A consciência de si foi a terceira categoria encontrada, sendo a autoconfiança,
o desenvolvimento da capacidade de relacionar-se consigo, o foco é a redução de
24
atitudes reativas as expressões identificadas para defini-la. A discussão deste achado
evoca o quinto paradigma, que trata da pulsação da identidade (ARANEDA, 1991).
Num mundo onde os processos produtivos produzem uma primazia do trabalho sobre o
ser humano (MELLO et al., 2009) é forte a pressão para o desenvolvimento de um nível
de alienação (FRANCO, 2011) capaz de promover adoecimento.
A evidente necessidade de reforço da identidade humana em espaços como o
descrito neste relato ressalta a importância desta dimensão na escolha dos exercícios.
Quadro 2
Ganhos obtidos pelos residentes com a participação das atividades de biodanza
Rio de Janeiro - 2015
Categoria Tema
Qualificação de Relacionamentos
Desenvolvimento da capacidade de relacionar-se com
outros
Capacidade de relacionamentos
Posicionamento em questões conflitantes
Perceber o outro
Estabelecer limites
Paciência
Amizades
Perceber o mundo em volta
Equilíbrio
Consciência da necessidade de descanso
Equilíbrio
Relaxar
Levar os exercícios para a vida
Calma
Consciência de si
Autoconfiança
Desenvolvimento da capacidade de relacionar-se
consigo
Foco
Capacidade de escolher
Menor reatividade
Fontes: Própria
25
A tabela 3 consolida as respostas à justificativa para recomendar a biodanza
para outras pessoas na área de saúde. De algum modo essas falas reforçam o que já foi
exposto, tornando evidente o grande potencial de qualificação do cuidado humano com
a oferta de biodanza em grupos específicos de trabalhadores na área de saúde.
Tabela 3
Justificativa para recomendar a atividade para outras pessoas na área de saúde
Rio de Janeiro - 2015
JUSTIFICATIVA1 n %
Benefícios potenciais 1 14,29%
Espaço para canalizar sentimentos 1 14,29%
Experiência prazerosa que trouxe paz, equilíbrio e força 1 14,29%
Forma de autoconhecimento e possibilidade de mudanças para cuidar
dos outros
1 14,29%
Momento de conhecer e interagir com outros 1 14,29%
Pela forma como modificou opiniões e atitudes 1 14,29%
Possibilidade de dar aos profissionais um ponto de equilíbrio 1 14,29%
Total 7 100,00%
Fonte: Própria
As respostas ao conjunto de questões baseadas na escala de Likert são
apresentadas no quadro 3. Todas apontam a percepção de mudanças positivas e todos os
temas explorados pelas questões propostas.
Sobre a primeira questão, cujo foco foi alegria e disposição para a vida, seis
participantes perceberam alterações positivas, dos quais três assinalaram a existência de
muitas mudanças positivas. A alegria foi tema central da primeira aula do grupo e
presença recorrente nas consignas das aulas sequenciais. Dentre os princípios descritos
por Araneda (1991) a autocura é aqui referenciada, pois a capacidade de imprimir maior
disposição para a vida é própria ao ser humano, mas as aulas de biodanza podem
oferecer os ecofatores necessários para auxiliar os participantes neste processo.
A segunda e terceira questões trataram da consciência corporal e
reconhecimento das demandas por cuidado com a pulsação entre atividade e repouso
corporal. Evocando o sétimo paradigma, que afirma que o ponto de partida
26
autorregulador é a vivência, o grupo foi capaz de perceber as mudanças a partir das
vivências experimentadas, mas a observação dos movimentos de cada participante ao
longo das aulas demonstrava que muitas mudanças ainda poderiam acontecer.
O principio da integração corporal pautou a escolha de muitos exercícios,
mas o encontro com o ritmo e a capacidade de fluir foi heterogênea entre os
participantes, que demonstravam uma aceleração muito superior a proposta de musicas
mais melódicas.
A proposição do nexo entre o movimento e as sensações, sentimentos e
pensamentos esteve presente nas consignas, que convidavam a movimentos de fluidez,
elasticidade, equilíbrio e Eutonia, mas ainda que tenham sido observadas (e
autopercebidas), as transformações foram discretas. O tempo necessário para obter
mudanças mais evidentes nesta área parece ser mais longo que para mudanças
relacionadas a disposição para o compromisso existencial, contudo tal suposição carece
de mais observações sistemáticas.
As questões de número 4 e 5 tratavam, respectivamente, do compromisso com
suas escolhas e uso da força pessoal para alcance de seus sonhos. Nota-se uma
concentração de respondentes que referiram ter percebido grandes mudanças no
compromisso com suas escolhas e um equilíbrio numérico na resposta seguinte.
Duas aulas foram fortemente dedicadas a esta temática (7 e 9). A escolha do
tema derivou do diagnóstico inicial, onde se julgou necessário o desenvolvimento de
assertividade e reconhecimento de valor, baseada no paradigma do principio
neguentrópico de amor e iluminação, que admite que o ser humano é capaz de
conduzir seu próprio processo evolutivo, para formas de otimização e grandeza. Neste
sentido, as aulas fomentaram uma capacidade latente para que cada participante
transformasse seu caminho a partir de sua força pessoal.
A percepção sobre sua importância no espaço onde transita foi muito alterada
segundo a fala de dois participantes e um pouco alterada conforme a fala de três outros
participantes. Como se trata da capacidade de se perceber a questão evoca a temática
consciência de si, tratada anteriormente, reforçando os benefícios da atividade neste
quesito. De algum modo essas respostas tem relação com a oitava questão, que aborda o
27
comportamento no cenário de prática profissional e onde os residentes, em sua maioria,
afirmam ter percebido muitas alterações positivas.
Quadro 3
Síntese das respostas dos residentes acerca das alterações percebidas após
participação de sessões de biodanza
Rio de Janeiro - 2015
Em relação a A
A
B
B
C
C
D
D
E
E
1) a alegria, disposição para a vida, sensação de bem
estar você:
3
3
3
3
1
1 0 0
2) sua capacidade de perceber e oferecer a seu corpo
um equilíbrio entre momentos de atividade e
descanso você:
1
1
6
6
1
1 0 0
3) sua capacidade de perceber seu corpo, o modo de
reação corporal frente as diversas situações do seu
cotidiano você:
1
1
6
6 0 0 0
4) grau de comprometimento com suas escolhas você: 4
4
2
2
1
1 0 0
5) sua capacidade de usar sua força pessoal em prol de
seus sonhos e desejos:
3
3
3
3
1
1 0 0
6) modo como você percebe a sua importância nos
espaços onde você transita você:
2
2
3
3
2
2 0 0
7) sua capacidade de se aproximar das pessoas e
expressar seu afeto você:
1
1
4
4
2
2 0 0
8) a seu comportamento nos cenários de sua prática
profissional você:
4
4
2
2
1
1 0 0
Legenda:
A. Percebeu muitas alterações positivas
B. Percebeu algumas alterações positivas
C. Não percebeu alterações
D. Percebeu algumas alterações negativas
E. Percebeu muitas alterações negativas
Fonte: Própria
As respostas acima descritas demonstram a percepção clara, por parte dos
residentes, dos benefícios da biodanza com estratégia de cuidado dirigido a
trabalhadores de saúde, em particular de enfermagem. Tais resultados devem ser
28
considerados para subsidiar propostas de trabalho que apontem a biodanza como
estratégia de promoção a saúde de trabalhadores envolvidos com o cuidado humano.
Araneda (1991 p.126), no texto “embriologia das vivências”, explicita as
vivências mais frequentes nos grupos iniciais, intermediários e avançados. Dentre as
destacadas pelo autor nos grupos de iniciantes, ficou evidente nesta experiência, a partir
das respostas acima, da concentração das vivências na linha da vitalidade, que tem
como sentimentos e emoções associadas a alegria e o ímpeto vital. Os sentimentos de
medo, insegurança, sensação de ridículo, citados pelo autor, não são perceptíveis nas
respostas ao questionário, mas são considerados no próximo segmento deste texto, que
considera a percepção da facilitadora.
4.2–Percepções da Facilitadora:
As observações seguintes derivam de um conjunto de notas desenvolvidas ao
longo do processo de supervisão, construção e desenvolvimento das aulas. Intentam
descrever um pouco do processo criativo que permeou a experiência à luz das anotações
de Araneda (1991) e, eventualmente, outros autores de referência nesta área de
conhecimento.
O primeiro tópico abordado traz a luz o processo de construção do grupo,
desde o primeiro movimento, em 2014, até sua efetiva estruturação. Conforme descrito
na abordagem metodológica, o grupo de residentes não foi a escolha inicial do projeto.
Intentava-se dirigir o cuidado às chefias de enfermagem, por entender que estavam mais
necessitadas de cuidado, dada a dinâmica de sua atividade, A receptividade inicial ao
convite e a efetiva ausência às aulas trouxe o primeiro movimento de surpresa e
inquietação.
Nos encontros entre a facilitadora e o grupo convidado, nos espaços comuns de
trabalho do hospital universitário, quando a conversa sobre as ausências ocorria, era
evidente um discurso contraditório e, por que não dizer, fortemente dissociado. O
reconhecimento verbal da necessidade de cuidado e as estratégias para não obtê-lo
pareciam expressar uma negação das necessidades de cuidar de si, assunto que vem se
tornando foco de interesse nas pesquisas de enfermagem (BAGGIO; ERDMANN,
2010; BAGGIO; FORMAGGIO, 2008; BAGGIOI et al., 2009).
29
A compreensão da ausência desses primeiros convidados a participar do grupo
demandou a construção de outras estratégias. Dentre os caminhos possíveis, a escolha
em privilegiar o grupo de residentes para a atividade deveu-se a possibilidade de
efetivamente garantir uma carga horária, dentro do espaço prático, para todos aqueles
que quisessem participar da atividade. O argumento da falta de tempo, ainda que nem
sempre verdadeiro, não poderia ter espaço neste grupo.
O numero de inscritos na primeira chamada gerou uma sensação de euforia e
uma decisão de dividir a turma em dois grupos, dado o tamanho da sala destinada a
atividade. Nova surpresa: pouco mais que a metade dos inscritos compareceu. Como
explicar? A garantia de horário, a ausência de custos financeiros e o estimulo a
participação não foram suficientes para promover a adesão do grupo. Como não foi feita
uma investigação junto aos que não compareceram, permanece a hipótese, a ser
investigada, de um movimento de descuidar-se de si, que permeia as escolhas de
pessoas que tem como foco da profissão o cuidado de outros. Tal hipótese é reforçada
pela observação da resposta semelhante ao convite à participação de outras práticas de
cuidado.
Outra questão a ser investigada diz respeito à resistência ao desconhecido.
Exceto uma residente originada em uma universidade do nordeste e aqueles que tinham
prática no campo de minha ação profissional, os demais desconheciam por completo a
biodanza. A escuta da experiência de facilitadores novos e antigos também aponta para
dificuldades na formação de grupos, mesmo fora de contextos como o descrito nesta
experiência.
Deste modo, entre a euforia inicial de contar com um grupo numericamente
expressivo e a realidade concreta de um número limitado de participantes, foi sendo
construída minha experiência. No dialogo com uma docente da área de saúde mental,
que vem conduzido grupos junto a estudantes da graduação nos últimos vinte anos
(KESTENBERG, 2014), facilitaria propor um horizonte de conclusão da experiência ao
grupo. Com base nesta observação, as aulas foram pensadas em ciclos, obedecendo ao
calendário acadêmico, sendo a proposta do primeiro ciclo a integração motora.
A integração motora é descrita por Araneda (s.d) como parte das sessões de
iniciação:
30
As sessões de iniciação devem ser estruturadas predominando os exercícios de
Integração Motora, Afetivo-Motora, Comunicação Afetiva e Comunhão que
estimulam de modo suave e progressivo a vitalidade e a afetividade..(p.3)
Sarpe (2015) propõe que a construção das aulas dirigidas a grupos de iniciantes
seja baseada no que chama de “radicalização da progressividade”. Este didata reforça a
ideia de que as aulas devem seguir uma sequencia onde as pautas iniciais são voltadas
para a integração motora, passando gradativamente a exercícios que evocam outros
níveis de integração.
Em que pese a incorporação intensa de muitas das recomendações de Sarpe
(2015), a decisão por compor um ciclo com um objetivo definido e a limitação do
tempo de trabalho com o grupo dos residentes (delimitado pelo fim do curso), fez com
que alguns exercícios, tais como os segmentares, fossem utilizados mais precocemente
do que o recomendado. Em sua exposição o didata argumenta que os segmentares
ativam o inconsciente pessoal, dissolvendo as couraças caracterológicas e a ação sobre
as defesas do ego em um momento em que os participantes ainda não sentem a presença
de um continente afetivo podem gerar reações indesejadas.
A necessidade de promover a autorregulação a partir das vivências era evidente
a partir da chegada do grupo. A exaustão era visível em suas atitudes corporais e em
suas falas, que expressavam forte desilusão com o mundo do trabalho e falta de
disposição em promover mudanças.
O frescor da vida e a alegria, esperadas em um grupo no auge da juventude,
eram ofuscados por atitudes corporais ensimesmadas, com pouca capacidade de
conexão com o entorno e construção de mudanças. A desvalorização de si pareceu
cursar com a desesperança na mudança da realidade.
Com base nessas observações os ajustes foram realizados no desenho de cada
aula. Neste contexto, o uso dos segmentares, particularmente de ombros e pescoço,
trouxe aos participantes a sensação de relaxamento físico e preparo para descanso. Além
da observação de um grupo mais relaxado, muitos participantes comentavam o uso do
exercício em casa, como forma de dissolver as tensões.
Dentre os exercícios propostos ao longo das aulas, os mais facilmente
incorporados pelo grupo foram os lúdicos. A brincadeira foi o convite para promover a
integração grupal. Habitualmente introduzida após caminhares e coordenações, o riso
31
induzido pelas propostas lúdicas funcionava como válvula de escape ao desconforto
visível nos primeiros exercícios. Dentre os exercícios com melhores respostas do grupo
destacaram-se o jogo de palmas, o jogo do espelho e o “seguir o chefe”.
A desconexão entre ritmo proposto pela musica e movimento corporal esteve
na maioria dos participantes no inicio das aulas, com melhora visível em alguns ao final
do processo. Embora mais evidente em caminhares e coordenações, também era
evidente nas propostas de sincronização rítmica.
Exercícios com pautas melódicas provocavam maior dispersão do grupo. Nas
sincronizações rítmico-melódicas e melódicas foi frequente o riso, as conversas e os
movimentos de giro do parceiro, denotando um desconforto de muitos na execução da
proposta descrita na consigna e demonstração do exercício.
As series de fluidez foram utilizadas na maioria das aulas. A dificuldade de
desacelerar foi visível em muitos, cujo movimento era mais rápido que o proposto pela
pauta musical. Apesar disso, ao final de aulas onde as séries e a dança criativa de fluidez
foi proposta, havia referencia a sensação de tranquilidade e bem estar aumentado.
A introdução do contato foi gradativa. O primeiro exercício para este fim foi
“Tocar e responder”, com a música “Pandeiro”, após o primeiro mês de aula. A roda de
embalo pela cintura foi introduzida no inicio do segundo mês. A proposição de
encontros com gestos expressivos foram propostos nesse período, sendo comum a
presença do abraço entre alguns membros do grupo, mesmo sem a proposição através da
consigna.
Dois exercícios exploravam o toque de modo mais intenso: o acariciamento de
mãos e o banho lúdico, utilizados respectivamente nas duas aulas que antecederam o
fim do primeiro ciclo. É interessante destacar a fala, no momento de intimidade verbal
das aulas subsequentes, das dificuldades relacionadas a este contato.
Um ponto importante a ressaltar é a natureza do trabalho da enfermeira, que
pressupõe tocar as pessoas em toda sua superfície corporal, dada a necessidade de
procedimentos de higiene e cuidado corporal. Ao falar da dificuldade de tocar o colega,
os participantes refletiram sobre as formas de cuidar distanciado de seus pacientes e as
estratégias de barreira para evitar aproximação. Nesta discussão chamou atenção as
explicações para o uso de luvas de procedimento, mesmo que tecnicamente não
indicadas, como forma de evitar contato com o outro.
32
Em que pese à observação de Araneda (1991 p.102), que descreve o facilitador
de biodanza como “mais um dentro do grupo (...), buscando também sua integração e
desenvolvimento”, nem sempre foi esta a sensação. O autor explica que a relação
curativa em biodanza é afetiva e não autoritária, mas muitas vezes, ao ocupar o centro
da roda e demonstrar o exercício, a condição o lugar duplo que ocupava, como
facilitadora e coordenadora do curso, lugar de poder formal, permeado por alta carga de
autoridade, trouxe medo e desconforto.
Os primeiros projetos de aula precisaram de revisões mais intensas da
supervisora. A tentação de inserir exercícios mais complexos tinha relação com a
sensação de que os participantes se cansariam logo com caminhadas e exercícios de
fluidez e era reforçada pelo o receio de montar uma aula que não motivasse o retorno.
Ao longo do processo o medo deu lugar gradativo ao encantamento,
particularmente percebido nos momentos de exercícios mais regressivos, onde ficaram
evidentes algumas mudanças naquelas pessoas, trazendo uma sensação de gratificação.
Uma impressão muito forte em relação a este grupo foi a motivação para
participar da atividade. Embora a resposta ao questionário formal aponte a curiosidade,
e busca de relaxamento como razão para estar no grupo, à possibilidade de contar com
horas que seriam descontadas do campo prático era, visivelmente, o que movia alguns
participantes. Nesses casos, o nível de entrega corporal foi muito baixo e as mudanças
pouco perceptíveis.
É interessante avaliar isso a partir do segundo ciclo, onde os participantes
tinham um perfil diferenciado, com um nível de entrega maior e resultados presumíveis
melhores. Em decorrência de problemas estruturais da universidade, que passou por um
período de greve e fechamento do segundo ciclo foi interrompido sem possibilidade de
avaliação do processo.
33
V – CONCLUSÕES
O processo de reflexão necessário à transposição para o papel de uma
experiência tão marcante como a construção de um grupo de biodanza foi uma forma
adicional de aprendizagem, não só pela necessidade de revisão teórica relacionada à
necessidade de olhar a experiência à luz dos fundamentos do Sistema Biodanza, mas
também pela avaliação da condução de um processo que, passado seu tempo de
execução, poderia ter ocorrido de outro modo.
O primeiro movimento, que diz respeito à busca de participantes no meio de
companheiros de trabalho já adoecidos pelo intenso nível de dissociação que permeia
este ambiente, pode ser reconsiderado. A reflexão que sustenta este pensamento é a
compreensão de que a negação do cuidado de si talvez seja um hábito tão arraigado, que
as resistências à mudança se reforçam quando há um convite a olhar para o nível de
adoecimento presente em suas vidas. Qualquer esforço para mudar tal realidade, a qual
muitos estão adaptados, pode ser demais.
Num ambiente como um hospital, mais que a oferta do projeto como uma
possibilidade, o estímulo à participação através da garantia de um horário para a
atividade pode ser vista como um movimento gerencial para alcançar o cuidado do
trabalhador e qualificação do trabalho, na medida em que só está apto a cuidar de outro
aquele que recebe o cuidado necessário.
Neste sentido, acredito que estratégias de implantação de biodanza em
ambiente como o proposto devam ser construídas em parceria com os níveis mais
elevados de gestão da instituição. Para tal, é necessário que a biodanza seja conhecida e
reconhecida como ação passível de ser aplicada nesse contexto.
Embora não tenha duvida dos efeitos da biodanza e dos benefícios potenciais
para inúmeros grupos humanos, sua expressão em nossa sociedade é muito pequena.
Como propor a um gestor de serviços de saúde uma atividade que ele desconhece?
Para além de um conjunto de textos acessível apenas aos iniciados, pouco se
tem escrito sobre a biodanza em canais de divulgação aceitos no meio cientifico e tal
34
ausência dificulta a adoção da proposta como uma estratégia valida para o cuidado à
saúde humana.
Os profissionais de saúde são educadores e, de algum modo, construtores de
uma cultura de cuidado. Desta forma, a oferta da biodanza a estes trabalhadores tem um
potencial imenso de produzir a divulgação desta prática. A exposição da biodanza como
tecnologia a ser experimentada e validada nos espaços de cuidado a saúde pode
contribuir para sua disseminação em inúmeros segmentos da sociedade. Contudo, para
além de grupos e oficinas, é preciso medir resultados e expor o que foi encontrado a
apreciação do meio cientifico.
Retomando ao objetivo geral proposto no inicio deste texto, qual seja,
descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido as profissionais
de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde,
compreendo que foi plenamente alcançado.
As estratégias utilizadas para a construção do grupo foram descritas, bem como
seus impasses e escolhas decorrentes das dificuldades e conduzir a proposta inicial. Foi
descrito o percurso metodológico e, para além da descrição, as reflexões acerca dos
caminhos escolhidos e seus resultados. Acredito que tais informações podem contribuir
com outros facilitadores no momento de construir seus grupos.
Sobre os fundamentos teóricos que sustenta a aplicação da biodanza no
desenvolvimento de atitudes dirigidas ao cuidado de si; os textos pesquisados
demonstram claramente o potencial da tecnologia para o referido proposito. Entretanto,
deve ser feita uma observação sobre a natureza destes escritos e suas implicações em
permitir a divulgação da biodanza em espaços ampliados.
Quase toda a referência bibliográfica do Sistema Biodanza está na chamada
literatura cinza2
. Esta forma de produzir conhecimento, restrita a pequenos grupos,
limita a expansão da prática. Um exemplo deste estrangulamento é a dificuldade
potencial em publicar, em revistas cientificas, a discussão apresentada nesta
monografia. As referências principais (tomos, apostilas de metodologias) não seriam
aceitas em periódicos de maior relevância na área da saúde, não só por sua antiguidade,
bem como por sua condição de circulação restrita.
2
Publicação cuja apresentação física e conteúdo intelectual a tornam efémera. Tem em vista informação de alcance
restrito.
35
Desta forma, concluída a discussão que se pretendeu empreender, fica a como
sugestão às Escolas de Biodanza e a IBF um movimento no sentido de inserir a
biodanza como termo de busca em bases indexadas de pesquisa. Para tal, um esforço de
investigação sistemática dos resultados de sua aplicação em grupos gerais e específicos,
com a publicação dos achados em periódicos de ampla circulação é condição necessária.
36
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dos profissionais de enfermagem de hospitais públicos e privados. Organizações &
Sociedade, v. 19, p. 231-251, 2012.
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Formação Dodente (s.d.)
ARANEDA, R. M. T. Teoria da Biodança - Coletânea de Textos - Tomos. Ceará: Editora
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BAGGIO, M. A.; ERDMANN, A. L. Relações múltiplas do cuidado de enfermagem: o
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perspectiva da comple oe “do nós” na perspectiva da comple oe “do nós” na perspectiva
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37
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SOARES, R. J. O.; ZEITOUNE, R. C. G. O Cuidado e suas Dimensões: Subsídios para
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VAGHETTI, H. H. et al. Trabalho como subsistência nos hospitais públicos brasileiros.
Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, p. 906-911, 2009.
38
APÊNDICE 1
Instrumento de Avaliação Da Atividade
IDADE:____
1) O que motivou você a participar das aulas?
2) Você teria participado mesmo sem o beneficio da carga horária excedente? Por quê?
3) O que você ganhou com a participação da atividade?
4) Tomando como referência o inicio da prática de biodança em relação ao momento atual,
responda as questões seguintes:
a. Em relação à alegria, disposição para a vida, sensação de bem estar você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
b. Em relação a sua capacidade de perceber e oferecer a seu corpo um equilíbrio
entre momentos de atividade e descanso você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
c. Em relação a sua capacidade de perceber seu corpo, o modo de reação corporal
frente às diversas situações do seu cotidiano você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
d. Em relação ao grau de comprometimento com suas escolhas você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
39
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
e. Em relação ao modo como você percebe a sua importância nos espaços onde você
transita você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
f. Em relação a sua capacidade de usar sua força pessoal em prol de seus sonhos e
desejos:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
g. Em relação a sua capacidade de se aproximar das pessoas e expressar seu afeto
você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
h. Em relação a seu comportamento nos cenários de sua prática profissional você:
i. Percebeu muitas alterações positivas
ii. Percebeu algumas alterações positivas
iii. Não percebeu alterações
iv. Percebeu algumas alterações negativas
v. Percebeu muitas alterações negativas
5) Você recomendaria a atividade para outros residentes?
i. Sim.
ii. Não.
Justifique sua resposta:
6) Use o espaço a seguir, caso deseje, para falar um pouco mais sobre a atividade. Use o verso da
folha, se necessário.

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Biodanza e cuidado de si | Frances Silva

  • 1. 1 Biodanza e Cuidado de Si: Relato de Experiência com um grupo de Enfermeiras em um Hospital de Ensino Frances Valéria Costa e Silva Fevereiro / 2015 Monografia apresentada à Associação Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de Facilitador de Biodanza. Orientadora: Leila Maria Augusta de Almeida Didata em Biodanza INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA ROLANDO TORO DO RIO DE JANEIRO
  • 2. MONOGRAFIA APRESENTADA À ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA DO RIO DE JANEIRO, E APROVADA PELA COMISSÃO JULGADORA, FORMADA PELOS DIDATAS: ___________________________________________ Leila Maria Augusta de Almeida Orientadora Facilitadora Didata International Biocentric Foundation Reg. RJ nº XXXX __________________________________________ XXXXXXXXXXX Facilitadora Didata International Biocentric Foundation Reg. RJ nº XXXX ________________________________________ XXXXXXXXXXX Facilitadora Didata International Biocentric Foundation Reg. RJ nº XXXX Visto e permitido a impressão Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2015 ____________________________ Andrea Zattar Diretora da Associação Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro International Biocentric Foundation Reg. RJ nº XXXX ____________________________ Danielle Tavares Diretora da Associação Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro International Biocentric Foundation Reg. RJ nº XXXX
  • 3. DEDICATÓRIA A todos que dançam a vida que existe em mim.
  • 4. RESUMO O texto apresentado tem como tema a biodanza no cuidado dirigido as profissionais de enfermagem. Nasceu do encontro da experiência como enfermeira e da formação como facilitadora de Biodanza. Deriva das observações de atitudes particulares e coletivas de colegas de trabalho que denotam o descuido consigo e do questionamento sobre os efeitos da biodanza sobre estas atitudes. Descreve a experiência de construir um grupo de biodanza dirigido aos profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde. Objetivos Descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido a profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde; Apresentar as estratégias utilizadas para a construção de um grupo de biodanza em uma instituição universitária de ensino em saúde; Expor os caminhos metodológicos elencados para o grupo; Demonstrar os resultados obtidos com as atividades desenvolvidas e Demonstrar os fundamentos teóricos da biodanza que sustentam sua aplicação no desenvolvimento de atitudes dirigidas ao cuidado de si. Metodologia. Trata-se de um relato de experiência vinculada a uma atividade de extensão vinculada a uma universidade publica localizada no estado do Rio de Janeiro ocorrida entre 2014 e 2015. É descrita a etapa de formação do grupo, suas peculiaridades, as características que orientaram o desenho das aulas e a estratégia de avaliação. Resultados e discussão. Sete participantes avaliaram os resultados obtidos. Este grupo foi composto predominantemente por mulheres (6), com uma faixa etária homogênea, que variou de 22 a 27 anos. Em relação aos ganhos obtidos com a participação no grupo destacaram-se três categorias temáticas: A categoria “qualificação de relacionamentos” foi a que obteve mais citações. O equilíbrio foi outra categoria que expressa demandas muito presentes em nosso tempo. A consciência de si foi a terceira categoria encontrada. Todos os participantes recomendariam a Biodanza para seus pares. Conclusões. A construção da monografia foi forma adicional de aprendizagem. A biodanza resulta em benefícios no cuidado de si para trabalhadores de saúde, mas deve ser vista como um movimento gerencial para alcançar o cuidado do trabalhador e qualificação do trabalho,
  • 5. RESUMEN El texto que se muestra tiene como tema de Biodanza en la atención ofrecida a los trabajadores de enfermería. Nació del encuentro de la experiencia como enfermera y la formación como un facilitador de Biodanza. Derivado de las observaciones de las actitudes individuales y colectivas de los compañeros de trabajo que denotan falta de cuidado puede y cuestionando sobre los efectos de biodanza en estas actitudes. En él se describe la experiencia de la construcción de un grupo de biodanza dirigida a los profesionales de enfermería en el contexto de una educación para la salud de la universidad. Dirigido para describir la experiencia de la construcción de un grupo de biodanza dirigida a los profesionales de enfermería en el contexto de una educación para la salud universitario; Presentar las estrategias utilizadas para la construcción de un grupo de biodanza en una educación para la salud universitario; Exponer los enfoques metodológicos que figuran en el grupo; Demostrar los resultados obtenidos de las actividades y demostrar los fundamentos teóricos de biodanza que apoyan su aplicación en el desarrollo de actitudes dirigidas cargo de sí mismo. Metodología. Se trata de un relato de experiencia vinculada a una actividad de extensión vinculado a una universidad pública en el estado de Río de Janeiro se produjo entre 2014 y 2015. Se describe la etapa formativa del grupo, sus peculiaridades, las características que guiaron el diseño clases y estrategia de evaluación. Resultados y Discusión. Siete participantes evaluaron los resultados. Este grupo estaba compuesto predominantemente de mujeres (6), con un grupo de edad homogénea, que varió de 22 a 27 años. En cuanto a los beneficios de la participación en el grupo destacó tres categorías temáticas: La "relación de calificación" era el que tenía más citas. Equilibrio era otra categoría que expresa demandas muy presentes en nuestro tiempo. La autoconciencia era la tercera categoría encontrado. Todos los participantes recomendarían el Biodanza a sus compañeros. Conclusiones. La construcción de la monografía era más forma de aprendizaje. Los resultados de Biodanza en beneficios en el auto- cuidado para los trabajadores de la salud, sino que deben ser vistos como una medida de gestión para llegar a la atención del empleado y mano de obra calificada,
  • 6. SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................ 3 Objetivo geral:.............................................................................................................. 6 Objetivos específicos:................................................................................................... 6 II - PERCURSO METODOLÓGICO .............................................................................. 7 2.1 – Entre princípios gerais e específicos: .................................................................. 9 III – REVISÃO TEÓRICA............................................................................................. 14 3.1 – Bases conceituais:.............................................................................................. 14 3.2 – Princípios........................................................................................................... 15 3.3 – Educação, cultura e alienação: um olhar sobre o trabalho em saúde ................ 17 3.4 – Estilos de viver x estilos de adoecer:................................................................. 19 IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 21 4.1 –Percepções do Grupo.......................................................................................... 21 4.2–Percepções da Facilitadora: ................................................................................. 28 V – ALGUMAS CONCLUSÕES .................................................................................. 33 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 36 APÊNDICE 1 ................................................................................................................. 38 Instrumento de Avaliação da Atividade ..................................................................... 38
  • 7. INTRODUÇÃO O texto ora apresentado tem como tema a biodanza no cuidado a trabalhadores de enfermagem. O interesse pelo assunto nasceu do encontro de duas experiências: a ação como enfermeira e educadora em um polo e, em outro, o processo de formação como facilitadora em biodanza. No que diz respeito às experiências como enfermeira, ressalto a prática assistencial e as observações daí decorrentes: atitudes particulares e coletivas de parceiros de trabalho que denotam, muitas vezes, descuido consigo. O argumento da falta de tempo para atividades de lazer, exercícios físicos, visitas a serviços de saúde, ou qualquer outra atividade que resulte em um beneficio próprio, é recorrente entre profissionais de enfermagem. Em situações em que tive profissionais já adoecidos sob meus cuidados, propostas dirigidas a reorganização da vida no sentido de reequilibrar sua condição de saúde eram frequentemente rechaçadas, com argumentos relacionados à necessidade de cuidar de outros. Há, portanto, uma incoerência, um contraponto entre o não cuidar de si e a dedicação intensa, excessiva, contínua no cuidado com outro. Tais atitudes de abandono de si resultam no adoecimento físico e mental, explicado na produção cientifica da enfermagem, predominantemente, pelas dinâmicas próprias do mundo do trabalho e, secundariamente, por expressões associadas ao gênero feminino, que constitui a esmagadora maioria da força de trabalho nesta categoria profissional. A esse respeito também é possível encontrar produção crescente da área da saúde mental, proclamada em textos que trazem como temática o “cuidado ao cuidador”, que assinalam a importância da atenção a este grupo, que se estende para além dos cuidadores profissionais, tendo como características comuns o sofrimento e a falta de atenção a suas próprias necessidades. O cuidado é o que torna a vida humana possível. É mais que um ato, uma atitude que implica em envolvimento e responsabilização com o outro (BOFF, 1999). Na enfermagem, para além de sua consistência enquanto objeto de trabalho, o cuidado vem sendo discutido como seu objeto epistemológico (LEOPARDI; GELBCKE; RAMOS, 2001), constituindo expressivo volume da produção cientifica dos núcleos de
  • 8. 4 pesquisa em enfermagem. No conjunto destas publicações, interessa destacar aquelas relacionadas ao cuidado consigo ou, como mais frequentemente grafado, “cuidar de si”. Parece obvia a afirmativa de Baggio, Erdmann e Sasso (2010) que assinalam que a partir da abordagem da complexidade o cuidador, antes de prestar cuidado ao outro, deve ter atenção consigo. No entanto, ao desenvolver um estudo utilizando uma metodologia reflexiva, as autoras destacaram uma categoria de analise intitulada “profissional de enfermagem como eu-robô”, onde os sujeitos estudados expressaram sua falta de consciência da importância de pensar em si, dando atenção ao corpo, compreendido como máquina, apenas quando este apresenta problemas. (BAGGIO; ERDMANN; SASSO, 2010), A explicação dessas atitudes poderia ser feita por caminhos diversos. Um deles, atrelado à história da profissão, admite o cuidado como trabalho divino ou ainda, como forma de penitência por parte de quem cuidava (SOARES; ZEITOUNE, 2012). Tal perspectiva, que encontra base na história do desenvolvimento deste ofício, pode não ser atualmente expressa nos modelos curriculares que orientam a formação de enfermeiras1 , mas certamente se entrelaça com as representações que a sociedade tem do papel destas profissionais e que as enfermeiras têm de si mesmas. Deste modo, se cuidar do outro é um trabalho divino ou uma penitência, como construir espaço para cuidar de si mesmo? Outro modo de compreender essas atitudes esta ancorada na organização do trabalho, descritas por Elias e Navarro (2006) que pesquisaram a relação entre trabalho, saúde e condições de vida de profissionais de enfermagem. As autoras destacam as transformações no mundo do trabalho, que intensificam o consumo de energias físicas e espirituais dos trabalhadores, sendo o setor saúde área crescente absorção de mão de obra, sem melhoria significativa nas condições de trabalho. Neste contexto chama atenção a exploração da força de trabalho feminina, que compõe esmagadora maioria das profissionais de enfermagem. A divisão do trabalho no hospital reproduz em seu interior a evolução e a divisão do trabalho no modo de produção capitalista, sendo preservadas, no entanto, as características caritativo-religiosas. O hospital carrega o ônus da dor, da doença e da morte desde sua criação. O processo de trabalho hospitalar é parcelado e reproduz as 1 Em que pese a orientação da língua portuguesa indicando a flexão de gênero do substantivo ao termo masculino, optou-se por manter aqui o termo enfermeira, pois a mulher constitui esmagadora força de trabalho na profissão.
  • 9. 5 características da organização do trabalho industrial, o que produz trabalhadores ora compromissados, ora desesperançados (ELIAS; NAVARRO, 2006)p.519 Explicações para este comportamento de descuido ou autonegligência poderia ser um objeto de estudo por si, todavia não é este o interesse primário desta reflexão, mas sim as estratégias possíveis para mudar tais atitudes. Neste sentido, ressalto a outra experiência que, na interface com o trabalho como enfermeira, permitiu construir a proposta para esta monografia: a formação como facilitadora em biodanza. Estar em condições de facilitar um grupo de biodanza pressupõe um mergulho dentro de si. Diria que ninguém passa incólume por este processo. Ninguém deixa de olhar suas histórias, seus caminhos e suas escolhas. E o resultado de cada uma das escolhas. Não é possível ignorar a autonegligência e o descuido com o cuidado de si, oculto no zelo desmensurado com a vida do outro. Está foi à constatação que a formação me trouxe! O cuidado com o outro como forma de fugir de minhas próprias dores atravessa minha história e, talvez, de algum modo, tenha determinado a escolha de minha profissão. Foi necessário um nível de sofrimento intenso antes de sair do lugar e procurar algo, sem saber exatamente o que. Entre terapias variadas, de fala e medicamentos, encontrei a biodanza e de algum modo comecei a me dar conta de mim. Comecei a dar sentido e significado a minha existência pelo que ela é e não mais pela necessidade de produzir cuidado para outras pessoas. Encantei-me comigo e me surpreendi com a mudança. Não pensava em mudar: a mudança foi suavemente acontecendo. Dos grupos regulares até a decisão por cursar a formação passaram alguns anos. Como algumas sérias decisões de minha vida, foi pouco pensada, mas, sobretudo sentida. E a partir do inicio do curso já não era só a mudança o que chamava atenção, num percurso nem sempre suave. O conhecimento, a estrutura teórica organizada, que tanto me atrai na vida acadêmica, estava sendo ofertada como um universo a ser desvendado. No crescente de dúvidas, resistências, encantos e desencantos, o conhecimento foi sendo construído pelas vivências e pela leitura. Entre o desejo de compor uma investigação capaz de satisfazer minha mente inquieta e a necessidade de compor um
  • 10. 6 texto monográfico consistente às demandas do curso de formação, cheguei ao formato ora apresentado. Trata-se de um relato acerca da experiência de construir um grupo de biodanza dirigido aos profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde. Seus objetivos são descritos a seguir. Objetivo geral: Descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido a profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde Objetivos específicos:  Apresentar as estratégias utilizadas para a construção de um grupo de biodanza em uma instituição universitária de ensino em saúde  Expor os caminhos metodológicos elencados para o grupo  Demonstrar os resultados obtidos com as atividades desenvolvidas  Demonstrar os fundamentos teóricos da biodanza que sustentam sua aplicação no desenvolvimento de atitudes dirigidas ao cuidado de si.
  • 11. 7 II - PERCURSO METODOLÓGICO O relato refere-se à experiência com uma atividade de extensão vinculada a uma universidade publica localizada no estado do Rio de Janeiro. O projeto de Extensão “Biodanza na promoção da saúde e qualidade de vida em trabalhadores da enfermagem (...)” foi proposto a Universidade, na qual leciono, no final do ano de 2014, quando foi autorizada pela Escola de Biodanza a facilitação de grupos com a orientação de um didata. A proposta inicialmente apresentada ao Departamento de Extensão tinha como propósito ofertar uma ação de promoção da saúde e qualidade de vida, tendo como público alvo profissionais de enfermagem vinculados ao hospital universitário. Para contextualizar a proposta foi destacado o trabalho em saúde, enfocando o trabalho em enfermagem e as questões que impactam na qualidade de vida e saúde. A compreensão do espaço do trabalho como lócus onde seres humanos podem criar e recriar o ambiente, interagindo de modo dinâmico, reconstruindo a si mesmos, num processo contínuo de aprendizagem em sua relação com o outro foi o ponto de partida, contraposto à percepção de que os valores e modos de viver, presentes em uma dada cultura, perpassam o mundo do trabalho. Assim, questões tais como o individualismo e a competição, muito presentes na sociedade contemporânea, podem transformar o trabalho num local de destruição das possibilidades de cooperação e, a partir do desgaste na relação com o outro, torná-lo um local inóspito, gerador de sofrimento e doenças. O padrão demográfico e o perfil de morbidade e mortalidade contemporâneo são desafios para os sistemas de saúde e resvalam em seus trabalhadores, que necessitam de uma infraestrutura humana forte, capaz de fechar o fosso entre promessa de saúde e realidade de saúde (ORGANIZAÇÃO MUNCIAL DA SAÚDE, 2007). Neste cenário, admitindo a biodanza como ferramenta capaz de contribuir com estes trabalhadores na construção dessa infraestrutura humana, o projeto foi apresentado. A proposta intentava amplia o cuidado para uma população que carece de
  • 12. 8 suportes sociais, além de expandir a ação da universidade com oferta serviços à comunidade. Um interesse adicional foi criar espaço para investigação, uma vez que a biodanza carece de estudos sistemáticos pelo mundo acadêmico, ampliando a possibilidade de demonstrar todo potencial desse sistema de cuidado humano na obtenção de qualidade de vida e saúde. Por se tratar de uma tecnologia de baixo custo, particularmente quando considerados seus benefícios, seu potencial de disseminação é grande, permitindo seu emprego em diversos campos e espaços. Assim, justificou-se a proposta não só como oferta de serviços a comunidade interna à universidade, mas também por seu potencial gerador de pesquisa e ensino no âmbito da graduação e da pós-graduação. O projeto inicial teve como objetivo geral Oferecer a biodanza como ação de cuidado dirigido para os trabalhadores de saúde do Hospital Universitário, tendo entre outros objetivos específicos a criação de grupos regulares de biodanza dirigidos residentes de enfermagem e a oferta de oficinas de biodanza a trabalhadores do hospital, além da avaliação das mudanças na qualidade de vida relacionada a saúde em participantes de grupos regulares de biodanza no âmbito do projeto. Como a unidade acadêmica a qual estou vinculada conta com espaço específico para atividades vivenciais em grupo, não houve necessidade de produzir um local para a atividade. O movimento necessário a esta etapa do projeto referia-se a divulgação da atividade e, uma vez formado o grupo, o inicio das aulas. O início das aulas foi agendado para ocorrer junto com a abertura do segundo semestre letivo do ano de 2014, que por questões estruturais da universidade estava atrasado. Desta forma, em agosto de 2014, dois meses antes do começo das atividades, foi feita uma divulgação dirigida a todos os enfermeiros chefes de clinicas cirúrgica da instituição, num total de quatorze pessoas. A escolha do publico foi intencional, visto que esta população encontrava-se sob um nível de pressão elevada, por problemas graves nos setores cirúrgicos da instituição e, portanto, pareceu demandar um cuidado diferenciado em um primeiro momento. A opção por abordar as chefias esta associada à compreensão de seu papel como formadores de opinião, o que poderia propiciar uma divulgação do projeto para o restante da equipe.
  • 13. 9 Os enfermeiros selecionados foram abordados pessoalmente, convidados a participar da atividade a partir de uma explicação da proposta. Todos manifestaram interesse, falando do desejo que a atividade tivesse início rapidamente, Por ocasião da primeira aula, todos foram avisados e nenhum compareceu. Após a primeira aula muitos profissionais do inicialmente convidado apresentaram desculpas pela ausência e renovaram o compromisso em estarem presentes em encontros subsequentes. Naquele semestre foram realizadas oito aulas, com outros componentes da equipe de enfermagem da instituição, mas nenhum dos que se propuseram a estar inicialmente compareceu. As aulas realizadas em 2014 tiveram a presença de poucas pessoas e, habitualmente, os grupos não se repetiam. A argumentação para ausência eram a falta de tempo, a impossibilidade de sair das atividades do hospital para o grupo ou a escala de trabalho, que era incompatível com os dias do grupo. Com o encerramento do semestre letivo de 2014 fez-se a opção por redesenhar o projeto, enfocando outro grupo e garantindo sua presença nas aulas. Assim, no inicio do semestre letivo de 2015 os residentes de enfermagem do hospital universitário foram convidados a participar de uma discussão sobre formas de atenuar o estresse e as atividades de meditação e biodanza foram oferecidas ao grupo. A coordenação da residência garantiu àqueles que tivessem o interesse de participar de qualquer das propostas uma liberação de atividades do campo prático em carga horária equivalente àquela empregada com a biodanza ou a meditação. Vinte e oito, dos quarenta e dois residentes, se inscreveram para a primeira aula de biodanza, entretanto apenas dezesseis compareceram, formando um grupo inicial, aqui denominado grupo de residentes. As aulas propostas e os resultados obtidos com este grupo são descritas a seguir. 2.1 – Entre princípios gerais e específicos: A opção por um grupo composto por residentes de enfermagem trouxe alguns desafios interessantes. Para compreendê-los, vale ressaltar algumas peculiaridades deste conjunto de estudantes / trabalhadores.
  • 14. 10 A residência é um programa de formação para profissionais de saúde que concluíram a graduação. Trata-se de um curso de especialização na modalidade de ensino em serviço, com uma carga horária total de 5.760 horas, divididas em dois anos e distribuídas em sessenta horas por semanas, das quais 80% são compostas de atividades práticas, onde os residentes assumem as práticas próprias de sua profissão, tendo como orientadores os profissionais efetivos e docentes da universidade. O curso pressupõe uma bolsa e a dedicação exclusiva a estas atividades. Grandes fontes de tensão atravessam o desenvolvimento de um curso no formato de residência. Os dilemas entre ser profissional ou aluno; a juventude e a necessidade de dar conta dos conflitos associados ao cuidado com a dor, o sofrimento e a morte; as condições inadequadas para exercício da prática; a intolerância e intransigência de alguns orientadores, entre outras questões que geram estresse e, muitas vezes, adoecimento. Os programas de residência em enfermagem desta universidade abarcam doze especialidades. No grupo inicial existiam residentes da área de terapia intensiva, nefrologia, pediatria, cardiologia e clinica cirúrgica. Outra peculiaridade a ser ressaltada foi meu duplo papel: facilitadora do grupo, enfermeira, coordenadora adjunta dos programas de residência e preceptora direta do programa de nefrologia. Profunda conhecedora das tensões do ambiente de trabalho, por senti-las na própria pele, mas também representante do poder formal deste espaço, que muitas vezes tem o papel de impor limites às demandas do grupo de residentes. O encontro entre facilitadora e grupo foi mediado pela experiência da supervisora e a construção de uma proposta, um objetivo a ser alcançados. A pergunta que orientou as escolhas foi: O que essas pessoas precisam? O que a biodanza pode oferecer para este grupo? Minha observação e experiência orientaram as respostas: Precisam reconhecer seu valor! Precisam ser assertivos! Da experiência da supervisora veio a observação, gradualmente percebida e passando a pautar a escolha dos exercícios: precisam aprender a descansar! Esta observação remete ao conceito de autorregulação como componente básico da vitalidade. A característica do trabalho em saúde, que admite jornadas laborais através de turnos, permite o acumulo de mais de um emprego, além de atividades
  • 15. 11 próprias ao cotidiano da população dos centros urbanos. Há um senso comum que admite que as pessoas capazes de permanecer “ligadas” na execução dessas tarefas têm vitalidade. O movimento aqui sugerido convida contrapor esse comportamento, de base tipicamente adrenérgica, à necessidade de pulsação, que intercala momentos de ação com momentos de descanso, como é apropriado a um individuo que tem vitalidade. Atualmente, ao olhar o que foi feito, me parece adequado que neste tipo de formação de grupo a questão deve ser compartilhada e as respostas construídas em conjunto. A construção coletiva teria permitido perceber, a partir da fala de cada participante, os desafios inerentes à manutenção da vitalidade em um universo singular como os espaços ocupados por trabalhadores da área de saúde. As primeiras aulas buscavam integração motora: desenvolver consciência corporal e base para alcançar a possibilidade de saltar para outro patamar de inserção na vida e no mundo do trabalho: ganhar consciência e expressar seu valor no mundo. As aulas, seus objetivos e exercícios chave foram organizados numa sequência, orientada para um ápice, ponto no qual o grupo foi convidado a fazer uma avaliação do processo. No quadro 1 estão sintetizados os temas das aulas, seus respectivos objetivos e exercícios chave. A escolha das musicas obedeceu estritamente o existente nos catálogos da IBF. Em relação aos exercícios, a lógica da progressividade foi mantida, entretanto a proposição de Sarpe (2015), no que se refere a uma progressividade radical, foi ponderada a luz do tempo disponível e do objetivo geral da proposta. Neste contexto, destaca-se a opção pela utilização dos exercícios segmentares nas aulas iniciais com base em suas contribuições, para além de sua capacidade de ativação do inconsciente pessoal, de indução de respostas de relaxamento muscular em segmentos corporais intensamente enrijecidos pelos comportamentos recorrentes do cotidiano. Ao final da sequência de aulas, que se alinhou com o fim do semestre letivo e recesso da universidade, os participantes foram convidados a avaliar a atividade a partir de uma roda de conversas e a resposta a um questionário (apêndice 1). As aulas foram retomadas no inicio do novo semestre letivo. A mudança nas escalas, a interrupção do programa de residência e outros problemas de ordem pessoal
  • 16. 12 foram argumento que os participantes deste processo apontaram para não retornas às atividades do grupo. As considerações sobre os resultados obtidos à luz do arcabouço teórico da biodanza são apresentadas no capítulo 4.
  • 17. 13 Quadro 1 Síntese dos temas, objetivos e exercícios chave desenvolvidos nas aulas de biodanza para o grupo de Residentes Rio de Janeiro, 2015. Nº Tema Objetivo Exercício Chave 1 Vida com alegria Convidar a olhar para o modo como vivemos como resultado escolhas. É possível escolher viver melhor, com menos desgaste. Dança Criativa de Fluidez 2 Gestos que mudam a existência Observar gestos cotidianos capazes de mudar o rumo de nossas vidas Eutonia de dedos em par 3 Presença Motivar a percepção acerca da presença transformadora de cada participante no espaço onde está inserido Encontro de mãos 4 Comprometimento Motivar para o comprometimento com a vida em todas as suas expressões Compressão e descompressão das mãos em dupla 5 Identidade Promover o reconhecimento da identidade única de cada participante Posição geratriz de intimidade 6 Pulsação Perceber a necessidade de modular atividades de ação e repouso como expressão da vitalidade Elasticidade integrativa 7 Assertividade Experimentar a força que define as escolhas na vida Dança Yang 8 Confiar na vida Estimular a construção de relações de confiança na vida Dança Yin 9 Ser presença que transforma Perceber sua potencia de transformação no mundo através de gestos plenos de sentido no cotidiano. Banho Lúdico 10 Valor no mundo Reconhecer seu valor no espaço onde está inserido, reconhecer-se merecedor de cuidado. Posição geratriz de valor
  • 18. 14 III – REVISÃO TEÓRICA 3.1 – Bases conceituais: O propósito deste capítulo é destacar aspectos do arcabouço teórico que sustenta a biodanza de modo a subsidiar a discussão a ser empreendida posteriormente. O texto está ancorado, sobretudo, em uma coletânea de textos frequentemente referida como “tomos” (ARANEDA, 1991). Para inicio da discussão é de particular relevância destacar a definição de biodanza: “É um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções originárias da vida” (ARANEDA, 1991 P.2). Em relação à integração afetiva, trata-se da proposição de quebrar a dissociação entre a percepção, motricidade, funções viscerais e afetividade, tendo como núcleo integrador ente ultimo elemento. Sobre a renovação orgânica o foco está no alcance da homeostase dinâmica do corpo vivo, através do estimulo a processos de renovação a processos de regulação das funções biológicas. No que diz respeito à reaprendizagem das funções originárias da vida, os instintos básicos, ancorados na programação genética, devem subsidiar o comportamento e o estilo de vida. Para tal, as ações da biodanza se debruçam em produzir um “bombardeio” de ecofatores positivos sobre os potenciais genéticos, que poderão se expressar em um contexto ecológico. A metodologia da biodanza está ancorada na indução de vivências integradoras, através do canto, da dança e de situações de encontro em grupo. Sua estrutura operativa está organizada em um conjunto de sete paradigmas, descritos de forma sintéticas a seguir. O principio biocêntrico, primeiro paradigma, tem como referencia a sabedoria que gera os processos viventes. Surge anterior a cultura e tem como mestre a Natureza e suas leis que regem a conservação da vida.
  • 19. 15 O segundo paradigma, o principio neguentrópico de amor e iluminação, admite que o ser humano seja capaz de conduzir seu próprio processo evolutivo, para formas de otimização e grandeza. A expansão da existência a partir do potencial genético é o terceiro paradigma, que explica a existência vinculada a um conjunto de potenciais genéticos altamente diferenciados, que podem se expressar diante do encontro com fatores (ecofatores e cofatores) adequados. O progresso biológico autoinduzido é o quarto paradigma, que aceita o argumento de que é possível induzir processos de diferenciação no “sistema vivente” a partir de estados de regressão / refundição / renovação. O quinto paradigma trata da pulsação da identidade. Neste contexto a identidade é descrita como tendo gênese biológica, que se manifesta no encontro com o outro. A identidade pulsa desde a sensação de ser o centro da percepção do mundo até estados de regressão e fusão com o universo. A permeabilidade da identidade é o sexto paradigma. Entende que a identidade é permeável a musica e a presença do outro, o que significa dizer que a “potencia expressiva da identidade pode ser influenciada por situações de encontro e pelo estimulo musical” (p.7) O sétimo e ultimo paradigma afirma que o ponto de partida autorregulador é a vivência, descrita como “a percepção intensa e apaixonada de estar vivo aqui e agora” (p.7). 3.2 – Princípios Os princípios que dão coerência ao Sistema Biodanza estão classificados em gerais e específicos. No que diz respeito aos princípios gerais é importante, a fim de subsidiar discussão posterior, destacar alguns (ARANEDA, 1991). Iniciando pelos princípios gerais, o primeiro a ser destacado é a progressividade. Tal princípio deve orientar a organização dos grupos de iniciação a biodanza, estabelecendo uma estruturação das sessões graduando intensidade e duração dos exercícios de modo a produzir um processo de mudança evolutivo. É importante ter claro que as estruturas construídas por cada indivíduo para interagir com o mundo onde
  • 20. 16 está inserido não devem ser quebradas, sob pena desequilibrar sua homeostase. De outro modo, a mudança promovida deve ser baseada numa perspectiva de integração da identidade, em acordo com a capacidade individual de incorporar as mudanças. A reciprocidade é um ouro principio geral que merece destaque. Uma vez que a atividade se produz em grupo, é importante promover a aprendizagem das formas de relacionamento, sendo o facilitador um agende que promove a possibilidade de encontros, oferecendo condições a cada participante graduar sua forma e intensidade de contato, em acordo com os limites de cada um. A autorregulação é outro principio a ser destacado, que implica em não interferência nos processos automáticos do corpo, reforçando seus mecanismos naturais de funcionamento, sem violentá-los. A autocura é um principio que admite que cada indivíduo pode assumir a responsabilidade por sua cura e a regulação de suas respostas. A cura é suscitada por motivações internas, carregadas de emoção. A estrutura grupal: a biodanza só existe em grupo. É dentro do grupo em que cada indivíduo tem a oportunidade de experimenta atitudes de contato e comunicação, criando possibilidades de reconstrução de sua identidade. A integração corporal diz respeito a integração o corpo as inúmeras possibilidades de ação e expressão humanas. Neste sentido propõe-se o nexo entre o movimento e as sensações, sentimentos e pensamentos. O corpo integrado conta com fluidez, elasticidade, equilíbrio e eutonia. Sobre os princípios específicos, estão relacionados à constituição de grupos com características especificas. O Araneda (1991) utiliza a expressão “prescrição para grupos com problemas específicos”, destacando que as aulas destes grupos devem estruturar-se de acordo com critérios diagnósticos que permitam a compensação em linhas de vivência (p.11).
  • 21. 17 3.3 – Educação, cultura e alienação: um olhar sobre o trabalho em saúde Sob o subtítulo “Educação, cultura e alienação”, os tomos exploram a percepção do padrão cultural das sociedades contemporâneas, caracterizadas cisão do humano em dimensões opostas. Nesta perspectiva não caberiam no mesmo espaço corpo e alma, homem e natureza, matéria e energia, entre outras polaridades. O termo alienação é frequentemente utilizado na sociologia, relacionado ao alheamento, a um estar fora ou não perceber seu entorno. Sobre esse assunto interessa destacar a alienação e o trabalho nas sociedades contemporâneas. O trabalho media a integração social, tendo relevância na constituição da subjetividade, no modo de vida e, portanto, na saúde física e mental das pessoas (MIRANDA et al., 2009). O sentido do termo alienação, a partir de Marx, implica em uma condição onde o individuo ou grupo tornam-se estranhos ao produto de sua própria atividade ou a natureza na qual vivem ou ainda a outros seres humanos. O trabalho alienado tem consequências negativas para a saúde humana e implicam na destruição do ambiente (FRANCO, 2011). Franco (2011), refletindo sobre as faces do trabalho alienado na realidade atual, chama atenção para o trabalho reduzido a condição de “coisa” onde seu valor está na possibilidade de uso e de troca. Neste contexto, o ser humano deixa a condição de criador e produtor, mas de algum modo também é uma “coisa-mercadoria”. Essa concepção é o que a autora intitula “trabalho sem arte”. Num extremo dessa reflexão, o ser humano que se coisifica é desligado de sua espécie e se desvincula de sua relação com a natureza. No mundo do trabalho, os mecanismos de racionalização dos processos produtivos produzem uma primazia do trabalho sobre o ser humano (MELLO; MARÇAL; FONSÊCA, 2009). Em que pese este processo iniciar-se em estruturas de produção fabril, na atualidade se estende para espaços de produção de serviços, no qual se insere o trabalho em saúde.
  • 22. 18 Deve ser ressaltado que a natureza do trabalho em saúde é diversa da matéria fabril. O campo incorpora um conjunto de práticas e saberes que tem como objetivo último ações para produção de cuidado humano (MERHY, 2004). Em que pese a afirmativa de Merhy, o próprio autor reconhece que na atualidade tais ações “nem sempre são bem realizadas, para ser otimistas” (p.1). A inadequação do cuidado a saúde humana pode ser explicada pela ótica do processo de produção de serviços de saúde, organizado com a lógica de produzir procedimentos, sem a integralização do cuidado em torno do usuário (MERHY, 2004). Para além desta leitura, onde é evidente o impacto deletério do modo de produção de serviços de saúde em seus usuários, os resultados do modelo no trabalhador em saúde devem ser examinados com atenção. A síndrome de Burnout tem sido descrita a partir de sintomas tais como exaustão, desilusão e isolamento dos trabalhadores e as características do ambiente de trabalho, sendo os trabalhadores mais vulneráveis aqueles envolvidos com ocupações assistências como no setor saúde (ANDRADE et al., 2012). Chama atenção o destaque de Andrade et al (2012) na definição da doença quando as autoras assinalam a síndrome como “reação prolongada aos estressores interpessoais crônicos” (p.234). O realce no texto da autora diz respeito a compreensão das relações interpessoais como fonte de estresse, que salienta o modelo de organização do processo de trabalho em saúde como reflexo do padrão de organização da sociedade que gera comportamentos dissociados, já apontados como causa de adoecimento. A ponte entre o trabalho em saúde e o que foi descrito por Araneda (1991) é dada pela importância desse grupo de trabalhadores nos processos de educação de comunidades humanas. O profissional de saúde ao mesmo tempo em que cuida, educa. Sua atuação muitas vezes implica na prescrição de modos de agir que determinariam mais saúde. Neste sentido, o conjunto de trabalhadores de saúde com suas falas, práticas e atitudes podem contribuir para moldar uma compreensão sobre estar saudável. Uma questão necessária ao debate diz respeito a capacidade deste trabalhador contribuir com a construção de uma cultura de saúde, considerando que a subjetividade, valores e crenças em relação com o processo de trabalho resultam em diferentes reações “que oscilam entre dedicação e descompromisso, desalento e satisfação, apego e
  • 23. 19 negligência” (VAGHETTI et al., 2009 p. 907), num modus operandi que fomenta a dissociação assinalada no inicio deste texto. As consequências deletérias de um modelo de trabalho dissociado estão documentadas na produção cientifica de diversas áreas. Revisão empreendida recentemente (SILVA; SILVA, 2015) abordou o fenômeno do estresse relacionado ao trabalho como um problema. Neste trabalho as autoras evidenciaram estudos que sinalizam como consequências do estresse ocupacional em enfermeiros a estimulação do sistema nervoso simpático elevando a pressão arterial e reduzindo a da resposta autoimune, desenvolvendo transtornos mentais e dependência de medicamentos (p.207). Silva e Silva (2015) chamam atenção para a necessidade de identificar propostas de ação baseadas na logica da promoção a saúde dentro do ambiente de trabalho e enfatizam a importância de perspectivas de enfretamento e superação tanto no ambiente de trabalho, nas patologias clínicas e no âmbito social, fazendo uma ponte com a ética e a condição humana (...) p.211 A proposição da biodanza acerca da integração biocêntrica da cultura e seu exercício operacional na educação (ARANEDA, 1991 p.57) é uma possibilidade de resposta a necessidade constatada por Silva e Silva (2015), pois na medida em que a prática promove o restabelecimento entre os poploc ocmplementartes do sistema nervoso autonomo, a condição de estresse ocupacional indicada pelas autoras poderia ser contraposta. 3.4 – Estilos de viver x estilos de adoecer: A relação entre estilo de vida e processo saúde-doença tem sido explorada em algumas áreas de estudo. A cultura, como conceito basilar da antropologia, assume especial relevância para compreender as diferentes expressões do adoecimento humano (LANGDON; WIIK, 2010). Langdom e Wik (2010) argumentam que os sistemas de atenção à saúde, bem como as respostas dadas às doenças, são sistemas culturais, consonantes com os grupos
  • 24. 20 e realidades sociais que os produzem. Os autores abordam o modo de viver em sociedade, adoecer e se cuidar como experiência intersubjetiva e relacional, mediada pelo fenômeno cultural (p.176). A discussão sobre estilos de viver e de adoecer merece um capitulo completo nos tomos (ARANEDA, 1991), chamando atenção a assertiva “A maior parte de nossas doenças provêm da violência de nossas emoções” (p.77). Para além de concepções aceitas sobre o adoecimento, tais como o consumo de alimentos, sedentarismo, estresse, entre outros determinantes, a novidade é explicitada na forma do autor expressar o afeto como forma de cura e a Biodanza, como estratégia para favorecer a cura, funciona na medida em que melhora a vinculação das pessoas (p.78). Araneda (1991) afirma que as centenas de doenças tipicamente humanas são o preço pago por um modo alienado de viver, fazendo referencia a doenças da existência, onde a desvinculação com o próximo e consigo faz dos indivíduos seres gravemente enfermos. O enfrentamento para este problema, proposto pelo autor, também compreende uma quebra de paradigma, pois de modo diverso de terapias tradicionais, cujo foco é a doença, a Biodanza propõe-se a fazer desabrochar a parte sadia de cada um. Deste modo, a partir do crescimento do saudável, o adoecido tende a desaparecer (p.78). Para superar o estresse existencial Araneda (1991) assinala as respostas bioquímicas induzidas pela Biodanza, referindo-se a exercícios que modulam e reorganizam padrões de resposta hormonal. Os mecanismos de trabalho apontados consideram a necessidade da transmutação de valores de uma cultura antivida, permitindo, através da reeducação afetiva, usar a chave interior para atitudes capazes de gerar homeostase. Araneda (1991) faz referencia a relação terapêutica que se estabelece em biodanza com base numa construção diversa das terapias mais comuns. Enquanto as últimas funcionam com a proposição de alguém que assuma ação diretiva sobre a vida de outrem, na Biodanza cada participante é uma pessoa ativa, que constrói sua própria cura e ao mesmo tempo contribui com a cura dos demais. O papel do facilitador de grupos de biodanza é descrito como uma pessoa entre pessoas, que também busca sua integração e seu desenvolvimento.
  • 25. 21 IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 - Percepções do Grupo Sete participantes avaliaram os resultados obtidos. Este grupo foi composto predominantemente por mulheres (6), com uma faixa etária homogênea, que variou de 22 a 27 anos. Os participantes foram inquiridos sobre suas motivações para participar da atividade oferecida. As respostas são apresentadas na tabela 1. A possibilidade de abater parte da carga horária do campo de pratica pela presença nos encontros com o grupo de biodanza aparece, junto com a procura de uma atividade de relaxamento, como principal elemento motivador para a busca da atividade. As demais explicações para ida ao grupo são citadas com menor relevância. Deve ser destacado que este campo do questionário admitia varias respostas por participante. Tabela 1 Motivação dos residentes para participação do grupo de biodanza Rio de Janeiro - 2015 MOTIVAÇÃO n % Redução da Carga Horária destinada ao campo prático 4 26,7 Relaxamento 4 26,7 Novas experiências 2 13,3 Aprender a se relacionar com desafios da vida 1 6,7 Autoconhecimento 1 6,7 Busca de motivação 1 6,7 Curiosidade 1 6,7 Experiência positiva de terceiros 1 6,7 Total 15 - Fonte: Própria
  • 26. 22 Todos afirmaram que teriam participado da atividade ainda que não contassem com a Redução da Carga Horária destinada ao campo prático. As justificativas para esta resposta são apresentadas na tabela 2, onde predominam os potenciais benefícios com a atividade e a curiosidade. Tabela 2 Justificativa para participação do grupo de biodanza independente do abatimento da carga horária do campo prático Rio de Janeiro - 2015 JUSTIFICATIVA n % Potenciais benefícios 3 42,86% Curiosidade 2 28,57% Chance de enfrentar dificuldades relacionadas ao trabalho 1 14,29% Possibilidade de interação 1 14,29% Total 7 100,00% Fonte: Própria Os dados apresentados nas duas primeiras tabelas agregam pouca informação sobre os resultados obtidos com o grupo, mas sugerem a presença, nos cenários de prática destes residentes, da composição de uma dinâmica de vida e trabalho que incorpora os estressores e processos dissociativos capazes de fomentar o adoecimento (ANDRADE et al., 2012; SILVA; SILVA, 2015; VAGHETTI et al., 2009). Em relação aos ganhos obtidos com a participação no grupo, foram agregados em três categorias temáticas. A categoria “qualificação de relacionamentos” foi a que obteve mais citações e considerou todas as falas dos residentes que tratavam dos momentos de encontro com outros. Desenvolver a capacidade de relacionar-se, perceber o outro, estabelecer limites, se posicionar diante de situações de conflito são habilidades humanas intensamente requisitadas em profissionais de saúde. Especificamente citando a enfermeira, cabe esclarecer o papel de liderança exercida por essa profissional no conjunto da equipe de enfermagem e, muitas vezes, no contexto da equipe de saúde.
  • 27. 23 Além disso, o cuidado de enfermagem é resultado de uma teia de relações, que exige de todos os envolvidos a capacidade de perceber o outro e agir a partir de uma escuta consciente. Isso diz respeito ao pacientes, mas também aos inúmeros trabalhadores que atuam no ambiente de prestação de cuidados a saúde. Um profissional de enfermagem adoecido, incapaz de construir relações de respeito mútuo, posicionar-se diante de conflitos e estabelecer limites têm muitas dificuldades em seu cotidiano, pois a natureza de seu trabalho exige estas habilidades de forma consolidada. O desenvolvimento da capacidade de relacionar-se com outros é um beneficio valioso alcançado pelo grupo, que denota a integração através da através da reeducação afetiva proposta por Araneda (1991). Este achado demonstra os ganhos potenciais da prática de Biodanza como uma ferramenta de cuidado a saúde que pode qualificar o cuidado de enfermagem. O cuidado centrado no usuário, pretendido por MERHY (2004), só é possível com profissionais capazes de estabelecer relações baseadas no reconhecimento do outro como humano e igual e as respostas dos residentes mostrou que a biodanza é capaz de fomentar essa atitude. O equilíbrio foi outra categoria que expressa demandas muito presentes em nosso tempo. Modular a atividade de trabalho e repouso, escutar o corpo e autorregular- se são necessidades para obtenção da homeostase orgânica. A carga horária dos programas de residência é longa, assim como os modelos de distribuição de jornadas de trabalho de profissionais de saúde formalmente vinculados ao mercado formal de trabalho. O trabalho por turnos, inclusive a noite, podem criar uma dinâmica de funcionamento orgânico que afastam fortemente o corpo de um equilíbrio saudável. Dinâmicas da linha de vitalidade, evocando a autorregulação como principio, reforçando seus mecanismos naturais de funcionamento corporal foram utilizadas nas aulas e seus resultados foram referidos como altamente prazerosos. A consciência de si foi a terceira categoria encontrada, sendo a autoconfiança, o desenvolvimento da capacidade de relacionar-se consigo, o foco é a redução de
  • 28. 24 atitudes reativas as expressões identificadas para defini-la. A discussão deste achado evoca o quinto paradigma, que trata da pulsação da identidade (ARANEDA, 1991). Num mundo onde os processos produtivos produzem uma primazia do trabalho sobre o ser humano (MELLO et al., 2009) é forte a pressão para o desenvolvimento de um nível de alienação (FRANCO, 2011) capaz de promover adoecimento. A evidente necessidade de reforço da identidade humana em espaços como o descrito neste relato ressalta a importância desta dimensão na escolha dos exercícios. Quadro 2 Ganhos obtidos pelos residentes com a participação das atividades de biodanza Rio de Janeiro - 2015 Categoria Tema Qualificação de Relacionamentos Desenvolvimento da capacidade de relacionar-se com outros Capacidade de relacionamentos Posicionamento em questões conflitantes Perceber o outro Estabelecer limites Paciência Amizades Perceber o mundo em volta Equilíbrio Consciência da necessidade de descanso Equilíbrio Relaxar Levar os exercícios para a vida Calma Consciência de si Autoconfiança Desenvolvimento da capacidade de relacionar-se consigo Foco Capacidade de escolher Menor reatividade Fontes: Própria
  • 29. 25 A tabela 3 consolida as respostas à justificativa para recomendar a biodanza para outras pessoas na área de saúde. De algum modo essas falas reforçam o que já foi exposto, tornando evidente o grande potencial de qualificação do cuidado humano com a oferta de biodanza em grupos específicos de trabalhadores na área de saúde. Tabela 3 Justificativa para recomendar a atividade para outras pessoas na área de saúde Rio de Janeiro - 2015 JUSTIFICATIVA1 n % Benefícios potenciais 1 14,29% Espaço para canalizar sentimentos 1 14,29% Experiência prazerosa que trouxe paz, equilíbrio e força 1 14,29% Forma de autoconhecimento e possibilidade de mudanças para cuidar dos outros 1 14,29% Momento de conhecer e interagir com outros 1 14,29% Pela forma como modificou opiniões e atitudes 1 14,29% Possibilidade de dar aos profissionais um ponto de equilíbrio 1 14,29% Total 7 100,00% Fonte: Própria As respostas ao conjunto de questões baseadas na escala de Likert são apresentadas no quadro 3. Todas apontam a percepção de mudanças positivas e todos os temas explorados pelas questões propostas. Sobre a primeira questão, cujo foco foi alegria e disposição para a vida, seis participantes perceberam alterações positivas, dos quais três assinalaram a existência de muitas mudanças positivas. A alegria foi tema central da primeira aula do grupo e presença recorrente nas consignas das aulas sequenciais. Dentre os princípios descritos por Araneda (1991) a autocura é aqui referenciada, pois a capacidade de imprimir maior disposição para a vida é própria ao ser humano, mas as aulas de biodanza podem oferecer os ecofatores necessários para auxiliar os participantes neste processo. A segunda e terceira questões trataram da consciência corporal e reconhecimento das demandas por cuidado com a pulsação entre atividade e repouso corporal. Evocando o sétimo paradigma, que afirma que o ponto de partida
  • 30. 26 autorregulador é a vivência, o grupo foi capaz de perceber as mudanças a partir das vivências experimentadas, mas a observação dos movimentos de cada participante ao longo das aulas demonstrava que muitas mudanças ainda poderiam acontecer. O principio da integração corporal pautou a escolha de muitos exercícios, mas o encontro com o ritmo e a capacidade de fluir foi heterogênea entre os participantes, que demonstravam uma aceleração muito superior a proposta de musicas mais melódicas. A proposição do nexo entre o movimento e as sensações, sentimentos e pensamentos esteve presente nas consignas, que convidavam a movimentos de fluidez, elasticidade, equilíbrio e Eutonia, mas ainda que tenham sido observadas (e autopercebidas), as transformações foram discretas. O tempo necessário para obter mudanças mais evidentes nesta área parece ser mais longo que para mudanças relacionadas a disposição para o compromisso existencial, contudo tal suposição carece de mais observações sistemáticas. As questões de número 4 e 5 tratavam, respectivamente, do compromisso com suas escolhas e uso da força pessoal para alcance de seus sonhos. Nota-se uma concentração de respondentes que referiram ter percebido grandes mudanças no compromisso com suas escolhas e um equilíbrio numérico na resposta seguinte. Duas aulas foram fortemente dedicadas a esta temática (7 e 9). A escolha do tema derivou do diagnóstico inicial, onde se julgou necessário o desenvolvimento de assertividade e reconhecimento de valor, baseada no paradigma do principio neguentrópico de amor e iluminação, que admite que o ser humano é capaz de conduzir seu próprio processo evolutivo, para formas de otimização e grandeza. Neste sentido, as aulas fomentaram uma capacidade latente para que cada participante transformasse seu caminho a partir de sua força pessoal. A percepção sobre sua importância no espaço onde transita foi muito alterada segundo a fala de dois participantes e um pouco alterada conforme a fala de três outros participantes. Como se trata da capacidade de se perceber a questão evoca a temática consciência de si, tratada anteriormente, reforçando os benefícios da atividade neste quesito. De algum modo essas respostas tem relação com a oitava questão, que aborda o
  • 31. 27 comportamento no cenário de prática profissional e onde os residentes, em sua maioria, afirmam ter percebido muitas alterações positivas. Quadro 3 Síntese das respostas dos residentes acerca das alterações percebidas após participação de sessões de biodanza Rio de Janeiro - 2015 Em relação a A A B B C C D D E E 1) a alegria, disposição para a vida, sensação de bem estar você: 3 3 3 3 1 1 0 0 2) sua capacidade de perceber e oferecer a seu corpo um equilíbrio entre momentos de atividade e descanso você: 1 1 6 6 1 1 0 0 3) sua capacidade de perceber seu corpo, o modo de reação corporal frente as diversas situações do seu cotidiano você: 1 1 6 6 0 0 0 4) grau de comprometimento com suas escolhas você: 4 4 2 2 1 1 0 0 5) sua capacidade de usar sua força pessoal em prol de seus sonhos e desejos: 3 3 3 3 1 1 0 0 6) modo como você percebe a sua importância nos espaços onde você transita você: 2 2 3 3 2 2 0 0 7) sua capacidade de se aproximar das pessoas e expressar seu afeto você: 1 1 4 4 2 2 0 0 8) a seu comportamento nos cenários de sua prática profissional você: 4 4 2 2 1 1 0 0 Legenda: A. Percebeu muitas alterações positivas B. Percebeu algumas alterações positivas C. Não percebeu alterações D. Percebeu algumas alterações negativas E. Percebeu muitas alterações negativas Fonte: Própria As respostas acima descritas demonstram a percepção clara, por parte dos residentes, dos benefícios da biodanza com estratégia de cuidado dirigido a trabalhadores de saúde, em particular de enfermagem. Tais resultados devem ser
  • 32. 28 considerados para subsidiar propostas de trabalho que apontem a biodanza como estratégia de promoção a saúde de trabalhadores envolvidos com o cuidado humano. Araneda (1991 p.126), no texto “embriologia das vivências”, explicita as vivências mais frequentes nos grupos iniciais, intermediários e avançados. Dentre as destacadas pelo autor nos grupos de iniciantes, ficou evidente nesta experiência, a partir das respostas acima, da concentração das vivências na linha da vitalidade, que tem como sentimentos e emoções associadas a alegria e o ímpeto vital. Os sentimentos de medo, insegurança, sensação de ridículo, citados pelo autor, não são perceptíveis nas respostas ao questionário, mas são considerados no próximo segmento deste texto, que considera a percepção da facilitadora. 4.2–Percepções da Facilitadora: As observações seguintes derivam de um conjunto de notas desenvolvidas ao longo do processo de supervisão, construção e desenvolvimento das aulas. Intentam descrever um pouco do processo criativo que permeou a experiência à luz das anotações de Araneda (1991) e, eventualmente, outros autores de referência nesta área de conhecimento. O primeiro tópico abordado traz a luz o processo de construção do grupo, desde o primeiro movimento, em 2014, até sua efetiva estruturação. Conforme descrito na abordagem metodológica, o grupo de residentes não foi a escolha inicial do projeto. Intentava-se dirigir o cuidado às chefias de enfermagem, por entender que estavam mais necessitadas de cuidado, dada a dinâmica de sua atividade, A receptividade inicial ao convite e a efetiva ausência às aulas trouxe o primeiro movimento de surpresa e inquietação. Nos encontros entre a facilitadora e o grupo convidado, nos espaços comuns de trabalho do hospital universitário, quando a conversa sobre as ausências ocorria, era evidente um discurso contraditório e, por que não dizer, fortemente dissociado. O reconhecimento verbal da necessidade de cuidado e as estratégias para não obtê-lo pareciam expressar uma negação das necessidades de cuidar de si, assunto que vem se tornando foco de interesse nas pesquisas de enfermagem (BAGGIO; ERDMANN, 2010; BAGGIO; FORMAGGIO, 2008; BAGGIOI et al., 2009).
  • 33. 29 A compreensão da ausência desses primeiros convidados a participar do grupo demandou a construção de outras estratégias. Dentre os caminhos possíveis, a escolha em privilegiar o grupo de residentes para a atividade deveu-se a possibilidade de efetivamente garantir uma carga horária, dentro do espaço prático, para todos aqueles que quisessem participar da atividade. O argumento da falta de tempo, ainda que nem sempre verdadeiro, não poderia ter espaço neste grupo. O numero de inscritos na primeira chamada gerou uma sensação de euforia e uma decisão de dividir a turma em dois grupos, dado o tamanho da sala destinada a atividade. Nova surpresa: pouco mais que a metade dos inscritos compareceu. Como explicar? A garantia de horário, a ausência de custos financeiros e o estimulo a participação não foram suficientes para promover a adesão do grupo. Como não foi feita uma investigação junto aos que não compareceram, permanece a hipótese, a ser investigada, de um movimento de descuidar-se de si, que permeia as escolhas de pessoas que tem como foco da profissão o cuidado de outros. Tal hipótese é reforçada pela observação da resposta semelhante ao convite à participação de outras práticas de cuidado. Outra questão a ser investigada diz respeito à resistência ao desconhecido. Exceto uma residente originada em uma universidade do nordeste e aqueles que tinham prática no campo de minha ação profissional, os demais desconheciam por completo a biodanza. A escuta da experiência de facilitadores novos e antigos também aponta para dificuldades na formação de grupos, mesmo fora de contextos como o descrito nesta experiência. Deste modo, entre a euforia inicial de contar com um grupo numericamente expressivo e a realidade concreta de um número limitado de participantes, foi sendo construída minha experiência. No dialogo com uma docente da área de saúde mental, que vem conduzido grupos junto a estudantes da graduação nos últimos vinte anos (KESTENBERG, 2014), facilitaria propor um horizonte de conclusão da experiência ao grupo. Com base nesta observação, as aulas foram pensadas em ciclos, obedecendo ao calendário acadêmico, sendo a proposta do primeiro ciclo a integração motora. A integração motora é descrita por Araneda (s.d) como parte das sessões de iniciação:
  • 34. 30 As sessões de iniciação devem ser estruturadas predominando os exercícios de Integração Motora, Afetivo-Motora, Comunicação Afetiva e Comunhão que estimulam de modo suave e progressivo a vitalidade e a afetividade..(p.3) Sarpe (2015) propõe que a construção das aulas dirigidas a grupos de iniciantes seja baseada no que chama de “radicalização da progressividade”. Este didata reforça a ideia de que as aulas devem seguir uma sequencia onde as pautas iniciais são voltadas para a integração motora, passando gradativamente a exercícios que evocam outros níveis de integração. Em que pese a incorporação intensa de muitas das recomendações de Sarpe (2015), a decisão por compor um ciclo com um objetivo definido e a limitação do tempo de trabalho com o grupo dos residentes (delimitado pelo fim do curso), fez com que alguns exercícios, tais como os segmentares, fossem utilizados mais precocemente do que o recomendado. Em sua exposição o didata argumenta que os segmentares ativam o inconsciente pessoal, dissolvendo as couraças caracterológicas e a ação sobre as defesas do ego em um momento em que os participantes ainda não sentem a presença de um continente afetivo podem gerar reações indesejadas. A necessidade de promover a autorregulação a partir das vivências era evidente a partir da chegada do grupo. A exaustão era visível em suas atitudes corporais e em suas falas, que expressavam forte desilusão com o mundo do trabalho e falta de disposição em promover mudanças. O frescor da vida e a alegria, esperadas em um grupo no auge da juventude, eram ofuscados por atitudes corporais ensimesmadas, com pouca capacidade de conexão com o entorno e construção de mudanças. A desvalorização de si pareceu cursar com a desesperança na mudança da realidade. Com base nessas observações os ajustes foram realizados no desenho de cada aula. Neste contexto, o uso dos segmentares, particularmente de ombros e pescoço, trouxe aos participantes a sensação de relaxamento físico e preparo para descanso. Além da observação de um grupo mais relaxado, muitos participantes comentavam o uso do exercício em casa, como forma de dissolver as tensões. Dentre os exercícios propostos ao longo das aulas, os mais facilmente incorporados pelo grupo foram os lúdicos. A brincadeira foi o convite para promover a integração grupal. Habitualmente introduzida após caminhares e coordenações, o riso
  • 35. 31 induzido pelas propostas lúdicas funcionava como válvula de escape ao desconforto visível nos primeiros exercícios. Dentre os exercícios com melhores respostas do grupo destacaram-se o jogo de palmas, o jogo do espelho e o “seguir o chefe”. A desconexão entre ritmo proposto pela musica e movimento corporal esteve na maioria dos participantes no inicio das aulas, com melhora visível em alguns ao final do processo. Embora mais evidente em caminhares e coordenações, também era evidente nas propostas de sincronização rítmica. Exercícios com pautas melódicas provocavam maior dispersão do grupo. Nas sincronizações rítmico-melódicas e melódicas foi frequente o riso, as conversas e os movimentos de giro do parceiro, denotando um desconforto de muitos na execução da proposta descrita na consigna e demonstração do exercício. As series de fluidez foram utilizadas na maioria das aulas. A dificuldade de desacelerar foi visível em muitos, cujo movimento era mais rápido que o proposto pela pauta musical. Apesar disso, ao final de aulas onde as séries e a dança criativa de fluidez foi proposta, havia referencia a sensação de tranquilidade e bem estar aumentado. A introdução do contato foi gradativa. O primeiro exercício para este fim foi “Tocar e responder”, com a música “Pandeiro”, após o primeiro mês de aula. A roda de embalo pela cintura foi introduzida no inicio do segundo mês. A proposição de encontros com gestos expressivos foram propostos nesse período, sendo comum a presença do abraço entre alguns membros do grupo, mesmo sem a proposição através da consigna. Dois exercícios exploravam o toque de modo mais intenso: o acariciamento de mãos e o banho lúdico, utilizados respectivamente nas duas aulas que antecederam o fim do primeiro ciclo. É interessante destacar a fala, no momento de intimidade verbal das aulas subsequentes, das dificuldades relacionadas a este contato. Um ponto importante a ressaltar é a natureza do trabalho da enfermeira, que pressupõe tocar as pessoas em toda sua superfície corporal, dada a necessidade de procedimentos de higiene e cuidado corporal. Ao falar da dificuldade de tocar o colega, os participantes refletiram sobre as formas de cuidar distanciado de seus pacientes e as estratégias de barreira para evitar aproximação. Nesta discussão chamou atenção as explicações para o uso de luvas de procedimento, mesmo que tecnicamente não indicadas, como forma de evitar contato com o outro.
  • 36. 32 Em que pese à observação de Araneda (1991 p.102), que descreve o facilitador de biodanza como “mais um dentro do grupo (...), buscando também sua integração e desenvolvimento”, nem sempre foi esta a sensação. O autor explica que a relação curativa em biodanza é afetiva e não autoritária, mas muitas vezes, ao ocupar o centro da roda e demonstrar o exercício, a condição o lugar duplo que ocupava, como facilitadora e coordenadora do curso, lugar de poder formal, permeado por alta carga de autoridade, trouxe medo e desconforto. Os primeiros projetos de aula precisaram de revisões mais intensas da supervisora. A tentação de inserir exercícios mais complexos tinha relação com a sensação de que os participantes se cansariam logo com caminhadas e exercícios de fluidez e era reforçada pelo o receio de montar uma aula que não motivasse o retorno. Ao longo do processo o medo deu lugar gradativo ao encantamento, particularmente percebido nos momentos de exercícios mais regressivos, onde ficaram evidentes algumas mudanças naquelas pessoas, trazendo uma sensação de gratificação. Uma impressão muito forte em relação a este grupo foi a motivação para participar da atividade. Embora a resposta ao questionário formal aponte a curiosidade, e busca de relaxamento como razão para estar no grupo, à possibilidade de contar com horas que seriam descontadas do campo prático era, visivelmente, o que movia alguns participantes. Nesses casos, o nível de entrega corporal foi muito baixo e as mudanças pouco perceptíveis. É interessante avaliar isso a partir do segundo ciclo, onde os participantes tinham um perfil diferenciado, com um nível de entrega maior e resultados presumíveis melhores. Em decorrência de problemas estruturais da universidade, que passou por um período de greve e fechamento do segundo ciclo foi interrompido sem possibilidade de avaliação do processo.
  • 37. 33 V – CONCLUSÕES O processo de reflexão necessário à transposição para o papel de uma experiência tão marcante como a construção de um grupo de biodanza foi uma forma adicional de aprendizagem, não só pela necessidade de revisão teórica relacionada à necessidade de olhar a experiência à luz dos fundamentos do Sistema Biodanza, mas também pela avaliação da condução de um processo que, passado seu tempo de execução, poderia ter ocorrido de outro modo. O primeiro movimento, que diz respeito à busca de participantes no meio de companheiros de trabalho já adoecidos pelo intenso nível de dissociação que permeia este ambiente, pode ser reconsiderado. A reflexão que sustenta este pensamento é a compreensão de que a negação do cuidado de si talvez seja um hábito tão arraigado, que as resistências à mudança se reforçam quando há um convite a olhar para o nível de adoecimento presente em suas vidas. Qualquer esforço para mudar tal realidade, a qual muitos estão adaptados, pode ser demais. Num ambiente como um hospital, mais que a oferta do projeto como uma possibilidade, o estímulo à participação através da garantia de um horário para a atividade pode ser vista como um movimento gerencial para alcançar o cuidado do trabalhador e qualificação do trabalho, na medida em que só está apto a cuidar de outro aquele que recebe o cuidado necessário. Neste sentido, acredito que estratégias de implantação de biodanza em ambiente como o proposto devam ser construídas em parceria com os níveis mais elevados de gestão da instituição. Para tal, é necessário que a biodanza seja conhecida e reconhecida como ação passível de ser aplicada nesse contexto. Embora não tenha duvida dos efeitos da biodanza e dos benefícios potenciais para inúmeros grupos humanos, sua expressão em nossa sociedade é muito pequena. Como propor a um gestor de serviços de saúde uma atividade que ele desconhece? Para além de um conjunto de textos acessível apenas aos iniciados, pouco se tem escrito sobre a biodanza em canais de divulgação aceitos no meio cientifico e tal
  • 38. 34 ausência dificulta a adoção da proposta como uma estratégia valida para o cuidado à saúde humana. Os profissionais de saúde são educadores e, de algum modo, construtores de uma cultura de cuidado. Desta forma, a oferta da biodanza a estes trabalhadores tem um potencial imenso de produzir a divulgação desta prática. A exposição da biodanza como tecnologia a ser experimentada e validada nos espaços de cuidado a saúde pode contribuir para sua disseminação em inúmeros segmentos da sociedade. Contudo, para além de grupos e oficinas, é preciso medir resultados e expor o que foi encontrado a apreciação do meio cientifico. Retomando ao objetivo geral proposto no inicio deste texto, qual seja, descrever a experiência da construção de um grupo de biodanza dirigido as profissionais de enfermagem no contexto de uma instituição universitária de ensino em saúde, compreendo que foi plenamente alcançado. As estratégias utilizadas para a construção do grupo foram descritas, bem como seus impasses e escolhas decorrentes das dificuldades e conduzir a proposta inicial. Foi descrito o percurso metodológico e, para além da descrição, as reflexões acerca dos caminhos escolhidos e seus resultados. Acredito que tais informações podem contribuir com outros facilitadores no momento de construir seus grupos. Sobre os fundamentos teóricos que sustenta a aplicação da biodanza no desenvolvimento de atitudes dirigidas ao cuidado de si; os textos pesquisados demonstram claramente o potencial da tecnologia para o referido proposito. Entretanto, deve ser feita uma observação sobre a natureza destes escritos e suas implicações em permitir a divulgação da biodanza em espaços ampliados. Quase toda a referência bibliográfica do Sistema Biodanza está na chamada literatura cinza2 . Esta forma de produzir conhecimento, restrita a pequenos grupos, limita a expansão da prática. Um exemplo deste estrangulamento é a dificuldade potencial em publicar, em revistas cientificas, a discussão apresentada nesta monografia. As referências principais (tomos, apostilas de metodologias) não seriam aceitas em periódicos de maior relevância na área da saúde, não só por sua antiguidade, bem como por sua condição de circulação restrita. 2 Publicação cuja apresentação física e conteúdo intelectual a tornam efémera. Tem em vista informação de alcance restrito.
  • 39. 35 Desta forma, concluída a discussão que se pretendeu empreender, fica a como sugestão às Escolas de Biodanza e a IBF um movimento no sentido de inserir a biodanza como termo de busca em bases indexadas de pesquisa. Para tal, um esforço de investigação sistemática dos resultados de sua aplicação em grupos gerais e específicos, com a publicação dos achados em periódicos de ampla circulação é condição necessária.
  • 40. 36 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, T. D. et al. Síndrome de Burnout e suporte social no trabalho: a percepção dos profissionais de enfermagem de hospitais públicos e privados. Organizações & Sociedade, v. 19, p. 231-251, 2012. ARANEDA, R. M. T. Metodologia III – A sessão de biodanza. Apostila do Curso de Formação Dodente (s.d.) ARANEDA, R. M. T. Teoria da Biodança - Coletânea de Textos - Tomos. Ceará: Editora ALAB, 1991. 526 BAGGIO, M. A.; ERDMANN, A. L. Relações múltiplas do cuidado de enfermagem: o emergir do cuidado “do nós”. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 18, n. 5, p. 895-902, 2010. BAGGIO, M. A.; ERDMANN, A. L.; SASSO, G. T. M. D. Cuidado humano e tecnologia na enfermagem contemporânea e complexa. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 19, p. 378-385, 2010. BAGGIO, M. A.; FORMAGGIO, F. M. Trabalho, cotidiano e o profissional de enfermagem: o significado do descuidado de si. Cogitare Enfermagem, v. 1, n. 13, p. 67-74, 2008. BAGGIOI, M. A. et al. Cuidando de si, do outr Cuidando de si, do outro e “do nós” na perspectiva da comple oe “do nós” na perspectiva da comple oe “do nós” na perspectiva da complexidade. Revista Brasileira de enfermagem, v. 62, n. 4, p. 627-631, 2009. BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. ELIAS, M. A.; NAVARRO, V. L. A relação entre o trabalho, a saúde e as condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de um hospital escola. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, p. 517-525, 2006. FRANCO, T. Alienação do trabalho: despertencimento social e desrenraizamento em relação à natureza. Caderno CRH, v. 24, p. 171-191, 2011. KESTENBERG, C. C. F. A habilidade empática é socialmente aprendida: um estudo experimental com graduandos de enfermagem [The empathic skill is socially learned: an experimental study with nursing undergraduate students]. Revista Enfermagem UERJ, v. 21, n. 4, p. 427-433, 2014. LANGDON, E. J.; WIIK, F. B. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev latino-am enfermagem, v. 18, n. 3, p. 459-66, 2010.
  • 41. 37 LEOPARDI, M. T.; GELBCKE, F. L.; RAMOS, F. R. S. Cuidado: objeto de trabalho ou objeto epistemológico da enfermagem. Texto & contexto enferm, v. 10, n. 1, p. 32- 49, 2001. MELLO, S. C. B. D.; MARÇAL, M. C. C.; FONSÊCA, F. R. B. Os sentidos do trabalho precarizado na metropolis: fato e ficção! Organizações & Sociedade, v. 16, p. 307-323, 2009. MERHY, E. E. O ato de cuidar: a alma dos serviços de saúde. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de gestão da Educação na Saúde. VER–SUS Brasil: cadernos de textos. Brasília: Ministério da Saúde, p. 108-137, 2004. MIRANDA, F. A. N. et al. Saúde mental, trabalho e aposentadoria: focalizando a alienação mental. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, p. 711-716, 2009. ORGANIZAÇÃO MUNCIAL DA SAÚDE. Trabalhando juntos pela saúde: relatório mundial de saúde 2006: Ministério da Saúde Brasília: 29 p. 2007 SARPE, A .Radicalização da progressividade. 20 de jan de 2015. Notas de Aula. Slides. SILVA, D. P..; SILVA, M.. N. R. M. O. O trabalhador com estresse e intervenções para o cuidado em saúde. Trabalho, Educação e Saúde, v. 13, p. 201-214, 2015. SOARES, R. J. O.; ZEITOUNE, R. C. G. O Cuidado e suas Dimensões: Subsídios para o Cuidar de Si de Docentes de Enfermagem. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, p. 41-44, 2012. VAGHETTI, H. H. et al. Trabalho como subsistência nos hospitais públicos brasileiros. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, p. 906-911, 2009.
  • 42. 38 APÊNDICE 1 Instrumento de Avaliação Da Atividade IDADE:____ 1) O que motivou você a participar das aulas? 2) Você teria participado mesmo sem o beneficio da carga horária excedente? Por quê? 3) O que você ganhou com a participação da atividade? 4) Tomando como referência o inicio da prática de biodança em relação ao momento atual, responda as questões seguintes: a. Em relação à alegria, disposição para a vida, sensação de bem estar você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas b. Em relação a sua capacidade de perceber e oferecer a seu corpo um equilíbrio entre momentos de atividade e descanso você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas c. Em relação a sua capacidade de perceber seu corpo, o modo de reação corporal frente às diversas situações do seu cotidiano você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas d. Em relação ao grau de comprometimento com suas escolhas você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas
  • 43. 39 iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas e. Em relação ao modo como você percebe a sua importância nos espaços onde você transita você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas f. Em relação a sua capacidade de usar sua força pessoal em prol de seus sonhos e desejos: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas g. Em relação a sua capacidade de se aproximar das pessoas e expressar seu afeto você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas h. Em relação a seu comportamento nos cenários de sua prática profissional você: i. Percebeu muitas alterações positivas ii. Percebeu algumas alterações positivas iii. Não percebeu alterações iv. Percebeu algumas alterações negativas v. Percebeu muitas alterações negativas 5) Você recomendaria a atividade para outros residentes? i. Sim. ii. Não. Justifique sua resposta: 6) Use o espaço a seguir, caso deseje, para falar um pouco mais sobre a atividade. Use o verso da folha, se necessário.