Este poema celebra o Infante D. Henrique e seu papel na expansão portuguesa. A obra descreve a relação entre Deus, o homem e a criação da "obra", e como D. Henrique, sagrado por Deus, desvendou os mares e uniu a terra. Conclui pedindo a construção de um novo Portugal.
2. “O INFANTE”
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa
3. ESTRUTURA EXTERNA
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
A
B
A
B
C
D
C
D
E
F
E
F
• Este poema é constituído por 3 estrofes
cada uma com 4 versos (quadras);
• A estrutura externa é regular e
tradicional; (devido ao uso da quadra e
da rima cruzada)
• O esquema rimático (ABAB…) denuncia
a presença da rima cruzada;
• A métrica é irregular, existem versos
decassilábicos e outros com 13 sílabas
métricas:
• Estrofes singulares (ou seja, possuem o
mesmo esquema rimático mas
diferentes rimas)
Rima rica
Rima toante
4. ESTRUTURA INTERNA
Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a
espuma.
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
1ª parte:
Apresentação da relação paradigmática
Deus-Homem; três etapas que presidem
à construção da “obra” humana
2ª parte:
• 1º: Desejo de Deus;
• 2º: Sagração do Infante;
• 3º: Realização da obra.
3ª parte:
Conclusão (transposição da glória do
Infante para o povo português)
Apelo à construção de um novo
Portugal
6. 1ª PARTE
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Gradação e Assíndeto
Vontade
divina
Sonho
(descobrimentos
)
Nasciment
o do
Império
• Relação de interdependência entre os três intervenientes que levam ao nascimento
do Império. Se Deus não desejasse, o homem não sonharia e a “obra” não nasceria.
7. 2ª PARTE
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a
espuma.
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Desejo de Deus: união da terra, dos
continentes e dos povos, a partir do mar.
Sagração do Infante: Deus confia
no Infante a missão da unificação
Realização e concretização da
obra
8. 3ª PARTE
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Transposição da glória do
Infante para o povo
Português
O sonho cumpriu-
se, criou-se um
Império.
O Império construído desfez-
se
Apelo à construção de um
novo Portugal (Quinto
Império)
9. • Trabalho realizado por:
Beatriz Pereira, nº5
12ºG da Escola Secundária Camilo Castelo Branco