O documento discute como as crianças aprendem o princípio alfabético de forma natural antes da escolarização e como a escola poderia melhor apoiar esse processo. A autora argumenta que as crianças desenvolvem consciência fonológica e escrita inventada por si mesmas e que atividades que estimulem essa aprendizagem prévia melhorariam o sucesso na alfabetização formal. A escola deveria dar mais ênfase à compreensão conceptual do sistema alfabético em vez de apenas técnicas de memorização.
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Descobrir o princípio alfabético
1. INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
Licenciatura em Educação Básica 3º ano Turma A
Unidade Curricular: Introdução à Didáctica do Português
Docente: Profª Helena Camacho
Discente: Natalina Ribeiro
Ano Lectivo 2009/ 2010
RESUMO SOBRE O TEXTO
“DESCOBRIR O PRINCÍPIO ALFABÉTICO”
Ana Cristina Silva
Setúbal
Junho de 2010
Reflexão
A autora inicia o texto fazendo uma crítica à forma como se processa a
alfabetização nas nossas escolas, salientando que os agentes educativos privilegiam a
abordagem mecânica do processo de aquisição da língua escrita, fundamentada na
racionalidade técnica, cuja preocupação central são os métodos e técnicas a utilizar, em
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vez de se direccionarem para os aspectos de como o aluno aprende, tendo em conta as
suas especificidades.
Salienta que a interferência do contexto sociocultural e as oportunidades que as
crianças têm ao longo dos anos pré-escolares de adquirirem conceitos relativos à
linguagem escrita e à linguagem oral influência todo o processo de aprendizagem.
A aprendizagem não é só um processo pessoal de elaboração cognitiva, isto é, o
aluno não aprende em função de um potencial intelectual intrínseco independente do
mundo, mas aprende a partir das vivências e dos estímulos do seu universo de acção e
interacção.
É preciso respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno, respeitar as suas
particularidades e as suas possibilidades de assimilação em cada momento, cabendo ao
professor o papel de promover experiências favoráveis e situações de conflito para que
o aluno tenha oportunidades para reflectir, e, assim, avançar no seu percurso.
A compreensão do princípio alfabético, implica competências de elevada
complexidade de abstração, entender e interpretar o sistema da escrita é uma das
maiores dificuldades que as crianças enfrentam. O ensino da escrita é uma
aprendizagem conceitual (obedece a uma lógica), e por isso são necessárias operações
mentais, não apenas memorizações.
A consciência fonológica constitui um pré-requisito para a aprendizagem do
princípio alfabético, mas por si só, não permite às crianças o seu domínio. O
conhecimento das letras e da identidade dos fonemas são capacidades necessárias,
embora insuficientes, para a aquisição do princípio alfabético.
Actualmente, sabe-se que há uma relação de reciprocidade e interdependência
entre a consciência fonológica e a aquisição de leitura e da escrita. Assim, a consciência
fonológica facilita o processo da aprendizagem da leitura e da escrita e este último
processo favorece o desenvolvimento da consciência fonológica.
A consciência fonológica deve ser treinada antes do processo de alfabetização,
em fases iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita e no pré-escolar. Os níveis que
mais influenciam o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita são a consciência
silábica, mais especificamente, o domínio da capacidade de segmentação e manipulação
silábica, que devem estar consolidados previamente à entrada na escola.
É necessário compreender que a aprendizagem do sistema alfabético pela
criança é fundamental, já que a alfabetização é um processo de aquisição e apropriação
de um sistema de escrita. Essa aprendizagem requer que, além do conhecimento do
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princípio alfabético, a criança também conheça as diferenças que há entre o sistema oral
e o escrito.
As escritas inventadas têm um impacto significativo na compreensão do
princípio alfabético, mesmo antes da entrada das crianças para o ensino formal.
Estudos desenvolvidos por Ferreira (1988) demonstraram o modo como as
crianças, antes do ensino formal, vão colocando e reformulando hipóteses acerca da
linguagem escrita. A autora identificou nas produções escritas inventadas das crianças
três níveis evolutivos principais.
Estes três níveis permitem às crianças estabelecerem as primeiras relações entre
a oralidade e a escrita, passando a escrita a ser orientada por critérios linguísticos. As
crianças representam os sons que identificam no oral por letras convencionais. No
último nível, as escritas começam por ser silábicas, em que cada uma das sílabas das
palavras é representada por uma letra convencional; posteriormente silábico-alfabeticas,
em que a análise da palavra no oral vai para além da sílaba e as crianças representam
mais do que uma letra por sílaba, no final desta evolução as escritas das crianças passam
a ser alfabéticas, realizando as crianças uma análise de todos os fonemas das palavras
que escrevem e fazendo-lhes corresponder letras convencionais, apesar de existirem
erros de ortografia.
Finalmente, a autora termina o texto criticando novamente as escolas ao
negligenciarem a importância de se proporcionarem às crianças actividades orientadas
para a apropriação conceptual da lógica alfabética, antes e durante o decorrer do ensino
formal da leitura e da escrita, sendo este, um dos aspectos que contribui para as
dificuldades de aprendizagem.
Responsabiliza, ainda, a escola, os agentes educativos e governantes pelos
processos pedagógicos utilizados no ensino da língua escrita, baseados em técnicas de
memorização, como principal factor para os altos níveis de insucesso na aprendizagem
da leitura e da escrita.